Caderno Especial Congresso de Oftalmologia - O POVO

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CongrESSo dE oftALmoLogIA

março 2014

EnContro

CA m PA nh A Contr A dIA b E t ES I n SPI r A o Congr ESS o n ort E - n ord ES t E d E o ftAL mo L og IA 2014 C om PA rt ICIPAção d E d E bAt E dor ES do b r ASIL E dA A LE m A nh A

SAúd E o C u LA r

oS CuIdAdoS Com A vISão dEvEm SEr EfEtIvoS dA InfânCIA à vELhICE. PrInCIPALmEntE PArA o dIAgnóStICo PrECoCE, quAndo o trAtAmEnto dE doEnçAS oCuLArES é mAIS EfEtIvo

ESPECIAL

SumáRio

3 o CoNGRESSo

Congresso Norte-Nordeste de Oftalmologia 2014 debate ações contra problemas causados pela diabetes

8 GLAuComA

Exames em consultas de rotina podem prevenir e detectar precocemente o glaucoma

12 CAmPANHA

A Campanha Novembro Azul reforçou a importância da prevenção e do tratamento de doenças causadas pela diabetes

ESPECIAL CongrESSo oftALmoLogIA é um produto da Diretoria Comercial do Jornal o PoVo, produzido pelo Núcleo de Conteúdo & Negócios do Grupo de Comunicação o PoVo. Não pode ser vendido separadamente

Editoras-executivas: Ana naddaf e Andrea Araujo | Edição: Ana naddaf | Textos: Callen Leão, Ícaro Paio, Jully

Lourenço, Lua Santos, Larissa viegas e Sabryna Esmeraldo | Design: Carol gouveia e Icaro guerra | Foto de Capa: Kanea/Shutterstock | Diretorgeral do Comercial: Edson barbosa | Gerente de Criação e Inovação: Adriano matos | Equipe de Criação e Inovação: Elton gonlçalves | Fale Conosco: nucleoderevistas@opovo.com.br

NorTE-NorDEsTE DE

oFTalmoloGIa XX CoNGrEsso

ASociedade Norte-Nordeste de Oftalmologia (SNNO) vem desenvolvendo diversas atividades sociais e científicas. Em parceria com colegas e órgãos governamentais, tem realizado campanhas para prevenção das principais formas de cegueira como o "Novembro Azul" que culminou com atendimentos de portadores de retinopatia diabética e esclarecimentos da população quanto aos males oculares causados pela doença.

De 27 a 29 de março realizaremos, em Fortaleza, o maior evento científico da oftalmologia Norte-Nordestina, o XX Congresso Norte-Nordeste de Oftalmologia. Com a participação de diversos convidados nacionais e internacionais, discutiremos o que há de mais moderno no diagnóstico e tratamento das principais doenças que atingem a visão.

“A oftALmoLogIA

brASILEIrA EStá EntrE

AS mELhorES do mundo

Em tErmoS CIEntÍfICoS E tECnoLógICoS. ALém dISSo, A PoPuLAção do noSSo

PAÍS tEm o PrIvILégIo

dE SEr ProtEgIdA

LEgALmEntE dA AtuAção

dE fALSoS médICoS Em

noSSA ESPECIALIdAdE”

A escolha de Retinopatia Diabética como tema oficial reflete a importância dos investimentos em saúde ocular, bem como do processo de educação acerca dos cuidados com a prevenção de possíveis doenças. A oftalmologia brasileira está entre as melhores do mundo em termos científicos e tecnológicos. Além disso, a população do nosso país tem o privilégio de ser protegida legalmente da atuação de falsos médicos em nossa especialidade. Será uma grande oportunidade para troca de conhecimentos entre os nossos colegas oftalmologistas, além de reencontrar os amigos.

Presidente do XX Congresso

Norte-Nordeste de Oftalmologia

Presidente da Sociedade

Norte-Nordeste de Oftalmologia

2 eSP e CIAL C ongre SS o de o ftAL mo L og IA
E d I tor IAL
Accord/Tyler o lson/shu TT ers T ock

CENárIo

NorTE-NorDEsTE

INsPIraDo No TEma

Da CamPaNha

NoVEmbro azul CoNTra DIabETEs, o CoNGrEsso

NorTE-NorDEsTE DE oFTalmoloGIa 2014 DEbaTE açõEs CoNTra ProblEmas

CausaDos PEla DIabETEs

Callen Leão callenleao@opovo.com.br

OCongresso Norte-Nordeste de Oftalmologia 2014 inspira-se na campanha contra a diabetes e apresenta uma programação com palestras e outras atividades em março na capital cearense, onde “serão debatidas as principais ações em combate aos males oculares

causados pela diabetes, vindas do poder público em parceria com a classe médica oftalmológica”, conforme explica o presidente do congresso, o médico oftalmologista David Lucena.

Em novembro do ano passado, a campanha ajudou a mobilizar profissionais de cidades das regiões Norte e Nordeste, com destaque para as capitais. “A defesa da saúde ocular compreende um conjunto de ações, na maioria das vezes sem fins lucrativos algum, promovidos pela classe oftalmológica, com o objetivo de sanar problemas estratégicos na saúde ocular da população nordestina”, explica o médico Francisco Cordeiro, presidente da Sociedade Norte-Nordeste de Oftalmologia (SNNO). “Em Fortaleza, com a ajuda de 18 médicos oftalmologistas retinólogos voluntários, zeramos a fila de espera por tratamento à laser, do Centro de Diabéticos e Hipertensos do Ceará”, lembra Lucena. Na ocasião, foram tratados 180 pacientes em um único dia.

