COOPERATIVA MINASUL: RESULTADO DA PROSPERIDADE CAFEEIRA DO SUL DE MINAS

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS

RAFAEL GONÇALVES SILVEIRA

COOPERATIVA MINASUL: RESULTADO DA PROSPERIDADE CAFEEIRA DO SUL DE MINAS

Varginha/MG 2011


RAFAEL GONÇALVES SILVEIRA

COOPERATIVA MINASUL: RESULTADO DA PROSPERIDADE CAFEEIRA DO SUL DE MINAS

Trabalho de conclusão do Programa Integrado de Ensino, Pesquisa e Extensão (PIEPEX) apresentado como parte dos requisitos para obtenção do título de Bacharel em Ciência e Economia pela Universidade Federal de Alfenas. Orientadora: Profª. MSc. Letícia Lima Milani Rodrigues

Varginha/MG 2011


RAFAEL GONÇALVES SILVEIRA

COOPERATIVA MINASUL: RESULTADO DA PROSPERIDADE CAFEEIRA DO SUL DE MINAS

A banca examinadora abaixo-assinada, aprova o trabalho de conclusão do Programa Integrado de Ensino, Pesquisa e Extensão (PIEPEX) apresentado como parte dos requisitos para obtenção do título de Bacharel Interdisciplinar em Ciência e Economia pela Universidade Federal de Alfenas.

Aprovado em 22 de Novembro de 2011.

Profª. MSc. Cirlene Maria de Matos Instituição: Universidade Federal de Alfenas

Assinatura:

Profª. MSc. Gislene Araujo Pereira Instituição: Universidade Federal de Alfenas

Assinatura:

Profª. MSc. Letícia Lima Milani Rodrigues Instituição: Universidade Federal de Alfenas

Assinatura:


Ao meu garoto, meu Av么 Lucas.


Le café doit être noir comme le diable, chaud comme l’enfer, pur comme un ange et doux comme l’amour. (TALLEYRAND, entre 1794 e 1796)


AGRADECIMENTOS Aos meus pais, Márcio e Durvacy, pelo seu apoio e amor incondicional a mim. À Larissa, minha irmã, que realiza os seus sonhos diariamente, tornando-se o meu orgulho. À minha avó paterna, Joana, por ter me recebido em sua casa, com amor e aconchego e emprestado o seu computador, o que contribuiu para o desenvolvimento de grande parte deste trabalho. Ao meu avô paterno, Lucas (in memoriam), e meus avôs maternos, José e Joana (in memoriam), por cuidarem tão bem da nossa família. À Profª. Letícia Lima Milani Rodrigues, pela dedicação e profissionalismo. Mesmo com outros projetos paralelos e o seu doutorado, nunca me faltou em momento algum. Esteve sempre disposta a me orientar, seja nas reuniões, ou pela internet e telefone. À Ariane Brondi, vulga Japa, por me acompanhar durante toda a elaboração do TCP, até o momento da entrega. A nossa aprovação foi o resultado de uma linda parceria. Aos amigos Douglas Kollet e Priscila Paiva pela revisão do projeto. Aos amigos que me apoiaram diretamente ou indiretamente para o sucesso deste trabalho. Ao Prof. Johan Lybeck, pela valorosa ajuda em encontrar a citação do Monsieur Talleyrand. Merci! Ao Prof. Daniel do Val Cosentino, pelas referências sobre a história econômica do Brasil. Ao Prof. Marçal Serafim Candido, pela ajuda na elaboração das referências bibliográficas. À Profª. Beatriz Gaydeczka, por solucionar algumas dúvidas sobre gramática. À UNIFAL, pela oportunidade de ensino, pesquisa e extensão. À MINASUL, por participar da pesquisa. Aos funcionários da MINASUL, por responderem pacientemente o questionário. Ao Centro do Comércio do Café do Estado de Minas Gerais (CCCMG), que disponibilizou a sua biblioteca para consulta. Ao Café da Fonte, por me servir deliciosos cappuccinos com creme.


