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Beatriz Brandão
(1779/1868)
Mineira, de aristocrática família de Vila Rica, foi poetisa, educadora, musicista e tradutora. Escreveu cerca de quinhentas páginas de poesia que são, ainda hoje, pouco conhecidas, embora tenha participado intensamente da vida social, cultural e política do Brasil. Organizou recepção a D. Pedro I , no Teatro Municipal de Vila Rica, ocasião em que um coral de moças entoou o Hino do Fico, uma composição de sua autoria. ‘Já podeis da Pátria, ó filhos,/Ver contente a mãe querida!/Já raiou a liberdade/ No horizonte do Brasil’. Fundou a primeira escola de moças da cidade, regeu o coral da Igreja Matriz do Pilar e era prima de Maria Dorotéia, a célebre Marília de Dirceu
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SONETO Que tens, meu coração? Porque ansioso Te sinto palpitar continuamente? Ora te abrasas em desejo ardente, Outra hora gelas triste e duvidoso? Uma vez te abalanças valeroso A suportar da ausência o mal veemente; Mas logo esmorecido, descontente, Abandonas o passo perigoso? Meu terno coração, ela, resiste, Não desmaies, não tremas; pode um dia Inda o Fado mudar o tempo triste.
Suporta da saudade a tirania, Que ainda verás feliz, como já viste, Raiar a linda face da alegria.
SONETO Voa, suspiro meu, vai diligente, Busca os Lares ditosos onde mora O terno objeto, que minha alma adora, Por quem tanta aflição meu peito sente. Ao meu bem te avizinha docemente; Não perturbes seu sono: nesta hora, Em que a Amante fiel saudosa chora, Durma talvez pacífico e contente. Com os ares, que respira, te mistura; Seu coração penetra; nele inspira Sonhos de amor, imagens de ternura.
Apresenta-lhe a Amante, que delira; Em seu cândido peito amor procura; Vê se também por mim terno suspira.