TCC arqurbuvv Praça Sensorial - A Valorização dos Sentidos no Espaço Público

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ROVENA DE OLIVEIRA DAHER


UNIVERSIDADE DE VILA VELHA ARQUITETURA E URBANISMO

Rovena de Oliveira Daher

PRAÇA SENSORIAL A valorização dos sentidos no espaço público

Vila Velha 2013


ROVENA DE OLIVEIRA DAHER

PRAÇA SENSORIAL A valorização dos sentidos no espaço público

Monografia apresentada ao curso de Arquitetura e Urbanismo, da Universidade de Vila Velha, como requisito para a obtenção do título de Arquiteto e Urbanista. Orientadora: Profª Drª Simone Neiva Loures Gonçalves.

Vila Velha 2013


ROVENA DE OLIVEIRA DAHER

PRAÇA SENSORIAL – A VALORIZAÇÃO DOS SENTIDOS NO ESPAÇO PÚBLICO

Trabalho de conclusão de curso apresentado à Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Vila Velha, como requisito parcial para obtenção de Grau em Arquitetura e Urbanismo. Aprovado em __/__/2013. COMISSÃO EXAMINADORA

_____________________________________ Profª Drª Simone Neiva Loures Gonçalves Universidade Vila Velha Orientadora

_____________________________________ Profª. Virgínia Collistet de Araújo Universidade Vila Velha Coorientadora

_____________________________________ Susie Fonseca de Souza Convidado Externo


Dedico a eles, pai e mãe, que me ensinaram a ser quem eu sou, e me apoiaram pra chegar onde cheguei. Ao meu pai, que se foi a muito tempo, não tendo a oportunidade de ver essa realização das famílias Oliveira e Daher. Sei que está me olhando de onde estiver. Essa realização também é por você. Que Deus nos proteja. A minha mãe, por ter acreditado que eu poderia chegar lá, e por ter me incentivado de todas as formas possíveis. Te amo. Aos meus irmãos por acreditarem no meu sucesso. Amo vocês.


Agradecimentos Agradeço a conclusão deste trabalho primeiramente a Deus, que me deu forças pra continuar nas horas difíceis. Muito Obrigada! A minha mãe, que com muito esforço me proporcionou essa grande oportunidade. Dedico a ela cada minuto ganhado fazendo esse curso. Espero te devolver todo esforço com muito orgulho! Muito obrigada! Aos familiares, que me ajudaram e me desejaram palavras carinhosas. A todos que torceram por mim e ajudaram a mim e a minha mãe nessa caminhada. Um beijo em especial pra vovó Ionie, que sempre acreditou no meu sucesso. Que Deus a tenha. Muito obrigada! A minha orientadora Simone, que fez papel de mãe muitas vezes, me tranquilizando em momentos difíceis, e passando toda sua sabedoria com uma delicadeza incrível. Muito obrigada! A minha coorientadora Virgínia. A escolha por sua participação na banca aconteceu com a seguinte certeza; a confiança em seu julgamento como profissional e por amar a sua essência como pessoa. Muito obrigada! Aos amigos arquitetos que fiz para a vida: Camila Guerra Almeida; Jordana Bernabé Coelho; Gutemberg Júnior Silva Souza; Pedro Simão de Angeli Filho; Rhaiza Pantoja Dias e Vitor Fehelberg Pinto Braga. Obrigada Pelos inesquecíveis momentos ao lado de vocês, por toda amizade, amor e carinho. Mais um passo rumo ao Galpão. Muito obrigada! Ao futuro esposo, pai de meus filhos e eterno namorado, Samuel Brandão Barros, por todo amor dedicado e por toda paciência que me proporciona com tanto carinho. Obrigada por estar ao meu lado, sempre, de forma incessante. Muito obrigada! Ao melhor ambiente ao qual tive oportunidade de trabalhar e conviver. João Marcelo Moreira, valeu pela oportunidade e por toda paciência a cada vez que farelos apareciam... Fernanda, minha linda, obrigada por me aturar, pelas ajudas com o Revit e por aguentar minhas musicas "alternativas" todas as tardes. Camila, obrigada pela insistência que me proporcionou um ano de muitas alegrias. Muito obrigada!


Você me pergunta pela minha paixão Digo que estou encantada Com uma nova invenção Eu vou ficar nesta cidade Não vou voltar pro sertão Pois vejo vir vindo no vento O cheiro da nova estação E eu sei de tudo na ferida Viva do meu coração

Elis Regina


Resumo

A realidade na qual vivemos de uma sociedade cada vez mais conturbada, agitada e adensada, a procura por locais de "respiro" tem se tornado cada vez maior, e mais essencial à qualidade de vida. Esses espaços de "respiro" têm a função de proporcionar momentos prazerosos ao usuário, através de atividades relaxantes, contemplativas e em contato com a natureza. Por outro lado, os possíveis usuários tem se tornado cada vez mais impacientes, estressados e encontram-se diariamente enclausurados em seus escritórios e apartamentos. Esse fator se deve a qualidade do espaço público e da rotina que influência diretamente no comportamento de uma sociedade. Os bons espaços livres contribuem na reinserção da população na vida ao ar livre e na convivência em sociedade. Este trabalho propõe a implantação de uma praça para o município de Vitória no Espírito Santo, em uma região em que foi detectada a necessidade de uma área de "respiro" e convivência. A proposição busca proporcionar esse prazer diário através de uma praça com atrativos sensoriais. Tal praça teve como base para as decisões projetuais os conceitos encontrados nas obras de artistas plásticos e paisagistas, modernos e contemporâneos, tais como: Lygia Clark, Hélio Oiticica, Anish Kapoor, Roberto Burle Marx e Martha Schwartz. A intenção com essa proposição foi resgatar no espaço público os cinco sentidos presentes em qualquer ser humano, na certeza de que a vida na cidade pode ser mais rica. Palavras chave: qualidade de vida, espaços livres, praças, artistas e atrativos sensoriais.


Abstract

The reality in which we live in a society increasingly troubled, agitated and compacted , the demand for local " breather " has become increasingly larger and more essential to quality of life . These spaces " breathe " have the function of providing pleasant moments to the user, through activities relaxing , contemplative and in touch with nature . On the other hand, potential users has become increasingly impatient and are stressed daily enclosed in their offices and apartments. This factor is due to the quality of public space and the routine that directly influence the behavior of a society. Good open spaces contribute to the reintegration of the population in the outdoors and living in society. This paper proposes the implementation of a square for the city of VitĂłria, EspĂ­rito Santo, in a region in which we detected the need for an area to " breathe " and coexistence . The proposal seeks to provide this daily pleasure through a square with attractive sensory, This square has as basis for decisions projetuais the concepts found in the works of artists and landscapers, modern and contemporary , such as Lygia

Clark , HĂŠlio Oiticica , Anish Kapoor , Roberto Burle Marx and Martha

Schwartz . The intention with this proposition was to rescue the public space the five senses present in every human being , in the certainty that city life can be richer . Keywords : quality of life , open spaces , parks , artists and sensory appeal


Lista de Figuras Figura 1. Praça sob Pilotis. Fonte: HTTP.grandesarquitetos.blogspot.com.br2012_11_01_archive.html ............................................... 25 Figura 2. Modelo de Praça jardim. Praça Costa Pereira. Vitória Fonte: http://www.vitoria.es.gov.br/sedec.php?pagina=pracacostapereira .......................... 27 Figura 3. Modelo de Praça-Azul. Praça da Luz - Serra ES. Fonte: http://www.folhavitoria.com.br/geral/blogs/turismonaserra/tag/praca-da-luz/ ............ 28 Figura 4. Modelo de praça seca, Pelourinho, Salvador. Fonte: http://ultradownloads.com.br/papel-de-parede/Pelourinho-Salvador/ ........................ 28 Figura 5. Largo colonial com seus usos múltiplos. Fonte: Praças Brasileiras, p. 22, 2010. ......................................................................................................................... 29 Figura 6. Modelo de praça contemporânea. Centro Empresarial Itaú Conceição. Fonte: http://elkhouriarquitexturas.blogspot.com.br/ .................................................. 31 Figura 7. Foto aéreada Praça do Papa. Fonte:http://www.expotures.com.br/2013/local.html.......................................................................................... 39 Figura 8. Ilha do Papagaio. Fonte: Acervo Pessoal. ................................................. 39 Figura 9. Cais das Artes. Fonte: Acervo Pessoal. ..................................................... 40 Figura 10. Quadra utilizada como estacionamento de carros. Fonte: Acervo pessoal. .................................................................................................................................. 44 Figura 11. Foto retirada em dia de domingo no terreno utilizado como estacionamento. Fonte: Acervo pessoal. .................................................................. 44 Figura 12. Reta da Penha, cone visual para o Convento da Penha. Fonte: Acervo Pessoal. .................................................................................................................... 48 Figura 13. Avenida Leitão da Silva, cone visual para o morro do Mestre Alvaro. Fonte: Acervo Pessoal .............................................................................................. 48 Figura 14. Tribunal de Justiça. Fonte: Acervo pessoal .............................................. 51 Figura 15. Afloramento rochoso. Fonte: Acervo Pessoal. ......................................... 52 Figura 16. Praça do Cauê. Fonte: http://www.terracapixaba.com/2010/08/praca-docaue-vitoria.html ........................................................................................................ 54 Figura 17. Praça José Francisco Arruela Maio. Fonte: Acervo pessoal .................... 54 Figura 18. . Ponto de ônibus com aglomeração de pessoas. Fonte: Acervo pessoal. .................................................................................................................................. 56 Figura 19. Praça José Francisco Arruela Maio. Fonte: Acervo Pessoal .................... 57 Figura 20. Rua Abiail do Amaral Carneiro. Fonte: Acervo pessoal. .......................... 58 Figura 21. Curva da Jurema. Fonte: Acervo pessoal. ............................................... 60 Figura 22. Mirante na Ilha do Papagaio. Fonte: Acervo pessoal. .............................. 60 Figura 23. Assembléia legislativa. Fonte: Acervo pessoal. ....................................... 61 Figura 24. Jesus de Nazareth. Fonte: Acervo pessoal .............................................. 62 Figura 25. Morro da Praia do Suá. Fonte: Acervo pessoal ........................................ 62 Figura 26. Praça do pedágio. Fonte: Acervo pessoal ................................................ 65 Figura 27. Limite da baía de Vitória. Fonte: Acervo pessoal. .................................... 65 Figura 28. Monumento ao imigrante italiano. Fonte: Acervo pessoal ........................ 68


Figura 29. Shopping Vitória. Fonte: http://www.brshoppings.com.br/shoppings/265shopping-vitoria.html ................................................................................................. 68 Figura 30. Visual da Terceira Ponte. Fonte: Acervo pessoal .................................... 69 Figura 31. Edificio Global Tower. Fonte: Acervo pessoal .......................................... 69 Figura 32. Morro de Jesus de Nazareth. Fonte: Acervo pessoal............................... 70 Figura 34. Planos em Superfície Modulada. Série B n1, 1958. Fonte: http://www.concretosparalelos.com.br/?p=139 .......................................................... 74 Figura 35. Um dos Bichos de Lygia Clark. Fonte: http://entretenimento.uol.com.br/ultnot/afp/2010/03/17/obras-de-lygia-clark-e-heliooiticica-no-primeiro-leilao-de-obras-de-arte-dos-bric.jhtm ......................................... 75 Figura 36. Sequência de fotos do ‘caminhando’. Fonte: http://lespaced.blogspot.com.br/2012/12/caminhando-ode-ao-processo-lygiaclark.html. .................................................................................................................. 77 Figura 37. Exposição A casa é o corpo. Lygia Clark. Fonte: http://multissenso.blogspot.com.br/2009/11/lygia-clark-casa-e-o-corpo-labirinto.html .................................................................................................................................. 78 Figura 39. Parangolé. p. 9, Capa 15. Fonte: FAVARETTO (2000)............................ 81 Figura 40. Tropicália PN2 "A pureza é um mito" e PN3 "Imagético. Fonte: http://www.heliooiticica.org.br/obras/obras.php?idcategoria=4 ................................. 83 Figura 42. 'Leviatã' por AnishKapoor . Visão interna. Fonte: http://www.designboom.com/art/anish-kapoor-monumenta-2011-leviathan/ ............. 88 Figura 43. 'Leviatã' por AnishKapoor . Participantes no interior. Fonte: http://www.designboom.com/art/anish-kapoor-monumenta-2011-leviathan/ ............. 88 Figura 44. - 'Leviatã' por AnishKapoor . Visto por fora. Fonte: http://www.designboom.com/art/anish-kapoor-monumenta-2011-leviathan/ ............. 89 Figura 45. 'Leviatã' por AnishKapoor . Escala. Fonte: http://www.designboom.com/art/anish-kapoor-monumenta-2011-leviathan/ ............. 89 Figura46. Untitled - Fonte: ww.alchemy-of-art.com/blog/2011/01/anish-kapoor-as-yetuntitled-echo-narcissus-at-the-met.html .................................................................... 90 Figura 47. Sky Mirror – Red. Fonte: http://www.serpentinegallery.org/2010/09/anish_kapoorturning_the_world_2.html ... 91 Figura 48. Speyer. Fonte: http://www.serpentinegallery.org/2010/09/anish_kapoorturning_the_world_2.html. .. 92 Figura 49. C-Curve. Fonte: http://photo.jkscatena.com/2010/10/26/anish-kapoorkensington-gardens-c-curve-2/ .................................................................................. 92 Figura 50. Sky Mirror. Fonte: http://www.serpentinegallery.org/2010/09/anish_kapoorturning_the_world_2.html. .. 93 Figura 51. TallTree. Fonte: http://trippycolours.blogspot.com.br/2011/06/tall-tree-andeye.html. .................................................................................................................... 94 Figura 52. CloudGate , Millennium Park, em aço inoxidável Chicago. Fonte: http://samizdatblog.blogspot.com.br/2010/05/democratic-consumption-servile.html . 95 Figura 54. Terraço jardim projetado por Roberto Burle Marx. Fonte: http://blog.gravitons-editions.com/br/2011/05/roberto-burle-marx/ ............................ 97


. Figura 55. Jardim da Pampulha. Belo Horizonte. Fonte: http://www.bhaz.com.br/comeca-nesta-segunda-feira-a-restauracao-dos-jardins-deburle-marx-na-pampulha/ .......................................................................................... 98 Figura 56. Aterro do Flamengo - Rio e Janeiro, Fonte: http://www.riofilmcommission.rj.gov.br/location/aterro-do-flamengo.......................... 99 Figura 57. Parque Del Este. Caracas. Fonte: http://www.udel.edu/LAS/Vol61Berrizbeitia.html..................................................................................................... 100 Figura 58. Sítio Burle Marx. Fonte: http://www.portugues.rfi.fr/cultura/20110323paisagista-brasileiro-ganha-mostra-em-paris .......................................................... 101 Figura 59. Painel de Burle Marx para Conj. Pedregulho. Fonte: http://mosaicosdobrasil.tripod.com/id83.html........................................................... 102 Figura 60. Ultima obra musiva de Burle Marx. Fonte: http://mosaicosdobrasil.tripod.com/id83.html........................................................... 103 Figura 61. Projeto de Roberto Burle Marx. Fonte: http://rio.metblogs.com/2006/08/01/ai-de-ti-calcadao/ ............................................. 103 Figura 62. Calçadão de Copacabana. Fonte: http://nucleoap.blogspot.com.br/2009/06/roberto-burle-marx.html .......................... 104 Figura 63. Burle Marx (à esq) e seu assistente durante pintura do painel . Fonte: Disponível em: http://www.sefaz.es.gov.br/painel/BMBio76.htm ............................. 104 Figura 64. Painel Instituto Moreira Salles. Fonte: http://www.flickr.com/photos/raul_lisboa/7722086654/ ............................................ 105 Figura 66. Painel de Burle Marx na fundação Oswaldo Cruz. Fonte:http://www.ceramicanorio.com.br/ ................................................................. 106 Figura 67. Manchester Exchange Square. Fonte: http://www.marthaschwartz.com/ ................................................................................................................................ 107 Figura 68. Bancos em forma de vagão. Fonte: http://www.marthaschwartz.com/ ... 107 Figura 69. Moinhos. Fonte: http://www.marthaschwartz.com/ ................................. 108 Figura 70. Percurso com água. Fonte: http://www.marthaschwartz.com/ ............... 108 Figura 71. bancos com divisórias e iluminação.. Fonte: http://www.marthaschwartz.com/............................................................................. 109 Figura 72. perspectiva do pátio central. Fonte: http://www.marthaschwartz.com/ .. 110 Figura 73. Espaços de convivência intima. Fonte: http://www.marthaschwartz.com/ ................................................................................................................................ 110 Figura74.Tribunal Willow.Fonte: http://www.marthaschwartz.com/ ......................... 111 Figura 75. Caminhos. Fonte: http://www.marthaschwartz.com/ .............................. 112 Figura76.Banco 'Back-to-back'.Fonte: http://www.marthaschwartz.com/ ................ 113 Figura 77. topiária esguichando água. Fonte: http://www.marthaschwartz.com/..... 114 Figura 78. FlyingSaucerA noite. Fonte: http://www.broward.org/Arts/PublicArt/PadTour/Inventory/Pages/FlyingSaucerGrove2 19.aspx .................................................................................................................... 115 Figura 79. FlyingSaucer. bancos. Fonte: http://www.broward.org/Arts/PublicArt/PadTour/Inventory/Pages/FlyingSaucerGrove2 19.aspx .................................................................................................................... 115


Lista de Mapas Mapa 1. Localização do Espírito Santo no Brasil. Org. Autora. Fonte: Geobases. Sistema: SIRGAS_200_UTM_Zone_24S .................................................................. 35 Mapa 2. Localização da RMGV no Espírito Santo. Org. Autora. Fonte: Geobases. Sistema: SIRGAS_200_UTM_Zone_24S .................................................................. 36 Mapa 3. Localização da área de estudo no município de Vitória. Org. Autora. Fonte: Geobases. Sistema: SIRGAS_200_UTM_Zone_24S ............................................... 37 Mapa 4. . Mapa mostrando áreas de lazer do entorno imediato a área de projeto. Fonte: Prefeitura Municipal de Vitória. Base Cartográfica Municipal. Sistema de Projeção UTM - SIRGAS2000. .................................................................................. 38 Mapa 5. Delimitação área de estudo ......................................................................... 43 Mapa 6. Delimitação área de projetoMapa7. Delimitação quadra e terreno .............. 43 Mapa 8. Situação territorial de Vitória nos anos 70. Disponível em: http://legado.vitoria.es.gov.br/baiadevitoria/ - Acessado em: Maio/2013. .................. 49 Mapa 9. Situação territorial de Vitória nos anos 80. Disponível em: http://legado.vitoria.es.gov.br/baiadevitoria/- Acessado em: Maio/2013 .................... 49 Mapa 10. Evolução cronológica dos aterros de Vitória. Fonte: http://deolhonailhavix.blogspot.com.br/2010/08/historico-dos-aterros-da-baia-de.html .......................... 50 Mapa 11. Mapa com linhas topográficas. Org. Autora. Fonte: Geobases. Sistema: SIRGAS_200_UTM_Zone_24S................................................................................. 51 Mapa 12. Mapa com delimitações da área de estudo. .............................................. 52 Mapa 13. Mapas de uso e ocupação do solo . .......................................................... 55 Mapa 14. Mapa de zoneamento da área de estudo . Org. Autora. Fonte: Geobases. Sistema: SIRGAS_200_UTM_Zone_24S .................................................................. 57 Mapa 15. Mapa de setores da área de estudo . Org. Autora. Fonte: Geobases. Sistema: SIRGAS_200_UTM_Zone_24S .................................................................. 59 Mapa 16. Mapa de pontos nodais, limites e marcos visuais . Org. Autora. Fonte: Geobases. Sistema: SIRGAS_200_UTM_Zone_24S ............................................... 64 Mapa 17. Mapa de zoneamento da área de estudo . Org. Autora. Fonte: Geobases. Sistema: SIRGAS_200_UTM_Zone_24S ................................................................ 127 Mapa 18. Ilustração por cores da setorização de usos do projeto. Fonte: Arquivo pessoal. ................................................................................................................... 132

Lista de Perspectivas Perspectiva 1. Vista entrada pela rua Clóvis Machado............................................135 Perspectiva 2. Vista superior da entrada pela rua Clóvis Machado.........................136 Perspectiva 3. jardim Tato/paladar...........................................................................136 Perspectiva 4. Jardim Tato/paladar..........................................................................137 Perspectiva 5. Escada caracol na cor vermelha......................................................137 Perspectiva 6. Módulo Serviços...............................................................................138 Perspectiva 7. Vista do mirante sobre o espelho d'água.........................................138


Perspectiva 8. Jardim Audição.................................................................................139 Perspectiva 9. Módulos barraquinhas......................................................................139 Perspectiva 10. Banco que proporciona ao usuário molhar os pés.........................140 Perspectiva 11. Banco Jardim Labirinto...................................................................140 Perspectiva 12. Passeio Jardim Labirinto................................................................141 Perspectiva 13. Deck Refeições Estar.....................................................................141


Sumário 1.Introdução .............................................................................................................. 17 2. Praça na história e suas tipologias ........................................................................ 21 2.1. Modelos Ideais ................................................................................................... 22 2.2. Categorias de Praças ......................................................................................... 23 2.2.1 Categorias de praças de acordo com as épocas ............................................. 23 2.2.2 Categorias de praças de acordo com sua estrutura interna ............................. 26 2.3. Praças brasileiras ............................................................................................... 28 2.4. Praças na atualidade .......................................................................................... 32 3. Localização ........................................................................................................... 35 3.1. Localização do projeto na escala macro ............................................................ 35 3.2. Localização do projeto no município .................................................................. 36 3.3.Localização do projeto em relação as áreas de lazer do entorno ....................... 38 3.4. Justificativa para a implantação da praça sensorial. .......................................... 40 3.5.Àrea de projeto e suas delimitações ................................................................... 42 4. Análises ................................................................................................................. 46 4.1 Análises das características urbanas .................................................................. 46 4.1.1. Análise do histórico da região da Enseada do Suá ......................................... 46 4.1.2. Análise das características topográficas ......................................................... 50 4.2. Análise Físico Espacial e Visual ......................................................................... 55 4.2.1. Vias ................................................................................................................. 55 4.2.2. Bairros ............................................................................................................. 58 4.2.3. Limites ............................................................................................................. 62 4.2.4. Pontos nodais .................................................................................................. 65 5. Obras e projetos sensoriais ................................................................................... 73 5.1. A obra de Lygia Clark ......................................................................................... 73 5.1.1 Superfícies moduladas e contra relevos........................................................... 74 5.1.2. Os Bichos ........................................................................................................ 75 5.1.3. Caminhando .................................................................................................... 76 5.1.5. A casa é o corpo ............................................................................................. 77 5.2.A obra de Hélio Oiticica ....................................................................................... 79 5.2.1. Os Parangolés ................................................................................................. 80


5.2.2. Labirintos e penetráveis .................................................................................. 81 5.2.3. Tropicália ......................................................................................................... 84 5.3.A obra de Anish Kapoor ...................................................................................... 86 5.3.1. Leviatã ............................................................................................................. 87 5.3.3. Turningthe world down .................................................................................... 90 5.3.4. Talltree e Cloud Gate ...................................................................................... 93 5.4. A obra de Roberto Burle Marx ............................................................................ 96 5.4.1. Os jardins públicos de Burle Marx ................................................................... 98 5.4.2. Mosaicos ....................................................................................................... 102 5.5. A obra de Martha Schwartz .............................................................................. 106 5.5.1. Machester Exchange Square ........................................................................ 106 5.5.2.Gifu Kitagata Apartments, Kitagata, Japan..................................................... 109 5.5.3. Center for Innovative Technology .................................................................. 111 5.5.4. Jacob Javits Plaza ......................................................................................... 112 5.5.5. Flying Saucer ................................................................................................ 114 6. Diretrizes para a proposta de intervenção ........................................................... 117 6.1. Diretrizes projetuais 'sensoriais' ....................................................................... 117 6.2.Análises físico-ambientais e legislativas............................................................ 120 6.2.1. Análise de insolação/iluminação ................................................................... 120 6.2.2. Análise de ventilação..................................................................................... 126 6.2.3. Análise da Legislação e dos parâmetros urbanísticos .................................. 127 7. Projeto ................................................................................................................. 131 7.1. Conceito ........................................................................................................... 131 7.2. Partido .............................................................................................................. 131 7.3. Memorial descritivo .......................................................................................... 132 8.Considerações finais ............................................................................................ 143 9.Referências .......................................................................................................... 147



