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Berenice Sicas Lamas
(1947)
Poeta potiguar, psicóloga e jornalista. Trabalhou na imprensa de Juiz de Fora, nos anos de chumbo da ditadura, mantendo a página Gente, Letras & Artes e a coluna diária “Clevane Comenta.” Já viveu em Belo Horizonte, São Luiz, São Paulo e Belém. Publicou vários livros de poemas: Asas de Água, Partes de Mim, Olhares teares, saberes e Erotíssima são alguns títulos. Hoje vive em Belo Horizonte.
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CICLO A fonte murmurante O rio rumoroso A cachoeira barulhenta Todos errantes, Participantes de uma orquestra Cujo regente Fica invisível à luz dos dias, Oculto à luz do luar, Torna-se dourado junto às luas claras... Mais tarde, serão Garoa Neblina Orvalho pranto: Sutis presenças Com lições de umidade, De humildade, De humanidade...
THEORGASMIA Desnuda parte do corpo, parte a alma E oferece a Marte, o espelho de Vênus, Onde observa a arte dos seios plenos Bela, curiosa, intimorata e calma... Em breve, dois deuses nus, Deu-se o fato, o olfato se aprofunda, A vulva, a pélvis, as nádegas, O falo, o talo, a flor profunda. Deus goza, enquanto, voyeur De tempos imemoriais, Interpreta todos os sinais. E o esperma divino banha o casal, Agora incapaz de distinguir o Bem do Mal.