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Alice Ruiz
(1944)
Poeta paulista, é professora de literatura e vive em Sergipe. Fez sua estréia com o Livro das Auras (1994) já mostrando uma voz poética afinada e original. Livro de Possuídos(2002) confirma isso --e com Alumbramentos(2012) ela conquistou o prêmio Jabuti, de 2012. Seus 3 livros são considerados, segundo alguns críticos e apresentadores, como o que há de melhor na poesia contemporânea.
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CALLAS NA ESCALA ASCENDENTE Inteira, tua voz é um cone, torre de catedral, coisa tátil, que se avista, mutável como caleidoscópio. É fósforo, poço de petróleo: força que se arremessa das profundas da treva e que (de chofre) perfura com sua agulha as nuvens para ganhar penugem de pássaro e adejar (mui devagar) sobre o espírito. Foguete é tua voz em busca do buraco negro (olho terceiro) turbina que se aquece entre coração e cérebro e desenha ogivas de ignoradas paragens –onde leio flor, lâmina arcaica letra grega que não entendo mas que se inscreve no mármore dos altares. DESQUITE A água da pia tudo escoou. Onde o íntimo sabor daquele bolo de noivado? Apenas os talheres tagarelam na gaveta fechada. ABERTURA Entre caibros e telhas a trepadeira ganha a sua fenda e pende sobre o alpendre entregue finamente ao ar.
Minha vida dá flores.