RESUMO Em um mundo cada vez mais globalizado e suscetível às falhas do sistema capitalista atual, a elaboração de estudos econômicos descritivos se torna cada vez mais pertinente. A presente pesquisa é uma análise descritiva da Cooperativa Minasul, localizada em Varginha, Minas Gerais. Esta cooperativa, formada em 1958, reúne 4407 cooperados, presentes em sua maior parte em Varginha e em suas cidades vizinhas. Possui uma capacidade de armazenamento de 900.000 sacas de café, em 15 armazéns próprios. No ano de 2010, a cooperativa registrou a venda de 904.435 sacas de café (60 kg), o que gerou uma receita bruta de R$266.679.498,74, portanto é uma organização de grande valor econômico, representando uma significativa importância para a região – sobretudo para o município de Varginha/MG. Através da análise do histórico das suas vendas, notou-se a predominância de venda de café do tipo de bebida dura, que, com 673.052 sacas vendidas, foi responsável por 78,79% da receita bruta do ano de 2010. A Minasul emprega 168 funcionários – efetivos e terceirizados – aos quais oferece benefícios trabalhistas, tais como cursos relacionados ao café, plano de saúde, vale transporte, entre outros. Palavras chave: Análise descritiva. Café. Cooperativa agropecuária.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 – Gráfico 1 – Gráfico 2 – Gráfico 3 – Gráfico 4 – Gráfico 5 –

Novo organograma da Minasul.................................................................... Número de cooperados por cidade............................................................... Capacidade de armazenamento máxima, em sacas de café (60kg), por cidade............................................................................................................ Receita bruta total, em reais, por mês........................................................... Receita bruta total, em reais, por tipo de bebida e mês................................ Receita média da saca de café bebida dura, por mês....................................

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS Adm. – Administrativo APPC – Associação dos Países Produtores de Café Asse. – Assessoria CCCMG – Centro do Comércio do Café do Estado de Minas Gerais COCCAMIG – Cooperativa Central de Cafeicultores e Agropecuaristas de Minas Gerais DU – Dura Etc. – Et cetera Ltda. – Limitada MG – Minas Gerais RD – Riada RI – Rio


SUMÁRIO 1 2 2.1 3 3.1 3.2 3.2.1 3.2.2 3.2.2.1 3.2.2.2 3.3 3.3.1 3.4 3.4.1 3.4.2 3.4.2.1 3.4.3 4 5 5.1 5.2 5.3 5.4 5.5 6

INTRODUÇÃO.............................................................................................. OBJETIVO..................................................................................................... OBJETIVOS ESPECÍFICOS.......................................................................... REVISÃO DA LITERATURA..................................................................... HISTÓRIA DO CAFÉ NO BRASIL E EM VARGINHA/MG...................... CAFÉ............................................................................................................... Cadeia do café colhido..................................................................................... Classificação comercial................................................................................... Classificação por tipos..................................................................................... Classificação por bebida.................................................................................. COOPERATIVA............................................................................................. Cooperativa agropecuária................................................................................ ESTATÍSTICA DESCRITIVA....................................................................... Coleta de dados................................................................................................ Representação gráfica...................................................................................... Tipos de gráfico............................................................................................... Medidas de tendência central........................................................................... METODOLOGIA.......................................................................................... RESULTADO................................................................................................ A COOPERATIVA MINASUL...................................................................... FUNCIONÁRIOS............................................................................................ COOPERADOS............................................................................................... ARMAZÉNS................................................................................................... VENDAS DE CAFÉ........................................................................................ CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................ REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................

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1 INTRODUÇÃO Tendo em vista a ocorrência de grandes transformações econômicas no mundo, torna-se imprescindível elaborar estudos sobre os elementos que compõem esse cenário. Nesta pesquisa, foi feita uma análise descritiva da Cooperativa Minasul, muito conhecida no ramo cafeeiro e cooperativista. O café é uma commodity de grande valor agregado e muito importante no Brasil, onde desempenha papel excepcional na balança comercial. Sua importância é atribuída desde as primeiras décadas do século XX, quando exerceu o importante papel de financiador da industrialização brasileira. Este fruto é negociado nas maiores bolsas de valores, exercendo um papel de destaque na economia mundial. Sendo o café um dos produtos de grande importância na economia, a escolha da Cooperativa Minasul mostrou-se ideal para esta pesquisa. O cooperativismo agropecuário é muito importante, pois reúne, sobretudo, pequenos e médios agropecuaristas que têm um objetivo comum, qual seja, trabalharem de forma solidária ao longo da cadeia produtiva.

2 OBJETIVO O objetivo deste trabalho foi elaborar uma análise descritiva do perfil da Cooperativa Minasul – localizada em Varginha, Minas Gerais – considerando como objetos de estudo: seus funcionários, cooperados, armazéns e vendas.

2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Como objetivos específicos podem-se destacar: i.

Cooperativa: história da cooperativa, aspectos da organização, entre outros.

ii.

Cooperados: estudo do número de cooperados por sexo e localização da lavoura, entre outros.

iii.

