Meu Caminho com o JudaĂsmo
Floriano Pesaro
Floriano Pesaro
Meu Caminho com o JudaĂsmo
SĂŁo Paulo Antonio Floriano Pereira Pesaro
2014
À minha avó, Gabriela Coen Pesaro, a meus pais, Lucília e Giorgio; a meus irmãos, Fábia e Eduardo; à minha esposa, Maria Eugênia; e a meus filhos, Rodrigo e Fernando, com muito carinho.
Arquivo Pessoal
Meu Caminho com o JudaĂsmo
Floriano Pesaro
EXPEDIENTE
Realização Floriano Pesaro Sociólogo e Vereador
Coordenação/ Organização de Conteúdo Mendy Tal
Colaboração Gabriel Vinicius Carmona Gonçalves
Diagramação/ Projeto Gráfico Renata Colombini Puosso
Capa Roberto Strauss
SUMÁRIO
06 12 18 34 82 104 108
Prefácio
Capítulo 1 - Floriano no Parlamento
Capítulo 2 - Celebrações
Capítulo 3 - Discursos
Capítulo 4 - Artigos e Publicações
Capítulo 5 - Viagens
Palavras Finais
PREFテ,IO
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Prefácio
Ao escrever este prefácio, veio-me à mente a frase de Pascal: “A última coisa a decidir ao se escrever um livro é o que se deve colocar primeiro”. Mas acho que vale a pena contar a vocês sobre o meu orgulho de ser político e como este meu caminho político me aproximou do judaísmo. Longe de ser um meio de enriquecimento, de trampolim social, de conquista de poder, a política é, antes de tudo, coisa muito séria. O político digno deste nome, o estadista real, almeja muito mais do que essas benesses temporárias. A obra de um político convicto e sério surge do sonho de multiplicar o bem possível, de harmonizar direitos e deveres de cidadania. Eu escolhi esse caminho para mim. Um caminho capaz de colocar-me ao lado pessoas como John Fitzgerald Kennedy, Martin Luther King, Mahatma Gandhi, Golda Meir, Winston Churchill, Tancredo Neves, Fernando Henrique, Franco Montoro. Além de incontáveis pessoas inspiradoras, minha história acadêmica levou-me a perceber e a definir, logo aos 19 anos, que minha escolha seria pela prática da política, pelo caminho onde a busca de uma sociedade mais justa faz todo o sentido. Em nome desta opção, escolhi como bandeiras a ação social e as expectativas da comunidade judaica. E neste caminho político que escolhi, tive a bênção de me encontrar com minhas raízes ancestrais. Pude resgatar tradições vividas na infância e entrar em contato de forma mais organizada com o judaísmo. Foi a minha jornada política que permitiu que eu me aproximasse de pessoas iluminadas que me fizeram então entrar em contato com a riqueza da Torá e a tradição do povo do livro, que me apresentou o conhecimento de nossos sábios antigos e de nossos rabinos de hoje.
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Tive a ventura de compreender conceitos tão profundos como a ética no judaísmo Tsedacá (justiça social), TikunOlam (o reparo do mundo), práticas que me são tão caras e que fazem parte da obrigação de todo judeu há milênios. Foi extremamente estimulante aprender que a ação social, um dos pilares de minha atuação política é também a mola mestre do judaísmo. Também, com o auxílio de assessores, pude estudar e entender o calendário judaico. Foram anos ricos em ensinamento e a cada ano, encanto-me mais com o reinventar que acontece em nossas celebrações. Aprendi a entender nossa comunidade e suas organizações. Felizmente, tenho sido fiel colaborador de várias instituições que nossa comunidade patrocina e nossas portas estão sempre abertas para facilitar caminhos para todas as instituições que nos procuram. Senti a dor da barbárie, lamentei a perda de inocentes. Lembrei para sempre o Holocausto. Aprendi que a memória é nossa ferramenta de alerta. Estudei principalmente a política árabe-israelense, para melhor me fundamentar e defender Israel sempre que necessário. Quanto à política do Oriente Médio, creio ter adquirido uma visão justa e crítica do cenário regional. Israel é, hoje, para mim, um segundo lar e tenho o privilégio e o dever de defendê-lo sempre que necessário, como constantemente tenho feito. Defendo uma paz com dois Estados vivendo em harmonia na região. Este livro apresenta minha visão sobre os diversos temas judaicos que aprendi e analisei no decorrer destes últimos seis anos de mandato como vereador. Boa leitura!
Floriano Pesaro
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Convidado Especial
Comecei a ter contato mais próximo com Floriano Pesaro e acompanhar sua atuação quando ele trabalhava em Brasília no governo do Presidente Fernando Henrique Cardoso. Chamou a minha atenção - como Ministro das Relações Exteriores atento à percepção externa do modo de governar de FHC - o desempenho de Floriano em 2001-2002 na elaboração e implantação do Programa Nacional da Bolsa Escola, no âmbito do qual a sua formação de sociólogo e a sua qualificação de gestor estiveram a serviço de uma inovadora visão de inclusão social. Acompanhei suas subsequentes atividades públicas no Executivo estadual do governo paulista e no Executivo municipal de São Paulo e sua destacada conduta, desde 2009, como vereador, imbuído da responsabilidade inerente a quem detém um mandato de representação popular. No prefácio a este livro, que tenho a satisfação de apresentar, Floriano Pesaro explica como o seu caminho, alinhado à identidade do PSDB, se pauta por uma concepção da política entendida como um serviço público voltado para a busca de uma sociedade mais justa. Neste contexto menciona como referências exemplares J. F. Kennedy, Martin Luther King, Mahatma Gandhi, Golda Meir, Winston Churchill, Tancredo Neves, Franco Montoro, Fernando Henrique. O que estas grandes figuras, no pluralismo de suas trajetórias têm em comum é a coragem, uma virtude forte, como ensina Bobbio, indispensável para a vida pública. Não é por acaso que um livro importante de J. F. Kennedy, que integra o rol de referências de Floriano Pesaro, é precisamente Profiles in Courage. Nele Kennedy traçou os perfis de oito senadores norte-americanos explicando que, no livro, a política ofereceu as situações e a coragem, o tema unificador. Montesquieu definiu a coragem como o sentimento de suas próprias forças. Foi este sentimento que norteou Floriano Pesaro em levar adiante, no Executivo e no Legislativo, a bandeira da ação social, explicando no prefácio deste livro como se deu conta que esta bandeira era convergente com as suas raízes judaicas e seus ensinamentos. Entre eles destaca, e eu me permito reiterar, o conceito do TikunOlam, ou seja, a de que a obra de criação comporta um contínuo aperfeiçoamento. Esta é uma responsabilidade dos seres humanos no reparo das coisas do mundo.
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No conjunto de textos que integram os capítulos deste livro, Floriano Pesaro articula como a sua jornada política, voltada para o aperfeiçoamento da sociedade brasileira e do valor justiça aproximou-o da tradição judaica, do pluralismo das instituições da comunidade judaica e de suas aspirações. É neste contexto que trata do tema da importância da Memória do Holocausto e também de outras datas importantes a serem recordadas e discute o significado mais abrangente das celebrações do calendário judaico e do que ensinam, por exemplo: sobre meio-ambiente (Tu B’shvat), sobre a liberdade e a dignidade humana (Chanucá), sobre a escravidão, a fome e a miséria (Pessach), sobre os abusos do poder político (Purim). Aprecia e reconhece nos textos deste livro o rico pluralismo da tradição judaica, homenageando, na sua diversidade, figuras representativas do mundo judaico e de suas instituições comunitárias, captando sensibilidades e aspirações. Uma matéria de recorrente preocupação que toca os sentimentos da comunidade judaica diz respeito a Israel e à política do Oriente Médio, e Floriano Pesaro, associando emoção e razão, articula em muitos incisivos textos deste livro a sua visão da matéria e do por que defende Israel e uma paz com dois estados vivendo em harmonia na região. Muito presente na leitura de Floriano Pesaro está a sua precisa avaliação do recrudescimento do antissemitismo no mundo e de que modo o antissionismo e o processo de deslegitimação de Israel são um dos componentes do antissemitismo contemporâneo. Independentemente de uma maior ou menor coincidência pessoal com suas avaliações específicas de tal ou qual conjuntura ou situação, creio que Floriano Pesaro se posiciona com coragem nesta matéria, exercendo um papel relevante como porta-voz destas preocupações da comunidade judaica. No Pirkei Avot (A Ética dos Pais), Hillel faz e responde a duas perguntas: “Se eu não sou por mim, quem será por mim? E se não agora, quando?” Floriano Pesaro, a partir do quem de suas raízes e identidade assume com o sentimento de suas próprias forças, o agora dos seus posicionamentos.
Celso Lafer Ago.2014
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FLORIANO NO PARLAMENTO Desde eleito, tive a oportunidade de viabilizar alguns anseios de nossa comunidade. Conseguimos criar leis, projetos de lei e certos dispositivos que regulamentam necessidades específicas de segurança, como também pudemos aumentar a visibilidade do calendário judaico, tornando lei municipal várias de nossas celebrações. Acredito que um fator que estimula a tolerância é a proliferação das comemorações municipais de todas as culturas e tradições. É um prazer ver a cidade lotada de chanukiot no mês de dezembro. É um modo de permitir que o outro conheça e respeite as nossas tradições. Tenho particular orgulho da Lei 15.059/2009 – (PL 129/2009) que inclui no Calendário Oficial da cidade de São Paulo o Dia em Memória às Vítimas do Holocausto, a ser celebrado anualmente no dia 27 de janeiro. A data já foi instituída, em 2005, pela Assembléia Geral das Nações Unidas como o Dia Mundial da lembrança do Holocausto, em memória aos 6 milhões de judeus vítimas da exterminação nazista. No dia 27 de janeiro de 1945, os soviéticos liberaram os presos do campo de concentração de Auschwitz – Birkenau, na Polônia. Luto pelo projeto de lei que inclui o tema Holocausto na disciplina de História no currículo municipal. É através da educação que poderemos impedir que a barbárie aconteça novamente. Se não estivermos alertas, se não ensinarmos aos nossos pequenos e jovens, o ódio poderá mostrar sua face novamente.
Floriano no Parlamento
ATUAÇÃO E LIDERANÇA NA COMUNIDADE JUDAICA Nos últimos seis anos, posso dizer que a comunidade e eu fomos criando uma simbiose. Sinto-me cada vez mais porta-voz e filho desta comunidade e protagonista em suas várias vertentes. Faço parte da maioria de suas instituições e o povo judeu tem em minha pessoa um defensor ardoroso sempre que necessário. Por exemplo, em junho de 2010 tive a coragem de ir ao púlpito e defender o Estado de Israel quando do ataque à flotilha de seis embarcações. Sempre que ocorre qualquer ato de antissemitismo, aqui ou no mundo, não deixo passar incólume, para que fique registrado nos anais da Câmara. Também, fui eleito Membro Diretor do Comitê Internacional de Parlamentares Judeus, como representante da América Latina. Como tal, participei de reuniões na ONU e na casa do embaixador de Israel em Washington. Representei a comunidade na comemoração do atentado da AMIA, em Buenos Aires e em um Congresso Latino-Americano no Uruguai para Jovens Líderes.
RenattodSousa
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LEIS E PROJETOS Lei 15.059/2009 – (PL 129/2009) Inclui no Calendário Oficial da cidade de São Paulo o Dia em Memória às Vítimas do Holocausto, a ser celebrado anualmente no dia 27 de janeiro. A data já foi instituída, em 2005, pela Assembléia Geral das Nações Unidas como o Dia Mundial da lembrança do Holocausto, em memória aos 6 milhões de judeus vítimas da exterminação nazista. No dia 27 de janeiro de 1945, os soviéticos liberaram os presos do campo de concentração de Auschwitz – Birkenau, na Polônia. Notas Técnicas: Altera a Lei nº 14.485, de 19 de julho de 2007. (Legislação municipal relativa a Datas Comemorativas, Eventos e Feriados).
...”A lembrança do Holocausto, os relatos e depoimentos dos sobreviventes, o registo de todas as vítimas, este é o caminho para que honremos os sacrifícios acontecidos. Vamos fazer o possível para que TODOS lembrem e conscientizem o mundo. Só assim poderemos previnir uma próxima tragédia de proporções outrora inimagináveis.”
Floriano Pesaro
Lei 15.285/2010 – (PL 71/2010) Inclui no Calendário Oficial de eventos da cidade de São Paulo o Dia do Ensino e Participação Coletiva inspirados na obra do Rebe de Lubavitch – Movimento Chabad. Notas Técnicas: Altera a Lei nº 14.485, de 19 de julho de 2007. (Legislação municipal relativa a Datas Comemorativas, Eventos e Feriados).
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Floriano no Parlamento
Lei 15.293/2010 – (PL 567/2009) Inclui no Calendário Oficial de Eventos da Cidade de São Paulo a comemoração da Festa das Luzes - Chanucá, a ser comemorado anualmente no mês de dezembro. Notas Técnicas: Altera a Lei nº 14.485, de 19 de julho de 2007. (Legislação municipal relativa a Datas Comemorativas, Eventos e Feriados).
“A história do milagre de Chanucá não é apenas coisa de criança. É um convite para que possamos abrir os olhos e corações para a possibiliddae do milagre. Às vezes, são os mesmos milagres que transformam o caminho e a história de um povo. E são estes os milagres que a liturgia nos faz lembrar durante a semana de Chanucá: “al ha’nissim, ve al ha’guevurot ve’al ha’teshuot, “os milagres, maravilhas, triunfos e vitórias de nosso honrado passado.”
Floriano Pesaro
Lei 15.297/2010 – (PL 568/2009) Inclui no Calendário Oficial de eventos da cidade de São Paulo a comemoração do RoshHashaná – Ano Novo Judaico. Notas Técnicas: Altera a Lei nº 14.485, de 19 de julho de 2007. (Legislação municipal relativa a Datas Comemorativas, Eventos e Feriados).
“Ao realizar a contabilidade da alma, nos damos conta que, às vezes, falhamos em transpor a distância entre nossa consciência e nossa conduta, entre os princípios nos quais acreditamos e as ações que realizamos. Mas o judaismo nos propicia a oportunidade de avaliação e então nos recorda que temos a obrigação de fazer com que a distância entre o que dizemos e que fazemos se torne cada vez menor.”
Floriano Pesaro
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Gute Garbelotto/ CMSP
PL 449/2009 – Floreiras de Concreto Dispõe sobre a colocação de floreiras de concreto armado nas calçadas fronteiriças de templos, instituições religiosas, culturais, assistenciais, esportivas e de lazer para fins de proteção e segurança. Com coautor. Tramitação: Comissão de Política Urbana desde 19/04/2013.
PL 112/2009 – Holocausto Inclui o tema do Holocausto na disciplina de História da rede municipal de ensino, em consonância à resolução adotada pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 2005, de preservação da memória do Holocausto. Em condições de pauta desde 19/04/2013.
PL 849/2013 - Festival Internacional de Música Judaica Cria o Dia de Klezmer - Festival Internacional de música judaica, a ser comemorado no dia 4 de novembro. Tramitação: Comissão de Educação desde 19/02/2014.
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CELEBRAÇÕES O calendário judaico é de uma riqueza ímpar. De tudo o que tenho aprendido, creio que o estudo do calendário e a ponderação sobre o sentido das celebrações são o que mais me enriquece. Porque o ritmo do tempo judaico nos fornece ferramentas de aperfeiçoamento constante. A cada Shabat, a cada Purim, a cada Kipur, a cada festividade, seja ela de celebração ou de expiação, somos convidados a olhar interna e externamente, avaliando nossos erros e acertos, buscando milagres, festejando em família, chorando nossos mortos... Nossas comemorações são individuais e comunitárias ao mesmo tempo e permitem que nos iluminemos com a sabedoria de nossos rabinos sagrados, mas elas também nos estimulam a ler e a extrair conhecimentos próprios de nossas Escrituras. Assim como a chalá redonda simboliza o ciclo da vida que se repete, o calendário judaico também representa este ciclo, dando-nos a oportunidade, a cada vez, de reorientar-nos em direção ao bem, aproveitando as reflexões que as celebrações incitam para sermos melhores conosco, com os outros, com o planeta e com Deus.
