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Ceres Marylise Rebouças

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Claudia Alencar

Claudia Alencar

(1944)

Poeta paulistana, ensaísta, tradutora, fotógrafa e artista plástica. Participou ativamente do Movimento Surrealista em São Paulo, de 1965 a 1970. Em 1968 foi para Paris onde estreitou contatos com o movimento surrealista internacional. Em 1977 lança seu primeiro livro de poemas: Cometas . Em 1980 seu segundo livro : Poemas Plásticos. Em 1998 publica poema e ensaio em Surrealist Women - An International Anthology editada pela University of Texas – Austin

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OS PRISIONEIROS Usei o negro como ponta de lança E o vermelho como razão agonizante Silenciei anarquicamente as portas Das mãos entrelaçadas Cobri montanhas traficadas e Infanta Escutei as histórias que nunca ouvi Abri os braços em revoluções do nada E mais alto subi abrindo o céu a unhadas Porque sou jovem Tresloucada Gêmea e apaixonada Gritando palavras de ordem Tirando panfletos da pedra Numa corrente de mãos e construindo barricadas

Entrevi um pedaço da história arrancada a palmadas Das ruas de Paris E se Não dormi e se não comi Fui corpo só pulsando sensitivo entre matracas Que tentavam impedir a melhor das trepadas A trepada do cio A trepada fecundada A trepada inesquecível A trepada que funde Viva a vida e viva a morte A trepada do corpo A trepada menstruada A trepada que para o tempo A trepada sem idades A trepada de todas as gentes A trepada sem pátria A trepada bastarda (esta trepada com a vida foi plenamente gozada em maio de 1968, em Paris)

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