Armazéns: capacidade e localização dos armazéns, entre outros.

iv.

Funcionários: número de funcionários por sexo, benefícios trabalhistas, entre outros.


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v.

Vendas: análise do registro de vendas de café, receita bruta total, receita por tipo de bebida, entre outros.

3 REVISÃO DA LITERATURA 3.1 HISTÓRIA DO CAFÉ NO BRASIL E EM VARGINHA/MG Muito tempo se passou desde quando esse fruto, em 1727, teve sua primeira muda plantada, em Belém do Pará, até os dias atuais. Nessa época foi cultivado pelos estados do Maranhão e Bahia, todavia, em pequenas plantações. Em 1773, foi levado para o Rio de Janeiro, onde prosperou até atingir o Vale do Paraíba, em 1825. “O café estendeu-se, derrubando a mata, abrindo estradas, fixando povoações e criando riquezas, com a exploração do solo virgem, rico em nutrientes, e da mão-de-obra escrava a baixo custo” (MATIELLO, 1985, p. 6). Segundo Dean (1989), essa riqueza que prosperou nos cafezais foi muito importante para o desenvolvimento do Brasil no século XX. O café foi o grande financiador do desenvolvimento industrial, sobretudo das estradas de ferro (para escoamento da produção) e das novas indústrias que naquela época surgiram (ex: têxtil) – em parte gerenciadas por grandes cafeicultores. “Os cafeicultores de São Paulo, quase todos nativos, investiam em estradas de ferro e docas, bancos e sociedades comerciais, necessários à expansão dos seus negócios” (DEAN, 1989, p. 252). Mas antes do desenvolvimento industrial e do Convênio de Taubaté, em 1906, o café já havia chegado a Varginha. Segundo Lefort (1950 apud SALES, 2003, p. 283), o café chegou ao município em 1870. Mas segundo Rubião (1919 apud SALES, 2003, p. 283) a cidade ainda não havia conseguido êxito no cultivo do café até 1885. Ainda nessa época, o café beneficiou-se da mão de obra escrava, mas, com a sucessão de medidas antiescravistas, o café rendeu-se a mão de obra dos imigrantes recém-chegados – em grande maioria, italianos. Tendo a importação de escravos cessado desde 1850 e garantindo-se a libertação dos filhos dos escravos, pela «Lei do Ventre Livre», aprovada em 1871, torna-se óbvio que outras fontes de mão-de-obra teriam que ser encontradas (SINGER, 1995, p. 211).

“Nas áreas do café se concentrou uma mão-de-obra diligente, autodirigida e adaptável” (DEAN, 1989, p. 253). Segundo Rego (2006) a imigração aumentava a mão de obra e a demanda agregada.


12 Os colonos do café e os demais trabalhadores do complexo cafeeiro – ferroviários, ensacadores, portuários, empregados das casas de comércio e dos bancos – recebiam salários, que deveriam lhes permitir algum consumo de produtos da indústria, sobretudos, roupas e outros artigos de tecidos (SINGER, 1995, p. 212).

Essa cultura, amparada pela mão de obra especializada estrangeira e pela qualidade do solo, fez Varginha ser considerada, segundo Capri (1918 apud SALES, 2003, p. 284), o “Eldorado do Café do Sul de Minas”. As fazendas, à medida que prosperavam, dispunham de máquinas próprias de beneficiamento. Em 1893 inaugurou-se a primeira máquina de beneficiar café em Varginha e, por volta de 1919, já existiam mais de 30 máquinas (RUBIÃO, 1919 apud SALES, 2003, p. 283). O café passou, desta época até os dias atuais, por constantes valorizações, crises, geadas, chuvas de granizo, mas sempre manteve a sua importância econômica, principalmente para o município de Varginha/MG. É um fruto muito apreciado mundialmente, sendo certo que o Brasíl é o maior produtor de café do mundo (CCCMG, 2011).

3.2 CAFÉ O café é o fruto colhido do cafeeiro – “uma planta Dicotiledônea, da classe das Angiospermas, da sub-classe das Sempetals”, “da ordem Rubiales, da família das Rubiáceas, do gênero Coffea e do sub-gênero Eucoffea” (CCCMG, 2006, p. 15). Segundo o CCCMG (2006, p. 15), a espécie mais cultivada no mundo é a Coffea Arábica.