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Celebrações
CALENDÁRIO JUDAICO: ROSH HASHANÁ e IOM KIPUR Estamos chegando a uma época do ano cuja intensidade não tem paralelo. Maimônides, no século XII, já dizia que o som do shofar em RoshHaShaná é como o som de um despertador. Sem este chamado, poderíamos passar sonâmbulos pela vida, ocupando-nos de trivialidades. O som do shofar nos traz novamente à consciência a fragilidade e abenção da vida. É disso que se trata RoshHaShaná e Iom Kipur. É entender que nossas vidas não são eternas e que o simples fato de estarmos vivos é uma dádiva divina. As festividades durante os Dez Dias Intensos (Iamim ha Noraïm) entre RoshHaShaná e Iom Kipur contemplam questões majestosas: vida e morte, bem e mal, arrependimento e perdão. Nesta época, pensamos sobre o ano que passou e como lidamos com nossos desafios. É um momento de honestidade autorreflexiva, quando tomamos plena consciência de nossos desacertos, das vezes em que outros precisaram de nós e não soubemos atender, lembramo-nos das ocasiões em que nos deixamos levar por pequenas animosidades e pensamos em como corrigir estas situações. É quando consideramos o perdão. Perdoar não é absolver, condenar ou desculpar o mau comportamento: perdão não elimina as consequências. Perdão é permitir acolher as diferenças, é tornar-se receptivo para a alteridade; é entender e se abrir para o diálogo, em todas as instâncias.
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Há quase mil anos, dez séculos, sempre nestes dias, é que se faz a oração de Unitane Tokefe, nesta liturgia, encontramos um tema que me fascina, onde abordamos as ações que podem fazer diferença: o arrependimento, a oração e a tzedacá (mais bem traduzida como justiça social). É uma época intensa de trabalho pessoal, mas que nos instiga a buscar o bem-estar de todos os seres humanos. A justiça social é elemento capital do judaísmo e, através do exercício da lembrança, podemos, cada um de nós, tomar uma atitude de integrar a religiosidade com o mundo em que vivemos. Enfim, esta é uma época solene, porém repleta de felizes expectativas de renascimento, de renovação e de novos começos. Le Shaná Tová Ticateivu VeTichateimu
Arquivo Pessoal
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Celebrações
SUCOT - A FESTA DOS USHPIZIN
Quem são ou o que são os “Ushpizin”? Ushpizin é uma palavra aramaica que significa”convidados”. Traduzido para o português, a palavra perde um pouco de seu mistério e de sua carga supranatural, mas esses “convidados” são bastante misteriosos (pelo menos até aprendermos mais sobre eles) e supranaturais (pelo menos até torná-los parte do nosso mundo). Nós usamos o termo em aramaico porque a nossa fonte de informação sobre estes convidados místicos vem do Zohar, a obra fundamental da cabala, escrita nessa linguagem mística. Há sete convidados celestiais que vêm visitar-nos na sucá, um para cada um dos sete dias do festival. Convidados são uma parte importante do lar judaico durante todo o ano - havia até judeus que nunca participavam de uma refeição em sua própria casa a menos que houvesse pelo menos um convidado, de preferência um transeunte carente, com quem compartilhar – mas, especialmente no Shabat e ainda mais especialmente nas festividades judaicas constantes na Bíblia (Pessach, Shavuot, Sucot, RoshHashaná etc). Durante as festas esta é uma mitzvá especial. E assim chegamos aos Ushpizin. Ao lotarmos nossa sucá com convidados terrestres, nós ganhamos o privilégio de acolher sete convidados celestiais, os sete “fundadores” do povo judeu: Abraão, Isaac, Jacó, Moisés, Arão, José e Davi.
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Os cabalistas ensinam que estes sete líderes - referidos em nossa tradição como os “sete pastores de Israel” - correspondem às sete Sefirot, ou atributos divinos, que categorizam a relação de Deus com a nossa realidade, e que são espelhadas nos sete componentes básicos de nosso caráter. Conforme cada "convidado" celestial honra a nossa sucá, ele nos delega a qualidade particular que o define. É mais precisamente por isso que eles são chamados de "pastores de Israel": como um pastor que fornece alimento para seu rebanho, estes sete líderes nos nutrem com sua essência espiritual: Abraão nos alimenta com o amor; Isaac com autodisciplina; Jacob com harmonia e verdade; Moisés, eternidade; Arão, empatia; José, sacralidade; e Davi, majestade. E embora estas sete grandes almas sejam nossos "pastores" durante todo o ano, os sete dias de Sucot são o momento em que sua presença em nossas vidas é mais acentuada e revelada. Ao entrarmos na "habitação temporária" da sucá, libertando-nos da dependência que desenvolvemos pelo conforto material do lar, colocamo-nos em um lugar em que nosso ser espiritual se revela mais e é acessível. Neste local, os Ushpizin nos visitam, capacitando-nos para que nos conectemos com as sete dimensões da "imagem divina" de nossa própria alma.
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Celebrações
CHANUCÁ
A história de Chanucá relata como o povo judeu em Israel foi perseguido pelos gregos antigos, como foram proibidos de reverenciar a Deus, de estudar a Torá ou de realizar os rituais básicos e essenciais da prática judaica. Mas o povo judeu desafiou seus opressores continuamente, exercendo seus direitos sagrados de povo, rejeitando culturas e conceitos exógenos, revoltando-se contra a tirania. Diz a História que os macabeus finalmente rebelaram-se e retomaram seu Templo Sagrado. O óleo existente para a rededicação do santuário profanado deveria durar um só dia, mas milagrosamente queimou por oito dias seguidos. Gosto do festival judaico de Chanucá porque, em última análise, ele nos ensina sobre a importância da liberdade e da dignidade humana. Chanucá demonstra a necessidade de se ouvir vozes discordantes, de que poucos possam buscar um caminho para destituir tiranias de muitos. Em cada uma das oito noites de Chanucá, nós acendemos velas que representam o triunfo da luz sobre a escuridão de muitos modos. Infelizmente, com a modernidade, muitas pessoas passaram a ter dificuldade em celebrar milagres. Os ‘falsos magos’, ‘os curandeiros’ e os aproveitadores criaram uma crosta de ceticismo em todos nós. Deste modo, com certa justiça, desconfiamos de tudo e o conceito de milagre fica prejudicado. Todavia, há outras maneiras de se pensar sobre milagres. Todos nós conhecemos pessoas que começaram a perceber milagres no simples diaadia da vida. Assim, a história do milagre de Chanucá não é apenas coisa de criança. É um convite para que possamos abrir olhos e corações para a possibilidade do milagre.
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Às vezes, são mesmo os ditos milagres que transformam o caminho e a história de um povo. E são estes os milagres que a liturgia nos faz lembrar durante a semana de Chanucá: “al ha’nissim, ve al ha’guevurotve’alha’teshuot”, (alanissim, vealaguevurot, vealateshuot) “os milagres, maravilhas, triunfos e vitórias” de nosso honrado passado. Mas devemos aproveitar Chanucá como a oportunidade de nos maravilharmos com o milagre de nosso próprio mundo. Sirvo-me de uma citação de Albert Eisntein, que, com toda sua materialidade, conseguia ver o milagre da Vida e do Universo:
“A mais bela e mais profunda experiência que se pode ter é o sentido do mistério. Aquele que jamais viveu esta experiência me parece, senão morto, ao menos cego. Perceber que, por trás de tudo o que pode ser vivenciado, há algo que nossa mente não consegue captar e cuja beleza e sublimidade nos atingem apenas indiretamente, como um fraco reflexo, isto é religiosidade. E nesse sentido, eu sou religioso.”
Que possamos todos perceber e agradecer os milagres cotidianos à nossa volta e que possamos, como povo, buscar caminhos que respeitem e acolham a todas as minorias. ChagSameach!
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Celebrações
TU B’SHVAT
Dia da comemoração do ano novo das árvores. Diz a lenda que se um homem quer deixar algum legado que ultrapasse sua vida, ele deve ter um filho, escrever um livro e plantar uma árvore. É incrível a conexão que a religião judaica tem com a natureza. Grande parte de suas celebrações associa-se a ciclos da natureza, mas, mais do que tudo, Tu B’shvat representa o respeito pelo meio ambiente. Data outrora menor no nosso calendário, o dia 15 de Shevat assume proporções ecológicas e até proféticas em nossos dias. Esta é uma lição que nós, judeus, aprendemos há muito. Com uma terra árida diante de nós, após a destruição dos Templos, nosso grande sonho de conquista da terra de Israel sempre contemplou a transformação do deserto em pomar. Israel defende sua terra com as armas necessárias, mas Israel se apropria de sua terra plantando árvores, pois já em seus primórdios este preceito nos é muito caro. Do mesmo modo que acompanhamos a busca da humanidade pelo espiritual, percebemos que, cada vez mais, a humanidade entende que é no respeito ao meioambiente, à natureza, às arvores, rios, terras, animais e a todo organismo vivo que encontraremos a possibilidade de deixar um mundo mais equilibrado para nossos descendentes. Assim, quando chega esta época, ficamos ainda mais orgulhosos de festejar data tão cara para o povo judeu, mas também para a humanidade. Que possamos todos aproveitar Tu B’Shvat com algum tipo de atividade ou celebração que contribua para uma maior consciência ecológica no mundo. ChagSameach!
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PURIM
Poder político é uma bênção perigosa. Os indivíduos e as nações necessitam poder assegurar sua sobrevivência e promover seu próprio bem-estar e o bemestar daqueles com quem convivem. Entretanto, o poder pode facilmente ser abusivo. Podemos empregar a mesma energia que nos permite fazer o bem para fazer todo tipo de mal. Não podemos viver sem poder, mas o poder pode nos destruir. Precisamos aprender como usar nosso poder. Este tem sido um dos ensinamentos fundamentais da tradição judaica em todos os tempos e éa essência do Festival de Purim. A Meguilá, O Livro de Ester, a obra bíblica que é fonte para nosso alegre Festival de Purim, aborda questões sobre poder político. É uma história que relembra como os judeus do Antigo Império Persa encontraram inspiração em sua sagacidade política, seu sentido de destino compartilhado e sua profunda fé comunitária para garantir sua sobrevivência em tempos de provação. Ao celebrarmos o milagre da continuidade judaica, a Meguilá lembra-nos que o poder, seja militar, econômico ou político, é componente importante de sobrevivência. Entretanto, em Purim lembramos que apenas quando a bravura e o poder são utilizados com justiça é que podemos vivenciar o espírito salvador. Diferentemente de outras festividades em que Deus é o personagem central, em Purim descobrimos o divino poder salvador na coragem de Ester em colocar-se contra o perverso Primeiro-Ministro Aman, e na disposição do povo judeu de enfrentar seus inimigos e defender seus lares e suas famílias. O Livro de Ester nos expõe os abusos e os benefícios do poder. Quando encontramos o discernimento para usar o poder convenientemente e com justiça, deparamo-nos com a possibilidade de transformar para melhor nossas vidas e as das pessoas ao nosso redor. Ao ouvir mais uma vez o relato de Purim este ano, que possamos todos aprender com Ester e Mordecai como utilizar o poder que temos, não para ganhos pessoais egoístas, mas para ajudarmos a nós mesmos e aos outros a apreciarmos as bênçãos da liberdade e da segurança.
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Celebrações
IOMHAZIKARON E IOMHAATZMAOUT
Só um país que precisou e ainda precisa lutar a cada segundo deste mundo por sua sobrevivência tem o IomHaZikaron (dia em memória a todos os que caíram em combate pela defesa do Estado de Israel e às vítimas de atos terroristas). Só um país que sabe o quanto é importante cada vida de seu povo chora seus mortos 24 horas antes de sua principal data comemorativa, sua Independência: IomHaAtzmaout. Só um país que nasceu a partir da carnificina de seus antepassados presta homenagem aos que defendem a pátria do povo judeu, para que não sejamos mais estrangeiros indefesos e vulneráveis na terra dos outros. Só um país que vive sob o jugo de um terrorismo assassino homenageia cada vida inocente perdida para atos bárbaros. Só um país acostumado à intensidade e à fugacidade da vida une datas tão emblemáticas. Dediquemos hoje nossa lembrança a todos aqueles que perderam suas vidas para que todo o povo judeu mundo afora possa se sentir mais seguro, sabendo que o Estado de Israel lá está para todos nós. E rejubilemo-nos!! Israel aí está! Um jovem país efervescente, criativo, dinâmico. Uma das únicas democracias de toda a região. Em 64 anos, o Estado de Israel conseguiu imprimir um empreendedorismo que surpreende a todos os que pensavam que esta pequena faixa de terra estava destinada ao fracasso. Israel é a expressão do que a determinação, o sonho e a ação podem alcançar. Sem falsas utopias, sem ingenuidade, mas com todo o empenho de um país e de um povo escrevendo e reescrevendo a história. Mas Israel ainda tem muito mais a dizer. Israel nunca está no final do caminho. É o país onde nasceu a espera pela chegada da paz eterna. É o país onde a vida ganha um significado maior: de perpetuação da história, de sonho realizado e de sobrevivência, o país do respeito ao passado e, certamente, da confiança no futuro. Convido-os para comigo homenagear quem perdemos, comemorar o que conseguimos e lutar sempre pelo que almejamos.
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Celebrações
PESSACH E AS OUTRAS ESCRAVIDÕES
Uma das festividades mais ricas e simbólicas do calendário acontece na celebração do Seder de Pessach. É quando comemoramos, ao redor de uma mesa farta e em companhia da família estendida e, por vezes, de vários amigos, a passagem da escravidão para a liberdade e a nossa constituição como comunidade no deserto. É uma dessas ocasiões que nos permite refletir sobre liberdades pessoais, sobre sociedade e sobre como tratar o outro, pois a sabedoria judaica nos insta a recordar que nós já fomos o estrangeiro na casa do outro. Como cientista social, fico imaginando como devemos fazer para não nos esquecermos dessa nossa traumática experiência e para que tentemos olhar ao nosso redor e ver se não estamos, por acaso, sendo hoje os egípcios de outras pessoas. Em nossos dias, a escravidão se manifesta pelo domínio econômico, pela falta de reconhecimento do trabalho da classe mais humilde, daquele que na noite de Pessach talvez esteja apenas passando bandejas e lavando os pratos. Simbolicamente, podemos todos ser um pouco mais gentis e reconhecer o fruto do labor daquelas pessoas que, ao lavarem nossos pratos e arrumarem nossas mesas junto com nossas famílias, possibilitam de alguma forma que esta celebração fundamental de nossa tradição aconteça num clima festivo e farto.
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Adicionalmente, em caráter mais universalista, Pessach foi a transição dos antigos israelitas se fortalecendo e tornando-se coletivamente o povo judeu. Como povo, nessa jornada, a responsabilidade social de aceitar e lutar pela liberdade própria e de todos assumiu para sempre uma conotação relevante. O próprio livro da narrativa de Pessach, a Hagadá, começa com o mandato para que todos os famintos venham e comam. A fome e a miséria. Estes são temas indissociáveis da política e da sociedade desde a Antiguidade até os dias de hoje. Em Pessach, o povo judeu pode se permitir então repensar questões como estas e reavaliar suas responsabilidades sociais diante da memória de seu passado milenar. Em nossos dias, infelizmente, ainda persistem a escravidão sexual, o tráfico humano e outras situações humilhantes que tornam o ser humano ‘o estranho’. Neste Pessach, sugiro que possamos aproveitar os vários aspectos que estas celebrações nos sugerem e que, além de relembrar nossas conquistas inabaláveis do passado, busquemos outros meios de fazer ainda mais parte desta corrente de liberdade. ChagSameach!
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Celebrações
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Floriano planta árvore em Israel comemorando o Tu B’ shvat, início do “Ano Novo das Árvores”.
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Junto com Liliana Tal e Carol Shammah na celebração do Purim. Cerimônia de comemoração de Chanucá.
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Floriano junto com a primeira-dama do Estado Lú Alckmin, na abertura da Campanha do Agasalho 2014, FISESP.
Floriano Pesaro fazendo campanha para a eleição do Conselho Deliberativo da Hebraica. Foi o mais votado com 1.023 votos.
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Inauguração nova sede Ten Yad - Floriano e Governador do Estado de São Paulo Geraldo Alckmin.
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DISCURSOS Sou um político, gosto de falar. A tribuna me cai bem. Mas devo dizer que sinto um particular prazer em defender o Estado de Israel na atual Câmara dos Vereadores. Hoje em dia, em nome de um esquerdismo barato, encontramos muitos detratores de Israel e muitos deles namoram o antissemitismo. Assim, toda vez que tenho a oportunidade de defender Israel, ou de falar sobre alguma personalidade judia, ou ainda denunciar qualquer fato ou ato que possa até mesmo suscitar um quê de antissemitismo, faço questão de pedir a palavra. Entretanto, minha plateia vai além. Nas muitas ocasiões que se apresentam, tenho discursado sobre os diferentes contextos judaicos, valorizando também as organizações que a comunidade patrocina em nosso país.
