MAIOR DE 60 JANEIRO 2016

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Janeiro de 2016 Ano 9 - Nº 100

SAÚDE

Os cuidados com os olhos durante o verão A conjuntivite é bastante comum no verão, pois a bactéria se prolifera em altas temperaturas.

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Antonio dos Reis/Arquivo pessoal

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CONVITE

Campo Bom promove rústica de Aniversário Ainda dá tempo para se inscrever e participar, para homenagear o aniversário de Campo Bom.

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Divulgação

A farsa da crise da Previdência Social A professora e pesquisadora do Instituto de Economia da UFRJ, Denise Gentil, em sua tese de doutorado “A falsa crise da Seguridade Social no Brasil: uma análise financeira do período 1990 – 2005″, destroça os mitos oficiais que encobrem a realidade da Previdência Social no Brasil. Nela, afirma que uma gigantesca farsa contábil transforma em déficit o superávit do sistema previdenciário, e que boa parte desse excedente vem sendo desviado para cobrir outras despesas, especialmente de ordem financeira. Em entrevista ao Jornal da UFRJ, ela explicou por que considera insuficiente o novo cálculo para o sistema proposto pelo governo e mostra que, subjacente ao debate sobre a Previdência, se desenrola um combate entre concepções distintas de desenvolvimento econômico-social.

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OPINIÃO

APOSENTADOS, UNÍ-VOS Vílson Moraes

Aposentado / ex-presidente da Atapnh

Mortídas O Phêda viachô e endrô no hodél tá zitátessínha to interiôa, brá betír um guárdo. Na rezepssôn, engosdáto no palcôn dinha um gliênt e ao láto têl, um môpas, gôn gára te pôcs amíco. - O dêu gajôro mórte, uma vêiz? - Nôn, tís êl. Taí o Phêda breenjêu a fích, becô a jáve to guárdo e zê apachô brá fassê um gafuné no gajorínho e levô uma mortída no têdo, gue jecô a zancrá. - Máiz o zenhôr não tís gue o dêu môpas non mortía? - E êl non mórte mesmo, êsde aguí non é meu!

Dizem, à boca pequena, que o Estatuto do Idoso significa o resgate da dívida histórica da sociedade brasileira e do Congresso Nacional para com os idosos deste país. Pois eu vos digo que o verdadeiro resgate ainda está por vir e pelo qual anseiam milhões de idosos aposentados desta nação, que teima em se dizer “Um país de todos”. Vale dizer uma aposentadoria igualitária, sem exceção, baseada em critério para o seu reajustamento, de maneira continuada, ano após ano, com base na inflação do ano anterior, acrescida do PIB de dois anos antes. Este é o acordo que o governo construiu com as Centrais Sindicais para o salário mínimo por tempo indeterminado, que se estenda para os demais benefícios até atingir patamar condizente com as reais necessidades de todos nós. E é por isto que os aposentados anseiam, embora o veto do Executivo que, confiamos, o Congresso venha a derrubar. De nossa parte, quando à frente da Associação dos Trabalhadores Aposentados e Pensionistas de Novo Hamburgo, no dia seguinte às eleições de 2010, acionamos senadores e deputados federais para a instalação de auditoria nas contas da Previdência Social desde os seus primórdios, para saber onde foi parar o nosso rico dinheirinho. A única resposta que recebemos, talvez apenas por desencargo de consciência, foi da senadora Ana

Amélia, prometendo atenção especial, dada a sua legitimidade, mas até agora nada mudou. Aposentados, uni-vos. E que Deus, que tudo sabe por que tudo vê, nos dê forças para prosseguir nesta caminhada. A todos vocês, aposentados e pensionistas pelo Regime Geral da Previdência Social (RGPS), os meus respeitos e total solidariedade.

Um malúc endrô no capinêt to tiretõa gôn a orelha zancrãnto e tís: - Totôr, eu mortí a minha orelha, uma vêiz. - Ach, du é malúc (ele era mêsmo), ísdo é inbozível. Gômo du ia alganzá a bróbria orelha, uma vêiz, dampên?” - Eu zupí nun panquínho!

