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Maria da Conceição Paranhos

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Claudia Alencar

Claudia Alencar

(1941)

Poeta carioca, estreou em livro em 1972, com o volume Gosto de fábula, chamando a atenção de alguns poucos críticos. Vinte anos depois veio A paixão em claro. Talvez o tempo transcorrido, entre uma publicação e outra, explique o apagamento de seu nome. Mas não justifica. Mais dez anos se passaram para a publicação de Sonata para Pandemônio(2002).E em 2007, ela trouxe à luz seu último livro:A estalagem do som.

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O AMOR O amor subverte todos os espaços, ocupa o relógio inteiro: explode as horas que não são suas. O amor dissolve o diário, calendário, lenda, brinca do que não existe. O amor rasga o fogo com os dentes: a surpresa ilumina.

SONATA ACHINCALHADA

1 (coisas de superegos) Canonizaram o esqueleto da burra. Entronizaram-lhe os quartos traseiros num andor. Suas mandíbulas atarracadas silvam bênçãos. Condenaram-na ao inferno.

2 (esquisitices de ego) Na algibeira da muleta carrego a panela de pressão social fervendo, e uma xícara de chacota sem açúcar. E resfolego, mula, sem pretender o Olimpo das belas letras, vou trôpega, vou pelo avesso empacada. Quem quiser que funcione: eu sou um parafuso a menos da máquina do mundo.

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