Roteiro 223

UMA SELEÇÃO DAS MELHORES CEIAS DE NATAL E FESTAS DE RÉVEILLON

Ano XII • nº 223 Dezembro de 2013

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Árvore de Natal do Pontão do Lago Sul. Foto: Carol Melo / Fotoforum

em poucas palavras

Muita luz e até janeiro de 2014!

Maria Teresa Fernandes Editora

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le já foi a figura de maior destaque nas ceias de Natal, nos velhos tempos de nossos pais e avós. Houve até quem tenha escrito um texto inspirado sobre a importância de tê-lo como protagonista na mesa farta que sucede (ou, às vezes, antecede) a tradicional Missa do Galo. “Bom, no Natal quero comer peru”, decretou o escritor paulista Mario de Andrade (1893/1945) no conto O peru de Natal.

Só que os tempos mudaram e a ave passou a enfrentar a concorrência acirrada do tender, do pernil, do lombinho, do bacalhau, do chester e, mais recentemente, até dos orientais sushi e sashimi. Natal, em nossos dias, combina com peru, claro, mas também com outras delícias criadas pelos chefs e acessíveis a quem não tem dotes culinários, de duas formas: sob encomenda (página 6) ou nos restaurantes que abrem nos dias 24 e 25 (página 15).

Uma semana depois de comemorarmos em família o nascimento de Jesus, é chegada a hora de decidir de que forma iremos entrar no Ano Novo. Se o Rio de Janeiro tem Copacabana, Nova York tem Times Square, Buenos Aires tem Puerto Madero, nosotros tenemos a orla do Lago Paranoá, não é mesmo? Na matéria Diversão à beira do lago (página 20), selecionamos uma dúzia de boas festas para entrar com o pé direito em 2014.

Se, entretanto, a preferência for por fugir do agito, nossa proposta é conhecer restaurantes como o Cidade Livre, do Núcleo Bandeirante, onde um dos principais pratos servidos é a história de Brasília, relembrada em painéis fotográficos que decoram suas paredes (página 8). Ou então o Caleuche, especializado em comida chilena, que se mudou recentemente do condomínio Solar da Serra, no Jardim Botânico, para a 310 Norte. Comandado pelo músico chileno Rodrigo Vivar, tem como proposta divulgar a culinária do Chile, ainda pouco conhecida por aqui (página 10).

Nossa mensagem de Natal vem em forma de homenagem ao grande líder Nelson Mandela, que disse, quando assumiu a presidência da África do Sul, em 1994: “Todos nós fomos feitos para brilhar, como crianças brilham. Nós nascemos para manifestar a glória de Deus dentro de nós. Não é somente em alguns de nós; é em todos.

E enquanto permitimos que nossa própria luz brilhe, nós inconscientemente damos permissão aos outros para fazerem o mesmo. Quando nós nos libertamos do nosso próprio medo, nossa presença automaticamente libertará os outros”.

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ROTEIRO BRASÍLIA é uma publicação da Editora Roteiro Ltda. | Endereço SHIN QI 14 – Conjunto 2 – Casa 7 – Lago Norte – Brasília-DF – CEP 71.530-020 Endereço eletrônico revistaroteirobrasilia@gmail.com | Tel: 3203.3025 | Diretor Executivo Adriano Lopes de Oliveira | Editora Maria Teresa Fernandes Diagramação Carlos Roberto Ferreira | Capa André Sartorelli | Colaboradores Adriana Nasser, Alessandra Santos, Akemi Nitahara, Alexandre Marino, Alexandre dos Santos Franco, Ana Vilela, Beth Almeida, Cláudio Ferreira, Eduardo Oliveira, Elaina Daher, Gustavo Torres, Heitor Menezes, Júlia Viegas, Lúcia Leão, Luís Turiba, Luiz Recena, Mariza de Macedo-Soares, Melissa Luz, Pedro Brandt, Sérgio Moriconi, Silio Boccanera, Silvestre Gorgulho, Súsan Faria, Vicente Sá, Vilany Kehrle | Fotografia Gadelha Neto, Rodrigo Oliveira, Sérgio Amaral, Zé Nobre | Para anunciar 9988.5360 Impressão Editora Gráfica Ipiranga | Tiragem: 20.000 exemplares.

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Divulgação

água na boca

Presunto tender do Sanfelice

Ceias

sob encomenda

Por Beth Almeida

O

o Natal dos brasilienses seja mais prático e saboroso. Com essa ajuda, a ceia natalina nem precisa ser das mais tradicionais.

O tender e o lombinho de porco, por exemplo, podem ser substituídos pelo Baby Pork, uma das especialidades da Rubaiyat, grife paulistana que se instalou em Brasília neste ano. Lá, os pedidos devem ser feitos com 24 horas de antecedência e a peça pronta para compor a

Ana Luísa Barroso

Divulgação

Natal é sempre a mesma coisa.

As crianças ansiosas pelos presentes, famílias reunidas, confraternização. Claro, isso tudo com uma mesa farta, tendo como astros principais o peru, o tender, o bacalhau e outras delícias características da data. Quase sempre pratos que levam um dia inteiro para

serem preparados. O resultado no fim do dia são crianças excitadas com os presentes, adultos lambendo os beiços e a cozinheira morta de cansaço. Mas não precisa ser sempre assim.

Hoje em dia, principalmente entre as famílias menos numerosas, pode-se recorrer à ajuda profissional, como a de alguns chefs da cidade que nesta época aceitam encomendas, fazendo com que

6 Postas de bacalhau do Babel

Bufê de sushis e sashimis do Haná

arroz de pato (R$ 340) é um dos pratos principais que podem ser encomendados, assim como o leitão assado em baixa temperatura e pururucado (R$ 780) e a porchetta recheada com farofa de noz pecã com erva doce (R$ 440).

O Bacalhau Chef Mara Alcamim (R$ 398 para quatro pessoas) é a sugestão do Universal Diner para as ceias de Natal e Réveillon. “Esse prato foi criado de forma inusitada. Um dia, eu estava recebendo um pessoal em casa, chegou muita gente e não havia bacalhau suficiente. Abri a geladeira e tinha um pouco de batata inglesa, batata doce, batata baroa e costelinha suína defumada. Coloquei tudo dentro da travessa e a combinação foi aprovada por todos”, lembra Mara, entregando o segredo da receita.

Feita a encomenda, é decorar a casa, providenciar os presentes e convidar a família e os amigos para a noite de festa.

Rubaiyat

Setor de Clubes Esportivos Sul Trecho 1 (3443.5000)

Lagash

308 Norte – Bloco B (3273.0098)

Cantina Sanfelice

206 Sul – Bloco A (3297.3232)

Sanfelice Officina di Pasta

412 Norte – Bloco E (3039.4333)

Babel

215 Sul – Bloco A (3345.6042)

Belini Il Ristorante

113 Sul – Bloco D (3345.0777)

Strogonoff à Parmegiana

Shopping de Aguas Claras (3024.3838)

Haná

408 Sul – Bloco B (3244.9999)

Bhumi

113 Sul – Bloco D (3345.0046)

Cantina da Massa

302 Sul – Bloco A (3226.8374)

Quitinete

209 Sul – Bloco B (3242.0506)

Olivae

405 Sul – Bloco B (3443.8775)

Universal Diner

210 Sul – Bloco C (3443.2089) Sabiá Agência Interativa

Parmegiana oferece cardápio com cerca de 12 itens, que inclui, além dos pratos tradicionais desta época, cupim assado ao forno e salpicão de camarão. Os preços variam de acordo com o número de pessoas a serem servidas e os pratos escolhidos para a ceia.

Os que querem mesmo fugir do lugar comum dos pratos natalinos podem também recorrer à culinária japonesa.

No Haná, as encomendas incluem todos os itens do cardápio à la carte da casa, como os combinados de sushis e sashimis de 25 peças (R$ 70) a 90 peças (R$ 252), receita certa de sucesso, especialmente entre as crianças, que essa cozinha oriental tem conquistado em número cada vez maior.

Para os adeptos da cozinha vegetariana, orgânica ou row food (que utiliza apenas produtos in natura), uma opção é o restaurante Bhumi, que também aceita encomendas para a ceia de Natal, onde o tradicional tender pode ser substituído por uma espécie de torta de grão de bico com recheio de cogumelos e legumes, a preços sob consulta.

Quem preferir comemorar o Natal com uma boa massa também pode recorrer a uma das casas mais tradicionais da cidade, a Cantina da Massa, onde o prato terá a quantidade desejada pelo cliente, com preços a partir de R$ 40 o quilo.

No Quitinete, são mais de 30 opções, entre pratos principais, acompanhamentos e sobremesas. Uma das sugestões da casa é o lombo de bacalhau, que sai por R$ 299 o prato de dois quilos. O pescado é acompanhado por pimentões, batatas bolinha e tomates sweet grape.

No Olivae, as preparações, em sua maioria, servem oito porções, mas há receitas que servem até doze. O tradicional Divulgação

mesa da ceia sai por R$ 280.

Quem gosta da cozinha árabe pode lançar mão do cardápio oferecido pelo Lagash, que para este ano conta com 23 itens, do tradicional pernil de cordeiro, decorado com frutas, castanhas e molho de romã (R$ 360 para oito a dez pessoas ou R$ 290 para cinco a seis pessoas), a pratos completos, com arroz, carneiro desfiado e tâmaras (R$ 96 o quilo), entre outras opções. O cardápio completo pode ser consultado na página do restaurante no Facebook.

Na Cantina Sanfelice, as opções são mais tradicionais, como o peru com frutas em calda, o lombo de porco com chutney de abacaxi e o tender, além de acompanhamentos como o salpicão de frango, que é incrementado com figo fresco e batata palha colorida.

No Babel, o chef Diego Koppe preparou dez alternativas de ceias natalinas, para atender a cerca de dez pessoas cada, ao preço de R$ 2.100. O cliente pode montar a refeição a partir de duas opções de entrada (duas quiches), duas de saladas, quatro pratos principais (tender, pernil suíno, medalhões de filé ou postas de bacalhau), dois acompanhamentos e, de sobremesa, o saboroso tiramisú.

As atrações do Belini Il Ristorante estão divididas entre pratos tradicionais e gourmets, a preços que variam de R$ 32 a R$ 99 o quilo. Entre os tradicionais, bacalhoada, leitoa assada e duas opções de pernil, além de tender e peru. Na sobremesa, as rabanadas podem ser ao leite, ao vinho ou em versão light, assadas. Entre os pratos gourmets, a casa oferece um salmão norueguês, marinado ao limão siciliano, gin e dill, ou uma paleta de cordeiro, entre 13 opções.

Em Águas Claras, o Strogonoff à

7 Porchetta recheada do Olivae

Bacalhau Chef Mara Alcamim

água na boca

História à la carte Por Ana Vilela Fotos Zé Nobre

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história recente de Brasília é um dos principais pratos servidos no restaurante e choperia Cidade Livre, no Núcleo Bandeirante, que completa qua-

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tro anos neste mês de dezembro. Quem vai à casa, com capacidade para 280 pessoas sentadas, busca mais que os variados pratos do cardápio ou a famosa feijoada do final de semana. A atenção primeira geralmente é direcionada às paredes do bar, onde personagens do passado figuram em preto e branco ou sépia.

O charme principal fica por conta de um painel que cobre toda uma parede com fotos datadas de 1957 e 1958 do Núcleo Bandeirante, nascido Cidade Livre, aquela “que viera romper o silêncio que por milênios dominara aquele planalto”, conforme as palavras de João Almino, no livro Cidade Livre.

Filho de Brasília, de pai paraibano e mãe pernambucana, e criado na Vila Planalto, o proprietário Wellington de Oliveira entende bem as palavras de João Almino. Com fascínio pela história da cidade que nasceu como dormitório, uma cidade feita para acabar, Wellington sempre sonhou com um lugar que resgatasse sua memória e a da capital. O resultado foi mais que o sucesso do Cidade Livre.

Ultrapassando o esperado, a casa vem aglomerando mais histórias e gerando

emoções, em um encontro entre passado e presente. “Às vezes vem alguém e vê a foto de um membro da família e aí volta com todo mundo para ver também”, orgulha-se Wellington. Certo dia, conta ele, chegou um cliente e viu uma foto de 1960 em que figurava o pai. A foto foi tirada antes de o filho nascer. E o pai já havia morrido fazia 28 anos. O filho se emocionou e retornou levando a mãe, que não se conteve e passou o tempo todo chorando.

Outro filho de pioneiro reconheceu a Lili Modas, loja que fora do pai, atualmente longe do Brasil. Na foto de uma aula ao ar livre, dois alunos se viram ali, ainda meninos. A menina loira, com o bebê no colo, é a senhora, já idosa, que um dia entrou no restaurante. E assim as histórias se misturam e prosseguem pelas paredes e entre o público do Cidade Livre, enquanto nas mesas são servidos os pratos mais diversos, para o gosto de todos. Tem picanha na brasa acompanhada de arroz, feijão tropeiro, fritas e vinagrete (R$ 62,90 para duas pessoas), um tradicional rodízio de galeto (R$ 24,90), galinha caipira inteira, acompanhada de arroz branco, quiabo, feijão-de-corda e polenta frita (R$ 89,90

para quatro a cinco pessoas) e a Moqueca Cidade Livre, feita com surubim em postas, regadas com camarão médio, acompanhada de arroz e pirão (R$ 72,90 para até três pessoas).

Mas é o famoso Chiclete de Camarão, vencedor do festival Roda de Boteco 2010, o mais pedido da casa, servido à la carte, acompanhado de arroz, ou como petisco (R$ 42,90). Nós experimentamos e aprovamos. Os camarões são mergulhados em dois molhos, um deles à base de queijo, que, bem quente e derretido, é o “chiclete” do prato. Realmente bom, tanto como petisco quanto como prato principal.

Para comer enquanto se bebe um chope, ou uma caipirinha, capiroska, caipirinha de saquê, suco, vinho etc., cai muito bem uma codorna frita com farofa de ovos (R$ 12,90), um carré de cordeiro na brasa (R$ 56,90), uma picanha na chapa com queijo (R$ 62) ou vários outros petiscos, pois o cardápio é longo e bem-preparado. Às quintas, sextas e sábados tem música ao vivo, que pode ser MPB ou sertanejo. A cada primeiro ou segundo sábado do mês, é a vez do cover de Roberto Carlos, quando o bar lota. Às sextas e sábados, feijoada acompanhada de chorinho, bossa nova ou samba.

A organização da choperia mostra que Wellington não é novo no ramo. Quando abriu o Cidade Livre, tinha já duas casas no Guará 2: o Chalé da Traíra sem Espinha e a Boutique da Pizza. Depois, inaugurou ainda o Boteco do Traíra, próximo ao Cidade Livre, e a Esquina do Camarão, também no Núcleo Bandeirante. Assim, ele próprio vai construindo sua história de filho de imigrantes que chegaram ao Planalto Central como tantos de nós, para começar ou para continuar a construção de Brasília e de sua memória.

Cidade Livre

Setor de Indústrias Bernardo Sayão (SIBS) Quadra 2 – Núcleo Bandeirante (3386.0403) De 2ª a 6ª feira, das 11 às 24h.

Wellington de Oliveira: um antigo sonho realizado

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água na boca

Maria e José Antonio são atendidos pelo chef Rodrigo Vivar

Sem medo de assombração Por Vicente Sá Fotos Gadelha Neto

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m um arquipélago chileno, mais precisamente na ilha de Chiloé, Caleuche é um mítico navio-fantasma, conduzido por espíritos, que surge no meio da noite, iluminado e com música de festa a bordo. Ele recolhe os mortos em naufrágios e é frequentado por bruxos. Sua aparição ou a mera citação de seu nome assombra os navegantes e banhistas noturnos. Em Brasília, porém, Caleuche é um restaurante que encanta dia e noite, sem assombrar, os fregueses que decidem conhecer a culinária e um pouco da música e da cultura chilenas.

Nascido no condomínio Solar da Serra, no Jardim Botânico, o Caleuche é

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uma criação do músico chileno Rodrigo Vivar e há pouco mais de três meses mudou-se para a 310 Norte, buscando chegar mais perto de sua clientela e conquistar novos admiradores. Os brasileiros conhecem muito pouco da culinária chilena. Normalmente, as empanadas, aqueles pastelões com saborosos recheios, são o primeiro prato que nos vem à cabeça. É claro que no Caleuche as empanadas, que se diferenciam das argentinas pelo tempero, também estão presentes, são grandes e bem servidas, com recheios de frango, a R$ 7, de carne, a R$ 8, e de mariscos, a R$ 9. Mas, se você quiser ser um pouco mais ousado, antes das empanadas é bom experimentar as entradas. Nós sugerimos a ensalada chilena – tomates e cebolas picados, com cheiro verde, regados

ao azeite de oliva extravirgem chileno, a R$ 18,90 – e o marisco al pil-pil, um caldo gelado sortido de mariscos refogados na manteiga e especiarias ao vinho branco, que sai por R$ 28,90.

Iniciada corretamente a viagem, o cardápio possibilita comer individualmente com os pratos executivos ou optar pelos pratos principais, cujas porções servem bem a duas pessoas. Entre os preferidos estão a chuleta de cordero al carménère e o arroz marinado. Outro carro-chefe do restaurante é o concato, prato típico do sul chileno, que vem a ser um salmão recheado com mussarela, calabresa e tomate gratinados ao forno, acompanhado de salada de batatas e maionese.

Para os mais audaciosos ainda é sugerido o Pulmay, um cozido com forte sota-

que indígena e espanhol, que mistura frango, carne de porco, mariscos, vegetais e batatas ao vinho branco e especiarias, acompanhado de arroz e salada. Uma experiência forte que sai por R$ 59,80.

Os vinhos chilenos dispensam apresentação, e o Caleuche oferece boas opções, além do pisco e da piscola, uma cuba libre com pisco e coca-cola (R$ 15). Para os que gostam de experimentar a comida de outras tribos, mas se mantêm fiéis às bebidas nacionais, o cardápio traz aguardentes genuinamente brasileiros. Até mesmo a cerveja, que não consta no cardápio, pode ser negociada. A sobremesa mais querida é a manzana assada – maçã verde ao forno recheada com amêndoas, nozes, passas, pisco e mel. Outra boa experiência.

O ambiente é aconchegante. São sete mesas rústicas de madeira em um espaço externo bem decorado com flores e arranjos e citações da cultura chilena e do naviofantasma. Músico por natureza e cozinheiro por vocação, Rodrigo Vivar conta com a ajuda do chefe Simon Navarrete, natural do Chile, mas com boa experiência em vários restaurantes de Brasília, como Figueira da Villa e DOC. O trabalho da dupla tem sido muito elogiado pelos frequentadores.

José Antônio e Maria, servidores públicos, estiveram de férias há pouco mais de um mês no Chile e vieram ao restaurante para matar a saudade da culinária daquele país. Gostaram: “Aqui a comida é tão boa quanto a de lá, e os temperos são mais leves, mais de acordo com nosso clima. O arroz marinado estava ótimo e veio muito bem servido”, comenta José Antônio. Sua companheira sorri, balança a cabeça em aprovação e avisa que vai recomendar aos amigos.

O Caleuche oferece, ainda, música ao vivo às quintas e sextas, à noite, e aos sábados, durante o dia. Mas não abre no domingo, porque até os fantasmas descansam pelo menos um dia da semana, garante Rodrigo.

Caleuche 310 Norte, Bloco A (3522.5363) De 2ª a sábado, das 11 às 15h e das 18 às 24h.

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água na boca

No reino do camarão A

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lguns já arriscaram o movimento considerado, até então, comum para a expansão no Distrito Federal. Primeiro, fizeram fama no Plano Piloto, no centro do poder, e depois partiram em busca de um público de perfil semelhante, logo ali em Águas Claras.

Foi assim com o Severina, o Kojima, a Cervejaria Devassa, o Peixe na Rede, o Bar do Ferreira e muitos outros. O inverso também ocorreu, como é o caso do Primeiro Cozinha de Bar, do Johnnie Special Burger e do Sensei Temaki. Mas, no meio do caminho, em Taguatinga, estava o Recanto do Camarão, que resolveu quebrar a regra e desembarcou recentemente no Plano Piloto.

Especializado em peixes e frutos do mar, o restaurante até ensaiou uma ida para Águas Claras, mas esse movimento ficou para o primeiro semestre de 2014.

Após completar dois anos no mercado de Taguatinga, o Recanto do Camarão preferiu se estabelecer às margens do Lago Paranoá, com vista para a Ponte JK,

no Setor de Clubes Sul. Abriu as portas, em 19 de novembro, no endereço onde antes funcionava o Pampulha, com capacidade para 500 pessoas e uma estrutura que não deixa a desejar em nenhum quesito de acessibilidade e conforto. O espaço conta com elevador, ambiente climatizado, brinquedoteca, Wi-Fi, serviço de manobrista e estacionamento com 300 vagas.

Na nova operação, os dois proprietários do Pampulha, Wellington Martinez e Pedro Procópio, entraram como sócios do Recanto do Camarão, até então dirigido somente por Niza Beatriz. A jovem cearense vem de família com larga experiência em frigoríficos de pescados, localizados na região Norte do país. “Daí a matéria-prima de excelente qualidade utilizada aqui no restaurante”, ressalta Niza.

A marca chega ao Plano Piloto sob o comando de Rodrigo Viana (na foto ao lado), chef executivo da rede. A proposta do Recanto do Camarão, que conquistou o público com receitas saborosas, fartas e de bom custo-benefício, permanece.

O que muda é o tratamento dado às elaborações. “A ideia é imprimir leveza aos pratos, com ingredientes na medida certa e metodologias de cocção diferentes, explorando também o que cada preparo tem de melhor tanto em cor como em textura”, explica Rodrigo Viana.

Novo cardápio Dessa forma, os pratos antigos foram repaginados. As receitas ficaram mais leves e ganharam novas apresentações.

Além disso, para a abertura da casa na Asa Sul, a rede lançou um cardápio com pelo menos dez novidades, a maioria com a estrela da casa, o camarão: refogado com trio de pimentões e creme de leite, aromatizado com curry verde tailandês e escoltado por arroz de leite de coco (R$ 89,90); flambado no conhaque, servido ao molho madeira com pimentas verdes e acompanhado de batatas coradas e arroz branco (R$ 84,90); ao molho de mel e gengibre com abacaxi e castanhade-caju, guarnecido com arroz (R$ 84,90); em redução de vinho Chardonnay e creme de leite fresco, com toque de ovas Mujol, servidos com purê de abóbora e crispy de alho-poró (R$ 159,90); e na paella marinera, com lulas, polvo, pescada amarela e mexilhões refogados com trio de pimentões e açafrão (R$ 94,90 para duas pessoas e R$ 159,90 para quatro).

Todos os demais pratos servem muito bem a duas pessoas.

Entre os pratos especiais do cardápio figura o “camarão rei”. Doze unidades do crustáceo rosa especial compõem uma coroa servida sobre cama de purê de batata e legumes na manteiga, guarnecida com arroz branco (R$ 149,90 para três pessoas). Também especiais são o grelhado de frutos do mar – lagosta, camarão, filé de pescada-amarela, lula e mexilhão grelhados, acompanhados de arroz à pie-

montese com batatas sautées (R$ 149,90 para quatro pessoas) e o pargo assado inteiro, ao molho de camarão à moda da casa, servido com arroz branco e farofa de banana (R$ 119,90 para três pessoas).

Recanto do Camarão

SCES – Trecho 2 (3035.7305) CNA 3 – Praça do DI – Taguatinga Norte (3563.1083).

De 2ª a 5ª feira, das 11 às 24h; 6ª e sábado, das 11 à 1h; domingo, das 11 às 16h.

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picadinho Terceiro Outback O shopping DF Century Plaza de Águas Claras, prestes a ser inaugurado, foi escolhido pela rede Outback Steakhouse para abrigar sua terceira unidade no Distrito Federal, na qual serão investidos R$ 4,5 milhões. “Estamos felizes em anunciar a chegada de mais uma unidade em Brasília. Acompanhamos a grande demanda de nossos clientes e, para ampliar as opções, trouxemos para cá mais um Outback”, afirma Nazaré Barros, sócio-regional da rede.

Felipe Menezes

Demorou, mas finalmente chegou a Brasília esse refrescante aperitivo, produto da mistura de duas partes de prosecco, uma de suco de pêssego branco e algumas gotas de framboesa.

Quem apresentou a novidade, durante almoço no restaurante Oliver, do Clube de Golfe, foi Fabio Lunardi, da vinícola veneziana Canella, que produz o Bellini desde 1988. O estranhamento inicial, principalmente da parte de quem não aprecia bebidas doces, cedeu lugar a uma agradável surpresa. De cor rosada, com apenas 5% de teor alcoólico, o Bellini acompanha muito bem pratos leves, como os servidos pelo Oliver, à base de peixes e frutos do mar. A garrafa de 750 ml custa R$ 90 e pode ser comprada pelo site www.adegaexpand.com.br ou, em Brasília, na Art du Vin (duas pelo preço promocional de R$ 126).A vinícola Canella, fundada em 1948, produz 2,5 milhões de garrafas do Bellini, que hoje é exportado para cerca de 50 países.

Outra dose dupla Essa é para os apreciadores da vodka Ketel One: todas as quintas-feiras, das 19 às 21h, o Bar Bottarga (QI 5 do Lago Sul) oferece dose dupla de todos os drinques que levam a bebida holandesa em sua composição. É o caso, por exemplo, dessa caipirosca de maracujá, preparada com a vodka dentro da fruta (R$ 15) e da caipirosca de frutas vermelhas, que leva morango, framboesa e amora (R$ 22).

Sabores do Brasil Vem aí mais uma edição – a décima – do Restaurank Week, de 27 de janeiro a 10 de fevereiro. Promovido há mais de duas décadas em várias cidades do mundo, esse festival gastronômico reúne alguns dos melhores restaurantes locais. Nessa próxima edição, os chefs poderão usar e abusar de sua criatividade para criar menus completos inspirados no tema “sabores do Brasil”. Além de Brasília, o Restaurant Week é realizado desde 2007 em São Paulo, Campinas, Santos, Ribeirão Preto, Rio de Janeiro, Recife, Brasília, Vitória, Curitiba, Belo Horizonte, Porto Alegre, Salvador e Fortaleza.

Poderoso chefão

Divulgação

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Bellini

Drinques tropicais

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A estação mais quente do ano vai chegando e, mais do que nunca, a happy hour pede bebidas que ajudem a combater o calor. Para aplacar a sede dos brasilienses, o Botequim Informal, da 410 Sul, está oferecendo quatro versões de caipifrutas (abacaxi, morango, limão ou lima da pérsia), todas geladas e refrescantes, em jarras de um litro e meio. Os preços são bastante atrativos: com vodka Smirnoff, R$ 59,90; com Smirnoff Black, R$ 69,90; com cachaça, R$ 48,90. Aos sábados, das 15 às 19h, a coisa fica ainda melhor: duas jarras pelo preço de uma. Para acompanhar, três sugestões de petiscos: lascas de filé mignon com lâminas de cebola, queijo derretido e aipim frito (R$ 54,90), anéis de lula crocantes com molhos rosé e tártaro (R$ 30,90) e porção mista de pastéis (seis unidades por R$ 19,90).

Servir o que há de melhor na tradição gastronômica dos pampas é a pretensão nem um pouco modesta do empresário gaúcho Fábio Gregol, que, após vender sua participação no El Negro, da 413 Norte, está montando um novo restaurante na 104 Sul. A especialidade do Toro, como foi batizado, será a preparação de cortes tradicionais como o lombo com queijo e o carreteiro da fronteira com ovo frito, do Rio Grande do Sul; o bife ancho e o chorizo, da Argentina; e, do Uruguai, o assado de tira, o vacio (fraldinha), a costela larga, tal como é feita no Mercado del Puerto de Montevidéu, e o chivoto, um naco de carne de churrasco servido no pão, como sanduíche. Com capacidade para receber 180 pessoas, o Toro deve ser inaugurado na segunda quinzena de janeiro ou na primeira de fevereiro.

No Paradiso Cine Bar (306 Sul) o drinque da estação é o Poderoso chefão, preparado com três tipos diferentes de whisky Johnnie Walker, cada um representando um dos filmes da trilogia. O primeiro leva Double Black, licor amaretto e xarope artesanal de strudel; o segundo, Gold Label Reserve, licor amaretto e suco de maçã; e o terceiro, Blue Label, licor de café e creme de leite batido com licor amaretto. Para experimentar as três versões, o cliente pagará R$ 80. Entre os petiscos, a novidade é O silêncio dos inocentes – bolinhos de carne de carneiro e geleia de menta com hortelã (R$ 42).

