9 772178 578001
ISSN 2178-5783
Nº 8 - 2016 - R$ 12,90
O MELHOR DA EXPOCRATO NO MAIOR EVENTO DO CARIRI, AGRONEGÓCIO E ATRAÇÕES MUSICAIS DÃO O TOM
TRADIÇÃO FAMILIAR O LABORATÓRIO VICENTE LEMOS CRESCE PELO NORDESTE COM JOÃO HALLISSON LEMOS NO COMANDO
O MENINO E OS SANTOS CONHEÇA O PEQUENO BRUNO, QUE TROCA BRINQUEDOS POR IMAGENS RELIGIOSAS
ORAÇÕES PARA O LAR ENTENDA A HISTÓRIA DAS RENOVAÇÕES DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS E MARIA
EXPEDIENTE
Fundado em 7 de janeiro de 1928 por Demócrito Rocha
UM CARIRI
EM FESTA
O
maior evento do Cariri ganha força a cada ano. A Expocrato, que espera receber 300 mil pessoas entre feira agropecuária e shows na edição de 2016, sofistica-se e segue com programação intensa para caririenses e turistas. A grande atração é o cantor Wesley Safadão, que, em entrevista à revista, revelou se sentir em casa quando vai à região. Será a nona participação do “Rei do Camarote” no evento. Em matéria especial sobre o evento, a O POVO Cariri, conta, ainda, histórias de afetos construídos a partir de encontros na Expocrato e novidades ligadas aos setores do agronegócio e de criação de animais. A nossa capa, João Hallisson Lemos Carvalho, traz sua história de dedicação ao negócio fundado pela mãe, Ana Lúcia Lemos Carvalho. Hoje, o laboratório Vicente Lemos, criado no Crato, já está em mais dois estados, Pernambuco e Piauí, reunindo 16 unidades.
Sobre tradições religiosas, exploramos a Renovação do Sagrado Coração de Jesus e Maria. A celebração já percorre gerações no Cariri, abençoando lares e unindo famílias. O ato de fé vem do século XVII, na França. Entre curiosidades, encontramos a história do menino Bruno Nauê Fernandes Neri, que não troca suas imagens de santo por nenhum brinquedo. A diversão do garoto de quatro anos é arrumar as imagens da forma que acha mais divertida. Já as colunistas Cika Kalixto e Roberta Fontelles Philomeno, estreante na O POVO Cariri, trazem moda e saúde e beleza, respectivamente. As dicas são imperdíveis.
Presidente e Editora: Luciana Dummar Vice–Presidente: João Dummar Neto Diretor Institucional: Plinio Bortolotti Diretor-Geral de Operações: André Azevedo Diretor-Geral de Mercado Corporativo: Édson Barbosa Diretora Administrativa: Cecília Eurides Diretora de Marketing: Valéria Xavier Diretor de Mercado Leitor: Victor Chidid Diretora de Estratégia Digital: Arenusa Goulart Diretor-Geral de Jornalismo: Arlen Medina Néri Diretora-Executiva da Redação: Ana Naddaf Diretor-Adjunto da Redação: Erick Guimarães
NÚCLEO DE CONTEÚDO & NEGÓCIOS Diretora-Responsável: Ana Naddaf Editoras-Executivas: Adailma Mendes e Andrea Araujo REVISTA O POVO CARIRI Edição: Adailma Mendes Textos: Daniel Costa, Gabriela Meneses, Janaina Flor, Larissa Viegas, Lua Santos, Marília Candido e Sabryna Esmeraldo Projeto Gráfico e Edição de Arte: Andrea Araujo Design: Carlos Weiber, Raphael Góes e Ramon Cavalcante Revisão de Textos: Jonas Viana Foto de Capa: Helio Filho Tratamento de Imagem de Capa: Ethi Arcanjo e Raphael Góes Manipulação e Tratamento de Imagem: Gabriel Almeida Criação Publicitária: Gabriel Almeida, Jesus Freitas e Renan Cândido EQUIPE COMERCIAL Diretor-Geral de Mercado Corporativo: Edson Barbosa Gerente Comercial: Aline Viana Aires Área de Produção de Projetos e Revistas: Bruna Nunes Representante no Cariri: Cássia Rocha REVISTA O POVO CARIRI é uma publicação do Grupo de Comunicação O POVO Av. Aguanambi, 282 CEP: 60055-402. Fortaleza/CE PABX: +55 85 3255 6000 www.opovo.com.br
Boa leitura!
Adailma Mendes
Fale conosco: revistasopovo@opovo.com.br Impresso na Gráfica Halley
14
46
20
56
30
78
ENTREVISTA João Hallisson Lemos, diretor-executivo do laboratório Vicente Lemos, conta como a empresa cresceu no mercado
ECONOMIA Empreendedores caririenses revelam como vêm superando a crise econômica
ESPECIAL A O POVO Cariri apresenta todas as faces da Expocrato, maior evento da região
TURISMO O clima ameno da Chapada do Araripe é um atrativo para momentos de descanso e contato com a natureza
TRADIÇÃO E AFETO Conheça gerações de famílias que praticam a Renovação do Sagrado Coração de Jesus e Maria
ROBERTA FONTELLES PHILOMENO A colunista estreia na publicação trazendo novidades do mercado de beleza e estética
FOTOS DIVULGAÇÃO
MAIS ESPAÇO PARA PEDALAR No Cariri, muitos são os movimentos de ciclistas. Por isso, para garantir mais segurança àqueles que adotaram a bike como meio de transporte, o número de ciclovias na região vem sendo ampliado pelo Governo do Estado do Ceará. Na avenida Padre Cícero, que liga o Crato ao Juazeiro, com sete km de extensão, e na Leão Sampaio, de Juazeiro a Barbalha, com dez km, todos os sentidos estão ganhando vias para bicicletas. Segundo o Departamento Estadual de Trânsito do Ceará (Detran-CE), o projeto estará concluído até setembro deste ano.
REGIÃO CONECTADA
JUAZEIRO MAIS VERDE
UM NOVO CASARÃO
A partir do projeto Cidades Digitais, do Ministério das Comunicações (MC), nove municípios da região do Cariri passaram a contar com a instalação de redes e pontos públicos de acesso à internet, estimulano a inclusão digital. Entre as cidades beneficiadas estão: Barbalha, Caririaçu, Crato, Farias Brito, Jardim, Juazeiro do Norte, Missão Velha, Nova Olinda e Santana do Cariri. Além da implantação da estrutura, o projeto também promove a capacitação de profissionais em conjunto com instituições de ensino superior.
Você já imaginou uma horta comunitária próxima ao centro de uma cidade? Em Juazeiro do Norte, esse fenômeno acontece desde o primeiro semestre do ano. A ação, que é desenvolvida pela prefeitura do Município, incentiva a produção de alimentos saudáveis e gera renda para quase 30 famílias da região, que são responsáveis por plantar, produzir e colher os vegetais. No Ceará, essa é a primeira vez que uma horta comunitária é implantada em lugares urbanos.
Localizado em Aurora, no Cariri, o Casarão Coronel Francisco Xavier é considerado o primeiro prédio da história instalado no Município. Construído há 185 anos, o imóvel está sendo restaurado e reformado para receber o Centro Cultural Aldemir Martins. “O local vai acomodar a banda Senhor Menino Deus, que foi municipalizada, e um museu”, afirma José Cícero, secretário municipal de Cultura e Turismo. Segundo ele, a expectativa é que as obras sejam concluídas até setembro deste ano.