Na vigésima edição do evento, o público irá conferir 44 grades (temas) que envolvem 12 subespecialidades, com discussão de casos clínicos e interação entre os palestrantes e a plateia. “Teremos ainda simpósios, cursos e apresentações de vídeos, fotografias, pôsteres e temas livres”, completa o médico David Lucena.

dES tA qu ES d A P rogr A m Ação

As palestras do evento contarão com a presença de apresentadores de grandes destaques, tanto de universidades do Brasil quanto da Alemanha. “Entre eles, podemos destacar Johann Roider, presidente da Sociedade Alemã de Oftalmologia, e Wolfgang Haigis, autor da principal fórmula para cálculo de lentes intraoculares (LIO) no mundo”, cita o médico David Lucena. “Esta LIO bem calculada e personalizada, torna-se o passo mais importante em uma cirurgia de catarata, causando grande satisfação do médico e do paciente após a cirurgia”, explica.

S E rv I ço

Congresso Norte-Nordeste de oftalmologia 2014

Fábrica de Negócios

27 a 29 de março

outras informações:

(85) 30322728 ou pelo site

www.snno.com.br

Fortaleza-Ce, março 2014 opovo.com.br 3
E v E nto
Tyler o lson/shu TT ers T ock

VIsão

límPIDa

Imagine uma lente de vidro totalmente cristalina, onde é possível enxergar totalmente através dela. Agora imagine essa lente opaca. É assim que acontece com os olhos com catarata. O cristalino da lente natural do olho fica opaco e desperta alguns sintomas no paciente, segundo afirma o diretor do Centro Avançado de Retina e Catarata e Mestre em Oftalmologia pela USP, David Lucena. O cirurgião explica que os sintomas de quem sofre da doença variam de acordo com caso.

Entre os primeiros sinais de que a catarata está surgindo é a perda da qualidade da visão. “A pessoa enxerga, mas tem dificuldade de focar, de reconhecer uma pessoa à distância e à noite”, explica. Segundo o oftalmologista, com a evolução da doença, a pessoa perde os reflexos e a visão fica turva. A progressão pode levar à cegueira, que pode ser reversível.

O tempo de evolução da doença varia e fatores externos, como muita exposição ao sol, choques elétricos e pancadas também influenciam o surgimento e o agravamento da catarata. Algumas doenças também podem ocasionar o aparecimento, como diabetes, retinose pigmentar e artrite reumatóide, assim como doenças que cujo tratamento exige o uso excessivo de corticóides.

“A doEnçA não é SInônImo dE vELhICE, PodEndo SEr CongênItA, InfAntIL, JuvEnIL, Pré-SEnIL, SEnIL, trAumátICA, EtC. mAS é mAIS Comum APóS 50 AnoS”

“A doença não é sinônimo de velhice, podendo ser congênita, infantil, juvenil, pré-senil, senil, traumática, etc. Mas é mais comum após 50 anos, esclarece o oftalmologista David Lucena.

CuIdAdoS E trAtAmEnto

Apesar da hereditariedade ser a principal causa do surgimento de catarata entre homens e mulheres, existem algumas formas de evitar o aparecimento da doença, como o uso de óculos de sol com proteção UV e de protetores oculares em algumas profissões, como o vidraceiro ou soldador.

Lucena afirma que só existe uma forma de tratamento efetivo: a cirurgia. O procedimento mais utilizado é a facoemulsificação com implante de lentes intra-ocular. Entre as novidades desse método estão as micro-incisões de 2 mm

para o implante da lente dobrável, feita, principalmente, de acrílico dobrável hidrofóbico. Além de devolver a qualidade da visão, em 95% dos casos o paciente ficam independentes dos óculos de grau que corrigem miopia, hipermetropia, astigmatismo e presbiopia.

Está sendo implantado o uso de laser que poderá ser importante em algumas etapas da cirurgia de catarata, como nas incisões.

CIrurgIA

No pré-operatório, o paciente passa por exames exigidos em qualquer cirurgia. Entre eles estão os de sangue e avaliações cardíaca, pulmonar e pré-anestésica. Já na fase cirúrgica, há várias opções de anestesia, como a geral (pouquíssimo utilizada, mas aplicada principalmente em crianças), bloqueio peribulbar (local) ou tópica (à base de colírios). “A mais utilizada é a peribulbar, mas eu uso a tópica, com colírio, porque o paciente já sai enxergando. Com a peribulbar, é preciso usar curativo, o que deixa o paciente ansioso”. Segundo Lucena, em quase todos os casos o tempo de recuperação varia entre 24 e 48 horas.

Após a cirurgia, o paciente faz de três a quatro visitas ao médico, sendo a primeira 24 horas depois do procedimento, a segunda, 10 dias depois e a última, 30 dias.

o qu E é CAtA r AtA ?

Um olho saudável possui seu cristalino transparente, enquanto no olho com catarata é totalmente ou parcialmente opaco.

Como P r E v E n I r

Apesar de ser genética, a catarata pode ser prevenida com o uso de óculos escuros com proteção UV, evitando pancadas na região dos olhos e evitando o uso excessivo de corticóides. O controle de doenças como diabetes também ajuda, já que é uma das principais causas do surgimento da catarata.

t r AtA m E nto

Não existe outro tratamento além da cirurgia.

4 eSP e CIAL C ongre SS o de o ftAL mo L og IA
a CaTaraTa é NormalmENTE hErEDITárIa, mas PoDE sEr PrEVENIDa E CuraDa Com uma CIrurGIa ráPIDa E INDolor
CAtA r AtA
Voronin76/shu TT ers T ock

Para VEr o mu NDo DE Forma

DIFErENTE

ráPIDa, PráTICa E INDolor, a CIrurGIa rEFraTIVa ProPorCIoNa aos PaCIENTEs a PossIbIlIDaDE DE ENXErGar o muNDo DE uma Forma DIFErENTE: maIs NíTIDa

Há alguns anos, parecia roteiro de cinema a possibilidade de pessoas com miopia, hipermetropia ou astigmatismo voltarem a enxergar após um rápido procedimento cirúrgico, que não deixa nenhuma sequela. Porém, a realidade está cada vez mais próxima. E, o que é mais importante, mais comum.

A cirurgia refrativa é hoje um dos procedimentos cirúrgicos mais adotados no segmento da oftalmologia. A operação é feita na córnea do paciente, por meio de um laser. Como consequência, há a redução do grau de miopia, hipermetromia ou astigmatismo, tornando-o independente de óculos para boa parte das atividades diárias.

Segundo o oftalmologista Abrahão Lucena, especializado neste tipo de procedimento, a cirurgia precisa de algumas recomendações, como grau estacionado, idade a partir de 20 anos e curvatura e espessura corneanas adequadas para sua quantidade de grau.

Por tráS dA CIrurgIA

O pré-operatório consiste em alguns procedimentos, entre eles, a medição da

PE rguntA

Por quE A CIrurgIA rEfrAtIvA não ELImInA 100% doS ProbLEmAS vISuAIS?

“O índice de precisão gira em torno de 90%. Uma variável importante, a hidratação do estroma corneano, não pode ser medida, influenciando na precisão do procedimento”, explica o cirurgião Abrahão Lucena

acuidade visual do paciente e o seu grau com pupila dilatada. Outro requisito é a medida da curvatura corneana (por meio do exame de topografia coreana) e de sua espessura (pelo aparelho paquímetro). “Se o indivíduo for aprovado nesses exames iniciais é solicitado um exame especial (Pentacam) para avaliar uma possível fragilidade corneana”, explica o oftalmologista.

Antes de iniciar a cirurgia, o médico aplica a anestesia tópica (colírio). Em seguida, é adotada uma das técnicas de

cirurgia refrativa. Entre as mais utilizadas está o Lasik, a qual é feito um flap (corte da superfície da córnea em forma de disco) e, em seguida, levanta-se esse flap para então aplicar o laser diretamente no estroma.

Porém, a técnica mais moderna, segundo Abrahão, é a Trans-PRK, a qual todo o procedimento é automatizado, o que significa que o próprio laser retira o epitélio corneano e, em seguida, se faz a escultura do estroma corneano para retirada do grau. “Assim, a retirada do epitélio corneano ficou matematicamente precisa, mais rápida e segura”, explica o médico.

dIfErEnçAS

Diferenças entre as duas cirurgias é o tempo de recuperação e os cuidados que o paciente deve ter. Quando é adotada a técnica Lasik, o paciente leva entre 24 e 48 horas para se recuperar, pois apesar do corte, o epitélio é preservado. É preciso evitar, por pelo menos três meses, traumas na região do olho.

Já a Trans-PRK leva três semanas para o paciente ficar 100%, pois necessita que o epitélio se regenere. Durante o mesmo período, é preciso tomar cuidado com a radiação ultravioleta. Para Abrahão Lucena, os colírios prescritos pelo médico devem ser usados rigorosamente, como prescrito na receita.

Fortaleza-Ce, março 2014 opovo.com.br 5 CI rurg IA r E fr At I vA
V i TA khorzhe V sk A /shu TT ers T ock

DETErIoração

Da máCula Do olho

aProXImaDamENTE

3.000.000 DE brasIlEIros aCIma DE 65 aNos soFrEm DE DmrI. ENTENDEr quaIs são os FaTorEs DE rIsCo E os PossíVEIs TraTamENTos é FuNDamENTal Para o CoNTrolE Da DoENça

Doença silenciosa caracterizada pela deterioração da mácula do olho (parte central da retina que permite a visão central e detalhada), a Degeneração Macular Relacionada à Idade (DMRI) acomete pessoas acima dos 50 anos e é uma das principais causas de cegueira mundial nesse grupo.

Segundo Daniel Lucena, retinólogo do Núcleo de Oftalmologia e Doutor em Oftalmologia pela Universidade de São Paulo (USP), o principal sintoma da DMRI é a visão embaçada. “Os objetos podem parecer distorcidos e as cores, desbotadas. A pessoa pode ter problemas com atividades que exijam visão de detalhes, mas geralmente enxerga-se bem o suficiente para realizar a maioria das atividades rotineiras”, explica o oftalmologista.

Conforme a doença se agrava, entretanto, pode levar ao escurecimento do centro da visão. “A DMRI típica não afeta a visão periférica. Isso é muito importante, pois significa que a perda completa da visão não ocorre devido a essa doença”, ressalta Lucena. Nos dois casos, é de extrema importância que o paciente procure o mais rápido possível a avaliação de um oftalmologista com experiência em doença da retina, para ter o acompanhamento adequado e buscar tratamento.

fAtorES dE rISCo

A idade constitui o principal risco para o desenvolvimento da DMRI, mas há outros fatores que aumentam o risco de ocorrência da doença. Hereditariedade, exposição dos olhos à luz ultravioleta, dieta rica em gordura, obesidade e hi-

Ent E nd A A d E g E n E r Ação m AC u LA r

o quE é?

“ o tA bAg IS mo Aum E ntA E m quAtro v E z ES A P o SSI b ILI dA d E d E t E r A do E nç A . S E ASS o CIA do A outro S fAtor ES o r ISC o, P od E Aum E ntA r E m Até 19 v E z ES ”

pertensão arterial sistêmica são alguns deles. Indivíduos brancos e do sexo feminino também têm mais chances de desenvolver a degeneração.

Um dos maiores fatores de risco, entretanto, é o tabagismo. “O tabagismo aumenta em quatro vezes a possibilidade de ter a doença. Se associado a outros fatores o risco, pode aumentar em até 19 vezes”, alerta Daniel Lucena.

trAtAmEnto

Segundo Abelardo Targino, membro titular da Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo e diretor do Centro Avançado de Retina e Catarata, durante muitos anos, a fotocoagulação a laser era a única alternativa para tratar a DMRI “úmida”, que reduzia a progressão da doença, mas não recuperava a visão perdida.

“A partir de 2009, uma nova classe de medicamentos que atua diretamente na causa da DMRI passou a ser utilizada e se tornou o padrão ouro de tratamento: os anti-angiogênicos”, conta o oftalmologista, sobre o tratamento, que age diretamente atacando o crescimento de vasos anormais. “Dos pacientes submetidos ao tratamento com medicamentos anti-angiogênicos, cerca de 90% tem a progressão da doença estacionada, enquanto entre 40 e 50% tem recuperação e melhora efetiva da visão”, explica.

Para a DMRI “seca”, conforme explica o médico, um tratamento eficaz ainda não foi aprovado, apesar das pesquisas intensivas. “Em um futuro próximo vislumbramos a possibilidade de transplante do epitélio pigmentar da retina, utilização de fatores de crescimento celular e uso de células-tronco”, destaca Targino.

Deterioração da mácula do olho. Na DMRI “seca”, mais comum (90% dos casos), ocorre um afinamento da mácula, com perda gradual da visão. Já na “úmida” (10% dos casos), o crescimento de vasos anormais abaixo da retina provoca a perda rápida de parte da visão.

PREvENção

No caso da DMRI “seca”, é possível prevenir o desenvolvimento da doença por meio da ingestão de zinco e antioxidantes, como a luteína e o ômega 3, e uma dieta rica em vegetais de folhas verdes e pobre em gorduras. Tanto na “seca” quanto na “úmida”, entretanto, é fundamental manter uma periodicidade das visitas ao médico, com quem poderá prevenir, ter acompanhamento e buscar tratamento.

TRATAmENTo

Para a DMRI a “seca” ainda não há tratamento eficaz aprovado. Para a “úmida”, entretanto, os anti-angiogênicos são de grande eficácia, atacando diretamente o crescimento de vasos anormais. Por ser uma doença degenerativa, a DMRI não tem cura definitiva. Há controle na fase aguda, mas ela pode voltar a progredir. É importante que o paciente seja acompanhado regularmente pelo retinólogo, que avaliará a necessidade de um novo ciclo de aplicação do medicamento.

n o b r ASIL

Cerca de 10% das pessoas entre 65 e 74 anos e aproximadamente 30% dos maiores de 75 anos são afetados, em alguma extensão pela Degeneração Macular Relacionada à Idade (DMRI). Com essas cifras, calcula-se que aproximadamente 3.000.000 de brasileiros acima de 65 anos sofrem de DMRI em estágios variados de evolução, tendo sua qualidade de vida prejudicada.

FonTe:

6 eSP e CIAL C ongre SS o de o ftAL mo L og IA d E g E n E r Ação m AC u LA r
dAniel lucenA e AbelArdo TArgino
FonTe:
dAniel lucenA s yd A Produc T ions/shu TT ers T ock

CombaTE à rETINoPaTIa

a rETINoPaTIa DIabéTICa PoDE sEr DIaGNosTICaDa PrECoCEmENTE, aumENTaNDo a EFICáCIa Do TraTamENTo

“Devido ao progresso do controle clínico do diabetes e ao aumento da longevidade do paciente diabético, é inevitável que a maioria dos diabéticos vá sofrer algum grau de perda visual nas décadas que seguem o aparecimento da doença”. A afirmação é de Leiria de Andrade Neto, oftalmologista e professor do Departamento de Cirurgia do Centro de Ciências da Saúde da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC).

Segundo dados da pesquisa realizada pelo médico no serviço de retina e vítreo do Hospital de Olhos Leiria de Andrade, o Diabetes Mellitus é a principal causa de cegueira nos Estados Unidos e a maior causa dos novos casos de perda visual da população de 20 a 64 anos.

Conforme estimativas apontadas na pesquisa, 9% da população brasileira são portadores de diabetes, podendo apresentar manifestações oculares como anorma-

lidades corneanas, glaucoma, neovascularização da íris, catarata, anormalidades no nervo óptico e, principalmente, a retinopatia. "Aproximadamente 25% de todos os diabéticos apresentam alguma forma de retinopatia", avalia Andrade.

dIAgnóStICo

Tendo como principais determinantes na incidência da retinopatia diabética a duração do diabetes, a idade do paciente e o tipo de diabetes (Tipo Iinsulino dependente - ou Tipo II - insulino não dependente), Leiria de Andrade ressalta que o diagnóstico e tratamento precoce pode retardar o progresso da doença e ajudar a prevenir a cegueira causada por hemorragia vítrea ou descolamento da retina.

Provocando a obstrução e a permeabilidade anormal de vasos, a retinopatia causa o chamado edema macular, que pode afetar a visão. O diagnóstico do edema macular clinicamente significativo, que requer tratamento, é feito por meio de um minucioso exame oftalmológico. “É melhor diagnosticar o edema macular quando clinicamente significativo antes que afete a visão, pois o tratamento é muito mais efetivo neste estágio”, alerta o oftalmologista, ressaltando a importância de consultas periódicas do paciente ao médico.

qu E m P r ECISA

No intuito de levar o que há de mais moderno na oftalmologia para a população mais carente, foi modernizado o serviço de oftalmologia da Irmandade da Santa Casa da Misericórdia de Fortaleza.

O Serviço atua em todas as subespecialidades da área. A ênfase está no Serviço de Retina, com foco principal no tratamento de pacientes com retinopatia diabética.

“Depois de anos atuando no setor público e privado, nosso grupo percebeu a enorme dificuldade para certos grupos de nossa população para ter acesso a tratamentos modernos para retinopatia diabética”, explica Javier Montero, médico especialista em oftalmologia e chefe do Serviço de Retina do Serviço de Oftalmologia da Santa Casa.

Atualmente, o serviço oferece exames complementares de alta tecnologia para o diagnóstico e acompanhamento da retinopatia diabética; além de laser para fotocoagulação e poderosas drogas anti-angiogênicas para o tratamento. “Já para realização de cirurgias, nos apoiamos em modernos microscópios e nos mais novos equipamentos para realizar cirurgias vítreo-retinianas”, conta o médico. O serviço é aberto a toda população cearense e estão criando parcerias com órgãos públicos e privados para facilitar ainda mais o acesso.

Ent E nd A A r E t I no PAt IA d IA bét ICA o quE é?

A retinopatia diabética background (ou não proliferativa) é principalmente uma doença em que os vasos sanguíneos da retina são afetados, principalmente, por dois processos:

oclusão (obstrução) vascular: prejudicando a entrega de oxigênio e outros nutrientes a cada área retiniana e no retorno do gás carbônico e de outros detritos sanguíneos

Permeabilidade vascular anormal: acumulando água, células sanguíneas, proteínas, gorduras, e outras moléculas grandes, o que pode causar o chamado edema macular se esse fluido for para a região central da retina (a mácula).

PREvENção

A doença pode ser diagnosticada de forma precoce por meio de exames periódicos ao oftalmologista. Com um detalhado exame da retina e um adequado tratamento da retinopatia se faz a prevenção da perda visual precoce.

TRATAmENTo

Feito principalmente através de laser, o tratamento do edema macular pode levar, de dias a meses para ter seus efeitos (diminuição do edema e melhora da visão) sentidos pelo paciente.

Fortaleza-Ce, março 2014 opovo.com.br 7
r E t I no PAt IA d IA bét ICA
FonTe: leiriA de AndrAde neTo norm AL
Alil A Medic A l Medi A /Tyler o lson/shu TT ers T ock
r E t I no PAt IA d IA bét ICA

PrEVENINDo-sE CoNTra a

CEGuEIra

tIPoS dE gLAuComA

Para compreender os diversos tipos de glaucoma, o especialista Valter Justa classifica os casos.

PRimáRio DE âNGuLo ABERTo:

3 causa desconhecida

3 representa 90% dos casos

3 não apresenta sintomas, com exceção de casos avançados

PRimáRio DE âNGuLo FECHADo:

3 surge com crises de dor, borramento visual, náuseas e vermelhidão ocular se não for tratado, cega

3 o tratamento é feito com medicamentos, seguido por tratamento cirúrgico

CoNGêNiTo:

3 apresenta alterações na estrutura do olho surgidas na vida intrauterina ocasionando a elevação da pressão ocular

3 a criança possui intolerância à luz, lacrimejamento e olhos que crescem rapidamente

aTraVés DE um EXamE oFTalmolóGICo ComPlETo DuraNTE CoNsulTas DE roTINa é PossíVEl DETECTar E PrEVENIr o GlauComa, CoNsIDEraDo o “laDrão sIlENCIoso Da VIsão”

Ícaro Paio icaropaio@opovo.com.br

Oglaucoma é uma doença do nervo óptico que leva à perda progressiva e irreversível do campo visual. Causada pela morte das células que formam o nervo, a doença requer conhecimentos especializados de oftalmologia e, muitas vezes, sua investigação envolve aspectos como a qualidade do sono, a presença de enxaquecas e problemas cardiovasculares.

Na maioria dos casos, a pessoa não apresenta os sintomas da doença. No entanto, o glaucoma pode ser controlado através da detecção nos estágios iniciais e tratamento adequado. “Uma consulta oftalmológica completa, com aferição da pressão intraocular e avaliação do nervo óptico, é suficiente para detectar a doença e prevenir os danos irreversíveis”, indica a doutora em oftalmologia, pela USP, Juliana Lucena.

O grupo mais propício a adquirir a doença, segundo Juliana, são pessoas acima dos 40 anos de idade. Mas há casos em que o glaucoma manifesta-se antes dos 30 anos de idade. Na maioria dos casos a doença é assintomática (não apresenta sintomas) e quando o indivíduo percebe, já perdeu mais de 50% da visão periférica.

APArECImEnto dA doEnçA

Aproximadamente 70 milhões de pessoas são portadoras de glaucoma no mundo. Desse total, 10% chegam à perda total da visão. “Pessoas que têm antecedentes familiares de glaucoma têm 6% de chances de se tornar glaucomatosas. É uma probabilidade muito mais alta do que na população geral” comenta o oftalmologista e especialista Valter Justa.

Para a detecção e prevenção da doença, há diversos recursos disponíveis que representam a possibilidade da redução na causa da cegueira. Sobre isso, Justa afirma: “Quase se pode afirmar "só fica cego por glaucoma quem quer". Todo paciente deve se submeter ao exame ocular e investigar se há a possibilidade do aparecimento da doença. O glaucoma é uma entidade complexa. Daí a importância de meticulosos exames oftalmológicos periódicos e solicitação de exames específicos. Por isso, vai um conselho final: só confie seus olhos a um oftalmologista qualificado”.

dE o L ho no S m AIS novo S

Crianças e adolescentes também podem desenvolver glaucoma em suas várias formas. O glaucoma juvenil e o cortisônico são os exemplos mais comuns para esse público jovem. Os exames mais completos podem ajudar no diagnóstico precoce e não na prevenção da doença. Já os tratamentos são os mesmos utilizados para o público adulto e direcionados para a causa do glaucoma específico, quando é possível identificá-la.

Dos casos específicos mais conhecido está o glaucoma congênito, doença rara que manifesta-se logo após o nascimento do bebê. Nesse caso, a abordagem é diferente e geralmente considera-se uma urgência oftalmológica cirúrgica.

SiNTomAS NAS CRiANçAS:

3 Tropeça muito nos objetos

3 Fotofobia

3 Lacrimejamento

3 Aumento do globo ocular e córnea opaca

3 possui tratamento cirúrgico

SECuNDáRioS:

3 causado pelas inflamações intraoculares severas (uveites)

3 traumatismos

3 uso indiscriminado de colírios, de corticóides ou de certos medicamentos

3 alterações provocadas ou espontâneas na forma, dimensão ou posição da estrutura ocular

trAtAmEntoS

Tornometria: aferição da pressão intraocular durante consulta oftalmológica completa

Exames: gonioscopia; campimetria computadorizada; retinografia colorida do nervo óptico paquimetria; e Tomografia de Coerência Óptica (OCT)

Colírios: tratamento inicial para a diminuição da pressão intraocular Cirurgia convencional, como a fistulizante antiglaucomatosa

Cirurgia a laser: iridotomia e trabeculoplastia são exemplos desse tipo de cirurgia, quando não há o controle por meio do uso de colírios

8 eSP e CIAL C ongre SS o de o ftAL mo L og IA g LAu C om A Ty LER oLS o N / SH u TTERST o C k

a FaVor Da

VIsão

os ProCEDImENTos Para TraNsPlaNTE DE CórNEas Têm aVaNçaDo Em Nosso EsTaDo, Porém aINDa EXIsTEm DIFICulDaDEs Para sE aTINGIr o PaTamar IDEal Na CaPITal E No INTErIor

natália évila ESPECIAL PArA o Povo nataliaevila@opovo.com.br

Ao longo dos últimos anos, ocorreu uma significativa evolução no volume de cirurgias de transplante de córneas no Ceará. Segundo a oftalmologista Marineuza Memória, a criação do Banco de Olhos do Hospital Geral de Fortaleza (HGF), o intenso trabalho das equipes multidisciplinares em busca de novas doações e a constante busca por aperfeiçoamento técnico na captação, avaliação e classificação das córneas doadas contribuem para esse resultado positivo.

Ainda segundo a médica, que também é a responsável técnica pelo banco de olhos do HGF, as técnicas de transplantes de córneas tem evoluído a cada dia. “Agora, além do transplante de córnea penetrante, que troca toda a espessura da córnea, fazemos também o transplante lamelar anterior e o lamelar posterior, no qual troca-se apenas a porção anterior ou posterior da córnea, respectivamente se a pato-

logia estiver limitada a esta parte da estrutura corneana”, explica.

Porém, ainda existem muitas dificuldades a serem enfrentadas para que se atinja um resultado ideal nos transplantes no Ceará. Segundo a oftalmologista, “o número de transplantes e doações no Ceará tem sido de numero muito estável, porém insuficientes para que consigamos zerar a nossa fila, como já ocorre em vários estados do Brasil”. Com isso, faz-se necessário ampliar as campanhas de conscientização de familiares para incentivo a doação de órgãos.

dIfICuLdAdES no IntErIor

Enquanto em Fortaleza o transplante de córneas passa por significativos avanços, cidades do interior ainda enfrentam problemas para realizar este tipo de cirurgia. “Especificamente em Juazeiro do Norte, onde trabalho, os transplantes estão suspensos desde o fechamento do Hospital Santo Inácio, no final de 2011, serviço pelo qual eu era o responsável técnico.

fA z- SE n ECESS ár I o A m PLIA r AS CA m PA nh AS d E C on SCIE nt I z Ação

d E fA m ILIA r ES PA r A

I n CE nt I vo A do Ação d E órgão S

q u E m P od E SE r CA nd I d Ato A r ECE b E r um tr A n SPLA nt E ?

Pretendemos reativá-los quando terminarmos o novo centro cirúrgico que estamos construindo”, exemplifica o médico Régis Santana de Figueirêdo.

Devido a desativação do Hospital Santo Inácio, atualmente no Cariri há serviços credenciados em Barbalha e no Crato. Ainda de acordo com o oftalmologista, no Crato, o responsável técnico pelo serviço no Hospital São Francisco, o médico Dalton Teles, indica que este está praticamente inoperante.

dA do S do S tr A n SPLA nt ES

Muitas são as dúvidas acerca de quem pode entrar na fila para receber um transplante de córneas. De acordo com Régis Santana, “São candidatos a transplante de córnea aqueles olhos que exibem opacidades ou irregularidades que reduzam a qualidade óptica da córnea”.

Veja alguns exemplos:

opacidade

Cicatrizes

Edemas

Distrofias

Degenerações

irregularidade

Ceratocone

Doenças Ectásicas

S E rv I ço

Banco de olhos do Hospital Geral de Fortaleza (HGF)

Rua Ávila Goulart, 900 - Papicu

informações: 3101.3344 |

3101.3209

Funcionamento: 24 horas por dia. Atende qualquer chamada para doação na capital e área metropolitana, captando também no interior em hospitais que já fazem captação de diferentes órgãos.

Fortaleza-Ce, março 2014 opovo.com.br 9 t r A n SPLA nt E d E C órn EA
ANo DoAçÕES NúmERo DE TRANSPLANTES FiLA DE ESPERA 2013 510= 42,5/mês 714 345 2012 460= 38,3/mês 628 340 2011 481= 40,08/mês 702 339 SH u TTERST o C k / Sy DA P R o D u CT io NS

CuIDaDos Com a VIsão Na

INFâNCIa

a rEalIzação DE EXamEs Para DIaGNósTICo PrECoCE DE ProblEmas DE VIsão Na INFâNCIa é FuNDamENTal, assIm Como o TEsTE Do olhINho E a obsErVação Dos sINaIs DE EsTrabIsmo

Entre os distúrbios que podem afetar a visão, o estrabismo é um dos que merece atenção desde cedo. Conforme explica a doutora em oftalmologia, pela USP, Socorro Aguiar Lucena, os sintomas variam de acordo com a idade. Entre os mais frequentes, está a diplopia (visão dupla). “Ela (visão dupla) não aparece nas crianças, porque elas desenvolvem um mecanismo de supressão e apagam a imagem formada pelo olho que sofreu o desvio”, explica. “No entanto, como consequência do desuso, não se desenvolve a região do cérebro responsável pela visão desse olho e a imagem vai ficando cada vez mais fraca até desaparecer por completo”, alerta Socorro, ressaltando a importância do diagnóstico e tratamento precoces.

E o risco do desuso, no caso das crianças, é alto. A perda progressiva da visão, nesse caso, é conhecida como ambliopia e deve ser tratada antes dos sete anos de idade. Após essa idade torna-se irreversível. “Já nas crianças maiores e nos adultos, a diplopia (visão dupla) é uma queixa sempre presente”, diz Socorro. Outros sintomas são: dor de cabeça e torcicolo, uma inclinação da cabeça que a pessoa estrábica faz para poder enxergar melhor.

Como o EStrAbISmo AContECE

O movimento dos olhos é controlado por seis pares de músculos comandados pelos nervos cranianos e conectados ao sistema nervoso central, conforme explica a oftalmologista. “Esses músculos precisam estar em perfeito equilíbrio e sincronia para que os olhos permaneçam alinhados”, detalha.

No entanto, alguns fatores podem

tES t E do oL h I nho

Considerado um exame simples, o Teste do Olhinho é rápido e indolor, além de importante para diagnósticos precoces de alterações congênitas, má formações e até tumores intraoculares, evitando a perda da visão nos bebês. É com esse exame que o médico oftalmologista ou o pediatra “direcionam a luz de um aparelho chamado oftalmoscópio, direto na pupila, do recém-nascido em busca do reflexo vermelho que vem lá da parte posterior interna do olho chamada retina”, conforme explica a oftalmologista Ana Valéria Carneiro Teixeira. Se o reflexo vermelho for encontrado, trata-se de um Teste do Olhinho Normal, “pois a luz percorreu todo o trajeto sem impedimentos, mostrando assim que todas as estruturas estão transparentes”, detalha Ana Valéria. A causa mais comum de Teste do Olhinho anormal encontrada é a catarata congênita.

comprometer esse equilíbrio e provocar o estrabismo, como o grau elevado de hipermetropia, que obriga forçar a aproximação dos olhos para compensar a dificuldade de visão (esotropia acomodativa), a baixa visão em um dos olhos e até doenças neurológicas (AVC, paralisia cerebral, traumas), genéticas (síndrome de Down), oculares (catarata congênita), infecciosas (meningite, encefalite), da tireoide, diabetes e dificuldade motora para coordenar o movimento dos dois olhos e hereditariedade.

tr A b AL ho mu Lt I d ISCIPLI n A r

Segundo a médica oftalmologista Ana Valéria Carneiro Teixeira, “muitas causas de deficiência visual na criança poderiam ser evitadas, diagnosticadas e tratadas por uma boa assistência pré, peri e pós natal imediata, e passados alguns meses as sequelas são, em grande parte, irreversíveis”. Por isso, vale a dica dos serviços de intervenção precoce com abordagem multidisciplinar, “com profissionais capacitados em estimulação visual precoce, trabalhando de maneira interdisciplinar com outros profissionais, pois a deficiência visual pode levar a um atraso neuropsicomotor pela ausência ou deficiência do estímulo visual”, diz a médica.

10 eSP e CIAL C ongre SS o de o ftAL mo L og IA I nfân CIA
SH u TTERST o C k / v o R o N i N 76

Dos olhos

Da INFâNCIa à VElhICE, os CuIDaDos Com a VIsão DEVEm sEr ENCaraDos Com sErIEDaDE, PrINCIPalmENTE Para o DIaGNósTICo PrECoCE – quaNDo o TraTamENTo DE DoENças oCularEs é maIs EFETIVo

b At E-P ronto

De acordo com os dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), obtidos em outubro de 2013, estima-se que 39 milhões de pessoas são cegas em todo o mundo e que 246 tenham deficiência visual. A pesquisa também revela que 90% dos deficientes visuais vivem em países em desenvolvimento e que 82% dos cegos têm faixa etária acima de 50 anos. No mais, 80% de todas as formas de deficiência visual podem ser prevenidas. Basta conscientizar-se de que é preciso cuidar de si mesmo.

Como explica o médico oftalmologista Dácio Costa, presidente da Sociedade Cearense de Oftalmologia (SCO), os cuidados começam na infância e vão até o final de nossas vidas. “Na infância, os primeiros cuidados, começam logo ao nascermos, durante os primeiros 30 dias é imprescindível a realização do ‘teste do reflexo vermelho’, também conhecido por ‘teste do olhinho’”. Segundo o presidente, a idade escolar é outra fase que merece um acompanhamento regular junto ao oftalmolo-

S E rv I ço PA r A A P o P u LAção

Além de apoiar institucionalmente a Sociedade Norte-Nordeste de Oftalmologia (SNNO), organizadora do Congresso Norte-Nordeste de Oftalmologia, a SCO realiza algumas atividades de serviço para a população. “Em maio, costumamos organizar a campanha ‘Ceará Contra o Glaucoma’ onde realizamos mutirão de atendimento para o diagnóstico desta doença. Em outubro, em parceria com a regional do Ceará da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), a campanha ‘De olho no olho do diabético’, que visa à aplicação de laser para o tratamento da retinopatia diabética nas pessoas que estão na fila de espera das unidades do Sistema Único de Saúde (SUS)”, evidencia Costa.

gista, assim como as de mais de 50 anos. “Esta faixa etária é acometida por 80% das causas de cegueira”, diz Costa.

CuIdAdoS

Na vida adulta, a preocupação deve ser a mesma. É importante atentar-se aos cuidados com a proteção contra a radiação ultravioleta, com a alimentação e a saúde geral – sem esquecer a visita periódica ao oftalmologista. “A radiação ultravioleta está relacionada com grande número de moléstias oculares como pterígio (uma espécie de pele sobre o canto dos olhos), catarata precoce e degeneração macular”, lembra o médico que aproveita para alertar sobre a intensa incidência de radiação UV no Ceará.

Para tanto, o oftalmologista dá algumas dicas: “Devemos utilizar óculos com proteção UV e, de preferência, algum tipo de chapéu ao nos expormos ao sol, especialmente entre 10 e 16h”. Ele ainda ressalta a má alimentação e a falta de cuidados gerais de saúde, como sedentarismo, descontrole da hipertensão arterial e do diabetes, como fatores que contribuem para o surgimento ou aceleração de inúmeras doenças oculares, como a retinopatia diabética e a degeneração macular.