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DISCURSOS: DEFESA DO ESTADO DE ISRAEL
Quando se questiona a legitimidade de um país, minha integridade política não permite relevar tanta maledicência. O sentimento expresso nesta casa beirou uma agressão ao direito de existência do Estado de Israel. Foi uma verborragia contra um país independente, democrático e, acima de tudo, soberano. Um país que ostenta uma democracia exemplar onde os ministros obedecem aos controles e às prestações de contas e onde os juízes só temem a Deus. Curiosamente, é um Estado ratificado pela Organização das Nações Unidas e, a sessão que culminou com sua criação foi presidida pelo ilustre diplomata brasileiro, Osvaldo Euclides de Sousa Aranha. Desde então, Israel é a única democracia no Oriente Médio, um país menor do que muitos pequenos Estados brasileiros. Israel tem no seu parlamento, o Knesset, legitimamente eleito e empossado, mais de uma dezena de deputados árabes. A população israelense é de 7.500.000 habitantes, sendo que cerca de 5.600.000 são judeus, e mais de 1.500.000 de habitantes são árabes, e os demais 4% da população é composta de cristãos, drusos e beduínos. Mesmo com essa diversidade, é um país onde há poucos crimes de sangue, mas muitos concertos de música. Onde os fiéis de todas as religiões gozam de liberdade de culto e onde os laicos são bem vindos. Um país onde qualquer residente é livre, até para publicar ataques virulentos contra tudo que é importante à maioria dos que lá vivem. Um país que é uma terra e um povo. A história do povo judeu e suas raízes na Terra de Israel datam de mais de 35 séculos. Nesta terra, sua identidade cultural, nacional e religiosa foi formada; lá, sua presença física foi mantida sem ruptura através dos séculos, mesmo após a maioria ter sido forçada ao exílio.
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Com o estabelecimento do Estado de Israel em 1948, a independência judaica foi apenas renovada. Nestes últimos 62 anos, Israel conseguiu se tornar um país de ponta em várias áreas, exporta tecnologia de vanguarda, é um dos polosmais importantes em Tecnologia da Informação e de aparelhos médicos. Os sucessos da agricultura israelense são resultado de uma longa luta contra condições adversas e de maximizar o uso de escassa quantidade de água e de terra arável. Hoje, a agricultura representa algo em torno de 2,4% do PIB e 2% das exportações. Israel produz 93% de sua necessidade de alimentos. Israel possui dois idiomas oficiais, sendo um deles o árabe. No quesito educação, Israel possui a melhor relação de diplomas universitários por habitantes no mundo. Israel é um país preocupado com o meio ambiente e 85% de seus resíduos sólidos são tratados de forma ecológica. Israel mantém a maior proporção de indústrias de tecnologia de ponta no mundo. Quando o tsunami na Indonésia, os terremotos no Haiti e no Chile ocorreram, Israel providenciou equipes de resgate de primeira qualidade para ajudar na localização e tratamento das vítimas. Israel possui o maior número de cientistas e engenheiros per capita no mundo. Este é o país que defendo. Um país com desenvolvimento tão exemplar e com preocupações humanas tão presentes não pode ser vilipendiado por palavras fúteis. Não pode ser refém de políticos que florescem com crises e que empunham a bandeira da violência. Se os países que hoje querem negar a existência de Israel, buscando eliminá-lo do mapa, quisessem realmente um acordo de paz, isto teria acontecido: a recusa palestina em aceitar dois Estados lançou o Oriente Médio numa guerra permanente, que dura desde a criação de Israel. Yasser Arafat desperdiçou uma oportunidade de ouro quando Ehud Barak se encontrou com ele em Camp David no ano 2000 e o premiê israelense lançou um plano para terminar o conflito: dois Estados para dois povos; Jerusalém partilhada; e o retorno dos refugiados para o novo Estado palestino. A Autoridade Palestina rejeitou!
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Em 2005, Israel tomou a iniciativa de entregar Gaza e desde então sofre com ataques diários de foguetes contra suas cidades. Israel saiu de territórios e nada foi feito em troca. Houve iniciativas passadas em que o governo se propôs a ceder. Mas os que se alimentam politicamente da revolta e do caos não souberam abrir mão politicamente do conflito. Israel, infelizmente, apesar de todos os seus sucessos, é um país que sofre um ataque acintoso da mídia tendenciosa, que não analisa corretamente os fatos, contextos e a história. Quem compra a informação distorcida, arvora-se em ser defensor do fraco e do oprimido sem sequer avaliar todo o contexto. A paixão cega e desenfreada é o que tem nos colocado nesse impasse e todos os que se contagiam só prestam um desserviço à paz. É o que faz com que as pessoas se percam e demonstrem a capacidade de ódio que nutrem. Temos o exemplo de Helen Thomas, a decana americana do jornalismo que, inflamada pela mídia tendenciosa, disse que os judeus deveriam voltar para a Polônia e para a Alemanha. Bem, neste ponto 6 milhões de judeus nem precisam pagar passagem de volta, estão lá mortos e enterrados. Não há desculpas que possam justificar afirmações semelhantes e a desinformação disseminada é a responsável por esse tipo de sentimento. Podemos, sim, questionar melhores caminhos para a paz, podemos, sim, nos empenhar em mediar o conflito na busca de uma solução definitiva para a região, dois Estados independentes, um palestino e outro israelense, é para isso que eu me apresento, para isso que eu luto. Entretanto, uma coisa é clara, Israel tem o direito legítimo de existir e proteger os seus cidadãos, como qualquer país soberano.
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MAHMOUD AHMADINEJAD Aqui estamos novamente. Poderíamos pensar que o perigo passou. Quando Ahmadinejad decidiu adiar sua visita ao nosso país, poderíamos imaginar que talvez nossos governantes percebessem a insensatez dessa presença entre nós. Mas, não... cá estamos novamente, na iminência de receber esse nefasto personagem em nosso solo, com honras de dignitário-mor. Dignitário... honras? Um crápula tirano deste calibre não mereceria nem ser citado diante destas nobres palavras, quanto mais recepcionado como representante soberano de um país. E tem mais! Desde o adiamento de sua visita ao Brasil, as ações de Ahmadinejad foram ainda mais ignóbeis, alimentando a revolta de seu próprio povo e da comunidade internacional. O Irã foi amordaçado, forçado a render-se a uma minoria fundamentalista, que fraudou o processo democrático das eleições nacionais. Revoltas, mortes, apelos internacionais, nada demoveu Ahmadinejad de seu apetite por poder, de sua insana loucura. O Irã virou refém desta tirania. Poderíamos pensar que Lula teria aprendido algo com os incidentes. Ingenuidade nossa! Lula, com sua histrionice, banalizou a importância de eleições dignas, comparando a legítima revolta dos iranianos a queixumes de torcidas esportivas. Imaginemos eleições fraudadas aqui e o que nosso governante teria dito, teria feito... Na sequência, a História foi vilipendiada, o Holocausto simplesmente descartado por tão burlesco personagem. O mundo protestou, retirou-se do fórum maior de reunião das nações, a ONU, e Ahmadinejad nem pestanejou.
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O presidente de nosso país, Lula, em setembro, dias após a declaração de Mahmoud Ahmadinejad em que ele diz que o Holocausto é uma mentira, encontrou-se em Nova York com este arremedo de estadista, apertando sua mão sem o menor constrangimento, como se grandes amigos fossem. Nosso presidente considera o Irã de Ahmadinejad um “grande sócio”, apesar de todas as preocupações que seu programa nuclear suscita. Afinal, o que é que podemos esperar de um “grande sócio” ditador, bélico e fantasioso? Enquanto o mundo sente o cabelo da espinha arrepiar diante do perigo iraniano, o Brasil de Lula acha legítimo, em nome de interesses comerciais, aliar-se a antissemitas lunáticos. Perdoem-me a insistência! Sei que já estivemos aqui, que já enfatizei meu repúdio e meu protesto por essa relação quase criminosa, mas não há como calar-me diante do enorme tropeço diplomático prestes a acontecer em nosso país. Talvez a visita iminente de Ahmadinejad não possa ser impedida. Mas não devemos nos calar. Temos a obrigação de assinalar o incomensurável desacerto de nossa diplomacia. Devemos denunciar aos quatro ventos nossa indignação. O povo tem que saber que não estamos dispostos a ‘vender’ nosso país! O povo tem que saber que estamos do lado da verdade histórica, da grande comunidade internacional. O povo tem que saber que estamos do lado da paz e não da megalomania de guerra deste senhor, Mahmoud Ahmadinejad.
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AMIA No rescaldo do Holocausto, o mundo começou a perceber o tamanho da barbárie. O planeta inteiro ficou perplexo com a carnificina. Fundaram a ONU, órgão que viabilizaria a interação de vários países, criaram o Estado de Israel para dar pátria ao povo judeu, e todos nós pensamos que a lição tão cara em almas humanas havia sido entendida, e o homem, ser humano, não mais poderia virar Besta. Triste engano. Em 18 de julho de 1994, o ódio, o racismo e a intolerância se fizeram mais uma vez presentes no cenário mundial, e a Argentina assistiu estupefata o ignóbil atentado contra a Associação Mutual Israelita Argentina, a AMIA, a espinha dorsal da vida judaica portenha. Em meio a um estrondo estarrecedor, em meio a gritos de agonia, sirenes de bombeiros e caos, esvaíram-se as vidas de 85 pessoas, e mais de 300 ficaram feridas. Eu poderia discorrer aqui sobre a inépcia, a falta de vontade, a lerdeza de certas autoridades argentinas que acabaram por criar apenas fantasmas culpados deste episódio. Os processos, tão volumosos quanto ocos, são dignos de filme de ficção. As tramas, os dossiês, os pretensos culpados, tudo envolvido em uma névoa absolutamente obscura que nos leva a lugar nenhum. Podemos ficar indignados, boquiabertos, enojados por toda essa incompetência, por tanto descaso com um crime contra a humanidade. Entretanto, nós, cidadãos do mundo, a comunidade judaica, o povo consciente, temos uma arma para contrabalançar tanta irresponsabilidade. É a nossa voz, é a nossa memória, é a nossa vigilância, é a nossa ação. A história judaica sempre nos ensinou a importância fundamental da memória como marco de homenagem e respeito, mas também de aprendizado.
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Assim, além das cerimônias para honrar as vidas perdidas e os incontáveis feridos, o Congresso Judaico Latino Americano, junto com organismos judaicos argentinos, organizaram o 4º Encontro de Parlamentares contra o Terrorismo. Tive o privilégio de participar, com mais 50 parlamentares e autoridades de instituições judaicas, deste esforço conjunto para erradicar uma violência que pode ser denominada como a PESTE da atualidade. O terror paralisa a sociedade, manipula incautos, impede a tolerância, mas, sobretudo, mata seres humanos inocentes. É contra esta forma abjeta de procedimento que nos reunimos e buscamos, para a região, uma linguagem uniforme de repúdio e de ação na prevenção de mais catástrofes. Como representantes do povo nas diferentes instâncias governamentais, não podemos nos furtar a criar mecanismos que evitem novas tragédias. Estamos cientes das dificuldades regionais para que realizemos uma política efetiva de vigilância e responsabilização de eventuais culpados. Governantes populistas, amizades espúrias, demagogia barata podem atravancar nossos esforços, mas, como parlamentar, como judeu, reafirmo aqui meu compromisso com a comunidade judaica. Que um dia as nossas instituições não precisem mais ficar em alerta máximo a cada evento e data religiosa, que um dia nossos prédios possam voltar a ter calçadas livres para que as pessoas se congracem. Que o atentado contra a AMIA seja um ato final no desperdício de vidas judias na América Latina.
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A MEMÓRIA É O QUE PODE SALVAR A HUMANIDADE O povo judeu é conhecido como o “povo do livro”, mas pode também ser considerado o “povo da História”. A memória é parte integrante da sua identidade e elemento fundamental de sua continuidade. Elie Wiesel admirava-se da resiliência do povo judeu e a justificava por este seu desejo distintivo de lembrança. Wiesel enaltece o poder místico da lembrança explicitando que, sem a lembrança, nossa existência seria árida e opaca. A memória é o que pode salvar a humanidade. Um exemplo pungente da importância da lembrança aparece na Hagadá de Pessach, que frisa a necessidade de recordar e manter viva a memória coletiva: vechigadetá lebinchá (e contarás a teu filho). Na mesma narrativa, adiante, a Hagadá frisa com grande veemência: “Em toda geração deve o homem considerar a si mesmo como se tivesse saído do Egito”. Se a tradição nos ensina a contar a história da escravidão, para que não sejamos mais escravos, é imperativo que lembremos e contemos sobre o Holocausto e suas vítimas, para que atrocidade tamanha não mais aconteça. Para definitivamente não esquecer, tive a iniciativa de propor, aprovar na Câmara e, posteriormente, ver o Executivo sancionar a Lei 15.059, que escolheu o dia 27 de janeiro como o Dia em Memória às Vitimas do Holocausto. Por meio deste dia nós queremos fazer valer a História, oficializando a necessidade de recordar, determinando que nossos pequenos, nossos jovens e nossos adultos tenham dias demarcatórios para recordar até onde a loucura de uns e a indiferença de muitos podem levar a Humanidade. Nada mais pertinente do que escolher o dia 27 de janeiro como o Dia da Memória às Vítimas do Holocausto. Foi nesse dia, há quase 65 anos, que ocorreu a libertação de Auschwitz. E foi na libertação dos campos de concentração que o mundo começou a ter noção da enormidade da barbárie que havia sido cometida.
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A comunidade judaica, vítima primordial deste episódio da erosão da humanidade, tem sido incansável em fazer lembrar ao mundo o desastre do Holocausto. Quando teve que conciliar a enormidade da barbárie para explicar a inexplicável morte de 6 milhões de judeus no período nacional-socialista, o amargo sentido dessa verdade os impulsionou a buscar um caminho. Foi então que o compromisso bíblico para com a lembrança ganhou ainda mais significado. A lembrança do Holocausto, os relatos e depoimentos dos sobreviventes, os registros de todas as vítimas, este é o caminho para que honremos os sacrifícios acontecidos. Através da criação do Dia em Memória às Vitimas do Holocausto nós reafirmamos que, SIM, vamos fazer o possível e o impossível para que TODOS se lembrem e conscientizem o mundo. Só assim poderemos prevenir uma próxima tragédia de proporções outrora inimagináveis. Pelos milhões assassinados nos guetos e nos campos de concentração. Pelos que vagaram pelos bosques e pelos que se esconderam em sótãos e em porões. Pelos que buscaram refúgio no seio de outra religião ou pelos que esqueceram seu Deus. Pelos que perderam sua casa, sua dignidade e sua esperança. Pelos que foram enforcados publicamente, para que todos vissem e temessem. Pelos que foram sujeitos a experimentos nas mãos de bestas selvagens chamadas de médicos ou cientistas. Pelos que morreram de fome e de sede, sufocados até a morte em vagões de carga, ou nas câmaras de gás, mortos a tiros, enterrados vivos, ou cremados. Pelos que permaneceram vivos para reviver os horrores, dia a dia, momento a momento. Nós nos lembraremos das vítimas de ontem para que não existam mais infames genocídios amanhã! Muito obrigado.
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ICJP – NEW YORK - WASHINGTON O discurso que mais me realiza e define é um em que falo de meu orgulho de ser político. Um texto que explicita minha opção por esta profissão tão profanada por tantos e tantos profissionais que esquecem que a missão de um político convicto e sério surge do sonho de multiplicar o bem possível, de harmonizar direitos e deveres de cidadania. Hoje, aqui, quero falar do meu orgulho de defender Israel. Deste meu direito e dever, oriundo de minhas raízes, mas também de minhas convicções. Curvome à sabedoria de tantos aqui presentes e não discorrerei sobre os possíveis caminhos políticos, históricos e geopolíticos para esta defesa, mas falarei desse intrínseco dever que transcende minha geração. Falando nessa nova era de modernidade, sabemos que ela tem sido uma época maravilhosa para os judeus, mas também uma época horrível para os judeus. Basta olhar pra o século XX, o surgimento do Estado de Israel e o Holocausto, o melhor e o pior. Em geral, a modernidade trouxe oportunidades, em várias localidades do mundo, de se fazer parte de uma parcela maior da sociedade. E também trouxe um nível de antissemitismo e assimilação com um alcance jamais visto antes em nossa história. Com este panorama presente, a centralidade do Estado de Israel para os judeus torna-se cada vez mais imprescindível. Este país que, como tantos outros, nasceu de condições históricas e sociais que demandavam sua criação, mas que, como nenhum outro, é ainda contestado apesar de sua realidade florescente.
