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Deise Assumpção

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Claudia Alencar

Claudia Alencar

(1944)

Poeta carioca, ensaísta, pesquisadora e professora da UFMG. Tem diversos trabalhos, poesias, ensaios, estudos e pesquisas publicados em livros, internet, jornais, revistas, suplementos literários do Brasil e exterior. Autora, entre outros, de Lições de almanaque e Desertos . Atualmente tem programa na Rádio UFMG Educativa, chamado UM TOQUE DE POESIA, que vai ao ar todos os dias pela manhã e à noite.

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PARA ESCREVER UM POEMA não basta um pássaro ou uma flor: basta o escrever se é que basta: esse pão essa comida esse vinho do escrito à impressão.

Fica um grito entalado na garganta. Tudo o que temos não basta. É preciso tirar da morte da palavra esse silêncio bastante de si mesmo e ouvir uma canção inexistente. RETORNO RIMBAUD Farejo na areia os restos de um instante sem fim Cada minuto deixa o suave frescor de um mar longínquo Viajo além. Percorro a água revolta no barco de Rimbaud Deixando que o éter em mim se faça. Simbolista ultrapassado, o poeta ronrona no turbilhão de vertigens pós-tudo. Toma o chá da luxúria e rasto atrás não deixa. Brinca nos intercursos da palavra, e De um segundo a outro, deixa a leveza passar inteira. Seu caminho asperamente se refaz na areia 12345 conta a dedo as conchas apanhadas e some com a onda envolto em si mesmo.

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