1 minute read
Amélia Rodrigues
(1861/1926)
Poeta baiana, romancista, professora,conferencista, teatróloga nasceu em Arraial daLapa (hoje município Amélia Rodrigues) e faleceu em Salvador.Como escritora imiciou-se muito jovem, colaborando na imprensa baiana, com grande êxito público. O primeiro poema de que se tem notícia é “Ser pobre” publicado em O Monitor, em 1879. Sua colaboração em jornal na década seguinte se amplia, pois,em 1882, experimenta outro gênero, a ficção, escrevendo um folhetim, O mameluco.Nas comemorações do seu centenário de nascimento, Amélia foi aclamada como a Gabreila Mistral brasileira.
Advertisement
JOANA ANGÉLICA Às crianças baianas Crianças! Aprendei de nossa História Um fato mais: tragédia desumana E vil, porém que cinge de honra e glória A fronte pura da mulher baiana. Vou resumi-lo para vós. Um dia, (Ao rebentar da Independência a luta) Pela cidade ouviu-se a correria Da soldadesca lusa, infrene e bruta. Queria sangue e oiro. Indescritível Era o seu ódio, o seu desbragamento Fere, mata… e depois, ímpia, terrível, Assalta e quebra as portas de um convento, O convento da Lapa, ninho santo, Onde viviam dignas brasileiras Como pombas de Deus, no doce encanto Da fé cristã. As inocentes freiras
Desmaiam de terror. Caíra morto O velho capelão, p’ra defendê-las… Nessa hora de pranto e desconforto Meu Deus! Meu Deus! O que seria delas? Madre Joana Angélica, a abadessa, Assoma à porta, que o machado abrira, E exclama, erguendo a virginal cabeça, E o braço firme, numa santa ira: “Ímpios!… para traz!… respeitai a morada Das servas do senhor!…” no mesmo instante, Tomba morta, de golpes traspassada… E a canalha cruel passa adiante, Pisando o nobre coração sem vida E a fronte branca, a resplender virtude, Da heroica mártir. Ó Pátria querida, Não a esqueças jamais!… Ó juventude, Recordai sempre o seu brilhante exemplo De pureza e coragem varonil! AS MULHERES POETAS NA LITERATURA BRASILEIRA Sacrificai-vos defendendo o templo, 33 O lar, a honra, o nome do Brasil!