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Como bem sabemos, a intolerância com nosso povo vem de outra época e isto significa que o judeu e o judaísmo devem encontrar a fórmula mágica, aquele mágico caminho do meio que nos permita ser autênticos e verdadeiros. Sem inventar as coisas do zero, ou fazer coisas porque são “convenientes” no momento, mas algo convincente, autêntico, profundo, intenso, alegre e que derive do antigo pacto da tradição judaica. É deste lugar que brota meu direito e meu dever de defender o Estado de Israel. Falo da defesa de nosso direito absoluto de sobrevivênciacomo nação, como povo e como religião. Falo da defesa de um território que possa conviver em paz com seus vizinhos, mas que tenha a prerrogativa inabalável da própria segurança. Falo da defesa de um país que deve ter o diálogo como princípio, e que deve recusar atos unilaterais que solapem a possibilidade de composição global. Deus sabe que enfrentamos desafios agora mesmo em Israel e em outros lugares que são intimidadores. Certos dias, acordamos e lemos os jornais, cobrimos o rosto e pensamos: “como será possível enfrentar estes desafios?”. Para tanto, a harmonia com nossos vizinhos é fundamental. O desafio dos israelitas bíblicos de então e o desafio dos filhos de Israel, nós, agora, é garantir a prática de preceitos valiosos de nosso povo, como a busca da paz, o exercício da bondade e a prática da justiça social. Sim, eu creio e afirmo aqui que todos defendemos e buscamos a paz, mas nossa coerência e sentido de justiça obriga-nos também a ter uma visão clara e crítica do que queremos. Obrigado!
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BARUCH HABÁ, GILAD! Somos notícia no mundo todo, somos manchete: “1027 por um”. Parece que todas as nações esqueceram-se ou enganaram-se sobre o que é Israel. Israel é onde toda e qualquer pessoa pode se sentir segura, pois o povo hebreu nunca esquece um dos seus. Trazer nossos filhos para casa sempre foi e continua a ser valor fundamental desta pequena e brava nação. Nem toda a propaganda absurda que difama os princípios básicos de nossa terra pode menosprezar ato de tal grandeza, quando decidimos que trazer Gilad para casa é mais importante do que mantermos estes 1027 terroristas condenados presos. Foram mais de cinco anos emque não tivemos a oportunidade de fazer o que conseguimos agora. Foram mais de cinco anos de absurda intransigência dos palestinos do Hamas. Foram mais de cinco anos de absoluta falta de notícias, quando nem mesmo organismos idôneos conseguiam trazer alívio para uma nação preocupada. Foram mais de cinco anos desde que este jovem rapaz, este defensor de nossa pátria, foi roubado de nosso território e lançado em uma destas tragédias inenarráveis. Gilad foi alijado de anos de sua juventude, do carinho de seus pais, da convivência com seus amigos, de seu dever de cidadão, de sua privacidade. No auge de sua jovem vida, quando chegava aos seus vinte anos, Gilad tornou-se involuntariamente protagonista de uma situação surreal por seu caráter censurável, por sua infeliz singularidade.
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Foram mais de cinco anos de suprema angústia para seus dedicados pais, Noam e Aviva. Entretanto, para este casal determinado, foram também mais de cinco anos de luta incansável, buscando a cada dia, por todos os meios possíveis, sensibilizar o mundo para a inédita situação de seu filho. Tive a oportunidade de visitar Israel este ano, quando me encontrei com o infatigável Noam Shalit em sua tenda diante da casa do Primeiro Ministro israelense. Noam e Aviva tornaram-se exemplode amor e determinação na defesa de um filho. Fui também ao kibutz Keren Shalom, de onde Gilad foi arrancado para seu desconhecido cativeiro. Novamente, na ONU, em Nova Iorque, pude constatar a férrea resolução desse pai por trazer seu filho de volta ao seio do lar. Foram mais de cinco anos. Coletivamente, todos os judeus, nós, começamos esta provação em 25 de junho de 2006 e hoje, dia 18 de outubro de 2011, depois de 1941 dias, podemos dizer: Baruch Habá, Gilad. Seja bem-vindo. Que o mundo lhe dê instrumentos para que esta seja apenas uma má experiência do passado. Que você possa tornar-se o jovem brilhante que seu futuro lhe permite, que o amor de seus pais continue a ser motivo de orgulho e de estímulo em sua vida. Seja bem-vindo, Gilad!
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DIA 11 DE NISSAN Data paradigmática na vida judaica e não judaica, data relevante aqui e no resto do mundo. Dia santificado, pois é quando celebramos o nascimento de um homem sábio, um homem justo, um homem influente, um homem sagrado: o Rabino Menachem Mendel Schneerson, o Rebe de Lubavitch - líder espiritual e efetivo do Movimento Chabad e de tantas pessoas, inclusive presidentes de potências mundiais. Este nobre rabino, no decorrer de sua vida, evidenciou a importância da educação para a formação de uma sociedade melhor, mais justa, mais ética, mais informada para tomar decisões sensatas. No esteio deste legado, o movimento Chabad, representado por cada um e por todos os rabinos aqui presentes, tem empreendido esforços incomensuráveis, de dedicação aos ensinamentos do Rebe, com o objetivo de difundir a educação em seus centros no mundo todo, e de estimular o conhecimento e a espiritualidade para a criação de seres humanos melhores e mais dignos. Não são apenas as escolas que devem estimular a educação. A comunidade também deve ajudar para que cada criança desenvolva uma bússola moral. A educação deve ser integral, harmonizando o conhecimento com os valores morais, a responsabilidade pessoal e a benemerência. Também eu, com o apoio da Câmara dos Vereadores e com a mesma inspiração, tive o privilégio de criar um projeto de lei, hoje já convertido na Lei 15.285, instituindo no Município de São Paulo o “Dia da Educação Judaica inspirado no Movimento ChabadLubavitch”, a ser comemorado anualmente no dia 11 de Nissan, dia do nascimento do Rebe de Lubavitch, entre o dia 18 de março e dia 22 de abril. A data comemorativa instituída passou a constar no Calendário Oficial de Datas e Eventos do Município de São Paulo.
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Assim, podemos hoje comemorar juntos o esforço e a homenagem que São Paulo presta a esta personalidade iluminada, o Rebe de Lubavitch, ao Movimento Chabad, aos seus abnegados rabinos e à importância fundamental de disponibilizar a educação para cada pequeno ou grande cidadão do mundo. Estamos hoje aqui após uma jornada de quatro anos, que começou no Kinus de 2008, quando me apresentei diante de vocês e recebi vosso inestimável apoio, e assumi o compromisso de defender os direitos do povo judaico. Hoje, posso orgulhosamente ostentar o privilégio de ter conseguido a aprovação de leis relevantes para nosso povo, como esta Lei comemorativa do Dia da Educação em homenagem ao Movimento Chabad, como a Lei que estabelece a Festa das Luzes (Chanucá) durante o mês de dezembro em nossa cidade, a Lei que oficializa RoshHaShaná em nosso calendário, a Lei em Homenagem às Vítimas do Holocausto. Posso também afirmar que, definitivamente, busquei argumentar em defesa do Estado de Israel e dos anseios da comunidade judaica em plenário, nos meios de comunicação, em Israel e na ONU em Nova York. Tenho a consciência de que muito ainda pode ser feito e quero me apresentar mais uma vez como vosso interlocutor. Para tanto, busco novamente vossa inspiração e vosso apoio neste ano de decisões, para que, dentro de pouco tempo, estejamos todos aqui festejando novos marcos do povo hebreu na cidade de São Paulo. Muito Obrigado.
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LA TUERIE DE TOULOUSE Novamente, assistimos a escalada do racismo. Não há como ignorar e não vociferar diante do ignóbil atentado acontecido, nesta segunda-feira, em uma escola judaica em Toulouse, na França. Vidas de inocentes ceifadas de suas jornadas pelas mãos de um desconhecido que personaliza um sentimento novamente crescente na Europa: a intolerância. Infelizmente, parece que a tragédia vivida na Segunda Guerra Mundial não conseguiu eliminar a triste sina das pessoas e de povos que se sentem superiores aos outros. Numa época em que todos pregam a união entre os povos e as nações, em que se busca valorizar a integração e o respeito mútuo, assistimos boquiabertos a este descalabro. Como é possível que alguém, por mais desvairado que seja, ataque uma escola? Como é possível imaginar que matar crianças pode ser algum tipo de declaração política? As cenas que assistimos nesta segunda-feira através dos meios de comunicação foram estarrecedoras: pais que assistiram à morte de seus filhos, crianças traumatizadas pelo tiroteio e pelos coleguinhas feridos, uma comunidade sendo atingida no seu bem mais precioso, a perda de seu futuro. O ato de barbárie, seja por seu próprio caráter violento, seja pela pura insensatez, ou pela angústia que gera, cria um temor justificado de que ainda poderemos viver um novo Holocausto. Ainda temos que considerar que, além desta ação terrorista inominável, esse fanático delirante também matou três militares franceses de outras etnias. Será que teremos que nos conformar com uma sociedade doente, em que as divisões étnicas, religiosas, de gênero, de geografia e de qualquer diferença ganhem tanta importância que relevemos a nossa condição de seres humanos?
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Será que tantas guerras que aniquilaram milhões e milhões de pessoas não foram suficientes para demonstrar ao mundo que esse é o caminho das trevas?! Uma sociedade como a francesa e uma comunidade como a comunidade judaica não deveriam ter que sofrer este tipo de golpe cruel. O mundo se torna menos humano quando um jovem pai, seus dois filhos e outro coleguinha perecem pelas mãos do ódio. Todos os principais líderes mundiais e todas as pessoas de bem se comoveram e, revoltados, repudiaram tal loucura. Assim nós também devemos fazer. Caros colegas da casa, sei bem que vivemos em um país onde o traço de caráter de nosso povo se caracteriza pela fraternidade, onde recebemos o estrangeiro como irmão e onde exercemos o sincretismo e a tolerância. Entretanto, mesmo entre nós encontramos raízes insidiosas de racismo, de facismo, de intolerância. Não devemos ignorar a gravidade dessa insanidade. Se não nos indignarmos contra esse golpe insidioso poderemos, um dia, vivenciar algo parecido na nossa sociedade. Por isso, nada mais oportuno do que citar Elie Wiesel, o sobrevivente do Holocausto e Prêmio Nobel da Paz: “A indiferença é a epítome do mal.” Eu escolho não ser indiferente. Eu escolho, hoje, aqui, sempre e em qualquer lugar, denunciar cada ato de racismo que por ventura presenciar ou ouvir falar, eu escolho agir, levantar-me contra isso, denunciar este flagelo que foi o atentado em Toulouse na França. Almejo que possam logo encontrar o responsável por este terrível fuzilamento e que esta pessoa sofra os rigores da Lei e as consequências desse ato vil, para desestimular qualquer outro delirante que apareça em algum lugar de nosso planeta.
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O LEVANTE DO GUETO DE VARSÓVIA O Levante do gueto de Varsóvia aconteceu quando o desespero deu lugar à coragem. Quando o inevitável destino deu lugar a uma chama de esperança. Quando a certeza da morte deu lugar à tênue possibilidade da vida. Quando a resignação deu lugar à insurgência. Quando a indiferença do mundo deu lugar ao grito de revolta dos desamparados. Contra toda razão, contra toda a dor, contra todo um exército, contra toda a maldade. Dentre todas as lutas por liberdade que o povo judeu enfrentou, a luta do Levante do Gueto de Varsóvia foi a mais desesperada. A possibilidade de sobrevivência quase inexistia, mas esta foi a luta da indignação. Foi quando o povo judeu, ferido em sua pele e em sua alma, resolveu soltar seu brado de dor e de coragem para o mundo. Um mundo que olhava para o outro lado, ignorando o Holocausto que acontecia debaixo de seus narizes. A frase do herói do Gueto de Varsóvia, o jovem de 24 anos MordechaiAnilevitch é lapidar:
“Declaramos guerra à Alemanha, a declaração de guerra mais desesperada que já foi feita. Organizamos a defesa do gueto, não para que o gueto possa defender-se, mas para que o mundo veja a nossa luta desesperada como uma advertência e uma crítica”. 19.04.1943
Hoje, com Israel vivo e vibrante, as palavras e os atos de Anilevitch e seus revoltosos inspiram uma das melhores Forças de Defesa do mundo. Tsahal TsavaHaganale Israel. Nunca mais o povo judeu será desonrado, pois o exemplo desses homens e mulheres há de pautar a vida de cada um de nós.
Im ein ani li, mi li? Se não eu por mim, quem por mim ?
U’kh’she’ani le’atzmi, mah ani? Se eu for só por mim, quem sou eu ?
V’im lo ‘akhshav, eimatai? Se não for agora, quando ?
- Pirkei Avot 1:14 Rabino Hilel
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NOSSO MINUTO DE SILÊNCIO Este mês de julho marca os 40 anos do massacre de Munique e milhares de representantes da sociedade civil sentiram a necessidade de unirem suas vozes às dos parentes e amigos dos atletas assassinados e solicitaram para que o Comitê Olímpico Internacional respondesse ao pedido de manter um minuto de silêncio na Abertura dos Jogos Olímpicos de Londres. Este pedido foi motivado unicamente por respeito à memória das vítimas do terror e pela esperança de que o esporte e a prática atlética pudesse ser uma força unificadora, transcendendo fronteiras e bandeiras. Os jovens mortos em Munique vieram fazer parte de uma competição internacional respeitada por sua antiguidade, que sempre representou a paz e a confraternização mundial. A nacionalidade das vítimas de um ataque desta monta não deveria ser um obstáculo para essa homenagem ou para a condenação do terrorismo global. Não foram poucas as entidades governamentais, como o parlamento canadense, o senado norte-americano, o parlamento italiano, políticos influentes, como o Ministro de Relações Exteriores da Alemanha, o Sr. Guido Westerwelle, e mesmo várias instituições judaicas de todo o mundo que escreveram para o Comitê Olímpico solicitando a merecida homenagem. Eu mesmo, como membro diretor do International Council of Jewish Parliamentarians (Conselho Internacional de Parlamentares Judeus), assinei uma carta ao Presidente do Comitê, o senhor Jacques Rogue, pedindo que concedesse a homenagem permitindo que a força do silêncio sobrepujasse o ruído do terrorismo. Infelizmente, o Comitê decidiu novamente menosprezar a magnitude do fato. Como se uma tragédia destas nunca houvesse ocorrido nos Jogos Olímpicos. Como se qualquer um dos 11 atletas israelenses assassinados fosse só mais um nome em mais uma estatística esportiva dos XX Jogos Olímpicos.
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Neste sentido, também causa revolta perceber que, apenas dois dias após o atentado de Burgas, na Bulgária, ninguém mais fala de nossos turistas inocentes mortos e feridos por radicais de mentes doentias. A banalização do terrorismo contra nosso povo gera tristeza e uma grave preocupação. Entretanto, quando nos deparamos com atitudes como a do Comitê Olímpico, percebemos que nossa luta vai além de detectar e impedir esses ataques facínoras. Enquanto a opinião mundial não cerrar fileiras de forma unânime contra toda forma de violência terrorista, enquanto não manifestar abertamente seu repúdio a todo e qualquer ato terrorista presente, passado ou futuro, só o que poderemos esperar é uma perigosa escalada desta aberração. Espero que cada pessoa de bem, cada israelense e cada judeu ou não, que se sinta pessoalmente atingido pela tragédia de 1972, seja no passado, seja no dia 27 de julho de 2012, faça seu próprio minuto de silêncio em memória de:
Moshe Weinberg, Yossef Romano, Ze’ev Friedman, David Berger, Yakov Springer, Eliezer Halfin, Yossef Gutfreund, Kehat Shorr, Mark Slavin, Andre Spitzer, Amitzur Shapira.
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Discursos
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Floriano Pesaro com membros mundiais do ICJP (International Council of Jewish Parliamentarians) em jantar na casa do embaixador Ronald S. Lauder, presidente do World Jewish Congress, em Nova Iorque.
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Floriano lembra as vĂtimas do Holocausto em pronunciamento na Câmara no ano de 2009.
Floriano e Mendy Tal na visita de Gilad Shalit ao Brasil em 2013.
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Noam Shalit e Floriano em 2011. Floriano discursa no Plenário da Câmara defendendo o Estado de Israel no ano de 2011.