Pizza natalina O recheio leva molho de tomate, lombo canadense, dois tipos de queijo, pêssego, figo, ameixa e cereja. A massa pode ser fina, tradicional ou grossa, ao gosto do freguês. É a receita criada pela pizzaria Babbo Giovanni, da 413 Norte, para esse período de festas natalinas. Para grupos de pelo menos 15 pessoas que queiram fazer ali sua comemoração de fim de ano, a pizzaria oferece um desconto de 20% na conta (exceto bebidas).

Reservas pelo telefone 3349.0567.

Divulgação

Rodrigo Castro

Carnes na parrilla

Natal fora de casa

Felipe Menezes

A maioria dos restaurantes não funciona na noite de 24 de dezembro.

Assim, não são muitas as opções. Selecionamos algumas para você.

Rômulo Juracy

Oliver – Clube de Golfe (3323.5961)

Parrilla Madrid – 408 Sul Bloco D (3443.0698).

O restaurante criou três opções de pacotes promocionais, válidos até 5 de janeiro. Primeira: rodízio de tapas e bebidas (cerveja, água, refrigerantes, caipiroscas nacionais e vinho Bom Gastronomia). Preço: R$ 75. Segunda: almoço ou jantar completo, com entrada de caldinho de feijão ou saladinha da casa, tender steak, bife parrilleiro, filé mignon, fraldinha, galeto ou pork ribs, todos com os acompanhamentos tradicionais da casa, e, de sobremesa, petit panqueca de doce de leite argentino. Preço: R$ 75 (sem bebidas alcoólicas) ou R$ 99 (com bebidas alcoólicas). Terceira: almoço ou jantar completo, com entrada de caldinho de feijão ou saladinha da casa, a tradicional parrillada (foto) e petit panqueca de sobremesa.

Preço: R$ 99 (com direito a todas as bebidas). É preciso fazer reserva com pelo menos 24 horas de antecedência.

Este ano, a novidade é o vale-presente, que proporcionará aos presenteados um almoço ou jantar em que poderão degustar os melhores pratos da casa. Entre as entradas, sashimi de salmão com molho de pêra no sakê, ou shimeji salteado na manteiga e shoyo, ou ainda salada de alface americana, palmito, cenoura ralada, batata palha e alcaparras. Massas com frutos do mar, robalo andino grelhado e lomo porteño figuram entre os principais. As sobremesas também foram inspiradas no verão: um combinado de chantilly de fruto cítrico da amazônia com geleia de maracujá e pimenta dedo de moça e um petit-gâteau de cupuaçu e chocolate à famiglia sicilia. Cada vale-presente custa R$ 158 (sem bebidas) e serve a duas pessoas. Com o acréscimo de espumante Bom Gastronomia e bebidas não alcoólicas, o preço sobe para R$ 200. Essa promoção é válida até o final de fevereiro.

Porcão – SCES (3223.2002) Na noite de Natal, o cardápio da churrascaria, além das habituais carnes nobres e do bufê de massas, risotos e comida japonesa, terá também leitão à pururuca, filé de bacalhau fresco com alho poró e peru com abacaxi e fios de ovos. De entrada, bruschetta de gorgonzola e mel, carpaccio de salmão e tortinha de queijo e geleia de damasco.

Depois, salada de chester, maionese de camarão e nozes, terrine de coq au vin... e por aí vai, até chegar às duas dezenas de sobremesas. Preço: R$ 150 + 10%.

No Réveillon, a mesma coisa: o cardápio será reforçado com pratos quentes como o bacalhau ao Zé do Pipo e o peru com molho de damasco e nozes. Bebidas: uma garrafa de espumante para cada duas pessoas, chope, caipirinha e caipivodka, whisky, água e refrigerantes. Preço: R$ 320 + 10%.

Crianças até cinco anos não pagam. E as de seis a dez anos terão desconto de 50%.

Rubaiyat – SCES (3443.5000) Esse restaurante vai servir na noite de 24 de dezembro um menu criado pelo espanhol Carlos Valentí, chef executivo da rede, composto de couvert, entrada, três opções de pratos, bufê de sobremesas, café com petit fours, água, sucos, refrigerantes, cerveja e uma garrafa de vinho branco ou tinto para cada dois adultos. Preço por pessoa: R$ 350.

Crianças de seis a 12 anos: R$ 147,50.

Menores de cinco anos não pagam.

San Francisco – 103 Sudoeste Bloco B (3051.1213) Do dia 22 até o final do ano, os clientes que consumirem, no almoço ou no jantar, o risoto de camarão com azeite trufado (R$ 70) serão presenteados pelo restaurante com uma garrafa de Don Guerino Brut ou Don Guerino Brut Rosé (este último foi eleito o melhor espumante da América do Sul pela Confraria de Sommeliers de São Paulo).

Divulgação

Dom Francisco – Asbac – SCES – Trecho 2 (3224.8429) – 402 Sul – Bloco B (3224.1634) O chef Francisco Ansiliero preparou um cardápio especial para o fim do ano. Na noite de Natal, duas opções de salada, peito de peru ao forno com molho da assadeira, servido com arroz de frutas secas, ou bacalhau na brasa com batatas assadas, e cheesecake com calda de caramelo e nozes ou brownie de chocolate com sorvete e ganache. Preços: R$ 80 (peru) ou R$ 130 (bacalhau). Na noite do Réveilon serão oferecidas as mesmas opções de saladas, seguidas de filé mignon suíno recheado assado ao forno, servido com molho de romã e arroz com lentilhas, ou bacalhau na brasa com batatas assadas, e finalizando com pavlova de frutas tropicais ou mousse de chocolate. Preços: R$ 90 (filé) ou R$ 130 (bacalhau).

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GARFADAS & GOLES Luiz Recena

lrecena@hotmail.com

República,

Corte e minueto

Voltar também pode incomodar. Quem diria! Mas é assim mesmo, com alegrias, farras, comentários e invejas. O que é voltar? É estar de novo no mesmo lugar onde se esteve antes. Nem sempre nas mesmas condições: financeiras, políticas, de trabalho.

E, no caso de Brasília, nas condições de poder. Qual poder? Quais podres poderes? O de sempre, aquele que manda. E os outros, podres Caetanos, que fingem por aí serem os novos donos: dos bares, novos grupos, novas camarilhas, novos acertos e comissões idem. Enfim, novos, barulhentos, bobos e ingênuos não sabem que têm raízes no mesmo passado do país de D. João VI e daquele da ação do capital: quem souber aderir adere, quem souber ganhar ganha, quem não sabe paga e ri. Os grupos falam alto, perturbam mesas do lado, pagam caro para não ouvir a música boa ou razoável (muito mais esta). Com o passar do tempo, constata-se que não há diferenças partidárias ou ideológicas no comportamento das novas hordas. Dos milicos aos militantes, a falta de educação ficou “supra” tudo. Depois exibirão notas fiscais, cartões de crédito corporativos, fotos e notas nas colunas de sempre, de colunistas parecidos, outros novos, um pouco arrivistas, mas amigos dos anteriores. La nave va e sempre é bom volver. A vida é um tango. Brasília é um minueto de República na Corte.

Venturas e conservações

Quem ficou por mais tempo investiu o dinheiro para consolidar carreira, fama, amores, negócios, patrimônios e, agora, descendências. Há os pioneiros e, os da minha geração, pós-pioneiros. Os meus mais próximos, quase todos de grande sucesso, estão em marcha batida em direção ao conservadorismo, aquele ato de conservar o que foi conquistado e ganho. A história burguesa chegou à cidade revolucionária, à Capital da Esperança. Os que querem que Brasília vire Moscou antes dos cem anos. Pobres netos e bisnetos: nunca farão um churrasco no Dia de Finados, por "não terem mortos a prantear na Brasília”. Nós fizemos vários e vários de nós ficaram bom tempo fazendo. Voltar é também descobrir com tristeza que ficamos reacionários.

Atenção: tristezas não são necessariamente só tristezas.

Podem ser apenas constatações.

Terra da promissão

A terra do Planalto Central continua aberta e generosa. Os nossos generosos ainda melhores e em maior número dos que

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novos egoístas. Abraços familiares, corações e mentes fraternos, a porta, se não mais escancarada, se preserva aberta para quem volta. E também para quem chega.

Sempre há onde comer bem e dar goles idem. Voltaremos ao tema das novidades.

Belo reencontro

Azeite de Oliva, 403 Sul, um reencontro depois de quase uma década. Está lá firme e forte, com bons petiscos e cervejas geladíssimas e a preços não assaltantes, inclusive as mais famosas e com nomes difíceis e estrangeiros.

Serviço mais do que simpático e frequência igual.

Saudades um e dois

Foi-se Nilton Santos, uma Enciclopédia que nos deu muitas alegrias no futebol e no rápido convívio com os brasilienses nos anos da escolinha do Defer. Foi embora também J.C. Ronca, um grande amigo desta revista Roteiro. Que em paz viajem.

E PARA NÃO ESQUECER: FELIZ 2014!

PÃO & VINHO ALEXANDRE FRANCO pao&vinho@agenciaalo.com.br

Mais um ano se passou...

Como todos os anos, nesta que será a última edição

Para citar apenas três que me chegam à memória de

de 2013 não posso deixar de me referir à época das

pronto: Esterling Brut Selection, comprado na Costazurra

festas de Natal e Réveillon, sem falar nas despedidas de

(com a devida negociação) pela bagatela de R$ 75, mais

ano entre amigos, confrarias e outras turmas, almoços

barato do que muitos espumantes mais simples. Uma

das empresas para seus funcionários e outras tantas

casa de champanhe relativamente nova, fundada em

ocasiões que fazem crescer, em muito, toda a atividade

1948, mas já produzindo com personalidade um produto

em volta do mundo do vinho.

com boa acidez, mais frutado do que seus iguais e mais

O desembarque das importações majoradas com vistas justamente a este período, o aumento dos pedidos das lojas e restaurantes às importadoras, o aumento

leve também, que vai muito bem com frutos do mar e em voo solo.

O mais consistente e famoso – aliás, em minha

das vendas ao consumidor final para presentear e festejar,

opinião, um dos bons champanhes no mercado, melhor

tudo a desembocar no aumento do consumo. Baco

do que muitas das marcas mais estreladas – é o Jacquart

está à solta e ninguém pode controlá-lo nestes dias.

Mosaique Brut oferecido pela Mr. Man, com 50% de

Louvado seja!!!

desconto, a R$ 130, preço mais do que justo por essa

Não há como negar que os campeões de vendas e consumo são os espumantes, dos simples e baratos aos mais sofisticados e caros, doces, brutos e natures,

delícia de perlage firme e delicado, com frutas brancas maduras e final picante.

E, finalmente, a Vollereaux Brut, desconhecido entre

nacionais melhores do que muitos dos importados

nós, mas com 92 pontos da Wine Spectator, em produção

e importados de grande estirpe. Todos bem gelados,

quase garagista, com bom frutado, mas também com

com muitas borbulhas, como cabe no clima atual,

direito a toda gama de panificação dos bons champanhes

cada vez mais quente e cada vez mais esfuziante.

– cascas de pão, brioches e tudo mais – pelo excelente

Destes, creio que a maior novidade que pude apreciar foi o aparecimento de novos rótulos de champanhe

preço de R$ 99,99 oferecido pela Sonoma.

Minhas festas deste ano serão, sem dúvida, cheias

de pequenos produtores a preços muito mais atraentes

de champanhe, pois romperei a meia noite de 31 de

do que os das marcas já por aqui consagradas. Afinal,

dezembro em plena Torre Eiffell, certamente brindando

convenhamosn que, tomando por base os preços dos

com um bom champanhe no 58, com vista alta da Cidade

champanhes renomados, são poucos os cristãos que podem

Luz. Já no Natal, provavelmente darei preferência a um

comemorar o fim de ano com eles, ficando relegados

bom prosecco, ao comemorar no mais antigo restaurante

aos espumantes d’outras bandas. Sem demérito algum

de Veneza, o Antico Martini. Quem sabe, até podendo

aos bons espumantes, e eles existem em grande número,

contar com neve nas duas ocasiões, pois o frio vai tomando

mas um bom champanhe, desculpem-me, vai além.

conta do Velho Mundo. Contarei tudo na volta.

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DOIS ESPRESSOS E A CONTA

cláudio ferreira claudioferreira_64@hotmail.com

Qual é o preço justo?

Ando assustado com os preços da comida fora de casa.

preços do que se come aqui com os de outras cidades.

mais caros dos últimos tempos para quem almoça todo

Com raríssimas exceções, nossa capital sempre perde.

dia longe da própria cozinha? A dúvida, sempre, é se

Nem vale a pena comparar com os preços do exterior,

estamos pagando o preço justo.

para não ficar mais triste ainda.

Não se come mais em um self service razoável (comida

Impressionam-me também as disparidades entre

+ um suco) por menos de R$ 25 no Plano Piloto. Sob

os preços cobrados pelo mesmo produto. Um suco

as asas do avião, é difícil uma saída à noite em que se

de laranja, por exemplo, pode custar de R$ 4 a R$ 10.

gaste menos de R$ 40. E um almoço de domingo, sem

Um café expresso vai de R$ 3,50 até mais do que o

nada de extraordinário, nos leva entre R$ 50 e R$ 60.

dobro, dependendo da marca do café. Um picadinho

Não estou falando de extravagâncias do tipo “rei do camarote”, o último hit da internet. É claro que há

de filé também pode variar quase 100 por cento de um estabelecimento para outro.

quem ache essas cotações normalíssimas, compatíveis

A escalada dos preços chega às raias do absurdo.

com a nossa fama de “ilha da fantasia”. E há cotações

Uma amiga entrou em uma sorveteria outro dia, pediu

estratosféricas. Mas estou pensando no Brasil real.

duas bolas e cobraram R$ 18! Eita sorvete quente! As

Não me importo de pagar a mais por um almoço

sobremesas de muitos restaurantes médios alcançam

especial, do qual vou me lembrar por muito tempo.

os R$ 20 – até o inocente pudim de leite tem preços de

Ou por um jantar prazeroso, com mesa cheia de

manjar dos deuses! A latinha de refrigerante também tem

amigos, com comida e bebida diferenciadas, esmero no

uma variação incrível, nem parece produto industrializado.

atendimento, noite memorável. Mas até a refeição do dia

Como não sou economista, não sei se os preços são

a dia, apreciada com um olho no prato e outro no relógio,

justos, se foram os custos que subiram absurdamente –

torna-se inacessível a muitos. Ao convidar alguém para

matéria-prima, mão de obra – ou se acontece com a

uma saída, é bom conjugar a renda do amigo com os itens

comida o mesmo que acontece com os imóveis em Brasília,

do cardápio. Ou, então, prepare-se para bancar a conta.

