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Carmen Freire

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Claudia Alencar

Claudia Alencar

(1855/1891)

Poeta carioca nascida em família de poucos recursos, acabou casando muito jovem, (tinha apenas 13 anos) com o latifundiário e senador Barão Flávio Clementino da Silva Freire.Tornou-se grande anfitriã e notabilizou-se pelas famosas tertúlias poéticas, realizadas em seu palacete que era frequentado por nomes de destaque das nossas letras:Olavo Bilac, Guimarães Passos, Coelho Neto, Aluisio Azevedo e outros. Seus poemas só são publicados após a sua morte, em 1897, por iniciativa de amigos e admiradores.O título Visões e Sombras já insinua a ruína da família após a Abolição e a Proclamação da República.

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A LÁGRIMA Nascida na ternura ou na tristeza, Límpida gota dos orvalhos da alma, Tu, lágrima saudosa, muda e calma, Que força enorme tens nessa fraqueza? Possuis mais que o poder da realeza, Quando és filha da dor que o pranto acalma, E, qual gota de orvalho em verde palma, À pálpebra chorosa ficas presa! Estrela da saudade, flor de neve, Que o vento da tristeza faz brotar, Amo o teu brilho nessa luz tão breve Do breve globo teu… imenso mar Cujos fundos arcanos não se atreve Nem se atreveu ninguém jamais sondar! NO DESERTO Esperar?... para quê? Com o sol expira A esperança que tínhamos no dia, E é tão longa, tão lôbrega, tão fria A noite em que a alma incrédula suspira!

O desengano toda a fé retira Dos corações, enchendo-os de agonia... Bendito aquele que inda se alumia Da crença a doce e perfumada pira.

Passam-se os dias, para o céu levanto Os olhos cheias da maior tristeza E as minhas preces úmidas de pranto

Mas a voz do infeliz tem tais raízes Que, dentro da garganta fica presa, E Deus escuta apenas os felizes.

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