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Ricardo Berkiensztat, Walter Feldman, Jack Terpins e Floriano Pesaro na cerimônia em memória às vítimas do atentado na AMIA, em agosto de 2010.
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60 ANOS DO COLÉGIO I.L. PERETZ Estamos aqui hoje para louvar a educação. Não há vocação maior do que a transmissão do conhecimento, a formação de jovens adultos com a capacidade de raciocinar, com o discernimento para escolher o caminho certo, com o embasamento necessário para conduzir sua própria vida e fazer a diferença na vida dos outros. É isto o que uma boa educação faz: prepara as pessoas para a vida, enquanto lhes proporciona as ferramentas para que possam ser bons cidadãos. Mais do que isso, estamos hoje aqui também para louvar o judaísmo. A tradição judaica é sábia. A riqueza dos ensinamentos do judaísmo inclui a preocupação com o mundo em que vivemos, a necessidade de ajudar seu próximo, a importância da memória dos momentos e jornadas vividas pelo povo judeu como forma de aprendizado e a preservação dos ritos e festas. Aliás, o próprio nascimento desta escola a que prestamos homenagem decorre de um preceito judaico, o de que todo estabelecimento religioso deve abrigar uma casa de estudo. Há 60 anos, visionários da Associação Cultural Religiosa Brasileira Israelita, a Acrelbi, compreenderam a importância desse preceito, a importância de valorizar nossa comunidade e criaram este que seria um dos pilares da identidade judaica em nossa cidade. O Colégio I. L. Peretz, no decorrer destes 60 anos, formou alguns dos melhores expoentes do povo hebreu nas diferentes esferas da sociedade.
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Hoje, há acadêmicos de grandes universidades, médicos, jornalistas, rabinos, engenheiros, empresários, jornalistas, administradores e outros líderes de suas áreas que ostentam em seus currículos o colégio Peretzcomo um dos responsáveis por sua formação educacional. Hoje, temos jovens fluentes na língua hebraica, pois lá puderam aprender o idioma de seus antepassados e do Estado de Israel, alicerce do povo judeu. Hoje, vemos jovens alunos que se destacam no campo educacional, participando de feiras técnicas e científicas, graças ao ensino de qualidade que este colégio provê e vem provendo há 60 anos. Como porta-voz desta comunidade que tanto admiro e aprecio, como defensor perene do povo judeu e de Israel, e também, como aficionado desde sempre pela causa da educação, é um privilégio estar aqui para homenagear esta que é uma referência incontestável da comunidade judaica e desta cidade quando pensamos em educação, quando pensamos o binômio tradição e modernidade, quando pensamos em um judaísmo pertinente. O grande escritor iídiche Itzchak Leon Peretz, que deu nome a esta nobre instituição e que foi “um otimista que acreditava na inevitabilidade do desenvolvimento através da instrução”, teria orgulho de ver seu nome relacionado com esta escola que definitivamente estimula o desenvolvimento de seus alunos e, por extensão, do povo judeu e da comunidade de São Paulo, por meio de uma instrução de qualidade, da ética e da tradição com modernidade.
Muito Obrigado.
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90 ANOS DO RENASCENÇA A medida de evolução de um povo é a educação de suas crianças. E isto é muito mais verdadeiro quando falamos do povo do livro, o povo judeu. Assim, hoje, quando aqui celebramos os 90 anos de um marco da educação em nossa cidade, todos nós devemos nos orgulhar. Desde que começou a grande corrente imigratória da Europa Oriental e a formação das instituições comunitárias judaicas nos diversos Estados do país, o Colégio Hebraico Brasileiro Renascença tem representado o que há de melhor em educação, sendo um dos colégios de ponta do corpo educacional da nossa cidade e também um dos alicerces do ensino judaico no país. O Colégio Renascença acompanhou o estabelecimento e o desabrochar da comunidade judaica no seio de nossa cidade, estabelecendo-se inicialmente no Bom Retiro, em meio aos imigrantes recém-chegados de seus países, lá nos idos de 1922. Foi a primeira vez que estes judeus errantes tiveram a opção de oferecer a seus filhos uma educação que incluísse a cultura, o folclore, os rituais, a religião, o idioma e os valores de seus antepassados. Juntamente com o aprendizado de um novo mundo, em conjunto com todo um corpo de saberes fundamentaisque todo aluno precisa para galgar cada degrau de sua maturidade, estas crianças tiveram a oportunidade de manter acesas as histórias de vida de seus pais e avós. O Colégio Renascença proveu-lhes as ferramentas educativas, artísticas, esportivas, culturais e éticas para isso.
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Nestes 90 anos, o Renascença formou profissionais dos mais distintos campos possíveis. São milhares de cidadãos proeminentes não só em nossa cidade, mas, certamente, em nosso Estado, no país, e, também, que trabalham e vivem pelo mundo afora, agindo em sociedade e munidos dos valores que foram moldados por seus dedicados professores e professoras do colégio Renascença. Ainda hoje este prestigioso estabelecimento de ensino continua a ter uma proposta pedagógica de vanguarda, que prepara seus alunos para enfrentar as demandas técnicas e existenciais do século XXI, formando não apenas profissionais competentes, mas preparando crianças e jovens para que sejam seres humanos íntegros, tolerantes e inclusivos. Sua matriz curricular de primeira linha, sua política de inclusão singular e sua atitude investigativa apurada o equiparam às instituições mais avançadas de nossa cidade e de nosso país. Nessa jornada de formação acadêmica e moral, o Renascença enfatiza também os mais nobres preceitos do judaísmo, disponibilizando o estudo de nossas escrituras em seu site, criando um forte vínculo com o Estado de Israel e educando seus alunos sobre as festividades do calendário judaico e os princípios éticos do povo judaico. Assim, a cidade de São Paulo deve este ato de reconhecimento a essa instituição que há 90 anos cuida da educação de nossas crianças e jovens e fomenta a tradição e a diversidade de uma de suas grandes comunidades. Parabéns, Colégio Hebraico Brasileiro Renascença!
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CENTENÁRIO DA 1ª SINAGOGA DO ESTADO DE SÃO PAULO Em nome do Governador do Estado, Geraldo Alckmin, gostaria de agradecer a presença de uma autoridade tão sagrada como o Grão Rabino Yona Metzger Rabino Chefe de Israel - que aqui, legitima o significado desta comemoração. É com orgulho e responsabilidade que venho nesta cerimônia representando a mais nobre autoridade de nosso Estado, o Governador Geraldo Alckmin. Hoje estamos aqui celebrando cem anos da mais antiga sinagoga de São Paulo, o que significa dizer que comemoramos praticamente cem anos da evolução do povo judeu em nosso Estado. Uma comunidade como a judaica, quando escolhe um novo lar, se esforça para garantir que conseguirá estabelecer em sua nova morada as condições para que seu povo possa manter dignamente suas práticas religiosas, suas tradições étnicas, seu tipo de educação e cultura e uma base de convívio e suporte social para cada hebreu que por lá chegue. A Sinagoga Kehilat Israel foi o ponto de partida. Sua localização, no Bairro do Bom Retiro, aglutinou toda uma leva de judeus imigrantes que passaram então a festejar seus ciclos de vida em comunidade, que puderam encontrar conforto nos momentos de sofrimento e conseguiram celebrar e rezar juntos todas as datas primordiais do calendário do judaísmo. Era nos arredores da sinagoga da Rua da Graça que as mulheres ficavam na fila da carnekasher e da peixaria, para preparar as belas refeições de Shabat ou dos chagim. Nos dias mais sagrados, esta sinagoga e estas ruas assistiam a verdadeiros desfiles de famílias inteiras caminhando solenemente pelo bairro para, em comunidade, professar livremente sua fé.
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Aqui, os judeus já não eram mais acuados e conseguiram manter tradições, criar novas amizades e encontrar caminhos de enriquecimento espiritual e comunitário. Com o futuro pujante e apressado, as sinagogas foram se multiplicando no bairro e o eixo da coletividade também foi se distanciando para regiões mais afluentes, com melhores condições sociais. Felizmente, o judaísmo aqui tão bem embasado neste templo permitiu que fossem criadas opções para a prática da fé, da educação e cultura judaica nas proximidades das regiões onde a população judia se concentra. Entretanto, o Povo da História está hoje aqui reverenciando a História. Foi aqui. Nesta simples casa que judeus corajosos que abandonavam o mundo conhecido cheio de perseguição vieram abraçar o novo continente. A então nova comunidade aqui encontrou a liberdade, aquela nova e vibrante comunidade judaica, tão ativa em nosso país foi recebida e encontrou um porto seguro para a prática de sua fé e de suas tradições. O Memorial que hoje se constitui é um presente inestimável para São Paulo, digno dos maiores centros mundiais e que faz jus à história de quem contribui de maneira essencial para nosso sucesso como cidade e Estado de primeiríssimo mundo em tantos campos sociais e profissionais. Nesta cerimônia de acendimento da sexta vela de Chanucá, com certeza as luzes brilharão com força ímpar. Em nome de São Paulo, do governador e meu, que, como amigo e porta-voz desta comunidade fico todo orgulhoso quando podemos deixar marcos como este em nossa cidade, quero agradecer a oportunidade de estar com vocês neste dia.
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SHALOM BRASIL A cidade de São Paulo é rica em culturas, tradições, eventos. Seus milhões de cidadãos interagem criando esta megalópole repleta de desafios, mas também de exemplos de microcosmos inteiramente aclimatados que aqui preservam suas raízes e contribuem para o sucesso de nosso município. A comunidade judaica é parte fundamental desse caldeirão de povos que integra nossa cidade e que, ao mesmo tempo, mantém seus laços culturais, religiosos e sociais, contribuindo para a tolerância e para o crescimento de nosso país, enquanto difunde a riqueza de suas tradições para todos os povos que compõem nossa nação. O cidadão judeu, desde que aqui se estabeleceu tem contribuído em todos os setores de destaque da sociedade e como pessoas físicas, instituições ou mesmo empresas, a comunidade ostenta um tamanho que demanda espaço de merecida divulgação de suas próprias ações. Neste sentido, o Programa Shalom Brasil vem cumprindo, há 17 anos, uma missão central para nossa comunidade e para todo cidadão interessado em conhecer a cultura, os interesses judaicos, a sabedoria de nossas fontes, o vínculo ancestral com nossa Terra Sagrada, enfim, todo e qualquer tópico de interesse de qualquer judeu, seja se origem mais observante, seja postura mais laica. Comandado pelo jornalista Marcel Hollender, profissional tarimbado, cujo currículo pessoal de trabalho em emissoras como a Globo, Bandeirantes e a extinta Manchete só vaticina a qualidade do que o programa coloca no ar, o Programa Shalom Brasil é a expressão do povo judeu na mídia televisiva.
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Marcel, juntamente com sua valorosa esposa Tania e seus valorosos colaboradores dedicam suas vidas a retratar nossa comunidade em todos os seus matizes. De forma dinâmica, sua equipe mostra o que de melhor a comunidade judaica oferece aos cidadãos, com todas as suas instituições e com todos os seus personagens. O Shalom Brasil cobre todas as manifestações das quais nossa comunidade participa e as viagens de importantes estadistas para Israel ou de proeminentes visitantes de Israel para nosso país. O programa busca levar um pouco da comunidade aos lares daqueles que não têm como frequentar os eventos sociais de nossos círculos cumprindo, também, o importante papel de manter, sem distinção, o vínculo social entre todos os elementos de nossa comunidade. Para quem não conhece o valor de nossa comunidade, o Shalom Brasil divulga de forma igualitária todo o trabalho social de nossas instituições, evidenciando a responsabilidade social que é preceito básico de nosso povo. Por todo este valioso trabalho, estamos hoje aqui, nesta sessão solene, reafirmando a importância do serviço que o Programa Shalom Brasil presta ao povo judeu, e também ao povo brasileiro, ao apresentar nossa cultura e nossas tradições para que o reconhecimento traga a tolerância e a paz. Parabéns, muito obrigado Marcel, Tania e todos os participantes deste precioso trabalho. MazalTov
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Sessão Solene em homenagem aos 17 anos do Programa Shalom Brasil.
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Sessão Solene em homenagem aos 60 anos da Hebraica.
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Entrega de Título de Cidadão Paulistano ao Rabino Adrián Gottfried.
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Floriano no centenário da Primeira Sinagoga de São Paulo. Sessão Solene em comemoração aos 90 anos do Colégio Hebraico Brasileiro Renascença.
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Floriano na Entrega de Título de Cidadão Paulistano ao Cônsul Ilan Sztulman.
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HOMENAGEM A ILAN SZTULMAN Vou começar este meu texto com uma explicaçãodas mais prosaicas. Nesta casa, temos prioritariamente duas formas de homenagem, a primeira é conceder o título de cidadão paulistano para alguém que não seja daqui ea outra homenagem é conceder, para cidadãosnascidos aqui, a Medalha Anchieta, a maior honraria da cidade de São Paulo, concedida a personalidades que tenham conquistado a admiração e o respeito do povo paulistano. Nosso querido Ilan Sztulman, cônsul de Israel, um país estrangeiro, é nascido aqui mesmo, paulistano da gema. Nascido em 1957, Ilan teve a sorte de contar com um casal de pais maravilhoso. Educadores e voluntários em entidades sionistas, Sima e Davi eram imigrantes que vieram da Europa eaqui tiveram Dana e Ilan, criando seus filhos entre centenas e centenas de jovens, ensinando-lhes valores humanos essenciais que germinaram no seio deste que veio a constituir o personagem que hoje reverenciamos como destaque entre os tantos políticos que Israel já nos enviou até hoje. Ilan Sztulman, já com esta bagagem desde cedo, foi para Israel e lá começou a depurar seu hábil olhar social. Cursou faculdade de artes, desenvolvimento, assim, um lado mais humano. Também, honrando seu passado e formando seu futuro, Ilan teve atuação importante em várias instituições comunitárias de Jerusalém, estabelecendo sua priorização da ação social para uma sociedade mais justa. A seguir, foi literalmente percorrer o caminho e dever de todo jovem israelense. Entrou no exército e durante quatro anos serviu como combatente em uma unidade de infantaria especial. Em 1981, em virtude de ato de bravura, foi condecorado com a mais alta honraria do Exército israelense, especialmente concedida pelo presidente de Israel. Já despontando como hábil negociador, eis que nosso jovem paulistano foi ampliando sua vocação diplomática sendo nomeado elemento de ligação entre o Exército de Israel e o Ministério de Relações Exteriores. Como formação adicional, Ilan terminou sua pós-graduação em Ciências Políticas na Universidade de Tel Aviv em 2009.
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Assim, nada mais justo e adequando que fosse IlanSztulman que viesse a ocupar o cargo de cônsul-geral do Consulado de Israel em São Paulo, reabrindo a representação de Israel na capital paulista em 2010,que estava fechada desde 2003. Exatamente por seu perfil vanguardista, com uma visão de diplomacia moderna, que entende a importância da formação de redes de interação social e também de intercâmbio de tecnologia, conhecimento, com um genuíno interesse pela paz possível e comprometido com a diversidade e tolerância, Ilan trouxe para nossa cidade uma contribuição ímpar. A abertura de diálogo entre seu consulado e outros pares foi inédita e seu braço estendido a todos os que se dispuseram a conversar tem sido uma inspiração e um modelo de gestão para que a tolerância possa prevalecer em nossa cidade. Não apenas isso, mas mesmo dentro de sua própria comunidade, Ilan foi incansável e deu-se o trabalho de visitar todas as instituições e levar o apoio de Israel, evidenciado a ideia de um só povo unido, cuidando de todos os menos afortunados. Entretanto, todos sabemos da dificuldade em defender o Estado de Israel nos dias de hoje. Parece que a mídia internacional só tem olhos para um certo tipo de notícia com viés pseudossocial pró-esquerdista que retrata Israel como o grande bicho papão do Oriente Médio. Nosso cônsul, Ilan, nunca fugiu ao debate e, preparado como é, restabelece verdades, reequilibra discussões e apresenta alternativas para todo aquele que estiver realmente disposto a discutir a paz. Ilan é apaixonado por Israel e tem tido a oportunidade de representar de forma extraordinária o seu país em sua cidade natal. Enfim, sua atuação como homem público, como bom paulistano da garoa, não deixa só sua amada esposa Gioia ou seus filhos Dafna, Yael e Daniel orgulhosos, mas deixa também todos os israelenses e cada cidadão paulistano. Por isso tudo, a ele, nosso muito obrigado, nosso todárabá. Que possamos vê-lo em breve vir para cá na condição de embaixador dessa nação que tanto merece este paulistano de valor: Meu amigo, chaverSheli: Ilan Sztulman.
