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Jacinta Passos
(1914/1973)
Poeta baiana, professora, jornalista, militante política e feminista, nasceu em família rural abastada da região de Cruz das Almas, no Recôncavo Baiano. Publicou 4 livros e um deles, Canção da partida(1945) foi ilustrado por Lasar Segall. Sua poesia, vigorosa e libertária, despertou interesse e atenção de nomes como Mário de Andrade, Antonio Candido, Sérgio Milliet e Roger Bastide. Nas palavras da filha, Jacinta foi católica fervorosa e se transformou em comunista ardorosa. Mesmo após o golpe de 1964, ela não abandonou a militância. Em 1965 foi detida quando pichava muros da cidade com palavras de ordem contrárias à ditadura.
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EU SEREI POESIA A poesia está em mim mesma e para além de mim mesma. Quando eu não for mais um indivíduo, eu serei poesia Quando nada mais existir ente mim e todos os seres, os seres mais humildes do universo, eu serei poesia. Meu nome não importa. Eu não serei eu, eu serei nós, serei poesia permanente, poesia sem fronteiras.
1935 Tenso como rede de nervos pressentindo ah! novembro de esperança e precipício.
Fruto peco.
Novembro de sangue e de heróis. Grito de assombro morto na garganta, soluço seco dor sem nome. Ferido. De morte ferido. Como um animal ferido. Luta de entranhas e dentes. Natal. Sangue. Praia Vermelha.
Sangue. Sangue. É quase um fio escorrendo sangrento tenaz por dentro dos cárceres, nas ilhas e nos corações que a esperança guardaram.