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Solange Padilha
(1941/2014)
Poeta mineira, fez mestrado em língua e literatura brasileira pela UFRJ --e vive no Rio de Janeiro. Em 1971, com os poemas ainda inéditos de Árias em Solidão Maior, conquistou o prêmio Fernando Chinaglia, da UBE. Onze anos depois, ganhou o mesmo prêmio. Mas, desta vez, com os contos de Abre a Janela, Maria! Participou da coletânea Com a Boca no Mundo(1985) e da antologia Sete Vozes(2004). Seu livro de estréia A Raiz do Tambor só foi publicado em 2011.
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DESTEMPERO Canto como quem risca a pedra, (Hilda Hilst) Nunca serei comedida. Do tronco velho de meus versos as palavras escorrem dilacerações sem pudor secreções de morte e vida. Sou um animal comovido. FIM DE SEMANA Despeço-me do mundo como quem arruma bolsas para um fim de semana. A vida abriu a boca e ouvi verdades desconhecidas. Calço pantufas e flutuo serena sem pressa. Feito um pássaro que abre as asas e se dilue no horizonte.
Despeço-me numa paz silenciosa.
VISITA — Menina, pega no cabideiro o chapéu do compadre que ele já vai com pressa! No feltro do chapéu do compadre um cheiro entranhado de suor salgado. Aroma desconhecido. Naquele chapéu descubro o cheiro de homem e era tão bom e com tanta gula cheirava que em encantei até o pecado.