1.Introdução O desenfreado desenvolvimento das cidades brasileiras foi importante para a evolução do país e da sociedade. Entretanto a qualidade de vida foi posta em segundo lugar no meio urbano. Aos poucos, os momentos de convivência passaram a acontecer em locais fechados e/ou privados, como shoppings centers, edifícios comercias e clubes recreativos. A praça que antes tinha grande importância para as cidades, tanto economicamente quanto socialmente, foi deixada de lado, tendo suas funções subestimadas e esquecidas. Sua principal função, a de espaço público e de integração, foi rebaixada a local de passagem, curta permanência e prática de esportes. Essa migração da rotina das pessoas de espaços livres para ambientes enclausurados tem afetado diretamente na saúde da população. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde) 90% da população mundial sofre de estresse. O estresse é uma doença que engloba um conjunto de sintomas físicos e psíquicos, geralmente externos ao indivíduo. Entre os mais comuns estão: excesso de atribuições, metas no trabalho e trânsito. A prevenção é dada como uma simples fórmula pelos médicos: buscar momentos de lazer e descontração periodicamente, passar mais tempo com a família e viajar. A partir dessa reflexão, o principal objetivo dessa monografia é o exercício projetual de uma praça, que inserida em meio urbano conturbado, tem a função de atuar diretamente no dia-a-dia da população. Para isso, a proposta se baseia em um conceito que proporcionará uma praça com características atrativas sensoriais. A intenção é conectar o usuário ao relaxamento, a natureza e as artes plásticas. A proposta da praça sensorial tem como objetivo aguçar os sentidos para que o usuário aumente seu nível de percepção do espaço que o permeia. Cheiros, sons, gostos, texturas e visuais serão as bases que direcionarão este projeto. A monografia tem início com várias definições do conceito de praça, esclarecendo suas atribuições durante os períodos da história. Os modelos de praças europeias são apresentados, juntamente com suas principais características. Ainda neste 17


capítulo as praças são submetidas a uma organização que as diferenciam umas das outras.Essa diferenciação é dada a partir de três aspectos: a época em que foram mais comumente usadas; sua organização na malha urbana das cidades e sua organização interna. Essa categorização foi estudada com a finalidade de compreender melhor as funções das praças dentro das cidades. O capítulo destaca ainda as praças brasileiras, sua evolução desde as colônias, e principalmente seu papel na sociedade, com seus aspectos arquitetônicos e paisagísticos. Essa evolução finaliza no modelo de praça contemporânea e analisa seus principais aspectos, e intenções de atender ao máximo as expectativas da vida social contemporânea. É neste momento que se demonstra como a praça é usada atualmente, sua importância e os equívocos mais comuns em relação a suas atribuições. O capítulo a seguir tem a função de esclarecer, principalmente de forma visual a localização da área de projeto e estudo. A localização é feita do macro para o micro, localizando primeiro o país, sem seguida o Espírito Santo, a Região Metropolitana da Grande Vitória, a cidade de Vitória, a área de estudo e por fim a área de projeto, nessa sequencia. Nesse momento é justificada a escolha da região para implantação da proposição projetual. O quarto capítulo, é dividido em duas partes. A primeira parte aborda as características urbanas. Nele é elaborado um levantando dos aspectos físicos da área de estudo, e sua representação na forma de mapas. Os pontos levantados foram: a evolução histórica da região, relevo, uso do solo, topografia, e equipamentos de lazer. A segunda parte do capítulo trata das paisagens urbanas e da área de estudo. Para análise foram utilizados os 5 elementos do método do arquiteto Kevin Lynch (1918 - 1984), a saber: caminhos e percursos, setores, limites, pontos focais e marcos visuais. O quinto capítulo tem por finalidade reunir repertório relativo à produção artística e paisagística com potencial de despertar os sentidos dos usuários. Buscando referências projetuais a

partir de

conceitos estruturados por artistas de

reconhecimento internacional e produção relevante. Como representantes das artes plásticas foram estudadas as produções dos artistas: Lygia Clark, Hélio Oiticica e 18


Anish Kapoor. Como representantes da produção paisagística foram estudados. Roberto Burle Marx e Martha Schwartz. O sexto capítulo faz o rebatimento teórico em relação a todos os conhecimentos adquiridos com a pesquisa, a fim de formular uma proposta para a área de intervenção. A partir da fundamentação teórica desenvolvida foi organizado um quadro com as principais características observadas a respeito do trabalho de cada artista. Esse quadro é um apanhado geral das referencias projetuais que serão utilizadas no projeto. Ainda neste capítulo são feitas análises sobre os terrenos em que a proposição será implantada. As análises referem-se à iluminação, insolação e ventilação do local, além da legislação (PDM).Esses dados servirão de referência para a conceituação da proposição da praça. É importante lembrar que as contribuições conceituais dos artistas giram em torno do estímulo dos sentidos dos usuário e sua participação mais ativa no ambiente. No sétimo capítulo é apresentada a proposta do projeto, por meio de plantas, perspectivas e vistas, o memorial justificativo do projeto e o memorial botânico. O oitavo capítulo trás as considerações finais do trabalho.

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2. Praça na história e suas tipologias Várias visões são discutidas em relação à definição do que seria uma praça. Ainda havendo diferentes posicionamentos entre autores, a definição clara é relatada por Silvio Soares Macedo: "[...] PRAÇAS são espaços livres de edificação, públicos e urbanos, destinados ao lazer e ao convívio da população, acessíveis aos cidadãos e livres de veículos"(MACEDO, 2010, p.10). [...]" a praça é, por excelência, um centro, um ponto de convergência da população, que a ela acorre para o ócio, para comerciar, para trocar ideias, para encontros românticos ou políticos, enfim, para o desempenho da vida urbana ao ar livre" (MACEDO, 2010, p. 11).

Para Sun Alex, A diferenciação entre praças, jardins e parques está apenas na escala. Porém todos eles fazem parte de um conjunto de espaços abertos na cidade, que nem sempre tem presença de vegetação. E completa dizendo que: "[...] A praça é simultaneamente uma construção e um vazio, a praça não é apenas um espaço físico aberto, mas também um centro social integrado ao tecido urbano. Sua importância refere-se a seu valor histórico, bem como a sua participação continua na vida da cidade " (ALEX, 2008, p. 23).

Portanto, sem dúvidas, a praça sempre foi exaltada como o espaço de encontro, convivência e lazer dos habitantes das cidades. No Brasil, qualquer espaço livre e ajardinado, repleto de equipamentos públicos é equivocadamente nomeado de praça pela população. dessa forma consideram rotatórias e jardins que auxiliam o transito como praça. Já na visão dos gregos, a ágora era o espaço livre público sublime. Era o local

onde se era exercida a cidadania e a população se encontravam, reforçando o sentimento de coletividade. Para os romanos, as praças eram chamadas de Fóruns Romanos. Era caracterizado como um local central, livre de edificações e acessível ao público. Nesse espaço a sociedade exercitava sua cidadania através de trocas comerciais, sociais e religiosas. 21


Em cada sociedade um modelo de praça foi difundido com mais afinco, se moldando de acordo com as necessidades de sua população. Além destes, outros modelos de praças também são hoje resgatadas e normalmente associadas a modelos ideais a serem seguidos, como: as Plazas Mayoreses espanholas; as Piazza italianas; as Places Royales francesas e as Squares inglesas (SEGAWA, 1996).

2.1. Modelos Ideais

As Plazas, (CORREA, 1978), são locais providos de solenidade e multiplicidade, tendo seu uso variado de acordo com a hora do dia. Essas praças são locais considerados dignos para qualquer manifestação popular. Mas além dessa característica, de acordo com Kevin Lynch (1987), as plazas são também locais de foco de atividades na centralidade de uma área que seja intensamente urbana. Lynch as descreve como espaços pavimentados, com limites definidos pelas edificações com alta densidade, geralmente circundada por ruas. Para ele, nesses modelos de praça se encontra com facilidade alguns elementos que atraem a população como: bancos, abrigos, fontes entre outros. Não havendo obrigatoriedade de vegetação. As Piazzas, (SEGAWA, 1996), por sua vez, eram pátios abertos, rodeados por arquitetura e utilizadas geralmente para comercialização. Reforçando o conceito de Segawa, Sun Alex (2008), afirma que as piazzas são marcadas pela mudança ao qual a população passava, pelo fortalecimento do poder civil e separação da igreja. O comércio é importante nesses espaços e se tem uma preocupação maior com a beleza desses ambientes. As Places Royales, (SEGAWA, 1996), são basicamente formadas por um quadrilátero, circundado por arquitetura de alto padrão construtivo, com três pavimentos, todos homogêneos em sua arquitetura. O acesso para as Places eram feitos através de pórticos, camuflados nas fachadas dos prédios. Era um espaço de

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convivência para a elite Parisiense, e local onde aconteciam os casamentos reais entre outras manifestações abastadas. As Squares não são consideradas praças propriamente ditas, são na verdade jardins, ou parques de proporções pequenas, cercados ou delimitados por arquitetura nos seus quatro lados. Desse modelo surgiram as residências chamadas de "crescents e circus", que se caracterizavam por ser módulos residenciais voltados para um jardim central (ALEX, 2008). É notável que existe uma enorme variação nos modelos de praças. Em virtude disso Macedo e Robba (2010) definem que as praças sofreram transformações ao longo dos anos, com o intuito de se adaptarem as necessidades dos usuários. Para eles, as praças podem ser classificadas de acordo com a época, organização na malha da cidade e organização interna.

2.2. Categorias de Praças

De acordo com a época as praças podem ser classificadas como medievais, coloniais, ecléticas, modernas e contemporâneas. De acordo com a organização na malha urbana das cidades, são representadas pelas praças centrais, agrupadas e de bairro. Em relação a sua organização interna, são classificadas como Praça Jardim, Praça Azul e Praça Seca.

2.2.1 Categorias de praças de acordo com as épocas

Medievais: Paul Zucker (1959) classifica as praças medievais em cinco categorias: praças de mercado; praças da entrada da cidade; praça do centro da cidade; adro de igreja e praças agrupadas.

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A) Praças de mercado: local onde aconteciam as atividades comerciais da sociedade, caracterizando como um local com alto movimento de pessoas, acontecendo às vezes em ruas ligeiramente largas. B)Praças da entrada da cidade: são caracterizadas como área de passagem, e com morfologia triangular, originada por duas ou mais ruas que se orientavam para o centro.

C) Praças como centro da cidade: Com localização central.

E) Adros de igrejas: espaços livres em frente às igrejas onde os fiéis se reuniam para atividades religiosas, como missas ao ar livre e procissões.

F)Praças Agrupadas: são caracterizadas como pequenas praças, que servem como conexões entre as praças de mercado e os adros.

Para Segawa (1996), o seu conceito de praça medieval é mais abrangente, sendo considerados por ele espaços de recreação de todo tipo: militares, casamentos, funerais, execuções, comemorações, corridas, encenações teatrais e torneios. Coloniais: São os modelos que ocorreram tipicamente no Brasil no início de sua colonização. Sua forma era originada no entorno de templos religiosos, com o intuito de reunir os fiéis antes e depois dos eventos sagrados. As praças no Brasil nesse período não tinham funções pré-estabelecidas, elas serviam tanto para as atividades religiosas como as profanas, militares e civis, cabendo a um só espaço todas essas funções1.

Ecléticas: o programa da praça eclética se resumia basicamente a passear e a contemplar a natureza através dos jardins, fossem eles públicos ou privados. A 1

Em relação a essa característica, Zoroastro Passos (1940) afirma que as cidades brasileiras tinham

conformação essas por fazer parte de um procedimento padrão da época, onde definia que o espírito católico Português fosse repassado para as suas colônias, e estas tinham a obrigação de ter como núcleo da povoação uma capela, com espaço ao lado onde se pudesse abrigar um santo ou uma cruz. Esses espaços eram os caracterizados como adros.

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sociedade européia mantinha esses costumes a fim de ter um local para demonstrar suas riquezas. Isso se deu a partir do século XVIII na Europa e foi difundido através de suas colônias. Como o Brasil fazia parte delas, o modelo eclético de praça foi importado para a sociedade burguesa brasileira. As influências da cultura de organização francesa e do pitoresco inglês foram imensas, sendo misturadas, dando origem as praças ecléticas brasileiras. (MACEDO; ROBBA, 2010).

Modernas: As praças modernas são caracterizados por projetos ligados diretamente a movimentos artísticos e ao modernismo arquitetônico. Ela sofre forte influência do tropicalismo e seu maior expoente é Roberto Burle Marx (MACEDO; ROBBA, 2010). O programa da praça é reconfigurado, o lazer passa a ser além do contemplativo. Programas de jogos e recreação infantil são inseridos nessa época. Para Souza (2010), o modelo de praça moderna abre mão dos mercados e comércios mantidos nas antigas praças, em contrapartida, são inseridas atividades que requerem participação ativa dos usuários como espaços para lazer, cultura, esportes e playgrounds. Ele considera também que é nesse período que surgem as praças vinculadas aos edifícios. Esse fato é possível através da verticalização da arquitetura e a liberação do solo através dos pilotis. Um exemplo disso é o que foi realizado no Edifício do Ministério da Saúde e da Educação, no Rio de Janeiro (Fig. 1).

Figura 1. Praça sob Pilotis. Fonte: HTTP.grandes-arquitetos.blogspot.com.br2012_11_01_archive.html

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Contemporâneas: as praças contemporâneas são caracterizadas por sua extrema liberdade de criação em relação a formas e conceitos. Nesse estilo se obtém uma enorme possibilidade de projetos, buscando sempre a inserção de movimentos artísticos de vanguarda, incorporando impressões nunca antes alcançadas. Para Macedo e Robba (2010), suas características não podem ser apontadas de maneira clara e definidas, pois é um estilo em constante transformação, além de aceitar-se de tudo. A liberdade e a enorme quantidade de formas e linguagens são consideradas suas marcas. Para Rafael Souza (2010), as principais mudanças que ocorrem entre as praças modernas e as contemporâneas são duas: a reinserção de atividades, como a de mercado e comércio; e a rotina das cidades desenvolvidas, com sua rapidez de fluxos, fazendo com que nesse período as praças passem a ser muito mais movimentadas, com intenso fluxo de pessoas. Fator esse se deve também a inserção de equipamentos públicos como pontos de ônibus.

2.2.2 Categorias de praças de acordo com sua estrutura interna

Em relação às suas estruturas internas Macedo e Robba (2010) definem alguns modelos de praças como: as Praça-Jardim (Fig. 2), Praça Azul (Fig. 3) e a Praça Seca (Fig. 4). Praça Jardim é caracterizada como espaço ajardinado destinado ao passeio e contemplação. No Brasil ela passa a ser símbolo de espaço urbano social. Nela alguns elementos puderam ser perceptíveis com maior frequência: canteiros ajardinados, coretos, quiosques e as fontes. Essa é a imagem de praça formalmente familiarizada pelos leigos, pois é o modelo mais difundido no Brasil, sejam em áreas centrais ou de bairros. Praça Azul é denominada assim por possuir presença de pontos de água, seja em forma de lago, chafariz ou espelho d’água.

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Praça Seca: são considerados os modelos que não possuem vegetação. São mais comumente usadas para feiras e locais de passagem de pessoas. A praça-jardim foi o modelo de praça importado da Europa na época da colonização do Brasil, por isso é o modelo mais familiarizado pelos leigos. Já o modelo de praça azul normalmente é associada a praça-jardim. É comum encontrar esses dois modelos associados até mesmo por uma questão climática. O Brasil em sua maior porção continental é de clima quente, as árvores, os jardins e a água, proporcionada através de fontes e de espelhos d'água tem também a função de regulador da temperatura local. é por esse motivo também que as praças secas não foram tão difundidas quanto as jardins e azuis. As praças secas são normalmente locais amplos que recebem estruturas efêmeras que dão suporte as atividades transitórias.

Figura 2. Modelo de Praça jardim. Praça Costa Pereira. Vitória Fonte: http://www.vitoria.es.gov.br/sedec.php?pagina=pracacostapereira

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Figura 3. Modelo de Praça-Azul. Praça da Luz - Serra ES. Fonte: http://www.folhavitoria.com.br/geral/blogs/turismonaserra/tag/praca-da-luz/

Figura 4. Modelo de praça seca, Pelourinho, Salvador. Fonte: http://ultradownloads.com.br/papel-de-parede/Pelourinho-Salvador/

2.3. Praças brasileiras

Para entender a situação as quais as praças brasileiras estão inseridas é necessário averiguar o seu contexto histórico e principalmente suas referências. Macedo e Robba (2010) ressaltam que os primeiros espaços urbanos livres e públicos gerados 28


no Brasil foram os adros das igrejas coloniais (Fig.5). Os adros eram elos entre a igreja e a comunidade. Configuravam-se como espaços abertos na frente das estruturas religiosas que posteriormente viravam praça. Cresciam em conjunto com a população, tornando-se o principal ponto de encontro da vila. Posteriormente, todos os edifícios importantes da cidade passaram a ser localizados em seu entorno, sejam edifícios institucionais do governo ou da elite da sociedade. Para Marx (1980) as praças coloniais brasileiras possuíam como principal característica sua localização. Eram construídas em igrejas, rodeada pelas casas das pessoas mais ricas das cidades e do melhor comércio. Para Marx era uma junção de todas as praças medievais em uma só.

Figura 5. Largo colonial com seus usos múltiplos. Fonte: Praças Brasileiras, p. 22, 2010.

Com o passar dos tempos, durante os séculos XIX e XX,as praças brasileiras passam por um período de transição e modernização e foram implantadas o modelo chamado Eclético (MACEDO; ROBBA, 2010). No Ecletismo o modelo tinha características de praça ajardinada e esse fator modifica completamente a realidade brasileira, pois altera a função da praça na sociedade. As atividades comerciais que antes eram feitas nelas são transferidas para edifícios específicos. As atividades militares passam a ocorrer nas grandes avenidas que surgem com o processo de modernização. Desse modo, as praças brasileiras perdem sua característica inicial, de centro da vida em sociedade, para se tornar apenas um cenário ajardinado destinado às atividades recreativas e contemplativas. 29


A partir da segunda década do século XX, as cidades brasileiras sofrem rápido processo de industrialização e passam a expandir-se. Esse processo de industrialização atrai para as cidades um número cada vez mais crescente de pessoas em busca de oportunidades, com isso os espaços livres como praças e parques que antes eram encontrados em abundância tem seu número reduzido. Nesse período, o paisagismo brasileiro passa pela era moderna e, segundo Alex (2010), é influenciado a partir do modernismo americano, que tem por características principais o comprometimento com a funcionalidade, aliado a fortes padrões visuais e as preocupações estéticas. Segundo Macedo (2003), nessa época o espaço urbano moderno sofre uma transformação devido a inserção de um novo elemento: o automóvel. Com essa nova realidade os espaços públicos foram reformulados, para que se pudesse ter uma boa convivência entre veículo e pedestres. Dessa forma, a arquitetura paisagística se torna funcionalista, determinando zonas para realização das atividades dentro da cidade, além de difundir uma cultura nacionalista. A vegetação deveria ser tropicalmente brasileira, e se faz uso da proibição de elementos decorativos de épocas passadas. Esse modelo de praça aplica largamente formas geométricas livres e tem como seu principal difusor o paisagista brasileiro Roberto Burle Marx. A partir da década de 40, as primeiras mudanças ocorrem nos espaços públicos brasileiros. As praças e parques englobam atividades de recreação infantil e esportivas, pistas para caminhadas e quadras são implantadas. O lazer contemplativo permanece, e o cultural é apresentado como inovação, com a implantação de complexos culturais como cinemas, teatros, museus e pavilhões de exposição (MACEDO; ROBBA, 2010). No início dos anos 90, os paisagistas brasileiros começaram a buscar novas linguagens formais, influenciados por paisagistas espanhóis, japoneses e franceses. Nesse período nasce o estilo que vem a ser chamado de Contemporâneo. Os programas das praças são revistos e para sua concepção são aceitas propostas mais livres (Fig. 6). O espaço público a partir desse período volta a ser espaço para exercício de atividades como comércio e serviços, voltando às origens dos largos. Em alguns espaços a apropriação informal é oficializada, como feiras livres ou 30


camelôs, através de espaços pré-definidos ou estruturas construídas para tal finalidade. Na maioria dos casos são levantadas as vocações do local, e esta é exaltada através dos projetos. Para Mirian Mendonça de Campos Curado (2007) além da incorporação de atividades, as praças no período contemporâneo tem sofrido forte influência das consequências da modernização e da necessidade de se minimizar seus impactos. Essas praças têm sido usadas como reguladores do ecossistema ao qual o homem alterou. Procura-se nesses modelos implantar a reinterpretação dos ecossistemas, envolvendo profissionais de outras áreas como botânica, biologia, zoologia e geografia. Este modelo de praça ainda passa por estudos, mas sua aplicação já se iniciou. Macedo (2003) destaca que essa preocupação tem origem na quantidade cada vez maior de catástrofes naturais em que as cidades vem sofrendo. Com essa preocupação se alastraram por todo país os chamados parques ecológicos. Esse fator refletiu para as praças, não diretamente nos projetos, mas da consciência de sua importância. Baseado nesse cenário de cidade urbanizada, as ofertas de espaços públicos reafirmam seu valor como principais áreas de lazer.

Figura 6. Modelo de praça contemporânea. Centro Empresarial Itaú Conceição. Fonte: http://elkhouriarquitexturas.blogspot.com.br/

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Para melhor entendimento e esclarecimento de qualquer tipo de dúvidas, o quadro abaixo demonstra a evolução das funções em praças brasileiras, desde o início da colonização até a atualidade. É possível notar a crescente inclusão de itens e a consequente modificação do programa das praças.

Tabela 1. Função Social das praças. Fonte: Praças Brasileiras, p. 152, 2010.

2.4. Praças na atualidade

No Brasil, os espaços secos, que são uma característica marcante de grande parte das praças da Europa, são denominados largos, pátios ou terreiros, devido ao desvio conceitual brasileiro de considerar praças apenas os espaços ajardinados. Seguindo esse conceito deturpado alguns espaços públicos são comumente confundidos como praça apenas por abrigar vegetação, como é o caso das rotatórias, canteiros centrais de avenidas, jardins anexos a entradas de pontes e viadutos, taludes e encostas ajardinadas. Apesar dos jardins urbanos serem considerados essenciais, principalmente por melhorar a qualidade do ar, proporcionar espaços livres para circulação de ar, permeabilidade visual e 32


drenagem, esses espaços não são considerados praças por não possuírem equipamentos de uso social, e não serem acessíveis à população.

Alguns são

apenas gramados e principalmente os que estão localizados no centro das vias não são acessíveis aos pedestres devido ao grande fluxo de veículos. Ainda segundo Macedo e Rabbo (2010), outro importante fator acomete as praças brasileiras: A escassez de recursos. No Brasil é comum observar que as praças públicas sofrem com a iminente escassez de recursos, com a utilização de materiais com aplicabilidade errada e de má qualidade, além de se ter modelos muito parecidos, caindo na mesmice. Esse fator se deve a execução ser realizada por parte do governo, ao qual a qualidade dos espaços não são pré-requisitos para a implantação. Esse fator também é de responsabilidade da população, que com sua crescente migração para os confortáveis shoppings centers, as praças têm ficado cada vez mais abandonadas2. A importância dos espaços de convivência pública deve ser lembrada pela população, principalmente porque essa migração da rotina das pessoas de espaços livres para ambientes enclausurados tem afetado diretamente em sua saúde. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS)3 90% da população mundial sofre de estresse. O estresse é uma doença que engloba um conjunto de sintomas físicos e psíquicos, geralmente externos ao indivíduo. Entre os mais comuns estão:excesso de atribuições, metas no trabalho e trânsito. A prevenção é dada como uma simples fórmula pelos médicos: buscar momentos de lazer e descontração periodicamente, passar mais tempo com a família e viajar. Hoje a praça é considerada um dos locais urbanos mais visíveis, dada essa característica, e sua modernidade, partindo pelo governo público, é uma realidade. Na busca constante de se adequar as novas necessidades, mudanças sensíveis e drásticas são aplicadas, reconfigurando velhas estruturas paisagísticas. Para Macedo e Robba (2010), essa enorme flexibilidade contida numa praça é benéfico, porque através dessa suscetibilidade o país pode reinventar uma série de paradigmas, constituindo uma nova forma de modernidade, a contemporânea.

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Informação verbal Fonte: http://www.paho.org/bra/

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3. Localização Os seguintes mapas tem o objetivo de destacar o Espírito Santo na escala do país, e aproximando no contexto em que o projeto será inserido, em escala macro.

3.1. Localização do projeto na escala macro

Mapa 1. Localização do Espírito Santo no Brasil. Org. Autora. Fonte: Geobases. Sistema: SIRGAS_200_UTM_Zone_24S

O mapa acima localiza o Espírito Santo no Brasil. E a Região metropolitana da Grande Vitória no estado do Espírito Santo. A função é localizar para pessoas de fora do Estado ou País a localização do projeto.

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Mapa 2. Localização da RMGV no Espírito Santo. Org. Autora. Fonte: Geobases. Sistema: SIRGAS_200_UTM_Zone_24S

O mapa acima localiza a Região Metropolitana da Grande Vitória no Estado do Espírito Santo. Ao destacar Vitória no mapa, a intenção é apontar o município ao qual será aplicada a proposição do projeto, e sua localização em relação aos municípios limitantes: ao norte o município da Serra, ao sul Vila Velha, ao leste banhada pelo Oceano Atlântico e ao oeste pelo município de Cariacica.

3.2. Localização do projeto no município

A área de estudo localiza-se na região costeira, na porção leste da ilha. Ela foi definida fazendo uso dos limites de quatro bairros: Enseada do Suá, Jesus de Nazareth, Praia do Suá e Santa Helena. A inserção desses bairros na área de

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estudo ocorreu com a seguinte finalidade: aprofundar os conhecimentos em relação a região do entorno da atuação do projeto.

