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Nilza Barude
(1943)
Poeta cearense, é formada em Direito e ex-professora de literatura da Universidade Federal do Ceará, colaboradora de revistas e movimentos literários como Pássaro, Siriará, O Saco. É imembro da Academia Cearense de Letras e publicou Água Insone, (1973), Cãtygua proençal,(1985), Sala de retratos (1998), Azul-Cobalto (2002) e Solitário Bandolim (2010), seu livro mais recente. Em prosa, publicou o romance Coração de Areia (1989), menção honrosa no Prêmio Graciliano Ramos da UBE do Rio de Janeiro. Um de seus ttemores é o de profanar a palavra. “Eu respeito muito a palavra, por isso não publico tanto”.
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VERBUM Uma época escrevi estórias com tanta ansiedade que não podia comer uma maçã. Não havia tempo para o detalhe. Palavra, eu fui palavra. Poderás avaliar o que é ser palavra? Fecha os olhos e compõe com tuas lembranças um território exaurido e descarnado, pasto de animais melancólicos, lagoas, cacimbas secas. Na terra, debaixo da oiticica, um monte de ossos. Preço que paguei sendo palavras. SILÊNCIO Atenta para a água que ressoa nos aquários, o caminhar de passos harmoniosos, pálpebras que baixam lentamente. Tudo prenuncia o silêncio.
MEDUSA Estamos ligados pelo tédio. O parentesco que pode mais que a sensibilidade dos felinos, o vento, o grito das flores, a engrenagem dos algarismos. Estamos ligados pelo tédio. A terrível e impiedosa epidemia que se apossa da alma, encurva a sombra dos meninos, cega os que bordam as palavras.