CLOSSÁRIO Aguí - aqui Alganzá - alcançar Amíco - amigo Apachô – abaixou Becô – pegou Bergundá perguntar Betír – pedir Breenjêu – preencheu Bro - pro Bróbria - própria Capinêt - gabinete Cumôia – bom dia Dampên - também Dêu – teu

Endrô – entrou Engosdáto – encostado Erádo - Errado Êsde – este Fassê – fazer Fích – ficha Gafuné – cafuné Gajorínho – cachorrinho Gajôro – cachorro Gára – cara Gliênt - cliente Gôn – gon Guárdo – quarto Hodél – hotel

Inbozível impossível Interiôa – interior Jáve – chave Jecô – chegou Láto – lado Malúc - maluco Môpas – cachorro Mórte – morde Mortí - mordi Mortía – mordia Mortída – mordida Palcôn – balcão Panquínho banquinho Phêda – pedro

Nosso Jornal também está a disposição nas Tabacarias: São Leopoldo Campo Bom CNPJ: 12.322.553/0001-40 Inscrição Municipal: 6882 Rua Júlio de Castilhos, 600 CEP 93900-000 - Ivoti - RS Fone: 51.8456.4614

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Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores

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SAÚDE

Oftalmologista alerta para cuidados com os olhos durante o verão Orlando Kissner/ Fotos Públicas

Exercícios físicos podem reduzir riscos do Alzheimer, aponta estudo

Uma pesquisa desenvolvida em Rio Claro, no interior paulista, comprovou que, ao sair do sedentarismo, um grupo de idosos conseguiu reduzir sintomas característicos de uma predisposição ao Alzheimer, doença degenerativa que afeta os neurônios e leva à demência. A constatação está na tese de doutorado de Carla Manuela Crispim Nascimento, formada em educação física, trabalho conjunto da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e da Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR). O verão começou no último dia 21 de dezembro. Durante a estação, com dias mais quentes e maior exposição ao sol, os cuidados com a saúde, principalmente com os olhos, devem aumentar. Os raios ultravioleta (UVB) estão mais agressivos nesta época do ano, quando os riscos de queimaduras, irritações na córnea e doenças infecciosas também são mais frequentes. Segundo Marcus Sáfady, presidente da Sociedade Brasileira de Oftalmologia, a exposição prolongada aos raios solares, sem proteção adequada, pode acarretar a ceratite actínica e o pterígio. "A ceratite actínica é uma inflamação na córnea, que costuma ocorrer em pacientes expostos de 6 horas a 12 horas ao sol. Os sintomas são vermelhidão, dor na região e sensação de areia. O tratamento é feito com aplicação de soro fisiológico." "Já o pterígio, alteração na membrana que recobre o olho, é resultado de anos de exposição ao sol e à poeira. A doença é caracterizada pelo crescimento de uma massa vermelha na direção da córnea, causando desconforto. Com os sintomas, deve-se procurar um oftalmologista para indicação de colírio adequado e, nos casos mais graves, do procedimento cirúrgico", salientou Sáfady.

Para evitar problemas nos olhos, ele recomenda o uso de bonés e óculos escuros de qualidade, com proteção contra a radiação UVA e UVB que, em excesso, podem causar danos irreversíveis. "O filtro UV protege a visão dos raios solares. As lentes escuras de qualidade duvidosa são ainda mais perigosas, pois, ao utilizá-las, a pupila do paciente dilata, permitindo a entrada de uma quantidade maior de radiação. O uso prolongado dessas lentes pode causar catarata", explicou. A conjuntivite também é bastante comum no verão, pois a bactéria transmissora se prolifera principalmente em altas temperaturas. A inflamação, que tem os mesmos sintomas da ceratite actínica, é contagiosa e causada, entre outros fatores, por água do mar contaminada e excesso ou falta de cloro em piscinas. O tratamento é com aplicação de água filtrada ou soro fisiológico. Recomenda-se evitar locais com alta concentração de pessoas. De acordo com o presidente da Sociedade Brasileira de Oftalmologia, qualquer tratamento deve ser prescrito por um oftalmologista. Ele acrescentou que medicamentos, como pomadas e colírios, não devem ser usados sem prescrição médica. Agência Brasil

