Minha Cidade, Meu Povo
Floriano Pesaro Vereador 2009 - 2012
Im ein ani li, mi li?
Se não eu por mim, quem por mim ?
U’kh’she’ani le’atzmi, mah ani? Se eu for só por mim, quem sou eu ?
V’im lo ‘akhshav, eimatai? Se não for agora, quando ?
- Pirkei Avot 1:14 Famoso Rabino Hilel
Floriano Pesaro no Knesset
Realização Floriano Pesaro
Vereador Líder da Bancada do PSDB Mendy Tal Chefe de Gabinete
Equipe Esther Tarandach Sandro Kuschnir Marina Amadeu Batista Bragante
Editorial Coordenação e Produção de Conteúdo Mendy Tal
Diagramação
Renata Colombini Puosso
Colaboradores
Gabriel Vinicius Carmona Gonçalves Cristina Furlani Carmona Bruna Borghetti Camara Ferreira Rosa
Introdução e Apresentação
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Forte atuação e liderança na Comunidade Judaica
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Leis Discursos Floriano e o Calendário Judaico Sessões Solenes Artigos
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Introdução S
empre tive grande admiração pela cultura e tradição judaica. Desde muito cedo, os ensinamentos da casa de meu pai Giorgio e principalmente de meus avós Umberto e Gabriela Cohen Pesaro, judeus oriundos de MIlão, ecoaram em minha alma, criando um interesse profundo por minhas raízes ancestrais. Nos meus anos de adolescência, criei um círculo social inestimável de amigos da comunidade, tanto nos colégios que frequentei quanto na Hebraica, que me aproximaram ainda mais do judaísmo e de nossa força enquanto povo. Entretanto, posso afirmar convictamente que, nestes últimos anos de atividade política, tive o grande privilégio de conviver de maneira mais próxima com a comunidade como um todo, de seus líderes, de seus sábios, de seus cidadãos comuns. Tive a oportunidade de contar com dedicados assessores que me estimularam e orientaram permitindo que eu então conhecesse melhor nossos dilemas, nossas necessidades, nossas festas maiores e menores, capacitando-me para ser então porta voz desta parcela tão importante da população de nossa cidade. Minha jornada política permitiu-me também aliar duas bandeiras valiosas que, na verdade, são entrelaçadas desde os tempos bíblicos. A convivência próxima com grandes mentes judaicas propiciou que eu constatasse que os princípios básicos de ação social fazem parte dos preceitos intrínsecos de nossa tradição. Palavras nobres como tzedacá, guemilut chassadim e um conceito tão primordial como o de tikun olam, identificam o caráter de ação social de nossa comunidade e representam o que acredito como sociólogo que sou e como membro do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana, do Ministério da Justiça, membro do Conselho Nacional de Assistência Social e secretário Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social que fui. Assim, tive oportunidade de ajudar as obras sociais de nosso município, mas com um carinho especial para as instituições de nossa comunidade. Entretanto, como representante do povo judeu, nestes 4 anos de mandato que me foi concedido por vocês, minha voz se fez presente também para repudiar todo e qualquer ato de antisemitismo que tivesse ocorrido aqui ou em qualquer lugar do mundo. Mais ainda, sempre que Israel necessitou, coloquei-me à disposição para que não nos tornássemos vulneráveis nas searas municipal, estadual e federal. Nossas instituições foram lembradas e homenageadas e nossas datas sagradas tiveram seu espaço em nossa nobre casa legislativa. Tenho como premissa que para que a coexistência prevaleça devemos vestir a pluralidade com a particularidade. Quando os outros nos conhecerem plenamente, nossas tradições, nossos costumes, nossas motivações, nossas necessidades, e nós os conhecermos, é que nos entenderemos e nos respeitaremos. O povo judeu se estabeleceu há tempos em São Paulo e faz parte ativa do tecido social desta cidade. Seus anseios, sua identidade, suas raízes precisam ser conhecidas e respeitadas. Esta é minha proposta. E este foi o meu desempenho.
Minha Cidade, Meu Povo Vereador Floriano Pesaro
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Apresentação
É
preciso ressaltar que, ao me deparar com a primeira página do relatório de gestão do vereador Floriano Pesaro, senti-me especialmente feliz, pois a frase que nela consta “Se São Paulo não for para todos, não será para ninguém”, de certa forma, sintetiza todos os esforços que o Congresso Judaico Mundial e, em especial, o Congresso Judaico Latino-Americano fazem em prol do próximo: “Kol Arevim Ze la Ze”, ou seja, “Somos todos responsáveis uns pelos outros”! Com esse pensamento, nosso amigo Floriano esteve sempre, não apenas presente, mas participando de nossas lutas, alegrias, dissabores. O alcance de seu trabalho se faz sentir mais palpável na forma de algumas leis já em vigor, como a inclusão no calendário oficial da cidade de São Paulo das datas comemorativas de Rosh Hashaná (Ano Novo Judaico) e Chanucá (Festa das Luzes), e também da lei de Memória às Vítimas do Holocausto, celebrada mundialmente em 27 de janeiro. Nosso amigo tem propostas de leis muito condizentes com aquilo que acreditamos ser importante, como a inclusão do tema Holocausto na disciplina de História na Rede Municipal de Ensino, algo essencial para que algo assim nunca mais se repita contra um povo, um grupo de pessoas e jamais seja esquecido. Nesse sentido, também devemos aplaudir seus esforços contra a discriminação como um todo. Sua preocupação com o meio ambiente, justiça social, contra a discriminação e outros itens estão arraigados no cerne judaico, e demonstram a pessoa e o político que é Floriano Pesaro e o que pretende.
Jack Terpins-Presidente do Congresso Judaico Latino-Americano
Minha Cidade, Meu Povo Vereador Floriano Pesaro
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Floriano Pesaro:
Forte atuação e liderança na Comunidade Judaica Durante a Gestão de Floriano Pesaro à frente da Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social houve um crescimento de 920% no número de convênios da Prefeitura de São Paulo com entidades judaicas: Número de convênios da PMSP com entidades judaicas
Valores repassados aos convênios da SMADS com entidades judaicas
Valor em milhões
Principais convênios: • • • • • • • • •
União Brasileira Israelita do Bem Estar Social – Unibes Congregação Israelita Paulista - Lar das Crianças Instituto Olga Kos de Inclusão Cultural Federação Israelita do Estado de SP Instituto Ten Yad Centro Comunitário Religioso e Beneficente Beit Menachem Centro Israelita de Apoio Multidisciplinar Associação Israelita de Beneficência Beit Chabat do Brasil Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Hospital Albert Eistein
O vereador Floriano Pesaro faz parte do Conselho das seguintes instituições: • • • • •
Centro Israelita Multidisciplinar (CIAM) Clube A Hebraica UNIBES - União Brasileiro Israelita do Bem Estar Social Instituto de Musica Judaica Brasil Floriano é membro da diretoria do ICJP - International Council of Jewish Parliamentarians (Conselho Internacional de Parlamentares Judeus) como representante da América do Sul • Grupo Chaverim
Minha Cidade, Meu Povo Vereador Floriano Pesaro
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Leis Lei: 15.059/2009 - Memória às Vítimas do Holocausto O que significa: Inclui no Calendário Oficial da cidade de São Paulo o Dia em Memória às Vítimas do Holocausto, a ser celebrado anualmente no dia 27 de janeiro. A data já foi instituída, em 2005, pela Assembléia Geral das Nações Unidas como o Dia Mundial da lembrança do Holocausto, em memória aos 6 milhões de judeus vítimas da exterminação nazista. No dia 27 de janeiro de 1945, os soviéticos liberaram os presos do campo de concentração de Auschwitz – Birkenau, na Polônia. Notas Técnicas: Altera a Lei nº 14.485, de 19 de julho de 2007. (Legislação municipal relativa a Datas Comemorativas, Eventos e Feriados). (Projeto de Lei nº PL 129/2009).
Cerimônia de sanção do Dia em Memória às Vítimas do Holocausto, com Boris Ber, Floriano Pesaro, Prefeito Gilberto Kassab e Claudio Lottenberg.
A memória é o que pode salvar a Humanidade O povo judeu é denominado o Povo do Livro, mas pode também ser considerado o Povo da História. A memória é parte integrante da sua identidade e elemento fundamental de sua continuidade. Elie Wiesel admirava-se da resiliência do povo judaico e a justificava por este seu desejo distintivo de lembrança. Wiesel enaltece o poder místico da lembrança explicitando que, sem a lembrança, nossa existência seria árida e opaca. A memória é o que pode salvar a humanidade. Minha Cidade, Meu Povo Vereador Floriano Pesaro
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Um exemplo pungente da importância da lembrança aparece na Hagadá de Pessach, que frisa a necessidade de recordar e manter viva a memória coletiva: vechigadetá lebinchá (e contarás a teu filho). Na mesma narrativa, adiante, a hagadá frisa com grande veemência: “Em toda geração deve o homem considerar a si mesmo como se tivesse saído do Egito”. Se a tradição nos ensina a contar a história da escravidão para que não sejamos mais escravos, é imperativo que lembremos e contemos sobre o Holocausto e suas vítimas para que atrocidade tamanha não mais aconteça. Para definitivamente não esquecer, tive a iniciativa de propor, aprovar na Câmara e, posteriormente, o Executivo sancionar a Lei 15.059, que escolheu o dia 27 de janeiro como o Dia em Memória às Vitimas do Holocausto. Através deste dia, nós queremos fazer valer a História, oficializando a necessidade de recordar, determinando que nossos pequenos, nossos jovens e nossos adultos tenham dias demarcatórios para recordar até onde a loucura de uns e a indiferença de muitos podem levar a Humanidade. Nada mais pertinente do que escolher o dia 27 de janeiro como o Dia da Memória às Vítimas do Holocausto. Foi nesse dia, há quase 65 anos, que ocorreu a libertação de Auschwitz. E foi na libertação dos campos de concentração que o mundo começou a ter noção da enormidade da barbárie que havia sido cometida. A comunidade judaica, vítima primordial deste episódio da erosão da humanidade, tem sido incansável em fazer lembrar ao mundo o desastre do Holocausto. Quando teve que conciliar a enormidade da barbárie para explicar a inexplicável morte de 6 milhões de judeus no período nacional-socialista, o amargo sentido dessa verdade os impulsionou a buscar um caminho. Foi então que o compromisso bíblico para com a lembrança ganhou ainda mais significado. A lembrança do Holocausto, os relatos e depoimentos dos sobreviventes, os registros de todas as vítimas, este é o caminho para que honremos os sacrifícios acontecidos. Através da criação do Dia em Memória às Vitimas do Holocausto nós reafirmamos que, SIM, vamos fazer o possível e o impossível para que TODOS lembrem e conscientizem o mundo. Só assim poderemos prevenir uma próxima tragédia de proporções outrora inimagináveis. • Pelos milhões assassinados nos guetos e nos campos de concentração; • Pelos que vagaram pelos bosques e pelos que se esconderam em sótãos e em porões; • Pelos que buscaram refúgio no seio de outra religião ou pelos que esqueceram seu Deus; • Pelos que perderam sua casa, sua dignidade e sua esperança; • Pelos que foram enforcados publicamente, para que todos vissem e temessem; • Pelos que foram sujeitos a experimentos nas mãos de bestas selvagens chamadas de médicos ou cientistas; • Pelos que morreram de fome e de sede, sufocados até a morte em vagões de carga, ou nas câmaras de gás, mortos a tiros, enterrados vivos, ou cremados; • Pelos que permaneceram vivos para reviver os horrores, dia a dia, momento a momento. Nós nos lembraremos das vítimas de ontem para que não existam mais infames genocídios no amanhã! Muito obrigado. Minha Cidade, Meu Povo Vereador Floriano Pesaro
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Lei: 15.285/2010 - Rebe de Lubavitch - Movimento Chabad. O que significa: Inclui no Calendário Oficial de eventos da cidade de São Paulo o Dia do Ensino e Participação Coletiva inspirados na obra do Rebe de Lubavitch – Movimento Chabad. Notas Técnicas: Altera a Lei nº 14.485, de 19 de julho de 2007. (Legislação municipal relativa a Datas Comemorativas, Eventos e Feriados). (Projeto de Lei nº 71/2010).
Esq. para Dir. Daniel Eskinazi, Shmully Schildkraut, Mendel Begun, Sandro Kuschnir, Floriano Pesaro, Mendy Tal, Moti Begun, Yossi Alpern, participando do Kinus em Nova Iorque.
