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Colombina
(1882/1963)
Poeta paulistana, é considerada precursora da poesia sensual escrita por mulher. Publica seus primeiros versos parnasianos por volta de 1900, no jornal A Tribuna, de Santos, SP, sob o pseudônimo de Paula Brasil. Em 1906 funda a revista O Sorriso, em São Paulo. Seu primeiro livro de poesia, Vislumbres, é lançado em 1908. Seguiram-se Versos em Lá Menor (1930) e Lampião de Gás (1937). No início da década de 1930 atua como colaboradora nos jornais Fon-Fon, Careta e Jornal das Moças, com o pseudônimo Colombina. Outros livros de sua lavra: Distância (1948), Trovas (1955), Cantigas ao Luar (1960) e Rapsódia Rubra (1961).
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EXALTAÇÃO Olhas nos olhos meus. E eu vejo neste instante toda a terra subir a um céu que desconheço. Olho nos olhos teus. E fica tão distante o mundo: e todo o fel que ele contém, esqueço.
Sorris... e, contemplando o teu lindo semblante, o ideal de minha vida, enfim, eu reconheço. Falas... ouço-te a voz, e, impetuosa, radiante, num gesto de ternura, os lábios te ofereço.
Beijas a minha boca. E neste beijo grande – como uma flor que ao sol desabrocha e se espande – , todo o meu ser palpita e freme e vibra e estua. Tudo é um sonho, no entanto; o seu beijo... o meu crime. Mentirosa ilusão! Pobre ilusão que exprime somente o meu desejo imenso de ser tua!
A CARNE Exiges. É ciumenta e egoísta. Não admites qualquer rivalidade, ou que algo te suplante. És forte e audaz no teu domínio sem limites capaz de transformar a vida num instante, És mísera e brutal. Mas, nada obsta que agites e açambaques o mundo, e que essa alucinante e estranha sensação que aos humanos transmites, tenha, como nenhuma, um halo deslumbrante.
Oh, carne que possuis no teu imo maldito mais lodo que contém num charco pantanoso, mais esplendor, também, que os astros do Infinito … Rugindo de volúpia e de sensualidade, espalhando na terra apoteoses de gozo, ó, carne, serás tu a única verdade?