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HEBRAICA 60 ANOS
Faz 60 anos que surgiu o sonho de uma comunidade mais unida. Comemoramos aqui um projeto de judeus visionários que criaram este que viria a ser um dos clubes sociais mais importantes da América Latina e talvez do mundo. Com certeza, para a comunidade judaica, a Hebraica de São Paulo é referência mundial em várias vertentes. Desde o lançamento de sua pedra fundamental, nos idos de 1955, passando pela bela estrutura arquitetônica criada por Warchavchik e por todas as piscinas e quadras e espaços recreativos até esta monumental área encravada na região nobre dos Jardins da cidade, nossa Hebraica sempre serviu como catalisadora para que todos pudessem encontrar uma forma de interação dentro da comunidade. O clube tem sido incansável em atender toda a comunidade. Nós, o povo do Livro, com a Hebraica, provamos ser também, o povo do esporte. Com uma bela composição esportiva, nossos pequenos e jovens tiveram seu espaço para desabrochar e se aventurar, participando de todas as competições relevantes de nossa cidade, das macabíadas em todas as instâncias e fomos criando uma tradição na área. A Hebraica também brinda a população mais idosa com uma gama de atividades que lhes permite uma qualidade de vida mais interessante, dando-lhes a oportunidade de uma vida com a sociabilização, a autonomia e o autorespeito a quem têm direito. O clube também mantém um curso de tradição judaica e uma sinagoga que perpetuam nossos rituais e respeitam nossas datas sagradas.
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Mas a Hebraica transcende seu caráter de mero espaço de convivência e cede sua estrutura para que organizações concretizem ações sociais realizando o preceito de tikunolam, de ser parceiro divino na construção de um mundo melhor, como o grupo Chaverim e outros. O Chaverim é uma ONG sediada na Hebraica desde 1995, voltada ao atendimento de pessoas com deficiência intelectual, com o objetivo de promover inclusão social e agregar valores humanos e judaicos. E, consciente de seu papel social no mundo de hoje, a Hebraica possui o Departamento Hebraica Sustentável, buscando disseminar a ideia do cuidado que devemos ter com a reciclagem, com o bom uso de nossos recursos, com a civilidade. Poderia discorrer sobre todos os seus departamentos, pois a excelência é moeda corrente em nosso clube, mas certamente não deixaria de destacar dois temas que me são tão caros e que fazem parte de minha história: o TIKUN OLAM e a SUSTENTABILIDADE. Porém, quero finalizar enfatizando a importância da Hebraica para nossa comunidade judaica. Somos hoje essa massa viçosa de jovens e adultos orgulhosos porque temos este espaço há quase 60 anos e pudemos sempre nos manifestar livremente aqui como indivíduos e como coletividade, entre amigos e com liberdade irrestrita, o que nos fortalece diante de toda a sociedade. Mazal Tov, Hebraica Ad MeáVeEssrim – Até 120 e muitos mais!
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HOMENAGEM AO RABINO ADRIÁN
Estamos aqui para homenagear um expoente do que há de mais vibrante em termos de liderança religiosa neste país e na dianteira dos movimentos espirituais no mundo, o Rabino Adrián Gottfried. Este sociólogo de formação, que escolheu o caminho espiritual judaico veio ter em nossa cidade há 22 anos com sua já então inestimável companheira Mariana e aqui criou uma carreira singular, trazendo seu entusiasmo e sua visão de um judaísmo que consegue harmonizar tradição e vanguardismo. Adrián Gottfried desde jovem teve como inspiração o guia incontestável de toda uma geração de líderes espirituais latino-americanos, o Rabino Marshal Meyer - a quem aprendi a admirar aqui - e foi com seus ensinamentos que o rabino Adrián construiu seus alicerces de justiça social, dinamismo, foco no movimento juvenil e aceitação da diversidade. Com suas várias formações, como a do LEATID, o Centro Latino-Americano para Treinamento e Pesquisa para Liderança Institucional Judaica e a do MechanichimBechirim, programa para educadores seniores, patrocinado pelo Centro Melton para Educação Judaica na Diáspora, Adrián estava mais do que pronto para tornar-se este ícone da comunidade judaica do continente. O Rabino cresceu profissionalmente e foi acumulando cada vez mais expertises que o credenciam como personalidade importante em nossa sociedade. Adrián foi Presidente da Assembleia Rabínica Latino-Americana, e recentemente o rabino foi escolhido pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República como integrante do Comitê Nacional de Respeito à Diversidade Religiosa, que tem por missão enfrentar a intolerância religiosa e promover ações para fomentar o entendimento da diversidade religiosa.
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Adrián Gottfried, casado com sua Mariana, ela mesma, uma força motriz na vida deste rabino tão criativo, formam uma linda família, com seus filhos Yair, Eitan e Yonatan, todos integrantes ativos de movimentos de juventude comunitária. Mas na vida de Adrián há outro casamento bem sucedido. Há 17 anos nosso rabino é o líder espiritual de uma comunidade exemplar de nossa cidade, a Comunidade Shalom. Shalom e Adrián completam-se no que tange aos melhores princípios de pluralismo, igualdade, compreensão de seu tempo, espaço na sociedade e integridade religiosa. A Comunidade Shalom, com o rabino Adrián no comando de sua batuta espiritual, floresceu e se apresenta hoje como um dos pilares da comunidade judaica do país, uma alternativa para quem busca um caminho espiritual judaico mais atento às demandas do cotidiano, sem defraudar as raízes ancestrais da nossa tradição. A Comunidade Shalom conta hoje com mais de 450 famílias, com importantes programas de TikunOlam, especificamente a OAT - Oficina Abrigada de Trabalho e com um movimento juvenil exuberante. A Shalom, com sua belíssima sede inaugurada há pouco, com a contratação de rabinas, com suas cerimônias igualitárias de bar e bat-mitzvá e o espaço para a mulher exercitar seu judaísmo de forma plena, expressa o retrato perfeito do lugar acolhedor e mostra que é uma realidade cada vez mais atraente para os judeus do século XXI. E o rabino Adrián Gottfried tem sido sua voz sonante. Como a Shalom, São Paulo é uma metrópole da vanguarda e cada vezmais deve reconhecer seres humanos que aqui chegam para agregar valor à nossa cidade. Certamente, o rabino Adrián insere São Paulo no mapa da vanguarda espiritual mundial e por isso e por tudo o mais de relevante que ele tem nos propiciado é que a Câmara de Vereadores, por minha iniciativa, concede justamente o título de cidadão paulistano ao Rabino Adrián Gottfried.
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REPÚDIO AO ATENTATO EM BRUXELAS
Quero expressar meu veemente repúdio diante de dois atentados vis ocorridos neste final de semana na Europa. O assassinato de quatro pessoas no museu judaico de Bruxelas, sendo um casal israelense uma voluntária e um jovem de 24 anos e o ataque a dois irmãos nos arredores de Paris, ao lado de uma sinagoga. Esses atos violentos mostram como a Europa se torna cada vez mais um, barril de intolerância e como nós devemos elevar nosso tom de denúncia contra essa irracionalidade. Até onde deixaremos isto ir? Onde será o nosso basta? Os tempos clamam por uma ação mais efetiva de todos contra o antissemitismo que está tão ascendente. As autoridades devem ser um pouco mais proativas no sentido de prevenir que atos semelhantes aconteçam. O fanatismo já mostrou antigamente onde pode chegar. Não podemos deixar que a indiferença leve a consequências impensáveis. Hoje, fica aqui minha revolta por tanta violência, meu pesar pelas vítimas inocentes e meus votos de restabelecimento para os feridos. Mas, antes de tudo, fica aqui, minha voz de denúncia, de alerta, para que atos abjetos como estes dois de Bruxelas e de Paris não se tornem simples banalidades e sejam sim, denunciados e repudiados tal como são: atentados ANTISSEMITAS CONTRA A VIDA DE INOCENTES.
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MINUTO DE SILÊNCIO NA CÂMARA MUNICIPAL DE SÃO PAULO PELA MORTE DOS TRÊS JOVENS ISRAELENSES É com profunda tristeza que anuncio a morte dos três adolescentes sequestrados em Israel há 18 dias. Seus corpos foram encontrados há pouco pelas forças de defesa do país. Meu pesar é profundo pela vida perdida de três jovens em tenra idade, civis que cuidavam de seu cotidiano e foram brutalmente forçados a ser meros peões num conflito que passa por momentos terroristas impensáveis. Nosso repúdio fica aqui expresso e nosso esforço será para que possamos encontrar alguma forma menos estúpida de lidar com a situação nesta área tão importante para o mundo. O terrorismo, ao longo da história nunca provou ser uma boa estratégia de negociação e o custo humano é inestimável. Nossos sentimentos estão com os familiares de Eyad, Gilad e Naftali, que devem estar sobrecarregados de dor nesta hora e com toda uma nação que perdeu a esperança de recuperar seus jovens com vida.
Andre Nehmad
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CARTA ABERTA A GILBERTO DIMENSTEIN Caro Amigo Gilberto, Em relação à nota publicada no site “Catraca Livre” sobre a vigília pró-Gaza, tenho a manifestar as seguintes considerações: Israel x Hamas Não podemos ficar calados diante de uma tendenciosidade em se alardear notícias contra o Estado de Israel. Desde junho, podemos enumerar alguns fatos: Fato - O Hamas é uma organização terrorista que preconiza em seus estatutos a aniquilação do Estado de Israel. Fato - Foram sequestrados e mortos 03 jovens civis israelenses. Fato - Os responsáveis não foram presos ou punidos. Fato - Marginais judeus assassinaram um jovem árabe. Fato - Imediatamente o governo israelense apurou, prendeu e punirá adequadamente os responsáveis por tal ato hediondo, julgando-os de forma democrática. Fato – Desde o início de junho, mais de 1000 foguetes já foram disparados contra as cidades israelenses de forma covarde e seus cidadãos vivem em constante estado de medo, tendo apenas segundos para correr aos abrigos antibomba.
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Fato - O Hamas coloca seus pontos de lançamento de foguetes junto a escolas, mesquitas e zonas povoadas, usando a possibilidade de fatalidades civis como propaganda política a seu favor. Obrigam os civis a servirem como verdadeiros escudos humanos com o objetivo de desmoralizar e “satanizar” Israel. Fato - Israel realiza ataques cirúrgicos em alvos determinados, buscando minimizar as perdas humanas, procurando sempre alvos militares ou arsenais explosivos escondidos, lançando sempre avisos prévios aéreos pedindo à população que se afaste dos pontos de contra-ataque. Esta é A REALIDADE. Não são opiniões, são dados irrefutáveis e oficiais apresentados pela única democracia do Oriente Médio. Portanto, sujeitos ao controle do Parlamento, do Judiciário, do Ministério Público e da opinião pública. Entretanto, para nossa tristeza, deparamo-nos cotidianamente com notícias que demonizam Israel, sem uma análise isenta e real da situação vivida por milhares de civis dos dois lados da fronteira. Eu, que sempre defendo a paz, que defendo dois Estados e o bem estar do povo palestino, sei que há muito a se fazer, mas não consigo digerir essa má vontade com o povo judeu e o Estado democrático de Israel. Como bem disse Caio Blinder: “A desaprovação global de Israel é sempre desproporcional, em um cenário do qual constam um esquerdismo chulé e antissemitismo”. Seria bom que nossa imprensa fosse mais imparcial.
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COM ISRAEL, PELA PAZ! Eu vim aqui dizer Basta! Basta de termos que pedir desculpas porque nossos mortos não são tão numerosos como os mortos palestinos. Porque temos um sistema de defesa que funciona. Porque somos um país civilizado que não coloca bombas debaixo de escolas, hospitais e mesquitas. Porque nossa moral e tradições não nos permitem usar nossas crianças e nosso povo como simples joguetes numa guerra. Porque investimos em educação, moradia e saneamento e não em túneis, armamentos e guerrilha. Não podemos ficar reféns de uma opinião midiática que bebe da mesma fonte que bebia a ignorância antissemita medieval. Sim, porque, atualmente, o antissemitismo se traveste de sentimento anti-Israel. Os gritos que ouvimos hoje nas ruas de Paris, Londres, Boston ou Porto Alegre são frutos de uma semente que não morreu. É o mesmo antissemitismo que gerou a “crystalnacht”. As manifestações são anti-Israel, mas são carregadas de ódio contra os judeus. E também, não devemos ficar calados diante desta mídia manipulada ou radicalizada que viu seus modelos corroídos pelo fracasso na História, que ainda tem a retórica do grande lobo mau Estados Unidos e seus aliados, que demoniza Israel e vitimiza os palestinos, com uma visão simplória e deturpada do conflito. Pois eu digo Basta! Estamos hoje aqui para defender o Estado de ISRAEL! Para defender o direito de não morrermos, de possuirmos o abençoado sistema de defesa que nos protege contra a avalanche de mísseis enviados pelos terroristas do Hamas.
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Para defender o exército, TzaváHaganá Le Israel, que tem a decência de notificar o povo palestino antes de atacar alvos estratégicos, que tem a dignidade de construir hospitais de campanha em meio aos povoados palestinos para atender aos feridos, que tem o cuidado de abortar uma missão quando percebe nitidamente que vai ferir uma criança. Viemos aqui defender ostensivamente o Estado de Israel porque defender este país é defender todo e qualquer judeu no mundo. Por isso eu digo basta de desculpas. Eu não tenho que me justificar. AM ISRAEL CHAI!
A2 Comunicação- Du Amorim
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ARTIGOS E PUBLICAÇÕES São muitos os artigos, são muitos os temas. A comunidade, suas instituições, seu país, seu calendário, tudo me fascina. Por isso mesmo, tornei-me um estudioso das coisas judaicas e gosto de partilhar o que estudei nos espaços que me são concedidos. A análise geopolítica da região é imprescindível para que todos possam entender as implicações com o Estado de Israel. Também, nunca me furto à apreciação do contexto preocupante da sociedade como um todo em relação ao povo judeu, porque estamos testemunhando tempos sombrios de antissemitismo que exigem uma denúncia efetiva e um combate implacável.
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Artigos e Publicações
UM POVO ANCESTRAL, UMA DETERMINAÇÃO, UMA JOVEM NAÇÃO BEM SUCEDIDA “Se quiserem, não será um sonho”, Theodor Hertzl “Em Israel, para ser um realista, você tem que acreditar em milagres”, David Ben-Gurion
Se é que existe receita de sucesso, a história deste pequeno país, Israel, pode ser conside-rada isso mesmo e estas duas frases sintetizam o que é a combinação de sabedoria milenar, determinação irremovível e capacida-de de renovação. Durante quase dois mil anos a simples idéia da criação de um Estado judeu era desconside-rada, insustentável, desprovida de qualquer chance de concretização. Tanto que o hino do movimento que aspirava à criação dessa nação chamava-se “Hatikva” – (“A Esperança”). A canção dava voz ao desejo judaico de independência e liberdade em sua terra de antanho, Tzion. Com o nascimento de Israel, Hatikva tornouse hino nacional. Em seu início, com a existência de Israel ainda ameaçada e frágil, Hatikva foi importante norteador do sonho judaico. Hoje, embora os conflitos nos aflijam e preocupem, é evidente que o país tornou-se uma realidade incontestável. Mesmo diante de todas as dificuldades e ameaças, o Estado de Israel é uma das grandes histórias de sucesso da modernidade.
Hoje, 62 anos depois, a paisagem desértica de outrora floresce de forma inimaginável. De nossos pioneiros que deixaram tudo e todos, fugindo da barbárie que se avizinhava para construir um sonho, vemos uma miríade de tradições, de culturas, de ondas migratórias mescladas em uma juventude aguerrida, independente e com sentimento de pertença. Dos kibutzim vanguardistas, onde utopia e realidade conviveram por um bom tempo, herdamos hoje a força comunitária e as instituições mais democráticas da região. Da longa luta para podermos exportar laranjas e grapefruits, conquistamos a atual posição de líderes em pesquisa e desenvolvimento, fornecedores de tecnologia de ponta, na indústria farmacêutica, de cosméticos, de armamentos, de equipamentos médicos, de irrigação e de tantas outras áreas. De nossa essência de povo do livro, conquistamos hoje em Israel o maior índice mundial de diplomas universitários por população. De refugiados que fomos, hoje Israel recebe hostes de refugiados sudaneses e lhes dá educação e moradia.