UM SABOR DIRETO DO CARIRI Pratos e bebidas do Cariri chegam a Fortaleza. No mês de julho, será inaugurada uma unidade do Budega Cariri no shopping Del Paseo. “Após uma boa experiência no mercado do Cariri, decidimos levar um pouco da cultura caririense para a Capital do Estado”, revela Breno Fernandes, sócio-proprietário do restaurante. A proposta do estabelecimento é apresentar cardápio, ambientes e serviços temáticos aos consumidores fortalezenses. “Além do funcionamento noturno, que é tradição no Cariri, também vamos funcionar no horário de almoço” revela. SERVIÇO Budega Cariri (shopping Del Paseo) Lançamento: julho Horário: diariamente, das 10h à 0h Endereço: av. Santos Dumont, 3131 , Aldeota, Fortaleza O POVO CARIRI
FOTOS HELIO FILHO
14 ENTREVISTA
MULTIMÍDIA Veja vídeo da matéria em: www.opovo.com.br/revistas
A FORÇA DO EMPREENDEDORISMO
FAMI O POVO CARIRI
ENTREVISTA 15
O TALENTO PASSOU DE MÃE PARA FILHO. NÃO SÓ NA ÁREA DA FARMÁCIA E BIOQUÍMICA E DOS EXAMES LABORATORIAIS, MAS TAMBÉM NO GOSTO PELO EMPREENDEDORISMO. O DIRETOR-EXECUTIVO DO LABORATÓRIO VICENTE LEMOS, JOÃO HALLISSON LEMOS CARVALHO, CONTA COMO DEU CONTINUIDADE À SUCESSÃO FAMILIAR
Gabriela Meneses gabrielaopcariri@gmail.com
J
oão Hallisson Lemos Carvalho e Ana Lúcia Lemos Carvalho não têm apenas os sobrenomes em comum. Mãe e filho compartilham da mesma habilidade, ambos formados em Farmácia e Bioquímica, e do mesmo entusiasmo pelo empreendedorismo. Ela, fundadora do Laboratório Vicente Lemos, hoje uma das maiores redes em análises clínicas da região do Cariri, presente também em outros dois estados (Pernambuco e Piauí), e ele, o atual diretor-executivo da empresa, protagonizam uma história de sucessão familiar que deu certo. Mesmo na correria de tocar um laboratório com 16 unidades, que atua em diversas áreas – Bioquímica, Hematologia, Microbiologia, Imunologia, entre outras –, e cerca de 170 profissionais, os dois também compartilham da simpli-
cidade, do aconchego, da preocupação em fazer o cliente, o paciente, o colaborador ou quem quer que esteja por perto se sentir em família. Até o nome, Vicente Lemos, não poderia ser diferente. É uma homenagem ao avô de João Hallisson, pai de dona Ana Lúcia, que deixou a herança de formar alguns dos 12 filhos que teve. E foi neste mesmo clima familiar e de entusiamo que João Lemos recebeu a equipe da revista O POVO Cariri para uma entrevista e uma visita à sede do Laboratório Vicente Lemos, no centro do Crato. Ele conversou sobre o início do laboratório, os investimentos em tecnologia, a expansão, a premiação e os desafios de levar à frente um negócio de sucesso. Você estudou em Natal. Fez curso de Farmácia e Bioquímica. Essa escolha foi influenciada pela vivência no laboratório?
Minha mãe nunca solicitou que eu fizesse Farmácia. Me encantei com o trabalho dela, quando ainda era estudante do ensino médio. Achava bacana pegar um exame, detectar que tinha alguma coisa errada ali. Quando anunciei que ia fazer Farmácia, com habilitação em Análises Clínicas, ela foi a primeira a me apoiar, já que um dos meus irmãos é advogado, o mais velho, e a do meio, dentista. Posterior a isso, fui a Fortaleza, fiz uma pós-graduação em Hematologia e Hemoterapia pelo Hemoce, curso vinculado à Universidade Federal do Ceará. Hoje você está como diretor-executivo, mas por quais outros setores passou? Passei por todos os setores da empresa. Quando vinha de férias, no segundo semestre de faculdade, em 1998, eu era incentivado e tinha a automotivação de vir ao laboratório para aprender. Trabalhei como recepcionista no período de férias. Depois da recepção, quando passava o período do atendimento, eu subia para preparar fezes e urina para que o microscopista me mostrasse qual estrutura ele estava vendo. Fui galgando, flutuando em todos os outros setores, férias a férias, no período de faculdade. E aí, formado, fui para a Hematologia. Em 2002, minha mãe disse que ia montar um outro laboratório em Barbalha. E fui iniciar esse trabalho lá. Eu saía todos os dias daqui [Crato] pra Barbalha. Observava que, enquanto aqui atendia 50 pacientes, lá atendia no máximo oito. Passei quase dois anos nessa peleja. E vi que aqui podia muito mais [no Vicente Lemos], porque já era uma marca conhecida e consolidada. Optei por ficar no Crato e foi aí que veio a ideia de implantar tecnologia. Fui inician-
LIAR
O POVO CARIRI
16 ENTREVISTA
João Hallisson e a mãe, Ana Lúcia Lemos, fundadora do laboratório
do o trabalho na Hematologia e vendo que havia uma necessidade de implementar novas tecnologias, de dar um melhor atendimento, uma melhor condição de instalação para o paciente e um trabalho melhor. Quem administrava o laboratório era meu pai e minha mãe. Meu pai fazia a parte administrativo-financeira. Minha mãe mexia um pouco no financeiro, mas mais na parte operacional das análises clínicas, dos exames. Depois fui absorvendo algumas funções deles. Eles foram aceitando o que eu ia colocando, nunca colocaram barreiras. E aí chegamos aonde, graças a Deus, estamos hoje. Você falou sobre a atuação do seu pai e sua mãe à frente do laboratório. Como iniciou o Vicente Lemos? Minha mãe tinha uma certa condição de iniciar um laboratório de pequeno porte. Ela foi pra cidade do Cedro. Montou laboratório com o empréstimo de um determinado banco local e não teve condições de assumir as parcelas. Ela chegou quase a passar fome, porque não queria pedir à família. Uma tia foi visitá-la de trem e ao chegar viu que ela não tinha nada para comer. Os parentes encaminharam alimentos e disseram: ‘Olha, venda o laboratório e vá embora’. No Crato, ela foi procurar trabalho em um laboratório. Trabalhou 17 anos, solicitou um aumento, que não aconteceu. E pediu pra sair. Ela começou a ver que poderia ir mais longe. Médicos da região, amigos dela, começaram a incentivá-la. Meu pai tinha uma kombi com bolachas. Vendeu o estoque que tinha em casa, o estoque que tinha na kombi, vendeu a Kombi, pediu as contas de uma outra empresa em que ele trabalhava e entregou todo o dinheiro na mão dela: ‘Tá aqui, pode montar o laboratório’. Isso foi em 1991. Chamou uma tia dentista, que hoje é nossa sócia, e foi em frente. O POVO CARIRI
Como é trabalhar em família? Nós ainda temos familiares aqui dentro. Costumo dizer que é uma empresa familiar, mas que também faz com que nossos colaboradores se sintam em família. Os familiares são mais cobrados do que os que não são, porque têm que dar o exemplo. Existem duas primas, no Crato: Angélica Carvalho, bióloga, que trabalha no Núcleo Técnico Operacional, e Anélica Carvalho, economista, que atua no Financeiro. Tem também um primo, Bruno Lemos Alves, que gerencia a Unidade de Processamento de Exames, em Fortaleza. E minha esposa, Débora Teixeira de Menezes, que fica no Crato, como gerente operacional. O laboratório tem hoje 16 unidades. O processo de expansão é continuado? Há previsão de novas unidades? É tão continuado que pretendemos realmente chegar a projetos mais amplos. Abrimos uma unidade na rua Padre Cícero [Centro], em Juazeiro do Norte. Já temos uma unidade em Juazeiro, mas enxergamos que o pedestre queria que nós estivéssemos mais próximos das clínicas, de onde ele sai e vai buscar um exame. Temos um centro de processamento, inaugurado em março, na cidade de Araripina, Pernambuco. É uma unidade com padrão diferenciado. O paciente fica sendo atendido na recepção e, atrás da atendente, tem um parque de máquinas e o profissional realizando os exames para o paciente ver todo o processo. Quantos procedimentos por mês, em média, o laboratório realiza em todas as unidades e qual o número de empregos que gera? Realizamos mais de 100 mil exames/mês. Chega a números acima de 1,2 milhão/ ano. É muito diagnóstico. São muitos exames. Muitos pacientes passam na nossa mão, e a responsabilidade é cada dia maior.