Fonte EBC

Rústica de Aniversário O esporte será uma das atrações do aniversário de 57 anos de Campo Bom, no dia 31 de janeiro. A Rústica de Aniversário da Cidade de Campo Bom, que conta com o apoio da Secretaria de Esporte e Lazer (SMEL), terá largada às 19h, no Largo Irmãos Vetter. No evento, seis quilômetros serão percorridos no trajeto pela cidade, que tem encerramento previsto para as 20h. Os interessados poderão se inscrever em 11 categorias masculinas e femininas, sendo elas: de 20 a 24 anos; 25 a 29; 30 a 34; 35 a 39; 40 a 44; 45 a 49; 50 a 54; 55 a 59; 60 a 64; 65 a 69 e acima de 70 anos. Para saber mais sobre a atividade e garantir participação, basta entrar em contato com a SMEL pelo telefone 3598.8600, ramal 8742.


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GERAL

A farsa da crise da Previdência Social

Em tese de doutorado, pesquisadora denuncia a farsa da crise da Previdência Social no Brasil forjada pelo governo com apoio da imprensa Com argumentos insofismáveis, Denise Gentil destroça os mitos oficiais que encobrem a realidade da Previdência Social no Brasil. Em primeiro lugar, uma gigantesca farsa contábil transforma em déficit o superávit do sistema previdenciário, que atingiu a cifra de R$ 1,2 bilhões em 2006, segundo a economista. O superávit da Seguridade Social – que abrange a Saúde, a Assistência Social e a Previdência – foi significativamente maior: R$ 72,2 bilhões. No entanto, boa parte desse excedente vem sendo desviada para cobrir outras despesas, especialmente de ordem financeira – condena a professora e pesquisadora do Instituto de Economia da UFRJ, pelo qual concluiu sua tese de doutorado “A falsa crise da Seguridade Social no Brasil: uma análise financeira do período 1990 – 2005″. Nesta entrevista ao Jornal da UFRJ, ela ainda explica por que considera insuficiente o novo cálculo para o sistema proposto pelo governo e mostra que, subjacente ao debate sobre a Previdência, se desenrola um combate entre concepções distintas de desenvolvimento econômico-social. Eis a entrevista: A idéia de crise do sistema previdenciário faz parte do pensamento econômico hegemônico desde as últimas décadas do século passado. Como essa concepção se difundiu e quais as suas origens? A idéia de falência dos sistemas previdenciários públicos e os ataques às instituições do welfare state (Estado de Bem – Estar Social) tornaram-se dominantes em meados dos anos 1970 e foram reforçadas com a crise econômica dos anos 1980. O pensamento liberal-conservador ganhou terreno no meio político e no meio acadêmico. A questão central para as sociedades ocidentais deixou de ser o desenvolvimento econômico e a distribuição da renda, proporcionados pela intervenção do Estado, para se converter no combate à inflação e na defesa da ampla soberania dos mercados e dos interesses individuais sobre os interesses coletivos. Um sistema de seguridade social que fosse universal, solidário e baseado em princípios redistributivistas conflitava com essa nova visão de mundo. O principal argumento para modificar a arquitetura dos sistemas estatais de proteção social, construídos num período de crescimento do pós-guerra, foi o dos custos crescentes dos sistemas previdenciários, os quais decorreriam, principalmente, de uma dramática trajetória demográfica de envelhecimento da população. A partir de então, um problema que é puramente de origem

sócio-econômica foi reduzido a um mero problema demográfico, diante do qual não há solução possível a não ser o corte de direitos, redução do valor dos benefícios e elevação de impostos. Essas idéias foram amplamente difundidas para a periferia do capitalismo e reformas privatizantes foram implantadas em vários países da América Latina.

sobre o Lucro Líquido), a CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira) e a receita de concursos de prognósticos. Isso está expressamente garantido no artigo 195 da Constituição e acintosamente não é levado em consideração.

No Brasil, a concepção de crise financeira da Previdência vem sendo propagada insistentemente há mais de 15 anos. Os dados que você levantou em suas pesquisas contradizem as estatísticas do governo. Primeiramente, explique o artifício contábil que distorce os cálculos oficiais.