3.2.1 Cadeia do café colhido A cadeia do café colhido começa com o preparo por via seca ou úmida, etapa que consiste no preparo do fruto para a secagem. A secagem do fruto pode ser feita pelo método natural – principalmente em tulhas e terreiros – ou artificial – utilizando secadores mecânicos. Depois de seco, o café é beneficiado em três etapas. Primeiro, o café passa pelo processo de limpeza de algumas impurezas leves, dos torrões e das pedras. Concluída a primeira etapa, é submetido ao descascamento – etapa que separa “os grãos ou sementes das cascas” (CCCMG, 2006, p. 41). A última etapa do beneficiamento é a classificação, feita em peneiras, de acordo com o seu tamanho e forma. Concluído o beneficiamento, é realizado, geralmente, antes de


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ser ensacado, uma catação manual ou eletrônica, reduzindo o número de defeitos, “a fim de que o seu aspecto e tipo sejam melhorados” (CCCMG, 2006, p. 42). De acordo com o CCCMG (2011, p. 62) o café beneficiado é armazenado em silos ou em sacarias do tipo juta (60 kg) ou big bag.

3.2.2 Classificação comercial A classificação comercial do café é feita “por tipo, quebra e características de qualidade” (CCCMG, 2011, p. 18). A classificação de um café é sempre feita de acordo com o fim a que se destina. Assim, temos classificações distintas para fins informativos, de financiamento, para exportação, para aquisição do Governo Federal, para consumo interno, para certificação em Bolsa, para fiscalização, para concursos etc. (CCCMG, 2011, p. 18).

3.2.2.1 Classificação por tipos O café comercializado pode apresentar defeitos e estes influenciarem a sua qualidade e classificação. Os defeitos podem ser de natureza intrínseca (grão imperfeitos), que são grãos avariados pela imperfeita aplicação de processos agrícolas, de secagem e beneficiamento (pretos, ardidos, verdes, mal granados, quebrados, brocados etc) e extrínseca (impurezas) que são os elementos estranhos ao café beneficiado (cascas, paus, pedras etc) (CCCMG, 2011, p. 18).

De acordo com o CCCMG (2011), os defeitos podem ser identificados segundo a sua origem na cadeia do café – durante o processo de cultivo, colheita ou beneficiamento. A bebida do café produzido no Brasil tem “como fator desfavorável o excessivo número de defeitos, principalmente pretos, verdes e ardidos” (CCCMG, 2011, p. 20). Cada defeito, de acordo com a sua natureza e tamanho, tem um peso/valor que, somados, pode determinar se uma saca de café é, por exemplo, do tipo 6, ou seja, com 86 defeitos por amostra analisada. A classificação por tipos é pouco utilizada entre os países e no Brasil é estabelecida a análise de uma amostra de 300 gramas de café (CCCMG, 2011, p. 18).


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3.2.2.2 Classificação por bebida A classificação por tipo de bebida é feita mediante a degustação do café, “baseada nos sentidos do paladar e do olfato” (CCCMG, 2011, p. 21). Os tipos de bebida, em ordem decrescente de qualidade, são: estritamente mole, mole, apenas mole, dura, riada, rio e riozona. De acordo com a Cooperativa Minasul, o tipo de bebida do café para a venda é classificada em: mole, dura, dura/riada, riada, dura/riada/rio e rio (INFORMATIVO SICOOB CREDIVAR MINASUL, 2011a). Sendo a bebida mole a de melhor qualidade, pois possui “bebida de sabor suave e adocicado” (CCCMG, 2011, p. 22). Há também o café do tipo escolha que, por ser um “subproduto originado da ventilação do café” (CCCMG, 2011, p. 65), não possui classificação por tipo de bebida, sendo um café de qualidade inferior.

3.3 COOPERATIVA Cooperativa é uma associação “sob forma de sociedade, com número aberto de membros, que têm por escopo, sem fito de lucro, estimular a poupança, a aquisição e a economia de seus associados, mediante atividade econômica comum” (DINIZ, 2009, p. 261). Segundo Diniz (2009), uma cooperativa surge mediante assinatura de um contrato e é regida pelos princípios da adesão livre e da mutualidade.

3.3.1 Cooperativa agropecuária De acordo com o SEBRAE-MG (2011), uma cooperativa agropecuária reúne produtores rurais “que trabalham de forma solidária na realização das várias etapas da cadeia produtiva: da compra de sementes e insumos até a colheita, armazenamento, industrialização e venda no mercado da produção”.