18 ENTREVISTA
São cerca de 170 empregos diretos. Indiretos, nós avaliamos uma ou duas vezes mais que o número de profissionais que nós temos. Como estão os investimentos em tecnologia? Colocamos para funcionar, a partir de janeiro deste ano, um equipamento chamado automate, um robô. Ele tem dois braços que se movimentam para capturar o tubo do paciente, ler o código de barras, identificar o que ele tem a fazer em exames, destampar o tubo, verificar se tem coágulo, se tem lipidemia, como a amostra está, se está suficiente. É um robô completo. Importamos dos EUA. É o primeiro do Nordeste. Fica no Crato, na nossa matriz, onde temos o maior número de exames. Esse equipamento traz uma desenvoltura que permite a redução do quadro funcional. No setor em que ele está, eu tinha oito colaboradores. Hoje só trabalho com quatro. A equipe foi reduzida. Mas nós pegamos os quatro colaboradore e alocamos em setores com necessidade. O equipamento não só agilizou o setor, como agilizou outros. O laboratório já recebeu algum prêmio? No dia 27 de junho [de 2015], recebemos um prêmio nacional. Primeiro e único laboratório do Ceará a receber o GPTW (Great Place to Work). Nós passamos a usar o selo GPTW 2015 como melhor empresa para se trabalhar, eleita pelos nossos colaboradores. E não foi por nós. Pelo contrário, a diretoria não participa do processo, nem do questionário. Me faz muito feliz poder trazer este selo pra região do Cariri. Vai ser o primeiro e único laboratório e até a primeira empresa da região do Cariri a trazer o prêmio para cá. Esse foi o primeiro prêmio nacional. Mas estadual já recebemos outros prêmios. No final do ano, queremos trazer um outro prêmio, que vou deixar a surpresa no ar. Quais os diferenciais do Vicente Lemos para ter se tornado uma referência na região do Cariri e conhecido até mesmo em outras cidades e capitais? Primeiro, o atendimento humanizado, da pegar na minha mão, na mão da doutora, ter acesso por uma ligação. Isso é um diferencial que em grandes capitais é mais complicado, apesar de existir também. O outro ponto forte é que o medo de investir aqui não existe. Em plena crise, estamos abrindo unidades de coleta em outras cidades, reformando as nossas unidades, comprando novos equipamentos e trazendo novas metodologias. O grande diferencial dessa empresa é nunca se sentir satisfeita com o que tem. Buscar sempre mais. Isso é um ponto muito forte do nosso trabalho e faz com que a gente consiga almejar novos horizontes. Com tantas ocupações no laboratório, você tem algum outro negócio, algum hobby? Os hobbies que ainda tenho são jogar vôlei, duas vezes por semana, praticar jiu-jitsu e futebol.
O POVO CARIRI
FOTOS HELIO FILHO
20 ECONOMIA
NEGÓCIOS EM
TEMPOS
DE
CRISE COM CONHECIMENTO TÉCNICO E MUITA CRIATIVIDADE, EMPREENDEDORES DO CARIRI CEARENSE CONSEGUEM SUPERAR O PERÍODO DE CRISE ECONÔMICA E EXPANDIR OS NEGÓCIOS
O POVO CARIRI
ECONOMIA 21
O POVO CARIRI
22 ECONOMIA
Gabriela Meneses gabrielaopcariri@gmail.com
DIANTE DA CRISE
N
um cenário de crise econômica, falência de empresas e crescente taxa de desemprego, negócios no Cariri cearense conseguem surpreender, fidelizar clientes e até se expandir. São empresas, de diferentes segmentos e formatos, que têm aliado o conhecimento técnico a muita criatividade e inovação. Apesar dos ajustes que precisam ser feitos para fazer o negócio prosperar nesses momentos, esses empreendedores vislumbram um cenário menos pessimista. Já quando a crise se anunciava, o chef de cozinha, Felipe Lustosa, filho de pais comerciantes, veio de Recife para Juazeiro do Norte, com intenção de abrir um negócio no ramo de alimentação. Em 2015, iniciou a Marujo Burgueria Gourmet, localizada no bairro Lagoa Seca. Lustosa aproveitou o conhecimento na Gastronomia, curso no qual é formado, o talento e a habilidade com os sabores, a vontade de crescer, e a criatividade. Montou o próprio cardápio. “Tudo é muito artesanal aqui. Nada leva conservantes. É aquela comida bem caprichada e tudo muito bem combinado."
QUALIDADE E FLEXIBILIDADE Em relação à crise, o chef acredita que o impacto no setor de bares e restaurantes ainda foi menor que no ramo dos lojistas. “É perceptível no aumento do preço dos insumos, mas não no movimento. O movimento se mantém. Estou com os mesmos preços e o mesmo padrão, mas com um custo maior.” Ainda assim, o ajuste necessário tem permitido que o negócio prospere nesse momento. São, em média, 3.500 hambúrgueres vendidos por mês, 700 a mais comparado ao ano passado. Os colaboradores também passaram de nove para 14. Para ele, foi fundamental não só manter os preços, mas garantir qualidade, bom atendimento e flexibilidade. “Eu tenho preços de hambúrguer de R$ 8 a R$ 30. Então eu consigo atender a vários públicos, com preços variados.” Lustosa completa dizendo que toda a O POVO CARIRI
6 Esteja atento às necessidades dos clientes; 6 Analise continuamente a sua estrutura de custos, possibilitando ofertar produtos a preços mais competitivos no mercado; 6 Inove nos seus produtos, agregando valor nas entregas a seus clientes; 6 Mantenha permanentemente seu corpo funcional motivado, capacitado e feliz. Fonte: Tânia Porto, Sebrae/CE
equipe passou recentemente por treinamento na área de atendimento. Há ainda um serviço de consultoria organizacional em andamento, atuando no fluxograma do restaurante e no financeiro. “A partir dos resultados dessa consultoria, quero conseguir cortar gastos para me manter melhor.” Outra ideia que tem dado certo, relacionada ao atendimento flexível, são as muitas opções que o cardápio possui, para além dos hambúrgueres. “Hoje as pessoas estão muito preocupadas em ter uma vida saudável. Aqui mesmo, na galeria onde fica o Marujo, tem academia, então eu fui inserindo saladas, crepes, wrapes no cardápio. Dessa forma, consigo atender não só uma pessoa, mas duas. Quem está de dieta, quem quer comer o hambúrguer.” DIVERSIDADE DE PRODUTOS E SERVIÇOS Há 16 anos, a Moto Peças Padre Cícero iniciou no centro de Juazeiro
do Norte, com apenas dois funcionários, e conduzida por Zenilda de Sena Bezerra Matos. Ela foi convidada pelo marido para assumir a loja, mesmo sem ter conhecimento sobre motos. “Sempre gostei de comércio, mas não entendia do ramo. Até resisti no começo, mas aceitei. Era um desafio e eu gosto de desafio”, afirmou. E deu certo. Hoje, a loja ocupa quatro prédios na rua São Pedro, a principal do centro de Juazeiro, e vende, em média, 16 mil peças/mês e tem cerca de 30 funcionários. Vende peças para motocicletas no atacado e no varejo, além de prestar serviços mecânicos. Ao falar em crise, Zenilda é otimista. “Você tem que montar estratégias, dentro da sua empresa, para passar por isso sem ter muitos danos.” Entre os pontos que beneficiam a empresa, ela cita o bom atendimento, a flexibilidade para compras parceladas e descontos, e a constante presença de produtos que o cliente precisa. “Vou contar uma experiência que tivemos. As nossas chuvas são irregulares, mas eu me preparei para a chuva. No mês de novembro, tínhamos uma quantidade de mais ou menos 300 capas de chuva. Na primeira chuva de janeiro, vendemos todas. Nenhuma outra loja se preparou”, relatou. Ela também ressalta, além da diversidade de produtos, a possibilidade de fornecer diferentes serviços. “Quem tem moto e não pode sair do trabalho,
, o p r o c No seu a z e l e b e d o h n o os l a e r e s torna-
Rua Edward Mclain, 440 – Salas 801/802 Ed. Cariri Medical Center - Juazeiro dwo
88 3571.1521 | 88 9.8828.2444
DR. ROMMEL APOLINÁRIO FEITOSA Cirurgião Plástico CRM 8748
24 ECONOMIA
o cliente liga e pede pra recolher a moto. A gente tem esse serviço. Pega em casa, no trabalho e faz o orçamento. Se o cliente autorizar, a gente faz o serviço e devolve no fim da tarde.” CRIATIVIDADE E PARCERIAS Foi a ideia de mudança de vida que fez com que Luciano Morais, historiador e produtor cultural, e Breno Ximenes, publicitário, sócios da Casa do Becco, no centro do Crato, saíssem de Fortaleza e chegassem ao Cariri. O espaço gastronômico e cultural, que ocupa um antigo casarão, possui um cardápio autoral, com comidas artesanais e processo de produção local. “Além do cardápio e das exposições, a gente vem desenvolvendo uma linha de produtos. São geleias da Casa do Becco, souvenirs, xilogravuras, objetos de arte, latas customizadas”, explica Morais. No mercado há dois anos, a Casa do Becco iniciou exatamente no período em que se começou a falar sobre crise. “Momento de crise demanda criatividade e inovação. E foi isso que a gente buscou, desde o início. A rede de parcerias foi primordial para o nosso desenvolvimento. A gente tem parcerias com o Sebrae, com a Universidade Federal do Cariri (UFCA), com um projeto de extensão de fomento à economia criativa. Como a gente já fez parte do métier acadêmico, foi muito importante e prazeroso consultar essa parte teórica, trazer pra prática e vivenciar tudo isso junto”, diz o produtor cultural. Além dessas parcerias, há também a cooperação com o grupo Ninho de Teatro, atuante na região do Cariri. “Nós fornecemos serviços a eles, e eles a nós. Nosso foco de atuação é na criatividade. Nessa troca de parcerias, contatos e redes que a gente vai criando no nosso território de atuação”, relata Ximenes. A Casa do Becco atende, em média, 1.200 pessoas por mês, e conta, mensalmente, com uma exposição de arte, um diálogo criativo, um Funaré no Becco (feira mista de economia criativa, em parceria com a UFCA), um show de música, além de participação em eventos de gastronomia. O POVO CARIRI
ACOMPANHAMENTO A MICRO E PEQUENAS EMPRESAS No Cariri cearense, as micro e pequenas empresas podem contar com a colaboração e o apoio do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae/CE) – Escritório Regional Cariri. De acordo com a articuladora Tânia Porto, o Sebrae tem estimulado o crescimento desses negócios no período de crise, por meio de programas de apoio. Entre eles, Tânia Porto aponta o “Negócio a Negócio”, um programa gratuito de atendimento e orientação empresarial que oferece diagnósticos e recomendações para microempreendedores individuais e donos de microempresas. “A ideia é auxiliar nas principais dificuldades que eles encontram no dia a dia da gestão de seu negócio e indicar outras soluções do Sebrae alinhadas às suas necessidades.”