Minha Cidade, Meu Povo Vereador Floriano Pesaro
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Dia 11 de Nissan Data paradigmática na vida judaica e não judaica, data relevante aqui e no resto do mundo. Dia santificado, pois é quando celebramos o nascimento de um homem sábio, um homem justo, um homem influente, um homem sagrado, o Rabino Menachem Mendel Schneerson, o Rebe de Lubavitch, líder espiritual e efetivo do Movimento Chabad e de tantas pessoas, inclusive presidentes de potências mundiais. Este nobre rabino, no decorrer de sua vida, evidenciou a importância da educação para a formação de uma sociedade melhor, mais justa, mais ética, mais informada para tomar decisões sensatas. No esteio deste legado, o movimento Chabad, representado por cada um e todos os rabinos aqui presentes, tem empreendido esforços incomensuráveis, buscando a dedicação nos ensinamentos do Rebe, para difundir a educação em todos os seus centros, no mundo todo, estimulando o conhecimento e a espiritualidade, para a criação de seres humanos melhores e mais dignos. Não são apenas as escolas que devem estimular a educação. A comunidade também deve ajudar para que cada criança desenvolva uma bússola moral. A educação deve ser integral, harmonizando o conhecimento com valores morais, a responsabilidade pessoal, e a benemerência. Também, eu, com o apoio da Câmara dos Vereadores e com a mesma inspiração, tive o privilégio de criar um projeto de lei, hoje já convertido na Lei 15.285, instituindo no Município de São Paulo o “Dia da Educação Judaica inspirado no Movimento Chabad Lubavitch”, a ser comemorado anualmente no dia 11 de Nissan entre o dia 18 de março e dia 22 de abril, dia do nascimento do Rebe de Lubavitch. A data comemorativa instituída passou a constar no Calendário Oficial de Datas e Eventos do Município de São Paulo. Assim, hoje, aqui, podemos comemorar juntos o esforço e a homenagem que São Paulo presta a esta personalidade iluminada, o Rebe de Lubavitch, ao Movimento Chabad, aos seus abnegados rabinos e à importância fundamental de disponibilizar a educação para cada pequeno ou grande cidadão do mundo. Estamos hoje aqui após uma jornada de quatro anos, que começou no Kinus de 2008, quando me apresentei diante de vocês e recebi vosso inestimável apoio, e assumi o compromisso de defender os direitos do povo judaico. Hoje, posso orgulhosamente ostentar o privilégio de ter conseguido a aprovação de leis relevantes para nosso povo, como esta Lei comemorativa do Dia da Educação em homenagem ao Movimento Chabad, como a Lei que estabelece a Festa das Luzes (chanucá) durante o mês de Dezembro em nossa cidade, a Lei que oficializa Rosh HaShaná em nosso calendário, a Lei em Homenagem às Vítimas do Holocausto. Posso também afirmar que, definitivamente, busquei argumentar em defesa do Estado de Israel e dos anseios da comunidade judaica em plenário, nos meios de comunicação, em Israel e na ONU em Nova York. Tenho a consciência de que muito pode ser feito ainda e quero me apresentar mais uma vez como vosso interlocutor. Para tanto, busco novamente vossa inspiração e vosso apoio neste ano de decisões,para que, dentro de pouco tempo estejamos todos aqui festejando novos marcos do povo hebreu na cidade de São Paulo. Muito Obrigado, Floriano Pesaro Minha Cidade, Meu Povo Vereador Floriano Pesaro
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Lei: 15.297/2010 - Rosh Hashaná O que significa: Inclui no Calendário Oficial de eventos da cidade de São Paulo a comemoração do Rosh Hashaná – Ano Novo Judaico. Notas Técnicas: Altera a Lei nº 14.485, de 19 de julho de 2007. (Legislação municipal relativa a Datas Comemorativas, Eventos e Feriados). (Projeto de Lei nº 568/2009).
Rosh HaShaná e Iom Kipur Estamos chegando a uma época do ano cuja intensidade não tem paralelo. Maimônides, no século XII, já dizia que o som do shofar em Rosh HaShaná é como o som de um despertador. Sem este chamado, poderíamos passar sonâmbulos pela vida, ocupando-nos de trivialidades. O som do shofar nos traz novamente a consciência da fragilidade e da benção da vida. É disso que se trata Rosh HaShaná e Iom Kipur. É entender que nossas vidas não são eternas e que o simples fato de estarmos vivos é uma dádiva divina. As festividades durante os Dez Dias Intensos (Iamim ha Noraïm) entre Rosh HaShaná e Iom Kipur contemplam questões majestosas: vida e morte, bem e mal, arrependimento e perdão. Nesta época, pensamos sobre o ano que passou e como lidamos com nossos desafios. É um momento de honestidade auto-reflexiva, quando tomamos plena consciência de nossos desacertos, das vezes em que outros precisaram de nós e não soubemos atender, lembramos das ocasiões em que nos deixamos levar por pequenas animosidades e pensamos em como corrigir estas situações. É quando consideramos o perdão. Perdoar não é absolver, condenar ou desculpar o mau comportamento: perdão não elimina as consequências. Perdão é permitir acolher as diferenças, é tornar-se receptivo para a alteridade; é entender e se abrir para o diálogo, em todas as instâncias. Há quase mil anos, dez séculos, sempre nestes dias, é que se faz a oração de Unitane Tokef e nesta liturgia, encontramos um tema que me fascina, onde abordamos as ações que podem fazer diferença: o arrependimento, a oração e a tzedacá (mais bem traduzida como justiça social). É uma época intensa de trabalho pessoal, mas que nos instiga a buscar o bem-estar de todos os seres humanos. A justiça social é elemento capital do judaísmo e, através do exercício da lembrança, podemos, cada um de nós, tomar uma atitude de integrar a religiosidade com o mundo em que vivemos. Enfim, esta é uma época solene, porém repleta com felizes expectativas de renascimento, de renovação e de novos começos. Le Shaná Tová Ticateivu VeTichateimu.
Floriano, Alckmin, Goldman e Arthur Rotenberg
Minha Cidade, Meu Povo Vereador Floriano Pesaro
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Lei: 15.293/2010 - Chanucá O que significa: Inclui no Calendário Oficial de Eventos da Cidade de São Paulo a comemoração da Festa das Luzes - Chanucá, a ser comemorado anualmente no mês de dezembro. Notas Técnicas: Altera a Lei nº 14.485, de 19 de julho de 2007. (Legislação municipal relativa a Datas Comemorativas, Eventos e Feriados). (Projeto de Lei nº 567/2009).
Chanucá
Cerimônia de comemoração do Chanucá
A história de Chanucá relata como o povo judeu em Israel foi perseguido pelos gregos antigos, como foram proibidos de reverenciar Deus, de estudar a Torá ou realizar os rituais básicos e essenciais da prática judaica. Mas o povo judeu desafiou seus opressores continuamente, exercendo seus direitos sagrados de povo, rejeitando culturas e conceitos exógenos, revoltando-se contra a tirania. Diz a História que os macabeus finalmente rebelaram-se e retomaram seu Templo Sagrado. Chanucá nos ensina assim sobre a importância da liberdade e da dignidade humana. Chanucá é também a festa que celebra a luz, a esperança e a fé durante períodos negros, através de um ritual que nutre nossa alma e renova nosso espírito. Em cada uma das oito noites de Chanucá, nós acendemos velas que representam o triunfo da luz. Chanucá nos fala também de milagres. O óleo existente para a re-dedicação do santuário profanado deveria durar um só dia, mas milagrosamente queimou por oito dias seguidos. Chanucá então pede que paremos e observemos. É um convite para que possamos abrir olhos e corações para a possibilidade do milagre. Milagres que acontecem em nosso dia a dia, milagres que nos passam despercebidos no corre-corre cotidiano. Vamos assim aproveitar o riquíssimo ritual de oito dias de acender velas para perceber, a cada dia, a luz interna e externa e também os pequenos milagres que nos rodeiam. Chag Sameach. Minha Cidade, Meu Povo Vereador Floriano Pesaro
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Discursos Homenagem ao CIAM
Floriano Pesaro é entrevistado pelo Programa Shalom Brasil
Hoje, ao vir aqui e ao ter em mente a contabilidade da alma que o mês de Elul nos incita a fazer, posso dizer que sinto orgulho. Sinto orgulho de fazer parte do Conselho de uma instituição como o CIAM. O Centro Israelita de Apoio Multidisciplinar reúne duas causas que me são extremamente queridas: O CIAM é o modelo exemplar do que a comunidade judaica, uma de minhas primordiais bandeiras, é capaz de fazer quando abraça genuinamente o conceito de tikun olam, buscando o aperfeiçoamento deste nosso mundo. Mas, para mim, o CIAM ainda possui um valor que me é tão precioso quanto: a questão da inclusão social. A possibilidade de garantir igualdade de direitos para as pessoas com deficiência, sejam elas de que ordem forem, tem mobilizado meus esforços durante anos e estamos sempre planejando ações práticas para assegurar que leis, normas e resoluções existentes saiam do campo da teoria e sejam efetivadas com justiça e sensibilidade. Exatamente nesta semana, acabamos de realizar o III Simpósio de Inclusão e Empregabilidade da pessoa com deficiência e o I Simpósio Inclusão e Empregabilidade da pessoa em sofrimento mental, uma iniciativa minha e do vereador José Police Neto, presidente da Câmara de Vereadores. Neste universo, o CIAM vem atuando há mais de 50 anos, sendo referência no acolhimento das pessoas com deficiência e no suporte às suas famílias. Além disso, esta instituição reúne um grupo de nobres e dedicados amigos e voluntários que se esforçam em manter a organização sempre na vanguarda do atendimento. Assim, neste almoço que comemora mais uma passagem de ano judaico, quero antes de tudo agradecer a possibilidade de fazer parte desta casa e também desejar a todos um ano de desafios realizados, da busca da excelência e acima de tudo, neste momento, da concretização da paz. Shaná Tová
Minha Cidade, Meu Povo Vereador Floriano Pesaro
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Bnai Brith
Floriano discursa na B´nai B´rith
A Bnai Brith, a maior entidade judaica mundial de Direitos Humanos, ação comunitária e humanitária, mais uma vez cumpre seu papel de estimular a educação e a tolerância. Através de duas ações, demonstra sua importância vital para um judaísmo atuante e consciente, encontrando meios para que todos possam entender e explorar questões capitais. Este concurso de redação cujo tema é a “História e Memória do Holocausto”, é exemplar: Um projeto como este, que incentiva a redação para informar e educar sobre dados históricos, encontra a melhor forma para honrar uma das mais sagradas tradições do judaísmo: a lembrança. Desde a hagadá de Pessach que frisa a necessidade de recordar e manter viva a memória coletiva “...e contarás a teu filho” a Elie Wiesel que enaltece o poder da lembrança explicitando que a” memória é o que pode salvar a humanidade,” o povo judeu usa a memória como seu maior instrumento. Se a tradição nos ensina a contar a história da escravidão, para que não sejamos mais escravos, é imperativo que lembremos e contemos sobre o Holocausto e suas vítimas, para que atrocidade tamanha não mais aconteça. Cada uma destas redações lembra o passado para que criemos um futuro melhor. Também, utilizando um outro veículo, por vezes mais contundente, a Bnai Brith estimula a tolerância. Este é um tema que me fascina. Por isso mesmo, posso citar uma publicidade muito simpática que conheci através da Associação Americana de Incapacidades Intelectuais, que mostrava pessoas desajeitadas em diversas áreas. Todos nós temos incapacidades. Seja na destreza para qualquer trabalho manual, seja na aptidão de se vestir condignamente, seja na capacidade de oratória, na matemática, em dezenas de campos. Estas nossas peculiaridades, seja em questões tão prosaicas, ou em temas e características primordiais como sexo, raça, religião, capacidade intelectual, são o que nos tornam diferentes, únicos. Entretanto, cada vez que olharmos para uma pessoa diferente e acolhermos e respeitarmos sua singularidade, estaremos nos aproximando um pouco mais de um dos conceitos mais nobres de nossos dias: a tolerância. Porque somos todos diferentes e, ao mesmo tempo, somos todos iguais. Só me resta parabenizar efusivamente a Bnai Brith por iniciativas tão notáveis. Minha Cidade, Meu Povo Vereador Floriano Pesaro
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Defesa do Estado de Israel
Defesa do Estado de Israel
Na última quinta feira, o nobre vereador José Américo, líder do PT, desferiu criticas desmesuradas ao Estado de Israel, tivemos que ouvir, estupefatos, nosso colega vociferar contra um país democrático e legítimo. E quando se questiona a legitimidade de um país, minha integridade política não permite relevar tanta maledicência. O sentimento expresso nesta casa beirou uma agressão ao direito de existência do Estado de Israel. Foi uma verborragia contra um país independente, democrático e, acima de tudo, soberano. Um país que ostenta uma democracia exemplar onde os ministros obedecem aos controles e às prestações de contas e onde os juízes só temem a Deus. Curiosamente, é um Estado ratificado pela Organização das Nações Unidas e, a sessão que culminou com sua criação foi presidida pelo ilustre diplomata brasileiro, Osvaldo Euclides de Sousa Aranha. Desde então, Israel é a única democracia no Oriente Médio, um país menor do que muitos pequenos estados brasileiros. Israel tem no seu parlamento, o Knesset, legitimamente eleitos e empossados, mais de uma dezena de deputados árabes. A população israelense é de 7.500.000 habitantes, sendo que cerca de 5.600.000 são judeus, e mais de 1.500.000 habitantes são árabes, e os demais 4% da população é composta de cristãos, drusos e beduínos. Mesmo com esta diversidade, é um país onde há poucos crimes de sangue, mas muitos concertos de música. Onde os fiéis de todas as religiões gozam de liberdade de culto e onde os laicos são bem vindos. Um país onde qualquer residente é um homem livre, até para publicar ataques virulentos contra tudo que é importante à maioria dos que lá vivem. Um país que é uma terra e um povo. A história do povo judeu e suas raízes na Terra de Israel datam de mais de 35 séculos. Nesta terra, sua identidade cultural, nacional e religiosa foi formada; lá, sua presença física foi mantida sem ruptura através dos séculos, mesmo após a maioria ter sido forçada ao exílio. Com o estabelecimento do Estado de Israel em 1948, a independência judaica, perdida há 2 mil anos, foi apenas renovada. Nestes últimos 62 anos, Israel conseguiu se tornar um país de ponta em várias áreas, exporta tecnologia de vanguarda, é um dos polos mais importantes em Tecnologia da Informação e aparelhos médicos. Os sucessos da agricultura israelense são resultado de uma longa luta contra condições adversas e para maximizar o uso de escassa quantidade de água e de terra arável. Hoje, a agricultura representa algo em torno de 2,4% do PIB e 2% das exportações. Israel produz 93% de sua necessidade de alimentos. Israel possui dois idiomas oficiais, sendo um deles o árabe. No quesito educação, Israel possui a melhor relação de diplomas universitários por habitantes no mundo. Israel é um país preocupado com o meio-ambiente e 85% de seus resíduos sólidos são tratados de forma ecológica. Israel mantém a maior proporção de indústrias de tecnologia de ponta no mundo.