Credito esses valores, em primeiro lugar, a um suposto

uma cotação ensandecida. Não dá para culpar somente os empresários, porque o país, em matéria de carga

“custo Brasília”. Em uma cidade onde as notas fiscais para

tributária e encargos trabalhistas, também não ajuda

pessoas jurídicas são papel corrente nos restaurantes, os

o empreendedor.

preços não são feitos para pessoas físicas. Os comensais

Como será o amanhã? Em geral otimista, neste caso

de terça a quinta-feira inflacionam o mercado – mas

não consigo escapar de me filiar à corrente contrária, que

o aumento de preços vale para a semana inteira.

há meses entoa a ladainha que termina sempre com a frase

Como estamos iniciando as férias de verão, esta é uma

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época para ficar triste com Brasília. É só comparar os

É impressão minha ou 2013 termina como um dos anos

“...imagina na Copa!”. É, junho de 2014 está logo ali.

O QUE O SENAC FAZ POR VOCÊ TAMBÉM FAZ POR TODO O DF. Quando se fala em Educação Profissional no DF, logo vem o nome Senac. Já são 46 anos compartilhando conhecimento desde o nível básico até a pós-graduação, do técnico ao tecnológico. Uma instituição que nasceu para desenvolver e capacitar as pessoas dos setores de comércio de bens, serviços e turismo, mas que a cada ano se torna mais presente na vida de todo mundo. Inclusive na sua.

Em todo o DF, onde tem Educação Profissional, tem Senac.

www.senacdf.com.br

3313.8877

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Felipe Menezes

réveillon

Diversão à beira do lago

Selecionamos uma dúzia de boas festas para comemorar a virada do ano Por Alessandra Santos

N

Carol Melo / Fotoforum

o Rio de Janeiro, o palco principal da festa do Réveillon é Copacabana; em Nova York, a Times Square; em Buenos Aires, Puerto Madero; aqui, o melhor local para virar o ano é, sem dúvida, a orla do Lago Paranoá.

Produzido há dez anos, o Réveillon Nossa Praia vai agitar o Pontão do Lago Sul a partir das 22h30 do dia e 31. Uma

das festas mais animadas da cidade, conta este ano com um palco dedicado à música eletrônica, outro ao sertanejo, um com músicas dos anos 80 e o chamado Palco Rock in Rio – Cidade Maravilhosa.

“Há dois anos fazemos esse palco e escolhemos o Rio por ser a cidade brasileira que melhor personifica a ideia de Réveillon”, diz Juarez Massih, um dos produtores da festa. No palco vai se apresentar a banda Acústico D3, de São Pau-

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lo, formada pelos multi-instrumentistas Luizinho e Daniel. “O diferencial é que eles se dividem para tocar todos os instrumentos. É bem diferente. Eles tocam coisas conhecidas, como O Rappa, Charlie Brown... Seguem a linha do pop-rock”, entrega Juarez. A expectativa é de que o Nossa Praia receba cerca de 3.800 pessoas. Os ingressos variam de R$ 140 a R$ 4 mil (na área super vip).

Outras opções, no Pontão, são os bares e restaurantes. Na Cervejaria Devassa, a programação musical será bastante eclética: jazz, blues, MPB e pop-rock, com o saxofonista João Maria, o músico André Porto e o DJ Otávio. O cardápio será bem variado, com vários tipos de carnes e frios. A entrada custará R$ 280 (2° lote).

O BierFass Lago escolheu como tema a Copa do Mundo. A festa será animada pelo show da Banda Magoo. O cardápio dá preferência aos frutos do mar, mas quem gosta de carne vermelha poderá optar pelo cordeiro ao molho de hortelã ou o leitão à pururuca. Quem quiser participar terá que desembolsar R$ 465.

O Manzuá, especializado em comida baiana e frutos do mar, presenteará as

Luis Fabiano Neves

A cantora Adriana Samartini será uma das atrações do Réveillon Dudu Chef, no Hotel Royal Tulip Brasília

Os ingressos são individuais (R$ 650), mas haverá opções de mesas com garçons exclusivos para seis pessoas (R$ 500) ou dez pessoas (R$ 800). Quem quiser poderá se hospedar no hotel (R$ 1.599 mais 15% para duas pessoas).

Outra grande festa da cidade é o Réveillon Federal, no Ópera Hall, que começará às 22 horas com open bar, open food e música passeando do sertanejo ao funk. Na linha de frente estão as duplas Pedro Paulo & Matheus, William & Marlon, o grupo de axé Camafeu e o MC Bockaum (nos intervalos, o DJ Cláudio Reis). “Esperamos que a festa seja um sucesso, como aconteceu nos cinco anos anteriores”, deseja um dos produtores, Thiago Jaguaribe. A expectativa de público é de 6 mil pessoas. Os ingressos custam entre R$ 80 e R$ 500 (1º lote).

Uma das festas mais tradicionais de Brasília é o Réveillon do Iate Clube, que se realiza desde sua fundação, há 53 anos.

A partir das 22 horas, a banda Squema Seis sobe ao palco para apresentar os grandes hits do momento e outras canções que vão do pop ao rock. O jantar, preparado pela chef Cristina Roberto, terá grande variedade de saladas, carnes, frutas e sobremesas. O Iate também oferece espaço para crianças, com brinquedoteca, sala de jogos em rede, cinema e vídeos, lanches e supervisão de monitores. A queima de fogos deve durar cerca de 15 minutos. Os ingressos custam de R$ 365 (sócios) a R$ 460 (não-sócios).

Rumando novamente para o sul da cidade, mas ainda com vista para o Lago Paranoá, o Rubaiyat promete a sofisticação de um cardápio preparado pelo chef espanhol Carlos Valentí. Os ingressos custam entre R$ 700 e R$ 900.

Recém-chegado ao Plano Piloto, vindo de Taguatinga, o Recanto do Camarão realizará sua festa das 22 às 3h, com animação da banda Sideral, cujo set-list contempla vários estilos musicais: disco, jazz, rock, pop, country, reggae MPB. Efeitos visuais, com painéis de led, também farão parte do show. A festa será no sistema open bar, com uísque, espumante, cervejas, caipirinhas, caipiroscas, coquetéis de frutas, refrigerantes, sucos e água.

O bufê preparado pelo chef executivo da casa, Rodrigo Viana, é composto por cinco ilhas: antepastos, pães, comida japonesa, pratos quentes e sobremesas. A entrada custa R$ 390 (crianças de até dez anos não pagam).

Rômulo Juracy

duplas de adultos com uma garrafa de espumante Chandon. O restaurante cobra uma taxa de R$ 150 para fazer a reserva e a consumação mínima é de R$ 200.

No Café Antiquário, a mesa de pratos quentes terá como destaque o chester ao molho de laranja, acompanhado de arroz com passas (ou branco), batatas rosti e farofa de frutas secas. A noite será animada por um DJ. O ingresso mais caro, com tudo incluído, custará R$ 400.

Também no Lago Sul, o Bottarga Ristorante oferece um cardápio com várias opções de entradas, pratos principais e sobremesas. Entre os principais, medalhão de filé mignon em crosta de macadâmias com risoto de brie e redução de Malbec, bacalhau assado no azeite de vitela com batata ao murro e tomate, cebola e azeitonas pretas confitados, e paleta de cordeiro assada com cuscuz marroquino.

Haverá queima de fogos e um DJ para animar a noite. O ingresso custa R$ 230, sem direito a bebidas, alcoólicas ou não.

Do outro lado da orla, na parte norte, uma das atrações é o Réveillon Dudu Chef, no Hotel Royal Tulip Brasília Alvorada. Além dos quitutes preparados pela equipe de Dudu Camargo, a celebração terá apresentações da cantora Adriana Samartini, em um grande show com efeitos especiais, e dos DJs Patife e Luiz Melo. Os pratos foram separados em mesas: Oriente Médio, Asiática e Mediterrânea.

Ainda no quesito comidas, as atrações serão os “pratos da terra” – ravióli de mussarela ao molho pomodoro, risoto de carne seca com quibebe e risoto de moqueca baiana. Entre as sobremesas, doce de arroz com coco, manga e pimenta e mousse de Ferrero Rocher. Finalizando, um café da manhã caprichado para quem exagerou na noitada.

Para completar, uma festa de Réveillon tipicamente italiana, na Hostaria Dei Sapori, onde o peru e o pernil darão lugar aos frutos do mar, ao robalo e ao salmão como principais pratos da noite. O ingresso custa R$ 129, com direito a uma taça de vinho e outra de espumante. O ponto alto deverá ser a apresentação do empresário e cantor Franco Nicoletti, um dos proprietários da casa (na foto acima), que desfilará um repertório de músicas românticas italianas como Volare, de Domenico Modugno, E se domani, de Mina Mazzini, e a napolitana Malafemmena, do cantor e comediante Totò, entre outras.

Diversão garantida.

Com podem ver, o Réveillon de Brasília oferece muitas opções, desde grandes festas até comemorações mais reservadas – mas, com certeza, nenhuma delas desanimada. Faça sua escolha!

Réveillon Nossa Praia

Informações: www.nossapraiabsb.com.br

Cervejaria Devassa

Pontão do Lago Sul (3365.1690)

BierFass Lago

Pontão do Lago Sul (3364. 4041)

Manzuá

Pontão do Lago Sul (3364.6090)

Café Antiquário

Pontão do Lago Sul (3248.7755)

Bottarga Ristorante

QI 5 – Conjunto 9 – Bloco D – Lago Sul (3248-4828)

Hotel Royal Tulip Brasília Alvorada SHTN – Trecho 1 (3424.7000)

Ópera Hall

SHTN – Trecho 2 (3306.2012)

Iate Clube de Brasília

SCEN – Trecho 2 (3329.8700)

Rubaiyat

SCES – Trecho 1 (3443.5000)

Recanto do Camarão

SCES – Trecho 2 (3035.7305)

Hostaria Dei Sapori

212 Sul - Bloco (3346.3234)

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*Para ler a cr么nica, visite o endere莽o eletr么nico claricelispector.blogspot.com.br/2009/05/brasilia.html

É assim que o seu corpo vê.

www.alcoolicosanonimos.org.br

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natal

Presentes poéticos O

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saudoso jornalista Tim Lopes se notabilizou, entre outros tantos talentos, por criar “máximas”.

Esta é uma delas: “Só quem brinca com as palavras sabe a graça que elas têm”.

O poeta Vicente Sá é um que sabe. E, tomando a afirmação de Tim Lopes ao pé da letra, fez com poesia um jogo lúdico e agora convida crianças de todas as idades para brincar com palavras. Lançado em outubro em Portugal, acaba de chegar ao mercado de Brasília o Jogo dos Bichos, um baralho poético que propõe aos participantes da brincadeira formar pares de poemas e desenhos de bichos, apresentados por suas mais curiosas e marcantes características.

A girafa, por exemplo, ao fim do poema diz: “De cima observo as crianças/para ver quem é que apronta/Mas como tenho pouca voz/O segredo fica entre nós/ A girafa nada conta”. Pra quem não sabe, o Lobo-Guará revela: “Eu cuido da minha esposa/ Quando nascem os bebês/Sempre no mês de junho/E eles nunca chegam a três.” E quem nunca viu já pode imaginar: “Olha só quem vem lá/Que fi-

la bonitinha/É a mamãe capivara/E suas capivarinhas.”

Por aí vão 15 bichos, em desenhos e versos. Como no tradicional Mico, brinquedo de cartas muito popular entre os brasileirinhos da era pré-cibernética, uma carta fica sem par. Nesse caso é o bichohomem, que deve ganhar uma poesia do jogador que acabar com o “mico” na mão.

O baralho, com cartas acondicionadas em caixa de madeira, é um projeto da Oficina de Realizações Ideias e Geleias, da jornalista Lucia Leão. A artista plástica Mangala Bloch transformou desenhos de crianças em ilustrações e, junto com a também designer Adriana Cascaes, desenvolveu o projeto gráfico do jogo/livro. “É um presente de Natal maravilhoso! Eu gosto muito de presentear livros. Esse livro que é um brinquedo – ou vice-versa, sei lá – então, é perfeito!”, comenta a fotógrafa Regina Bitencourt, que garantiu o presente do primeiro neto, Caio, recémnascido.

A Ideias e Geleias também oferece uma linha de produtos comestíveis artesanais com “sabor de poesia”. Os vidros do man-

gochutney – molho agri-doce de origem indiana – são rotulados com reproduções de obras de artistas plásticos da cidade – Reza, Paulo Andrade, Nanche Las Casas, Ribamar Fonseça, Adriana Cascaes, Wagner Hermuche, Fernando Lopes e Mangala Bloch. E eis que elas se abrem e apresentam uma surpresa: poesia. E a poesia também decora os vidros das geleias e das pimentas, além das miniaturas de garrafas de azeite aromatizado, um charmoso e original galheteiro para mesas descoladas.

Da mesa para o guarda-roupa, poesia também é o carro-chefe das camisetas, bolsas e objetos de decoração da Tertúlia,

Fotos: Divulgação

uma oficina de confecção e serigrafia instalada há mais de dez anos na feira da Torre de TV e que já virou uma grife na cidade. Ela já é paragem obrigatória, entre tantos clientes fiéis, da engenheira gaúcha Bruna Erigel, quando de suas passagens a serviço pela cidade. “Eu gosto de valorizar os produtos locais. Quando têm conteúdo com poesia, então, melhor ainda!”, comenta a engenheira, que na hora da escolha, no entanto, preferiu voltar para Porta Alegre com Mário Quintana na bolsa. Estampado, é claro!

No domingo passado, as amigas Adriana e Lygia, ambas psicólogas, procuravam um presente e foram à barraca da Tertúlia. Não sabiam o que comprar, mas sabiam quem iam levar: queriam Cora Coralina. “Um presente com poesia vai muito mais carregado de sentimento, de emoção. É tudo de bom!”, enfatiza Adriana.

