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Ildefonsa Laura César

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Claudia Alencar

Claudia Alencar

(1774/1873)

Poeta baiana, estudou literatura, filosofia e línguas. Exerceu o magistério e é considerada a primeira escritora baiana a publicar sua produção poética em livro e talvez a primeira escritora brasileira a introduzir tonalidade erótica em poesia. Chocou seus contemporâneos por causa de sua ligação fora da lei com um estudante de medicina. Corajosa, enfrentou preconceitos e colocou em versos a sua paixão e a falta de liberdade para amar. Publicou Ensaios Poéticos (1844) e Lição a Meus Filhos (1854) No soneto publicado ao lado, ela faz uma releitura de Camões ao retratar um dos feminicídios mais caros à história da Bahia: o assassinato de Julia Fetal pelo noivo em 21/04/1847.

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À lamentável morte de D. Júlia Fetal

Estavas bela Júlia, descansada Na flor da juventude e formosura, Desfrutando as carícias e ternura Da mãe que por ti era idolatrada A dita de por todos ser amada Gozavas sem prever tua alma pura Que por mesquinho fado à sepultura Brevemente serias transportada... Eis que de fero algoz a destra forte Dispara sobre ti Júlia querida, O fatal tiro que te deu a morte! Dos olhos foi-te a luz amortecida E do rosto apagou-se, iníqua sorte, A branca, viva cor, com a doce vida

........................................................................ Quanto invejo da pastora O viver simples e bom! Mas a mim negou o fado, Não quis tivesse esse dom. ............................................................... Cantando à borda do rio, Que banha alegre mourada, Seus projetos executa Sem que seja censurada. Isenta de austeras leis, Pensa, ri, brinca se quer. Ignorando rigorismos É feliz onde estiver.

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