3.4 ESTATÍSTICA DESCRITIVA A “estatística descritiva se constitui num conjunto de técnicas que objetivam descrever, analisar e interpretar os dados numéricos de uma população ou amostra”


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(FERREIRA, 2008, p. 101). Resumidamente é “o ramo da estatística que coleta, sintetiza e apresenta dados” (LEVINE, 2008, p. 3). As atividades de “sumarização e descrição” são realizadas através da “construção de gráficos, tabelas, e com o cálculo de medidas com base em uma coleção de dados numéricos” (MARTINS, 2008, p. 19).

3.4.1 Coleta de dados Segundo Smailes (2007), os dados podem ser divididos em duas categorias: qualitativos e quantitativos – e estas se dividem em outras duas subcategorias cada. Os dados qualitativos nominais “são dados que podem ser separados em categorias chamadas de não mensuráveis, por exemplo, a cor dos olhos (...)”. Os dados qualitativos ordinais “envolvem dados que representam algum elemento de ordem”. Contudo, os dados quantitativos são aqueles que podem ser “medidos, contados ou quantificados” e classificados em contínuos ou discretos. “Os dados contínuos são dados quantitativos para os quais qualquer valor dentro de um intervalo contínuo é possível”. Exemplo: “alturas, salários, horários, pesos”. Os dados discretos “são dados quantitativos para os quais somente certos valores fixos (normalmente inteiros) são possíveis” (SMAILES, 2007). Existem dois tipos de dados coletados. Os primários são aqueles “colhidos diretamente na fonte das informações” e os secundários são aqueles “já coletados que se encontram organizados em arquivos, banco de dados, anuários estatísticos, publicações etc.” (MARTINS, 2008, p. 26). De acordo com Smailes (2007), a coleta de dados primários – direto na fonte – pode ser feita através da aplicação de um questionário ou entrevista. Essa coleta ocorre com a colocação de perguntas e o recolhimento da resposta. As perguntas em questionários podem ser de três tipos básicos: dicotômicas – que admitem “duas respostas apenas”, por exemplo, sim ou não –, múltipla escolha – quando “os participantes podem escolher com base em várias possibilidades indicadas” – e abertas – onde o interlocutor pode “responder a estas perguntas de qualquer maneira” (SMAILES, 2007).


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3.4.2 Representação gráfica “A representação gráfica das séries estatísticas tem por finalidade representar os resultados obtidos, permitindo chegar-se a conclusões sobre a evolução do fenômeno ou sobre como se relacionam os valores da série” (FERREIRA, 2008, p. 104).

3.4.2.1 Tipos de gráficos “O gráfico de barras utiliza o plano cartesiano com os valores da variável no eixo das abcissas e as frequências ou porcentagens no eixo das ordenadas” (MAGALHÃES, 2010, p. 13). De acordo com Smailes (2007), o gráfico de barras/colunas é o tipo mais utilizado. “Cada categoria é representada por uma barra retangular distinta, sendo a frequência indicada pelo comprimento/altura da barra”. A autora ressalta que “esse gráfico pode ser utilizado para todos os tipos de dados, exceto dados contínuos e dados ordinais na forma de uma série temporal” (SMAILES, 2007, p. 52). O gráfico de linhas é utilizado para “apresentar dados de uma série temporal”. Resume-se “na variável do tempo plotada no eixo horizontal (x) e na segunda variável (seja ela vendas, lucros, custos de produção etc.) plotada no eixo vertical (y)” (SMAILES, 2007, p. 60).

3.4.3 Medidas de tendência central As medidas de tendência central (ou média) referem-se a valores de uma variável que são típicos ou representativos de um conjunto de dados, isto é, eles são um valor em torno do qual uma grande proporção de outros valores está centralizada (SMAILES, 2009, p. 84).

As principais medidas de tendência central são: “a moda (a observação mais popular); a mediana (a observação central); a média” (SMAILES, 2007, p. 85). Segundo Levine (2008, p. 85), “a média aritmética (geralmente conhecida como média) é a medida de tendência central mais comum”. A média (aritmética) é uma medida estatística que é calculada simplesmente adicionando-se todos os possíveis valores de um conjunto de dados e dividindo-se o resultado pelo número de itens no conjunto de dados (SMAILES, 2007, p. 90).