Fiz um levantamento da situação financeira do período 1990-2006. De acordo com o fluxo de caixa do INSS, há superávit operacional ao longo de vários anos. Em 2006, para citar o ano mais recente, esse superávit foi de R$ 1,2 bilhões. O superávit da Seguridade Social, que abrange o conjunto da Saúde, da Assistência Social e da Previdência, é muito maior. Em 2006, o excedente de recursos do orçamento da Seguridade alcançou a cifra de R$ 72,2 bilhões. Uma parte desses recursos, cerca de R$ 38 bilhões, foi desvinculada da Seguridade para além do limite de 20% permitido pela DRU (Desvinculação das Receitas da União). Há um grande excedente de recursos no orçamento da Seguridade Social que é desviado para outros gastos. Esse tema é polêmico e tem sido muito debatido ultimamente. Há uma vertente, a mais veiculada na mídia, de interpretação desses dados que ignora a existência de um orçamento da Seguridade Social e trata o orçamento público como uma equação que envolve apenas receita, despesa e superávit primário. Não haveria, as-

Tenho defendido a ideia de que o cálculo do déficit previdenciário não está correto, porque não se baseia nos preceitos da Constituição Federal de 1988, que estabelece o arcabouço jurídico do sistema de Seguridade Social. O cálculo do resultado previdenciário leva em consideração apenas a receita de contribuição ao Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) que incide sobre a folha de pagamento, diminuindo dessa receita o valor dos benefícios pagos aos trabalhadores. O resultado dá em déficit. Essa, no entanto, é uma equação simplificadora da questão. Há outras fontes de receita da Previdência que não são computadas nesse cálculo, como a Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social), a CSLL (Contribuição Social

A que números você chegou em sua pesquisa?


MAIOR DE 60 | JANEIRO DE 2016 | 5 entendeu que o mercado excluirá a todos nessas circunstâncias.

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sim, a menor diferença se os recursos do superávit vêm do orçamento da Seguridade Social ou de outra fonte qualquer do orçamento. Interessa apenas o resultado fiscal, isto é, o quanto foi economizado para pagar despesas financeiras como juros e amortização da dívida pública. Por isso o debate torna-se acirrado. De um lado, estão os que advogam a redução dos gastos financeiros, via redução mais acelerada da taxa de juros, para liberar recursos para a realização do investimento público necessário ao crescimento. Do outro, estão os defensores do corte lento e milimétrico da taxa de juros e de reformas para reduzir gastos com benefícios previdenciários e assistenciais. Na verdade, o que está em debate são as diferentes visões da sociedade, de desenvolvimento econômico e de valores sociais.

GERAL

E são recursos que retornam para a economia?

É da mais alta relevância entender que a Previdência é muito mais que uma transferência de renda a necessitados. Ela é um gasto autônomo, quer dizer, é uma transferência que se converte integralmente em consumo de alimentos, de serviços, de produtos essenciais e que, portanto, retorna das mãos dos beneficiários para o mercado, dinamizando a produção, estimulando o emprego e multiplicando a renda. Os benefícios previdenciários têm um papel importantíssimo para alavancar a economia. O baixo crescimento econômico de menos de 3% do PIB (Produto Interno Bruto), do ano de 2006, seria ainda menor se não fossem as exportações e os gastos do Há uma confusão entre as noções de Previdên- governo, principalmente com Previdência, que cia e de Seguridade Social que dificulta a com- isoladamente representa quase 8% do PIB. preensão dessa questão. Isso é proposital? De acordo com a Constituição, quais são exataHá uma grande dose de desconhecimento no mente as fontes que devem financiar a Seguridebate, mas há também os que propositadamen- dade Social? te buscam a interpretação mais conveniente. A Previdência é parte integrante do sistema mais A seguridade é financiada por contribuições amplo de Seguridade Social. ao INSS de trabalhadores empregados, autônoÉ parte fundamental do sistema de proteção mos e dos empregadores; pela Cofins, que incide social erguido pela Constituição de 1988, um dos sobre o faturamento das empresas; pela CSLL, maiores avanços na conquista da cidadania, ao pela CPMF (que ficou conhecida como o imposdar à população acesso a serviços públicos es- to sobre o cheque) e pela receita de loterias. O senciais. Esse conjunto de políticas sociais se sistema de seguridade possui uma diversificada transformou no mais importante esforço de cons- fonte de financiamento. É exatamente por isso trução de uma sociedade menos desigual, asso- que se tornou um sistema financeiramente susciado à política de elevação do salário mínimo. tentável, inclusive nos momentos de baixo cresA visão dominante do debate dos dias de hoje, cimento, porque além da massa salarial, o lucro e entretanto, frequentemente isola a Previdência o faturamento são também fontes de arrecadação do conjunto das políticas sociais, reduzindo-a a de receitas. Com isso, o sistema se tornou menos um problema fiscal localizado, cujo suposto dé- vulnerável ao ciclo econômico. Por outro lado, a ficit desestabiliza o orçamento geral. Conforme diversificação de receitas, com a inclusão da taargumentei antes, esse déficit não existe, conta- xação do lucro e do faturamento, permitiu maior bilmente é uma farsa ou, no mínimo, um erro de progressividade na tributação, transferindo renda interpretação dos dispositivos constitucionais. de pessoas com mais alto poder aquisitivo para Entretanto, ainda que tal déficit existisse, a as de menor. sociedade, através do Estado, decidiu amparar as pessoas na velhice, no desemprego, na doença, Além dessas contribuições, o governo pode na invalidez por acidente de trabalho, na mater- lançar mão do orçamento da União para cobrir nidade, enfim, cabe ao Estado proteger aqueles necessidades da Seguridade Social? que estão inviabilizados, definitiva ou temporariamente, para o trabalho e que perdem a possibiÉ exatamente isso que diz a Constituição. As lidade de obter renda. São direitos conferidos aos contribuições sociais não são a única fonte de cidadãos de uma sociedade mais evoluída, que custeio da Seguridade. Se for necessário, os re-