Se os países que hoje querem negar a existência de Israel, buscando eliminá-lo do mapa, quisessem realmente um acordo de paz, isto teria acontecido: a recusa palestina em aceitar dois Estados lançou o Oriente Médio numa guerra permanente, que dura desde a criação de Israel. Yasser Arafat desperdiçou uma oportunidade de ouro quando Ehud Barak se encontrou com ele em Camp David, no ano 2000 e o premiê israelense lançou um plano para terminar o conflito: dois Estados para dois povos; Jerusalém partilhada; e o retorno dos refugiados para o novo Estado palestino (e alguns para Israel). A Autoridade Palestina rejeitou! Em 2005, Israel tomou a iniciativa de entregar Gaza e desde então sofre com ataques diários de foguetes contra suas cidades, Israel saiu de territórios e nada foi feito em troca. Houve iniciativas passadas em que o governo se propôs a ceder e os que se alimentam politicamente da revolta e do caos não souberam abrir mão politicamente do conflito. Israel, infelizmente, apesar de todos os seus sucessos é um país que sofre um ataque acintoso da mídia tendenciosa, que cerra fileiras com a propaganda malevolente, sem analisar fatos, contextos e sem ter a menor isenção. Quem compra a informação distorcida, arvora-se em defensor do fraco e do oprimido sem sequer avaliar todo o contexto. A paixão cega e desenfreada é o que tem nos colocado neste impasse e todos os que se contagiam só prestam um desserviço à paz. É o que faz com que as pessoas se percam e demonstrem a capacidade de ódio que nutrem. Temos o exemplo de Helen Thomas, a decana do jornalismo internacional que, inflamada pela mídia tendenciosa, disse que os judeus deveriam voltar para a Polônia e para a Alemanha. Bem, neste ponto 6 milhões de judeus nem precisam pagar passagem de volta, estão lá mortos e enterrados. Não há desculpas que possam justificar afirmações semelhantes e a desinformação disseminada é a responsável por este tipo de sentimento. Podemos, sim, questionar melhores caminhos para a paz, podemos, sim, nos empenhar em mediar o conflito na busca de uma solução para a região. É para isso que me apresento, para isso que batalho. Entretanto, uma coisa é clara: mesmo que Israel perca terreno na batalha deslumbrada de alguns pela opinião pública, o que permanece evidente é que Israel tem o direito e o dever legítimos de proteger seus cidadãos. Israel tem o direito de existir e ser um país soberano. E isso não pode ser contestado. Muito menos nesta casa de políticos íntegros. Quando o tsunami da Indonésia, os terremotos no Haiti e no Chile ocorreram, Israel providenciou equipes de resgate de primeira qualidade para ajudar na localização e tratamento das vitimas. Israel possui o maior número de cientistas e engenheiros per capita no mundo. Este é o país que defendo. Um país com um desenvolvimento tão exemplar e com preocupações humanas tão presentes não pode ser vilipendiado com palavras fúteis. Não pode ser refém de políticos que florescem com crises e que empunham a bandeira da violência.
Embaixador Rafael Eldad, vereador Floriano Pesaro e cônsul Ilan Sztulman, na Câmara Municipal.
AMIA
Ricardo Berkiensztat, Walter Feldman, Jack Terpins e Floriano Pesaro na cerimônia em memória às vítimas do atentado na AMIA, em agosto de 2010.
No rescaldo do Holocausto, o mundo começou a perceber o tamanho da barbárie. O planeta inteiro ficou perplexo com a carnificina. Fundaram a ONU, órgão que viabilizaria a interação de vários países, criaram o Estado de Israel para dar pátria ao povo judeu, e todos nós pensamos que a lição tão cara em almas humanas havia sido entendida de uma vez por todas e o homem, ser humano, não mais poderia virar a Besta. Triste engano, em 18 de Julho de 1994, o ódio, o racismo e a intolerância se fizeram mais uma vez presentes no cenário mundial e a Argentina assistiu estupefata ao ignóbil atentado conta a Associação Mutual Israelita Argentina, a AMIA. Em meio a um estrondo estarrecedor, em meio a gritos de agonia, sirenes de bombeiros e caos, esvaíram-se as vidas de 85 pessoas e mais de 300 ficaram feridas. A justiça argentina, ah... a justiça argentina. Eu poderia discorrer aqui sobre a inépcia, a falta de vontade, a lerdeza que acabaram por criar apenas fantasmas culpados deste episódio. Os processos, tão volumosos quanto ocos, são dignos de filme de ficção. As tramas, os dossiês, os pretensos culpados, tudo envolvido em uma névoa absolutamente obscura que nos leva a lugar nenhum. Podemos ficar indignados, boquiabertos, enojados por toda essa incompetência, tanto descaso com um crime contra humanidade. Entretanto, nós, cidadãos do mundo, a comunidade judaica, o povo consciente temos uma arma para contrabalançar tanta irresponsabilidade. É a nossa voz, é a nossa memória, é a nossa vigilância, é a nossa ação. Todos os dias, devemos recordar, todos os anos, devemos cobrar e sempre devemos alertar. A cada possibilidade de injustiça, a cada ato antissemita, a cada declaração preconceituosa, nós temos a obrigação peremptória de gritar. Sempre que percebermos a possibilidade do recrudescimento do racismo, nós imediatamente nos apresentaremos para conclamar os homens de bem para que tomem as rédeas da situação e protestem, antes que algo mais sério volte a acontecer. A palavra, o protesto, a memória, estas são nossas ferramentas, que nos guiam e nos incentivam, que permitem que estejamos hoje aqui. As vidas perdidas no antes impensável atentado merecem nosso respeito, nossa lembrança, mas, principalmente, nossa ação. Muito obrigado.
Minha Cidade, Meu Povo Vereador Floriano Pesaro
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Mahmoud Ahmadinejad
Quão insensíveis são alguns brasileiros? Um belo dia, representantes brasileiros presentes em reunião no maior foro internacional escutam um certo desatino: “Nunca houve escravos no Brasil.” Nossos dignos emissários continuam sentados impávidos escutando, como se avalizando o desvario. Pois é: será que já nos tornamos tão insensíveis? Será que se algum dignitário, representante oficial de um país dissesse que a escravidão não existiu no Brasil nosso governo teria a fleuma de receber tal político em solo brasileiro? Manchete de todos os jornais da semana que passou, Mahmoud Ahmadinejad, o presidente do Irã, negou a existência do Holocausto. Este mesmo personagem chega ao Brasil, logo nos primeiros dias deste próximo mês. E não é só. Sabe-se que será recebido pelas altas autoridades deste país como se nada houvesse acontecido. Não obstante um débil protesto do Itamaraty contra as declarações emitidas por Ahmadinejad em Genebra, o governo confirma sua visita ao Brasil, que já não deveria receber um político tão dessintonizado com qualquer noção de justiça social.
Minha Cidade, Meu Povo Vereador Floriano Pesaro
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Se já não bastasse este senhor, Mahmoud Ahmadinejad ser conivente com incontáveis atos terroristas e defender um programa nuclear altamente belicista com o propósito de exterminar uma nação soberana como Israel, hoje temos que conviver com o embaraço de receber um governante - se é que podemos considerar este déspota merecedor do titulo que nós aqui lutamos para merecer – que nega peremptoriamente o Holocausto. Enquanto presenciamos, na semana passada, os mais nobres representantes europeus retirando-se do recinto da ONU, ao ouvirem declaração insana, nós aprendemos, constrangidos, que os trinta e tantos enviados do Brasil fizeram ouvidos mocos, permanecendo no recinto, como se sandice igual fosse irrelevante, como se negar o Holocausto fosse só um deslize. Pois não é. Negar o Holocausto é abrir a fresta para a possibilidade de mais épocas de obscurantismo e crueldade. Negar o Holocausto é violar mais uma vez as almas dos inocentes então assassinados. Negar o Holocausto é permitir que a História seja refém de ditadores fundamentalistas, sejam de que credo forem. Cabe-nos perguntar que motivos levam a nossa diplomacia a esticar seu tapete vermelho para receber este presidente que, em seu território, persegue crianças, mulheres, as mais distintas etnias, que oprime cristãos, evangélicos e, obviamente, qualquer judeu. Quais seriam os nobres interesses humanitários possíveis de um intercâmbio com uma pessoa impregnada de ódio? Que benefício pode trazer ao nosso país um ser humano que, enquanto representante de um povo, dá-se o direito de negar impavidamente fatos tão comprovados quanto nefastos. Como se o simples cargo de ditador lhe conferisse a liberdade de borrar os livros de História, a liberdade de desprezar a verdade e, mais, a liberdade de desvalidar a vida e morte de milhares, milhões de outros seres humanos? Que tipo de aval pode ter qualquer acordo, contrato, entendimento com Mahmoud Ahmadinejad, o homem que nega hoje o acontecido ontem? Longe de nós imaginarmos motivos obscuros, mesquinhos ou mercantilistas dos representantes maiores de nosso país, mas que nosso semblante franze, ah, não há como negar. Se nossa esfera federal não se envergonha em dar as boas vindas a este lunático travestido de governante, então que a nossa Casa, com sua importância representativa da 5ª maior Câmara Municipal do mundo, de mais de uma dezena de milhões de brasileiros, seja enfática ao bradar sua repulsa a esta visita. A cidade de São Paulo, seu povo e seus legítimos representantes devem repudiar ostensivamente a presença de Mahmoud Ahmadinejad em território nacional. Que esta Casa seja a voz de todo aquele que vê o desserviço que esta visita presta ao Brasil. Em artigo publicado na Folha de São Paulo na sexta-feira passada, dia 24 de abril, o governador José Serra escreve com uma clareza ímpar: “Nenhum genocídio deve ser esquecido, todos devem ser lembrados, seus representantes execrados, suas causas e motivações sempre pesquisadas e analisadas, suas brutalidades reconstituídas, suas vítimas homenageadas. Nunca esquecer para que não volte a acontecer.” Toda perseguição e toda matança de um povo devem ser repudiadas, sejam por quais motivos forem. Estes atos devem nos causar indignação e não nos deixar calados nem cegos diante de tamanhas atrocidades.