Por meio do programa, ela explica que um agente de orientação empresarial realiza visitas na empresa e aplica um diagnóstico de gestão básica. Em seguida, sugere soluções para melhoria do negócio. Tânia Porto destaca ainda o projeto “Agente Locais de Inovação”, que tem como objetivo acompanhar os empresários de pequenas empresas na prática da gestão da inovação. “São dois anos de orientação e acompanhamento, sem custos para a empresa”, explica.
SERVIÇO Escritório Regional Cariri Sebrae/CE Contato: (88) 3512 3322/ 3511 2851
O POVO CARIRI
26 ECONOMIA
EXPANSÃO
LIVRO AJUDA COM GOVERNANÇA CORPORATIVA
Quando o negócio anda bem, sempre há o interesse em expansão. Mesmo no período de crise, os empreendedores não deixam de fazer planos e projetar novas possibilidades. Felipe Lustosa já recebeu muitas propostas de franquias para o Marujo Burgueria. Recife, Fortaleza, Caruaru e São Paulo já demonstraram interesse em receber o espaço. Franquia, no entanto, não está entre seus planos agora. “É um processo lento, burocrático. Tenho projetos de abrir outros restaurantes”. Um deles seria um novo Marujo, mais amplo, mais personalizado. O outro seria um restaurante num outro segmento. Este ano, além de reformas no prédio da Moto Peças Padre Cícero, Zenilda comprou uma outra loja do mesmo ramo: a Juazeiro Moto Peças. “Já está tudo legalizado, mas estamos no processo de organização da loja. Falta só finalizar isso para fazer a reinauguração com a nova administração.” Já Luciano Morais e Breno Ximenes, à frente da Casa do Becco, também planejam expansão das atividades. A ideia é lançar um site institucional e de vendas do espaço. “Vender os geoprodutos feitos por artesões, gastrônomos, produtores e agricultores locais”, explica Ximenes.
O livro Governança Corporativa para Pequenas e Médias Empresas, lançado no dia 30 de junho, na sede da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL), em Juazeiro do Norte, é uma dica de leitura para as empresas que procuram profissionalização. A advogada Imaculada Gordiano – que participou da produção do capítulo Os Aspectos Trabalhistas da Governança Corporativa de Pequenas e Médias Empresas, junto com o advogado Daniel Gordiano – falou no lançamento da publicação sobre Governança Corporativa nas empresas familiares. O livro faz parte da coletânea lançada pela rede de escritório Lexnet.
SERVIÇO Livro: Governança Corporativa para pequenas e médias empresas Editora: LTR Preço sugerido: R$ 80
NOVAS POSSIBILIDADES Para quem deseja abrir um negócio, a advogada Priscilla Peixoto do Amaral, sócia da CHC Advocacia, explica que o cenário tem aumentado o fluxo em duas vertentes: aberturas de startups por jovens empreendedores e uma grande procura pelo mercado de franquias. Segundo a advogada, os dois modelos possuem uma estruturação enxuta e escalável, crescendo cada vez mais. “A crise aflora novos dilemas e expande os já existentes. Neste sentido, as startups aparecem com soluções inovadoras, ideias praticáveis, mais baratas e, muitas vezes, melhores.” O POVO CARIRI
O sócio de Priscilla, Victor Sampaio Gondim, especialista em Direito Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas, explica que a crise econômica tem levado muitos brasileiros a apostar também no mercado de franquias. “A escolha pela franquia costuma ser uma opção mais conservadora, pois o franqueado pressupõe ter a sua disposição um modelo de negócio já conhecido, testado e aprovado pelo público. Vislumbra-se ainda a segurança decorrente do apoio do franqueador, em contraste à comum inexperiência do neoempresário”, afirmou Gondim.
ECONOMIA 27
O POVO CARIRI
28 ECONOMIA
UM SETOR EM CONSTANTE
MOVIMENTO COM EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES DE PRODUTOS, O SETOR DE TRANSPORTE RODOVIÁRIO TEM PROPORCIONADO CRESCIMENTO À REGIÃO DO CARIRI
A
o chegar a um shopping ou a um supermercado do Cariri, é possível encontrar alguns artigos e peças de Fortaleza, e vice-versa. Mas você já se perguntou como eles aparecem nas prateleiras? Segundo dados divulgados pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), de janeiro de 2016, o transporte rodoviário é responsável por 61,1% das cargas movimentadas no Brasil, totalizando os demais meios, ferroviário, aquaviário, dutoviário e aéreo, em 38,9%. No Ceará, uma das empresas que contribuem para o crescimento desse setor é a Transvale. Fundada em 1988, em Fortaleza, a companhia transporta diversos materiais, como calçados, peças automotivas e pneus, para vários destinos do Estado. “A empresa visa crescimento para diferentes regiões do Ceará. Hoje, ela atua em 104 municípios dos 184 do Estado”, afirma Júlio Santiago, diretor e fundador da Transvale. Nos últimos três anos, por exemplo, a empresa exportou quase 75.442.778 kg em produtos para o interior do Estado. Em contrapartida, foi movimentado 6.621.009 kg em artigos caririenses para Fortaleza. “Há uma tendência de estabilidade, no movimento de carga, no Cariri, apesar das incertezas da economia, o mercado é forte e mantém-se estável”, ressalta Santiago. Para realizar todos esses traslados, a corporação conta com 153 funcionários e uma frota de 40 veículos rastreados e monitorados. Além disso, a Transvale também apresenta O POVO CARIRI
uma filial em Juazeiro do Norte. Implantada em 2006, a unidade foi estabelecida para promover melhor comunicação com a região. “Na época, a vinda foi motivada pelo crescimento da região e pela forte influência do segmento de insumos para a indústria calçadista, além do movimento no mercado de varejo”, afirma.
FOTOS AURÉLIO ALVES
Daniel Costa danielcosta@opovo.com.br
ESTRADAS E RODOVIAS No Brasil, conforme dados do Sistema Viário Nacional (SVN), de 2014, as empresas privadas e públicas contam com 1,7 milhão de km de estradas e rodovias nacionais. Sendo desse valor, 12,9% (221.820 km) de estradas pavimentadas e 79,5% (1.363,740 km) de estradas não pavimentadas. Já no Ceará, conforme a Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará (Adece), de 2014, estão disponíveis 12 mil km de rodovias estaduais. Desse número, sete mil km são de estradas pavimentadas, 58% do total.