Mapa 3. Localização da área de estudo no município de Vitória. Org. Autora. Fonte: Geobases. Sistema: SIRGAS_200_UTM_Zone_24S

Segundo dados disponibilizados pela Prefeitura Municipal de Vitória (acesso em 25 de maio. 2013), o município é a capital do Estado do Espírito Santo e o centro da região metropolitana. É formado por um arquipélago com 33 ilhas e uma porção continental, o que no total dá 93,38 km². A cidade é rodeada por encostas, enseadas, praias e mangues, recursos paisagísticos de grande importância. O litoral do município é bastante recortado e possui 40% do território coberto por morros. Isso dificulta o crescimento de áreas já urbanizadas, deixando para os outros municípios da Região Metropolitana da Grande Vitória essa função. Vitória também é considerada uma das cidades mais quentes do estado, esse fato é resultante da 37


grande poluição e da aglomeração de prédios altos, além das diversas montanhas da ilha, que impedem a natural circulação do vento proveniente do Oceano.

3.3.Localização do projeto em relação as áreas de lazer do entorno

Mapa 4. . Mapa mostrando áreas de lazer do entorno imediato a área de projeto. Fonte: Prefeitura Municipal de Vitória. Base Cartográfica Municipal. Sistema de Projeção UTM - SIRGAS2000.

O mapa acima, (Mapa 4) ,demonstra as áreas de lazer no entorno imediato a região do projeto. Nesse mapa é possível observar que as regiões costeiras são os maiores atrativos da área, deixando para as deslumbrantes visuais da baía e praias a responsabilidade de atrair turistas e moradores para atividades ao ar livre. Em destaque encontra-se a Praça do Papa, a qual desempenha papel importante no entretenimento da população, proporcionando possíveis feiras e shows de música que atraem multidões para a região (Fig.7). Entretanto a praça do papa é caracterizada como lazer de fim de semana, tendo como sua principal função abrigar eventos de grandes proporções que ocorrem em períodos isolados. Ela não é usada com frequência durante o dia-a-dia por não proporcionar sombreamento, ter dimensões elevadas e por não oferecer equipamentos de lazer atrativos. Sua função é caracterizada como praça cívica. Anexa a praça do papa se localiza a Ilha do Papagaio (Fig.8), caracterizada como um parque de pequenas dimensões, com 38


potencial de proporcionar a visual da baía de Vitória e Enseada do Suá em 360º. Ainda em construção encontra-se o Cais das Artes (Fig.9), que será composto por um museu e um teatro com capacidade para receber eventos de grande porte. Será uma estrutura que irá atrair moradores de toda a região da grande Vitória e cidades vizinhas, por ser o único no estado capaz de comportar grandes espetáculos.

Figura 7. Foto aérea da Praça do Papa. Fonte:http://www.expotur-es.com.br/2013/local.html

Figura 8. Ilha do Papagaio. Fonte: Acervo Pessoal.

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Figura 9. Cais das Artes. Fonte: Acervo Pessoal.

3.4. Justificativa para a implantação da praça sensorial.

Um dos desejos mais valorizados por qualquer pessoa é ter saúde e vida longa, e apesar de atualmente, os avanços na tecnologia médica terem evoluído bastante, o homem, em sua maioria, tem a capacidade de viver mais do que tem vivido. A má alimentação, noites de sono mal dormidas, consumo de álcool e drogas, são apenas alguns dos fatores que potencializam o aparecimento de doenças, envelhecimento precoce e consequentemente o óbito. Ainda que algumas pessoas justifiquem sua falta de saúde por fatores relacionados aos genes, acredita-se que as doenças hereditárias podem ter suas consequências minimizadas quando associadas a hábitos adequados, como explica Jairo Mancilha e Luiz Alberto Py: "[...] Envelhecer com saúde, além do fator hereditário, depende de comportamento e escolhas individuais. Os nossos genes não são o nosso destino. A maneira como vivemos também determina nosso envelhecimento. À medida em que envelhecemos, a genética se torna menos importante e aumenta a influência do meio ambiente" (MANCILHA; PY, 2001, p. 14)

Portanto, pode-se dizer que o comportamento humano é o principal fator que garante a saúde, ou a falta dela. Enfatizando que a OMS, Organização mundial de saúde define saúde como: "um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não somente ausência de afecções e enfermidades"4Isso quer dizer que ser 4

Fonte: http://www.alternativamedicina.com/medicina-tropical/conceito-saude

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considerado saudável é bem mais complexo do que parece. Não é apenas a saúde do corpo que está em evidência, a mental e social também. O comportamento atualmente das pessoas tem gerado um distúrbio conhecido como estresse, em que suas consequências são drásticas a saúde humana, levando ao adoecimento e a morte. O conceito do estresse foi desenvolvido pelo médico austríaco Hans Selye, que define três fases características como o conjunto de reações que derivam o estresse: "a reação de alarme, a fase de resistência e a fase de exaustão". Na verdade, o estresse é uma maneira que o corpo encontrou para responder aos estímulos físicos e emocionais, uma resposta mal criada a algo que não está sendo satisfatório. Suas principais causas são o trabalho; preocupações e ansiedade. Para Mancilha e Py, a receita para se evitar o estresse e seus efeitos negativos são:" [...] Equilibrar o trabalho e lazer. Liberar a tensão mediante atividades físicas, como correr, praticar esportes, ou até mesmo liberar a agressividade socando uma almofada. O exercício físico pode ser um calmante porque ajuda a liberar endorfinas. Fazer consequentes intervalos durante o dia para mudar de ambiente e de ritmo" (Mancilha, Py, 2001, p.75). Além de procurar ter repouso, dormir bem, praticar atividades em que proporcionem o relaxamento e planejar as tarefas com antecedência, Por isso a proposição da praça, pretende não só ser um mero local de lazer, mas de renovação de energias durante o dia. Após a análise do mapa (mapa 4) e da observação in loco percebe-se que a região é deficiente na oferta de áreas de lazer, principalmente para o dia-a-dia. Essa constatação somada aos dados da Organização Mundial de Saúde reforça a necessidade da implantação de um espaço público de convivência ao ar livre, para que as pessoas que trabalham e moram pela região possam equilibrar o estresse diário somente passando algum tempo pelo local. Além disso, a partir das análises efetuadas na área de estudo, foi detectada a necessidade em que a população local tem por áreas de lazer, principalmente o lazer voltado para o dia-dia. A intenção é conectar o usuário ao relaxamento, a natureza e as artes plásticas. A proposta se baseia em um conceito, ao qual proporciona uma praça com características atrativas sensoriais, com a intenção de conectar o usuário ao relaxamento, a natureza e as artes plásticas. A proposta 41


busca a interação do usuário através da sensorialidade. Tem como objetivo aguçar os sentidos para que o usuário aumente seu nível de percepção do espaço que o permeia. Cheiros, sons, gostos, texturas e visuais serão as bases que direcionarão este projeto

3.5.Àrea de projeto e suas delimitações

Os mapas abaixo apresentam de forma definida a área de projeto, a área de estudo, os respectivos bairros que as compõem. A definição da área de estudo se deu pela necessidade de conhecimentos aprofundados, sobre a relação com o entorno da área de atuação do projeto. A proposição do projeto é para o bairro da Enseada do Suá, contudo, os bairros no entorno foram estudados, por serem diretamente afetados por qualquer proposição na região. Para isso seguem abaixo as inúmeras análises feitas a partir dessa delimitação e os seus resultados. A área de projeto compreende de uma quadra (Fig.10) e um terreno (Fig. 11). A quadra tem 5.321,50 m² e o terreno 8.311,70 m², o que no total compreende uma área de 13.633,2 m². Eles encontram-se atualmente subutilizados, em meio a prédios de uso misto. Seus usos são destinados somente para 'cortar caminho' e estacionar carros, o que em nada privilegia o entorno para o usuário da região. Além disso, o lote e a quadra mantêm aspectos áridos, sem vegetação adequada, o que contribui para o aumento da temperatura do local e a não permanência da população. O desafio da proposta será modificar completamente o cenário que se encontra atualmente no local,é tentar proporcionar espaços agradáveis de convivência pública, além de mobiliários, vegetação e serviços. Um dos desafios da proposta será conectar o terreno e a quadra de forma harmoniosa, na tentativa de suavizar o desalinho ao qual se localizam, evitando que se forme uma barreira dificultando o livre trânsito das pessoas entre os dois.

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Mapa 5. Delimitação área de estudo Org. Autora. Fonte: Geobases. Sistema: SIRGAS_200_UTM_Zone_24S

Mapa 6. Delimitação área de projeto Org. Autora. Fonte: Geobases. Sistema: SIRGAS_200_UTM_Zone_24S

Mapa7. Delimitação quadra e terreno Org. Autora. Fonte: Geobases. Sistema: SIRGAS_200_UTM_Zone_24S

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Figura 10. Quadra utilizada como estacionamento de carros. Fonte: Acervo pessoal.

Figura 11. Foto retirada em dia de domingo no terreno utilizado como estacionamento. Fonte: Acervo pessoal.

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4. Análises 4.1 Análises das características urbanas

4.1.1. Análise do histórico da região da Enseada do Suá

Vitória tem o início de sua história datada de 1535, com o desembarque de Vasco Fernandes Coutinho na então chamada de Ilha do Espírito Santo, atual município de Vila Velha. Todas as ilhas passaram pelo procedimento padrão da época que consistia em doações, e assim também aconteceu com a ilha de Vitória, ao qual foi doada a Duarte Lemos. Desse modo, seu processo de colonização da ilha somente foi iniciado por volta de 1550 (CASAGRANDE, 2011). Sua topografia era estratégica, considerada um grande ponto forte para evitar os ataques dos índios que viviam na região costeira, fator importante para auxiliar a consolidação da vila e a garantia de sobrevivência dos colonizadores. Nesse período a Sede da capitania da Vila do Espírito Santo é transferida de Vila Velha para Vila Nova, como assim foi chamada Vitória inicialmente. Em 1558 os índios são totalmente derrotados e a Ilha de Vitória é finalmente colonizada (MONJARDIM, 1995). A inviabilidade de ocupação nos terrenos planos se dava pelo fato de serem áreas alagadiças. Essa necessidade ordenou a ocupação do município de Vitória até meados do século XIX. Algumas palavras do viajante naturalista Saint-Hilaire referenciam muito bem o modelo de ocupação da ainda denominada Vila da Vitória, quando ele refere-se a Vitória dizendo que a Vila estava escondida entre os morros, e se avistavam residências dispersas. Desse modo se deu a colonização de Vitória, concentrada em um núcleo, mas com residências espalhadas pontualmente pela área íngremes (CASAGRANDE, 2011). A ilha escolhida para ser povoada era limitadamente pequena, consistia em um maciço rodeado por baias e áreas alagadiças, se tornando um limitador da expansão urbana que Vitória viria a sofrer. A solução encontrada foi intervir no solo para 46


abrigar o desenvolvimento da cidade e a densidade populacional que se encontrava em crescimento. Segundo Freitas (2004) foram esses os fatores que direcionaram a ocupação da cidade para as regiões mais baixas, mas ainda alagadiças. Foi necessário que o governo interviesse para proporcionar áreas com solo adequado para ocupação. Isso se deu através de aterros sanitários. Só a partir da consolidação dos aterros que Vitória se encontra em um cenário de oportunidades, não ficando mais a critério dos morros o ordenamento de sua ocupação. Vitória mantinha uma característica peculiar quanto a sua porção de terras povoadas, essa peculiaridade se perde com o projeto do Novo Arrabalde, onde os morros são 'afastados' do mar e define o novo desenho da orla. Entretanto, no que se diz respeito a necessidade de ocupação, os morros se tornam pontos negativos a serem transpostos pelos aterros. São considerados obstáculos, demandando do homem mais conhecimento técnico (CASAGRANDE, 2011). Dada essa necessidade, por volta de pouco mais de 100 anos atrás o então governador do estado Muniz Freire, recebeu das mãos do engenheiro sanitarista Francisco Saturnino Rodrigues de Brito, mais conhecido como Saturnino de Brito, o projeto do Novo Arrabalde. O Novo Arrabalde previa a expansão do município de Vitória para a porção leste, através de um enorme aterro que reconfiguraria a nova baia de Vitória. Alguns aspectos do seu partido são de extrema importância para o entendimento dessa nova região que foi originada. Como para a visual do Convento da Penha, ao qual Saturnino de Brito considerava um maravilhoso monumento. Ele concebeu um grande eixo, denominado Reta da Penha, eixo que durante todo o percurso é possível manter a referência visual com o Convento da Penha (Fig. 12). Fez também outro grande eixo, que conhecemos como a Leitão da Silva, porém seu visual é outro, é para o morro do Mestre Alvaro (Fig. 13). Além disso, ligou os dois eixos por uma artéria que conhecemos como Cesar Hilal(BRITTO, 1996). O projeto é arrojado, moderno e considerado bastante eficaz. Ainda recentemente foi implantado um sistema de contenção das marés aplicado em Bento Ferreira que vinha descrito no projeto de Saturnino de Briito (SALLES, 1996).

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Figura 12. Reta da Penha, cone visual para o Convento da Penha. Fonte: Acervo Pessoal.

Figura 13. Avenida Leitão da Silva, cone visual para o morro do Mestre Alvaro. Fonte: Acervo Pessoal

Os mapas a seguir exemplificam visualmente a evolução dos aterros executados em Vitória. Neles é possível perceber a dilatação da região continental da cidade,

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principalmente da região da Enseada do Suá, onde foi executado por volta de 1970 e 1980.

Mapa 8. Situação territorial de Vitória nos anos 70. Disponível em: http://legado.vitoria.es.gov.br/baiadevitoria/ - Acessado em: Maio/2013.

Mapa 9. Situação territorial de Vitória nos anos 80. Disponível em: http://legado.vitoria.es.gov.br/baiadevitoria/- Acessado em: Maio/2013

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Mapa 10. Evolução cronológica dos aterros de Vitória. Fonte: http://deolhonailha-vix.blogspot.com.br/2010/08/historico-dos-aterros-da-baia-de.html

4.1.2. Análise das características topográficas

Como mencionado, a área de estudo é parte integrante do processo de expansão que Vitória sofreu através do Novo Arrabalde. O Novo Arrabalde foi elaborado partindo do principio que Vitória necessitava de terras firmes e planas para abrigar o seu futuro desenvolvimento. Para Isso foi elaborado o aterro plano que hoje conhecemos como a região da Enseada do Suá. Em contrapartida a área é rodeada por morros que atualmente são habitáveis, como o morro de Jesus de Nazareth e Praia do Suá. As outras pequenas elevações que são possíveis distinguir no mapa são provenientes de desníveis desejáveis para a própria edificação, como é o caso do tribunal de Justiça do Estado do Espírito Santo (Fig. 14), ou por pequenos afloramentos rochosos, como é o caso da ponta estrema sul do aterro (Fig. 15).

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Mapa 11. Mapa com linhas topogrรกficas. Org. Autora. Fonte: Geobases. Sistema: SIRGAS_200_UTM_Zone_24S

Figura 14. Tribunal de Justiรงa. Fonte: Acervo pessoal

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Figura 15. Afloramento rochoso. Fonte: Acervo Pessoal.

4.1.3. Análise de uso e ocupação do solo

Mapa 12. Mapa com delimitações da área de estudo. Org. Autora. Fonte: Geobases. Sistema: SIRGAS_200_UTM_Zone_24S

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O mapa acima (mapa 10) mostra os limites da área de estudo. Nessa área de estudo foram levantadas in loco informações sobre o uso das edificações dos locais sendo classificadas em quatro tipos diferentes: comercial/serviço; institucional, residencial, e uso misto. Nas regiões de morro dos bairros Jesus de Nazareth e Praia do Suá o uso é basicamente residencial, ou de pequenos comércios locais, mas que não são considerados substanciais. A região possui estrutura que atraem muitas pessoas, inclusive de outras regiões da cidade, como o Shopping Vitória, Praça do Papa, a Praia da Curva da Jurema, além dos edifícios públicos que oferecem serviços específicos. A área de estudo fica localizada em um ponto estratégico, sendo absorvente de grande fluxo de pessoas durante todo o dia, principalmente em horários de pico. Os pedágios da Terceira Ponte que estão inseridos na área de estudo contribuem para o bloqueio no fluxo dos veículos, agravando em horários de pico. No entorno imediato a área de projeto o principal uso das edificações é comercial/serviços e institucional. Isso enfatiza a proposta da praça de ser utilizada como ponto de respiro para a população diariamente estressada. Na região foi observada a existência de três praças: a Praça do Papa (Fig. 7), a Praça do Cauê (Fig.16), e a Praça Jose Francisco Arruela Maio (Fig.17). Na esplanada da praça do Papa é possível ter visuais da baía de Vitória, do Convento da Penha, da terceira ponte e partes do município de Vila Velha. A praça abriga algumas atividades, como parque infantil, dois restaurantes, uma lanchonete, estacionamento e uma trilha que leva a reserva ecológica Ilha do Papagaio, os quais são normalmente utilizados nos fins de semana. A Praça Cristovão Jackes, mais comumente conhecida como praça do Cauê, fica localizada no bairro de Santa Helena. A praça possui alguns atrativos para os moradores do entorno como playground, quadras de futebol e tênis. Sua estrutura é questionada pela população de Vitória pelo fato da praça ter seu acesso obstruído por muros e grades.

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A praça José Francisco Arruela Maio, mais conhecida como a praça dos peixeiros, tem porte de praça de bairro e fica localizada próxima a biblioteca estadual, no bairro Enseada do Suá. A praça oferece um campinho de futebol de areia, uma quadra poliesportiva, equipamentos de academia popular para idosos, playground, áreas de descanso sombreadas por pergolado, além de abrigar um pequeno posto policial.

Figura 16. Praça do Cauê. Fonte: http://www.terracapixaba.com/2010/08/praca-do-caue-vitoria.html

Figura 17. Praça José Francisco Arruela Maio. Fonte: Acervo pessoal

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Mapa 13. Mapas de uso e ocupação do solo. Org. Autora. Fonte: Geobases. Sistema: SIRGAS_200_UTM_Zone_24S

4.2. Análise Físico Espacial e Visual

Este presente capítulo aborda as paisagens urbanas, segundo o método do urbanista voyer Kevin Lynch. A intenção é dar forma visual a área de estudo. Para isso, foram levantados os seguintes elementos: vias, limites, bairros, pontos nodais e marcos visuais. Abaixo segue a definição dos aspectos levantados segundo Kevin Lynch:

4.2.1. Vias “As vias são os canais de circulação ao longo dos quais o observador se locomove de modo habitual, ocasional ou potencial. Podem ser ruas, alamedas, linhas de trânsito, canais, ferrovias. Para muitas pessoas, são estes os elementos predominantes em sua imagem. Os habitantes de uma

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cidade observam-na à medida em que se locomovem por ela, e, ao longo dessas vias, os outros elementos ambientais se organizam e se relacionam” (LYNCH, 2006, p. 52)

Alguns aspectos mais relevantes foram analisados, e um mapa foi elaborado a fim de esclarecer visualmente os fluxos na região, tanto de veículos, pedestres e pontos de conflito entre os dois. O maior fluxo de carros foi detectado principalmente nas principais avenidas, como a Cesar Hilal, Reta da Penha, Nossa Senhora dos Navegantes e Leitão da Silva, além de outras pequenas vias que servem de retorno para as principais. O fluxo médio foi detectado nas vias que tem finalidade de unir as principais vias, servindo de apoio ou para cortar caminho. As de menor fluxo foram detectadas nas vias de bairro, que tem função principalmente de abastecer fluxos residências ou de pequenos comércios. Os percursos de pedestre foram analisados de forma minuciosa, sendo apenas destacados os fluxos intensos e rotineiros. Para isso foi analisado que o movimento intenso se pessoas circunda principalmente os pontos de ônibus (Fig. 18) e edifícios institucionais; a Praça do Papa, em tempos de exposições, e a Avenida João Batista Parra, que concentra grande quantidade de edifícios institucionais, além de comércio e serviços, sendo também limítrofe da Praça José Francisco Arruela Maio, que abriga atividade de comercialização por parte dos peixeiros, atraindo um contingente de pessoas significativo (Fig. 19).

Figura 18. .Ponto de ônibus com aglomeração de pessoas. Fonte: Acervo pessoal.

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Mapa 14. Mapa de zoneamento da área de estudo . Org. Autora. Fonte: Geobases. Sistema: SIRGAS_200_UTM_Zone_24S

Figura 19. Praça José Francisco Arruela Maio. Fonte: Acervo Pessoal

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4.2.2. Bairros

“Os bairros são as regiões médias ou grandes de uma cidade, concebidos como dotados de extensão bidimensional. O observador neles “penetra” mentalmente e eles são reconhecíveis por possuírem características comuns que os identificam. Sempre identificáveis a partir do lado interno, são também usados para referência externa quando visíveis de fora” (LYNCH, 2006, p. 52)

Os setores foram definidos a fim de que se possa compreender os tipos de zonas existentes na área de estudo, independente da divisão de bairro. Para isso foram definidos 5 setores: o setor comercial/serviço, de entretenimentos, misto, institucional e residencial. Os usos registrados foram generalizados para alcançar o resultado do mapa abaixo. O setor comercial/serviços foi definido em duas principais regiões: Toda a área do Shopping Vitória e o entorno da área de projeto (Fig. 20), por ser uma região que abriga uma grande quantidade de prédios com salas comerciais e prestadores de serviços. São prédios normalmente com características modernas, sendo resultado da composição de concreto com enormes painés de vidro espelhado.

Figura 20. Rua Abiail do Amaral Carneiro. Fonte: Acervo pessoal.

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Mapa 15. Mapa de setores da área de estudo . Org. Autora. Fonte: Geobases. Sistema: SIRGAS_200_UTM_Zone_24S

O setor de entretenimentos também foi definido em duas principais regiões: a região da Curva da Jurema (Fig. 21) e Praça da Ciência. A da praça do papa (Fig. 7) com a ilha do papagaio (Fig. 22) e o futuro Cais das Artes (Fig. 9).

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Figura 21. Curva da Jurema. Fonte: Acervo pessoal.

Figura 22. Mirante na Ilha do Papagaio. Fonte: Acervo pessoal.

O setor misto foi reconhecido em três principais regiões. Nesses locais acontece comércio, serviços e moradia ao mesmo tempo. São basicamente construções de dois a quatro pavimentos, com características residenciais.

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No setor institucional foram detectados três pequenos pontos, que apesar de pequenos atraem muitas pessoas para a região, por caracterizarem serviços específicos (Fig. 23).

Figura 23. Assembléia legislativa. Fonte: Acervo pessoal.

E por fim, no setor residencial foram identificadas as regiões de morro, de Jesus de Nazareth (Fig.24) e Praia do Suá (Fig.25). Com suas características físicas marcantes. São construções informais que ocupam os afloramentos rochosos do entorno da área de projeto.

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Figura 24. Jesus de Nazareth. Fonte: Acervo pessoal

Figura 25. Morro da Praia do Suá. Fonte: Acervo pessoal

4.2.3. Limites “Os limites são os elementos lineares não usados ou entendidos como vias pelo observador. São as fronteiras entre duas fases, quebras de

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continuidade lineares: praias, margens de rios, lagos e etc., cortes de ferrovias, espaços em construção, muros e paredes. São referenciais laterais, mais que eixos coordenados. Esses limites podem ser barreiras mais ou menos penetráveis que separam uma região de outra, mas também podem ser costuras, linhas das quais duas regiões se relacionam e se encontram. Ainda que possam não ser tão dominantes quanto o sistema viário,

para

muitos

esses

elementos

limítrofes

são

importantes

características organizacionais, sobretudo devido ao seu papel de confiar unidade e áreas diferentes, como no contorno de uma cidade por água ou parede” (LYNCH, 2006, p.52).

O mapa de limites foi elaborado com a finalidade de demonstrar visualmente onde são os limites da área de estudo. Os limites, segundo Kevin Lynch, são entendidos como elementos lineares que servem como barreira, ou fronteiras, dividindo duas regiões, quebrando a continuidade do espaço. Mas também, podem ser ao mesmo tempo elos entre regiões com características distintas, que nesse caso são entendidos como linhas, ao quais duas regiões diferentes se encontram. Baseados nesse conceito dois limites foram detectados: A praça do pedágio (Fig. 26) e a Baía (Fig. 27). O pedágio fornece uma ruptura no espaço, se passando por ele pode-se considerar em outro município, em Vila Velha. Além de ser uma contenção de fluxos em horário de pico, levando características prejudiciais a região. A Baía foi detectada como limite por ser uma barreira física de acesso da população.

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Mapa 16. Mapa de pontos nodais, limites e marcos visuais . Org. Autora. Fonte: Geobases. Sistema: SIRGAS_200_UTM_Zone_24S

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Figura 26. Praça do pedágio. Fonte: Acervo pessoal

Figura 27. Limite da baía de Vitória. Fonte: Acervo pessoal.