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4 METODOLOGIA O projeto iniciou-se com a assinatura do termo de consentimento entre os pesquisadores e a Cooperativa Minasul, autorizando-os a realizar a pesquisa e a coleta de dados. Autorizada a coleta, o questionário –- com questões dicotômicas, abertas e de múltipla escolha – foi elaborado e aplicado em departamentos relevantes, no que tange aos funcionários, cooperados, produto comercializado e estrutura dos armazéns. O questionário estruturado foi aplicado entre 26 de setembro a 4 de outubro de 2011. Para a coleta das vendas, foi utilizado o histórico destas, disponível no site de Internet da cooperativa. O histórico de vendas dispõe de dados desde 18 de novembro de 2009. Para que uma análise comparativa mensal fosse consistente, foram utilizados os dados do dia 1 de dezembro de 2009 a 31 de outubro de 2011. Durante a aplicação do questionário foram realizadas duas entrevistas de opinião – uma, com um cooperado de Três Corações/MG, e outra com o gestor financeiro da cooperativa. Uma vez coletados, os dados – do questionário estruturado e das vendas – foram organizados e tabulados. Após a tabulação, os dados foram dispostos em gráficos para uma melhor compreensão e análise. Portanto, a realização do projeto foi dividida nas seguintes etapas: i.

Assinatura do termo de consentimento.

ii.

Elaboração do questionário estruturado.

iii.

Coleta de dados por meio do questionário estruturado.

iv.

Coleta do histórico das vendas realizadas.

v.

Entrevistas.

vi.

Análise dos dados coletados.

5 RESULTADO 5.1 A COOPERATIVA MINASUL A Cooperativa Minasul (Cooperativa dos Cafeicultores da Zona de Varginha Ltda.) foi fundada em 1958. Após quase liquidar-se em 1977, foi reestruturada e recuperada. Em 1980, adquiriu o seu segundo armazém, com um sistema moderno de rebeneficiamento de café. Deste ano até 1991, a empresa construiu a atual sede, aumentou sua capacidade de


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armazenamento e ampliou o seu número de associados. A partir de 1992, a empresa tornou-se referência no cooperativismo brasileiro. Realizou, em parceria com a Prefeitura Municipal de Varginha, dois seminários internacionais sobre o café – sendo estes eventos decisivos na formação da Associação dos Países Produtores de Café (APPC), com sede em Londres. A partir de 1995 foram firmados acordos com as cooperativas de café de Elói Mendes e Três Corações, ambas cidades de Minas Gerais. Foram comprados, destas cooperativas, os seus armazéns – o primeiro investimento da Cooperativa Minasul fora da cidade de Varginha (MINASUL, 2011). É a única cooperativa de café, com sede em Varginha, associada ao Centro do Comércio do Café do Estado de Minas Gerais (CCCMG) e também à Cooperativa Central de Cafeicultores e Agropecuaristas de Minas Gerais (COCCAMIG). A cooperativa encontra-se organizada em setores gerenciais específicos, de acordo com a figura 1.

Figura 1: Novo organograma da Minasul – reprodução. Fonte: Informativo Sicoob Credivar Minasul, 2011b.

5.2 FUNCIONÁRIOS A cooperativa possui 168 funcionários, sendo que 18% destes são terceirizados. Sobre o sexo dos funcionários, 21% são do sexo feminino. Ela também possui dois funcionários portadores de deficiência física e dois estagiários. O setor de assistência técnica é


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composto por 5 técnicos agrícolas e 5 engenheiros agrônomos. Todos os engenheiros agrônomos possuem especialização e 2 possuem Master of Science – pós-graduação. A assistência técnica não é terceirizada, porém, é cobrada adicionalmente por tipo de serviço e distância da lavoura. É oferecido, pela cooperativa, plano de saúde de cobertura nacional aos seus funcionários (e dependentes). Aos funcionários, também é oferecido vale transporte e cursos – relacionados ao café e informática. A cooperativa incentiva que seus funcionários façam cursos de nível superior. Existe um programa de planejamento de carreira com recrutamento interno (mudança de cargo). Entretanto, os empregados não possuem participação no resultado.

5.3 COOPERADOS A cooperativa possui 4407 cooperados sendo 84% do sexo masculino. Apenas 15% dos cooperados aderiram ao plano de saúde oferecido pela cooperativa, sendo, portanto, considerado de baixa adesão. Segundo o gráfico 1, Varginha é a cidade que tem o maior número de cooperados, 32%. Elói Mendes e Três Corações vêm em seguida, com 15% e 9%, respectivamente. Há outras cidades com número inferior a 35 cooperados, que, se somadas, totalizariam 868 cooperados, ou 19,7%. Varginha Outras cidades Eloi Mendes Três Corações Carmo da Cachoeira Cambuquira Monsenhor Paulo Conceição do Rio Verde Campanha Três Pontas Oliveira 0

250

500

750

1000

1250

1500

Gráfico 1: Número de cooperados por cidade. Fonte: questionário aplicado.

