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Stella Carr
(1939/2008)
Poeta carioca, veio para São Paulo com 4 anos e daqui nunca saiu. Estudou línguas, literatura, artes gráficas, antropologia e pré-história. Escreveu três livros de poesia, ilustrados por ela mesma: Tres viagens em meu rosto(1965), Matéria de abismo(1966) e Caderno de capa azul(1968)em coautoria com crianças. Por esse livro conquistou o Jabuti, em 1969, ano em que passa a escrever para jovens, dedicando-se inclusive à série juvenil de livros policiais e de suspense. Publicou mais de 40 livros nessa área e ganhou mais um Jabuti pela obra Acordar ou Morrer. Participou de leituras públicas de poesia com a Catequese Poética, nos anos 60.
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A CORRENTE Um rio imita o Tempo. Quanto passa, caminho de água na margem da água, corrente, minuto impossível — elo.
Um rio corta veia rua cadeia-viva a hora-morta de nem hoje ou amanhã. Um dia-tempo não, luz. Um rio flui infinito, cordilheiras, planícies, movimento no fundo do aquário redondo — rotação-translação. Um rio-rua com holofotes nos olhos fortes de luzes — tráfego — de milhões de seres transeuntes.
Passam, postes, pastam — rebanhos enrolam a lã luminosa, uns atrás dos outros.
O rio imita a rua. O mar imita a terra. O peixe imita o homem.