4.2.4. Pontos nodais

“Os pontos nodais são pontos, lugares estratégicos de uma cidade através dos quais o observador pode entrar, são os focos intensivos para os quais ou a partir dos quais ele se locomove. Podem ser basicamente junções, locais de interrupção do transporte, um cruzamento ou uma convergência de vias, momentos de passagem de uma estrutura a outra. Ou podem ser

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meras concentrações que adquirem importância por serem a condensação de algum uso ou de alguma característica física, como um ponto de encontro numa esquina ou uma praça fechada. Alguns desses pontos nodais, sem dúvida, têm a natureza tanto de conexões como de concentrações. O conceito de ponto nodal está ligado ao de via, uma vez que as conexões são, tipicamente, convergências de caminhos, fatos ao longo de um trajeto” (LYNCH, 2006, p. 52).

Os pontos nodais são considerados por Kevin Lynch como lugares estratégicos em uma região, são considerados focos para os quais as pessoas se dirigem e se aglomeram. Para tal finalidade três pontos foram detectados: o shopping Vitória, a praia da Curva da Jurema e a Praça do Papa. O shopping Vitória foi considerado ponto nodal por abrigar comércio, serviços e entretenimento, sendo dessa forma, alvo de pessoas durante toda a semana e principalmente nos fins de semana. A Curva da Jurema (Fig. 21) é destino de banhistas principalmente nos finais de semana, e durante o decorrer da semana, à noite, acontece eventos com música ao vivo que atrai pessoas. A Praça do Papa (Fig. 7), por ter caráter de praça cívica, passa boa parte do ano subutilizada. Entretanto, é um espaço referencial para shows e feiras de grande porte, onde seja necessário estruturas itinerantes para abrigar as atividades. Nesses períodos de uso a praça atrai muitas pessoas, principalmente por suas atividades serem normalmente abertas ao público.

4.2.5. Marcos visuais

“Os marcos são outro tipo de referência, mas, nesse caso, o observador não entra neles: são externos. Em geral, são um objeto físico definido de maneira muito simples: edifício, sinal, loja ou montanha. Seu uso implica a escolha de um elemento a partir de um conjunto de possibilidades. Alguns marcos são distantes, tipicamente vistos de muitos ângulos e distâncias, acima do ponto mais alto de elementos menores e usados como referências radiais. Podem estar dentro das cidades ou a uma distância tal que, para

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todos os fins práticos, simbolizam uma direção constante” (LYNCH, 2006, p. 52).

Em relação a área de estudo foram levantados 10 marcos visuais. Os marcos visuais são considerados referenciais externos para a população. Podem ser uma loja, sinal, edifício ou até mesmo relevos naturais. Qualquer elemento que possa servir de referencial espacial e de identidade. Em relação ao marcos visual levantados todos serão listados para melhor entendimento: 1. Curva da Jurema (Fig.21). 2. Monumento ao imigrante italiano (Fig.28). 3. Shopping Vitória (Fig.29). 4. Terceira Ponte (Fig.30). 5. Edifício Global Tower (Fig.31). 6. Praça do Papa (Fig.7). 7. Morro da Enseada do Suá (Fig.25). 8. Morro Jesus de Nazareth (Fig.32). 9. Morro do Mestre Álvaro através da Avenida Leitão da Silva (Fig.13). 10. Convento da Penha através da Reta da Penha (Fig. 12).

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Figura 28. Monumento ao imigrante italiano. Fonte: Acervo pessoal

Figura 29. Shopping Vit贸ria. Fonte: http://www.brshoppings.com.br/shoppings/265-shopping-vitoria.html

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Figura 30. Visual da Terceira Ponte. Fonte: Acervo pessoal

Figura 31. Edificio Global Tower. Fonte: Acervo pessoal

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Figura 32. Morro de Jesus de Nazareth. Fonte: Acervo pessoal

Esses elementos foram selecionados como principais marcos visuais da região, não excluindo a existência de outros, até porque cada indivíduo pode absorver e interpretar de maneira diferente os marcos visuais de cada lugar. Ao final da análise baseada nos conceitos de Kevin Lynch, a área de estudo foi reconhecida como uma região de intenso movimento, tanto de veículos como de pedestres. Esse fato se dá também por ser uma região central, convergente de fluxos. Seus espaços são muito bem definidos e reconhecidos por seus usos, retirando qualquer tipo de dúvidas sobre sua importância no contexto da cidade. A região possui grandes atrativos para a população em todos os quesitos, sendo considerada em sua maioria como uma região urbana consolidada. Além de ser considerado o novo centro econômico da capital. Através da construção do Novo Arrabalde as empresas privadas e órgãos públicos migraram para a região, trazendo consigo pessoas e investimentos. Toda a porção sul e leste da área de estudo são limitados por água, tendo a baía de Vitória como seu horizonte. Em relação a esse fator, é uma região de potencial 70


interesse construtivo e com o metro quadrado de valor elevado, além de ser uma região em constante modificação, por ainda possuir um número satisfatório de terrenos não ocupados. É importante lembrar que a paisagem urbana deve ser um conjunto de elementos, ações e pessoas pelos quais esperamos sentir prazer ao observar. Mas ressaltando que não somos meros observadores, e sim participantes ativos desse espaço, que se encontra em constante movimento, e este tem o poder de influenciar diretamente toda uma cidade.

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5. Obras e projetos sensoriais

Este capítulo tem por finalidade reunir repertório referente a produção artística e paisagística, que despertam os sentidos dos usuários. Buscando referências projetuais a partir de conceitos estruturados por artistas de reconhecimento internacional e produção relevante.

5.1. A obra de Lygia Clark

[...] O homem contemporâneo escapa às leis de gravitação espiritual. Ele aprende a flutuar na realidade cósmica como em sua própria realidade interior. Ele se sente tomado de vertigem. As muletas que o sustentam caem longe de seus braços. Ele se sente como uma criança que deve aprender a se equilibrar para sobreviver. A primeira experiência começa. (Clark , 1960, p.13)

Lygia Clark foi uma artista plástica inovadora para sua época, quebrou paradigmas, desconsiderou regras pré-estabelecidas, virou do avesso o mundo organizado em que se encontrava as artes plásticas no Brasil na década de 1950. A artista inicia seus trabalhos na pintura, utilizando formar geométricas marcantes no preto e branco. Nessa fase a artista retira moldura do quadro, o que foi considerado por muitos o início da aproximação entre obra de arte e espectador. A moldura é considerada pela artista como um recurso a ser usado quando o resultado da obra não tenha sido alcançado como esperado. Para ela a moldura incorpora um mérito que a obra em si não obteve sozinha. É nesse período que a artista cria as obras intituladas de "Superfícies modulares e contra relevos"

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5.1.1 Superfícies moduladas e contra relevos

Figura 33. Planos em Superfície Modulada. Série B n1, 1958. Fonte: http://www.concretosparalelos.com.br/?p=139

As Superfícies moduladas e os contra relevos são apenas o início do processo criativo ao qual Lygia Clark experimentou. Sua vivência almejava algo além do quadro, do espaço bidimensional que o artista tinha para se expressar. Foi então que a artista se desprende da função de pintar em telas, e projeta-se para o espaço tridimensional, adquirindo novas experiências no universo além das telas (SPERLING 2011). Nessa fase, a artista continua difundindo o conceito de abstrair o que é usual e propõe a reflexão sobre os costumes do ser humano. Em relação a essa postura, a própria artista reflete que: [...] O plano é um conceito criado pelo homem com fins práticos para satisfazer sua necessidade de equilíbrio. O quadrado, criação abstrata, é um produto do plano. O plano, marcado arbitrariamente falsa e racional de sua própria realidade. Daí surgem os conceitos antagônicos como o alto e o baixo, o avesso e o direito – contribuindo para destruir no homem o sentimento de totalidade (Clark , 1960, p.13).

Com a intenção não simplesmente de sair do plano, mas de tornar o espectador um participante ativo de sua obra, Lygia Clark afirma que a obra de arte deve exigir maior participação das pessoas, se possível que se tenha uma relação direta, de contato físico.

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A partir dessa busca pela relação direta entre participante-obra, Lygia Clark abandona o objeto como obra de arte sublime e dirige-se para o corpo do espectador,

que

agora

passa

a

ter

participação

na

linguagem

artística

(WANDERLEY, 2012). É nesse momento que a artista cria os chamados "Bichos"

5.1.2. Os Bichos

Os Bichos são construídos a partir da união de planos geométricos que se articulam por meio de dobradiças e necessitam da coparticipação do espectador. A cooperação das pessoas vem do ato de movimentar a obra através das articulações, podendo cada participante desenvolver um Bicho diferente. Em função das atitudes de cada pessoa, a obra produz inúmeras possibilidades plásticas, esculturas das mais variadas, surpreendendo de todas as formas, esgotando a curiosidade antes mesmo de se mostrar por completa, tornando-se estruturas mágicas, geradoras de esculturas (GULLAR,1958).

Figura 34. Um dos Bichos de Lygia Clark. Fonte: http://entretenimento.uol.com.br/ultnot/afp/2010/03/17/obras-de-lygia-clark-e-helio-oiticica-no-primeiro-leilao-de-obrasde-arte-dos-bric.jhtm

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A obra artística, para Lygia Clark deve ser uma proposição e não uma proposta. Pois, “[...] uma obra que só se concretiza com a participação do espectador na proposta desloca a autoria para fora dela” (CARNEIRO, 2004, p. 46). A artista chama o espectador a obter uma participação mais ativa, inclusive na criação, no observar a obra por completo, no desabrochar da mesma. Para Gullar (2012), na obra de Lygia Clark, o sujeito não tem mais a função enclausurada de espectador, com passividade e função puramente contemplativa, pelo contrário, Lygia Clark estabelece uma nova relação sujeito-obra, tornando o espectador co-criador.

Nos Bichos,Lygia Clark ainda não tinha alcançado a plenitude de sua obra e a intenção de envolver o espectador mais do que visualmente.

Os sentidos e a

entrega do espectador para a obra eram fatores consideráveis de extrema importância. Foi quando em 1964 Lygia Clark propusera ‘Caminhando’ (Gullar, 1958).

5.1.3. Caminhando

Segundo Lygia Clark (apud GULLAR, 1958) ‘Caminhando’(Fig.34) consiste em recortar uma tira de papel de forma contínua a partir do seu comprimento, posteriormente cortando a direita ou esquerda do corte já feito. O fator decisivo nessa obra é a escolha que o participante possui, e o sentido dessa obra é o ato de fazê-la. Desse modo, ‘a obra é o seu ato’, explica a artista --." À medida que se corta a faixa ela se afina e se desdobra em entrelaçamentos. No fim o caminho é tão estreito que não se pode mais abri-lo. É o fim do atalho” (CLARK, apud GULLAR, 1958, p. 26). A arte nesse caso é o ato de fazer o Caminhando. Lygia Clark entende que cada objeto gerado desse ato é único, pois se funde técnica, materiais e memória afetiva, fazendo com que o objeto surja a partir dos participantes, não mais dela. A artista é apenas uma propositora que gerou um conceito para agora ser executado por outros. “[...] A estrutura não era minha; a obra não era minha, a autoria não era minha, só o conceito era meu; a participação, que era o ato de criatividade foi dada ao outro” (CLARK, apud CARNEIRO, 2004, p. 46). 76


Figura 35. Sequência de fotos do ‘caminhando’. Fonte: http://lespaced.blogspot.com.br/2012/12/caminhando-ode-ao-processo-lygia-clark.html.

A obra caminhando de Lygia Clark alcança os mais íntimos sentimentos dos participantes, é uma obra que chega próximo ao impossível de se ter outra igual. O participante passa a ser o criador nesse momento. O sentimento de apropriação, zelo e orgulho se misturam em uma fusão de sensibilidade. .

5.1.5. A casa é o corpo

Havendo incorporação dos conceitos da sensorialidade, em 1968 Lygia Clark dedica-se totalmente à exploração sensorial e desenvolve a obra chamada de A casa é o Corpo. A Casa e o Corpo é uma espécie de labirinto, uma instalação que permite a passagem das pessoas por seu interior, simulando um grande útero com oito metros de altura. O participante, ao penetrar o útero é levado a ter a vivência de um parto, pois é induzido a experimentar as sensações táteis ao passar por compartimentos denominados como ‘penetração’, ‘ovulação’, ‘germinação’ e por fim 77


‘expulsão’ do ser vivo. Na obra o homem é transformado em um organismo vivo. Os conceitos são invertidos de casa e corpo. Neste momento "o corpo é a casa" (MARI, 2009). Lygia Clark descreve de maneira minuciosa o percurso do labirinto: [...] Ao penetrar no labirinto o visitante afasta os elásticos da entrada, sentindo um rompimento semelhante ao de um hímen complacente e tendo acesso assim ao primeiro compartimento, chamado ‘penetração’. Nesta cabine a pessoa pia numa lona estendida pouco acima do chão e perde o equilíbrio: no escuro ela apalpa as paredes que cedem, da mesma forma que o chão. Prosseguindo o caminho através do tato, encontrará uma passagem semelhante à da entrada e a pessoa chega na ‘ovulação, espaço igual ao anterior, cheio de balões. Ao prosseguir, o visitante alcança o amplo espaço central, onde se é possível ver e ser visto do exterior. Neste local há uma imensa boca através da qual a pessoa entra na ‘geminação’, ali tomando as posições que lhe convier. De volta ao túnel, continuando o passeio, penetra no compartimento da ‘expulsão’, que além das bolinhas macias de vinil espalhadas pelo chão, possui uma floresta de pelos pendentes do teto. Estes pelos começam muito finos e se tornam gradativamente bastante grossos, e o visitante vai abrindo, caminhando no escuro, em meio a massa peluda, de contexturas diferentes. Após uma curva a pessoa encontra um cilindro giratório. Através da manipulação o cilindro gira e ela se vê diante de um espelho deformante todo iluminado. É o fim do labirinto (CLARK, Funarte, p. 33).

Figura 36. Exposição A casa é o corpo. Lygia Clark. Fonte: http://multissenso.blogspot.com.br/2009/11/lygia-clark-casa-e-o-corpo-labirinto.html

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A obra a casa é o corpo é a materialização do retorno ao útero, do retorno às raízes e ao próprio eu. Através dessa obra a artista estimula a criatividade e a sensorialidade do participante. O estimula a sentir novamente sensações semelhantes a de um útero, induzindo o participante a tocar, a sentir e até perder o equilíbrio, como fizera de verdade em tempos embrionários. Lygia Clark propõe aos participantes sensações que nunca poderão ter novamente em situação fidedigna, mas demonstra que na verdade a essência da sensorialidade está em cada um, somente esperando ser explorada.

5.2.A obra de Hélio Oiticica

Hélio Oiticica foi um artista plástico considerado revolucionário para a sua época e seus trabalhos foram de forma experimental durante toda a sua vida. O artista rompe o conceito de arte e suas obras passam a serem proposições, com a intenção de aproximar o artista, a obra de arte e o espectador. Seu trabalho retira a posição somente de contemplação que o espectador tem e o insere no contexto, fazendo com que as pessoas passem por experiências sensórias, através do toque, do cheiro e transitem pelo ato de vivenciar a arte ao invés de somente contemplar. Hélio conhece a favela da Mangueira e o local se torna seu novo habitat. O artista começa a aprender a dançar samba, chegando até a desfilar pela Mangueira na ala Vê se entende. Essa experiência marcou profundamente o artista, toda sua vida e obra depois desse episódio sofreram mudanças. A descoberta do samba, do ritmo, da sociedade não burguesa, da marginalidade, de uma comunidade com características singulares, sendo principalmente menos individualista e mais anônima, e a descoberta da arquitetura, constatando que é possível uma nova forma de construir, com materiais precários, efêmeros e instáveis. O artista desenvolve uma paixão pela favela que é manifestada em suas criações, e a primeira delas foi a intitulada pelo próprio autor de "Parangolés" (JACQUES, 2001). Helio Oiticica reconhece o desprendimento das regras burguesas em que era submetido. Foi durante a iniciação do samba que o artista transcendeu a experiência visual para a tátil. Para o uso pleno das possibilidades que os materiais e os corpos 79


poderiam lhe oferecer. O artista se distancia da aristocracia visual e se aproxima da sensorialidade da favela (PEDROSA apud JACQUES, 2001). Segundo Souza (2012), sua arte tem caráter de vanguarda. Para ele, Hélio questiona seu lugar na arte do mundo, não se denominando mais artista, e sim um ‘inventor’, ou um ‘propositor’ que cria dispositivos geradores de criatividade a partir dos participantes.

5.2.1. Os Parangolés

Os Parangolés eram capas, tendas e estandartes, que incorporaram três influências da favela sobre Hélio: A influência do samba, da ideia de coletividade anônima, e a arquitetura das favelas. A influência do samba se deu pelo fato de que o participante deveria vestir as capas, usando-as e de preferência dançando com elas. A influência da ideia de coletividade, explica-se pela incorporação da comunidade da Mangueira com os Parangolés. Neles o morador deixava de ser espectador e virara participante. A influência da arquitetura das favelas se dá no ato de vestir a capa, que é interpretado como abrigo, de forma mínima e efêmera, como as casas. O corpo do participante não era o suporte da obra, e sim a Incorporação do corpo na obra e da obra no corpo (JACQUES, 2001). O grande diferencial dos Parangolés é a mudança enérgica em que ocorre nas artes plásticas. Antes eram definidas em objetos e agora se trata de uma proposição que necessita ser vivenciada pelo corpo. Nesse caso a obra não existe sem o participante, os dois se tornam um, resultando a partir da experiência vivencial de cada indivíduo. O maior objetivo dos Parangolés é atribuir ao público o privilégio de ser participante ativo na criação da obra (MATESCO, 1998).

80


Figura 37. Parangolé. p. 9, Capa 15. Fonte: FAVARETTO (2000)

O que mais fascinava Hélio Oiticica era o caráter efêmero e temporal do movimento da dança, a continua transformação, como acontecia na arquitetura da favela. No parangolé. Nesse momento o espectador é mais do que participante, se tornando parte da obra. A noção de autor da obra também é questionada, porque o participante se torna coautor no momento em que veste a capa. Além disso Hélio Oiticica propõe que fossem dados materiais aos participantes para que pudessem produzir suas próprias capas, desfigurando ainda mais a idéia de autor único, tornando-a inacabada e aberta, dependendo somente da participação e criatividade do próximo. Neste sentido, Souza (2012) afirma que Hélio Oiticica recusa o comércio de arte criado pelas galerias, e pelos museus e busca a aproximação das artes plásticas para o público em geral, das ruas, dos parques e das favelas. Dessa forma, Hélio Oiticica reafirma o espaço público como integrador social, resgatando as pessoas para a vivência ao ar livre, e busca através disso o sucesso tanto de suas obras de arte como o de cidades mais vivas e movimentadas.

5.2.2. Labirintos e penetráveis

O que se pode notar nos discursos sobre favelas é comum à aparição do termo 81


labirinto, este que pretende caracterizar as vielas e becos existentes. Oiticica se interessa pelos labirintos e consequentemente pela arquitetura através de sua vivência na Mangueira. Ele não trata mais na escala do abrigo, como os Parangolés, mas do conjunto de abrigos, dos espaços que surgem entre eles. Um espaço labiríntico por essência, visto o emaranhado de possibilidades de locomoção e ainda sem qualquer sinalização ou orientação, sem placas, nomes ou números, fazendo com que qualquer pessoa que seja de fora dessa realidade se perca, sendo necessário o auxílio de um morador para se orientar (JACQUES, 2001). Os labirintos também são uma crítica ao excesso de racionalismo em que se encontrava a arquitetura moderna, e dessa forma destruía as manifestações regionais de cultura. É com esse conceito em mente Hélio Oiticica se apropria dessa característica da favela para produzir os chamados Labirintos. A partir de 1960, os trabalhos desenvolvidos pelo artista e denominados como Labirintos são os primeiros Penetráveis. São objetos compostos por materiais simples como tábuas de madeira pintadas, suspensas por fio de nylon, que quando tocam o solo formam paredes. É quando Hélio Oiticica destitui-se da pintura e parte para a escultura, como os Relevos Espaciais e Núcleos e por fim os Penetráveis. Souza descreve um dos Labirintos de Hélio Oiticica: [...] É um labirinto composto de dois Penetráveis, PN2 (1966) Pureza é um Mito e PN3 (1966-1967) Imagético, em que o participante caminha sobre areia, brita, encontra plantas como comigo-ninguém-pode e guiné. Por entre as folhagens, depara-se com poemas, araras, sente o cheiro forte da terra, das raízes e, no fim do labirinto, um aparelho de TV ligado no escuro. [...] Ao misturar o tropical primitivo, mágico e popular com o tecnológico das mensagens

e

imagem

apresentadas,

Hélio

Oiticica

proporciona

experiências visuais, tácteis, sonoras e, com ludismo, convida para a efetivação da criação através da participação. A deglutição dos sentidos e a devoração

pelos

sentidos,

criados

e

produzidos

no

evento

acontecimento Tropicália, são propostas por Hélio, como possibilidade de transmutação da subjetividade dos participantes, ora criadores de significados, ora invadidos por eles.Souza, 2012, p.7)

82


Figura 38. Tropicália PN2 "A pureza é um mito" e PN3 "Imagético. Fonte: http://www.heliooiticica.org.br/obras/obras.php?idcategoria=4

As obras de Hélio Oiticica, que antes o espectador já podia entrar e tocar, agora também podia manipulare escolher seu próprio percurso. O artista vai além e incorpora o solo e o teto dos penetráveis, faz uso de placas giratórias, portas rodantes, onde o participante pode mover, modificando da maneira que desejar (Jacques, 2012). Hélio Oiticica descreve outro de seus labirintos: Nos primeiros penetráveis o caráter de labirinto parece claro: a cor se desenvolver em uma estrutura polimorfa de placas que se sucedem no espaço e no tempo formando labirintos. Já nos posteriores o caráter móvel é que dá o sentido labiríntico do Penetrável: São os de placas rodantes. Aqui o labirinto como labirinto mesmo já não aparece; é apenas virtual [...] São como se fossem afrescos móveis, na escala humana, mas, o mais importante, Penetráveis. A estrutura da obra só é percebida após o complexo desvendamento móvel de todas as suas partes, ocultas umas às outras, sendo impossível vê-las simultaneamente (Oiticica, apud JACQUES, 2001, p.71).

Embora tratado como o espaço do bêbado, o labirinto de Hélio Oiticica é demasiadamente pensado e projetado, fugindo de sua proposta inicial de organicidade,

imprevisão

e

descoberta,

o

artista

almejava

uma

"desintelectualização", um desejo sobre as coisas espontâneas, improvisadas e uma necessidade por liberdade, uma procura por experiências menos formalistas, menos 83


conceituadas. Seguindo tais necessidades o artista propõe outra obra, o Núcleo Improviso.Como seu próprio nome diz: Uma improvisação. Hélio Oiticica discorre ainda sobre uma espécie de ‘receita’ para adentrar e sair de um labirinto: " [...]Para desatar a complexidade do percurso, é necessária uma ausência de objetivo. É a vontade de sair do labirinto que faz a pessoa se perder. O estado labiríntico é o estado de quem vaga, um estado errático. O percursoao contrário do que ocorre em um intinerário já planejado – impõe a disponibilidade para vagar”( OITICICA, apud JACQUES, 2012, p.86)

Os novos labirintos, a partir daí eram propostas mais livres, abertas, incitavam situações inusitadas. O artista passa a criar espaços inacabados para que os participantes interferissem de maneiras diversas, de acordo com a experiência de cada um.

5.2.3. Tropicália

Na busca por espaços mais complexos e de maior interação com o espectador, em 1967 Hélio Oiticica expõe pela primeira vez a obra a qual intitulou de Tropicália, no MAM do Rio, na exposição Nova Subjetividade. Paola Berenstein Jacques descreve a tropicália: [...]A tropicália é um ambiente originado através de dois penetráveis- A pureza é um mito e Imagética “[...] dispostos num cenário tropical, com plantas e araras; no chão caminhos de areia, de cascalho ou de terra, que meio-escondem poemas objetos (de Roberta Oiticica). O primeiro penetrável é muito mais simples: uma cabine em madeira, com uma inscrição no interior – ‘A pureza é um mito’. O sentido é evidente: toda a fase purista de seu trabalho de artista neoconcreto se desmancha depois da descoberta da favela, da vida dos morros, onde a ‘pureza formal’ efetivamente inexistente. O segundo penetrável é bem mais complexo: trata-se de um verdadeiro labirinto no interior de uma estrutura de madeira, tecidos,

tela

e

outros

materiais

precários,

com

apenas

uma

entrada/saída.Na extremidade do percurso, encontra-se uma televisão permanentemente ligada que justifica o título da obra Imagética (JACQUES, 2012, p. 75)

84


Figura 39. Tropicália. Hélio Oiticica.

Tropicália5 é um mix das sensações captadas por Hélio Oiticica no período em que frequentou a Mangueira, e isso nunca foi escondido por ele. Passando pela alusão direta a ambiência dos becos da favela e os materiais escolhidos, é construído basicamente de um improviso, porque não houve projeto que antecedeu a construção do mesmo. A tropicália proporciona múltiplas experiências relativas à imagem, ao toque, com elementos a serem manipulados, também na visual, pela escolha dos materiais diversos e coloridos. O percurso que é dado pelo barulho gerado que convida a penetrar cada vez mais. No fim a escuridão absoluta e um aparelho de televisão ligada, absorve o olhar e a atenção do participante.

5

O termo Tropicalismo, originado de seu trabalho foi difundido como um movimento artístico nacional,

onde o foco principal é “[...] Na tentativa consciente, objetiva, de impor uma imagem obviamente ‘brasileira’ ao contexto atual da vanguarda e das manifestações em geral da arte nacional [...]“(FAVARRETO, BRETT, 2000, p.137).E a intenção de confrontar com os grandes movimentos artísticos mundiais, em uma busca incessante por uma estética essencialmente brasileira.(Portal UERJ, Faculdade de Educação da baixada Fluminense, acessado em: Abril de 2013).

85


Os Parangolés e a tropicália são oriundos da mesma inspiração, e mudam somente de escala. Os Parangolés representam o abrigo ao corpo, e a Tropicália a favela inteira.

5.3.A obra de Anish Kapoor

Anish Kapoor, artista plástico de origem indiana, é conhecido internacionalmente, e considerado um dos mais influentes em relação a escultura de sua geração Em seus primeiros trabalhos Anish Kapoor explora a tridimensionalidade, utilizando artifícios para aguçar a ilusão de ótica nas superfícies. Como técnica utiliza efeitos de pintura cobrindo formas, com materiais leves, como cones, meias esferas, e formas piramidais ou paralelepípedos, com pigmentos nas cores primárias, além do branco. O uso das cores primárias é referencial de pintura, assim como a utilização dos pigmentos, que questionam a tridimensionalidade.6 A tendência de seu trabalho se alterou no final da década de 1980, quando começa a explorar materiais pelo seu peso, reflexibilidade e volumes, criando esculturas com superfícies convexas e côncavas. O artista alcança resultados através da origem de pequenos vazios ou enchimentos e cortes geométricos. Ele cria objetos grandes, trabalhados de forma abstrata, orgânica e geometrizada. Algumas peças o artista optou por polir suas faces, outras ele as mantém cruas, ainda sem acabamento. (kapoor, 2013, s/n) As obras de Anish Kapoor despertam por vocação os sentidos dos espectadores. Podendo ser em forma de blocos de pedra, com pigmentos ou polidos, com formas distorcidas e reflexivas, através do uso de cores realçadas ou de grandes estruturas, o que importa é que "[...] As suas esculturas evocam o sublime e provocam uma resposta intensa, tanto espiritual como física [...]" (KAPOOR, 2013, S/N). Alguma de suas obras tem o efeito de desorientar o visitante, levando o observador a se questionar se trata de uma peça bi ou tridimensional. Essa sensação é prevista e

6

. Fonte: http://www.royalacademy.org.uk/

86


desejada pelo artista, que considera a desorientação um fator importante, porque com ela o observador desacelere e observe com mais atenção sua obra.7 O trabalho do artista baseia-se na relação das formas com luz e sombra, volume, material e textura. As suas criações não opõem-se umas as outras, ao contrário disso, elas se completam, são pares que se unem novamente. Para isso o artista usa conceitos como tudo e nada, vácuo e plenitude, originando suas obras através do uso da aparência e forma. Entende-se que assim surgem suas obras, criam-se vidas. A seguir descreveremos suas obras mais importantes:

5.3.1. Leviatã

Segundo Anita Hackethal (2011),Leviatã foi uma obra comissionada pelo Ministério Francês de Cultura e Comunicação. Todo ano o Ministério convida um artista renomado, com a intenção de criar uma obra que correspondente ao espaço excepcional do Grand Palais. No ano de 2011 Anish kapoor foi selecionado. O artista criou uma instalação temporária no interior do edifício, no salão localizado sob a cúpula de vidro. O salão corresponde a um espaço com 13.500 m², o que se configurou em um desafio para o artista, em razão da cúpula de vidro e da permeabilidade lumínica. [...] "É um edifício de escala extraordinária. A dificuldade do espaço é a sua escala - quando você está dentro e fechado, é quase maior do que estar do lado de fora! De alguma forma se tem que lidar com este volume, que é tanto horizontal e vertical. A verticalidade é o problema, e a luz é o que faz a verticalidade um desafio "(Kapoor apud Hackethal, 2011, s/n)

.A

obra Leviatã (Fig.42) consiste em um balão com quatro câmaras, em que o

participante pode entrar (Fig. 43) através de uma porta giratória. Sua estrutura é composta por um membrana na cor roxa por fora (fig.44) e banhado de vermelho por dentro. O artista passou por algumas dificuldades técnicas para execução da obra com precisão. Ele não previa a escala magnífica (Fig. 45) que a obra tomou até estar 7

Fonte: http://www.britishcouncil.org/br/brasil-arts-visual-electronic-arts-kapoor-bio.htm

87


pronta. A obra de Anish kapoor enaltece não a permanência e eternidade, mas o efêmero, o instante. O artista descreve sua obra da seguinte maneira:

"[...] é um objeto único, uma única forma, uma única cor. Densa. Vermelho nos lembra as cores que vemos em nossos olhos à noite - instável e monocromático - vermelho cria muito mais sombras sombrias, psicologicamente e fisicamente " (Kapoor apud Hackethal, 2011).

Figura 39. 'Leviatã' por AnishKapoor . Visão interna. Fonte: http://www.designboom.com/art/anish-kapoor-monumenta-2011-leviathan/

Figura 40. 'Leviatã' por AnishKapoor . Participantes no interior. Fonte: http://www.designboom.com/art/anish-kapoor-monumenta-2011-leviathan/

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Figura 41. - 'Leviatã' por AnishKapoor . Visto por fora. Fonte: http://www.designboom.com/art/anish-kapoor-monumenta-2011-leviathan/

Figura 42. 'Leviatã' por AnishKapoor . Escala. Fonte: http://www.designboom.com/art/anish-kapoor-monumenta-2011-leviathan/

5.3.2. Untitled

A obra Untitled, que em tradução significa "sem título" é uma obra criada por Anish Kapoor em 2010. Untitled é um grande disco côncavo, com 12 metros de diâmetro, com sua face côncava composta por milhares de pequenos espelhos hexagonais, com menos de uma polegada cada (Fig.46). Essa superfície estilhaçada e brilhante 89


reflete luz e imagem em todas as direções. Quando o espectador se aproxima, a imagem dança em sua frente, percebe-se um vulto, mas sem nitidez. Anish Kapoor se diverte com o sentimento de vaidade das pessoas, com a ilusão que a obra gera e a sensação de infinito. A obra em si não é só esteticamente interessante, o som também é reverberado dentro da superfície côncava. De pé, diante da obra, o espectador pode falar e ouvir sua própria voz ecoando, envolvendo-o. Isso faz com que o espectador se sinta seduzido mais do que visualmente. É uma alusão a Narciso, que se apaixonou pelo seu próprio reflexo e eco. Com isso, Anish Kapoor tenta unir artista e espectadores, na procura de seus egos. A superfície apenas reflete um "eu imaginário", tornando a aparência mera composição do ser (SELZ, 2011, S/N).

Figura43. Untitled Fonte: ww.alchemy-of-art.com/blog/2011/01/anish-kapoor-as-yet-untitled-echo-narcissus-at-the-met.html

5.3.3. Turningthe world down

A terceira obra,Turningthe World Upside Down, que na tradução para o português significa:Transformando o mundo de cabeça para baixo, é na realidade uma série de quatro obras feitas por Anish Kapoor para os Parques Reais e da Galeria Serpentine, em Londres. Construídas em aço inoxidável altamente reflexivo, a função dessas obras é ter porte gigantesco com superfícies espelhadas curvas, 90


criando distorções ilusórias do seu entorno. São visíveis a longa distâncias, criando novas perspectivas. Consistem basicamente do reflexo puro de seu entorno, seja o céu, as árvores, a mudança de estações, o clima, a água, os animais e inclusive as pessoas (CHIN, 2010). A primeira da série é a Red, (Fig.47) é uma escultura circular, em aço vermelho, e é extremamente ousado. Sua estrutura parece flutuar sobre a superfície da lagoa. Independente do ângulo de visualização o espelho não mostra nada além do céu, em um vermelho escuro, profundo, quase que grotesco, de tão intenso (DESIGNTOPNEWS, 2013, S/N).

Figura 44. Sky Mirror – Red. Fonte: http://www.serpentinegallery.org/2010/09/anish_kapoorturning_the_world_2.html

A segunda é a Speyer, em forma de trompete virado para o chão, como uma agulha virada para cima. O espectador tem possibilidade de ver sua imagem refletida nessa obra, bem como das centenas de câmeras que são voltadas em sua direção todo instante(Fig.46).

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Figura 45. Speyer. Fonte: http://www.serpentinegallery.org/2010/09/anish_kapoorturning_the_world_2.html.

A terceira é C-Curve, que é um tanto quanto mais elegante que a Speyer, consiste em refletir o parque e a vivência a com uma forma que alcança 360 graus, captando toda estrutura ao seu redor, como folhas de árvores, natureza e pessoas, com belas deformações alongadas. Seu formato permite uma reflexão que causa um efeito sanduíche, abraçando o céu e a natureza. Sua parte interna reflete a imagem de cabeça para baixo, intrigando ainda mais o espectador (Fig. 49).A quarta é o Sky Mirror, semelhante ao Red Sky, é um espelho virado para o céu, também de aço inoxidável. Sua função é refletir o céu, puramente como está

(Fig.50)

(DESIGNTOPNEWS, 2013 S/N)

Figura 46. C-Curve. Fonte: http://photo.jkscatena.com/2010/10/26/anish-kapoor-kensington-gardens-c-curve-2/

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Figura 47. Sky Mirror. Fonte: http://www.serpentinegallery.org/2010/09/anish_kapoorturning_the_world_2.html.

A obra de Anish Kapoor é de extrema importância. Sua série de esculturas procuram atingir um público amplo, e tem por objetivo fortalecer as relações entre o urbano e o natural. As obras chamam o público a usar os espaços públicos e conviver socialmente. Essa ligação é importante e muita das vezes se perde em ambientes urbanos de alta densidade.

5.3.4. Talltree e Cloud Gate

Seguindo essa tendência reflexiva, Anish Kapoor cria mais duas obras com o mesmo conceito, o TallTree (Fig.51) no pátio da Royal Academy of Arts, em Piccadilly e o Cloud Gate (Fig.52) no Millenium Park em Chicago. Segundo Vanessa Thorpe (2009), O Tal Tree é uma estrutura de aço, com um arranjo de 76 esferas brilhantes e reflexivas, com uma altura que chega ao nível dos edifícios circundantes do Palácio. E inspirado nas palavras do poeta alemão Rainer Maria Rilke, Anish Kapoor reflete sobre sua obra dizendo:

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"[...]É um conjunto de imagens que eu sempre amei em seus Sonetos a Orfeu, e este trabalho é, de certa forma, uma espécie de olho que está refletindo imagens sem parar [...]" (Kapoor apud Thorpe, 2009).

Com 15 metros de altura, TallTree apresenta uma singela leveza quando visto do solo, além disso direciona o olhar do espectador a subir sempre, até chegar no céu (THORPE, 2009). O próprio artista se encanta com o resultado final da obra, com os espaços vazios que puderam surgir entre as esferas, e suas reflexões infinitas, aludindo a um fractal. Anish Kapoor diz que a forma lembra ao DNA, entretanto esclarece que não foi essa sua referência (THORPE, 2009).

Figura 48. TallTree. Fonte: http://trippycolours.blogspot.com.br/2011/06/tall-tree-and-eye.html.

O Cloud Gate8 É a obra de arte que ganhou um apelido carinhosos pelo público, chamado de 'The Bean', o Feijão, como é conhecido, pesa 110 toneladas, e foi 8

O Cloud Gate é a maior escultura do mundo em relação a essa característica reflexiva, com 66 pés

de comprimento por 33 de altura, cerca de 20 x 10 metros (CHICAGO OF CITY, 2013, S/N).

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forjado com placas de aço inoxidável extremamente polido. Sua principal função é refletir o horizonte de Chicago, o céu, as nuvens e as pessoas. Em forma de um feijão, daí vem seu apelido, apoiado no pátio, a parte de baixo forma um arco, com 12 pés de altura, proporcionando uma espécie de 'porta' para a região côncava sob a escultura.A obra convida o espectador a tocá-la e observar sua imagem refletida em sua superfície. A inspiração para essa obra veio através do mercúrio liquido.

Figura 49. CloudGate , Millennium Park, em aço inoxidável Chicago. Fonte: http://samizdatblog.blogspot.com.br/2010/05/democratic-consumption-servile.html

'O Feijão' desempenha um papel importante utilizando truques com a luz e o céu. É em escala extravasada,dando-lhe imponência e importância. É elegante, moderno, e se estrutura equilibrado sobre suas extremidades. Além disso, a interação proporcionada por sua face reflexiva é enobrecedor. O espectador mesmo que não queira, interage com a obra só de se aproximar. Quando foi inaugurada, em 2004, foi ridicularizado pelo público, que o criticavam mesmo antes de ir conferir a obra. Mas logo essa má impressão passou e os americanos amam a obra. Multidões de turistas e admiradores são atraídos todos os dias para apreciar o Feijão.Hoje ele é abraçado pela população local como um novo símbolo de Chicago.

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5.4. A obra de Roberto Burle Marx

[...] "Um jardim faz-se de luz e sons - as plantas são coadjuvantes. " (MARX, 1980) Roberto Burle Marx fez muitas obras de jardins públicos e particulares segundo os pensamentos do movimento modernista, porém a grande inovação do paisagista foi associar estilo modernista ao tropicalismo brasileiro. Dentro dessa idéia o artista valorizou como ninguém a flora nativa, e procurou criar composições que dialogassem com a paisagem do entorno. Nesse momento seus trabalhos começaram a modificar o cenário paisagístico brasileiro, que era basicamente composto por plantas exóticas vindas da forte influência europeia. Dessa forma, suas obras são consideradas únicas e foi o que inevitavelmente alavancou sua carreira no quadro nacional e internacional (COSTA, 1949). Os seus jardins tinham como essência principal a reinterpretação do ecossistema local através da concepção paisagística e vegetação utilizada. Sendo assim o artista soube como nenhum outro validar os aspectos mais interessantes de cada planta. Assim como fez nos jardins públicos de Recife, esses que foram considerados décadas mais tarde como “[...] os primeiros Jardins ecológicos realizados no país” (SIQUEIRA, 2001, p. 117). Precisamente foram apenas os primeiros de uma coleção em que o artista propusera uma espécie de releitura, retratando de forma esteticamente favorável o paisagismo preexistente. Roberto Burle Marx tinha várias profissões, entre uma delas a de pintor, portanto é notório que no artista prevalecia de forma indissociável o pintor e o paisagista. A sua condição de pintor o ajudava a utilizar de vanguarda na concepção de seus jardins,que pareciam enormes telas, e de fato Burle Marx pintava com as plantas, adotando a mesma técnica da pintura no paisagismo o artista fazia manchas com a vegetação concebendo de forma estética singular moderna jardins plasticamente impecáveis (CAVALCANTI, 2009). Jardim suspenso do ministério da educação e da saúde. No período que compreende entre o final da década de 1930 e início da de 1940 foi marcada pela inserção definitiva do artista na arquitetura modernista. Nessa 96


épocaque elabora seu projeto para o jardim suspenso do Ministério da Educação e da Saúde (Fig.54)no Rio de Janeiro. O projeto consiste em uma lâmina, suspensa por pilares que permite ao público atravessar o terreno com maior permeabilidade, tanto visual como espacial. As linhas sinuosas são elementos importantes para o modernismo brasileiro, e é nesse projeto que elas aparecem de forma experimental, nos móveis, divisórias, tapetes, murais e jardim. As plantas são espalhadas como manchas sobre a superfície, com formas orgânicas harmoniosas e compostas por vegetação nativa.

Figura 50. Terraço jardim projetado por Roberto Burle Marx. Fonte: http://blog.gravitons-editions.com/br/2011/05/roberto-burle-marx/

No mesmo ano o artista é convidado a projetar os jardins do complexo da Pampulha (Fig.55), localizado na capital mineira, Belo Horizonte, em parceria com Oscar Niemeyer. Nos anos seguintes sua obra só se fez multiplicar, nas mais diversas variações paisagisticas, como prédios públicos, parques, residenciais, e grandes áreas urbanas de variadas cidades brasileiras e vários países do mundo (SIQUEIRA, 2001).

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. Figura 51. Jardim da Pampulha. Belo Horizonte. Fonte: http://www.bhaz.com.br/comeca-nesta-segunda-feira-a-restauracao-dos-jardins-de-burle-marx-na-pampulha/

O artista, além de fazer uso adequado da vegetação, explora a topografia natural do terreno e completa a composição com elementos da natureza, como pedras e cascalhos. O artista as organiza plasticamente na paisagem como se estivesse compondo uma tela, com pincéis e tintas. Porém, deve ser reconhecido que nada desse belo trabalho seria possível sem o conhecimento apurado em botânica, pois alguns recursos como o solo, o porte das plantas com seus volumes, texturas e cheiros, e o clima, devem ser conhecidos minuciosamente pois interferem diretamente na paisagem. (CAVALCANTI, 2009)

Roberto Burle Marx tinha total consciência da importância de seu trabalho não só esteticamente, mas o de mudar a realidade das pessoas que permeiam sua obra. Sobre seus jardins o artista apontava que o paisagismo é fruto de "[...]uma necessidade estética que não é luxo nem desperdício, mas necessidade absoluta da vida humana [...]" (MARX, apud CAVALCANTI, 2009, p. 56).

5.4.1. Os jardins públicos de Burle Marx

Em relação aos projetos públicos, Roberto Burle Marx realizou um excelente e árduo trabalho. Como os espaços eram muito grandes e a liberdade de escolha também, o artista pode então expressar toda sua arte. O Aterro do Flamengo (Fig.56), por 98


exemplo, é uma de suas mais bem sucedidas composições. O artista cria uma grande moldura verde para a paisagem da baía de Guanabara, privilegiando a visual de quem por ali tem o prazer de passar. O espaço também oferece refúgios para os pedestres através de caminhos alternativos.

Figura 52. Aterro do Flamengo - Rio e Janeiro, Fonte: http://www.riofilmcommission.rj.gov.br/location/aterro-do-flamengo

No exterior, em uma das oportunidades que Roberto Burle Marx teve foi a de projetar em Caracas o Parque Del Este (Fig.57). O parque foi considerado uma intervenção monumental para o paisagismo local, proporcionando um local de aconchego para a população residente. O Parque Del Este é basicamente composto por três espaços: o primeiro é um campo aberto de grama, formando uma paisagem fluída e sutilmente ondulada, onde é utilizada para fazer piqueniques e jogos. O segundo consiste em uma floresta densa, recortada por caminhos sinuosos, utilizada essencialmente por pedestres com o objetivo de passear. O terceiro é composto por vários pisos diferenciados, murais com azulejos e obras com utilização de água. Em todos esses espaços o usuário se depara com tamanha riqueza em relação a flora tipicamente tropical, com uma imensa variedade de locais que propiciam programas de lazer (BERRIZBEITIA, 2005).

99


Figura 53. Parque Del Este. Caracas. Fonte: http://www.udel.edu/LAS/Vol6-1Berrizbeitia.html

O trabalho de Roberto Burle Marx não é somente a preocupação com a disposição das plantas no terreno, é mais complexo que isso, de tal forma que a organização do espaço, as circulações, o programa, o direcionamento de todas essas atividades dependendo da escala, são aspectos únicos para a composição de uma boa paisagem, e se tornando ao mesmo tempo uma junção de espaço cultural, ecológico e social. Em 1949 Roberto Burle Marx adquire o Sítio Santo Antônio de Bica (Fig.58), localizado na Barra de Guaratiba, Município de Campo Grande, Rio de Janeiro. O Sítio é para o artista a materialização de um sonho que se tornou uma necessidade, devido ao crescimento de sua coleção de plantas. O sítio é um lugar de altíssimo valor paisagístico e sensorial, como conta Paula Browne, sobrinha de Burle Marx: "[...] O sítio era um enigma que eu desvendava aos poucos. A cada passo me deparava com plantas de beleza incomum, que, com suas formas, cores e perfume, causava-me admiração, por vezes desconforto, mas nunca indiferença"(BROWNE, 2009, p. 69).

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Figura 54. Sítio Burle Marx. Fonte: http://www.portugues.rfi.fr/cultura/20110323-paisagista-brasileiro-ganha-mostra-em-paris

O sítio na visão da sobrinha do paisagista era algo esplêndido, com organização enigmática e misteriosa. A autora carrega de impressões sensoriais suas idas e vinda ao sítio.

Tudo me encanta neste Sítio. Aqui o tempo passa diferente. Gosto de ficar olhando os peixes através do vidro. O vai-e-vem deles na água me descansa, me refresca. Paro para olha-los e derrepente, já não são peixes, são corezinhas saltitantes que parecem quadro em movimento ( BROWNE, 2009, p. 101).

Paula Browne (2009) ressalta que as impressões do sítio a perseguiam por onde fosse, mas sem que ela se desse conta disso, só quando algo lhe despertava a memória é que vinham as lembranças. Essa memória era solicitada através dos cheiros, sons, gostos, texturas e volumes que de forma mágica a transportavam no tempo para sua infância, em um mix de sensações inigualável. [...] Sentava na beira e respirava. Sim, sobretudo eu respirava, pois o perfume que o sítio exala é o mais inesquecível. A mistura de fragrâncias e

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aromas das plantas, das árvores, das flores, da terra, do lago, não tem só cheiro, tem sabor, tem cor (BROWNE, 2009, p. 12).

5.4.2. Mosaicos

Além de suas habilidades com as plantas, Roberto Burle Marx é também conhecido por seus ilustres mosaicos, seja em forma de painéis ou aplicados na pavimentação. Seus trabalhos nessa área são de personalidade peculiar,e completamente tendenciosas ao abstracionismo em sua maior parte (GOUGON, 2009) Um exemplo de trabalho abstrato é o painel projetado para o conjunto Pedregulho, no bairro do Benfica. Anexo a esse projeto foi concebida uma pequena escola, onde foi implantado um mosaico de Roberto Burle Marx (Fig.59), nesse painel o artista tomou partido das atividades que já aconteciam no local, procurou retratar as brincadeiras das crianças, jogo de bola, gangorra e escorrega.

Figura 55. Painel de Burle Marx para Conj. Pedregulho. Fonte: http://mosaicosdobrasil.tripod.com/id83.html

O mosaico da fachada do Hotel Castelli Della Alzer, em Vizenza, na Itália foi sua ultima obra. Nele o artista empregou majestosamente pastilhas Bisazza, organizadas em forma abstrata, com cores vibrantes e linhas muito bem marcadas.

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Figura 56. Ultima obra musiva de Burle Marx. Fonte: http://mosaicosdobrasil.tripod.com/id83.html

Um projeto dos mais conhecidos e de maior importância na carreira de Burle Marx são as enormes calçadas da Avenida Atlântica (1970), no Rio de Janeiro. Nelas predominavam as pedras portuguesas, organizadas em um maravilhoso mosaico em uma calçada com amplas dimensões (Fig.61). Neste projeto Roberto Burle Marx mescla o uso das pedras com poucas vegetações, que tem por característica resistir aos fortes ventos provenientes do Oceano, da praia de Copacabana. Este projeto compreende uma calcada central e o calçadão junto aos prédios. Além da grande calçada o artista também projetou o emblemático calçadão de Copacabana (Fig.62), reconhecido mundialmente com suas ondas de pedras portuguesas que tem por objetivo harmonizar com as ondas do mar. O que o artista fez foi uma mistura muito bem sucedida dos dois mosaicos, dispostos de modo aprazível compondo a paisagem da desejável praia de Copacabana.

Figura 57. Projeto de Roberto Burle Marx. Fonte: http://rio.metblogs.com/2006/08/01/ai-de-ti-calcadao/

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Figura 58. Calçadão de Copacabana. Fonte: http://nucleoap.blogspot.com.br/2009/06/roberto-burle-marx.html

Em 1954, Roberto Burle Marx projeta um painel para o hall de entrada do edifício Aureliano Hoffmann (IMS, 2012). Executado através da técnica de têmpera (gema de ovo + pigmento), é um exemplo de magnitude rara no estado do Espírito Santo. Localizado no prédio da SEFA (Secretaria da Fazenda). O painel estabelece uma relação com o cubismo. As cores usadas pelo artista não são submetidas a nenhum critério meticuloso de escolha ligado à realidade, ao contrário disso, são empregadas com total liberdade, atendendo somente aos desejos estéticos do artista.

Figura 59. Burle Marx (à esq) e seu assistente durante pintura do painel . Fonte: Disponível em: http://www.sefaz.es.gov.br/painel/BMBio76.htm

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Outro ilustre projeto foi o painel de azulejos desenvolvido especialmente para a casa do embaixador Walther Moreira Salles, no Rio de Janeiro, onde hoje se localiza atualmente a sede do instituto Moreira Salles. O projeto foi um dos primeiros do gênero assinado pelo artista. Foi exatamente esse painel que aproximou Burle Marx de Candido Portinari, seu professor no período e futuro colaborador (IMS, 2012). Sobre sua composição, embora seja tendencioso ao abstracionismo, apresenta demasiado formalismo, com figuras bem marcadas de lavadeiras e de peixes. O painel foi alocado como pano de fundo de um jardim aquático repleto de carpas.