De acordo com o cooperado de Três Corações – que tem aproximadamente 40.000 pés de café – uma das vantagens de estar associado à Cooperativa Minasul é a garantia do


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melhor preço. O cooperado decide sobre colocar ou não, o seu café, à venda. Realizada a venda, a cooperativa demora até sete dias para realizar o pagamento ao cooperado e retém, geralmente, 4,89% da receita da venda para cobrir gastos diversos – sendo que destes: 2,4% destina-se à taxa de manutenção; 2,3% ao FUNRURAL; 0,09% para cobrir os seguros de transporte e armazenamento e 0,1% destina-se ao fundo de representatividade.

5.4 ARMAZÉNS Os 15 armazéns próprios – em 8 cidades do estado de Minas Gerais – possuem capacidade de armazenamento de 900.000 sacas de café. Cada armazém possui seguro e sistema de combate a incêndio, munidos de extintor. Há, também, a presença de no mínimo um brigadista e um socorrista por cidade. A verificação da umidade – fator importante que influi sobre a qualidade do produto – e a limpeza, são feitos diariamente. Segundo o gráfico 2, Varginha – com 6 armazéns próprios – possui 33% da capacidade de armazenamento. As cidades Carmo da Cachoeira e Cambuquira – cada uma com dois armazéns – vêm em seguida, com 16% e 15%, da capacidade de armazenamento, respectivamente. As outras cidades possuem apenas um armazém cada. Varginha Carmo da Cachoeira Cambuquira Monsenhor Paulo Elói Mendes Conceição Do Rio Verde Três Corações Oliveira 0

50000

100000

150000

200000

250000

300000

Gráfico 2: Capacidade de armazenamento máxima, em sacas de café (60kg), por cidade. Fonte: questionário aplicado.

A cooperativa ainda utiliza dois armazéns alugados – estes não tiveram dados divulgados. Segundo uma capacidade média de 60.000 sacas de café por armazém próprio, pode-se inferir que a capacidade de armazenamento total da Cooperativa Minasul supere 1 milhão de sacas.


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5.5 VENDAS DE CAFÉ Para esta análise, foi estudado o histórico das vendas de 1 de dezembro de 2009 a 31 de outubro de 2011. Segundo o gráfico 3, a Cooperativa Minasul obteve uma receita bruta total de R$567.936.930,49 com a venda de 1.589.315 sacas de café. Portanto, a receita bruta média por saca foi R$357,35. R$40.000.000,00 R$30.000.000,00 R$20.000.000,00 R$10.000.000,00

Set-11

Out-11

Ago-11

Jul-11

Jun-11

Abr-11

Mai-11

Mar-11

Fev-11

Jan-11

Dez-10

Out-10

Nov-10

Set-10

Ago-10

Jul-10

Jun-10

Abr-10

Mai-10

Mar-10

Fev-10

Jan-10

Dez-09

R$0,00

Gráfico 3: Receita bruta total, em reais, por mês. Fonte: site Minasul.

De acordo com o gráfico 4, pode-se notar a predominância da receita bruta gerada pelo café do tipo bebida dura – este tipo de bebida teve participação de 81,91% na receita bruta total. Seguido pelo café de bebida dura/riada e dura/riada/rio que tiveram 9,18% e 3,12%, respectivamente. A participação do café bebida dura na receita bruta mensal, no período analisado, esteve entre 67,48% e 93,43%, em fevereiro de 2010 e junho de 2011, respectivamente. De acordo com o gráfico 5, pode-se notar a valorização da receita média por saca de café bebida dura. R$40.000.000,00 R$30.000.000,00

DU DU/RD

R$20.000.000,00

DU/RD/RI ESCOLHA

R$10.000.000,00

MOLE RD/RI Dez-09 Jan-10 Fev-10 Mar-10 Abr-10 Mai-10 Jun-10 Jul-10 Ago-10 Set-10 Out-10 Nov-10 Dez-10 Jan-11 Fev-11 Mar-11 Abr-11 Mai-11 Jun-11 Jul-11 Ago-11 Set-11 Out-11

R$0,00

Gráfico 4: Receita bruta total, em reais, por tipo de bebida e mês. Fonte: site Minasul.

