1 minute read

Lila Ripol

Next Article
Claudia Alencar

Claudia Alencar

(1905/1967)

Poeta gaúcha, foi pianista, professora e presença de destaque na literatura sul-riograndense. Miltante política, participou da frente intectual do Partido Comunista, em 1935. Conquistou prêmios importantes : Olavo Bilac, da Academia Brasileira de Letras, pelo livro de poemas Céu vazio(1941), e o Pablo Neruda da Paz, por Novos Poemas(1951)em Praga, na República Checa. Publicou seis livros de poemas--e depois do golpe de 64, foi presa, mas rapidamente libertada em função de sua saúde — sofria de um estado avançado de câncer.

Advertisement

POEMA VI Hoje pensar me dói como ferida. O próprio poema não é poema. Tem qualquer coisa de trágico. De sangue junto ao muro. De pétalas descidas. De véu cobrindo o retrato de um morto.

Hoje pensar me dói como ferida. Mas é uma imposição-pensar.

Não quero estado de graça, nem aceito determinismo. Só a morte é irreversível. A opressão do azul aumenta meu conflito, e é cruel escutar as razões da razão.

Quisera repartir-me no cristal da manhã.

Ser um pouco daquela rosa tocada de irrealidade; de tênue luz ferindo o espelho do rio; daquela estátua pudica que parece ter ressuscitado a inocência

Mas em vez disso, aqui estou: queimada em pensamentos, quebrados os instrumentos do sonho.

This article is from: