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Maria Carpi

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Claudia Alencar

Claudia Alencar

(1939)

Poeta gaúcha, é advogada, professora e defensora pública. Estreou madura com o livro de poemas Nos Gerais da Dor, 1990, premiado como revelação pela APCA. De lá para cá são 10 obras, entre elas Os Cantares da Semente (1996) A Migalha e a Fome (2000), A Força de Não Ter Força (2003), O Herói Desvalido (2006), A Chama Azul (2011) O Senhor da Matemática (2012) e O perdão imperdoável(2014). O reconhecimento da crítica veio através dos diversos prêmios recebidos pela poeta. Entre eles, figuram a Menção Honrosa no Casa de las Américas/1999, em Cuba, pelo As Sombras da Vinha.

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A semente é uma fenda no tempo. A única fenda.

Viver não nos salva. Morrer não nos liberta. A porta é estreita e semente.

O AVENTAL No centro da casa, uma vertente. No centro do movimento, o avental de minha mãe. As toalhas jamais sabiam secar-me. Ali acalmava as mãos interrompidas de voar. Ali as lágrimas e toda a trégua.

A PÁGINA BRANCA E A MIGALHA(poema 19) Só a página te dará a saber que estás despido. Tão penúria que começarás a revesti-la. Só a página te fará perceber que estás distante. Tão lonjura que começarás a visitá-la. E quanto mais te familiarizares com a página, mais ela te será um amor escuso, com cadeados

entre as vielas tortas e sua paz secreta. Com cancelas entre a querência e seu pampa aberto.

Ela recôndita e real; tu amador, viajante incerto, trôpego de propósitos, chegando a parte alguma.

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