Figura 60. Painel Instituto Moreira Salles. Fonte: http://www.flickr.com/photos/raul_lisboa/7722086654/

Roberto Burle Marx continuou o sua produção de painéis com a confecção do painel na Fundação Oswaldo Cruz – Fiocruz, no Rio de Janeiro (WANDECK, 2013, S/N). Datado de 1947, o painel estrutura-se na parede externa do auditório. O artista tomou partido da vida na água para a concepção desse painel. A partir do uso da cor branca associada a tonalidades de azul, e formas orgânicas, tornando os microorganismos aquáticos as estrelas dessa obra.

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Figura 61. Painel de Burle Marx na fundação Oswaldo Cruz. Fonte:http://www.ceramicanorio.com.br/

5.5. A obra de Martha Schwartz

Martha Schwartz é americana, arquiteta paisagista e artista plástica. Seus projetos possuem preocupações relacionadas a sustentabilidade urbana, no que diz respeito à saúde tanto em âmbito social e econômico ambiental de uma cidade. Dessa forma, a arquiteta defende que as cidades podem auxiliar na redução das mudanças climáticas, entende que o design cria redes sociais, gerando um novo valor de sociedade. Para Martha, os projetos quando bem sucedidos criam na população um senso que ela considera comum de identidade, de lugar e de diferenciação global. Entre suas obras mais importantes está: Manchester Exchange Square, Manchester, Reino Unido.

5.5.1. Machester Exchange Square

O projeto Manchester Exchange Square (Fig.67), é um exemplo de como uma proposta eficaz, partindo do poder público, pode estimular a recuperação total de uma região que se encontre assolada. Em Junho de 1966 a região do Reino Unido 106


foi devastada por uma bomba explodida pelo IRA. O centro da cidade foi severamente destruído. Entretanto, diante dessa situação, a cidade se viu em uma grande oportunidade de reconstrução planejada. Para algumas pessoas o projeto é considerado enigmático. Apesar disso foi aprovado pela população local, que utilizam em multidões, principalmente em dias ensolarados. Na praça há bancos em forma de vagões (Fig.68), os famosos moinhos de vento, e o recurso da água (Fig.70), que representa um antigo canal que antigamente passava por ali. (LOWE, 2002).

Figura 62. Manchester Exchange Square. Fonte: http://www.marthaschwartz.com/

Figura 63. Bancos em forma de vagão. Fonte: http://www.marthaschwartz.com/

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Figura 64. Moinhos. Fonte: http://www.marthaschwartz.com/

Figura 65. Percurso com água. Fonte: http://www.marthaschwartz.com/

Os bancos principais ganharam uma espécie de divisão, em forma de braços metálicos, na tentativa de assegurar ao usuário sua 'área privativa'. Esses bancos 108


receberam iluminação por fibra ótica (Fig.71) de forma pontual, gerando um diferencial para o usuário noturno. Martha Schwartz (2013) acredita que "uma cidade que pode ser escura e nublada na maior parte do ano, o uso eficiente da luz pode ser uma adição dramática e maravilhosa para o domínio público" (SCHWARTZ, 2013, S/N). 9

Figura 66. bancos com divisórias e iluminação. Fonte: http://www.marthaschwartz.com/

Esse projeto buscou resgatar a identidade nativa e ao mesmo tempo propor inovação, seja através do design ou da inserção de tecnologia. A proposta se baseia em abraçar artifícios que já existiam no local e lhe promover através do um arranjo diferenciado. É de extrema importância esse trabalho da artista porque busca aproximar a população local da realidade ao qual já estava inserida, mas com um olhar inédito.

5.5.2.Gifu Kitagata Apartments, Kitagata, Japan.

O projeto consiste em quatro edifícios de apartamentos, projetados por arquitetos renomados10. A implantação de seu projeto aconteceu no pátio central em que separa os blocos de habitação (Fig. 72). Devido à extensa área e a diversidade encontrada no próprio projeto arquitetônico, a paisagista pode utilizar fortemente 9

Fonte: http://www.marthaschwartz.com/projects/civic_institutional_exchange.php# Akiko Takahashi, KazuyoSejima, Christine Hawley e Elizabeth Diller.

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artifícios imaginários, com a intenção de unificar as distintas partes do projeto e carrega-lo de identidade memorável. No pátio central encontra-se o Seasons Garden, é uma série de quatro pequenos jardins em miniatura, que tem por finalidade reproduzir o espírito de cada estação do ano. Sua estrutura é delimitada por paredes de vidro colorido, o que proporciona espaços de convivência íntima (Fig. 73), mas ao mesmo tempo públicos, através da permeabilidade visual que os vidros resultam.11

Figura 67. perspectiva do pátio central. Fonte: http://www.marthaschwartz.com/

Figura 68. Espaços de convivência intima. Fonte: http://www.marthaschwartz.com/

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Fonte: http://www.marthaschwartz.com/projects/civic_institutional_exchange.php#

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Este jardim oferece uma variedade de oportunidades para a apreciação passiva ou jogo ativo, incluindo jardins que fazem uso da água, oportunidades de recreação infantil e arte pública (WORDPRESS, 2013, s/n). No Tribunal Willow, foi planejada uma área em nível mais baixo, inundada, com salgueiros e vegetação de zona úmida. O acesso ao nível mais baixo é disponível através de um deck de madeira (Fig.74).

Figura69.Tribunal Willow. Fonte: http://www.marthaschwartz.com/

5.5.3. Center for Innovative Technology

Outra conhecida obra da paisagista é o Center for Innovative Technology, Herndon, nos Estados Unidos.O Centro de Inovação Tecnológica é uma entidade apoiada pelo governo que comercializa a pesquisa científica. O terreno com 43.000 m² foi trabalhado por Martha Schwartz de forma simples. As áreas de atuação incluem os percursos efetuados pelos veículos e pedestres, bem como suas entradas e acessos aos dois edifícios. Na entrada principal, uma rotatória é marcada por um canteiro central, com vegetação. No terraço projetado para o menor dos dois edifícios de escritórios, a paisagista projetou um pequeno bosque. No piso, Martha Schwartz criou listras, com brita cor de ameixa e pedras soltas. O conjunto forma um desenho 111


atrativo na pavimentação e criam a impressão de que são caminhos a serem percorridos (Fig.75) (SCHWARTZ, 2013, S/N). Como é um centro tecnológico a artista utilizou esferas na cor azul destacando totalmente da natureza ao redor. As esferas sugerem ao espaço a interferência e o controle do homem sobre a natureza, sendo compatível com a função que se exerce na edificação.

Figura 70. Caminhos. Fonte: http://www.marthaschwartz.com/

5.5.4. Jacob Javits Plaza

Um dos projetos mais conhecidos da paisagista é o Jacob Javits Plaza, New York, também nos Estados Unidos. A proposta para essa praça surgiu para Martha Schwartz em 1992, a partir de uma reforma que o governo Federal realizaria. A praça Jacob Javits localiza-se sobre uma garagem subterrânea. A garagem necessitava de reparos na impermeabilização, foi então que surgiu a oportunidade de renovar a praça por inteiro. A proposta era proporcionar um espaço aberto utilizável, e vivo, no coração da cidade. Martha Schwartz tomou partido de artigos de design e arquitetura paisagística impecável, para alcançar o resultado artístico desejável. A proposta final resultou em uma praça reconectada ao seu contexto circundado que disponibiliza para os usuários diversas formas de assentos, tanto 112


para as pessoas que estiverem em horários de refeições, ou simplesmente em momentos contemplativos. Alguns artigos que antes eram mantidos na praça tiveram que ser removidos para a proposta de espaço fluido de Martha Schwartz pudesse se concretizar. Como algumas árvores, uma fonte, e uma escultura com quatorze metros de altura. Ao abrir a praça e proporcionar um espaço com características permeáveis, as pessoas a utilizam com maior liberdade, podendo sentar-se ao sol ou sombra. Além disso, a praça também reconectou ruas, fazendo com que o usuário a utilize para ‘cortar caminho’. O principal objeto produzido por Martha Schwartz para essa praça foi o conjunto de bancos ‘back – to – back’ (Fig.76) Em forma de loop, indo e voltando, permitindo uma variedade de assentos, tanto para grupos, ou para as pessoas que desejam ficar sozinhos. O banco tem forma complexa e foi criado em um tom de verde brilhante, essa cor foi escolhida para complementar o desejo de levantar o ânimo da praça, que em sua maior parte fica na sombra. Os bancos chamam toda a atenção do local, de certa forma energizando o pátio, serpenteiam em torno da topiaria que foram projetadas em formas de semiesferas. A topiaria esguicha água nos dias quentes (Fig.77) (ARCHIDOSE, 2013).

Figura71.Banco 'Back-to-back'. Fonte: http://www.marthaschwartz.com/

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Figura 72. topiária esguichando água. Fonte: http://www.marthaschwartz.com/

5.5.5. Flying Saucer

O Flying Saucer, para Grove Broward County Civic Arena foi projetado paraFort Lauderdale, Flórida, Estados Unidos. O projeto foi implantado no BankAtlantic Center, mais conhecido como Broward County Arena e National Car Rental Center. A arena tem proporções gigantescas, entretanto o projeto da arquiteta abrange somente a entrada que consiste em uma enorme praça. o conceito desenvolvido pela arquiteta inclui copas escultóricas, recordando árvores, feitas de tecido altamente tecnológico e aço. As arvores estilizadas formam um eixo para a entrada do edifício. A noite as árvores transformam-se em postes, e sua função é de direcionar o fluxo de pessoas através da iluminação (HOCKEY, 2013). Entre suas principais características, o projeto propõe: dezesseis postes de luz estilizados com copas, cada pose mede vinte e cinco metros de altura. Quatorze jardins com assentos feitos de resina de fibra de vidro e padrão diferenciado na pavimentação em todo o paisagismo da praça (BROWARD, 2013, S/N).

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Figura 73. FlyingSaucer a noite. Fonte: http://www.broward.org/Arts/PublicArt/PadTour/Inventory/Pages/FlyingSaucerGrove219.aspx

Figura 74. Flying Saucer, bancos. Fonte: http://www.broward.org/Arts/PublicArt/PadTour/Inventory/Pages/FlyingSaucerGrove219.aspx

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6. Diretrizes para a proposta de intervenção

6.1. Diretrizes projetuais 'sensoriais'

No sexto capítulo, a partir da fundamentação teórica desenvolvida nos quatro capítulos, foi organizado um quadro com as principais características observadas a respeito do trabalho de cada artista. A saber: Lygia Clark, Hélio Oiticica, Anish Kapoor, Roberto Burle Marx e Martha Schwartz. Esses dados servirão de referência para a conceituação da proposição da praça. É importante lembrar que as contribuições conceituais dos artistas giram em torno do estímulo dos sentidos dos usuários e sua participação mais ativa no ambiente. Na artista Lygia Clark foi observado o seu comprometimento em mudar os paradigmas das artes, e de envolver o participante mais que visualmente. Para isso a artista desenvolveu trabalhos em grupos que tocavam em outros sentidos, além da visão. O trabalho da Lygia Clark girava em torno principalmente do tato, da audição e visão. Em relação ao trabalho de Hélio Oiticica, percebe-se um desprendimento maior em relação à captação de informações não formais. O artista usa o experimentalismo como um veículo para onde as artes plásticas ‘oficiais’ ainda não tinham chegado: na favela. Através de Hélio Oiticica o mundo conhece a diversidade cultural que uma favela pode alcançar. Sua experiência na Mangueira foi de grande importância, porque suas impressões retiradas de lá mudaram toda a forma que o artista tinha de ver o mundo, lá ele aprendeu o significado de efêmero, além da diversidade infinita de materiais, e o sentimento de coletividade. Quando se trata de um projeto público, tais questões são de extrema relevância, sendo base para reflexões a respeito das futuras proposições. Como a obra de Lygia Clark, a sua obra também era baseada na audição, visão e tato. Na obra do artista Anish Kapoor, podemos perceber seu cuidado com as cores utilizadas, as superfícies dos materiais, peso, textura e aplicabilidade, além das formas bastante inusitadas. O artista trabalha com as obras pensando nas diferentes 117


distancias que o observador pode estar dela, e procura na maioria das vezes atrair o participante utilizando material com superfície reflexiva, que aguça a vaidade e o sentimento de curiosidade de cada um, de forma indiscutível. As proposições do artista também são relacionadas com a visão, o tato e a audição. O paisagista Burle Marx faz arte com plantas, pedras e água. Suas obras mais parecem telas de quadro otimizadas. Em seus jardins é possível utilizar largamente todos os sentidos, a audição através do barulho das folhas, dos animais e da água. O olfato através dos cheiros que as flores deixam no ar. A visão através da diversidade de cores e formas que o arranjo das plantas e os passeios proporcionam. O tato através das infinitas texturas das plantas, dos pedriscos e da pavimentação. Por último, o paladar que pode ser aguçado na retirada de algum fruto das árvores. Além disso, o paisagista compõe os jardins com luz, sombra e sinuosidade. A paisagista Martha Schwartz contribuiu com a noção de inovação e design, mais direcionados para os mobiliários. A artista os transforma em verdadeiras obras de arte, o que auxilia na criação de identidade visual. Martha Schwartz se preocupa ainda com os espaços de convivência e da individualidade de cada usuário, deixando nas mãos do usuário a escolha por nível de inclusão. Seu trabalho também está relacionado aos sentidos da visão e tato.

Lygia Clark     

Participação do expectador na obra Traçado figurativo geometrizado Formas espaciais Plasticidade Envolvimento dos participantes através dos sentidos  Labirinto habitável gerador de sensações.

Hélio Oiticica    

Experimentalismo Propositor, transfere ao espectador a ideia de autor da ação. Coletividade/unidade Público/privado 118


     

Questionamento sobre materiais empregados Uso de materiais de diversos tamanhos, cores e texturas Efêmero Resgate da vivência ao ar livre Espontaneidade Reforça a importância de elementos brasileiros

Anish Kapoor         

Ilusão de ótica através da tridimensionalidade Pigmentos nas cores primárias Uso de cones, esferas Explora materiais pelo peso Utiliza materiais com aparência polida Obra de arte ‘habitável’ Explora o sentido da audição e da visão de forma mais intensa Obras para serem vistas de perto e/ou de longe Tenta diminuir a distância entre homem x natureza

Roberto Burle Marx             

Aplicação de pintura no paisagismo Atenção quanto às escalas dos projetos Uso de vegetação típica brasileira Confecção de ‘manchas’ com as plantas, utilizando-as como se fossem pinturas em uma tela Reinterpretação de ecossistema local Reinvenção da natureza Uso de elementos variados como pedras, construções, granitos, relevos, quedas de água. Refúgios para pedestres Caminhos sinuosos Paisagem fluída Paisagismo sensorial Mosaicos, painéis e mosaico-calçada Materiais empregados de acordo com o meio que estão inseridos

Martha Schwartz 

Busca a melhoria dos espaços públicos através do design 119


           

Tenta criar senso de identidade na população Mobiliário inovador Uso de iluminação para dramatizar Proporciona espaços de convivência em grupo, ou individual, ficando a critério do usuário o nível de interação social Espaços de contemplação e descanso Permeabilidade visual através do uso do vidro Atrativos para as diferentes idades Paisagismo interativo (esguicho de água, oportunidade de tocar e cheirar, além de olhar) Materiais modernos Escolha de cores com finalidades pré-estabelecidas Fluidez Permeabilidade visual

Figura 80. Quadro das características mais relevantes na obra dos artistas pesquisados.

6.2. Análises físico-ambientais e legislativas.

6.2.1. Análise de insolação/iluminação

As imagens abaixo são resultado de um estudo de insolação feito através do programa Vasari, da Autodesk. O programa cruza dados meteorológicos, fazendo um comparativo com a média de insolação para o referente dia e demonstra através das cores os locais de maior e menor incidência solar. A legenda demonstra que as áreas que mais recebem insolação são as representadas pela cor amarela, seguidas pela cor laranja e tendo como as áreas de menor incidência solar as representadas pela cor azul. O estudo foi realizado diversas vezes utilizando dados das quatro estações do ano; primavera, verão, outono e inverno. Para todas as estações, os dados foram retirados de um único dia no horário de 07h00min horas da manhã até 17h00min da tarde, período que compreende a incidência dos raios solares. Para a estação da primavera foi realizado o estudo no dia 28 de novembro de 2013, em relação aos resultados obtidos pode-se observar a grande quantidade de insolação que os prédios e os terrenos recebem durante o período de um dia. A presença de prédios no entorno dos terrenos de estudo não propicia sombreamento 120


adequado para garantir a permanência de pessoas no local. Dessa forma é desejável fazer uso de futuros mecanismos de sombreamento. Para a estação do verão, o dia 13 de fevereiro de 2014 foi selecionado como data para a análise. Os resultados obtidos são semelhantes a estação da primavera, mantendo as praças em exposição constante ao sol, reforçando a necessidade de sistemas de sombreamento eficazes, com a finalidade de gerar conforto lumínico e térmico para os usuários do local. O dia 26 de Junho de 2014 foi selecionado para representar a estação do outono, onde é possível perceber a amenidade do sol, porém ainda constante. As presenças de manchas de sombra se formam no terreno maior, proporcionadas através dos prédios que o cercam. Já a praça apresenta brevemente o aparecimento de sombreamento em sua porção norte, mas de proporções controladas, ainda gerando grande desconforto aos usuários. Para a estação do inverno, a análise foi realizada no dia 07 de agosto de 2014, é semelhante a estação do outono, porém a praça e o terreno recebem maior nível de insolação no inverno do que no outono. O resultado das análises esclareceu que a na estação da primavera é quando a praça e o terreno mais receber insolação, sendo possível definir na imagem que suas superfícies são quase que em sua totalidade na cor amarela, que indica o maior nível de insolação. A estação do outono é o período em que o terreno e a praça menos recebem insolação, porém o sombreamento proporcionado pelos prédios do entorno não é suficiente, é necessário fazer o controle da incidência de luz e a temperatura. Outro fator que ajuda no aumento da temperatura na praça é a reflexão causada pelos edifícios espelhados e pelos carros estacionados. Esses dois fatores são uma grande fonte de calor para o local que provocam desconforto térmico e ofuscamento.

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Analises de insolação e iluminação realizadas no dia 28 de novembro de 2013, para a estação de primavera.

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. Analizes de insolação e iluminação realizadas no dia 13 de fevereiro de 2014, para a estação de verão.

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. Analises de insolação e iluminação realizadas no dia 26 de Junho de 2014, para a estação de outono.

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.Analises de insolação e iluminação realizadas no dia 07 de Agosto de 2014, para a estação de inverno.

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6.2.2. Análise de ventilação

Figura 80. Análise de ventilação. Fonte: Google Maps, Org. Autora

A Análise da ventilação foi realizada in loco a partir de observações feitas durante vários dias. As setas em azul acima indicam a predominância dos ventos que vem da porção oceânica. Os ventos usam as ruas como corredores e é através delas que consegue chegar com abundância nos terrenos. Esse fator é possível porque na porção sul a esplanada da Praça do Papa oferece livre acesso para os ventos, por não haver obstáculo construído de relevância; e na porção de vento que vem da região leste também não encontra grandes dificuldades por ter que atravessar o bairro da Enseada com casas de predominância de 2 andares. O local foi considerado bem ventilado, entretanto a falta de arborização adequada contribui para que o vento que circula normalmente seja de temperatura elevada,não sendo suficiente para contribuir positivamente na temperatura local.

NORTE

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6.2.3. Análise da Legislação e dos parâmetros urbanísticos

A legislação maior, vigente atualmente na cidade de Vitória é o PDU (Plano diretor Urbano), criado em 1984. O PDU é periodicamente reformulado, tendo sua última atualização em 2006. Para o bom regimento de um município o PDU divide toda a cidade em zonas. As quais recebem diretrizes a serem seguidas em relação ao processo de desenvolvimento de cada região. Na área de estudo foram detectadas 11 zonas (mapa 12). São as seguintes: ZEE8, ZEIS2/11, ZEIS2/12, ZOC2/06, ZOP1/04, ZOP02/04, ZOP3, ZOR/02, ZOR/03, ZPA2 E ZPA3. Entretanto, a de maior relevância é a ZOP02/04. Pois define os parâmetros legais para nosso projeto.

Mapa 17. Mapa de zoneamento da área de estudo . Org. Autora. Fonte: Geobases. Sistema: SIRGAS_200_UTM_Zone_24S

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Em relação aos índices urbanísticos dessa zona, o PDU fornece a seguinte tabela abaixo.Nesta tabela é possível entender os usos permitidos12 para a região, bem como os índices urbanísticos relativos a qualquer empreendimento que seja planejado para essa área.

Tabela 2. Zona de ocupação referencial. Fonte: PDU de Vitória.

Além do PDU, a sociedade conta também com o Estatuto das Cidades. O Estatuto é uma lei federal, formulada em 2001, que estabelece novos instrumentos para auxiliar no planejamento e no desenvolvimento das cidades. Esse Estatuto definiu alguns instrumentos para a gestão do solo na cidade, e dentre eles, a Seção X, Das Operações Urbanas Consorciadas. Uma operação urbana consorciada é uma operação que ocorre com um conjunto de intervenções e medidas, coordenadas pelo poder público. Porém, a participação dos proprietários, usuários, moradores e, investidores privados são de extrema 12

As atividades caracterizadas como G1, G2 e G3 encontram-se em anexo.

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importância. Nessa operação o objetivo é alcançar melhorias sociais, urbanísticas estruturais e a valorização ambiental. É importante entender que a operação Urbana é viabilizada através de recursos do setor privado. Esses recursos são obtidos através de acordos, onde se vende o potencial adicional de construção e em troca o capital adquirido através dessa venda é aplicado na mesma região da operação. A operação Urbana consorciada seria umas das formas de viabilizar o projeto. Entende-se que a melhoria gerada pela praça seria de principal interesse dos usuários do entorno imediato. Por se tratar de uma quantidade ampla de empresas, a operação seria uma forma viável de conseguir executar o projeto com satisfação.

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7. Projeto

7.1. Conceito

O conceito do projeto foi elaborado de acordo com a constatação da angustiante realidade do local. A região onde o projeto foi inserido não apresenta condições ambientais favoráveis. O local é mal utilizado sendo estacionamento a principal atividade, a vegetação não é adequada porque não proporciona áreas de sombreamento para os usuários, além disso, o espaço não proporciona um ambiente de convivência em sociedade. O conceito é basicamente proporcionar um local aprazível e de permanência para as pessoas em meio ao caos. A proposta parte do princípio de usar as artes plásticas em conjunto com a natureza para promover um espaço em que o usuário possa "parar" e "desacelerar", e com isso resguardar também a sua saúde física e mental.

7.2. Partido

Com os estudos realizados foi constatado que o uso do entorno da área de projeto é bastante variado, entretanto a presença de um número elevado de escritórios é evidente. Como o conceito da praça é proporcionar um local de relaxamento, descontração, natureza e artes plásticas, entende-se que é completamente oposta a realidade presente na maioria dos escritórios, que são sempre locais estressantes e de elevado nível de responsabilidades. Refletindo sobre essa condição, o partido do projeto baseia-se em usar formas livres, até mesmo ameboides, para ser exatamente inverso ao padrão geométrico rígido oferecido pelos escritórios. A proposta é passar a leveza e possibilidades do espaço através das formas livres e descontraídas, assim como é a essência do projeto.

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7.3. Memorial descritivo

Mapa 18. Ilustração por cores da setorização de usos do projeto. Fonte: Arquivo pessoal.