Minha Cidade, Meu Povo Vereador Floriano Pesaro
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Floriano Pesaro com membros mundiais do ICJP (International Council of Jewish Parliamentarians) em jantar na casa do embaixador Ronald S. Lauder, presidente do World Jewish Congress, em Nova Iorque.
ICJP New York - Washington O discurso que mais me realiza e define é um em que falo de meu orgulho de ser político. Um texto que explicita minha opção por esta profissão tão profanada por tantos e tantos profissionais que esquecem que a missão de um político convicto e sério surge do sonho de multiplicar o bem possível, de harmonizar direitos e deveres de cidadania. Hoje, aqui, quero falar do meu orgulho de defender o Estado de Israel. Este é meu direito e dever, oriundo de minhas raízes, mas também de minhas convicções. Vou curvar-me à sabedoria de tantos aqui presentes e não discorrerei sobre os possíveis caminhos políticos, históricos e geopolíticos para esta defesa, mas falarei mais deste intrínseco dever que transcende minha geração. Falando nesta nova era de modernidade, sabemos que ela tem sido uma época maravilhosa para os judeus, mas também uma época horrível para os judeus. Basta olhar pra o século XX, o surgimento do Estado de Israel e o Holocausto, o melhor e o pior. Em geral, a modernidade trouxe oportunidades, em várias localidades do mundo, de fazer parte de uma parcela maior da sociedade. E também trouxe um nível de antissemitismo e assimilação com um alcance jamais visto antes em nossa história. Com este panorama presente, a centralidade do Estado de Israel para os judeus torna-se cada vez mais imprescindível. Este país que, como tantos outros, nasceu de condições históricas e sociais que demandavam sua criação, mas que, como nenhum outro, é ainda contestado apesar de sua realidade florescente. Como bem sabemos, a intolerância com nosso povo vem de outra época e isto significa que o judeu e o judaísmo devem encontrar a fórmula mágica, aquele mágico caminho do meio que nos permita ser autênticos e verdadeiros. Sem inventar as coisas do zero, ou fazer coisas porque são “convenientes” no momento, mas algo convincente, autêntico, profundo, intenso, alegre e que derive do antigo pacto da tradição judaica. É deste lugar que brota meu direito e meu dever de defender o Estado de Israel. Falo da defesa de nosso direito absoluto de sobrevivência como nação, como povo e como religião. Falo da defesa de um território que possa conviver em paz com seus vizinhos, mas que tenha a prerrogativa inabalável da própria segurança. Falo da defesa de um país que deve ter o diálogo como princípio, mas recusar atos unilaterais que solapem a possibilidade de composição global. Porém, Deus sabe que enfrentamos desafios agora mesmo em Israel e outros lugares que são intimidadores. Alguns dias, acordamos e lemos os jornais, cobrimos o rosto e pensamos, como será possível enfrentar estes desafios? Para tanto, a harmonia com nossos vizinhos é fundamental. O desafio dos israelitas bíblicos de então e o desafio dos filhos de Israel, nós, agora, é garantir a prática de preceitos valiosos de nosso povo, como a busca da paz, o exercício da bondade e a prática da justiça social. Sim, afirmo aqui, eu defendo e creio que todos defendemos e buscamos a paz, mas nossa coerência e sentido de justiça obriga-nos também a ter uma visão clara e crítica do que queremos. Muito Obrigado!
Minha Cidade, Meu Povo Vereador Floriano Pesaro
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Gilad Shalit
Baruch Habá, Gilad!
Noam Shalit e Floriano
Somos notícia no mundo todo, somos manchete: “1027 por um”. Parece que todas as nações esqueceram-se ou enganaram-se sobre quem é Israel. Israel é onde toda e qualquer pessoa pode se sentir segura, pois o povo hebreu nunca esquece um dos seus. Trazer nossos filhos para casa sempre foi e continua a ser um valor fundamental desta pequena e brava nação. Nem toda a propaganda absurda que difama os princípios básicos de nossa terra pode menosprezar ato de tal grandeza, quando decidimos que trazer Gilad para casa é mais importante do que mantermos estes 1027 terroristas condenados presos. Foram mais de cinco anos em que não tivemos a oportunidade de fazer o que conseguimos agora. Foram mais de cinco anos de absurda intransigência dos palestinos do Hamas. Foram mais de cinco anos de absoluta falta de notícias, quando nem mesmo organismos idôneos conseguiam trazer alívio para uma nação preocupada. Foram mais de cinco anos desde que este jovem rapaz, este defensor de nossa pátria, foi roubado de nosso território e lançado em uma destas tragédias inenarráveis. Gilad foi alijado de anos de sua juventude, do carinho de seus pais, da convivência com seus amigos, de seu dever de cidadão, de sua privacidade. No auge de sua jovem vida, quando chegava aos seus vinte anos, Gilad tornou-se involuntariamente protagonista de uma situação surreal por seu caráter censurável, por sua infeliz singularidade. Foram mais de cinco anos de suprema angústia para estes dedicados pais, Noam e Aviva. Entretanto, para este casal determinado, foram também mais de cinco anos de luta incansável, buscando a cada dia, por todos os meios possíveis, sensibilizar o mundo pela inédita situação de seu filho. Tive a oportunidade de visitar Israel este ano, quando encontrei-me com o infatigável Noam Shalit, em sua tenda diante da casa do Primeiro Ministro israelense. Noam e Aviva tornaram-se exemplo de amor e determinação na defesa de um filho. Fui também ao kibutz Keren Shalom, de onde Gilad foi arrancado para seu desconhecido cativeiro. Novamente, na ONU, em Nova Iorque, pude constatar a férrea resolução deste pai por trazer seu filho de volta ao seio do lar. Foram mais de cinco anos. Coletivamente, todos os judeus, nós, começamos esta provação em 25 de Junho de 2006 e hoje, dia 18 de Outubro de 2011, depois de 1941 dias podemos dizer: Baruch Habá, Gilad. Seja bem vindo. Que o mundo lhe dê instrumentos para que esta seja apenas uma má experiência do passado. Que você possa tornar-se o jovem brilhante que seu futuro lhe permite, que o amor de seus pais continue a ser motivo de orgulho e de estímulo em sua via. Seja bem vindo, Gilad! Minha Cidade, Meu Povo Vereador Floriano Pesaro
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Moção de Repúdio ao atentado de Toulouse
Sr. Presidente da Câmara Municipal, vereador Police Neto, srs. Vereadores, telespectadores da TV Câmara, Boa Tarde. Novamente, assistimos a escalada do racismo. Não há como ignorar e não vociferar diante do ignóbil atentado acontecido nesta segunda feira em uma escola judaica em Toulouse, na França. Vidas de inocentes ceifadas de suas jornadas pelas mãos de um desconhecido que personaliza um sentimento novamente crescente na Europa: a intolerância. Infelizmente, parece que a tragédia vivida na Segunda Guerra Mundial não conseguiu eliminar a triste sina das pessoas e de povos que se sentem superiores aos outros. Numa época em que todos pregam a união entre os povos e as nações, em que buscam valorizar a integração e o respeito mútuo, assistimos boquiabertos a este descalabro. Como é possível que alguém, por mais desvairado que seja, ataque uma escola? Como é possível imaginar que matar crianças pode ser algum tipo de declaração política? As cenas que assistimos nesta segunda feira através dos meios de comunicação foram estarrecedoras: pais que presenciaram a morte de seus filhos, crianças traumatizadas pelo tiroteio e pelos coleguinhas feridos, uma comunidade sendo atingida no seu bem mais precioso, a perda de seu futuro. O ato de barbárie, seja por seu próprio caráter violento, seja pela pura insensatez, ou pela angústia que gera, cria um temor justificado de que ainda poderemos viver um novo holocausto. Também temos que considerar que, além desta ação terrorista inominável, este fanático delirante também matou três militares franceses de outras etnias. Será que teremos que nos conformar com uma sociedade doente, em que as divisões étnicas, religiosas, de gênero, de geografia e de qualquer diferença ganhem tanta importância que relevemos a nossa condição de seres humanos? Será que tantas guerras, que aniquilaram milhões e milhões de pessoas, não foram suficientes para demonstrar ao mundo que este é o caminho das trevas? Uma sociedade como a francesa e uma comunidade como a comunidade judaica não deveriam ter que sofrer este tipo de golpe cruel. O mundo se torna menos humano quando um jovem pai, seus dois filhos e outro coleguinha perecem pelas mãos do ódio. Todos os principais líderes mundiais e todos os homens de bem se comoveram e, revoltados, repudiaram tal loucura. Assim nós também devemos fazer.
Minha Cidade, Meu Povo Vereador Floriano Pesaro
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Independência de Israel
Floriano Pesaro em Giva’at a Tahmoshet - Jerusalém
14 de Maio de1948... Foi criado um novo país. Israel, que não seria mais o sonho distante, inalcansável. É como se os profetas houvessem levantado de suas tumbas, como se suas palavras ressoassem de uma forma diferente. Incontáveis almas no mundo se maravilharam. Aconteceu o milagre: ISRAEL. A grande virtude de um milagre não é que seja um fenômeno inesperado e inacreditável no qual habita a presença do sagrado, e sim que aconteça a seres humanos, que se sentem profundamente reverenciados com tal presença. Nossos antepassados só puderam sonhar com isso. Para aqueles entre este povo incansável que estiveram em Auschwitz, Jerusalém era mais distante do que a lua... até que este mesmo bravo povo tomou seu destino em suas mãos. Entretanto, os judeus de hoje não entraram sozinhos em Israel, na cidade de Jerusalém. Nós, que pertencemos à geração do novo Estado, fomos levados à Jerusalém por incessantes torrentes de desejos, intermináveis orações, perseverança, sonhos, de dia e de noite, durante anos, décadas, séculos, milênios, com rios de lágrimas, promessas e anseios, de todas as partes do mundo, de todos os cantos da Terra. Israel é a expressão do que a determinação, o sonho e a ação podem alcançar. Sem falsas utopias, sem ingenuidade, mas com todo o empenho de um país e de um povo escrevendo e reescrevendo a história.
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É neste contexto que “Hatikvá” – “A Esperança” foi designado como hino deste país e do povo judeu. A canção confere expressão adequada à aspiração milenar dos judeus de ser um povo livre em sua terra. Tzion (od ló avdá tikvateinu, ahatikvá shenot alpaim, lihiot AM chofshi be’eretz Tzion Ierushalaim). Com o estabelecimento do estado judeu, a Esperança torna-se o hino nacional. Durante os mais de 60 anos deste país Hatikvá estabeleceu-se como declaração relevante de um povo. Hoje, embora o fantasma de futuras guerras ainda paire em nosso horizonte, fica evidente que as aspirações dos judeus tornaram-se realidade tangível. Apesar de todas as dificuldades e ameaças, o Estado de Israel é uma das grandes histórias de sucesso do século 20, com seu passado, seu presente e seu futuro de modernidade e de vanguarda na tecnologia mundial. Mas, mesmo hoje, com a celebração de um milagre tornado realidade, Israel ainda tem que chorar seus heróis. A história antiga e atual deste país é farta de sacrifícios e de heroísmo. Não é à toa que este país considera ser de mister celebrar Iom Ha zícaron no exato dia anterior à comemoração de sua independência. Durante dois minutos, as sirenes de Israel ressoam, choram, lembrando dezenas de milhares de jovens heróis e mártires, mortos em combate pela sobrevivência desta nação. É incabível imaginar este país sem a referência de cada jovem que faleceu na busca deste ideal. Por isso, devemos todos encontrar em nossas almas um sentimento de louvor e agradecimento por todos os jovens que entregaram suas vidas para tornar a existência e a sobrevivência de Israel uma realidade incontestável. São filhos de mães enlutadas, mas também filhos desta terra, deste país. E hoje, enterrados, fazem parte desta nação, sobre a qual cresceram e a qual amaram. O Estado de Israel surgiu apesar de muitas objeções pelo mundo, mas passaram mais de 6 décadas desde então e, embora ainda existam inúmeros pontos de conflito, uma parceria entre judeus e árabes tornou-se fato no Estado de Israel, não obstante as dificuldades. É isto que comemoramos em Iom Ha’Aztmaut. É esta possibilidade de convivência e de tolerância, que pode servir de exemplo para o mundo. O Iom Ha’Aztmaut é a data perfeita e o marco plausível para que se dêem passos que levem ao estreitamento da solidariedade entre judeus e árabes, passos que levem a um governo que avance na direção do entendimento e da paz. Lembremo-nos que Israel é a síntese da saga humana. As palavras saíram deste espaço sagrado e entraram nas páginas dos livros cânones. Mas Israel ainda tem muito mais a dizer. Israel nunca está no final do caminho. É o país onde nasceu a espera por Deus, onde se materializou a antecipação da paz duradoura. É este país que celebramos hoje. O país da coragem, o país em que a narrativa bíblica com seu pacto divino, a ética e a moral estão sempre no inconsciente coletivo. O país onde a vida ganha um significado maior: de perpetuação da história, de sonho realizado e de sobrevivência, o país do respeito ao passado e certamente, da confiança no futuro. O país de Hatikvá! Floriano Pesaro, sociólogo, ex-secretário municipal de Assistência e Desenvolvimento Social da Prefeitura de São Paulo e vereador da cidade de São Paulo.
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O Levante do Gueto de Varsóvia
O Levante do gueto de Varsóvia foi quando o desespero deu lugar à coragem. Quando o inevitável destino deu lugar a uma chama de esperança. Quando a certeza da morte deu lugar à tênue possibilidade da vida. Quando a resignação deu lugar à insurgência. Quando a indiferença do mundo deu lugar ao grito de revolta dos desamparados. Contra toda razão, contra toda a dor, contra todo um exército, contra toda a maldade. Dentre todas as lutas por liberdade que o povo judeu enfrentou, a luta do Levante do Gueto de Varsóvia foi a mais desesperada. A possibilidade de sobrevivência quase inexistia, mas esta foi a luta da indignação. Foi quando o povo judeu, ferido em sua pele e e em sua alma, resolveu soltar seu brado de dor e de coragem para o mundo. Um mundo que olhava para o outro lado, ignorando o Holocausto que acontecia debaixo de seus narizes. A frase do herói do Gueto de Varsóvia, o jovem de 24 anos Mordechai Anilevitch é lapidar: “Declaramos guerra à Alemanha, a declaração de guerra mais desesperada que já foi feita. Organizamos a defesa do gueto, não para que o gueto possa defender-se, mas para que o mundo veja a nossa luta desesperada como uma advertência e uma crítica”. 19.04.1943 Hoje, com Israel vivo e vibrante, as palavras e os atos de Anilevitch e seus revoltosos inspiram uma das melhores Forças de Defesa do mundo. Tsahal - Tsava Hagana le Israel. Nunca mais o povo judeu será desonrado, pois o exemplo destes homens e mulheres há de pautar a vida de cada um de nós. Floriano Pesaro
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Voto de repúdio à pichação que ocorreu no Centro de Cultura Judaica
Yael Steiner e Floriano Pesaro
Tomo hoje a palavra para fazer uma emocionada e indignada manifestação derepúdio. No dia 13 de Agosto que passou, a cidade de São Paulo deparou-se com um fato vergonhoso. Os muros do Centro de Cultura Judaica, localizado no Sumaré, amanheceram pichados com palavras desconexas, uma cruz suástica e a palavra suástica destacada. Como sempre enfatizei aqui, devemos TODOS, e principalmente nós, representantes eleitos desta cidade, denunciar, apregoar e repudiar toda e qualquer manifestação que possa sugerir um despertar de racismo e anti-semitismo em nossa seara. A cidade de São Paulo sempre foi um oásis para imigrantes e cidadãos de qualquer raça, credo e convicções. Somos um caldo miscigenado, formado por pessoas de toda a sorte e esta agressão em um dos edifícios principais da comunidade judaica me enche de indignação e deveria revoltar todo e qualquer cidadão que se paute pela tolerância e pelo respeito à diversidade. Toda manifestação racista como esta deve ser antes de tudo proclamada deforma gritante, para que todos prestem atenção e denunciem outros fatos ultrajantes de mesma sorte. São pequenas demonstrações como essa que têm o potencial de desaguar em algo tão tenebroso como foi a Noite dos Cristais, quando ocorreram atos de violência ignóbeis, orquestrados e simultâneos, com a destruição de sinagogas, de lojas, de lares judeus e agressões contra as pessoas identificadas como judias. Ciente de que não queremos que ocorra no futuro algo como o que passou no dia 09 de Novembro de 1938 na Alemanha e na Áustria, temos o irrecusável compromisso de delatar e rechaçar cada pequena manifestação de fanatismo e preconceito. Não foi só a comunidade judaica que sofreu esta agressão, fomos nós, todos os cidadãos da cidade de São Paulo. Por isso, este é o foro adequado para minha manifestação veemente de repúdio a esse abuso. Muito obrigado, Floriano Pesaro
Minha Cidade, Meu Povo Vereador Floriano Pesaro
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Floriano Pesaro recebe Gilberto Dimenstein
Floriano discursa no Plenário da Câmara em memória às vítimas do Holocausto.
Floriano e o Calendário Judaico Iom HaShoá Iom HaShoá é sempre comemorado uma semana antes do dia da independência do Estado de Israel. Iom HaShoá, dia em que a dor de um passado recente nos inunda. Dia em que a vergonha da humanidade, o Holocausto, despeja sua sombra sobre as cinzas dos assassinados, sobre as dolorosas lembranças dos sobreviventes, sobre a alma de todo ser vivo decente. O Iom HaShoá nos fala de um momento, sim, um momento em termos de linha do tempo da história, em que o homem virou animal. Menos do que animal, porque animal mata pela sobrevivência e o ser humano matou por NADA. O Iom HaShoá nos faz recordar o sofrimento inenarrável dos sobreviventes, as vidas perdidas de crianças, jovens, adultos e idosos inocentes, a insanidade que se instalou no inconsciente coletivo. O Iom HaShoá nos faz lembrar, porque fazer lembrar é a nossa ferramenta de represália. O Iom HaShoá nos urge lembrar, mas também falar, alertar e ensinar sobre a barbárie do Holocausto. Porque só através destes atos é que conseguiremos conscientizar cada ser deste mundo, para que não ocorram nunca mais épocas tão abjetas no planeta. O Iom HaShoá é o dia da Memória. A Memória: esta é a nossa vingança, esta é a nossa revanche, este é o nosso renascimento, esta é a nossa arma. Foi neste espírito do Iom HaShoá, para que nunca esqueçamos, é que criei um projeto de lei, já sancionado, que determina o dia 27 de janeiro como o Dia em Memória às Vítimas do Holocausto em nossa cidade. Foi neste dia que aconteceu a liberação do Campo de Concentração de Auschwitz. Para lembrar, empresto as palavras proféticas dos valentes partisans: Viemos com a nossa dor, a nossa determinação Onde quer que nosso sangue tenha sido derramado, Nossa fé e o nosso valor hão de brotar. Um dia o sol brilhará sobre nós, Enquanto o inimigo desaparece no passado. Mas se a alvorada tardar demais, Que esta canção seja uma bandeira de geração em geração. Ela não foi escrita com tinta, mas a sangue. Não é o canto de um pássaro em liberdade. Um povo entre muralhas que tombam, Cantou esta canção de armas na mão. Que este Iom HaShoá leve nossas palavras de dor, respeito e também de manifesto: o povo judeu não foi apagado da face da terra, Am Israel Chai!! Minha Cidade, Meu Povo Vereador Floriano Pesaro
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Iom Hazikaron e Iom HaAtzmaout Só um país que precisou e ainda precisa lutar a cada segundo deste mundo por sua sobrevivência tem o Iom HaZikaron (dia em memória a todos os que caíram em combate pela defesa do Estado de Israel e as vítimas de atos terroristas.) Só um país que sabe o quanto é importante cada vida de seu povo chora seus mortos 24 horas antes de sua principal data comemorativa, sua Independência: Iom HaAtzmaout. Só um país que nasceu a partir da carnificina de seus antepassados presta homenagem aos que defendem a pátria do povo judeu, para que não sejamos mais estrangeiros indefesos e vulneráveis na terra dos outros. Só um país que vive sob o jugo de um terrorismo assassino homenageia cada vida inocente perdida para estes atos bárbaros. Só um país acostumado à intensidade e à fugacidade da vida une datas tão emblemáticas. Dediquemos hoje nossa lembrança a todos aqueles que perderam suas vidas para que todo o povo judeu no mundo afora possa se sentir mais seguro, sabendo que o Estado de Israel lá está para todos nós. E rejubilemo-nos!! Israel aí está! Um jovem país efervescente, criativo, dinâmico. Uma das únicas democracias de toda a região. Em 64 anos, o Estado de Israel conseguiu imprimir um empreendedorismo que surpreende todos os que pensavam que esta pequena faixa de terra estava destinada ao fracasso. Israel é a expressão do que a determinação, o sonho e a ação podem alcançar. Sem falsas utopias, sem ingenuidade, mas com todo o empenho de um país e de um povo escrevendo e reescrevendo a história. Mas Israel ainda tem muito mais a dizer. Israel nunca está no final do caminho. É o país onde nasceu a espera pela chegada da paz eterna. É o país onde a vida ganha um significado maior: de perpetuação da história, de sonho realizado e de sobrevivência, o país do respeito ao passado e certamente da confiança no futuro. Convido-os para comigo homenagear quem perdemos, comemorar o que conseguimos e lutar sempre pelo que almejamos. Floriano Pesaro Colinas do Golã
Floriano com Tsvika - Comandante do Batalhão de Blindados do Golã. Minha Cidade, Meu Povo Vereador Floriano Pesaro
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Purim, o milagre de todo dia Purim celebra uma das muitas vezes que tentaram aniquilar o povo judeu. Com a astúcia de Mordechai e a coragem de Esther, nosso povo conseguiu evitar a tragédia. Porém, Purim fala mais. Purim expressa o oculto. O milagre de nossa sobrevivência não foi aparentemente um ato sobrenatural de Deus. Na verdade, na narrativa da festividade, o divino não aparece sequer uma vez. É o ser humano, em seu cotidiano, agindo e usando o poder sabiamente que personaliza o milagre, revelando-o com outra faceta. Este evento histórico permite que pensemos sempre em agir com coragem e discernimento, atraindo a possibilidade de milagres cotidianos. Purim é história. Purim é também festa. Celebramos a salvação do povo judeu, cuja sobrevivência passou grande risco. E mais ainda, Purim demonstra a importância capital da mulher na tradição judaica. Que possamos todos expressar a alegria inerente desta festividade. Desejo a todos um Chag Sameach!
Minha Cidade, Meu Povo Vereador Floriano Pesaro
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Sessões Solenes
ACIMA: Coral do Colégio Iavne se apresenta na Abertura da Sessão Solene em homenagem aos 65 anos da FISESP. ABAIXO: Floriano Pesaro discursa na Sessão Solene.