O designer (entre outras capacidades) Alex Moraes, dono da Tertúlia, garante que cada dia é maior o espaço para a poesia em suportes inusitados. Alguns clientes, ele conta, já entram em sua loja como quem vai a uma livraria, procurando por autor.

“Já tem muita gente que, antes de dizer o

tamanho da camiseta, por exemplo, pergunta se tem Nicolas Behr, Luiz Turiba, Renato Russo, Oswaldo Montenegro...

Tanto que, na loja virtual, a gente já tem uma opção de escolha por autor”. E revela: “Nosso best- seller é Cora Coralina”.

E então, que tal dar poesia de presente de Natal?

Jogo dos Bichos

À venda nas livrarias Dom Quixote do CCBB e de Águas Claras (R$ 35).

Molhos e geleias Sabor de Poesia

Encomendas na página da Ideias e Geleias do facebook (entre R$ 10 e R$ 20).

Tertúlia

Feira da Torre de TV e loja virtual tertuliaartesanato.com.br/loja (entre R$ 3 e R$ 300).

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natal

Presentes musicais Por Heitor Menezes

F

im de ano, robotizados como somos, precisamos presentear as pessoas. Mas, longe do mecanicismo que esquematiza as relações, vale lembrar que a música, sim, continua sendo um ótimo presente de Natal. Por tabela, um gesto de amor. Quem presenteia com discos, no mínimo quer que o outro escute com atenção a oferenda. Aí é que vem o lance.

Reunimos aqui dicas de CDs e um DVD carregados de boa música e de significados na mensagem que trazem. Afinal, em 2013 tivemos ótimos lançamentos, principalmente na área internacional. Resumindo: dicas de discos que acariciam e instigam os ouvidos, sempre operando naquela faixa da percepção sensorial de que a música exprime o inefável. É a natureza humana, uai, uai. E feliz aquele que pode sentar e ouvir música como um rei. Hoje isso não é para qualquer um. Boas festas!

A vida tem sempre razão – Vinicius de Moraes (CD) – No ano em que o poetinha virou centenário, não poderia faltar a dose necessária de Vinicius de Moraes nas nossas vidas.

Que tal essa coletânea diversificada dos clássicos assinados por Vinicius com gravações atuais? Só o Samba em prelúdio, com Miucha acompanhada da voz incrível de Renato Braz, já valeria a aquisição. Tem Zeca Pagodinho se apropriando de Chega de saudade; Fagner conduzindo Chora coração; Eu sei que vou te amar, com Ana Carolina; Canto triste, com Edu Lobo; Canto de Ossanha, com Seu Jorge; A felicidade, com Joyce e Roberta Sá; enfim, só biscoito champanhe fino, molhado no whisky. Saravá muito bem vindo.

Bebel Gilberto – In Rio (DVD) – O único DVD desta lista (ainda bem que) chega repleto de bossa nova.

Bebel é filha de Miucha e João Gilberto e sobrinha de Chico Buarque. Com uma parentada assim, a boa música está no sangue. Pois este é um DVD diferente.

Foi gravado ao vivo na Praia do Arpoador. Pouca gente ao redor do palco, o som do mar batendo nas pedras parece ter sido cuidadosamente removido e dá até para sentir aquela brisa do fim de tarde no Rio. Quanto à música, é a maravilhosa bossa pop que tanto agrada a gringos e brasileiros que não se incomodam em ouvir uma artista nativa cantando em inglês.

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Vanessa da Mata canta Tom Jobim (CD) – Vanessa da Mata parece ter dado o passo correto ao mergulhar na obra de Antonio Carlos Jobim. Aos standards bossanovistas do grande maestro a cantora acrescentou aquele frescor pop, numa prova de que a música de Tom não se prende ao esquadro tradicional. Assim, com esse disco, temos garantida a sagrada dose de Tom Jobim para suportar os dias sem poesia a que somos submetidos.

Viver sem poesia embrutece homens, mulheres e crianças. Acordai!

The Beatles on air – Live at the BBC – Volume 2 (CD duplo) – Com os Beatles não tem tempo ruim.

A música atemporal dos Fab Four só vai desaparecer no dia em que o planeta for destruído. Enquanto isso, regozijo geral com o segundo volume que registra a passagem de John, Paul, George e Ringo pelos estúdios de rádio da BBC, em Londres. O primeiro registro saiu em 1994. As gravações são em mono e mostram o talento dos rapazes, executando ao vivo repertório dos primeiros anos de carreira. Para os interessados em arqueologia Beatle, alegria total.

Eric Clapton – Old sock (CD) – Mais rock tradicional, com o guitarrista inglês em seu 21º disco de estúdio.

Aqui ele revisita coisas antigas, tipo All of me (com o auxílio de Paul McCartney); Goodnight Irene (Ledbetter); Our love is here to stay (George & Ira Gershwin); e Still got the blues (Gary Moore), acompanhado do chapa Stevie Winwood. Quer saber?

Parece um disco feito nos anos 1970.

Tem até a derradeira gravação feita por J.J. Cale, a canção de sua autoria, Angel. Clapton tem domínio total sobre a arte musical e sabe entreter o ouvinte.

Paul McCartney – New (CD) – Macca passou por aqui, em maio (na verdade, em Goiânia), e deixou em estado de graça os fãs de todas as idades do mais romântico dos quatro Beatles. 2013 registra o lançamento de seu 16º álbum de estúdio, contendo de tudo um pouco do que Paul McCartney já nos ofereceu. Dessa vez ele aparece rodeado de produtores tarimbados no som contemporâneo. O som, por vezes lembra o indie rock, mas tem aquele inegável toque Beatle – afinal, o homem era um dos esteios da banda.

Hugh Laurie – Didn’t it rain (CD) – Este é um aperitivo, pois o ator/ músico britânico, estrela do seriado House, vai estar entre nós em março de 2014. É verdade, Hugh Laurie vai tocar em Brasília. Em sua segunda incursão musical, o Dr. Gregory House volta encharcado de coisas tradicionais, incluindo toques de blues, jazz, rhythm’n’blues e tango, coisa que ele ouviu quando excursionou pela Argentina.

Interessante, Hugh Laurie parece seguir a mesma trilha de Tom Waits, mas deixa de lado a transpiração etílica deste.

Black Sabbath – 13 (CD) – Os caras do Black Sabbath tomaram um biotônico, coisa assim, porque 13 é uma paulada impressionante. O disco é o primeiro com Ozzy Osbourne nos vocais desde Never say die! (1978).

Incrível a quantidade de riffs que Tony Iommi dispara de sua guitarra. Mais incríveis são o peso e a qualidade dos rocks pesados. Volta e meia entra um violãozinho, truque que deleitava os fãs 40 anos atrás e que continua encantando os de hoje. Dessa vez, a voz de Ozzy não causa enjoo.

Daft Punk – Random access memories (CD) – A dupla francesa Guy-Manuel de Homem-Christo e Thomas Bangalter é responsável por um dos melhores lançamentos do ano. Random access memories é um disco feito por amantes de música para amantes de música. Na verdade, o Daft Punk expande o conceito de música eletrônica, pois o toque orgânico aqui faz toda a diferença. Músicos de verdade (com “M” maiúsculo) ajudam a tornar o disco uma joia rara, como é o caso do guitarrista Nile Rogers, do cantor Pharrell Williams, do sumidaço compositor Paul Williams e do baterista Omar Hakim, estrela do jazz fusion. Os caras transformaram um depoimento de Giorgio Moroder em uma faixa incrível. Get lucky é a canção do ano. Em uma palavra: sensacional.

Fotos: Divulgação

The Piano Guys (CD/DVD) – Ah, os fenômenos da internet. Consta que os vídeos da dupla norte-americana The Piano Guys (o pianista Jon Schmidt e o violoncelista Steven Sharp Nelson) arrebentam no YouTube. A música, basicamente clássica, é lindamente executada, e os vídeos cuidadosamente produzidos. Impressiona o piano de cauda em locações, como à beira de um precipício. Apesar de ter sido lançado em 2012, a edição CD/DVD apareceu recentemente. Sucesso tanto na sala de espera do dentista quanto no sofá de casa.

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auladeastronomia Quando, há 16 anos, o Planetário de Brasília foi fechado, a gente ainda aprendia na escola que Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano, Netuno e Plutão eram os nove planetas do nosso sistema solar. Só que, de lá pra cá, muita água rolou debaixo da ponte e Plutão, coitado, foi rebaixado a planeta anão pela União Astronômica Internacional, sete anos atrás. Nossos conhecimentos de astronomia poderão finalmente passar por uma reciclagem com a reinauguração, no último dia 11, do Planetário de Brasília, devidamente reformado ao custo de R$ 13 milhões. O antigo equipamento de projeção, o SpaceMaster, foi restaurado e ganhou a companhia do ultramoderno Power Dome VIII, que só tem dois modelos iguais em funcionamento, ambos na Alemanha.

Ele permite projeções com efeitos tridimensionais que dão mais realismo às exibições de planetas, satélites e congêneres. Agora, a nova sala de projeção tem poltronas para acomodar 82 pessoas, sendo duas para obesos, e ainda dois espaços para cadeirantes.

Funciona de terça-feira a domingo, com sessões para o público e agendadas para escolas. Durante a semana, abre às 8h e fecha às 20h, com duas sessões pela manhã, duas à tarde e uma à noite. Nos finais de semana, funciona das 13 às 17h, com apresentações às 14h, 15h15 e 16h30. O ingresso é um quilo de alimento não-perecível por pessoa a cada sessão.

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Esta é para fechar com chave de ouro as comemorações do centenário de nascimento do poeta Vinicius de Morais. O palco do CCBB apresenta, somente até domingo, 22, dois espetáculos: o musical infantil Menininha e o inédito O filho que eu quero ter. Idealizados pela JLM Produções Artísticas, foram baseadas na produção do poetinha para crianças de todas as idades e misturam diferentes linguagens artísticas: música cantada e instrumental, performance, teatro de títeres e audiovisual. Os musicais propõem fazer não só as crianças como toda a família viajarem ao som de canções dos discos Arca de Noé 1 e Arca de Noé 2, de Vinícius de Moraes. A turnê de Menininha passou por mais de 80 cidades e foi vista por 100.000 espectadores, inclusive em Lisboa.

Em 2014, a peça será encenada em Nova York, juntamente com o novo O filho que eu quero ter. Com roteiro de Laura Castro e João Cícero e direção deste último, Menininha está sendo exibida aos sábados, às 14 e às 16h, enquanto O filho que eu quero ter está em cartaz aos domingos, às 14h e 16h, ambas com ingressos a R$ 10 e R$ 5.

Formas pontiagudas, como cacos de vidro colorido gigantes, que invadem teto e o vão da marquise da Funarte, como se a tivessem perfurado numa chuva insólita desses objetos.

Assim a artista plástica Cecília Bona explica a instalação de sua autoria, em exposição até 5 de janeiro. O trabalho dialoga diretamente com a recente pesquisa artística de Cecília, que investiga a luz e a percepção desse fenômeno dentro do campo das artes visuais. Contemplada com o Prêmio Funarte de Arte Contemporânea 2013, a instalação Sem título (Cacos) tem visitação gratuita. Designer de produto por formação, ela passou a lidar com as necessidades do mercado, onde eram raras as oportunidades de criar livremente e inovar como nas artes visuais. Montou um ateliê, onde gostava de produzir luminárias. Foi daí que surgiu seu interesse pela pesquisa sobre a luz nas artes visuais.

“Na instalação Cacos tenho a necessidade de colocar em prática o que estudo, dentro de possibilidades de escala com as quais ainda não havia trabalhado, com a luz do sol aliada ao desenho da marquise e ao uso de um material que respondesse a essa iluminação,”explica a artista. De segunda-feira a domingo, das 9 às 21h.

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Irene Nóbrega

oegitoéaqui Mais de 140 peças, entre originais e réplicas, da cultura egípcia estão em exposição no ParkShopping até 9 de fevereiro. São esculturas, joias, ferramentas, vasilhas, pinturas sobre papiros, entre outros objetos que retratam a riqueza dessa civilização formada a partir do ano 4.000 a.C. e que permanece estável por 35 séculos. A vida cotidiana, construções, guerras, navegação, dinastias, deuses, além de detalhes da vida do famoso faraó Tutankhamón e Morte (sarcófagos). “Os grandes destaques da exposição são os deuses Anúbis (deus da morte, da mumificação), Hórus (deus dos céus), Amon e Thotque, que chegam a medir até 2,5 metros, além da esfinge e dos sarcófagos” ressalta a gerente de marketing do ParkShopping, Natália Vaz. Outro destaque da mostra é o papiro, que serviu como matéria-prima para vários fins, além do registro de textos.

O vegetal também foi usado na fabricação de pequenas embarcações, cestos e redes.

Feito do caule de uma planta típica das margens do Rio Nilo, o papiro era produzido com a a utlização de técnica artesanal desenvolvida há cerca de oito mil anos. De segunda a sábado, das 10 às 22h, e aos domingos, das 11 às 22h, com entrada franca.

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Mary Leal/Agência Brasília

dia & noite

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direitoshumanos Já vista por mais de 14 milhões de pessoas em 90 países, 500 mil só na América Latina, a exposição itinerante Brasil e Holanda, paz e justiça – Refletindo sobre o passado, construindo um futuro melhor estará no Museu da República até 5 de janeiro. Organizada pela Embaixada dos Países Baixos, tem como destaque a vida de uma das mais notórias vítimas do Holocausto, Anne Frank, que narrou em seu diário os dramas e acometimentos pessoais e de sua família de origem judaica durante a Segunda Guerra Mundial. Nela é possível assistir desde a trajetória de Maurício de Nassau e sua influência no Brasil do Século XVII, passando pelo holocausto na Europa, e, por último, uma “viagem” à cidade de Haia, na Holanda, que abriga os tribunais internacionais de justiça responsáveis pela preservação dos direitos humanos e o respeito aos acordos internacionais. “Baseando-nos na história de Anne Frank, pedimos atenção para as dramáticas consequências da intolerância. Traço comum nos três temas da exposição é a importância da paz, tolerância e um bom quadro jurídico em torno desses conceitos”, ressalta o embaixador dos Países Baixos no Brasil, Kees Rade.