O mapa acima foi feito afim de que se possa entender através das cores a setorização de atividades que foi feita no projeto. No setor amarelo foi concentrados bancos de descanso, com pergolados e plantas que dão flores de cores variadas, a intenção desse espaço é atrair o usuário através do sentido que mais utilizamos a visão. A proposta desse setor é chamar a atenção das pessoas que passem pelas ruas despercebidamente, ou com pressa para observarem que existe uma atividade no local. As pérgolas marcam a entrada das pessoas no ambiente e as vegetações escolhidas florescem nas quatro estações do ano. Dessa forma, a função de atrair o usuário através da cor estará sempre resguardada. Na área vermelha é a região caracterizada como lúdica, e tem a função de atrair o usuário através do sentido do paladar. Neste setor estão concentrados alguns 132


serviços, como café, bistrô, lanchonetes, banca de revistas, chaveiro, banheiros e guarda patrimonial. Esses serviços foram contemplados na praça por ter sido analisada a grande procura por estabelecimentos do tipo no entorno. Eles foram alocados em módulos feitos de alvenaria, na cor branca, com visores em forma de folhas. Os módulos possuem terraços com cadeiras e mesas em que os usuários possam fazer refeições e desfrutar da paisagem livre. O acesso é feito pelo lado externo do módulo por escadas caracóis na cor vermelha. Ainda sobre o setor vermelho, foi feita uma paginação diferenciada com piso epóxi, inspirado em trabalhos de mosaicos de Roberto Burle Marx. Nesse espaço também tem uma cobertura em concreto, porém revestida com aço inoxidável polido, inspirado nas obras do artista Anish Kapoor, e na sua tendência em atrair as pessoas através da reflexão da superfície de suas obras. A cobertura tem forma sinuosa e fica suspensa a 8 metros de altura, possibilitando a visual completa do espaço pelo usuário. Nesse espaço tem 5 fontes, todas com o mesmo formato nas cores do piso, rosa, amarelo, azul, vermelho e roxo. As fontes são para refrescar o espaço em dias quentes e funcionam como esculturas ao mesmo tempo, sendo feitas em concreto colorido polido. Na parte sul deste setor é limitado por um muro, onde foi aplicada vegetação tipo musgo. Essa parte é conectada por um caminho sinuoso com pergolas e bancos, proporcionando um espaço de convivência reservado. Os jardins desse setor são compostos por árvores frutíferas, de livre acesso pela população. Os setores laranjas, ficam localizados exatamente no corredor de vento vindo do oceano, por isso, usou-se plantas que tem sementes, que fazem barulho com o passar do vento. Esse local é tido como o jardim da audição, porque é através desse sentido que se procura atrair o usuário para esse local. Embaixo das árvores os bancos são de concreto com jardineiras, para que a pessoa possa desfrutar desse espaço com mais tranquilidade. 3 módulos estão instalados nesse local, são para dar apoio às atividades realizadas no setor rosa. Nos setores azuis, foi implantando um espelho d'água, para aproximar as pessoas com a natureza e refrescar o local. O espelho d'água também foi utilizado com a intenção de refletir todo o entorno, dando ao observador uma perspectiva diferente da usual. Nele foram colocadas plantas aquáticas e jatos de água. No 133


local há bancos onde as pessoas possam sentar e colocar o pé na água, adequado para dias muito estressantes. Nos jardins desse setor foram colocadas plantas que exalam cheiros agradáveis, a intenção é despertar nos usuários o sentido do olfato. E como é uma região ampla, aberta e ventilada, o cheiro das plantas tende a se dissipar, evitando desconfortos em relação a excesso de perfume. Os espelhos d’água são transponíveis através de pontes de concreto, que possibilitam o usuário a andar sobre o espelho d’água. Na praça superior foi proposta uma escultura feita através de comandos computadorizados. Ela faz com que gotas de água caiam sincronizadas, formando desenhos diversos. O setor rosa é o espaço destinado às atividades espontâneas, podendo ser feirinhas de comida, de antiguidades, de artesanato, exposições ao ar livre ou pequenas apresentações de teatro de rua, entre outros. No projeto módulos de barraquinhas foram alocados para se ter uma previsão de como o uso aconteceria no local. O espaço é disponível para ser apropriado pela população da forma que desejar. Essa atividade foi pensada para esse local porque nas análises de insolação viu-se que é o onde a incidência solar é menor, sendo assim o sombreamento do local não ficará comprometido pela ausência de vegetação. Nesse espaço também tem um bicicletário em forma de zipper abrindo. A proposta é ter um mobiliário através de um objeto familiar do cotidiano. O zipper é também um símbolo de que quando se abre, o relaxamento vem logo em seguida. O setor rosa na porção é norte é limitado por um muro. Para ele foi proposto para demonstração de arte de rua, o grafite. Esse paredão ficará a disposição dos artistas para livre expressão da arte. As empenas dos prédios Conilon e Arábica foram trabalhadas com a releitura da obra "Caminhando" de Lygia Clark, porém com os materiais reflexivos de Anish Kapoor. A proposta é usar a empena que antes era uma barreira visual, agora como um reflexo do entorno. Na área verde foram propostos bancos de concreto com mosaico de pastilha de vidro e assento de madeira, remetendo aos trabalhos do artista Roberto Burle Marx, pelos mosaicos, e Martha Schwartz, que fazia de seu mobiliário a principal atração do espaço. Os jardins nesse espaço são caracterizados como labirintos, a proposta surgiu a partir da obra “labirinto” do artista Hélio Oiticica. As formas do jardim são sinuosas, levando o usuário a percorrer sobre ele, sendo impossível o 134


caminhar retilíneo. A vegetação se mistura as que dão frutos, cheiros, sons e cores estão reunidas no mesmo ambiente. Nesse caso a setorização antes preservada se mistura, para dar vida ao espaço labiríntico. Na área roxa foi colocado um deck com mesas e cadeiras sob ombrelones. O espaço é destinado para as pessoas que trazem comida de casa e almoçam no trabalho. A proposta é inserir a população que almoça nas copas dos escritórios ao ar livre. Nesse ambiente as pessoas poderão desfrutar da vista do lago e almoçar em um local agradável. As vegetações do local são arvores de copas frondosas para que além dos ombrelones o sombreamento não esteja comprometido. O estacionamento que antes era toda a região agora passou para o subsolo. Foi proposto dois estacionamentos, ao todos com 499 vagas de carros e 20 de moto, sendo 6 para cadeirantes e 6 para idosos. Os acessos acontecem em ruas distintas, da praça inferior é feita pela rua abiail e da superior pela xxx. Uma guarita para vigilância e controle dos carros foi implantada próxima aos acessos, e um módulo de serviços com 3 elevadores e escada, para que as pessoas possam acessar o térreo da praça. A ventilação é feita através de grelhas.

7.3.Perspectivas

Perspectiva 1. Vista entrada pela rua Clóvis Machado

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Perspectiva 2. Vista superior da entrada pela rua Cl贸vis Machado

Perspectiva 3. jardim Tato/paladar

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Perspectiva 4. Jardim Tato/paladar

Perspectiva 5. Escada caracol na cor vermelha

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Perspectiva 6. Mรณdulo Serviรงos

Perspectiva 7. Vista do mirante sob o espelho d'รกgua

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Perspectiva 8. Jardim Audição

Perspectiva 9. Módulos barraquinhas

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Perspectiva 10. Banco que proporciona ao usuĂĄrio molhar os pĂŠs.

Perspectiva 11. Banco Jardim Labirinto 140


Perspectiva 12. Passeio Jardim Labirinto

Perspectiva 15. Deck Refeições Estar 141


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8. Considerações finais

A motivação do estudo surgiu da inquietação a partir da observação cotidiana e de constatação por meio da literatura, sobre a predominância da falta de espaços públicos aprazíveis nas cidades brasileiras. É notório o fato que os interesses econômicos em muitas vezes sobrepõem as necessidades sociais e a população encontra-se cada vez mais prejudicada. Com as reflexões abordadas nessa pesquisa no segundo capítulo pode-se constatar que as praças em todo o mundo sempre tiveram papeis importantes perante a sociedade. Entretanto, no Brasil contemporâneo, sua importância tem sido esquecida. Os cidadãos preferem um passeio nos Shoppings Centers espalhados pelo país ao invés de um dia agradável ao ar livre. Esse ‘aprisionamento’ da população, em na sua maioria optar por espaços fechados, tem refletido diretamente em sua saúde, e não é de forma positiva. Conclui-se que a estressante rotina em escritórios de empresas e engarrafamentos tem aumentado o nível de estresse da população. O estresse é uma complicação que gera doenças a nível psíquico e motor. Se o desenvolvimento da população continuar dessa forma entende-se que a sociedade gastará muitos recursos só com consultas médicas e medicamentos, além de diminuir a expectativa de vida. No terceiro capítulo foi feita a localização e delimitação através de mapas da área de projeto. Os mapas iniciam no contexto brasileiro, depois estadual, regional, municipal e por fim bairro e quadras. O capítulo aborda também as áreas de lazer existentes no entorno e justifica a proposta de projeto. Baseado na realidade em que vivemos Sabe-se que ser considerado saudável é bem mais complexo do que parece, a saúde mental e social também são fatores importantes. Por isso a proposta busca a interação do usuário com a natureza, artes plásticas e consigo mesmo através da sensorialidade, com isso, o usuário terá um espaço aprazível, de desaceleração do ritmo caótico rotineiro e consequentemente preservação da saúde e laços sociais. No quarto capítulo, com os estudos realizados puderam-se aprofundar os conhecimentos sobre a região de projeto e seu surgimento. Entende-se que a região 143


onde está inserido o projeto faz parte do aterro que compõe a história de desenvolvimento de vitória. Sua construção partiu da necessidade de expansão territorial em virtude do desenvolvimento populacional. Ele foi executado por volta da década de 1980, e a partir de sua construção é possível entender o desenvolvimento do local e suas características físicas. A região onde está inserido o projeto é basicamente plana, por ser derivada de um aterro e o traçado é figurativo geometrizado, por ser fruto de um projeto de engenharia. Nesse capítulo também foram feitas as análises de uso e ocupação do solo, e foi constatado que a região possui serviços específicos que atraem muitas pessoas de outros locais. Os principais usos na região são comércios, serviços e instituições. Por fim, a região foi analisada segundo a óptica de Kevin Lynch e seus 5 elementos: Caminhos e percursos, setores, limites, pontos nodais e marcos visuais. No final da análise concluiu-se que a área de estudo é de intenso movimento de pessoas, carros e serviços, esse fato se dá também por sua localização ser central, convergente de fluxos. A região é considerada o novo centro econômico da cidade e atrai empresas e investimentos, além de possuir diversos marcos visuais que a caracterizam como única. No Quinto capítulo, os artistas estudados geraram embasamento teórico além de demonstrar através de exemplos que é possível se concretizarem projetos com qualidade. A partir do levantamento das características de suas principais obras foi possível observar o conceito abordado e como foi aplicado. Proporcionando reflexões a respeito da futura proposição. Em relação à obra de Lygia Clark concluiu-se que seu trabalho sempre foi direcionado para as pessoas, e não para os objetos em si. A artista buscava o entrosamento artista-obra-paarticipante fazendo com que suas obras fossem apenas proposições. Nesse caso, a obra de arte se concluía apenas com a participação das pessoas, e a incorporação da sua memória afetiva. Sobre o artista Hélio Oiticica observa-se que sua obra é fruto do experimentalismo. O artista se desprende do modelo de arte imposto na sua época e inova, tanto em criatividade, formas, quanto nos materiais utilizados. Através de Hélio Oiticica o mundo conhece a diversidade cultural que uma favela pode ter, a partir da sua

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vivência na favela da Mangueira. Seus trabalhos giram em torno das pessoas, o sujeito passa a ser obra de arte, a partir da incorporação de algum objeto. Sobre o trabalho de Anisk Kapoor, a utilização da superfície dos objetos como reflexão do mundo e das pessoas é a característica mais marcante de seu trabalho. A partir dessa característica, o artista despertava nas pessoas o sentimento de curiosidade e vaidade, atraindo as pessoas a chegarem cada vez mais perto de suas obras. A respeito do trabalho de Roberto Burle Marx, suas obras transbordam sensorialidade. O artista compõe os seus jardins como se fossem pinturas sobre telas, sendo consideradas verdadeiras obras de arte. Roberto Burle Marx inovou o paisagismo brasileiro e colocou em evidência a flora nativa. Seu trabalho tem por característica ser fluído, sinuoso e é considerado um refúgio para a população. Em relação ao trabalho da paisagista Martha Schwartz, sua contribuição é na noção de inovação relacionada aos mobiliários. Seus mobiliários são com cores e formas diferenciadas, o que os torna por essência verdadeiras obras de arte. No sexto capítulo, Com as análises feitas no terreno podem-se definir decisões projetuais. A insolação, ventilação e parâmetros urbanísticos foram direcionadores das atividades propostas para a praça. Nesse Capítulo também é apontado um dos instrumentos do Estatuto das cidades, a operação urbana consorciada. É a partir dela que a proposta de baseia para a viabilização do projeto, sendo uma parceria entre prefeitura e investidores privados. No sétimo capítulo, a elaboração do projeto é reflexo de todos os estudos abordados nessa monografia. Nele podem-se contemplar as características dos trabalhos dos artistas em prol da renovação de um espaço que se encontrava subutilizado; os usos que o entorno tinham como demanda; as características físicas, de insolação e iluminção, que direcionaram a ocupação do espaço, além dos parâmetros urbanísticos. O projeto contempla principalmente os trabalhadores do entorno, não excluindo os moradores. Os chama a conviver socialmente em espaços públicos de qualidade, e tenta fazer com que as pessoas garantam sua própria saúde através da aproximação com a natureza e artes plásticas.

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9.Referências ALEX, S. (2008). Projeto da Praça - Convívio e exclusão no espaço público. São Paulo: Senac São Paulo. BROWNE, P. (2009). Vários Mundos. Burle Marx Além das Paisagens. Rocco. CARNEIRO, B. S. (2004). Relâmpagos com calor: Lygia Clark e Hélio Oiticica, vida como arte. São Paulo: Imaginário. CAVALCANTI, L., DAHDAH, F. E., & ORG. (2009). Roberto Burle Marx. A pemanência do instável. 100 anos. Rio de janeiro: Rocco. FAVARETTO, C. F. (2000). A invenção de Hélio Oiticica. Edusp. Geobases. Sistema: SIRGAS_200_UTM_Zone_24S. (Acesado em Maio/2013). GULLAR, F. (2012). Poema. São Paulo. HACHETAL, A. (Acessado em: Maio/2013). Anis Kapoor. http://www.designboom.com/art/anishkapoor-monumenta-2011-leviathan/. http://tiananmensqareproject.wordpress.com. (Acessado em: Maio/2013). http://www.marthaschwartz.com/. (Acessado em: Maio/2013). JACQUES, P. B. (2003). Estética da ginga: a arquitetura das favelas através da obra de Hélio Oiticica. Rio de Janeiro: Casa da Palavra. Kapoor, A. (Acessado em: Maio/2013). Anish Kapoor. In Infopédia [Em linha] 2003-2013. . Disponível em www: <URL: http://www.infopedia.pt/$anish-kapoor>: Porto . LYNCH, K. (2006). A imagem da cidade. (J. L. CAMARGO, Trad.) São Paulo: Martins Fontes. ROBBA, F., & MACEDO, S. S. (2010). Praças Brasileiras. São Paulo: Eduso. SANTOS, N. M., CARVALHO, M. P., & FILHO, P. S. (2009). Burle Marx. Jardins e ecologia. Rio de Janeiro: Jauá. SEGAWA, H. (1996). Ao amor do público. Jardins no Brasil. São Paulo: Fapesp. SIQUEIRA, V. B. (2001). Burle Marx. São Paulo: Cosac Naify. WANDERLEY, L. (2002). O dragão pousou no espaço. Arte contemporânea, sofrimento psiquico e o objeto relacional de lygia clark. Rio de Janeiro: Rocco.

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ANEXO 1 – CLASSIFICAÇÃO DAS ATIVIDADES POR TIPOS DE GRUPOS GRUPO 1 – G1 Corresponde aos seguintes estabelecimentos, com área total vinculada à atividade incluindo as áreas descobertas, excetuado o estacionamento, até 300,00m²: Açougue e casas de carne e aves abatidas Administração pública em geral Agência de empregos e treinamento de pessoal Agência de matrimônio Agenciamento de leilões Agências de publicidade e propaganda Alfaiataria Aluguel de aparelhos de jogos eletrônicos, de fitas, vídeos, discos, cartuchos e similares, de outros objetos pessoais e domésticos inclusive livros Aluguel de máquinas e equipamentos para construção e engenharia civil, inclusive andaime escritório Associação beneficente, filantrópica Associação de entidade de classe, profissional Atividade de intermediação e agenciamento de serviços e negócios em geral, sem especialização definida Atividades de agências de viagens e organizadores de viagem Atividades de clínica médica (clínicas, consultórios e ambulatórios) Atividades de clínica odontológica Atividades de contabilidade Atividades de despachantes aduaneiros Atividades de investigação particular Atividades de produção de filmes e fitas de vídeo - exceto estúdios cinematográficos Atividades de terapias alternativas Atividades dos laboratórios de análises clínicas Bar, Choperia, whiskeria e outros estabelecimentos especializados em servir bebidas Biblioteca - Atividades de bibliotecas e arquivos Borracharia Caixa automático de banco Cantina e bar interno Cartório Casa lotérica Centro comunitário e associação de bairro Charutaria e tabacaria Chaveiro Clínica veterinária e alojamento, higiene e embelezamento de animais domésticos Comércio de tecidos Comércio de antigüidades Comércio de artesanatos, pinturas e outros artigos de arte Comércio de artigos auditivos e ortopédicos Comercio de artigos de armarinho, bijuterias e artesanatos Comércio de artigos de caça, pesca, "camping" e esportivos Comercio de artigos de cama, mesa e banho Comércio de artigos de colchoaria Comércio de artigos de iluminação Comércio de artigos de perfumaria, cosméticos e de higiene pessoal Comércio de artigos de relojoaria e joalheria Comércio de artigos de uso doméstico, de decoração, de artigos importados, de artigos para presentes, de embalagens e de utilidades domésticas, peças e acessórios e materiais para pequenos consertos domésticos Comércio de artigos do vestuário e complementos Comércio de artigos fotográficos e cinematográficos Comércio de artigos para cabeleireiros Comércio de artigos para animais, ração e animais vivos para criação doméstica Comércio de artigos para limpeza

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Comércio de artigos religiosos Comércio de balas, bombons e semelhantes Comércio de bicicletas e triciclos; suas peças e acessórios Comércio de brinquedos e artigos recreativos Comércio de calçados, bolsas, guarda-chuvas Comércio de couros e espumas Comércio de discos e fitas Comércio de eletrodomésticos Comércio de eletrodomésticos em geral Comércio de extintores Comércio de fechadura e outros produtos de segurança Comércio de ferragens, ferramentas e produtos metalúrgicos Comércio de gelo Comércio de gêneros alimentícios inclusive de hortifrutigranjeiros Comércio de instrumentos musicais e acessórios Comércio de jornais e revistas Comércio de laticínios, frios e conservas Comércio de máquinas, aparelhos e equipamentos de precisão, suas peças e acessórios Comércio de máquinas, aparelhos e equipamentos elétricos, eletrônicos de usos doméstico e escritório Comércio de máquinas, equipamentos e materiais de comunicação Comércio de máquinas, equipamentos e utensílios comerciais, suas peças e acessórios Comércio de materiais de construção em geral Comércio de materiais de engenharia em geral Comércio de materiais elétricos para construção Comércio de mercadorias em lojas de conveniência Comércio de mercadorias para bordo em geral e comissaria Comércio de móveis novos e/ou usados Comércio de ornamentos para bolos e festas Comércio de peças e acessórios para aparelhos elétricos e eletrônicos Comércio de peças e acessórios para eletrodomésticos Comércio de pedras (sem beneficiamento) Comércio de persianas, divisórias, lambris, tapetes, cortinas e forrações Comércio de piscinas, equipamentos e acessórios Comércio de produtos adesivos (adesivos de publicidade) Comércio de produtos e equipamentos para tratamento de águas e efluentes líquidos Comércio de refeições prontas (sem consumo local) Comércio de tintas, vernizes e resinas Comércio de utensílios e aparelhos médico-hospitalares, ortopédicos e odontológicos Comércio de utensílios e aparelhos odontológicos Comércio de vidros e espelhos Comércio de vimes e congêneres Comércio e/ou cultivo de plantas, flores naturais e artificiais, frutos ornamentais e vasos ornamentais e serviço de jardinagem Comércio por meios eletrônicos Condomínios de prédios residenciais ou não Confecção de roupas Consultoria Esotérica Cooperativa, inclusive agrícola, médica, etc. (exceto de crédito) Corretora de títulos e/ou valores Corretores e agentes de seguros e de planos de previdência complementar e de saúde Criação de peixes ornamentais Cursos de informática Cursos de pilotagem Cursos ligados às artes e cultura inclusive música Despachante Distribuição de filmes e de vídeos Distribuidoras de títulos e valores mobiliários Drogaria - Comércio varejista de produtos farmacêuticos sem manipulação de fórmulas Edição de livros, revistas, jornais e de outros materiais impressos

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Educação Infantil - Creche Educação Infantil – Pré-escola Empresa de administração em geral Empresa de assistência a produtores rurais Empresa de auditagem, peritagem e avaliação Empresa de capitalização Empresa de comunicação Empresa de conserto de aparelhos elétricos/eletrônicos (exceto aparelhos de refrigeração) Empresa de conserto, conservação e reparação de máquinas e equipamentos em geral Empresa de construção em geral Empresa de consultoria e assessoria em geral Empresa de execução de pinturas, letreiros, placas e cartazes Empresa de financiamento, seguros e créditos Empresa de florestamento e reflorestamento Empresa de inspeção e/ou reparos navais Empresa de instalação e manutenção de acessórios de decoração Empresa de instalação, montagem de aparelhos, máquinas e equipamentos em geral Empresa de organização, planejamento, assessoria de projetos Empresa de pesquisa, prospecção e perfuração de poços petrolíferos Empresa de pintura de bens móveis (exceto veículos e aparelho de refrigeração) Empresa de radiodifusão Empresa de reparação e instalação de energia elétrica Empresa de reparação, instalação e manutenção de elevadores e escadas ou esteiras rolantes Empresa, sociedade e associação de difusão cultural e artística Ensino de esportes Equipamento de infra-estrutura urbana Escritório de contato para Auto-Socorro Volante Escritório de empresa de beneficiamento de cereais Escritório de empresa de criação de animais para corte ou consumo humano Escritório de empresa de cultivo de produtos de lavoura de qualquer natureza Escritório de empresa de extração e ou beneficiamento de minerais não metálicos Escritório de empresa de transporte Estabelecimento de restauração e/ou limpeza de qualquer objeto - bem móvel Estúdios de gravação de som - discos e fitas Estúdios fotográficos e filmagem de festas e eventos Exploração de estacionamento para veículos Exploração de fliperamas e jogos eletrônicos Exploração de jogos de sinuca, bilhar e similares Exploração de máquinas de serviços pessoais acionados por moeda Fabricação de artefatos diversos de bambu, palha, vime, cortiça e materiais trançados - exceto móveis Fabricação de artigos de couros e peles. Fabricação de artigos de joalheria, ourivesaria e bijouterias Fabricação de artigos de mesa, cama, banho, cortina e tapeçaria Fabricação de balas, caramelos, pastillhas, drops, bombons, chocolate e similares Fabricação de brinquedos e de outros jogos recreativos Fabricação de calçados, bolsas, malas, valises e outros produtos similares Fabricação de canetas, lápis, fitas impressoras para máquinas e outros artigos para escritório Fabricação de condimentos e essências alimentícias Fabricação de discos e fitas virgens Fabricação de embalagens e artigos de papel, papelão e papéis aluminizados Fabricação de escovas, vassouras, pincéis e semelhantes Fabricação de estofados e capas para veículos Fabricação de fraldas descartáveis e de absorventes higiênicos Fabricação de instrumentos e material ótico Fabricação de instrumentos musicais, peças e acessórios Fabricação de instrumentos, utensílios e aparelhos inclusive de medidas Fabricação de massas alimentícias e biscoitos Fabricação de material de comunicação inclusive peças e acessórios Fabricação de material fotográfico e cinematográfico

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Fabricação de membros artificiais, aparelhos p/ correção de defeitos físicos e cadeira de rodas Fabricação de óleos e gorduras comestíveis Fabricação de óleos vegetais, animais ou minerais Fabricação de outras bebidas não especificadas Fabricação de peças e ornatos, gesso ou cerâmica Fabricação de produtos alimentícios Fabricação de produtos de limpeza e polimento Fabricação de produtos de padaria e confeitaria Fabricação de produtos farmacêuticos, perfumaria, cosméticos, sabões e velas Fabricação de rações balanceadas para animais Fabricação de sorvetes, bolos, tortas geladas e componentes Fabricação de toldos e artefatos de lona Fabricação de vestuário e artefatos de tecidos, malharia, rendas, bordados e artigos de armarinho Fabricação de vinhos e vinagres Farmácia - Comércio varejista de produtos farmacêuticos com manipulação de fórmulas Fotocópias, digitalização, impressão e serviços correlatos Galeria de arte e museus Hospital Imobiliária Impermeabilização em obras de engenharia civil Incorporação de imóveis Laboratório de análises técnicas Laboratório fotográfico Lanchonete, cafés, casas de chá, de sucos e similares Lavanderias e tinturarias Livraria Locação de aparelhos, máquinas e equipamentos eletro-eletrônicos, esportivos e de lazer Locação de bens móveis e imóveis (exceto veículos) Manutenção e reparação de aparelhos e utensílios para usos médico-hospitalares, odontológicos e delaboratório Manutenção e reparação de equipamentos transmissores de rádio e televisão e de equipamentos para estações telefônicas, para radiotelefonia e radiotelegrafia - inclusive de microondas e repetidoras Mercearia Oficina de costuras Organização e exploração de atividades e instalações desportivas Ótica Padaria, confeitaria, panificadora Papelaria Peixaria Perfuração e construção de poços de água Pesquisa e desenvolvimento das ciências físicas, naturais, sociais e humanas Prestação de serviço de entretenimento infantil Prestação de serviço de fornecimento de mão-de-obra para demonstração de produtos Prestação de Serviços a pessoas de terceira idade Prestação de serviços de informática Prestação de serviços de reparação e conservação de bens imóveis Prestação de serviços de telecomunicações Prestação de serviços para tratamento de água e de efluentes líquidos Prestação de serviços postais Processamento, preservação e produção de conservas e sucos de frutas, de legumes e outros vegetais Produção de artigos artesanais Recondicionamento de cartuchos de impressoras e toners Reparação de bicicletas, triciclos e outros veículos recreativos Reparação de calçados Reparação de jóias e relógios Restaurante Salão de beleza e estética Serviço de remoção de pacientes Serviço em acupuntura