Sessão Solene em homenagem aos 65 anos da FISESP
Estamos hoje aqui para celebrar uma conquista de 65 anos em nosso Estado. Foi quando a Federação Israelita do Estado de São Paulo foi formada. Mas por que este ato deve ser celebrado com pompa e circunstância? O que significa um organismo destes para nós? A Federação vem, desde sempre, cuidando e estimulando a comunidade judaica. A FISESP tem atuado nas mais distintas esferas, defendendo-nos sempre que algum incauto demonstra falta de respeito para com nosso povo, para com as instituições que representam o judeu e o judaísmo em todos os distintos universos, sejam eles culturais, sociais ou religiosas. Mas nossa querida FISESP vai além. Sua atuação no campo da assistência busca dar suporte às instituições beneficentes da comunidade através da promoção e assistência social, tendo idealizado e acolhido por muitos anos o Fórum dos Técnicos de nossas instituições, cumprindo o dever de cada judeu de realizar a mitzvá de Tikun Olam, ou seja, a obrigação de sermos parceiros na construção de um mundo melhor. No campo educacional, a FISESP contribui com as escolas judaicas, tendo ajudado na formação e supervisão de seus profissionais. Também, a FISESP chama para si a obrigação de difundir todas as iniciativas das organizações filiadas para que a comunidade possa se enriquecer e fortalecer através dos inúmeros eventos a ela proporcionados. Não devemos esquecer sua função de preservar e antever possíveis inconvenientes para a comunidade, gerindo assim um Departamento de Segurança que aconselha todas as instituições que a compõem. Como político cuja bandeira se coaduna com o escopo da FISESP, tenho a obrigação de atestar compromisso desta valorosa instituição na salvaguarda dos interesses de suas federadas e do judeu em geral. Também, é imperioso citar o apoio que recebo e a parceria harmoniosa que estabelecemos para garantir que a comunidade judaica seja ouvida e preservada nas mais distintas esferas públicas. Neste meu caminho de defesa e porta voz da comunidade judaica e de Israel, aprendi uma frase valiosa que quero compartilhar e creio ser a exata expressão do que a FISESP escolheu ser há 65 anos: COL ISRAEL AREVIM ZE LAZE – Todos os judeus são responsáveis um pelo outro. Obrigado, FISESP por nos representar, defender e apoiar em todos os momentos. A comunidade judaica do Estado de São Paulo agradece! Muito Obrigado. Floriano Pesaro
Minha Cidade, Meu Povo Vereador Floriano Pesaro
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ACIMA: Floriano Pesaro discursa na Sessão Solene em comemoração aos 60 anos do I.L Pretez. ABAIXO: Moshe Bain e Floriano Pesaro.
Sessão Solene em Homenagem aos 60 anos do I.L Peretz Estamos aqui hoje para louvar a educação. Não há vocação maior do que a transmissão do conhecimento, a formação de jovens adultos com a capacidade de raciocinar, com o discernimento para escolher o caminho certo, com o embasamento necessário para conduzir sua própria vida e fazer a diferença na vida dos outros. É isto o que uma boa educação faz: prepara as pessoas para a vida, enquanto lhes proporciona as ferramentas para que possam ser bons cidadãos. Mais do que isto, estamos hoje aqui também para louvar o judaísmo. A tradição judaica é sábia em si mesma. A riqueza dos ensinamentos do judaísmo inclui a preocupação com o mundo em que vivemos, a necessidade de ajudar seu próximo, a importância da memória dos momentos e jornadas vividas pelo povo judeu como forma de aprendizado, e a preservação dos ritos e festas. Aliás, o próprio nascimento desta escola à qual viemos homenagear decorre de um preceito judaico, a de que todo estabelecimento religioso deve abrigar uma casa de estudo. Há 60 anos, visionários de então da Associação Cultural Religiosa Brasileira Israelita, a Acrelbi, compreenderam a importância deste preceito, a importância de valorizar a comunidade judaica e criaram este que seria um dos pilares da identidade judaica em nossa cidade. O Colégio I. L. Peretz, no decorrer destes 60 anos, formou alguns dos melhores expoentes do povo hebreu e das diferentes esferas da sociedade como um todo. Hoje, há acadêmicos de grandes universidades, médicos, jornalistas, rabinos, engenheiros, empresários, jornalistas, administradores e outros líderes de suas áreas que ostentam em seus currículos o colégio Peretz como um dos responsáveis por sua formação educacional. Hoje, temos jovens fluentes na língua hebraica, pois lá puderam aprender o idioma de seus antepassados e do Estado de Israel, alicerce do povo judeu. Hoje, vemos jovens alunos que se destacam no campo educacional, participando de feiras técnicas e científicas, graças ao ensino de qualidade que este colégio provê e vem provendo há 60 anos. Como porta-voz desta comunidade que tanto admiro e aprecio, como defensor perene do povo judeu e de Israel, e também, como aficionado desde sempre pela causa da educação, é um privilégio estar aqui para homenagear esta que é uma referência inconteste da comunidade judaica e desta cidade quando pensamos educação, quando pensamos o binômio tradição e modernidade, quando pensamos em um judaísmo pertinente. O grande escritor iídiche Itzchak Leon Peretz, que deu nome a esta nobre instituição, e que foi “um otimista que acreditava na inevitabilidade do desenvolvimento através da instrução” teria orgulho de ver seu nome relacionado com esta escola que definitivamente estimula o desenvolvimento de seus alunos e, por extensão, do povo judeu e da comunidade de São Paulo, através de uma instrução de qualidade, da ética e da tradição com modernidade. Muito Obrigado Floriano Pesaro Minha Cidade, Meu Povo Vereador Floriano Pesaro
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ACIMA: Mesa de Abertura da Sessão Solene em comemoração aos 90 anos do Renascença. ABAIXO: Esq. Floriano Pesaro e Jaime Rabinovitsch. / Dir. Floriano Pesaro e Ilan Sztulman.
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Sessão Solene em comemoração aos 90 anos do Colégio Hebraico Brasileiro Renascença A medida de evolução de um povo é a educação de suas crianças. E isto é muito mais verdadeiro quando falamos do povo do livro, o povo judeu. Assim, hoje aqui, quando celebramos os 90 anos de um marco da educação em nossa cidade, todos nós devemos nos orgulhar. Desde que começou a grande corrente imigratória da Europa Oriental e a formação das instituições comunitárias judaicas nos diversos Estados do país, o Colégio Hebraico Brasileiro Renascença tem representado o que há de melhor em educação da nossa cidade, sendo um dos colégios de ponta do corpo educacional da nossa cidade e também um dos alicerces do ensino judaico no país. O Colégio Renascença acompanhou o estabelecimento e o desabrochar da comunidade judaica no seio de nossa cidade, estabelecendo-se inicialmente no Bom Retiro, em meio aos imigrantes recém-chegados de seus países, lá nos idos de 1922. Foi a primeira vez que estes judeus errantes tiveram a opção de oferecer a seus filhos uma educação que incluísse a cultura, o folclore, os rituais, a religião, o idioma e os valores de seus antepassados. Juntamente com o aprendizado de um novo mundo, em conjunto com todo um corpo de saberes fundamentais que todo aluno precisa para galgar cada degrau de sua maturidade, estas crianças tiveram a oportunidade de manter acesas as histórias de vida de seus pais e avós. O Colégio Renascença lhes proveu as ferramentas educativas, artísticas, esportivas, culturais e éticas para isso. Nestes 90 anos, o Renascença formou profissionais dos mais distintos campos possíveis. São milhares de cidadãos proeminentes não só em nossa cidade, mas, certamente, em nosso estado, no país, e, também, que trabalham e vivem pelo mundo afora, agindo em sociedade munidos dos valores que foram sendo moldados por seus dedicados professores e professoras do colégio Renascença. Ainda hoje, este prestigioso estabelecimento de ensino continua a ter uma proposta pedagógica de vanguarda, que prepara seus alunos para enfrentar as demandas funcionais e existenciais do século XXI, formando não apenas profissionais competentes, mas preparando crianças e jovens para que sejam seres humanos íntegros, tolerantes e inclusivos. Sua matriz curricular de primeira linha, sua política de inclusão singular e sua atitude investigativa apurada o equipara às instituições mais contemporâneas de nossa cidade e de nosso país. Nesta jornada de formação acadêmica e moral, o Renascença enfatiza também os mais nobres preceitos do judaísmo, disponibilizando o estudo de nossas escrituras em seu site, criando um forte vínculo com o Estado de Israel e educando seus alunos sobre as festividades do calendário judaico e os princípios éticos do povo judaico. Assim, a cidade de São Paulo deve este ato de reconhecimento a esta instituição que há 90 anos cuida da educação de nossas crianças e jovens e fomenta a tradição e a diversidade de uma das grandes comunidades de nossa cidade. Parabéns, Colégio Hebraico Brasileiro Renascença. Floriano Pesaro
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ACIMA: Floriano Pesaro discursa na Sessão Solene em comemoração aos 75 anos da CIP. ABAIXO: Dora Lucia Brenner, Floriano Pesaro, Rabino Michel Schlesinger e Rabino Ruben Sternschein.
Sessão Solene em comemoração aos 75 anos da CIP Quando, nos idos de 1933, um pequeno grupo de íntegros judeus alemães se reuniu para ajudar conterrâneos que aqui chegavam em difíceis condições, poucos poderiam imaginar que a Congregação Israelita Paulista se tornaria a comunidade vicejante e influente que hoje é grande protagonista social e religiosa em nossa cidade. Eram judeus que traziam uma cultura e uma expressão judaica moderna para nosso continente, permitindo as primeiras vozes religiosas liberais em nossas terras. Em sua vertente religiosa, a Congregação Israelita Paulista sempre pautou por uma longa estirpe de rabinos decisivos, desde seu primeiro e memorável rabino Fritz Pinkuss, de bendita memória. Os representantes religiosos da CIP nunca se furtaram ao diálogo com outras vertentes do judaísmo e com outras religiões estabelecidas no mundo. A CIP mantém canais de comunicação contínuos com todos os interlocutores que possam estender os limites da tolerância religiosa aqui e no mundo. Desde sempre também, A CIP solidificou-se como uma instituição que ostenta como objetivo criar jovens conscientes, incutindo em suas almas e mentes uma identidade judaica cuja validação passa pela dignidade humana e pela solidariedade. Centenas de pais deixavam seus filhos nas escadarias da rua Antonio Carlos, entre eles os meus queridos pais, para que jovens se dirigissem à Avanhandava ou à Chazit HaNoar, em busca de um grupo social que lhes oferecesse um diferencial de conhecimento e ação social, formando líderes que pudessem devolver à sociedade um pouco dos privilégios que receberam. Tenho orgulho de dizer que sou um entre os milhares de bons cidadãos que a CIP, através de seus movimentos juvenis, ajudou a moldar. Grandes expoentes de nossa cidade, e mesmo de nosso país, freqüentaram as tardes de sábado em reuniões que discutiam rumos e temas que mesmo hoje são relevantes para a sociedade. Até hoje, emociono-me ao passar diante da CIP e ver os jovens lá chegando, sabedor que sou do potencial que lá borbulha. Mas, ainda com o mesmo espírito de seus fundadores, que se reuniram para ajudar os imigrantes então mais desfavorecidos, a Congregação Israelita Paulista mantém seus próprios programas sociais. O Departamento de Ação Social da CIP mereceria louvor por si só, por sua abrangência e abnegação, formado por incontáveis voluntários como o é. O Centro de Orientação ao Trabalho, o Clube das Vovós, o Coral Sameach, O Costura da Boa Vontade, o Projeto Cidadania, o Projeto Vida-Chai, o Trabalho- Cidadão, O Informática para Sênior, o Comitê da Amizade, o Disk-Shalom Idoso, o Brinquedoteca Leieladim e o Casa Abrigo, são todas iniciativas preciosas para atender segmentos da população. Porém, não posso deixar de salientar o Lar das Crianças da CIP, que desde 1937 atende crianças em situação de vulnerabilidade emocional ou econômica. Atualmente, são 250 crianças, desde 03 anos até que entrem no mercado profissional. Como político, é difícil confessar que me faltam palavras para descrever o carinho e cuidado que se verifica na instituição. E tudo isso é resultado da ação da Congregação Israelita Paulista. Nestes setenta e cinco anos de vida, a CIP escolheu as melhores ferramentas para esculpir seu nome na pedra fundamental desta cidade: o diálogo liberal religioso e a ação comunitária, perpetuando assim sua presença em nossa vida. E obrigado. A cidade de São Paulo agradece. Floriano Pesaro
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ACIMA: Mesa de Abertura da Sessão Solene em comemoração aos 90 anos da Na’ amat. ABAIXO: Floriano Pesaro com membras da Na’amat - Pioneiras.