De terça a domingo, das 9 às 18h30, com entrada franca.

humorargentino Ele estudou publicidade, mas não se dedicou a ela. Sua paixão, desde a infância, são as histórias em quadrinhos. O cartunista Liniers conseguiu realizar seu sonho de menino e hoje publica suas tiras no jornal argentino La Nación e em outras publicações de vários países. Seu forte é retratar situações cômicas de diversos personagens que transmitem reflexões profundas sobre o cotidiano. Até 2 de março, o trabalho de Liniers pode ser apreciado na mostra Macanudismo, em cartaz no Museu Nacional dos Correios. O título faz referência à palavra espanhola macanudo, que significa extraordinário, excelente, estupendo, magnífico. É um retrato da realidade com fantasia, diversão e melancolia. Liniers promove, com suas obras, uma visão absurda e bem humorada da vida. De terça a sexta-feira, das 10 às 19h, e sábados, domingos e feriados, das 12 às 18h, com entrada franca.

Informações: 3213.5076.

novadança Quais são os limites entre a dança e o teatro? A resposta será dada durante a 16ª edição do Festival Internacional da Novadança, que acontece em diversos palcos da cidade até este domingo, dia 22.

Criado por Giovane Aguiar em 1996, é um projeto de comunicação e intercâmbio, formação de opinião e de aperfeiçoamento para dançarinos, coreógrafos, diretores e profissionais de dança. Nesta edição, o festival traz espetáculos que refletem os limites entre a dança e o teatro, uma vez que há cerca de dez anos os artistas da dança contemporânea e da nova dança têm buscado desenvolver uma dramaturgia para sua arte. Os espetáculos Mein liebster, de Luis Garay (Argentina/ Colômbia) e O diálogo das técnicas, de Eugênio Barba e Julia Varley (Dinamarca) são destaques no Festival, realizado pela USINA, em parceria com o Fundo de Arte e Cultura do GDF. Programação em www. bb.com.br/cultura Roberto Limeira

Ainda dá tempo de assistir ao espetáculo Redoma azul, idealizado por Edson Beserra, numa poética referência ao céu e ao horizonte de Brasília. O coreógrafo e bailarino teve como pontos de partida um olhar sobre a capital e suas ilusões de ótica. “Para mim, é sempre curioso percorrer os eixos que orientam a cidade e perceber como o perto se torna longe, ou mesmo constatar quantas curvas e voltas são necessárias para se chegar ao outro lado da rua numa quadra comercial”, explica. O processo criativo para construção do espetáculo foi conduzido pelo silêncio e pelos espaços que surgem na cidade, em função do seu plano piloto e de sua arquitetura singulares, elementos que trouxeram leveza e amplitude aos movimentos dos bailarinos.

Dias 20 e 21, no Espaço Pé Direito (Vila Telebrasília), às 21h. Entrada franca.

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dia & noite

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coletivadefotografia O meio ambiente foi o ponto de partida nos trabalhos de 20 grupos europeus e latino-americanos, os coletivos de fotografia, que são uma tendência contemporânea forte no panorama internacional.

Os trabalhos surgidos desse movimento podem ser vistos na mostra ECO – Coletivas Fotográficas Latino-americanas & Europeias em cartaz no Instituto Cervantes (707/907 Sul), até 15 de janeiro.

Entre os principais representantes estão Garapa (Brasil), Nophoto (Espanha), Pandora (Espanha) e Supay (Peru). Cada coletivo de fotografia trabalhou seu projeto com o curador espanhol Claudi Carreras, escolhendo os temas, localizações, buscando mostrar os problemas ambientais do mundo atual. A mostra já esteve em Madri, Soria, Washington, Chicago, Albuquerque, Miami, São Paulo e Rio de Janeiro. De segunda a sexta, das 11 às 21h. Sábados, das 9 às 14h. Entrada franca.

cursodefotografia Começa no dia 7, no Espaço f508 de fotografia, um curso ideal para quem está de férias e quer aprender a captar imagens de maneira mais profissional. Ministrado pelo professor Humberto Lemos, é composto por aulas expositivas e exercícios práticos e tem como objetivo assegurar um amplo espectro na formação da cultura fotográfica dos alunos. Com carga horária de doze horas, distribuídas ao longo de duas semanas, o curso tem como temas, entre outros, o surgimento da fotografia, diferenças e semelhanças da fotografias analógica e digital e conceitos básicos de composição.

As aulas serão às terças e quintas-feiras, das 19 às 21h, e nos sábados de manhã.

O curso custa R$ 420. Mais informações: http://f508.com.br/curso-basico-ferias-noite/

“Esta ciranda quem me deu foi Lia, que mora na Ilha de Itamaracá”. Esse verso conhecido da música de Gilberto Gil homenageia a cirandeira Lia, em exposição que reúne objetos pessoais, fotos e vídeos da artista. Registros em suportes diversos remetem à Ilha de Itamaracá e apresentam a cultura, os saberes e as pessoas responsáveis por salvaguardar a manifestação popular da ciranda. Na mostra, Lia não será apenas revisitada, mas sua produção é exposta ao diálogo com expressões da arte contemporânea pernambucana. Até 2 de fevereiro, com entrada franca.

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Graça Seligmann

quebonecaéessa?

Elas foram feitas com muito capricho, a partir de retalhos, restos de chita e de renda, por senhoras com idades entre 45 e 90 anos que aprenderam a técnica com suas mães e avós. E as artesãs ainda conseguem complementar o orçamento da família com a venda das belas bonecas coloridas. Um registro desse trabalho acaba de ser realizado pela pesquisadora Macao Goes e pela fotógrafa Graça Seligman e virou livro editado pelo Instituto Terceiro Setor. Intitulado Que boneca é essa – corte e recorte de mestras brasileiras, teve lançamento dia 17, no Museu da República. Ao longo de dois anos, as autoras percorreram o interior dos Estados de Goiás, Pernambuco, Paraíba, Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte, realizando 79 entrevistas com as bonequeiras. À venda na livraria Dom Quixote (CCBB) por R$ 36.

Ministério da Cultura apresenta Banco do Brasil apresenta e patrocina

Parmigianino [Girolamo Francesco Maria Mazzola, dito] Sposalizio di Santa Caterina, século XVI

“ As obras falam por si.

bb.com.br/cultura @ccbb_df /ccbb.brasilia

SAC 0800 729 0722 • Ouvidoria BB 0800 729 5678 Deficiente Auditivo ou de Fala 0800 729 0088

Ministério da Cultura

” !

CCBB Brasília Somente até 05.01.2014 Entrada franca

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Simone Portellada

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O ano de João Donato Às vésperas de completar 80 anos, ele será o homenageado do Clube do Choro em 2014 Por Súsan Faria

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oão Donato, ainda no auge aos 80 anos, que completa em 17 de agosto do próximo ano, continua em alta no Brasil e no exterior, fazendo shows e encantando fãs. Nada mais justo que seja também, em 2014, o homenageado do Clube do Choro de Brasília. Em todos os shows do ano que vem, ele será lembrado por suas composições, seu estilo despojado e seu talento artístico. Este ano, o homenageado foi Baden Powell. Nos anos anteriores, Chico Buarque, Valdir Azevedo, Chiquinha Gonzaga e Ernesto Nazaré. “É um músico que merece todo nosso apreço. Nossos convidados vão mostrar visões particulares que têm do João”, explica o presidente do Clube do Choro, Henrique Lima Santos Filho, o Reco do Bandolim. Segundo ele, o compositor acreano é tão querido de todos que até Tom Jobim mantinha um retrato de João Donato em cima do piano. “E quando o Tom não podia se apresentar, indicava logo o João”, lembra Reco. Pianista, acordeonista, arranjador, cantor e compositor brasileiro, João Donato de Oliveira Neto nasceu na capital do Acre, Rio Branco, e hoje vive no Rio de Janeiro. Um dos pioneiros da Bossa Nova, morou durante 13 anos nos Estados Unidos e fez turnês pela Europa e várias partes do mundo.

Em sua nova sede, bem mais ampla e aconchegante, o Clube do Choro tem funcionado quase sempre com casa lotada, com seus 400 lugares ocupados por um público apreciador de boa música e comidinhas apetitosas, como os pães de queijo com alho, o caldo verde e os pasteizinhos. Em 2014, deve trazer músicos como Gilson Peranzzetta, Yamandú Costa, Armandinho Macedo, Renato Borghetti, Marco Pereira, Maria Tereza Madeira e Joatan Nascimento, além do Trio Madeira Brasil, do Rio de Janeiro, para cantarem e homenagearem o pianista autor de Nasci para bailar, Bananeira, Emoriô e Brisa do Mar, dentre mais de 100 composições famosas que exaltam a natureza e a vida.

As apresentações do projeto Tributo a João Donato vão acontecer de março a dezembro, sempre às quartas, quintas e sextas-feiras. “Estamos na fase de acerto dos patrocínios. Todo ano é sempre a mesma coisa, um périplo cansativo”, afirma Reco.

O projeto Prata da casa continuará abrindo espaço para músicos de Brasília, às terças e sábados. Os shows começam às 21 horas, com ingressos a R$ 20 e R$ 10.

Alunos da Escola de Choro Raphael Rabello são a última atração deste ano, apresentando-se até o dia 20. São cerca de 50 grupos, cada um com quatro ou cinco alunos da escola, a primeira do gê-

nero no país, fundada em 1998, e que faz parte do Espaço Cultural do Choro.

Com pedagogia própria e original, a escola tem hoje mais de mil músicos matriculados nos cursos de bandolim, cavaquinho, pandeiro, violão de seis e sete cordas, flauta, saxofone, violino, percussão, gaita e viola caipira. Ali se formaram grupos profissionais como o Choro de Calango, Sorrindo à Toa, Comendo Água, Choro Moleque, Choro Lá de Casa, Quarteto de Clarinetas, Os Bandoleiros e Os Cavacadas, que costumam se apresentar em Brasília, Goiânia e no Rio de Janeiro, principalmente.

Para ingressar na Escola de Choro é necessário matricular-se ou participar, em fevereiro ou julho, de sorteios de alguns cursos, que oferecem formação teórica e prática em classes coletivas, durante quatro aulas por semana, com duração de 50 minutos cada. Os alunos participam das “rodas de choro”, no primeiros sábado de cada mês, de shows musicais e workshops. O trabalho pioneiro da escola, hoje com 21 professores, tem efeito multiplicador, servindo como referência para iniciativas semelhantes dentro e fora do país.

Clube do Choro de Brasília

Setor de Divulgação Cultural – Bloco G (entre a Torre de TV e o Centro de Convenções Ulysses Guimarães (3224.0599).

Como começou Quando da transferência da capital do país para Brasília, muitos funcionários públicos para cá vieram, entre eles alguns chorões como o citarista Avena de Castro, o flautista Bide, o percussionista Pernambuco do Pandeiro, o saxofonista Nilo Costa, o trombonista Tio João e o violonista Hamilton Costa, que se juntaram à pianista Neusa França, à flautista Odette Ernest Dias, ao percussionista Valci e ao cavaquinista Francisco Assis Carvalho para criar o embrião do Clube do Choro. No começo, as reuniões eram nas casas dos chorões; depois, na década de 70, eles começaram a se apresentar em espaços públicos. O então governador Elmo Serejo Farias assistiu a um desses shows e, empolgado com o que viu e ouviu, cedeu um antigo vestiário do Centro de Convenções para as reuniões dos músicos. Em 9 de setembro de 1977 foi fundado o Clube do Choro, que viveria, mais adiante, uma fase de decadência e abandono. Ficou fechado durante anos, de 1983 a 1993, quando Reco do Bandolim assumiu a presidência. Hoje, com mais de 2.000 m² de área construída, o Espaço Cultural do Choro, projeto doado pelo arquiteto Oscar Niemeyer e executado pelo Governo do Distrito Federal, é referência de música na capital.

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Graves & Agudos Fotos: Divulgação

Maratona musical Por Súsan Faria

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ais de 80 apresentações, classes musicais com 90 professores do Brasil e do exterior, exibição de documentários e da ópera La Traviata. Quem gosta de música erudita, popular ou antiga, e vai ficar em Brasília de 14 a 25 de janeiro, terá excelentes programas durante o 36º Curso Internacional de Verão da Escola de Música de Brasília. Melhor ainda: tudo de graça, em ambiente descontraído, para aprender ou apenas se deleitar.

Os concertos serão realizados nos auditórios do Teatro da EMB, na Escola de Administração Fazendária (ESAF) e nas salas do Teatro Nacional, com entrada franca. Serão apresentados por professores e alguns alunos. A montagem de La Traviata, de Giusepe Verdi, está sendo negociada com uma professora de nível internacional, que aproveitará o pessoal do canto erudito da EMB para interpretar a ópera baseada no romance A dama das camélias, de Alexandre Dumas. Na noite de abertura serão comemorados os 50 anos da EMB e homenageados o Madrigal de Brasília e o maestro Levino de Alcântara, fundador da escola, hoje com 91 anos.

O Curso Internacional de Verão é realizado sempre em janeiro e atrai alunos e professores de várias partes do Brasil e do exterior, que aprendem música, formam parcerias, apreciam os concertos e se confraternizam. “É um evento que traz grandes ganhos, trocas de experiências e de metodologias”, explica Kátia Valéria Martins de Carvalho, assessora da Coordenação de Educação Profissional da Secretaria de Educação do DF e coordenadora do curso, lembrando que os participantes não são amadores. Até 1985, apenas a música erudita era enfocada, mas a partir daí a música popular entrou no curso. O musical apresentado este ano foi a Ópera do malandro, de Chico Buarque, sob a direção da professora Simone Pompeu, de Cuiabá.

Segundo o diretor da EMB, Ataíde de Mattos, a expectativa é de que esse 36º curso supere os anteriores, aprimorando vários pontos, entre eles o investimento na formação de professores de música com diferentes metodologias de ensino. Na gestão do atual Governo do Distrito Federal, os participantes têm hospedagem, alimentação e transporte gratuitos. “Teremos música erudita, com formação de sinfônicas e coros; música antiga com alaúde, cravo, flauta

doce e viola da gamba; e música popular, choro e canto popular, usando trombone e violino, por exemplo”, explica. A formação teórica inclui aulas de harmonia, arranjos e formação em instrumentos de cordas e sopros.