cursos também virão de dotações orçamentárias da União. Ironicamente tem ocorrido o inverso. O orçamento da Seguridade é que tem custeado o orçamento fiscal. O governo não executa o orçamento à parte para a Seguridade Social, como prevê a Constituição, incorporando-a ao orçamento geral da União. Essa é uma forma de desviar recursos da área social para pagar outras despesas? A Constituição determina que sejam elaborados três orçamentos: o orçamento fiscal, o orçamento da Seguridade Social e o orçamento de investimentos das estatais. O que ocorre é que, na prática da execução orçamentária, o governo apresenta não três, mas um único orçamento chamandoo de “Orçamento Fiscal e da Seguridade Social”, no qual consolida todas as receitas e despesas, unificando o resultado. Com isso, fica difícil perceber a transferência de receitas do orçamento da Seguridade Social para financiar gastos do orçamento fiscal. Esse é o mecanismo de geração de superávit primário no orçamento geral da União. E, por fim, para tornar o quadro ainda mais confuso, isola-se o resultado previdenciário do resto do orçamento geral para, com esse artifício contábil, mostrar que é necessário transferir cada vez mais recursos para cobrir o “rombo” da Previdência. Como a sociedade pode entender o que realmente se passa?


GERAL

ma da previdência é tratada como inevitável. Depois que o Fórum da Previdência for instalado, vão começar os debates, as disputas, a atuação dos lobbies e é impossível prever qual o grau de controle que o governo vai conseguir sobre seus rumos. Se os movimentos sociais não estiverem Não atenderá o que diz a Constituição, por- bem organizados para pressionarem na defesa de que continuará a haver um isolamento da Previ- seus interesses pode haver mais perdas de protedência do resto da Seguridade Social. O governo ção social, como ocorreu em reformas anteriores. não pretende fazer um orçamento da Seguridade. Está propondo um novo cálculo para o re- A previdência pública no Brasil, com seu grau sultado fiscal da Previdência. Mas, aceitar que é de cobertura e garantia de renda mínima para a preciso mudar o cálculo da Previdência já é um população, tem papel importante como instrugrande avanço. Incluir a CPMF entre as receitas mento de redução dos desequilíbrios sociais? da seguridade é um reconhecimento importante, Prefiro não superestimar os efeitos da Previembora muito modesto. Retirar o efeito dos incentivos fiscais sobre as receitas também ajuda dência sobre os desequilíbrios sociais. De certa a deixar mais transparente o que se faz com a forma, tem-se que admitir que vários estudos política previdenciária. O que me parece inade- mostram o papel dos gastos previdenciários e quado, entretanto, é retirar a aposentadoria rural assistenciais como mecanismos de redução da da despesa com previdência porque pode, futura- miséria e de atenuação das desigualdades sociais mente, resultar em perdas para o trabalhador do nos últimos quatro anos. Os avanços em termos campo, se passar a ser tratada como assistência de grau de cobertura e de garantia de renda mísocial, talvez como uma espécie de bolsa. Esse é nima para a população são significativos. Pela um campo onde os benefícios têm menor valor PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Doe os direitos sociais ainda não estão suficiente- micílios), cerca de 36,4 milhões de pessoas ou 43% da população ocupada são