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Claudia Alencar
(1948)
Poeta paulistana, é jornalista e contista. Publicou seu primeiro livro, Eu e a Vela, quando tinha 17 anos. Estudou física e lecionou design, mas nunca conseguiu abandonar a poesia. Aliás, ela mesma já disse que fazia versos antes de saber ler e escrever. Nos anos 60 participou do movimento Catequese Poética, liderado por Lindolf Bell. Já integrou a diretoria da UBE, colaborou com a revista Voz Lusíada e o jornal O Escritor. Outros livros de poemas publicados: Tempo de Mensagem, Os Súbitos Cristais e Paixão via Internet e outros delírios improváveis
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SEGREDO Retenho este segredo entre meus dedos, esfarelando-o aos poucos feito giz num movimento disfarçado e lento de quem quer revelá-lo mas não diz uma palavra sequer. E morde os lábios, para cortar o mal pela raiz.
PITANGAS Era uma febre, um delírio, Uma mandinga bem feita, cama com cheiro de lírio.
Era um delírio, uma febre, amor que não se endireita, quebranto que ninguém quebra, tremedeira de maleita, uma mulher e um ébrio de amor que não toma jeito. E ela, que não se emenda? Meus dedos fazendo renda com os pêlos do seu peito; o coração que se escuta pelo quarteirão inteiro; pitangas no travesseiro, cama com cheiro de fruta.