RIO


22 R$600,00 R$500,00 R$400,00 R$300,00 R$200,00 R$100,00

Out-11

Set-11

Ago-11

Jul-11

Jun-11

Mai-11

Abr-11

Mar-11

Fev-11

Jan-11

Dez-10

Nov-10

Out-10

Set-10

Ago-10

Jul-10

Jun-10

Mai-10

Abr-10

Mar-10

Fev-10

Jan-10

Dez-09

R$0,00

Gráfico 5: Receita média da saca de café bebida dura, por mês. Fonte: site Minasul.

Apesar do café de bebida dura apresentar maior participação na receita bruta total, o café de bebida mole foi o tipo de bebida que apresentou maior receita média por saca, cotado a R$402,23. O café de bebida dura teve receita média de R$383,02. A receita média mais baixa foi do café tipo escolha, R$171,73 por saca de café. A receita bruta parcial do ano de 2011 – até outubro – foi de R$271.993.342,75. Essa receita representa 101,99% da receita bruta total do ano de 2010. Se comparado para o mesmo período do ano anterior, a receita bruta de 2011, entre janeiro e outubro, foi 26,36% maior.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS Pelo estudo descritivo pode-se dizer que a Cooperativa Minasul é de grande porte e tem grande importância econômica para o município de Varginha e região. A Minasul reúne 4407 cooperados e emprega 168 funcionários. Com 15 armazéns próprios, possui uma capacidade de armazenamento de 900.000 sacas de café. No ano de 2010, a cooperativa registrou uma receita bruta de R$266.679.498,74 com a venda de 904.435 sacas de café. A bebida dura é o principal tipo de bebida comercializado. Em 2011, até outubro, a cooperativa já superou a receita bruta total do ano anterior. Futuros trabalhos podem ser feitos – por meio da metodologia de séries temporais – sobre as vendas de sacas de café, para que se possa fazer previsões sobre as vendas futuras.


23

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CENTRO DO COMÉRCIO DO CAFÉ DO ESTADO DE MINAS GERAIS. Curso de classificação e degustação de café verde. Varginha: s.n., 2011. CENTRO DO COMÉRCIO DO CAFÉ DO ESTADO DE MINAS GERAIS. Curso de classificação e degustação de café verde. Varginha: s.n., 2006. DEAN, W. A industrialização durante a república velha. In: FAUSTO, B. et al. História geral da civilização brasileira. O Brasil republicano: estrutura de poder e economia (18891930). 5. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1989. t. 3, v. 1, cap. 2, p. 249-269. DINIZ, M. H. Teoria geral do direito civil. Curso de direito civil brasileiro. 26. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. v. 1. FERREIRA, D. F. Estatística multivariada. Lavras: Editora UFLA, 2008. LEVINE, D. M. et al. Estatística: teoria e aplicações. Tradução de Tereza Cristina Padilha de Souza. Rio de Janeiro: LTC, 2008. MAGALHÃES, M. N. Noções de Probabilidade e Estatística. 7. ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2010. MARTINS, G. A. Estatística geral e aplicada. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2008. MATIELLO, J. B.; CARVALHO, F. Do cafezal ao cafezinho. Brasília: Instituto Brasileiro do Café (IBC), 1985. MINASUL. A cooperativa: história. Disponível em: <http://www.minasul.com.br> Acesso em 01 nov. 2011. INFORMATIVO SICOOB CREDIVAR MINASUL. Padrões de café Minasul. Varginha: 2011. ed. 145, ano 9, p. 13. INFORMATIVO SICOOB CREDIVAR MINASUL. Novo organograma da cooperativa. Varginha: 2011. ed. 141, ano 9, p. 15. PONIATOWSKI, M. Talleyrand aux États-Unis (1794-1796). Paris: Presses de la Cité, 1967. p. 171. REGO, J. M. et al. Economia Brasileira. São Paulo: Saraiva, 2006. SALES, J. R. Atividade Econômica. Espirito Santo da Varginha (MG): 1763-1920. Varginha: Gráfica Editora Sul Mineira, 2003. cap. 31, p. 276-290. SEBRAE-MG. Cultura da cooperação. Disponível em: <http://www.sebraemg.com.br/culturadacooperacao/cultura_cooperacao.htm> Acesso 24 out. 2011.


24

SINGER, P. Interpretação do Brasil: Uma experiência histórica de desenvolvimento. In: PIERUCCI, F. O. et al. História Geral da Civilização Brasileira. O Brasil Republicano: Economia e Cultura (1930-1964). 3. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1995. t. 3, v. 4, p. 209-216. SMAILES, J.; MCGRANE, A. Estatística aplicada à administração com Excel. Tradução de Cristiane Brito. São Paulo: Atlas, 2007.


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