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Leila Ferraz

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Claudia Alencar

Claudia Alencar

(1941/2003)

Poeta e ficcionista pernambucana, ensaísta e expert em artes plásticas. Já morou em Recife, Rio, mas viveu sempre em Goiânia, onde faleceu prematuramente. Dedicou-se à docência superior nas áreas de estética, história e sociologia da arte. Estreou em livro com Caminhos de Mim (1964). Já publicou mais de dez livros de poemas e recebeu vários prêmios (APCA,1985; Remington-RJ, 1980). Alguns títulos: Anima Mea(1984),Prometeu Americano(1996), Vrum(1999) e Chuva de Ouro(2000).

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PLANALTO CENTRAL Se eu abrir esta janela, não mais verei o mar salgado e as montanhas e não verei as praias com suas conchas, os veleiros, as brumas, tana espuma e nem o encanto alegre das amendoeiras. Se eu abrir esta janela, verei mongubas e paineiras; nenhuma pedra ou montanha: árvores baixas, retorcidas, parecendo um sofrimento, verei águas azuis e doces, sem balanços e um sol, um sol de tudo, um sol de rei.

Se eu abrir esta janela agora, enxugando com as costas da mão o suor da testa, de certa forma, apertando os olhos, me verei: é assim o mundo que eu entendo e gosto— meu mar salgado é no rosto.

AMOR Amor, se houve, eu tive. De lembrar o amor em poesia, minha alma sobrevive. MINHA ALMA É TRISTE Minha alma é triste como o cerrado goiano.

Minha alma existe sem ter achado o que amo.

Minha alma insiste ao menos na beleza:

poemas feitos de hibiscos — brincos rubros de princesa.

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