Alunos estrangeiros, de outras regiões do Brasil ou até mesmo do Distrito Federal – nesse caso, apenas os que tenham dificuldade de deslocamento – poderão se alojar nas dependências da ESAF, no Lago Sul. Está prevista a inscrição de pelo menos mil alunos, que serão atendidos por 30 professores estrangeiros, dez do Distrito Federal, 40 vindos de vários Estados e dez correpetidores (pianistas que acompanham os concertos).

Um pouco de história O sonho de criar uma escola em que músicos e professores pudessem difundir a educação musical começou na década de 1960, com a montagem de um coral para animar os trabalhadores de terraplenagem que construíam Brasília. Uma importante contribuição foi dada por um comandante da polícia de Minas Gerais apaixonado por música – seus filhos se chamavam Wagner e Beethoven – que contratou músicos da Europa, principalmente da Tchecoslováquia, para dar aulas

aos policiais em Belo Horizonte. “Foi uma coisa espetacular. Muitos alunos se prepararam e ganharam o mundo. Eu trouxe um desses grupos de Belo Horizonte para cá”, conta o maestro Levino de Alcântara, fundador da EMB. Levino colocou em cada colégio de Brasília um piano e dois professores.

“Reunia-me com eles toda quarta-feira, à tarde, discutia projetos e planos das escolas. Todo colégio tinha um coral e toda cidade-satélite uma banda de música.

Chegou a um ponto em que era preciso ter alguma coisa para aproveitar esses meninos e ampliar esse núcleo”, explica o maestro. Em 1963 nasce o projeto da EMB. “Pensei numa estrutura de ferro, no meio uma concha acústica e um teatro”. Levino procurou e achou dois terrenos da Novacap na Asa Sul, comprou várias mudas de pitangeiras e mandou cercar a área e colocar a placa da escola. “Eu invadi mesmo, mas não era para mim. O então prefeito do DF queria a escola, mas nos moldes das escolas públicas, e na Asa Norte”. O maestro o convenceu: “Precisa ser aqui, perto das embaixadas”.

Em 11 de março de 1974, a EMB ganhou sua sede definitiva na L-2 Sul. Outro fato que reforçou a criação da EMB foi o Centro de Estudos Musicais Villa-Lobos, fundado em 1962 pelo maestro Reginaldo Carvalho. O Madrigal de Brasília, que se projetou com inúmeros concertos em escolas da rede pública do DF, também desempenhou importante papel na campanha pela criação da EMB. “A música é uma atividade formativa, desperta sensibilidade, melhora a coordenação motora, a sociabilidade, a formação do caráter, das obrigações, a visão de cores”, afirma o maestro.

Hoje, o Centro de Educação Profissional da EMB é ligado à Secretaria de Educação e oferece cerca de 100 cursos, a maioria de formação inicial e continuada, para alunos de diferentes faixas etárias. Os cursos são gratuitos e o processo de admissão de novos alunos é regulamentado por edital aprovado pela Subsecretaria de Educação Básica da Secretaria de Educação, uma vez a cada semestre. Os candidatos pleiteiam vagas por sorteio ou por teste. As inscrições são feitas no site www.emb.se.df.gov.br.

Escola de Música de Brasília

602 Sul (3901.7688 / 3901.6589)

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Graves & Agudos

Viola cor de barro C

acai Nunes precisou andar muito até se sentir em casa. Não é bem licença poética, pois o violeiro “brasiliense” (nascido no Recife) inaugurou uma nova etapa da carreira ao deixar sua antiga morada no Cruzeiro e fixar residência na área rural de Sobradinho.

Nessa pequena chácara, quase isolada, ergueu aos poucos um lar-estúdio e um repertório revigorado.

A aventura da (auto)construção começou em 17 de agosto de 2011, quando o músico completava 32 anos. Para a obra, contactou um kalunga, o Diolino, de Monte Alegre de Goiás. Tudo em adobe e eucalipto. Paralelamente, as composições para um novo trabalho se aprumavam. “Foi tudo construído como eram as antigas casas dos vilarejos: em barro, sem tinta, a base de pedra, sem vigas de ferro. E o disco foi feito como os de antigamente: todo mundo tocando junto”, compara.

Cacai e os músicos amigos Vavá Afiouni (contrabaixo) e George Lacerda (percussão) gravaram Casa do chapéu na tora, praticamente ao vivo, entre 9 e 16 de março deste ano. A urgência parece contradizer a maturação lenta, mas é que o fruto, quando chega a hora, solta na mão. “Estava pronto, eu sabia exatamente onde queria chegar. Aí me dei um ultimato”, conta o violeiro. Depois veio o acabamento da rabeca, do cello e do acordeão, somando matizes.

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Os tambores merecem reflexão à parte. Casa do chapéu inova ao agregar o ponteio da viola com a força rítmica do candomblé, sob os auspícios do ogã Elton (agogô, rum e rumpi). A batida veio muito naturalmente, pois Cacai, filho de Oxóssi, frequenta uma casa de orixás há 13 anos. “Tenho essa musicalidade afrobrasileira já dentro de mim, tanto que, no primeiro disco (O avesso, 2006), gravei um ponto de umbanda. Mas o candomblé é diferente, é polirrítmico, tem uma coisa de mantra”, diz.

Além disso, a natureza fez sua parte e forneceu matéria de inspiração. “Teve a convivência com os animais do cerrado e o silêncio, muitas vezes angustiante, mas fundamental”. Em três ocasiões, um lobo guará cruzou o caminho do músico na estrada que dá acesso ao sítio. O resultado foi Lobo guarânia, composição em três partes, sofisticada e brejeira ao mesmo tempo. “Esse ar, afastado das perturbações da cidade, da canseira, do trânsito — tudo isso influiu e vem influindo em novas músicas. Consegui esse som vinculado à tradição da viola, com um cheiro de Brasil, de cerrado”, filosofa.

Das 11 faixas, duas não são de lavra própria. Perobeira-Maria vem do repertório de Roberto Corrêa, que tanto inspirou Cacai como violeiro e pesquisador.

“Por que o Roberto? Porque foi personagem fundamental na minha ida para a viola. Foi meu professor na Escola de Música de Brasília. E essa música ele me disse que tem tudo a ver com o lugar que escolhi pra morar. Foi a primeira dele como compositor de viola, feita sob um pé de peroba e em homenagem a uma família tradicional de Campina Verde, em Minas Gerais, chamada Maria”, revela.

A outra é Eleanor Rigby, dos Beatles.

“Essa foi para mostrar a universalidade do instrumento e da música, tanto estrangeira quanto brasileira”, garante. Mesmo sem querer, é um acerto de contas com o tempo em que Cacai era guitarrista da banda Há-Ono-Beko e o rock’n’roll comia solto. “Toco choro, música caipira, um pouco de forró. Tem, sim, uma intenção de juntar os elementos que fazem parte do meu caminho musical.” Muitas veredas depois, Cacai está de volta, com a algibeira cheia de novidades.

Casa do chapéu

Cacai Nunes. 11 faixas. Lançamento independente. À venda em www.cacainunes.com (R$ 20 + frete).

Fotos: Divulgação

Por Gustavo Torres

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A senha da passagem secreta Banda brasiliense Pierrot Lunar lança seu álbum de estreia em disco de vinil, formato inédito entre artistas da cidade há mais de 15 anos Por Pedro Brandt

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convite à imersão no universo da banda brasiliense Pierrot Lunar começa pela capa do recémlançado primeiro álbum do grupo, Passagem secreta. A imagem utilizada é uma pintura da artista plástica Clarice Gonçalves e mostra uma mulher adentrando ao mar. Uma cena noturna, como muitas das canções do quarteto. A capa é a senha.

Depois do mergulho, ou seja, com o disco na vitrola – sim, Passagem foi lançado como long play – descortinam-se 14 cenas que, individualmente, funcionam como pequenos esquetes, mas ouvidas como um todo formam um passeio, uma narrativa subjetiva com começo, meio e fim (e recomeço), a trilha de um longa nunca filmado – mas vivenciado por muitos outros pierrôs soltos no mundo, eles também foliões durante o dia, mas perambulando às sombras da melancolia ao cair do sol.

Ainda que seja, inequivocamente, uma banda de rock, muitas das inspirações primordiais do grupo, em especial do vocalista, guitarrista e letrista Gustavo T, vêm da música brasileira, principalmente do lado mais sombrio da MPB, como os sambas-canções de Cartola e Nelson Cavaquinho – aquilo que Jards Macalé costuma chamar de morbeza romântica. A peça erudita Pierrot lunaire, de Arnold Schoenberg, Gustavo só conhe-

ceu quando a banda já estava batizada.

“Pierrot tem uma certa teatralidade e me lembra aqueles carnavais antigos. Só depois fui conhecer Schoenberg, atonalismo, a Segunda Escola de Viena. Acho um nome ruim, que parece pretensioso, mas foi ficando”, comenta o vocalista.

A personalidade forte da banda dificulta traçar paralelos, identificar suas influências musicais. O jazz aparece nos detalhes, na maneira de executar acordes (e na presença de convidados tocando sax, trompete e clarinete). É possível também perceber algo do pós-punk de The Fall no jeito meio torto das canções, algumas intenções pouco usuais nos arranjos como as do Television e, claro, o passeio pela música brasileira via rock que remete aos paulistanos da banda Fellini.

As letras de Passagem secreta apresentam um eu-lírico muitas vezes errante, quase sempre solitário e desiludido, assombrado por pensamentos. Mas a luz do sol também dá as caras, esperançosa, em faixas como Alegrias inéditas.

Da fundação da banda, em 2001, até o lançamento do disco, em novembro passado, o Pierrot passou por longos hiatos, sem fazer shows ou dar notícias. Nesse meio tempo, o quarteto, formado ainda pelo baixista Mateus Baeta, pelo baterista Bruno Rocha e pelo guitarrista e tecladista Bruno Sres, foi arquitetando o que viria a ser Passagem secreta, disco que con-

tou com produção de Gustavo Bill. “O longo tempo de maturação foi fundamental. O processo de reaprendizagem das canções nos obrigou a olhar novamente para cada música. Reavaliamos tudo com um distanciamento que seria impossível na época em que elas foram criadas e arranjadas”, detalha Mateus Baeta.

Lançar o disco em vinil, conta Gustavo, era um sonho antigo. “Eu tenho uma ligação afetiva muito forte com discos de vinil. Eu realmente sonhei com nosso LP. Acordava e me dava conta de que ele não existia. Então tive que concretizar esse sonho”. Passagem secreta é o primeiro LP de um artista brasiliense em mais de 15 anos, desde os lançamentos de meados dos anos 1990 de bandas como Raimundos, Little Quail e Maskavo Roots. Depois disso e até 2013, as bandas de Brasília lançaram apenas compactos em vinil, nunca discos inteiros.

Passagem secreta termina com a canção Depois, música que aponta possíveis novos caminhos para o Pierrot Lunar. Sendo assim, que a banda não demore mais tanto tempo para brindar seus ouvintes com outras alegrias inéditas.

Passagem secreta

Estreia da banda Pierrot Lunar. 14 faixas.

Produzido por Gustavo Bill. Independente.

Preço: R$ 40 (à venda na loja Dom Pedro Discos, 412 Norte). Ouça em pierrotpassagem.bandcamp.com.

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Sobre beleza, loucura e morte Exposição do argentino Santiago Caruso propõe encontro de literatura e artes visuais Por Pedro Brandt

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a noite de estreia da exposição Na obscuridade aberta, em 27 de novembro, o ilustrador argentino Santiago Caruso, autor dos 37 trabalhos expostos nas galerias Piccola 1 e 2 da Caixa Cultural, se misturava, desapercebido, no meio de visitantes notavelmente curiosos – e embasbacados – entre suas aquarelas e acrílicas. As ilustrações de Caruso são fortes, impressionam pela técnica, pelo apuro na realização dos desenhos e pelas imagens que traços e cores materializam em tela e na mente do expectador.

Impressionam também, é claro, pela temática. Vinte e sete das ilustrações têm como inspiração o livro A condessa sangrenta (1971), obra da escritora argentina Alejandra Pizarnik, trabalho que, por sua vez, foi inspirado na vida de Erzsébet (Isabel) Bathory, nobre húngara que viveu entre 1560 e 1614 e se tornou famosa

por, entre outros feitos, torturar, matar e beber o sangue de moçoilas virgens em busca da beleza eterna.

As outras dez obras estão reunidas sob o título O eco de minhas mortes e fazem uma leitura poético-visual da obra de Alejandra Pizarnik. O resultado é não menos impactante do que as ilustrações inspiradas na condessa. Pizarnik (1936-1972) ficou conhecida em seu país natal como escritora “maldita”, não no sentido de malvista, ao contrário, é autora cultuada na Argentina, mas pela bibliografia povoada de sombras e angústias. “Sua obra combina, por um lado, a ‘breve frase poética perfeita’, como a chama César Aira e, por outro, uma enorme carga de subjetividade que repete imagens surrealistas, noturnas, escuras”, resumiu Luis María Kreckler, embaixador da Argentina no Brasil, em texto presente no catálogo da exposição.

A foto de divulgação que Santiago Caruso, 31 anos, costuma enviar para a

imprensa – cabeça raspada, cachecol no pescoço, olhar para o chão, tudo muito cinza – pode dar a impressão de que ele é um cara tão sombrio quanto seu trabalho. Tal impressão se desfez durante a noite de vernissage. Uma de suas missões na passagem relâmpago por Brasília era fazer uma visita guiada da exposição.

Mesmo hablando um espanhol um tanto difícil de acompanhar por quem não domina o idioma, conseguiu prender a atenção dos presentes na Caixa com uma simpatia descontraída. Mais tarde, distribuiu autógrafos e desenhos nos livros (editados por ele mesmo) que trouxe para vender. Entre uma assinatura e outra, conversou com a Roteiro sobre seu trabalho e a exposição, que segue em cartaz até 12 de janeiro (leia na próxima página).

Na obscuridade aberta

Até 12/1/2014, de 3ª feira a domingo, das 9 às 21h, nas galerias Piccola 1 e 2 da Caixa Cultural. Acesso livre. Classificação indicativa: 18 anos. Informações: 3206.9448.

Santiago Caruso (de costas) dá explicações sobre suas obras expostas na Caixa Cultural

Fotos: Janaína Miranda

Quais foram os desafios de adaptar A condessa sangrenta? É um texto difícil de traduzir em imagens, pelo perigo de cair no excesso de sangue ou em algo muito desagradável. Tentei afastar o sadismo explícito e concentrar-me no discurso metafórico sobre a beleza, o animal no homem, a loucura que envolve a busca pelo domínio da morte. Propus-me a construir um retrato da loucura, da melancolia e do poder absoluto. O eco

de minhas mortes abarca os arquétipos que estão nos vários livros de Alejandra: o dia asfixiante, os pássaros que incendeiam o ar, a gaiola, a infância trágica, a noite como o espaço e tempo mágico onde a escrita é plena.