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Da escassez de terra e de recursos hídricos e com a sabedoria da tradição religiosa, Israel desenvolveu uma consciência ecológica ímpar no horizonte dos países modernos. No último século, os pioneiros de Israel adotaram Tu Bishvat como marco para o plantio de árvores, parte de um esforço maciço para a reconstrução e a renovação. As políticas ambientais estimulam pesquisas de ponta para que a nação possa aperfeiçoar seu conhecimento, compreensão da diversidade, distribuição e evolução dos elementos essenciais. De um passado doloroso, o povo judeu guardou o respeito pela lembrança e Israel, mesmo quando celebra seu aniversário, não deixa de pensar em todos aqueles que perderam suas vidas para que hoje possamos estar aqui, comemorando 62 anos.
Das raízes históricas e sagradas, desenvolveu-se uma nação cujo turismo fervilhante atrai pessoas de todos os credos, pessoas com interesses pela natureza, pela história e pela aventura. De Rosh Ha-Nikrá, passando pelo Carmel, pela nossa eterna Jerusalém, chegando até Eilat, encontramos hoje turistas do mundo inteiro. É assim este pequeno grande país, rodeado de conflitos, mas que, com determinação milenar, cresceu e tornou-se um amálgama de passado e futuro, onde as possibilidades se multiplicam e que veio a se tornar o porto seguro para qualquer judeu do mundo. Somos um povo antigo, fomos dispersos pelo mundo há milênios, mas hoje temos pátria, temos lar, temos Eretz Israel!
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O RECRUDESCIMENTO DO ANTISSEMITISMO Nestes últimos meses, com os fortes ventos que agitam as estruturas políticas, econômicas e sociais da Europa, a sombra do antissemitismo volta a ter uma dimensão preocupante e cabe a todos nós trazermos o assunto à mesa para que a indiferença e a intolerância não sejam novamente protagonistas num cenário futuro. É impossível definir um só padrão e uma só origem para o antissemitismo, que faz parte da história do povo judeu de há muito. Convivemos com momentos em que este fanatismo foi mais visível e letal e outros em que seus efeitos foram mais subjacentes. Entretanto, toda criança judia sabe bem o que é ser apontado como diferente, mesmo quando quer ser apenas mais uma criança no grupo. A irracionalidade do antissemitismo é que a intolerância une opostos. Não há lógica, classe social ou etnia; seus adeptos repetem clichês e inverdades por osmose. Relatos históricos do século 19 exemplificam quão surreal pode ser o antissemitismo. Acreditava-se que os judeus, que viviam em lugares apertados e escuros, eram mais sus cetíveis do que os cristãos a infecções e doenças (e, portanto, eram perigosos). Por razões misteriosas, o segundo argumento era justamente que os judeus eram mais resistentes a pragas e epidemias, além de serem sensuais e assustadoramente fecundos, o que fazia deles invasores em potencial do mundo cristão.
Historicamente, convivemos com o antissemitismo europeu há muito tempo. A tragédia lá ocorrida será uma cicatriz indelével na alma da humanidade. Os anos se passaram. Os ecos daqueles momentos pareciam estar mais distantes e, no entanto, parece que algo renasce. O que é preocupante atualmente são dois fatores. Um deles é o fenômeno da imediata associação de qualquer crítica às políticas do Estado de Israel com o fato de ser o povo judeu, como se um protesto contra as políticas de Angela Merkel fosse um protesto antiariano. Desde sua criação, o Estado de Israel sempre esteve na berlinda. Toda e qualquer ação deste pequeno país parece passar por um crivo implacável, preconceituoso e tendencioso. Nossas negociações são do gênero 1027 por 1 (quando trocamos GiladShalid por 1027 prisioneiros palestinos)!!! O outro fato é o recrudescimento do antissemitismo na Europa, haja vista o sucesso do partido nazista na Grécia e do partido direitista na França. Podemos pensar que asneiras como as crendices do século XIX nunca mais passarão pelas mentes dos antissemitas. Afinal, estamos na era da internet, das redes sociais, dos aviões e das telecomunicações.
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Mas, também estamos na era dos MahmoudAhmadinejads, HugosChavez e outros caudi-lhos nanicos e travestidos de líderes, que usam o fanatismo, o populismo e a xenofobia para recrudescer sentimentos que nada têm a ver com razão ou tolerância. Quem pode imaginar que existam pessoas que acreditam que o Holocausto não aconteceu? Ou que pensem que a culpa da crise econômica mundial é dos judeus?
Vivemos em um país cujo povo é a própria definição de tolerância e de miscigenação. Isso não nos exime de nossa responsabilidade. Como judeus, devemos estar vigilantes para que esta onda de antissemitismo que se apresenta não tome uma forma mais assustadora. Devemos ocupar todos os fóruns necessários para que nosso povo não seja novamente oprimido. Nossas arenas devem ser agora e não em um futuro sombrio. Nossas vozes devem clamar bem alto.
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OS DEZ MANDAMENTOS E O SÉCULO XXI O mundo atual acredita que o conceito de res-ponsabilidade social é algo razoavelmente novo tendo em vista o sofrimento que tantas pessoas, povos, grupos sociais e minorias ainda enfrentam nos dias de hoje. Entretanto, como judeus, sabemos que princípios de responsabilidade social foram estabelecidos já nos Dez Mandamentos e muito do que se conhece como Leis sociais, Constituições, Declarações de Direitos, são regras e normas que interpretam de forma abrangente os Dez Mandamentos. O judaísmo e seu conjunto de práticas exigem uma postura responsável diante de Deus, de seus pais, de si mesmo e de seu próximo. Aliás, o judaísmo criou a mais importante regra das relações sociais: “Não faça aos outros o que não quer que lhe façam.” Ou seja, não faça o mal!! Não existe nenhuma outra regra necessária em uma sociedade liberal. Os teólogos judeus dizem que todos os outros mandamentos sociais são interpretações deste. É preciso aprender a compaixão para não prejudicar os outros. A importância dos Dez Mandamentos para a religião judaica é de maior magnitude porque não temos dogmas que sejam a pedra angular de nossa religião. Assim, este código de ética, recebido pelo povo enquanto povo constituído e sofrido, e o nosso livre arbítrio enquanto indivíduos é, afinal, o que podemos considerar como a definição do ‘povo eleito’.
Sempre tive dificuldade em lidar com esta expressão, que me parecia preconceituosa, até que aprendi a vê-la dotada de certa responsabilidade maior de buscar agir de forma sagrada, criando o exemplo ético a ser seguido. Nestes seis mandamentos, temos um código de conduta social definido há milênios: • • • • •
Honra teu pai e tua mãe Não matarás Não adulterarás Não furtarás Não darás falso testemunho contra o teu próximo • Não cobiçarás a casa do teu próximo Hoje, no século XXI, já não temos escolha. O mundo nos cobra uma atitude. E mesmo o Estado de Israel parece ser visto através de uma lente de aumento. Cada desvio de caminho que por lá acontece é noticiado como se fosse um crime de grandeza diferente. É como se Israel tivesse o pior serviço de Relações Públicas do mundo. Mas não. É porque de nós se espera muito. É porque a lente que nos examina tem outro calibre. Sim, temos uma responsabilidade de outra natureza.
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A ética dos Dez Mandamentos é nossa bússola, nossa escolha pessoal e nossa responsabilidade social. Todos os anos, nesta época de Shavuot, o dia no qual celebramos a grande revelação da Outorga da Torá no Monte Sinai, no ano 2448, podemos nos imaginar no deserto, como povo constituído, recebendo esta missão, mais uma vez sendo fiéis depositários deste código ético social, que nos coloca à frente de um caminho que não pode mais esperar.
As demandas sociais se multiplicam, a intolerância e a violência florescem. Como indivíduos, temos o livre arbítrio, como seres sociais e povo judeu eleito com a responsabilidade moral da compaixão, temos o dever de sermos parceiros de Deus no aperfeiçoamento deste mundo.
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STEPHEN HAWKING E SEU BOICOTE ABSURDO O mês de maio de 2013 trouxe uma notícia tão inquietadora quanto decepcionante. Um cientista outrora admirável, seja por sua produção acadêmica, seja por sua história de superação na vida e mesmo por seu reconhecimento universal, tomou uma decisão ABSOLUTAMENTE lamentável.
Na história política recente deste país, Peres é o estandarte da luta pela paz.
Stephen Hawking, físico teórico e cosmólogo britânico, um dos mais consagrados cientistas da atualidade, resolveu boicotar a “Conferência Israelense do Presidente” a ser realizada em Israel no mês de junho.
Shimon Peres é ganhador do Prêmio Nobel da Paz e, aos 90 anos, segue firme e forte, otimista e determinado em seu objetivo de uma solução de dois Estados para Israel e Palestina.
Israel já vinha sendo o não destino para alguns pretensos detentores da moral e da integridade.
Também há que se considerar que personagens do quilate de Hawking deveriam saber que os boicotes são antiéticos quando se pensa que é o ideal da pesquisa livre que tonifica a empreitada científica.
Desde 2006 foi criado um movimento para boicotar instituições acadêmicas israelenses, organizado por uma coalizão de grupos pale-stinos, ao qual pessoas como o cantor Bono e Stevie Wonder emprestam seu prestígio e apoio. Desta vez, foi o renomado cientista que resolveu acatar os pedidos da organização. Algumas coisas a serem consideradas nesta desastrada atitude de Stephen Hawking: Antes de tudo, a ironia do evento ao qual ele esco-lheu boicotar. Esta conferência específica está sendo organizada em homenagem aos 90 anos do presidente de Israel, Shimon Peres.
E o tem sido por décadas. Seu compromisso com o diálogo, com amplas negociações e uma paz abrangente e duradoura com os pa-lestinos é fato reconhecido.
OU será que Stephen Hawking não acredita na livre troca de ideias? Neste sentido, Israel é um país democrático que apoia a igualdade, a liberdade de expressão, liberdade de imprensa, liberdade de religião e é comprometido com os direitos de seus cidadãos e das minorias. Mas, de qualquer modo, acadêmicos e cientistas israelenses não são nem porta-vozes do governo, nem fantoches.
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Tem sido frequentemente sérias as discordâncias entre o governo e as universidades em Israel, com destaque para a independência das instituições acadêmicas israelenses. Um exemplo é a decisão do governo israelense no ano passado de atualizar para o status de universidade uma faculdade construída em Ariel - cidade no interior da Cisjordânia. Ela foi veementemente contestada por instituições de Israel de ensino superior (e por talvez 50% da população geral). Um segundo exemplo é a tentativa mal sucedida por parte do governo israelense de encerrar o Departamento de Política e Governo da Universidade de Ben-Gurion - atacada por seus pontos de vista de esquerda. A oposição e pleito dos acadêmicos israelenses em todo o país alertaram para o perigo para a liberdade acadêmica, – ajudando a evitar o fechamento do departamento. Não que não haja momentos em que a ética deva se sobrepor.
Entretanto, onde, então, está a declaração de Hawking contra o tratamento do povo maia na Guatemala; dos tâmeis no Sri Lanka, na Caxemira, na Índia; dos curdos na Turquia; dos Baha’i do Irã, dos xiitas do Paquistão, dos chechenos na Rússia ou talvez sobre o tratamento dos tibetanos na China, onde Hawking recentemente fez uma visita célebre? Ao invés de visitar a região e debater sobre suas dificuldades, ele resolve usar seu considerável prestígio e dizer que um país, só um país entre todas as nações do mundo, é merecedor de descrédito exclusivo! Boicotes acadêmicos são contrários a tudo o que a academia representa. A globalização acadêmica, com todos os seus perigos potenciais, está rompendo as fronteiras. Cientistas de diferentes nacionalidades e religiões trabalham juntos e tornam-se parte de um continuum - uma comunidade global. A fim de gerar condições favoráveis para as negociações, as pessoas devem falar e diferentes pontos de vista devem ser ouvidos. O professor Hawking decepciona o mundo livre ao esquecer qual é a essência da academia: o livre intercâmbio de ideias.
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DIEUDONNÉ M´BALA M´BALA: A ONDA INFAME DE UM GESTO INTOLERANTE Estamos em uma época perigosa. Pensamos que o mundo andava mais civilizado, que as dolorosas lições de duas Guerras Mundiais haviam ensinado a Europa sobre a imbecilidade do ódio. Mas, claramente, este não é o caso. Infelizmente, e cada vez mais, sinais alarmantes surgem no velho continente. A última moda abjeta surgida na França é a tal da quenelle, o gesto nazista ao contrário criado por um comediante francamente antissemita chamado Dieudonné M’bala M’bala. Explorando um humor azedo e divagando desvarios, este personagem maléfico usa expressões como “IsraeiHeil,” e “Shoahnanas” fazendo um trocadilho com a palavra Shoá e ananás, que significa abacaxi em inglês, além de ter comentado em seu show que estava triste por não existirem mais as câmaras de gás para poder enviar um certo jornalista judeu para lá. Dieudonné concorreu a uma vaga no parlamento pelo partido ultranacionalista de Le Pen e declara-se violentamente antissionista e contra o sistema, o qual diz ser mantido por judeus. Este suposto comediante convidou também Robert Faurisson, um importante escritor francês que nega o Holocausto, para ser estrela de seu show.
Tudo isso seria nojento mas limitado, se Dieudonné não fosse atraente a uma plateia de jovens franceses sem perspectivas que vive na periferia e se sente oprimida pela fobia contra o Islã, e que acaba misturando tudo: raiva contra o sistema, raiva contra Israel, antissemitismo. Assim, em um de seus vídeos, Dieudonné chama a quenelle, o gesto nazista, de símbolo de “fé e coragem”, e este foi o estopim de uma onda de propagação dos gestos que é lamentável e condenável. Personagens formadores de opinião o replica-ram, nazistas infames fizeram o gesto diante de Auschwitz, vários jovens franceses o fizeram diante da escola de Toulouse onde foram assassinados quatro judeus. Quer dizer, uma onda se alastra e não podemos ficar indiferentes. As autoridades francesas têm se mostrado diligentes, cancelaram os shows de Dieudonné e buscam processá-lo de todos os modos. Mas temos que fazer nosso papel: divulgar para que todos saibam e se indignem diante do que ocorre na França. O judaísmo e os judeus sofrem mais uma vez na Europa. 29% dos franceses dizem ter sentido na pele o antissemitismo nos últimos dois anos e afirmam se tratarem de histórias pessoais.
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Enquanto a emigração para Israel no mundo subiu 1% em 2013, a França contribuiu com 49%, principalmente pela sensação de antissemitismo. Muitos analistas, que sempre tiveram uma ideia mais amena do antissemitismo europeu, começam a suspirar mais profundamente ao pensar no quadro que se desenha.
Nossas armas são as palavras, as ações punitivas, as demonstrações de repúdio. A resposta imediata. Que não sejamos testemunhas novamente da desumanidade.
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O PERIGO DO ISOLAMENTO Estamos testemunhando a emergência de atitudes que podem se proliferar e causar uma grande dor de cabeça para Israel: um isolamento cada vez maior no cenário mundial. Por enquanto, algumas instituições acadêmicas já decretaram boicotes contra as instituições israelenses, tais como a American Studies Association e a Modern Language Association. Anteriormente, outras instituições similares já haviam tomado ações estúpidas semelhantes contra instituições acadêmicas israelenses. As razões para essas ações são a construção de assentamentos nos territórios ocupados, considerados território palestino. Tais ações são tão aberrantes quanto politicamente questionáveis, pois nunca foram tomadas contra países como a Síria, que enfrenta uma guerra civil que já matou mais de 130 mil civis, a China, que invade o Tibet, a Arábia Saudita, o Irã, Ruanda, Sudão, Rússia, Venezuela, Cuba e tantos outros que não respeitam os direitos humanos. Felizmente, muitas das instituições acadêmicas que fazem parte das associações que decretaram os boicotes rejeitaram-no e declararam que eles aviltam a liberdade acadêmica e que Israel é um país extremamente liberal e seus intelectuais são pares dignos, com os quais querem e devem manter intercâmbio.
Entretanto, muitos ameaçam Israel com o virtual isolamento mundial se, por ventura, as negociações de paz não chegarem a bom termo. O Secretário de Estado John Kerry chega mesmo a falar em uma terceira intifada - desta vez diferente, ela viria na forma do isolamento de Israel - como consequência do eventual fracasso das negociações de paz. O fator incômodo desta situação é que o ônus do possível aborto do processo de paz recaia primordialmente sobre a nação judaica, como se os palestinos estivessem totalmente abertos à solidificação da paz e só os israelenses estivessem colocando empecilhos no processo de negociações. O primeiro ministro Benjamin Netanyahu afirma que um possível boicote é sinal de antissemitismo. Pode-se discutir se os Estados Unidos passam por alguma onda de antissemitismo como a que claramente assistimos ocorrer na Europa, mas o mundo certamente vê com maus olhos o Estado de Israel, graças a uma bem sucedida campanha de propaganda tendenciosa da esquerda, que retrata os palestinos apenas como um povo subjugado, sem salientar a dificuldade e o perigo que Israel enfrenta nas negociações e na defesa de seu território, e na sua própria existência.
