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“As minhas férias são todas gastas nos ralis”
aquilo que ele me disse para ele ver a estrada e assimilar tudo com sentido, podendo mudar uma coisa ou outra, porque à terceira passagem, já vai ser em corrida. Tudo implica ritmos, acelerações, graus das curvas, comprimento das curvas, pontos de travagem, obstáculos que aparecem no caminho, tudo isso é descrito para, quando formos a um ritmo elevado de corrida, conseguirmos rapidamente saber o que devemos fazer”, descreve.
Há 30 anos nas lides da navegação de ralis, José Teixeira, subdiretor da ESPAMOL e docente de TIC, sempre adorou automóveis e corridas e aos 14 anos, no Rali do Algarve, já acompanhava os pilotos a andar pelos sítios, a tirar notas e a reconhecer os terrenos antes das provas. Foi assim que começou a alimentar a grande paixão que hoje vive como copiloto. Chegou a colaborar com pilotos de nomeada, campeões nacionais e até estrangeiros.
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Aos 21 anos surgiu o primeiro convite para fazer o campeonato nacional de iniciados e a partir daí não mais parou. Trabalhou com vários pilotos e, desde há onze anos, faz dupla com Ricardo Teodósio, na equipa ‘Team Hyunday Portugal’.
O papel de um copiloto
Nos ralis, sobressaem os nomes dos pilotos, porém a figura do navegador, demasiado importante, convém destacar também. “Isto requer muito trabalho não só na prova, mas muito antes, duas a três semanas, quando a mesma começa a ser preparada. Têm de ser muito bem lidos os regulamentos (todos anos são atualiza- dos) e ver eventuais alterações. Temos de saber como é o desenrolar da prova, ver as nossas presenças, onde é que temos de estar, quando é que podemos ir reconhecer, onde são os troços, tudo isso é apenas uma parte do trabalho”, explica José Teixeira.
“Numa equipa oficial, como aquela em que estou, temos outros agentes que planeiam as coisas comigo, mas em estruturas mais amadoras, é o copiloto que faz tudo sozinho. No fim de semana da prova, o trabalho do copiloto é pôr em prática tudo o que planeou e informar os mecânicos, os engenheiros, toda a estrutura, onde é que têm de estar, como se vai desenrolar a prova, como são as verificações técnicas, as documentais, os 'briefings', etc.”, acrescenta.
Nos reconhecimentos dos percursos, o copiloto serve-se de um ‘road book’ que indica os sítios por onde vai passar a prova. “Nos troços, o Ricardo vai descrever o que vê (a sua maneira de interpretar a estrada) e eu vou escrevendo através dos meus códigos o que ele diz. Numa segunda passagem no mesmo percurso, vai ser ao contrário, em que eu lhe vou dizer
Atualmente, José Teixeira faz parte de uma estrutura grande, talvez a maior do campeonato nacional. “Nós temos dois carros na equipa (dois pilotos e dois copilotos), quatro mecânicos e um engenheiro para cada carro, temos pessoal da comunicação, da logística, do catering, num universo de mais de 20 pessoas. Isto é uma estrutura grande que pode competir com outras equipas de topo”, afirma.
‘O coração nas mãos’
No início da carreira, existia uma preocupação grande que mexia com o nervosismo, mas que foi desaparecendo. “Atualmente, não sinto nada. Não me preocupo, apenas tento fazer o melhor e tenho confiança extrema em quem vai a conduzir, numa cumplicidade mútua, em que gostamos e acreditamos um no outro e, para além disso, há uma grande amizade. Passamos muito tempo juntos, levamos dias e dias a falar da mesma coisa e tem de haver uma boa relação para que as coisas possam correr bem”, refere. Como piloto no seu carro não costuma acelerar, “a adrenalina sai toda nas corridas, o que não quer dizer que uma pessoa não goste de andar depressa uma vez ou outra e tenha as suas brincadeiras”
Título e momentos marcantes
Os momentos mais marcantes, diz, foram os dois títulos nacionais absolutos, 2019 e 2021.
DIRETOR: Rui Pires Santos • REDAÇÃO: Ana Sofia Varela
FOTOGRAFIA: Eduardo Jacinto, Kátia Viola
“Especialmente o de 2019, porque foi conquistado em casa, no Algarve, onde tínhamos a nossa família, os amigos e muita gente a apoiar. Os festejos foram na Praia da Rocha e foi muito bonito ver a praia toda de amarelo florescente. O outro momento foi o segundo título, muito engraçado por ser fora, em Mortágua, com muita gente a apoiar-nos também”, recorda. José Teixeira foi também duas vezes campeão nacional de produção (grupo N) e campeão regional diversas vezes. Qualquer vitória fica marcada e os momentos menos bons também, mas há outros momentos engraçados. Há uns anos, na Serra da Fóia num dia de temporal, com muita chuva, vento, nevoeiro onde, num troço, ao fundo de uma curva estava um sujeito com uma gabardine sem nada por baixo e quando os carros passavam, abria a gabardine… E então no final, era quem mais podia rir e ninguém queria saber dos resultados. Eram todos a perguntar: “…viste o gajo, viste o gajo?!”, lembra.
Objetivos
O objetivo do ano, a revalidação do título nacional, já foi alcançado, mas não esconde que gostaria de ter internacionalizado a carreira. Embora a dupla faça uma ou outra prova no estrangeiro, o grosso tem sido em território nacional. “Infelizmente Portugal é um país muito pequeno e as empresas não apostam na modalidade em termos internacionais que nos permita ir lá para fora. Há um ou outro piloto que vai, mas nunca com os mesmos meios dos outros estrangeiros”, lamenta.
Os custos de um rali
Os ralis, ao mais alto nível, rondam valores muito altos. “Os carros de Rali 1 (mundial e europeu) ultrapassam valores de um milhão de euros. Os de Rali 2 (campeonato nacional) ultrapassam o meio milhão, contando com o
• COLABORADORES: Hélio Nascimento material suplente e a manutenção. Fazer só o campeonato nacional, retirando o valor do carro, ronda quatrocentos mil euros. Só desde 2018 é que conseguimos estar ao mesmo nível das outras equipas, pois conseguimos rodear-nos de parceiros, com patrocínios que nos possibilitaram ser campeões duas vezes. Até essa altura andávamos no grupo N (divisão inferior) porque não tínhamos meios financeiros”, explica.
Os ralis e a escola
Sendo subdiretor e docente de TIC, a escola é a outra parte que consegue solucionar. “Costumo dizer que as minhas férias são todas gastas nos ralis. Quando os outros vão de férias eu fico a trabalhar. É um sacrifício que faço. Mas essa parte não é a mais difícil, pois consigo conciliar com a grande ajuda da minha equipa diretiva. Para todas as provas levo o meu computador e estou sempre contactável. As minhas aulas são programadas de forma as poder dar de acordo com as provas e em termos de direção, planeamos tudo devidamente. É claro que quando chego tenho sempre algumas coisas para resolver, mas, com boa vontade, tudo se consegue fazer.”
Vida feliz
“Andar nos ralis, é a minha terapia e quando vou para uma prova, venho de lá novo. Posso vir fisicamente cansado, mas espiritualmente venho a estrear. Posso dizer que o sonho de criança, consegui realizá-lo e nunca pensei que fosse possível. São aquelas coisas que sonhamos e quando estamos nelas, parece que é mentira. Mas quando uma pessoa muito quer e muito trabalha para isso, acaba por conseguir”, salienta José Teixeira.
Trabalho produzido pelo Agrupamento ESPAMOL José Inácio Sequeira
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José Guerreiro Optometrista Solamparo Ópticas