O presidente da Sociedade Cearense de Oftalmologia, Dácio Costa, fala sobre o Congresso Norte-Nordeste de Oftalmologia 2014 e o cenário da saúde ocular no Estado.

o Povo: Neste ano, o Congresso discutirá o olho do diabético e a refratometria. Para a SCO, qual a importância em destacar tais temáticas?

Dácio Costa: O estudo da refratometria, com seus avanços e nuanças, é a base do consultório de qualquer oftalmologista. O diabetes é uma das doenças que mais tem crescido no mundo. O tratamento com novos medicamentos têm permitido maior sobrevida após o diagnóstico da doença. Estima-se que menos de 5% dos diabéticos apresentem cegueira se adequadamente tratados.

oP: E como está o nível da oftalmologia cearense?

Costa: Realizamos, hoje, todos os procedimentos de ponta em quase todas as áreas da oftalmologia. Ao participarmos de congressos internacionais temos a nítida sensação de que estamos up to date no exercício de nossa prática. O grande desafio da oftalmologia é o acesso a esta qualidade. Cerca de 70% da população é dependente do SUS e, dentro desta realidade, o acesso a essas tecnologias é difícil, especialmente nas áreas de retina e glaucoma. Também encontramos o desafio da má distribuição de oftalmologistas. Houve, porém, avanço nestas áreas e os pólos regionais do Cariri e Sobral já são praticamente autossuficientes. Praticamente todas as cidades cearenses acima de 40.000 habitantes são servidas por oftalmologistas.

Fortaleza-Ce, março 2014 opovo.com.br 11 SAúd E o C u LA r
Não sE br INCa Com a saúDE
Miner VA sT udio/shu TT ers T ock di V ulg A ção

um ComPromIsso PEla

CoNsCIENTIzação

Em ToDa a rEGIão NorTENorDEsTE, a CamPaNha “NoVEmbro azul”

rEForça a ImPorTâNCIa

Em PrEVENIr E TraTar

DoENças CausaDas PElo DIabETEs, ENTrE Elas, a PErDa Da VIsão

Odesconhecimento é o maior inimigo para aqueles que sofrem com o diabetes. A doença pode ocasionar cegueira, amputação e insuficiência renal. Sem contar com os agravantes das neuropatias, das complicações cardiovasculares e da diminuição da expectativa de vida em torno de 10 anos. Essas são as possibilidades de quem convive com o diabetes. No entanto, se a doença for detectada precocemente e com tratamento adequado, os riscos da cegueira, por exemplo, podem ser reduzidos em mais de 80%.

Diante da relevância desse assunto, mais de 1.200 cidades do Brasil aderiram ao movimento coordenado pela Associação Nacional de Assistência ao Diabético e pela Federação Nacional de Associações e Entidades de Diabetes, uma ação global da International Diabetes Federation e da Organização Mundial de Saúde pelo Dia Mundial do Diabetes, lembrado no dia 14 de novembro.

ConSCIEntIzAção

Trata-se de uma iniciativa que surge como um meio de aumentar a conscientização global sobre o diabetes. “É uma oportunidade de chamar a atenção do público e autoridades de saúde para os problemas desta grave enfermidade, que está em crescimento em todo o mundo”, argumenta Rafael Andrade, doutor em oftalmologia e coordenador do Mutirão do Diabético de Itabuna.

Como exemplo, a Sociedade Norte-Nordeste de Oftalmologia, com o

“é umA oPortunIdAdE

dE ChAmAr A AtEnção do PúbLICo E AutorIdAdES

dE SAúdE PArA oS ProbLEmAS dEStA grAvE EnfErmIdAdE, quE EStá

Em CrESCImEnto”

apoio do Conselho Brasileiro de Oftalmologia, e em parceria com outras entidades importantes no combate ao diabetes no país, como a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, a Sociedade Brasileira de Diabetes, a Federação Nacional de Associações e Entidades de Diabetes e a Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo lançaram uma campanha de combate à cegueira pelo diabetes em várias ci-

m ut I rão E m ItA bun A

Considerado o maior evento de prevenção do diabetes do Brasil, o Mutirão do Diabético em Itabuna, realizado há dez anos no interior da Bahia, é uma referência para todo o país. Somente em 2013, o Mutirão realizou mais de 13 mil atendimentos, entre ações de prevenção na Feira de Saúde e procedimentos médicos especializados, assistindo cerca de dois mil diabéticos com mais de 20 estandes de serviços, entre eles, mapeamento de retina sob dilatação pupilar e avaliação do pé diabético.

“Com a boa experiência na realização dessas campanhas, o Mutirão do Diabético em Itabuna vem apoiando outros colegas na elaboração de um kit com instruções básicas para realizarmos atividades no maior número possível de serviços de Oftalmologia no Nordeste brasileiro”, declara o oftalmologista Rafael Andrade. O coordenador do Mutirão aponta ainda o envolvimento social como um dos retornos positivos da campanha. Para Andrade, o “Novembro Azul” vem cada vez mais se transformando em uma grande corrente do bem, caminhando em várias frentes, que tem como foco a prevenção através da informação e orientação.

dades do Norte-Nordeste brasileiro, a “Novembro Azul”.

CAmPAnhA

O nome da campanha é uma menção ao mês do Dia Mundial do Diabético e a cor oficial da Campanha do Diabetes. “São campanhas de detecção, conscientização e tratamento para a população que ajudam a descobrir casos de diabetes, prevenir e tratar complicações”, esclarece Andrade. No ano passado, a campanha mobilizou vários serviços oftalmológicos em algumas das principais cidades do Norte-Nordeste, como Fortaleza, Recife e Belém, por exemplo. Foram realizados, simultaneamente, atendimentos e ações educativas contra o diabetes. Durante o “Novembro Azul”, as cidades ainda se iluminam com a cor azul, em vários pontos e marcos.

12 eSP e CIAL C ongre SS o de o ftAL mo L og IA CA m PA nh A
ESPECIAL PArA o Povo
F o T os di V ulg A ç ão

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