contribuintes do mente consolidados. sistema previdenciário. Esse contingente cresceu Como você analisa essa mudança de postura de forma considerável nos últimos anos, embodo Governo Federal em relação ao cálculo do ra muito ainda necessita ser feito para ampliar a cobertura e evita que, no futuro, a pobreza na déficit? Por que isso aconteceu? velhice se torne um problema dos mais graves. O Acho que ainda não há uma posição conso- fato, porém, de a população ter assegurado o piso lidada do governo sobre esse assunto. Há inter- básico de um salário mínimo para os benefícios pretações diferentes sobre o tema do déficit da previdenciários é de fundamental importância Previdência e da necessidade de reformas. Em porque, muito embora o valor do salário mínimo alguns segmentos do governo fala-se apenas em esteja ainda distante de proporcionar condições choque de gestão, mas em outras áreas, a refor- dignas de sobrevivência, a política social de corAgora, o governo pretende mudar a metodologia imprópria de cálculo que vinha usando. Essa mudança atenderá completamente ao que prevê a Constituição, incluindo um orçamento à parte para a Seguridade Social?

6 | JANEIRO DE 2016 | MAIOR DE 60 reção do salário mínimo acima da inflação tem permitido redução da pobreza e atenuado a desigualdade da renda. Cerca de dois milhões de idosos e deficientes físicos recebem benefícios assistenciais e 524 mil são beneficiários do programa de renda mensal vitalícia. Essas pessoas têm direito a receber um salário mínimo por mês de forma permanente. Evidentemente que tudo isso ainda é muito pouco para superar nossa incapacidade histórica de combater as desigualdades sociais. Políticas muito mais profundas e abrangentes teriam que ser colocadas em prática, já que a pobreza deriva de uma estrutura produtiva heterogênea e socialmente fragmentada que precisa ser transformada para que a distância entre ricos e pobres efetivamente diminua. Além disso, o crescimento econômico é condição fundamental para a redução da pobreza e, nesse quesito, temos andado muito mal. Mas a realidade é que a redução das desigualdades sociais recebeu um pouco mais de prioridade nos últimos anos do que em governos anteriores e alguma evolução pode ser captada através de certos indicadores. Apesar do superávit que o governo esconde, o sistema previdenciário vem perdendo capacidade de arrecadação. Isso se deve a fatores demográficos, como dizem alguns, ou tem relação mais direta com a política econômica dos últimos anos? A questão fundamental para dar sustentabilidade para um sistema previdenciário é o crescimento econômico, porque as variáveis mais importantes de sua equação financeira são emprego formal e salários. Para que não haja risco do sistema previdenciário ter um colapso de financiamento é preciso que o país cresça, aumente o nível de ocupação formal e eleve a renda média no mercado de trabalho para que haja mobilidade social. Portanto, a política econômica é o principal elemento que tem que entrar no debate sobre “crise” da Previdência. Não temos um problema demográfico a enfrentar, mas de política econômica inadequada para promover o crescimento ou a aceleração do crescimento. Fonte: Instituto Humanitas, com Jornal da UFRJ, 13/01/2016 http://www.dmtemdebate.com.br/em-tesede-doutorado-pesquisadora-denuncia-afarsa-da-crise-da-previdencia-social-no-brasilforjada-pelo-governo-com-apoio-da-imprensa/