Quem te influenciou artisticamente?

A culpa é do Edgar Alan Poe, por ter inserido o macabro na minha mente. Baudelaire me levou a Rambaud, Lautréamont e muitos outros escritores do decadentismo francês. A obra de Marcel Schwob é uma influência definitiva em minha forma de pensar uma imagem, um tema – o fantastique, como ele chamou. Me interessa estudar essa posição entre o romantismo gótico e o surrealismo, que foi o simbolismo. Meu conceito artístico também foi muito influenciado pelos simbolistas Redon, Kupka, Moreau, Klinger, Ensor e Vrubel.

Quais são seus próximos projetos?

Estou trabalhando em O rei amarelo, de

Retrato da condessa Erzsébet Bathory

Robert Chambers, para uma editora dos Estados Unidos. Em seguida, vem uma história em quadrinhos com Mike Mignola (criador de Hellboy) e projetos para uma editora argentina e uma brasileira. A agenda está carregada.

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Espaço latino-americano Casa Daros, no Rio de Janeiro, recebe coleção de instituição com sede na Suíça texto e fotos Akemi Nitahara

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m um belíssimo casarão de estilo neoclássico do Século XIX, no bairro de Botafogo, em um terreno de 12.000 m2, foi inaugurada este ano a Casa Daros, instituição dedicada à arte, educação e comunicação. O novo espaço cultural é vinculado à Daros Latinamerica, com sede em Zurique, na Suíça, que guarda cerca de 1.200 pinturas, fotografias, vídeos, esculturas e instalações de mais de cem artistas.

A história do casarão é tema de uma das exposições em cartaz, Projeto Educandaros, de Rosangela Rennó. O prédio foi construído em 1866, projeto de Francisco Joaquim Bethencourt, arquiteto responsável por outras pérolas oitocentistas da cidade, como o prédio hoje ocupado pelo Centro Cultural Banco do Brasil e o Real Gabinete Português de Leitura.

Na época, foi ocupado pela instituição Recolhimento das Órphãs e das Desvalidas de Santa Tereza, da Santa Casa de Misericórdia, criada em 1739. Em 1960, o prédio passou a ser um educandário e em 1977 foi parcialmente ocupado por

uma escola particular. A Daros Latinamerica comprou o imóvel em 2006 e o submeteu a uma meticulosa reforma, restaurando a construção neoclássica e adaptando o prédio tecnicamente para receber as coleções contemporâneas. Tudo sem ferir o tombamento pelo patrimônio histórico da cidade, concedido em 1987.

As exposições que chegam ao Rio de Janeiro vêm de um dos acervos mais abrangentes de arte contemporânea dessas bandas do planeta, criado a partir do ano 2000 pela mecenas suíça Ruth Schmidheiny e pelo curador e diretor artístico alemão Hans-Michael Herzog. Além da compra do imóvel por R$ 16 milhões, Ruth bancou toda a reforma, que custou R$ 67 milhões.

A Casa Daros é uma instituição sem fins lucrativos, com direção geral da brasileira Isabella Rosado Nunes e direção de arte e educação do cubano Eugenio Valdés Figueroa. Conta também com uma biblioteca especializada e espaços de documentação e leitura, além de oferecer oficinas, cursos, seminários, publicações e outras atividades. A biblioteca tem mais de 5 mil títulos de livros de arte, periódi-

cos e material educativo das exposições.

O acervo reúne a bibliografia existente sobre os 119 artistas da Coleção Daros Latinamerica, para incentivar a pesquisa sobre essa produção artística contemporânea. O programa Arte é Educação promove encontros para professores e alunos, sobretudo de escolas públicas, e para as famílias, nos fins de semana.

O trabalho da Casa Daros começou bem antes da inauguração. O próprio tapume era uma obra de arte: Inducción cromática a doble frecuencia, do franco-venezuelano Carlos Cruz-Diez. Também durante o restauro, a Escola de Fotógrafos Populares da Maré registrou as transformações do prédio, trabalho que durou seis anos, com oito fotógrafos contratados, e rendeu mais de dez mil imagens.

A Casa Daros foi inaugurada com a exposição Cantos cuentos colombianos, uma seleção de obras de dez artistas da Colômbia, que recebeu cerca de 55 mil visitantes entre março e setembro. Agora, o destaque são as obras cinéticas da exposição Le Parc-Lumière, do argentino Julio Le Parc, que se insubordina ao mercado da arte com a impossibilidade de

mo Nova York, Copenhague e Sydney.

Já a instalação Projeto Educandaros, da brasileira Rosangela Rennó, que pode ser vista até 14 de janeiro, remonta a história e a memória afetiva do casarão centenário que abriga a Casa Daros, resultado do programa de residência de pesquisa da instituição. Completam a segunda leva de exposições os desenhos Artoons, do mexicano Pablo Helguer, e Curto-circuito, do cubano Lázaro Saavedra, que podem ser vistos nos espaços de circulação interna e também externa até 9 de

materialização de seu trabalho, feito com jogos luminosos em movimento. As cerca de 30 obras são dos anos 1960 e fazem parte do acervo da instituição em Zurique, restauradas pelo artista para a grande sinfonia de luz no Rio de Janeiro.

Pioneiro na arte cinética, que explora efeitos visuais com ilusões de ótica, movimentos físicos ou truques, Le Parc nasceu em Mendoza e se radicou em Paris aos 30 anos. O trabalho exposto explora principalmente as alterações de luz, em ambientes completamente escuros, com jogos e efeitos instáveis obtidos a partir de oscilações e atenuações dos objetos que refletem um ou mais feixes luminosos. O resultado é surpreendente e até um pouco desorientador; o espectador fica entre a admiração e a tontura. Algumas obras são para contemplar; outras, para interagir. Em outras, ainda, a curiosidade leva a buscar entender o mecanismo por trás do efeito. O trabalho pode ser visto até o dia 23 de fevereiro. No Espaço Documentação estão abertas à visita também quatro maquetes de Le Parc que revelam alguns truques usados nas obras.

Até 9 de março estará exposta também a obra Matriz de voz, do mexicano Rafael Lozano-Hemmer. Trata-se do registro de uma mensagem gravada pelo espectador em um interfone que aciona uma sequência de luzes, “empurrando” para fora da obra a última gravação da fila, que é ouvida na sala. Criada em 2011, a Matriz de Voz já passou por cidades co-

março. A próxima exposição a ocupar a Casa Daros, a partir de 29 de março, será Paintant stories, do argentino radicado em Nova York Fabian Marcaccio.

Projeto Educandaros: memória afetiva do casarão centenário

Casa Daros

General Severiano, 159, Botafogo, Rio de Janeiro.

De 4ª feira a sábado, das 11 às 19h; domingos e feriados, das 11 às 18h.

Ingresso: R$ 12 para a exposição principal, com gratuidade às quartasfeiras. As demais exposições e atividades de arte e educação são gratuitas.

Mais informações: www.casadaros.net.

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Bruno Tetto

que espetáculo

Teatro e cinema Por Júlia Viegas

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alar do diálogo entre as linguagens artísticas é um clichê. Desde os clássicos balés do grande russo Diaghilev – que incorporavam trilha sonora de Stravinsky e cenografia de Picasso, por exemplo, ainda na década de 1910 – as fronteiras entre as artes têm sido transpostas com bastante frequência.

Mas talvez nenhuma outra obra teatral brasileira tenha se apoderado com tanta potência e tanta propriedade do cinema como Julia, espetáculo da diretora carioca Christiane Jatahy que fará curtíssima temporada em Brasília, de 10 a 12 de janeiro, no Pavilhão de Vidro do Centro Cultural Banco do Brasil.

Julia é o que se pode chamar de peçafilme. A montagem leva para a cena uma adaptação do clássico Senhorita Julia, do sueco August Strindberg, considerado um dos grandes textos da dramaturgia mundial. Escrita em 1888, a trama mostra o envolvimento amoroso entre uma jovem de família rica e um serviçal ambicioso. A ação foi transferida para o Brasil dos dias atuais, e mesmo o nome do personagem central masculino foi trocado

(de Jean para Jelson) para provocar maior aproximação. Em cena estão os atores Julia Bernat, Rodrigo dos Santos e David Pacheco, o cinegrafista.

No centro da história estão algumas questões que sempre intrigaram Strindberg – o conflito social, a disputa entre os sexos, pulsão erótica e realidade. Na encenação de Jatahy, a temática foi acrescida de outro componente: a invasão da intimidade. “Se Strindberg colocou uma lupa na relação de seres tão distintos, nós colocamos uma câmera”, diz a diretora. E é exatamente aí que está o grande diferencial da montagem: ela não só apresenta o cinema como pano de fundo de ações, mas o cinema faz a cena, muitas vezes revelando o que não se pode (ou não se deveria) ver a olho nu. Na peça estão sempre três pessoas no palco: os dois atores e o cameraman, que sobe e desce escadas, se desloca pelo espaço para captar os melhores ângulos e brindar o espectador com cenas de grande emoção. Aos poucos, o filme vai sendo construído diante do público. Um filme único, a cada dia.

O espetáculo tem conquistado críticos e plateias por onde passa. Depois de ficar com o Prêmio Shell de melhor dire-

ção em 2012, Christiane Jatahy levou a peça para diversos festivais e teatros na Europa. Circulou pela França, Bélgica, Áustria, Holanda, Alemanha e Espanha, e recebeu elogios rasgados, como o do jornal Le Libre, de Bruxelas: “Julia é teatro inovador com forte impacto cinematográfico. É preciso ver”, disse o jornalista.

Julia é resultado de uma pesquisa que a diretora vem desenvolvendo desde 1996. Christiane Jatahy sempre gostou de pesquisar novos territórios. Quem assistiu à sua montagem de A falta que nos move, apresentada em Brasília durante o festival Cena Contemporânea de 2006, sabe que a diretora prefere caminhar por espaços poucos convencionais. No espetáculo, os atores cozinhavam e bebiam diante da plateia, num jogo que incluía improvisos. Mas a diretora radicalizou ainda mais, transformando tudo num filme de 13 horas de duração, filmado em tempo real. Ela surpreende sempre.

Júlia

Direção: Christiane Jatahy. Com Julia Bernat, Rodrigo dos Santos e David Pacheco. De 10 a 12/1/2013 no Pavilhão de Vidro do CCBB. Sexta, às 21h; sábado, às 19 e às 21h; domingo, às 19h. Ingressos: R$ 10 e R$ 5. Classificação indicativa: 18 anos.

BALANÇO

2013

Fique por dentro de tudo que a sua Casa fez por você e pelo DF em 2013.

Sua Casa mais perto de você

Parceria com os legisladores da Ride

Câmara Legislativa se aproxima de outras instituições Com o objetivo de estabelecer um diálogo respeitoso e independente, com vista ao aperfeiçoamento do processo legislativo e maior interação com a sociedade, a Câmara Legislativa se aproximou de instituições como o Ministério Público, o Tribunal de Justiça, a OAB e o Tribunal de Contas, todos do Distrito Federal. Fruto dessa parceria e aproximação, a CLDF discutiu com o MPDF e o TJDF o tema da regularização de áreas de templos religiosos e de entidades sociais, aprovando recentemente a lei que permite ao GDF fazer a regularização. Também debateu com a OAB, no primeiro semestre, a questão do crack e da internação compulsória de dependentes químicos.

Câmara cria Procuradoria Especial da Mulher e Comissão Permanente para fiscalizar investimentos do governo

Dentre as atribuições da procuradoria está a de receber, examinar e encaminhar às autoridades competentes, denúncias de violência e discriminação contra a mulher e atuar na fiscalização de políticas públicas que visem a igualdade de gênero. A Comissão Permanente de Fiscalização, Governança, Transparência e Controle foi criada para aumentar a transparência na gestão pública. A nova comissão tem a função de avaliar a eficiência de projetos e programas de governo, acompanhar a execução dos planos, políticas públicas e programas dos órgãos ligados ao GDF e apreciar a compatibilidade da execução orçamentária com os planos governamentais, entre outras funções.

A Câmara sabe da importância e diferença de trabalhar integrada a lideranças locais e regionais, com objetivos e ações em comum. É por isso que promoveu o I Encontro dos Legisladores da Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal (RIDE). No Encontro, ocorrido na sede da Câmara Legislativa em junho, os 22 municípios que fazem parte do entorno mineiro e goiano do DF estiveram representados por seus vereadores. Assim, todos os legisladores puderam discutir projetos que visam a dinamização da economia, a melhoria da infraestrutura e o desenvolvimento social de toda a nossa região. Legisladores fortalecidos e ideais alinhados são o melhor passo para a realização do que é melhor para todos do DF e do Entorno. Integração é a solução.

Criação dos projetos Música na Câmara e Cidades e Memória

A CLDF lançou neste ano o Programa Portas Abertas, para que a população de Brasília tenha acesso às dependências da sua Casa de Leis, conheça onde os seus representantes trabalham e lutam pelos seus direitos e também para que possa ter acesso à cultura e lazer junto dos familiares.

Integram o programa dois projetos que tiveram destaque neste 43 ano: Música na Câmara e Cidades&Memória.

Saiba sobre essas e outras ações acessando www.cl.df.gov.br

Nossos estudantes trouxeram muito mais conteúdo na bagagem.

Programa Brasília Sem Fronteiras. É o GDF fazendo mais pela educação dos nossos jovens.

Lançado pelo GDF, o Programa Brasília Sem Fronteiras levou 126 estudantes, recém-formados, e 64 servidores públicos do DF, de 16 a 32 anos, para Europa e Estados Unidos, fornecendo bolsas de estudo com passagem, hospedagem e bolsa-auxílio para despesas pessoais. Lá eles realizaram cursos intensivos que vão acrescentar muito em seus currículos e trouxeram uma experiência única que vai ficar para sempre em suas vidas. Melhorar a sua vida é o nosso trabalho.

Saiba mais em: www.internacional.df.gov.br facebook/internacionalgdf

Fundação de Apoio à Pesquisa

Secretaria de Educação

Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação

Assessoria Internacional