Sessão Solene em Homenagem aos 90 Anos da Na'amat Mundial Estamos hoje aqui homenageando o pioneirismo de uma instituição como a Na’amat. Falar das Pioneiras é ter a oportunidade de poder abordar uma questão que me encanta. A capacidade de nossas mulheres. Séculos e séculos de opressão, de falta de voz, de papeis secundários não conseguiram calar a voz da sensibilidade, da habilidade de se multiplicar em tarefas e funções, da sensibilidade da mulher no mundo. E, desde 1921, a Na’amat carrega uma bandeira que ainda hoje é vanguarda nas mais distintas esferas de atuação social: a defesa dos direitos da mulher. Muito antes que surgisse a maioria das organizações que se dedicam ao desenvolvimento e à igualdade de oportunidades das mulheres, nascia em Israel a Na’amat. Ostentando como ideal a justiça social e a promoção de oportunidades relevantes para as mulheres, a Na’amat construiu e mantém albergues para jovens, escolas profissionalizantes e escolas agrícolas, incentiva e ajuda jovens e mulheres adultas a frequentarem cursos superiores, atende a uma extensa rede de creches para filhos de mulheres trabalhadoras, possui centros comunitários e clubes familiares. Mas, além disso, o pioneirismo e o caráter conciliador da mulher voluntária da Na’amat podem também ser expressos em sua história de busca da paz. A parceria da instituição com as mulheres árabes data de 1954, quando o movimento começou a oferecer aulas de costura, culinária e hebraico nos vilarejos árabes. No decorrer de décadas, as Pioneiras acabaram por construir pontes de entendimento e apoio entre as mulheres israelenses árabes e judias. Hoje, a Na’amat é a instituição de Israel que mais promove a qualidade de vida para mulheres árabe israelenses. Nestes seus 90 anos, o movimento pode ser orgulhar de contar em seu corpo de voluntárias com mulheres que são importantes destaques nos seus respectivos campos de atuação e até mesmo na política. Atualmente, são 11 países com representação da Na’amat e temos o privilégio de contar com as ações desta instituição em nosso país. Como político, tenho grande orgulho de minha atuação em nome dos menos privilegiados, mas tenho a certeza intrínseca que se o mundo fosse governado por mulheres há mais tempo, viveríamos em um período de mais justiça social e de paz. As ações das Pioneiras são a prova cabal do que falo. A disponibilidade que estas mulheres conseguem, entre todos seus outros afazeres, para se dedicar a causas nobres e necessárias mostram que a mulher deve, sim, ser homenageada, deve sim ser respeitada e o mundo deve aprender a lhes dar o espaço e o respeito merecidos. Através da homenagem à Na’amat, podemos hoje felicitar a mulher e este precioso movimento que viceja em todos os países que se estabelece. A sociedade brasileira tem que aprender e agradecer a Na’amat Pioneiras por seu inestimável trabalho social. Parabéns pelos 90 anos. Como se diz na tradição judaica: até 120 e mais, e mais... Muito obrigado!
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ACIMA: Floriano Pesaro, Lu Alckmin e Boris Ber na campanha do agasalho - FISESP ABAIXO: Lideranças da Comunidade Judaica na visita do embaixador à Câmara Municipal.
ABAIXO: Esq. Floriano com lideranças da Comunidade Judaica em reunião com o Senador Aloysio Nunes. / Dir. Sessão Solene dos 90 anos da Na’amat.
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ACIMA: Esq. Floriano Pesaro com o ministro Celso Lafer, no Centro de Cultura Judaica Dir. Floriano Pesaro e Fรกbio Feldmann.
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ACIMA: Esq. (acima) Abramo Douek, Berta Douek e Floriano na Hebraica. / Esq. (abaixo) Floriano, Walter Feldman, Daniel Feffer e Claudio Lottenberg. / Dir. Floriano e Jorge Schwartz.
Artigos
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O Recrudescimento do Antissemitismo no Mundo Nestes últimos meses, com os fortes ventos que agitam as estruturas políticas, econômicas e sociais da Europa, a sombra do antissemitismo volta a ter uma dimensão preocupante e cabe a todos nós trazermos o assunto à mesa para que a indiferença e a intolerância não sejam novamente protagonistas num cenário futuro. É impossível definir um só padrão e uma só origem para o antissemitismo, que faz parte da história do povo judeu de há muito tempo. Convivemos com momentos em que este fanatismo foi mais visível e letal e outros em que seus efeitos foram mais subjacentes. Entretanto, toda criança judaica sabe bem o que é ser apontado como diferente, mesmo quando quis ser apenas mais uma criança no grupo. A irracionalidade do antissemitismo é que a intolerância une opostos. Não há lógica, classe social ou etnia; seus adeptos repetem clichês e inverdades por osmose. Relatos históricos do século 19 exemplificam quão surreal pode ser o antissemitismo. Acreditava-se que os judeus, que viviam em lugares apertados e escuros, eram mais suscetíveis do que os cristãos a infecções e doenças (e, portanto, eram perigosos). Por razões misteriosas, o segundo argumento era justamente que os judeus eram mais resistentes a pragas e epidemias, além de serem sensuais e assustadoramente fecundos, o que fazia deles invasores em potencial do mundo cristão. Historicamente, convivemos com o antissemitismo europeu há muito tempo. A tragédia lá ocorrida será uma cicatriz indelével na alma da humanidade. Os anos passaram. Os ecos gritantes daqueles momentos pareciam estar mais distantes e, no entanto, parece que algo renasce. O que é preocupante atualmente são dois fatores. Um deles é o fenômeno da imediata associação de qualquer crítica às políticas do Estado de Israel com o fato de ser o povo judeu, como se um protesto contra as políticas de Angela Merkel fosse um protesto antiariano. Desde sua criação, o Estado de Israel sempre esteve na berlinda. Toda e qualquer ação deste pequeno país parece passar por um crivo mais implacável, preconceituoso e tendencioso. Nossas negociações são do gênero 1027 por 1 (quando trocamos Gilad Shalid por 1027 prisioneiros palestinos)!!! O outro fato é o recrudescimento do antissemitismo na Europa, haja vista o sucesso do partido nazista na Grécia e do partido direitista na França. Podemos pensar que asneiras como as crendices do século 19 nunca mais passarão pelas mentes dos antissemitas. Afinal, estamos na era da internet, das redes sociais, dos aviões e das telecomunicações. Mas também estamos na era dos Mahmoud Ahmadinejads, Hugos Chavez e outros caudilhos nanicos e transvestidos de líderes, que usam o fanatismo, o populismo e a xenofobia para recrudescer sentimentos que nada tem a ver com razão ou tolerância. Quem pode imaginar que existam pessoas que acreditam que o Holocausto não aconteceu? Ou que pensem que a culpa da crise econômica mundial é dos judeus? Vivemos em um país cujo povo é a própria definição de tolerância e de miscigenação. Isso não nos exime de nossa responsabilidade. Como judeus, devemos estar vigilantes para que esta onda de antissemitismo que se apresenta não tome uma forma mais assustadora. Devemos ocupar todos os fóruns necessários para que nosso povo não seja novamente oprimido. Nossas arenas devem ser agora e não em um futuro sombrio. Nossas vozes devem clamar bem alto e já. Minha Cidade, Meu Povo Vereador Floriano Pesaro
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Primavera no Egito, Nuvens Pesadas em Israel As revoluções, no cômputo da história muito têm nos ensinado. Mesmo a Revolução Francesa, sustentáculo dos ideais de liberdade e igualdade social no mundo, criou suas paranóias. O desenrolar da Revolução da Liberté, Egalité, Fraternité cria o período do Grande Terror e um dos maiores revolucionários da história ocidental, Georges Danton, cunha a seguinte frase: “A revolução é como Saturno (figura da mitologia grega) que devora seus próprios filhos”. Posteriormente Danton acaba, ele mesmo, guilhotinado pela Revolução. Também, em 1979, depois de um longo período de ditadura do Xá da Pérsia (hoje Irã), ventos revolucionários varrem o país de Rheza Pahlevi e os aiatolás acabam trocando a ditadura de um monarca corrupto por uma ditadura de extremistas religiosos que até hoje governam o país via terror. Mesmo assim, quando anseios de liberdade começaram a soprar pelas ditaduras árabes que circundam Israel, começamos todos a sonhar que talvez, talvez o mundo pudesse conhecer tempos mais justos. Certamente, tínhamos o receio de que o fundamentalismo corrente da região dominasse o universo político, mas ainda nos restava certa esperança. Entretanto, após estas últimas semanas, não posso deixar de explicitar minha grande preocupação com a mensagem vinda dos candidatos à presidência do Egito. Embora hoje já tenhamos um quadro mais definido, desde o início do processo todos os candidatos, em sua retórica, insistiam em colocar Israel como fonte dos problemas de seu país. Isto não era um bom presságio. Não bastasse este cenário sombrio, houve também o cancelamento do acordo de gás entre as duas nações. O que mais me surpreende neste quadro de eleições egípcias é que o povo deste país com cultura e tradição milenares possa estar nesta situação, vulnerável a lideranças que colocam o cerne dos problemas egípcios na relação com Israel. Tantos anos de ditadura com certeza geraram uma cadeia de dificuldades que não serão resolvidas apenas com o ímpeto revolucionário. A passagem para um estado democrático dependerá da determinação política do governo empossado, da criação de estruturas estáveis, do reconhecimento dos direitos do povo, da transmissão de poder sem revanchismo, enfim, de um conjunto de fatores extremamente complexos. Além disso, a conjuntura econômica global destes próximos anos não parece nada promissora, o que não dá margem a erros estratégicos. A crise na zona do euro criará efeitos ainda impossíveis de serem avaliados. Porém, em um primeiro instante, a retórica populista anti-Israel pode ser um belo estratagema para qualquer político mal intencionado. É mais fácil atacar Israel do que abordar as difíceis tarefas que qualquer bom estadista terá que enfrentar. Assim, culpar Israel é um tapa-buraco palatável, remete a um discurso saudosista semelhante ao dos tempos de Gamal Abdel Nasser, e também é capaz de insuflar o jovem ingênuo pseudo esquerdista antissionista e o fundamentalista que quer varrer Israel do mapa. Por tudo isso, estas próximas semanas são de fundamental importância para a manutenção da paz entre os dois lendários países. Afinal, na região, o peso do Egito é crítico para a estabilidade de toda a região, inclusive para a retomada de negociações e a formalização de um acordo de paz legítimo e duradouro com a Autoridade Palestina. Minha Cidade, Meu Povo Vereador Floriano Pesaro
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Nosso Minuto de Silêncio Este mês de julho marca os 40 anos do massacre de Munique e milhares de representantes da sociedade civil sentiram a necessidade de unirem suas vozes às dos parentes e amigos dos atletas assassinados e solicitaram para que o Comitê Olímpico Internacional respondesse ao pedido de manter um minuto de silêncio na Abertura dos Jogos Olímpicos de Londres. Este pedido foi motivado unicamente por respeito à memória das vítimas do terror e pela esperança de que o esporte e a prática atlética pudesse ser uma força unificadora, transcendendo fronteiras e bandeiras. Os jovens mortos em Munique vieram fazer parte de uma competição internacional respeitada por sua antiguidade, que sempre representou a paz e a confraternização mundial. A nacionalidade das vítimas de um ataque desta monta não deveria ser um obstáculo para esta homenagem ou para a condenação do terrorismo global. Não foram poucas as entidades governamentais, como o parlamento canadense, o senado norte-americano, o parlamento italiano, políticos influentes, como o Ministro de Relações Exteriores da Alemanha, o Sr. Guido Westerwelle, e mesmo várias instituições judaicas de todo o mundo que escreveram para o Comitê Olímpico solicitando a merecida homenagem. Eu mesmo, como membro diretor do International Council of Jewish Parliamentarians (Conselho Internacional de Parlamentares Judeus), assinei uma carta ao Presidente do Comitê, o senhor Jacques Rogue, pedindo que concedesse esta homenagem permitindo que a força do silêncio sobrepujasse o ruído do terrorismo. Infelizmente, o Comitê decidiu novamente menosprezar a magnitude do fato. Como se uma tragédia destas não houvesse ocorrido nunca nos Jogos Olímpicos. Como se qualquer um dos 11 atletas israelenses assassinados fosse só mais um nome em uma estatística esportiva a mais dos XX Jogos Olímpicos. Neste sentido, causa revolta também perceber que, apenas dois dias após o atentado de Burgas, na Bulgária, ninguém mais fala de nossos turistas inocentes mortos e feridos por radicais de mentes doentias. A banalização do terrorismo contra nosso povo gera tristeza e uma grave preocupação. Entretanto, quando nos deparamos com atitudes como a do Comitê Olímpico, percebemos que nossa luta vai além de detectar e impedir estes ataques facínoras. Enquanto a opinião mundial não cerrar fileiras de forma unânime contra toda forma de violência terrorista, enquanto não manifestar abertamente seu repúdio a todo e qualquer ato terrorista presente, passado ou futuro, só o que poderemos esperar é uma perigosa escalada desta aberração. Espero que cada pessoa de bem, cada israelense e cada judeu ou não, que se sinta pessoalmente atingido pela tragédia de 1972, seja no passado ou seja no dia 27 de Julho de 2012, faça seu próprio minuto de silêncio em memória de: Moshe Weinberg, Yossef Romano, Ze’ev Friedman, David Berger, Yakov Springer, Eliezer Halfin, Yossef Gutfreund Kehat Shorr, Mark Slavin, Andre Spitzer, Amitzur Shapira.
