Stephen Law sobre Kant Moralidade e racionalidade Immanuel Kant defende que os princípios morais podem ser obtidos da razão prática. Se isso for verdade, pensava, poderemos explicar as características da moral. Para ele, a moral é universal: um conjunto de regras iguais para todos. Tem de ser possível toda a gente agir moralmente (mesmo que seja muito improvável que todos o façam). A razão também é universal, igual em todos os seres racionais. A moral e a racionalidade são categóricas; as exigências para se ser racional e virtuoso não mudam dependendo do que queremos. E nós pensamos que a moral se aplica a todos os seres racionais e não só aos humanos. A moral não se aplica a seres que não podem fazer escolhas racionais, como os cães e os gatos (os animais portam-se mal, mas não agem de forma moralmente incorrecta) Stephen Law, Filosofia, tr. Maria José Barbosa, Civilização, p. 105. Não podemos esperar que os nossos deveres sejam cumpridos por uma autoridade superior, nem impostos pelas nossas emoções: temos de os descobrir nós mesmos pelo uso autónomo da razão. Só a razão é universal e pode fazer exigências universais ao nosso comportamento. Assim, o que torna uma acção moral é o facto de ser motivada por uma aceitação racional do dever, não outro motivo qualquer, como o egoísmo, a culpa ou a compaixão. Stephen Law, Filosofia, tr. Maria José Barbosa, Civilização, p. 297.
O imperativo categórico Podemos descobrir os nossos deveres comparando as nossas máximas com aquilo a que Kant chamava o imperativo categórico: «Age apenas segundo uma máxima tal que possas querer ao mesmo tempo que ela se torne uma lei universal». Kant não diz que uma acção como roubar é incorrecta porque não gostaríamos das consequências se toda a gente o fizesse. Trata-se de testar se poderíamos escolher («querer») a nossa máxima como lei universal. Trata-se de testar o que é possível escolher, e não o que gostaríamos de escolher. Optar por comportar-se de um modo que é impossível toda a gente seguir é imoral e irracional, devendo ser rejeitado. Stephen Law, Filosofia, tr. Maria José Barbosa, Civilização, p. 106.