MAIS OPÇÕES DE TRANSPORTES
FERROVIÁRIO (20,7%)
Além do transporte rodoviário, que reúne 61,1% das cargas movimentadas no Brasil, outros meios de transporte também ajudam no traslado de mercadorias no País. Confira ao lado a participação de cada um deles nas transações de mercadorias:
AQUAVIÁRIO (13,6%)
164.809 milhões (tku)
108.000 milhões (tku)
DUTAVIÁRIO (4,2%) 33,300 milhões (tku)
AÉREO (0,4%) 3,169 milhões (tku)
tku: toneladas/quilômetro útil Fonte: Confederação Nacional do Transporte (CNT)
30 ESPECIAL
FEIRA, FESTIVAL DE MÚSICA, PARQUE DE DIVERSÕES, EXPOSIÇÃO E LEILÃO DE ANIMAIS E NOVIDADES TECNOLÓGICAS. TUDO PODE SER ENCONTRADO NA EXPOCRATO. NESTE ESPECIAL, SEPARAMOS UM POUCO DE CADA COISA E ENTREVISTA COM O ASTRO DO EVENTO, WESLEY SAFADÃO O POVO CARIRI
RODRIGO CARVALHO / DIVULGAÇÃO
ESPECIAL 31
O POVO CARIRI
EDIMAR SOARES
32 ESPECIAL
Lua Santos lucianasantos@opovo.com.br Marília Candido mariliacandido@opovo.com.br
V
ocê consegue imaginar uma semana de atividades variadas, indo desde uma feira agropecuária, passando por um parque de diversões, uma feira de roupas e acessórios, exposição de cachorros e, ainda, shows, muitos shows de músicos de sucesso nacional? Assim é a Expocrato, Exposição Nordestina de Animais e Produtos Derivados, que acontece todos os anos no Crato, em julho. A feira de animais e produtos agrícolas é a maior do Nordeste, e a parte de shows, que acontece nas oito noites do evento, é uma das maiores do País. O Parque de Exposições Felício Cavalcante recebe grandes nomes da música nacional e bandas locais. Ary Melo é um dos nomes por trás da produção da parte de shows e entretenimento da Expocrato, ao lado de Rafael Branco, por meio da RBA Promoções. “Este é o décimo ano que vamos fazer a Expocrato. Desde 2007 estamos no evento e tivemos um crescimento que é fruto de muito trabalho. Agora temos um know-how para fazer um evento bonito para o público e para o pessoal do Cariri, que merece”, conta. A grande novidade de 2016 são os camarotes. Antes o público se divertia em um camarote de dois andares bem alto, agora, a estrutura é mais similar a uma plataforma de cinema, na qual um andar fica um pouco mais à frente que outro. “Até por conta de segurança, estamos modificando, trazendo um camarote no modelo do Sul e Sudeste.” O POVO CARIRI
FOTOS TATIANA FORTES
PONTO ALTO COM ROBERTO Entre as edições já realizadas pela RBA Promoções da Expocrato, Melo gosta de ressaltar como um dos momentos mais importantes a realização do show de Roberto Carlos, em 2015. “Ninguém acreditava quando anunciamos, e ficou até aquela dúvida, com todo mundo perguntando se era verdade. Mas conseguimos trazer uma megaestrutura para dentro do Crato”, conta. O show do “Rei” funcionou como uma espécie de aquecimento para os dias de festa que vieram a seguir, e o resultado foi um público de aproximadamente 270 mil pessoas ao longo de todos os dias de programação. “O show de Roberto Carlos vai ficar na história. Até o Rei gostou. Quando ele elogia, é porque foi bom de verdade.”
NONONONO 33
O POVO CARIRI
34 ESPECIAL
HELIO FILHO
EDIMAR SOARES
Joemerson Lustosa e Fernanda Alves
HISTÓRIAS DA EXPOCRATO A Expocrato é também sinônimo de encontros e reencontros. Dentre as centenas de visitantes, muitos vão ao evento revisitar a terra natal, reencontrando pessoas queridas ou aproveitando para conhecer gente nova. A relação entre cratenses e a Expocrato é intensa, como a da estudante Fernanda Alves. “Frequento a Expocrato desde criança. Meus pais sempre me levavam para brincar no parque de diversões e ver os animais. A partir dos 15 anos, passei a ir para as noites de festa.“
UMA FESTA PARA TODOS Ao longo de 71 edições já realizadas, a Expocrato mudou de cara, de local de realização e alterou a infraestrutura do Crato. Durante o período das festas, as ruas próximas ao Parque de Exposições Pedro Felício Cavalcante chegam a ter seus sentidos alterados. Entretanto, segundo o sócio da RBA Promoções, Ary Melo, ainda é preciso mais. “As vias de trânsito já não comportam mais [o tráfego]. Quando é dia de grandes bandas, o engarrafamento vai até fora da Cidade.” A expectativa para este ano é de cerca de 300 mil pessoas circulando por toda a Expocrato, entre a feira agropecuária e os shows. PARCERIAS E AGRONEGÓCIO Tudo o que envolve agronegócios pode ser encontrado na Expocrato. Leilões, desfiles e exposições de animais, novidades tecnológicas, palestras, workshops e contato direto do criador O POVO CARIRI
e/ou produtor com o consumidor. Através de parcerias públicas ou privadas, instituições unem-se no evento, como a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Ceará (Ematerce), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e Intituto Federal do Ceará (IFCE) Campus Crato. Associações locais também marcam presença com o objetivo de recepcionar os produtores visitantes e também promover palestras e divulgação de produtos. Segundo o presidente do grupo gestor do evento, Luiz Gonzaga de Melo Neto, todos os anos o Parque de Exposições Pedro Felício Cavalcanti passa por uma reforma das instalações para proporcionar mais segurança aos expositores e animais, bem como ao público em geral. Em 2016, parte dos recursos para a Expocrato vai para reformas de pavilhões para alojamento de animais, alojamento de tratadores e manutenção de banheiros.
Dentre as histórias de Fernanda, uma é especial. Em 2013, durante um show do grupo Sorriso Maroto, ela “ficou” com um rapaz. Passada a Expocrato, eles se reencontraram e começaram a namorar. Atualmente, estão noivos. “Minha mãe encontrou com ele dias antes, falou de mim e disse que ia me levar para a gente se reencontrar. Isso porque nós fomos colegas de escola no infantil. Depois disso, sempre vamos à Expocrato comemorar a data especial.”
A EXPOCRATO ACADÊMICA O IFCE tem sempre participação ativa nas edições da Expocrato. Minicursos, palestras e oficinas são ofertados. Além disso, em parceria com a Embrapa, o IFCE oferecerá na edição de 2016 um transporte especial para os produtores rurais conhecerem as instalações e projetos do campus.
36 ESPECIAL
O REI DO CAMAROTE ça (risos). Já sim, até tenho pensado em cortar, mas por enquanto só pensado mesmo...
RODRIGO CARVALHO
O ano de 2016 marca a nona participação de Wesley Safadão na Expocrato, mas, sem dúvida, uma das primeiras após ele estourar no Brasil inteiro. Sucesso até nos Estados Unidos e preparando uma turnê pela Europa para o ano que vem, Wesley será atração do sábado, 16 de julho. Em entrevista, o cantor fala sobre seu sucesso, planos para o futuro e, claro, seu carinho pela Expocrato e pelo Cariri.
Você conhece o Cariri? Qual o seu lugar preferido na região? Conheço sim e já fiz muitos shows bacanas por lá. Tenho muitos amigos na região do Crato, Juazeiro do Norte, esse será meu nono ano na Expocrato, evento muito especial, e já me sinto em casa por lá.
Em que momento da carreira você percebeu que tinha virado uma estrela? Não me sinto uma estrela (risos), mas sempre falo que minha carreira nacional começou tem uns dez meses. Depois do sucesso que conseguimos fazer com a música “Camarote”, com a participação que fiz na música “Aquele 1%” com meus amigos Marcos e Belutti, tudo passou a fluir muito rápido. Para você, como é lidar com toda a fama, fãs e ser considerado um verdadeiro “fenômeno” musical? Graças a Deus sou muito bem recebido onde chego. O carinho dos fãs, de todas as pessoas ao meu redor, é muito grande. Eu me sinto muito feliz, e o mínimo que posso fazer é retribuir tudo isso nos meus shows, nos lugares que chego. Qual música não pode faltar em um show, de forma alguma? Tenho muitas músicas que a galera tem curtido nos shows, mas, com certeza, “Camarote” e “Coração Machucado” são músicas que não posso deixar de cantar. Quem são suas influências no mundo da música e quem você acha que está “melhor colocado” no forró nacional, além de você? O forró tem muita coisa, o Brasil precisa descobrir. Bandas como Aviões do Forró e Calcinha Preta têm uma história marcante no meio, e hoje temos, além das Coleguinhas, que estão fazendo um trabalho muito bacana, Gabriel Diniz, Márcia Fellipe e Pedrinho Pegação, que são grandes apostas no mercado, estão crescendo muito. Como foi, para você, ver o DJ Diplo O POVO CARIRI
O que mudou da sua primeira participação no evento até agora? Alguma lembrança especial no Cariri? O que o público pode esperar do seu show na Expocrato? A cada ano, tentamos inovar, mostrar as novidades do show. Tenho muitas lembranças especiais. Já dividi palco com grandes artistas como o Bell Marques lá, já gravei alguns DVDs promocionais e, com certeza, é um evento que faz parte do meu crescimento, da minha história.
PROGRAMAÇÃO DE SHOWS DA EXPOCRATO tocando sua música no Lolapalooza? E depois, trocando o nome dele pelo seu naquela brincadeira no Twitter? Bem legal, não é? Um outro segmento, outro ritmo, com bastante criatividade! Curti demais! O que você achou da teoria que rolou nas redes sociais de que você teria morrido e sido substituído por outro cantor? (risos) Não tenho ideia de onde tiraram isso, mas, graças a Deus, estou bem vivo. Antes do sucesso no forró, você sonhava em ser jogador de futebol. Para onde foi esse sonho? Verdade. Ficou em segundo plano depois que a música me conquistou. Hoje tenho o futebol como hobby, gosto muito de bater uma bolinha. Quais os cuidados que você tem com o seu cabelo? Já recebeu alguma proposta para cortá-lo? O menor possível, por incrível que pare-
10 de julho Marília Mendonça Luan Estilizado Encantu’s 11 de julho Tribo de Jah Planta e Raiz 12 de julho Biquini Cavadão Iohannes 13 de julho Magníficos Gigantes do Brasil Encontro das Vozes 14 de julho Gabriel Diniz Simone e
Simaria Toca do Vale Ítalo e Reno 15 de julho Aviões do Forró Luan Santana Pedrinho Pegação Avine Vinny 16 de julho Wesley Safadão Bruno & Marrone Fabinho Nathan 17 de julho Jorge & Mateus Dorgival Dantas Márcia Felipe Geraldinho Lins
ESPECIAL 41
O POVO CARIRI
38 PUBLIEDITORIAL
INOVAÇÃO IMOBILIÁRIA O
atual momento econômico do País tem afetado diversos setores do mercado e o imobiliário não foge das estatísticas. Porém, ninguém pode ficar parado. Por isso, o Feirão de Imóveis do Cariri, realizado entre os dias 16 e 18 de junho, trouxe também, para inspirar o público, o seminário “Inovação para o Mercado Imobiliário do Cariri”, promovido nos dois primeiros dias do evento. Dentre os temas apresentados na programação esteve o “Inovações tecnológicas para ganho de produtividade e superação da crise: estudos de caso”, apresentado pelo presidente do Sinduscon-CE, André Montenegro de Holanda, e o diretor regional do Sinduscon-CE em Juazeiro do Norte, Felipe Néri Coelho. Coelho explica que, no segmento, atitudes inovadoras consistem em “trazer soluções que venham resolver e organizar as ações de ordem técnica”, apresentando aspectos técnicos e econômicos de uma obra ou empreendimento. E exemplifica: “Se eu precisar fazer uma parede de tijolos e ela sair cara, descubro uma parede que é mais econômica e, assim, viabilizo o empreendimento”. DE OLHO NO PRESENTE Para Holanda, o primeiro passo para a inovação é enxergar o momento atual. “Você tem que enxergar que ainda tem gente querendo comprar e saber de qual
O POVO CARIRI
FOTOS DIVULGAÇÃO
O QUE O MERCADO IMOBILIÁRIO DEVE FAZER NO ATUAL CENÁRIO BRASILEIRO? AS INOVAÇÕES DO SETOR FORAM DESTAQUE DO SEMINÁRIO “INOVAÇÃO PARA O MERCADO IMOBILIÁRIO DO CARIRI”, REALIZADO NO FEIRÃO DE IMÓVEIS CARIRI
PUBLIEDITORIAL 39
nicho para poder explorar. Para isso, tem que reduzir os custos, porque eles são das classes C e D, que tem financiamento no FGTS [Fundo de Garantia do Tempo de Serviço]”. Porém, para atuar no nicho, ele diz, é preciso ter expertise em construção. E é neste momento que “entra” a inovação, “em formas diferentes de construir”, completa. Um dos exemplos de inovação que o presidente do Sinduscon-CE cita é um da Olé Casas. E explica: “Ela [a tecnologia aplicada pela empresa] veio para diminuir custos da construção civil com paredes pré-fabricadas de alvenaria, tijolo, concreto e argamassa, moldadas numa fábrica no próprio local da obra”. Após a fabricação, a equipe parte para a montagem. O processo é rápido e, em até cinco dias, é possível entregar uma casa de até 50 m². “A velocidade diminui os custos fixos da obra, permitindo ganho de produtividade”, esclarece Holanda. Exemplos como o da Olé Casas ainda são considerados sustentáveis por conta do baixo desperdício de materiais e a quase inexistência de resíduos. A empresa, que existe há oito anos, atua em vários estados do Brasil. Até o momento, mais de 13 mil unidades já foram construídas pela Olé com a inovação. HORA DE INOVAR Mesmo apresentando tantas novidades e ideias, Holanda explica que o mercado brasileiro de construção civil ainda investe pouco em inovação. “Ele [o empresário] gosta da zona de conforto, de construir do mesmo jeito, mas nós temos que mudar a nossa conversa por conta do mercado, do momento da economia, onde empresas têm que focar no aumento da produtividade e na redução dos custos.”
FEIRÃO DE BONS RESULTADOS Três dias, R$ 21 milhões movimentados, mais de duas mil unidades habitacionais. Estes são alguns números do Feirão de Imóveis Cariri, realizado no Cariri Garden Shopping, em Juazeiro do Norte (CE) e promovido pelo Sinduscon-CE. O evento contou com o encaminhamento de cerca de 200 unidades habitacionais para avaliação de crédito junto à Caixa Econômica Federal e recebeu mais de 1.500 visitantes nos 24 estandes das dez construtoras participantes. Eram mais de dois mil imóveis ofertados, de perfis diferentes: novos, usados e na planta, entre terrenos, casas, apartamentos e unidades comerciais, com valores a partir de R$ 90 mil. Com foco nos imóveis de habitação popular, cobertos pelo Programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) e pelo FGTS, o Feirão possibilitou a negociação direta entre clientes e construtoras, além do auxílio de financiamento dos correspondentes bancários da Caixa Econômica Federal, um dos patrocinadores do evento. Senai e Governo Federal também patrocinaram a edição. O POVO CARIRI
40 ENSINO SUPERIOR
CENÁ RIOS SHUTTERSTOCK / TRIFF
DA EDUCAÇÃO SUPERIOR O POVO CARIRI
ENSINO SUPERIOR 41
FACULDADE, CENTRO UNIVERSITÁRIO, UNIVERSIDADE. AFINAL, QUAL É A IDEAL PARA O SEU FUTURO PROFISSIONAL? Larissa Viegas larissaviegas@opovo.com.br
O
segundo grau foi concluído e o próximo passo educacional é ingressar em uma instituição de ensino superior. Nos guias, sites e nas ruas, elas exibem as categorias: faculdade, centro universitário e universidade. Mas, afinal, o que cada uma oferece? Quais são as diferenças entre elas? Como é realizada a mudança de uma para outra? No Brasil, as Instituições de Ensino Superior (IES) são credenciadas, segundo o Ministério da Educação (MEC), originalmente como faculdades. A mudança para centros universitários e universidades é dada após um credenciamento específico para esse fim, cumprindo prerrogativas de autonomia, estando em funcionamento regular e seguindo um padrão satisfatório de qualidade. QUEM É QUEM A categoria de faculdade é composta por institutos, organizações equiparadas e escolas superiores, focadas em determinadas áreas de conhecimento. Não possuem autonomia e, caso desejem ofertar cursos, precisam solicitar autorização prévia ao MEC. Geralmente oferece uma menor quantidade de cursos e são ideais para quem busca cursos de formação na área, mas não busca pesquisa nem extensão acadêmica. O corpo docente deve ser composto por profissionais com formação mínima no nível de pós-graduação lato sensu (especialização). O POVO CARIRI