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Serviços advocatícios Serviços de adestramento de cães de guarda Serviços de banco de sangue Serviços de cobrança e de informações cadastrais Serviços de decoração de interiores Serviços de decoração, instalação e locação de equipamentos para festas Serviços de encadernação e plastificação Serviços de fisioterapia e terapia ocupacional Serviços de fotografias aéreas, submarinas e similares Serviços de medição de consumo de energia elétrica, gás e água Serviços de microfilmagem Serviços de prótese dentária Serviços de raio-x, radiodiagnóstico e radioterapia Serviços de revestimentos e aplicação de resinas em interiores e exteriores Serviços de tradução, interpretação e similares Serviços domésticos Serviços de promoção de planos assistência médica e odontológica Serviços subaquáticos em geral Serviços técnicos de cartografia, topografia e geodesia Sindicato e sede de partidos políticos Sorveteria Transporte escolar - escritório Vidraçaria Atividades enquadradas em G1 com limite de área total vinculada à atividade, incluindo as áreas descobertas, excetuando o estacionamento, até 3000,00m²: Supermercado - Comércio varejista de mercadorias em geral, com predominância de produtos alimentícios. Atividades enquadradas em G1 sem limite de área: Centro comunitário e associação de bairro Equipamento de infra-estrutura urbana GRUPO 2 – G2 Corresponde às atividades listadas como G1 e mais os seguintes estabelecimentos, com área total vinculada à atividade, incluindo as áreas descobertas, excetuando o estacionamento, até 600,00m². Abate de aves Aluguel de máquinas e equipamentos para construção e engenharia civil, inclusive andaime Armazéns gerais Atividades de vigilância e segurança privada Auto-escola ou Formação de condutores Banco e casa bancária Bolsa de mercadorias Bolsa de valores Casa de câmbio Casas de festas e eventos Casas de shows Centro de convenções Clubes sociais, desportivos e similares Comércio de embarcações e outros veículos recreativos suas peças e acessórios Comércio de ferro e aço Comércio de gás liqüefeito de petróleo (GLP) Comércio de insumos para gráficas e similares Comércio de lubrificantes para veículos automotores Comércio de madeira e seus artefatos Comércio de máquinas e equipamentos agrícolas Comércio de máquinas, aparelhos e equipamentos de uso agropecuário Comércio de máquinas, aparelhos e equipamentos para uso industrial, suas peças e acessórios Comércio de motocicletas, inclusive peças e acessórios Comércio de peças e acessórios para veículos automotores Comércio de pneumáticos e câmaras de ar Comércio e manutenção de veículos automotores novos e/ou usados

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Conserto e restauração de artigos de madeira e do mobiliário Cursos de idiomas Cursos preparatórios para concursos Depósito de material de construção em geral Distribuidora de gelo Distribuidora de produtos para bares e mercearias Distribuidora de sorvete Educação profissional de nível técnico Empresas limpadoras, higienizadoras, desinfectadoras, dedetizadoras e desentupidoras Engarrafamento e gaseificação de água mineral Exploração de salas de espetáculos Fabricação de artigos de madeira e artigos de carpintaria e marcenaria Fabricação de gelo Fabricação de material e serviços gráficos Fabricação de mobiliário e artefatos de madeira Fabricação de móveis e artefatos de metal ou com predominância de metal Fabricação de portas, janelas e estruturas em madeira Fabricação e acabamento de móveis e artigos mobiliários não especificados Funerária Impressão de outros materiais e serviços gráficos inclusive litografia, serigrafia e fotolito Impressão, edição de jornais, livros, edições e revistas Locação de caçamba de entulhos Locação de equipamentos de sonorização Locação de máquinas e equipamentos comerciais, industriais e agrícolas Locação de veículos Loja de departamentos ou magazines Marcenaria Montagem e desmontagem de andaimes e outras estruturas temporárias Outras atividades relacionadas à limpeza urbana e esgoto Preparação de carne, banha e produtos de salsicharia não associada ao abate Prestação de serviços de carga e recarga de extintores de incêndio Prestação de serviços de estamparia (silck-screen) Recondicionamento ou recuperação de motores para veículos automotores Representação estrangeira e consulado Serralheria Serviço de organização de festas e eventos Serviço de reboque de veículos Serviços de bufê Serviços de instalação, manutenção e reparação de acessórios para veículos automotores Serviços de lavagem, lubrificação e polimento de veículos Serviços de somato-conservação Serviços gráficos Transporte escolar Treinamento e desenvolvimento profissional e gerencial Atividades enquadradas em G2 com limite de área total vinculada à atividade, incluindo as áreas descobertas, excetuando o estacionamento, até 1000,00m²: Academias de ginástica Academias de dança Atividades enquadradas em G2 sem limite de área: Apart-hotel Atividades de organizações religiosas Boliche Campo desportivo Cinema Ensino Fundamental Ensino Médio Educação profissional de nível técnico Hotel, Pensão, Pousada Igrejas/Templos Supermercado ou Hipermercado - Comércio varejista de mercadorias em geral, com

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predominância de produtos alimentícios, com área maior que 3000 metros quadrados. Motel Teatro Obs.: As atividades enquadradas em G2 poderão ser toleradas nos endereços onde é permitido apenas a implantação de atividades enquadradas em G1, após análise e parecer favorável da CTA, quando se tratar apenas de escritório administrativo da empresa sem o exercício efetivo da atividade e obedecendo à área máxima ligada à atividade do Grupo1. Nesse caso no Alvará de Funcionamento deverá constar licenciado para “Escritório de Contato da Empresa”. GRUPO 3 – G3 Corresponde às atividades listadas como G1 e G2, mais os seguintes estabelecimentos, sem limite de área vinculada à atividade. Boite, Discotecas, danceterias e similares Cemitérios Comércio de aeronaves Construção de embarcações para uso comercial e para usos especiais - exceto de grande porte Construção e montagem de aeronaves Construção e montagem de locomotivas, vagões e outros materiais rodantes Construção e reparação de embarcações de grande porte Distribuidora de petróleo e derivados Distribuidora de produtos farmacêuticos Educação profissional de nível tecnológico Educação superior - Graduação Educação superior - Graduação e pós-graduação Empresa de transporte coletivo urbano e interurbano Empresa de transporte de cargas e mudanças Empresa de transporte marítimo e serviços complementares Estação de tratamento de lixo Exploração comercial de edifício-garagem Fabricação de aparelhos e utensílios elétricos para fins industriais e comerciais Fabricação de adesivos e selantes Fabricação de álcool Fabricação de aparelhos elétricos inclusive peças e acessórios Fabricação de artefatos de cordoaria Fabricação de artefatos de fibra de vidro Fabricação de artefatos de material plástico para outros usos Fabricação de artefatos diversos de borracha Fabricação de automóveis, camionetas e utilitários Fabricação de bicicletas e triciclos não-motorizados - inclusive peças Fabricação de blocos, placas e outros artigos de cimento moldadas de concreto Fabricação de café solúvel Fabricação de cerveja e chopp Fabricação de cloro e álcalis Fabricação de colchões Fabricação de couros, peles e produtos similares Fabricação de elastômeros Fabricação de estruturas metálicas Fabricação de fibras, fios, cabos e filamentos contínuos sintéticos Fabricação de fornos industriais, aparelhos e equipamentos não elétricos para instalações térmicas, inclusive peças Fabricação de fósforos de segurança Fabricação de laminados planos e tubulares de material plástico Fabricação de material cerâmico Fabricação de material elétrico e de comunicação Fabricação de outros tubos de ferro e aço Fabricação de peças e acessórios para veículos auto-motores ou não Fabricação de resinas termoplásticas Fabricação de telhas, tijolos e outros artigos de barro cozido Fabricação de tintas, vernizes, esmaltes e lacas Fabricação de tubos de aço com costura Fabricação de válvulas, torneiras e registros, inclusive peças

154


Fabricação e engarrafamento de aguardente e outras bebidas alcoólicas Fabricação e engarrafamento de bebidas não alcoólicas Fabricação e preparação de fumo e fabricação de cigarros, cigarrilhas e charutos Fabricação de material eletrônico. Excluem-se os de comunicação Ferro velho e sucata Frigorífico e preparação de carne e subprodutos sem abate Galvanoplastia, cromeação e estamparia de metais Garagem (de empresas) Hipermercado - Comércio varejista de mercadorias em geral, com predominância de produtos alimentícios, com área de venda superior a 5000,00m² (cinco mil metros quadrados) Indústria mecânica Indústria Metalúrgica Indústria têxtil Limpeza urbana - exceto gestão de aterros sanitários Marmoraria - Aparelhamento de placas e execução de trabalhos em mármore, granito, ardósia e outras pedras Moagem de trigo e fabricação de derivados Montagem de estruturas metálicas - exceto temporárias Parque de exposições Pelotização, sinterização e outros beneficiamentos de minério de ferro Posto de abastecimento de aeronaves Posto de abastecimento de veículos automotores Preparação do leite e produtos de laticínios Preparação do pescado e conservas do pescado Prestação de serviços complementares da atividade de transportes aéreos Produção de arames de aço Produção de artefatos estampados de metal Produção de casas de madeira pré-fabricadas Produção de laminados planos de aços especiais Produção de outros laminados longos de aço Produção de soldas e anodos para galvanoplastia Produção de tubos e canos sem costura Produção e distribuição de gás através de tubulações Recondicionamento de pneumáticos Serviço de cromagem e niquelação Serviço de guarda-móveis Serviço de tornearia e soldagem Serviços de manutenção e reparação de caminhões, ônibus e outros veículos pesados Terminais rodoviários e ferroviários Terminal pesqueiro Torrefação e moagem de café Obs.: As atividades enquadradas em G3 poderão ser toleradas nos endereços onde é permitido apenas a implantação de atividades enquadradas em G1 ou G2, quando se tratar apenas de escritório de contato da empresa, sem o exercício efetivo da atividade e obedecendo à área máxima ligada à atividade dos Grupos permitidos no local. Nesse caso no Alvará de Funcionamento deverá constar: licenciado para “Escritório Administrativo da Empresa”.

155


RUA JOSÉ RIBEIRO DA SILVA CASTRO

RUA ABIAIL DO AMARAL CARNEIRO

0 cm

RUA PROFESSOR BELMIRO SIQUEIRA

15 cm 4 4/5

25 cm

N

15 cm 3

Sobe

20 cm

4/5

Desce

15 cm

15 cm

0 cm 15 cm

RUA PROFESSOR BELMIRO SIQUEIRA

15 cm

2

RUA PROFESSOR BELMIRO SIQUEIRA

RUA JOSÉ RIBEIRO DA SILVA CASTRO

RUA ABIAIL DO A. CARNEIRO

4/5

RUA CLÓVIS MACHADO

RUA PROFESSOR BELMIRO SIQUEIRA

15 cm

15 cm 18 cm P1

20 cm

LEGENDA MOBILIÁRIO PÚBLICO

ÍNDICES URBANÍSTICOS Área de projeto: 15775 m² TO: 0,024 Perm. 29,27% CA: 0,049

P1

0 cm

15 cm

20 cm

20 cm 15 cm

Obs: Área da escada caracol: 6,33m² adotado como 15% de circulação

RUA CLÓVIS MACHADO

15 cm -50 cm 15 cm P1

PLANTA DE SITUAÇÃO ESC: 1/1200

Cobertura 800 cm 15 cm

Bicicletário modelo personalizado Zipper

1 4/5

Gola de árvore modelo personalizado em placas de ferro

Poste com 6 lâmpadas. Cor Branca. Modelo: HO. Marca: Hobby Brasil

Banco personalizado em madeira

15 cm 15 cm

Banco personalizado em madeira

Sobe

Desce

Banco personalizado em concreto com jardineira embutida

PLANTA BAIXA GERAL ESC: 1/250

Lixeiras modelo Ciclo nas cores vermelho RAL 2002, azul RAL 5015 e amarelo RAL 1003. Marca Nomen

Banco personalizado em concreto com encosto trabalhado em pastilhas de vidro e assento em madeira Pergolado em madeira

Poste Sextavado Colonial em Ferro Branco. Modelo: P9. Marca: Ideal Mesa conjugada. Estrutura metálica, banco e tampo em mármore sintético. Corda estrutura: A-1001 Amarelo Brilhante. Cor do mármore: Marmorizado em cinza. Modelo: M-10. Marca: Piovezana

UNIVERSIDADE DE VILA VELHA - UVV PRAÇA SENSORIAL - A VALORIZAÇÃO DOS SENTIDOS NO ESPAÇO PÚBLICO ORIENTADORAS: DRª SIMONE NEIVA, VIRGINIA COLLISTET E SUSIE FONSECA AUTORA: ROVENA DE OLIVEIRA DAHER

Modelo de barraquinha

PLANTA BAIXA GERAL E SITUAÇÃO

1/5

Jato de água ESCALA: INDICADA

DATA: 25/11/2013


RUA JOSÉ RIBEIRO DA SILVA CASTRO

RUA ABIAIL DO AMARAL CARNEIRO

RUA PROFESSOR BELMIRO SIQUEIRA

15 cm

4 4/5

JARDIM TATO/PALADAR

6 5

5

REFEIÇÕES/ESTAR 4 P1 P1

15 cm

4 9

5

P1

1 3

3

19

1

7

N

15 cm 25 cm

JARDIM AUDIÇÃO

ESCULTURA FEITA DE ÁGUA

15 cm 15 cm

sobe

3

20 cm

19

4/5

16 cm

9 19

desce

19

10

ESPELHO D'ÁGUA

8

13

16

15 cm

16

11

3 8

9

2

10

17

16

13

3

JARDIM LABIRINTO 2 20 10

7 16

2

6

10

16

11

13

6

15 cm

RUA PROFESSOR BELMIRO SIQUEIRA

15 cm

2 4/5

Pedriscos BICICLETÁRIO

MURO PARA EXPRESSÃO LIVRE DA ARTE ATRAVÉS DO GRAFITE

Piso expoxi cor rosa. Marca: Hardyfloor. Piso expoxi cor Vermelho Munsell 7,5 R 3/10. Marca: Hardyfloor. Piso expoxi cor Azul França Munsell 2,5 PB 4/10 Marca: Hardyfloor.

9 17

ÁREA DE BARRAQUINHAS

ÁREA DE BARRAQUINHAS

Piso expoxi cor Amarelo Ouro Munsell 5Y 8/12. Marca: Hardyfloor.

15 cm

2

Piso expoxi cor roxo. Marca: Hardyfloor.

2

16

18

2

1 9

Piso expoxi cor Cinza Médio Munsell N6,5 Marca: Hardyfloor. Piso expoxi cor Cinza Claro Munsell N8. Marca: Hardyfloor. Piso podotátil de alerta cor vermelha (20x 20 cm). Marca: Andaluz

19

10

Revestimento cimentício Legno Parquet (80x12,5cm) - Solarium (Textura idêntica a madeira)

10

JARDIM OLFATO

JARDIM AUDIÇÃO

10 14

10

15 cm

10

10 3 17

10

10

Piso expoxi cor Marfim Munsell 5Y 8,5/4Marca: Hardyfloor. Piso de concreto intertravado retangular. Cor grafite. Marca MDS Pavimentação

9

10

P1

15

20 cm

16

12

12

3 18

1

JARDIM OLFATO

P1

20 cm

19 19 19

19 20 cm

13

15 cm

9

ESPELHO D'ÁGUA 13

JARDIM VISÃO

11

13

20

13

11

20

P1

11

11

11

11

20

11

P1 P1

P1

20

18

17

P1

16 16

1

Módulo Serviços 24 m² 15 cm

Detalhe

20

20

FONTE

P1

18

P1

18 16

18 20 20

18

21

20

20

18

20

20

1

16

FONTE

20

20

18

4/5

16

20

16

5

15 cm

FONTE

FONTE

16

7

16 4

5

21

16 16

4

5 6

FONTE

20

18

20

9

16

18

16JARDIM

6

8

16

UNIVERSIDADE DE VILA VELHA - UVV

TATO/PALADAR PRAÇA SENSORIAL - A VALORIZAÇÃO DOS SENTIDOS NO ESPAÇO PÚBLICO ORIENTADORAS: DRª SIMONE NEIVA, VIRGINIA COLLISTET E SUSIE FONSECA AUTORA: ROVENA DE OLIVEIRA DAHER

sobe

desce

PLANTA BAIXA PAISAGISMO

PLANTA PAISAGISMO ESC: 1/250 ESCALA: 1/250

2/5

DATA: 25/11/2013


4

139

140

141

142

143

144

145

146

147

148

149

150

5.97 m 115

116

117

118

119

120

121

122

123

124 125

126 127

128 129

130

131

132

133

134

60 0

m 0c 0 6

300 cm

4.5 m

5.97 m

8.84 m 4.5 m

Moto

1m

cm 300 cm

4.87 80 m

135

1.2 m

2.3 m

1.2 m

2.3 m 2.3 m

4.87 m

113 114 Idoso Idoso

Moto

91

92

93

94

95

96

100

101 102

103 104

105 106

Guarita 13 m²

109

600 cm

111

110

112

6.9 m 600 cm

67

68

69

70

71

72

73

74

75

76

77

78

79

80

81

82

83

84

85

86

87

10.51 m

38

39

40

41

42

43

44

45

46

45

46

49

50

51

52

53

54

55

56

57

60 0

0.4 m

59

60

61

62

63

64

65

2.6 m 8.4 m

cm

02

7.4 m

66

2.6 m

03

04

05

5m

06

5m

07

08

5m

09

10

5m

11

12

13

5m

14

15

5.11 m

16

17

4.89 m

18

5m

19

20

5m

21

22

5m

23

24

5m

25

26

5m

27

28

29

5m

30

5m

31

32

5m

33

34

5m

35

4.5 m

0.4 m 4.2 m

01

58 cm

5.5 m

9.53 m

cm

2.61 m

i=20%

600 cm

0 30

300

4.5 m

5m 37

26.85 m

Sobe

4.13 00 m

3780 m²

300 c m

4.5 m

5.5 m

Estacionamento 2

Desce

2m

4.5 m

90

99

c4.5 m m

89

98

30 0

88

97

2m 4.22 00 m

4.5 m

8.71 m

4.3 m

4/5

138

5m

10.6 m

3

137

80 m 4.88

136

2m

2.5 m

0.4 m

4/5

36

3.4 m0.4 m

2 4/5

5m

5m

5m

5m

5m

5m

5m

5m

5m

5m

5m

5m

5m

5m

5m

5m

5m

5m

342 343

344 345

6.83 m

0.4 m

312 313

314

315

316

317

318

319

320

321

322

323 324

325 326

327 328

329

330

331

332

333

334

335 336

337 338

339

340

341

346

347

348 349 Moto

1m

4.5 m

2m

4.2 m

0.4 m

0.4 m 5.43 m

600 cm

5.5 m 4.5 m

276 277

278

279

280

281

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283

284

285

286

287

288

289

290

291

292

293

294

295

296

297

298

299

300

301

302

303

304 305

306

307

308

4.5 m

240

241

242

243

244

245

246

247

248 249

250

251

252

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255

256

257

258

259

260

261

262

263

264

265

266 267

268 269

270

271

272 273

274 275 300 cm

4.5 m

204

205

206

207

208

209

210

211

212 213

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230 231

232 233

234

235

236 237

238

4.5 m

300 cm

168 169

170 171

172

173

174

175

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178

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180

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196 197

198

199

200 201

202 203

309

310

311

8.4 m

6.1 m

Moto

5.5 m

cm

177

5.5 m

Estacionamento 1

4.5 m

133

134

4.5 m

97

98

135 136

300 c m

7374 m²

137 138

139 140

141 142

143

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148

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150

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101

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102

117

128

130

132

cm 600

300 cm

5.5 m

m 0c 60

20 VAGAS DE MOTO 499 VAGAS DE CARROS AO TOTAL SENDO 6 VAGAS PARA PORTADORES DE NECESSIDADES ESPECIAIS E 6 VAGAS PARA IDOSOS

37

38

39

40

73

74

41

42

43 44 2.3 m 2.3 m

75

4.5 m

72

4.5 m

71

142 cm

70

85 m 4.87

4.5 m

69

4.5 m

1.2 m 2.3 m 1.2 m

8.4 m

6.1 m

8.4 m

6.1 m

8.4 m

6.1 m

600

239

45

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45

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64

65

66

67

68 7.07 m

Idoso Idoso Idoso Idoso

02

2.6 m

03

04

05

06

07

08

09

10

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12

13

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16

17

18

19

20

21

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23

24

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26

27

28

29

30

31

32

33

34

35 36

36

4.13 20 m Guarita 17m²

4.22 20 m

01

5.5 m

2.6 m

2.3 m 2.3 m

2m

0.4 m 4.3 m

4/5

4.5 m

1

6.05 m

4.88 85 m

2m

Desce Sobe

26.85 m

UNIVERSIDADE DE VILA VELHA - UVV PRAÇA SENSORIAL - A VALORIZAÇÃO DOS SENTIDOS NO ESPAÇO PÚBLICO ORIENTADORAS: DRª SIMONE NEIVA, VIRGINIA COLLISTET E SUSIE FONSECA AUTORA: ROVENA DE OLIVEIRA DAHER

i=20%

PLANTA BAIXA ESTACIONAMENTO SUBSOLO ESC: 1/250

PLANTA BAIXA ESTACIONAMENTO SUBSOLO ESCALA: 1/250

3/5 DATA: 25/11/2013


Releitura da obra "Caminhando" de Lygia Clark

Arvore Flamboyant

Ipê Amarelo

Árvore Algarroba

Poste com 6 lâmpadas . Cor Branca, modelo: HO. Marca: Hobby Brasil Caramboleira

Caramboleira

2.95 m

2.5 m

Pergolado em madeira

elevador

CORTE 1 ESC: 1/125

Poste com 6 lâmpadas. Coor Branca. Modelo: HO. Marca Bohhy Brasil Algarroba

Algarroba

Algarroba

Algarroba

Algarroba Cobertura em concreto revestido com aço inoxidável polido

Parede trabalhada com grafite

2.75 m

Jasmim manga

3.25 m

elevadores

CORTE 2 ESC: 1/125

Algarroba

Flamboyant

Flamboyant Ravenala Manacá da Serra

Jabuticabeira Caramboleira

Jabuticabeira

Cobertura em concreto revestida com aço polido inoxidável

Escultura com água Jabuticabeira

Manacá da Serra Goiabeira Jasmim manga

Ombrelones

UNIVERSIDADE DE VILA VELHA - UVV PRAÇA SENSORIAL - A VALORIZAÇÃO DOS SENTIDOS NO ESPAÇO PÚBLICO

2.95 m

2.95 m

2m

2.85 m

Guarda-corpo

2.5 m

Papiro

Poste sextavado Colonial em Fero Branco. Modelo:p9. Marca: ideal

ORIENTADORAS: DRª SIMONE NEIVA, VIRGINIA COLLISTET E SUSIE FONSECA AUTORA: ROVENA DE OLIVEIRA DAHER

CORTES CORTE 3 ESC: 1/125

CORTE 4 ESC: 1/125 ESCALA: 1/125

4/5 DATA: 25/11/2013


3.7 m

QUADRO DE ESQUADRIA DIMENSÕES 175 X 208 cm

DESCRIÇÃO Porta duas folhas, de madeira com vidro

AR CONDICIONADO

0.52 m

0.13 m

CAIXA D'ÁGUA

2.08 m 0.03 m

2.08 m

4m

0.06 m

VIDRO LAMINADO COR CINZA CLARO

0.03 m

2.6 m

P1

0.03 m 1.1 m

0.82 m

0.18 m

0.18 m

1.1 m

CÓDIGO

CORTE 1 ESC: 1/50

CORTE 2 ESC: 1/50

Mesa conjugada. Estrutura metálica, banco e tampo em mármore sintético. Cor da estrutura: A-1001. Amarelo Brilhante. Cor do mármore: Marmorizado em cinza. Modelo: M-10. Marca Piovezana

Piso Epoxi. Cor: Marfim. Munsell 5y 8,5/4. Marca: Hardyfloor 2

2

5/5

5/5

P1

Escada metálica na cor vermelha

18 .45 °

75 cm

Abaixo 24 m²

15 cm

415 cm 20 cm

pilar pilar

1.05 m

31 .9 4c m

cm

Módulo serviços

.9 4

3

m

36

24 m²

4c 6.9

1 5/5

m 4c 1.9 14 136.94 cm

4.87 85 m

5/5

módulo serviços

cm

0.8 m

94 1. 4 1

1

00 m 5.03

Piso Epoxi. Cor: Marfim. Munsell 5y 8,5/4. Marca: Hardfloor

UNIVERSIDADE DE VILA VELHA - UVV PRAÇA SENSORIAL - A VALORIZAÇÃO DOS SENTIDOS NO ESPAÇO PÚBLICO ORIENTADORAS: DRª SIMONE NEIVA, VIRGINIA COLLISTET E SUSIE FONSECA AUTORA: ROVENA DE OLIVEIRA DAHER

DETALHES Planta baixa 1º pav. ESC: 1/50

4.88 85 m

Planta baixa 2º pav. ESC: 1/50

5.04 00 m

ESCALA: 1/50

5/5 DATA: 25/11/2013


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