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A indústria, a agriculturae o setor financeiro israelenses, hoje florescentes, começam a se preocupar com a campanha de isolamento do país.
Devemos todos torcer e agir para que isso não aconteça, incentivando, dentro do nosso alcance, intercâmbios sociais, culturais e comerciais de toda a sorte com instituições israelenses.
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DOIS ESTADOS – UM JUDEU Estamos chegando ao dia 29 de abril, a data final estipulada para as negociações de paz entre palestinos e Israel. Pelo mundo, parece que o calcanhar de Aqui-les das tratativas é a exigência do primeiro ministro Benjamin Netanyahu para que os pales-tinos reconheçam Israel como Estado judeu. De repente, não apenas os assentamentos são considerados crimes de guerra, mas a requisição do Estado judeu do reconhecimento de sua própria definição é algo absolutamente inaceitável. A própria raison d’être do moderno Estado de Israel, ideia central da partilha da Organização das Nações Unidas, e o texto intrínseco da Declaração de Independência de Israel são ilegítimos para os palestinos. O que salta aos olhos é o Secretário de Estado John Kerry não querer entender quão importante é esta definição para nosso povo e para a garantia de Israel como lar do povo judeu de todos os cantos do mundo. Israel é o porto seguro para o judeu da Tasmânia e da França, para o habitante da Venezuela e o do Irã.
Para aquela senhora que foi atacada no metrô de Paris e para qualquer um que deixar de se sentir protegido no país em que vive. Ninguém pensa em um Estado judeu fundamentalista, mas em um Estado judeu democrático que respeita o direito de todos os seus cidadãos e com total liberdade religiosa. A Suprema Corte Israelense é um dos órgãos mais independentes do mundo. Mas parece que os palestinos não estão dispostos a oferecer a Israel o que eles estão pedindo aos israelenses: reconhecimento pleno. No passado, Israel ignorou os anseios do povo palestino por um Estado, mas estamos em outra época e, desde o ano 2000, admite-se o estabelecimento de um Estado palestino. Hoje, devemos falar de um passo adiante e devemos fazer as concessões necessárias para conseguirmos, se não a paz ideal, pelo menos a paz possível. Para tanto, há de haver certo compromisso de cada parte e este compromisso implica primordialmente na aceitação mútua. Infelizmente, aqui, o elementar parece surreal.
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Sei que os israelenses devem colaborar com o processo de paz e fazer concessões difíceis para que possamoschegar no dia 29 de abril com algo concreto, seja com uma negociação nos assentamentos, conversações sobre Jerusalém ou libertação de prisioneiros emblemáticos.
A comunidade internacional, os israelenses e palestinos pacifistas e todos os que querem a paz devem insistir para que esta barreira caia e para que continuemos buscando uma real alternativa para a viabilização de dois Estados, vivendo lado a lado no princípio da tolerância.
Entretanto, os palestinos estão discutindo o princípio fundamental do Estado de Israel, princípio já aceito outrora por Yasser Arafat.
É imprescindível que o povo israelense, mas definitivamente o povo e o comando palestino, demonstrem seu compromisso inabalável com as negociações de paz.
Parece-me que toda vez que caminhamos um pouco para um possível avanço nas negociações, chega um momento em que forças palestinas começam a vetar passos adiante. No mínimo, é extemporânea e insustentável a recusa de Mahmoud Abbas em aceitar a definição do Estado judeu.
Aceitar o Estado de Israel como Estado judeu é o passo necessário.
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CELEBRAR É PRECISO São sessenta e seis anos. Comemoramos o aniversário da concretização do eterno sonho judeu. É a visão de TeodorHerzl materializada em uma brava nação moderna. É o milagre sonhado em meio a lágrimas por tantos inocentes à beira da morte em campos de concentração solidificado como esteio do povo judeu para os séculos que virão. É o refrão das preces possibilitado depois de dois mil anos de êxodo involuntário. Israel faz anos e nós comemoramos tudo isso. Este país, que nasce do ideal sionista de restaurar um lar judeu para o povo judeu é uma nação digna de ser celebrada. Seus desafios sempre foram imensos. Desde a sua criação, seu próprio direito à existência é questionado e repudiado por vizinhos. Israel é chamado à guerra a partir de seu parto. Israel surge e se desenvolve então como uma força militar de referência mundial, mostrando que sua determinação em defender-se é e será sempre irrestrita, pois a sobrevivência do povo judeu reside neste país. Na criação de Israel, a terra era seca e ingrata para cultivo. Esta pequena nação desenvolveu elementos agrícolas e de irrigação de qualidade ímpar, que são exportados para todo o mundo.
Hoje, o país viceja e otimiza seu solo. Israel possuía pequeno espaço geográfico para a indústria. Tudo bem, desenvolveu a tecnologia e chega a ser um dos maiores centros de inovação do mundo, com 63 empresas da área listadas na bolsa Nasdaq (mais do que Europa, Japão, China e Índia somados). O país formou-se com exilados das guerras e dos países orientais. Investiu em educação e tem um alto percentual de prêmios Nobel e de população com nível superior. Israel é realmente singular, alia diversidade à oportunidade e passado com futuro. Nas ruas sinuosas de mais de dois mil anos de Jerusalém emocionamo-nos ao sentir o fio invisível que nos liga aos nossos ancestrais e à História da civilização. Ao passear pelo deserto e vermos Mitzpe Ramon e sua magnitude abissal, podemos virtualmente sentir humildade diante da grandeza do planeta. Ao percorrermos as ruas borbulhantes de TelAviv com seus jovens atrevidos e irrequietos, é um Israel moderno e futurista que aparece diante de nossos olhos. É esta a nação que aprendemos a amar e que devemos, nós na diáspora, defender de qualquer ataque verbal ou escrito que a desmereça.
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É esta a nação que espera de nós o mesmo apoio que sentimos quando sabemos que ela está lá pronta a receber qualquer judeu que por ventura um dia lá queira ou preciseviver. Acho proféticas as palavras de Herzl, em seu livro Der Judenstaat (O Estado Judeu) de 1896: “Permitam-me que lhes repita minhas palavras de abertura: Os judeus deverão conseguir sua nação.
Nós viveremos finalmente como homens livres em nossa própria terra, e morreremos em paz em nossos próprios lares. O mundo será libertado por nossa liberdade, enriquecido por nossa riqueza, engrandecido por nossa grandeza. E o que quer que seja que empreendamos lá para o nosso próprio benefício, irá ressoar vigorosamente de forma benéfica para toda a humanidade.” Por isso celebramos. São sessenta e seis anos.
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TEMPOS NEBULOSOS A comunidade judaica inteira vive momentos de sobressalto. De um lado a extrema direita mostrou claramente suas garras antissemitas nas eleições para o Parlamento Europeu do dia 25 de maio. A xenofobia e o racismo saíram vencedores na França, GrãBretanha e na Dinamarca e avançaram na Áustria e na Hungria. O Parlamento Europeu poderá ter também representantes de partidos neonazistas da Grécia e da Alemanha. Muitos destes partidos são abertamente antissemitas. O partido da Frente Nacional francês acusa até a BnaiBrit de fazer conluios impedindo coalizões com os maiores partidos políticos na França, imputando aos judeus um ar de conspiradores e malévolos. Essa vitória da extrema direita é consequência de uma frustração com a União Europeia, com os diversos planos de austeridade econômica e políticas de imigração que têm ocorrido nos países da Europa Ocidental. Atualmente, questiona-se mesmo a concepção da Comunidade Europeia, com seu inchaço de 28 países. Mas não é só este aspecto político que deve incomodar os judeus, não só os da Europa, mas a comunidade judaica mundial, neste momento.
Na Grécia e em outros locais houve avanço da extrema esquerda, e aqui também o judeu deve colocar sua barba de molho. Do lado da esquerda, vemos todos mobilizados para a causa palestina. E, neste sentido, está cada vez mais atuante o movimento BDS. O Boycott Divestment and Sanctions – BDS - Boicote, Desinvestimento e Sanções é uma campanha global que usa de pressão política e econômica sobre Israel com o pretenso objetivo de retorno dos refugiados palestinos para a terra de Israel. O BDS claramente incentiva a deslegitimação de Israel. Em relação ao BDS, Dore Gold, Presidente do Centro de Jerusalém de Relações Públicas, acredita que há uma campanha para deslegitimar Israel baseada em três questões: “uma negação do direito de Israel à segurança”,“uma imputação de Israel como um Estado criminoso” e “uma negação da História judaica.” A deslegitimação ocorre quando se apela ao boicote, desinvestimento e sanção apenas para com Israel e não para com uma miríade de nações com problemas infinitamente mais graves do que os apresentados por Israel.
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Infelizmente, o movimento BDS já alcançou inúmeras entidades acadêmicas obtusas e artistas famintos de fama barata que se recusam a “tocar” em Israel. Mas, pior ainda, existe um fenômeno que ocorre hoje que transfere toda e qualquer animosidade contra Israelpara o povo judeu e cria-se, assim, mais uma fonte de antissemitismo.
Será que veremos governos lenientes com possíveis malfeitores antissemitas ou será que poderemos nos sentir protegidos? Já vivemos uma escalada de antissemitismo e no último final de semana de maio vimos um museu judaico da Bélgica ser vítima de um franco atirador e uma sinagoga de ParisCréteil ser atacada ao mesmo tempo. O momento é de perplexidade e reflexão.
A pergunta mais inquietante nestes dias é: se esses governos vierem a assumir o poder, qual será a reação deles quando algum ato violento for perpetrado contra um judeu?
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E NOSSOS RAPAZES NÃO VOLTARAM Estamos sofrendo. Há semanas que o mundo virou de cabeça para baixo. Desde que foram impunemente sequestrados e mortos Eyal Yifrach, de 19 anos, Naftali Fraenkel de 16 anos e Gilad Shaar, também de 16. É triste imaginar a agonia destes três jovens nas mãos de terroristas, pegos para moeda de barganha e descartados até mesmo antes disso. É infame imaginar seus pais e familiares reféns de uma situação política. Judeus do mundo todo iniciaram uma campanha para exigir a volta destes jovens violentamente arrancados de sua rotina diária, e em todas as partes do planeta vimos cartazes exigindo a volta de nossos rapazes. BRINGBACKOURBOYS. E só o que recebemos foram três corpos. Entretanto, no campo da política internacional, o que aconteceu foi uma vergonha. Houve organismos queduvidaram da assinatura do Hamas neste sequestro e chegaram até a culpar Israel, conjeturando que o país teria planejado isso para implodir o governo de unidade entre Fatah e Hamas. A campanha de difamação contra o pequeno Estado judeu chega realmente a extremos. Independentemente destas posições esdrúxulas, o repúdio internacional ao sequestro foi pífio e Israel esteve quase sozinho na busca incansável dos terroristas que perpetraram aquele ato.
Com a prisão de suspeitos ou informantes, a tensão escalou na região e a paz tornou-se uma imagem cada vez mais pálida. Nossa vulnerabilidade resta do fato de que não deixamos nossos homens prisioneiros. Cada pessoa em Israel é sagrada e fazemos o esforço que for para resgatá-la. Como Netanyahu libertou 1027 prisioneiros para conseguir resgatar Gilad Shalit, esses terroristas consideram uma boa barganha sequestrar indivíduos para uma eventual troca. Às vezes, isto acaba em desgraça. E por causa deste universo torpe terrorista, três jovens inocentes perderam seu presente e seu futuro, perderam a possibilidade de uma vida adulta como qualquer outro jovem. Perderam o direito ao sonho. Resta-nos o alento de saber que Israel uniuse na dor e todos seja o ultra-ortodoxomais nacionalista ou o mais ferrenho esquerdista todos estiveram unidos para trazer nossos rapazes de volta e no luto por sua perda. Entretanto, torna-se ainda mais imprescindível a conquista de um diálogo pertinente com as forças razoáveis dos dois lados do conflito, para que elas estabeleçam algum tipo de paz possível, desanuviando esse ar empesteado de ódio que vai se acumulando e contagiando a região na sequência de atos abomináveis como o assassinato de três seres inocentes como esses jovens.
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Que a comoção criada pelas mortes de Gilad, Eyal e Naftali possa servir de motivação quando de um questionamento sobre o preço que estamos dispostos a pagar para ficarmos em eterno conflito. Devemos buscar os responsáveis por tal ato terrorista, mas devemos pensar adiante e evitar o próximo sequestro e o próximo assassinato.
Que não tenhamos que trazer mais nenhum de nossos meninos de volta, para que não choremos os seus corpos. A nação e o povo judeu estão de luto. De novo.
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VIAGENS Tive a honra de ser nomeado o representante da América Latina no Comitê Geral do Conselho Internacional de Parlamentares Judeus. Este Comitê Geral é formado por pouco mais de uma dezena de pessoas e coube-me o privilégio de estar entre estes dignitários. Assim, viajei para Israel, New Iorque, Washington. Como parlamentar judeu, também fui representar nossa comunidade no Uruguai e em Buenos Aires. Visitei Israel outras vezes, acompanhando o presidente Fernando Henrique Cardoso quando este recebeu seu diploma de Doutor Honoris Causa na Universidade de Tel Aviv e, convidado pelo American Jewish Committee, quando tive a oportunidade de debater a paz com representantes palestinos.
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Floriano com o Presidente de Israel Shimon Peres (à esquerda), no Palácio dos Bandeirantes.
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Floriano no muro das lamentações. Floriano representa os parlamentares da América Latina na sessão do ICJP em Jerusalém.
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Floriano acompanha vereadores em visita à Israel, pelo projeto Interchange.
Floriano participou do Congresso Judaico Latino Americano em Montevidéu em 2013.
Entrega do Título de “Doutor Honoris Causa” pela Universidade de Tel Aviv. Na foto: Shabat em Jerusalém, Floriano acompanha Fernando Henrique Cardoso.
PALAVRAS FINAIS
Este livro é uma coletânea que mostra minha relação com a comunidade. Cada vez mais sinto minha integração com cada uma de nossas instituições, com toda a coletividade. Foi-me concedido o dever e o privilégio de cuidar de seus anseios na casa legislativa. Porém, como sociólogo e judeu, as verdades que defendo continuam as mesmas, convergentes com o ideal judaico e transcendem o universo profissional. Os argumentos que defendo para nossa comunidade são aqueles que pautam nossa tradição há milênios e que falam de um ser humano preocupado com o outro, preocupado com a natureza e responsável por si mesmo. Admiro o preceito tikunolam, de sermos parceiros de Deus no reparo do mundo, fazendo deste um mundo melhor. Valorizo a importância da tzedacá, justiça social, fazendo-a neste mundo por meio do apoio ao desamparado. Defendo a relação do homem com a natureza, preservando este nosso planeta para as futuras gerações. Endosso a centralidade de Israel para o povo judeu, mas em busca da paz sempre. Grande parte da liturgia judaica fala de paz e este deve ser nosso objetivo, este deve ser o pote de ouro ao final de nosso arco-íris. Que possamos ver além da linha do inimigo, e perceber então que ele poder ser nosso parceiro para encontrarmos a paz. SHALOM!!!
Floriano Pesaro
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Floriano e Rabino David Weitman, em visita ao Ten Yad.
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Floriano com Ester Tarandach e Eduardo El Kobbi. Floriano Pesaro e Sandro Kuschnir com Rabinos Chabad no Kinus.
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Floriano com o Rabino Shabsi Alpern.
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Floriano Pesaro e Claudio Lottenberg em evento na Prefeitura de São Paulo.
Floriano e Celso Lafer na inauguração da Sinagoga Beth El.
AGRADECIMENTOS
Clube Hebraica
FISESP
CONIB
Sinagogas
Entidades Judaicas
Tribuna Judaica
Celso Lafer Rabino Shabsi Alpern Rabino David Weitman Mario Adler Jack Terpins Marcel Hollender Joel Rechtman Glorinha Cohen Sandro Kuschnir Ester Tarandach Roberto Strauss (www.robertostrauss.com.br)
Formato 16 x 23 cm Miolo Couche Brilho Número de Páginas 116 ISBN 978-85-917940-0-3