São classificadas como centros universitários as instituições de educação pluricurriculares, que abrangem uma ou mais áreas de conhecimento. Eles possuem excelência no ensino oferecido, comprovada pela qualificação do corpo docente. Parte desse grupo (um terço de mestres ou doutores e um quinto do corpo docente) deve atuar em tempo integral. Além disso, há condições de trabalho acadêmico para a comunidade escolar. Os centros universitários têm autonomia para criar, organizar e extinguir cursos e programas de educação superior em sua sede. Por fim, as universidades concentram três eixos de atividades acadêmicas, sendo elas ensino, pesquisa e extensão. Essas instituições multidisciplinares devem atender requisitos como: ter produção intelectual mediante o estudo sistemático dos temas e problemas mais relevantes (dos pontos de vista científico e cultural e regional e nacional); oferecer pelo menos quatro programas de pós-graduação stricto sensu (mestrado e doutorado) com boas notas perante o MEC; e ter um terço do corpo docente com, no mínimo, com títulos acadêmicos de mestrado ou doutorado e, no mínimo, um terço atuando em regime de tempo integral. Ao contrário das demais instituições de ensino, as universidades são dotadas de autonomia em sua sede, podendo criar campus fora da sede no âmbito do Estado (mediante credenciamento prévio do MEC). MUDANÇAS Um dos centros de ensino superior que passou recentemente por um processo de mudança de perfil foi a Unileão, a antiga Faculdade Leão Sampaio, que, em 29 de março de 2016, deixou de ser faculdade para se tornar centro universitário, tornando-se o primeiro no interior do Ceará. “As faculdades são autorizadas a funcionar e o MEC reconhece ou não [os cursos] após a conclusão da primeira turma”, explica o professor Jaime Romero de Souza, reitor da Unileão. Além de uma quantidade específica de cursos, os mesmos precisam ter boas notas, que variam de um a cinco, sendo um e dois conceito fraco; O POVO CARIRI
FOTOS HÉLIO FILHO
42 ENSINO SUPERIOR
44 ENSINO SUPERIOR
três, bom; quatro, muito bom; e cinco, excelente. Nesse quesito, o reitor explica que a Unileão teve 12 dos seus 13 cursos avaliados e todos ficaram com notas quatro ou cinco. Outro fator fundamental para a mudança é o Conceito Institucional, o CI. Dentro de um ciclo de três a cinco anos, conforme explica o reitor, as instituições são avaliadas por uma comissão, que analisa três contextos: instituição e planejamento; pedagogia, coordenação e professores; e estrutura. As notas também variam de um a cinco, sendo a mais alta atribuída à Unileão. Um terceiro indicador decisivo para a mudança é o Índice Geral de Cursos, o IGC. Sua função, segundo o MEC, é conhecer o desempenho das instituições de ensino superior do País. Ele consiste em uma média ponderada das notas dos cursos de graduação e pós-graduação de cada instituição. Assim, sintetiza num único indicador a qualidade de todos os cursos de graduação, mestrado e doutorado da mesma instituição de ensino. O IGC é divulgado anualmente pelo Inep/MEC, imediatamente após a divulgação dos resultados do Enade. Dentre os benefícios de se tornar um centro universitário está a autonomia para abrir cursos, chancelar diplomas e aumentar o número de vagas destes O POVO CARIRI
O PRINCIPAL [DESTA MUDANÇA] NÃO É ENTREGAR DIPLOMA, MAS CONTRIBUIR PARA O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, SOCIAL E CULTURAL DA REGIÃO
cursos. “Porém, para mim, o principal [desta mudança] não é entregar diploma, mas contribuir para o desenvolvimento econômico, social e cultural da região”, afirma o reitor. PARA A COMUNIDADE Com o intuito de unir atendimentos práticos e benefícios a comunidade, a Unileão oferece serviços aos moradores de Juazeiro do Norte e região, prestados por estudantes monitorados por seus professores. Na clínica escola, por exemplo, são realizados mais de 20 mil atendimentos odontológicos gratuitos por ano. O centro universitário conta também com um Nú-
cleo de Práticas Jurídicas, com estudantes de direito. “A sociedade é apaixonada pela instituição, que está inserida nela. E nosso atendimento é humanizado”, diz Souza. Segundo o reitor, o Ministério da Educação entendeu que, com os altos conceitos e o bom entrosamento com a comunidade, seria possível passar de faculdade para centro universitário. “Com isso, teríamos motivação para ampliar trabalhos de pesquisa, iniciação científica e integração com a comunidade. Com o centro, esperamos exceder ainda mais e justificar essa confiança do ministério, mostrar que éramos merecedores e que vamos nos superar”, completa. O trabalho realizado pela Unileão foi, para Souza, o principal motivo da mudança, interpretada pelo reitor como uma promoção, um reconhecimento de seus resultados. O efeito, para ele, é muito positivo, principalmente no caso da instituição, que tem mais de 500 funcionários e cerca de nove mil alunos. “É um dos maiores geradores de empregos, médicos, mestres, doutores. Fazemos a economia girar”, afirma, destacando a importância do polo universitário para o crescimento da região. FUTURO PRÓXIMO Como centro universitário, a Unileão ampliará os seus projetos para, assim, aumentar as respostas e beneficiar a sociedade. “A instituição recebe confiança, crédito, reconhecimento e isso vai impulsionar todas as suas atividades”, conta o reitor. A meta de 30% dos professores com títulos de mestres e doutores já foi batida: já passam de 50%. Do outro lado, os alunos também são “cobrados”. “Não é fazer o mínimo, só pelo diploma. Hoje, a Unileão está entre os 10% das melhores instituições do Brasil. O País precisa crescer, se desenvolver no interior para segurar os talentos em suas cidades de origem, para não sobrecarregar as metrópoles. Se os talentos migram para as capitais, não desenvolve o interior. O País não precisa de diplomas, mas de quem faça a diferença”, conclui.