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A Perigosa Fanfarrice do Irã O Irã. Antigo Império Persa. Terra de grandes sagas, descobertas, esplendor. Hoje, um país refém de governantes dissociados de qualquer sentido de coexistência entre nações e mesmo outros dentro de sua própria terra. Todos os dias lemos notícias desvairadas originadas no Irã e que desafiam qualquer lógica. Há muito que o país governado pelo insano Mahmoud Ahmadenijad vem desafiando o organismo máximo regulador de todas as nações, a ONU, e vem fabricando urânio enriquecido. Não só isso, o Irã também desafia a comunidade internacional enviando armas ilegais para a Síria, o Afeganistão e o Talibã. O relatório apareceu no website do Comitê de Segurança da ONU. Também, numa outra tentativa de bloquear toda e qualquer negociação sobre a fabricação de urânio enriquecido para fins bélicos, o Ministro da Inteligência do Irã, após dias de discursos altamente inflamatórios, acusou a França e a Alemanha de assassinarem seus cientistas nucleares. Obviamente, isto não impediu que o Irã fizesse testes com mísseis. Diante das sanções que a Comunidade Europeia e os Estados Unidos impuseram ao Irã, eis que a mídia e os generais iranianos começam a falar no bloqueio do estreito de Ormuz, por onde passa 20% do total das exportações mundiais de petróleo. Mas por que nós deveríamos nos importar com tudo isso? Qual é nosso interesse específico em saber e agir contra os descalabros das autoridades iranianas? O que deve nos sobressaltar e motivar contra o estado iraniano é a sistemática perseguição de Mahmoud Ahmadenijad e seus lacaios contra o povo judeu e o Estado de Israel. Para eles, a aniquilação de nossa terra e nosso povo é quiçá mais importante do que o próprio bem estar dos seus semelhantes. Sua insistência em desobedecer a ONU e fabricar armas nucleares tem o objetivo de nos destruir, sua retórica busca nos denegrir. Suas alianças têm sempre em mente criar uma frente anti-Israel. Suas alegações são tão inflamatórias e irracionais que poderiam parecer delírios, mas, poderíamos dizer que ninguém acreditaria na Inquisição ou na tese de uma raça pura e, infelizmente, o passado provou que devemos estar alertas. No último dia 26 de Junho, o vice-presidente do Irã, Mohammad Reza Rahim, declarou que os “sionistas” estimulam o tráfico de drogas, mas não as usam. Aliás, esta foi uma entre as dezenas de asneiras que este senhor proferiu e pelo menos 10 diplomatas ocidentais estavam em Teerã para ouvir. Parece que o governo do Irã não sabe que tráfico de drogas é motivado por dinheiro e não por considerações ideológicas, e o vício das drogas é um desafio do campo da saúde e da esfera social, que afeta todos os povos, de todos os tipos, raça, gênero e credo, e da mesma maneira. Responsabilizar o povo judeu por essa vulnerabilidade da sociedade é mostrar o nível de paranoia contra o povo judeu. Toda esta retórica poderia ser excentricamente cômica se não fosse potencialmente trágica. Devemos todos falar, escrever e buscar com que as autoridades de todas as instâncias se manifestem contra estes abusos para que isto não extrapole.
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Rio + 20 - Ahmadinejad e a antítese da sustentabilidade Estamos mais uma vez diante de uma visita nefasta. Mahmoud Ahmadinejad, o amigo do atual governo federal, vem aí novamente. Desta feita, seu propósito é pseudo grandioso. O presidente do Irã virá participar de um evento internacional: a Rio +20 – Conferência das Nações Unidas Sobre Desenvolvimento Sustentável. Mas o que é sustentabilidade? Sustentabilidade é um conceito sistêmico, relacionado com a continuidade dos aspectos econômicos, sociais, culturais e ambientais da sociedade humana. O termo “sustentável” provém do latim sustentare (sustentar; defender; favorecer, apoiar; conservar, cuidar.) Assim, sem considerar a questão social, não há sustentabilidade. Em primeiro lugar é preciso respeitar o ser humano, para que este possa respeitar a natureza. O ponto de vista do ser humano, ele próprio, é a parte mais importante do meio ambiente. O representante magno do Irã - um país que ignora todos os legítimos direitos de seus cidadãos, que despreza as mulheres, que oprime seus opositores, que se dá o direito de ignorar a comunidade internacional produzindo urânio enriquecido com fins escusos, que nega a História apagando unilateral e estupidamente de sua memória o Holocausto - imporá sua presença entre líderes de mais de uma centena de países. Afinal, o que é que Ahmadinejad vem fazer aqui? Todos nos sabemos qual é a agenda deste personagem. O Irã anda precisando de amigos. Nas últimas décadas, as ações do Irã levaram este país a um isolamento político e econômico cada vez mais acentuado. Sua insistência em financiar grupos terroristas abominados pelo mundo civilizado e sua opção temerária em desafiar a ONU e produzir urânio enriquecido superior a 20% fizeram do Irã um país muito solitário. As sanções comerciais já começam até a criar embaraços políticos internos para o então líder inconteste Ahmadinejad. Já no mês de Maio, este senhor da guerra andou perambulando pelo continente latinoamericano em busca de aliados e agora pretende se servir de um palco nobre como esta conferência organizada pela ONU para apresentar-se como grande estadista. A Rio +20 por si só já será uma conferência complicada. Há pouco mais de um mês, um importante grupo formado por organizações brasileiras e internacionais humanitárias, de desenvolvimento, justiça social, ambientais e de trabalhadores informou que a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável parece destinada a agregar muito pouco aos esforços globais para garantir um desenvolvimento sustentável. O grupo alertou que muitos governos estão demandando ou permitindo o enfraquecimento dos direitos humanos. A crise global está cobrando um preço muito caro do planeta. Um preço que ainda não temos como avaliar. A última coisa que precisamos no Rio é de Mahmoud Ahmadinejad. Seu peso tão inequivocamente negativo poderá desviar a atenção das questões efetivamente sérias que a Conferência terá pela frente. Floriano Pesaro Sociólogo e Vereador Minha Cidade, Meu Povo Vereador Floriano Pesaro
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O Massacre da Síria Estas últimas semanas têm sido preocupantes. Estamos presenciando momentos de transição no Oriente Médio que suscitam considerações profundas. As eleições pouco democráticas no Egito são assustadoras, mas hoje não podemos ignorar um fato ainda mais alarmante: o massacre cotidiano que ocorre na Síria. Este país, outrora um dos baluartes do Oriente, o grande Império Mesopotâmico, ingressou na mais nefasta lista da comunidade mundial. No dia 12 de Junho a ONU colocou as forças governamentais sírias e a sua milícia denominada shabiha em uma lista de 52 governos e grupos armados que recrutam, matam e atacam sexualmente crianças em conflitos armados. Há 15 meses, desde o início da conflituosa Primavera Árabe, a oposição síria tenta derrotar o ditador Bashaar Al-Assad e seu partido Baath de militares despóticos. O país passa por um banho de sangue e violência inéditos. Neste cenário, parece que não há prazo para a queda do governo. O negociador da ONU, o ex-Secretário Geral Kofi Annan, reconheceu o fracasso de seu plano de cessar-fogo e suspendeu sua missão de paz para a região, para preservar a vida dos observadores internacionais. A Síria estará novamente à mercê de um governo que não vê mal algum em torturar, matar e arrasar vilarejos oposicionistas para manter-se no poder indefinidamente. O Baath governa a Siria desde 1963. Israel sempre alardeou a impossibilidade de diálogo com os facínoras do governo da Síria. Já tivemos nossas grandes crises com a Síria. Sempre soubemos como eles trataram nossos soldados capturados. Por muitas vezes Bashaar Al-Assad fingiu querer iniciar uma negociação definitiva com Israel sobre o Golã para depois mostrar que era só uma retórica popularesca. Hoje, é seu próprio povo e o mundo civilizado que sente a mão assassina deste governo criminoso. Até mesmo a Liga Árabe, sempre tão unida contra o povo hebreu, expulsou o governo sírio de suas hostes pela enormidade da matança que vem ocorrendo por lá. Só mesmo o Irã continua tenazmente apoiando o regime sírio para manter sua influencia na região. Também, as duas grandes potências mundiais Rússia e a China apoiam Bashaar Al-Assad, por interesses estratégicos e comerciais. O mundo todo pede que o governo da Síria seja deposto para o bem do cidadão sírio comum e nem mesmo a ONU consegue intervir de maneira eficiente. Há de haver um mecanismo que impeça carnificinas como que está acontecendo na Síria. Enfim, a região passa por momentos tormentosos. Entre as eleições no Egito, que já se transformaram em grande perigo de revolta novamente, a situação na Síria e o dilema palestino, temos um desafio de sobrevivência agigantado. Como bem disse Davi Ben Gurion: “Em Israel, para poder ser realista, você precisa acreditar em milagres.”
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A Irreparável Timidez da Organização das Nações Unidas A Organização das Nações Unidas é uma organização internacional fundada em 1945 após a Segunda Guerra Mundial por 51 países comprometidos com a manutenção da paz e da segurança internacionais, desenvolver relações amistosas entre as nações e promover o progresso social, melhores padrões de vida e direitos humanos. Desde a sua “criação” o mundo tem a ONU como o baluarte da razão e do consenso mundial. É fato. Nós mesmos, judeus, emocionamo-nos às lágrimas ao lembrarmos a data de 16 de Setembro de 1947 quando, sob a batuta do brasileiro Oswaldo Aranha, foi aprovado o plano da Partilha da Palestina, possibilitando a criação do Estado de Israel. A ONU é responsável por incontáveis ações humanitárias, educacionais, de desenvolvimento sustentável e justiça social e tem buscado ajudar populações mais vulneráveis deste planeta. Em sua história, a ONU foi fórum de debates importantes para a preservação da paz mundial e foi fundamental para o final de crises importantes como a da Baía dos Porcos, nos anos 60 e particularmente da Guerra Fria. A ONU teve papel protagonista também durante a fatídica Guerra do Vietnã. Foi importante para acabar com a crise da Sérvia e muitos outros conflitos na história moderna. Desde sua formação, a Organização criou agências especializadas em áreas específicas de atuação, como a UNESCO Organização das Nações Unidas para a Educação, a OMS Organização Mundial da Saúde, a AIEA Agência Internacional de Energia Atômica, entre tantas outras, para melhor servir o povo dos países afiliados no que tange às tantas questões que afligem as gerações deste nosso século. No entanto, hoje estamos aqui analisando uma grande vulnerabilidade desta nobre organização. Nos últimos tempos, a ONU tem fracassado em implementar planos de paz que impeçam massacres ignóbeis como este que têm virado rotina na Síria. Sua capacidade de ação diante de ditadores assassinos é quase nula. Negociadores hábeis e dignos como os secretários gerais U Thant, Javier Perez de Cuellar, Kofi Annan e e Ban Ki moon não conseguem avaliar o tamanho do mal e da sede de poder que residem na alma de cada líder sanguinário que comanda ou comandou tropas em, Ruanda, Somália, Sudão e, atualmente, na Síria. Não é só este fator que inibe e impede uma ação mais efetiva de polícia e de controle das forças de paz da ONU. A Organização, quando se vê diante de problemas eminentemente políticos, territoriais, não consegue obter consenso de seus membros, que obedecem suas próprias agendas e esquecem os valores básicos de integridade humana. Assim, tanto em votações dos países com direito de veto, quanto todos os outros membros, cada qual busca seus interesses e alianças locais convenientes e isto pode inviabilizar uma ação mais coerente da ONU. A verdade é que causa uma grande frustração verificar que o mundo se revolta com massacres e mais massacres acontecendo na Síria e não há um organismo mundial capaz de agir com a humanidade necessária para impedir isto ou responsabilizar os culpados por esta carnificina. Deveremos ser capazes de criar uma outra dinâmica dentro desta organização tão basilar para o planeta que seja suprapolítica, que se limite a resguardar a dignidade humana de um povo, para que ele não se torne refém de políticos assassinos. Minha Cidade, Meu Povo Vereador Floriano Pesaro
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CrĂŠditos Fotos Juvenal Pereira Renato Souza
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