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COMUNIDADE

Novo Hamburgo

Academias ao ar livre são revitalizadas

Iniciadas obras no Hospital Getúlio Vargas

PELC promove atividades com idosos de casas lares

A academia ao ar livre da Estação Saúde, localizada na Avenida dos Estados, próximo a Pista de Atletismo e algumas das outras seis espalhadas por Campo Bom, foram revitalizados, ganhando novos aparelhos ou reformas nos já existentes. As melhorias feitas pela prefeitura, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), tiveram o investimento de R$ 22 mil, e têm o objetivo de reparar danos causados por atos de vandalismo ou em decorrência do tempo de uso. Confira os outros locais: Santa Lúcia: rua Idalino João Martin, 151; Celeste: entre as ruas São Luiz e Epitácio Pessoa; Operária: Loteamento Esperança; Porto Blos: Praça Délcio Lauer (na Avenida dos Municípios); Rio Branco: Rua Tapajós, 181; Imigrante Norte: rua do Guará, esquina com a Ivoti.

As obras iniciaram no dia 18 de janeiro, na unidade de saúde. O espaço proporcionará mais conforto e um local ainda mais qualificado para comportar os procedimentos clínicos realizados pelo HMGV. O centro terá 356 metros quadrados e contará com três salas de cirurgia, sala de espera para pacientes e acompanhantes, sala de recuperação pós-anestésica, sala de armazenagem e distribuição de materiais e roupas esterilizadas, desinfectação química, posto de enfermagem e recepção. O investimento total na melhoria será de R$ 776 mil, sendo R$ 500 mil oriundo do governo do Estado e uma contrapartida da Administração Municipal de R$ 276 mil. O prazo para o término da construção é de oito meses. Estância Velha, desde o final de 2015, passou a ser responsável pela área obstétrica das cidades de Ivoti, Lindonfo Collor, Presidente Lucena e São José do Hortêncio. "Com este incremento nos atendimentos, faremos melhorias no hospital para que, em um futuro próximo, possamos trazer mais especialidades para a nossa unidade de saúde", disse a secretária de Saúde e Desenvolvimento Social, Angela Marmitt. O atual bloco cirúrgico permanecerá em atividade até a conclusão das obras, após isto passará a abrigar novos leitos. Atualmente o Hospital Municipal Getúlio Vargas atende, em média, 3 mil pessoas por mês. Além disso, é a única unidade de urgência e emergência da cidade com atendimento 24 horas. Paciência com possíveis transtornos. A direção do Hospital Municipal Getúlio Vargas (HMGV), administrado pelo Instituto de Saúde Educação e Vida (ISEV), destaca que durante o período de obras alguns transtornos poderão ocorrer na unidade. "Pedimos a compreensão dos pacientes neste momento, pois necessitamos fazer algumas alterações na estrutura e não suspenderemos nenhum tipo de atendimento fornecido", destacou o diretor do HMGV, Jéferson de Oliveira.

Guia orienta sobre os serviços de saúde

A Secretaria Municipal de Saúde, Assistência Social e Meio Ambiente de Dois Irmãos lançou recentemente um guia com a indicação dos serviços e unidades de saúde pública existentes no Município. O guia traz ainda informações diversas sobre quando e como procurar os serviços de saúde, além dos contatos de unidades e da Secretaria Municipal de Saúde. Segundo o secretário Jerri Adriani Meneghetti, o objetivo é trazer esclarecimentos e orientações à população, de modo a facilitar o acesso a todos os serviços e otimizar o sistema.

Durante o mês de janeiro, o Projeto de Verão realizado pelo Programa Esporte e Lazer da Cidade (PELC-NH), a partir da Secretaria de Esporte e Lazer (SMEL) com apoio da Coordenadoria de Políticas Públicas para os Idosos (CPIdosos), está realizando atividades em casas-lares para idosos que não têm condições de participar das ações do PELC-NH regular. Os idosos participam através de atividades físicas adaptadas, culturais e de lazer, como contação de história, jogos diversos, trabalhos manuais, alongamentos, exercícios, relaxamentos, massagens e sarau de poesia, com aulas ministradas pelos professores do projeto. Os idosos do Lar Santa Ana, do bairro Jardim Mauá, receberam com entusiasmo os professores do projeto e aprovaram a iniciativa. Paulo Barcelos

Dois Irmãos

Paulo Barcelos

Estância Velha

Crédito – Bruna de Bem

Campo Bom


PETS

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