NONONONO 45
O POVO CARIRI
MATEUS MONTEIRO / DIVULGAÇÃO
46 TURISMO
PARA CURTIR O
FRIO ZINHO
No hotel Costa da Serra, com bar e restaurante, existe a opção de combinar pratos quentes e vinhos
DO MEIO DO ANO ATÉ MEADOS DE AGOSTO, O CLIMA NA REGIÃO DO CARIRI SE TORNA MAIS AMENO, ESPECIALMENTE NA CHAPADA DO ARARIPE. É UMA BOA PEDIDA PARA DESCANSAR E TER CONTATO COM A NATUREZA O POVO CARIRI
Gabriela Meneses gabrielaopcariri@gmail.com
Q
ERIC MOREIRA / DIVULGAÇÃO
uem já sentiu o sol forte do Cariri, que brilha intenso no azul quase sem nuvens, nem imagina que a região também esconde temperaturas amenas do meio do ano até meados de agosto. Na Chapada do Araripe, a temperatura cai ainda mais, tornando o clima serrano ideal para o descanso e o contato com a natureza. A revista O POVO Cariri indica opções de hospedagens, em que é possível aproveitar o clima agradável nessa época e, ainda, curtir as atrações que a chapada proporciona. No Crato, o hotel Encosta da Serra já recebe o visitante com uma vista belíssima da Chapada do Araripe. Localizado no bairro Granjeiro, já na subida da serra, dispõe de acomodações com tamanhos diversos, restaurante, bar e área de lazer com piscinas ao ar livre. De acordo com a gerente Hianny Angelo, quem está de folga pode aproveitar também para agendar passeios turísticos, como trilhas ecológicas, esportes de aventura e cicloturismo. À noite, quando a temperatura baixa, o hotel oferece restaurante com pratos quentes, acompanhados de vinhos. Próximo ao local, existem ainda opções de restaurantes para o visitante aproveitar. De acordo com Hianny, já em junho, a região fica mais movimentada, com crescimento em média de 80% de ocupação no estabelecimento. Em Barbalha, o Hotel das Fontes Caldas também é uma boa pedida para curtir o clima ameno. Segundo o gerente comercial, João Eudes da Paz, a temperatura nessa época pode cair até 15° à noi-
te. “As pessoas gostam muito daqui para curtir esse clima serrano. A temperatura nessa época é bem diferenciada. Além disso, é muito arborizado”, destaca. O espaço conta com opções de apartamentos e chalés. Também dá acesso ao conhecido Balneário do Caldas. Fica próximo ainda ao Arajara Park, parque aquático temático, que também tem restaurante, tapiocaria, trilha ecológica, além de pesque e pague. “Nosso hotel é apropriado para lazer e descanso do estresse do trabalho. O clima é muito agradável e o visitante pode ter contato com a natureza”, completa João Eudes. ACAMPAMENTO Para quem quer uma opção diferente na chapada, mais ligada ao turismo de aventura, pode se hospedar no Sítio Pinheiros, também em Barbalha. São seis cabanas de alojamento e também há o espaço para camping. O local é completamente verde e arborizado, proporcionando contato com a natureza, num ambiente tranquilo. De acordo com o proprietário Renato Almeida, o lugar é destinado a quem procura descanso e alívio do estresse. Situado a 750 m de altitude, a temperatura oscila entre 15° e 25° C. Possui ainda parque infantil, salas de jogos, piscinas, sauna, academia, bar, lago, pedalinho, caiaque, espaço socioambiental para reuniões e eventos, quadra de vôlei, espiribol, mirante do pensador, espaço holístico e templo ecumênico. Há também trilhas com baixa, média e alta dificuldade, sendo possível caminhar por até dois km dentro do próprio sítio. “No final do dia, sugerimos ainda boa música, queijos e vinhos no restaurante. Depois, os cobertores”, diz Renato Almeida. No Sítio Pinheiros, cabanas e espaço para camping dão charme ao local
DIVULGAÇÃO
TURISMO 47
O Hotel das Fontes Caldas aposta em muita arborização para agradar os hóspedes
INFLUÊNCIA DA ALTITUDE E DO INVERNO NO HEMISFÉRIO SUL NA TEMPERATURA O clima ameno nesse período, na região do Cariri, especialmente na Chapada do Araripe, deve-se à altitude e à chegada do inverno no hemisfério Sul, de acordo com Raul Fritz, meteorologista da Funceme, supervisor da unidade de Tempo e Clima. “Se a gente sai do nível do mar e sobe serra ou chapada, isso contribui pra amenizar a temperatura”, diz. Em Barbalha, por exemplo, as temperaturas mínimas, em média, ficam entre 19,3°, em junho, 19,1°, em julho, e 18,8°, em agosto. No entanto, ele informa que o município já chegou a apresentar temperatura de até 12° e 13° em agosto. Segundo Fritz, no dia 20 de junho ocorre o solstício de inverno, dando início à estação no hemisfério Sul da Terra. E o Cariri, apesar de não ter as quatro estações bem definidas, sofre influência.
O POVO CARIRI
FOTOS ELDAR NURKOVIC / SHUTTERSTOCK
48 LIFESTYLE
EM MOVI MENTO O POVO CARIRI
LIFESTYLE 49
OFERECENDO MUITOS RESULTADOS ALIADOS A UMA TÉCNICA NADA REPETITIVA, O PILATES GANHA ADEPTOS NO CARIRI
O POVO CARIRI
50 LIFESTYLE
Janaina Flor janainaflor@opovo.com.br
C
resce o número de pessoas que procuram seguir um estilo de vida que reflita em benefícios para o corpo. O pilates, criado pelo alemão Joseph Pilates no início dos anos 1920, é um dos métodos que mais ganham adeptos, com exercícios que trabalham força, resistência, respiração e mente. A técnica proporciona equilíbrio entre corpo e mente, e foi originada a partir de exercícios de condicionamento físico, yoga e acrobacia. Aparecida Fernandes, fisioterapeuta, instrutora de pilates e proprietária do Studio FisioCorpus, no Crato, explica que o pilates pode ser realizado por diferentes grupos de idade, “do atleta ao sedentário, da criança ao idoso, grávidas e pacientes em fase de reabilitação. Ou seja, qualquer pessoa pode ser praticante desde que respeite suas limitações”. A atividade é recomendada para reabilitação, correção postural e prevenção de lesões. Denisia de Oliveira, 27 anos, que pratica pilates há um ano e meio, buscou a atividade por conta de uma indicação médica. “Foi por questão de saúde. Eu tive um problema físico no joelho. Fiz as sessões de fisioterapia,
mas após o tratamento fui indicada a praticar pilates para fortalecer a musculatura que havia sido afetada.” Depois da experiência inicial, a jornalista e policial militar, decidiu seguir com a prática. “O tratamento não ficou restrito só à parte afetada e comecei sentindo a diferença em relação à flexibilidade, força e musculatura.” Apesar de já ter praticado outros tipos de atividade física, Denisia explica que o pilates é diferente porque não é repetitivo, como a musculação. “O pilates é o contrário, porque é muito dinâmico, aula diferenciada. Uma das vantagens é o acompanhamento, tem sempre um profissional personalizado acompanhando”, avalia. A TÉCNICA Segundo um estudo da Organização Mundial de Saúde (OMS), as atividades físicas, como o pilates, que são moderadas, reduzem de 20% a 25% o risco de problemas cardíacos, e também diminuem a gravidade de deficiências associadas a cardiopatias e outras doenças crônicas. “Aumenta a resistência física e mental, melhora a coordenação motora, promove a saúde das articulações, alivia dores musculares, ajuda a melhorar a respiração e a flexibilidade, promove relaxamento, bem-estar e eleva a autoestima, elimina toxinas e facilita a drenagem linfática, melhora a postura e a resistência muscular, expande a consciência corporal, fortalece os músculos
abdominais, emagrece, tonifica e modela o corpo”, ressalta a fisioterapeuta Aparecida Fernandes. “A prática do pilates é eficaz no tratamento e na prevenção de lesões que acometem a coluna porque busca o fortalecimento dos músculos profundos, que são responsáveis por manter as vértebras e seus componentes articulares na posição anatomicamente correta”, acrescenta a profissional. Para quem procura aumento da massa muscular, a profissional destaca que o pilates aumenta o metabolismo do corpo e, consequentemente, provoca uma maior queima calórica. “Os exercícios do método trabalham, principalmente, a musculatura abdominal, portanto, o método é excelente para ajudar a acabar com as gorduras localizadas no abdômen”.
COMO FUNCIONA O PILATES A maioria das atividades do pilates são feitas deitadas ou com o auxílio de aparelhos específicos, usando molas ou polias. Os exercícios são feitos de forma calma, com instrução do profissional, e não utiliza pesos em alteres, apenas o peso do próprio corpo. Não há repetições de séries ou movimentos, e coordenam mente e corpo para conseguir os resultados. Os músculos profundos, do abdomên e das costas, são chamados de núcleo força. São estes os principais músculos do exercício, que apóiam a coluna e servem de estrutura para garantir que o movimento seja executado da forma correta. Trabalhando o núcleo força, todo o tronco do corpo ficará estabilizado.
SERVIÇO Studio FisioCorpus Av. Duque de Caxias, 659, Crato Contato: (88) 99927 9429
O POVO CARIRI
HELIO FILHO
52 MÚSICA
CAVALEIRO DO CARIRI
O PRINCIPAL NOME DA CULTURA POPULAR EM MÚSICA NO CARIRI, ABIDORAL JAMACARU ESTÁ PRESTES A LANÇAR SEU QUINTO ÁLBUM DENTRO DE UMA CARREIRA QUE COMEÇOU NOS ANOS 1970 Janaina Flor janainaflor@opovo.com.br
A
bidoral Jamacaru é o principal nome da música popular do Cariri. Excêntrico, a começar pelo próprio nome, o cantor e compositor nasceu no Crato e começou sua carreira no início dos anos 1970. Com quatro álbuns gravados e um em produção, Jamacaru coloca em suas músicas características sonoras de diferentes culturas, e composições que falam de questões filosóficas a elementos comuns do cotidiano cearense. Ele explica, sobre o nome, que não é uma escolha artística, mas sim um nome de batismo. “Eu soube há pouco tempo que Abidoral significa ‘Deus é sublime’. Jamacaru é um nome antigo da planta mandacaru, que sofreu corruptela e passou a ser chamada como é hoje.” DISCOGRAFIA O artista gravou seu primeiro álbum, Avallon, em 1986, e, desde então, acompanha o cenário musical cearense. O quinto álbum, que ainda não tem nome, traz características de Jamacaru e um pouco da identidade de quem tocou com ele nos anos 1970, 1980, 1990... até hoje. “A gente tinha que escutar o que a grande mídia colocasse à disposição. Por aqui não havia estúdio, gravação, nada disso. Tinha que escutar o que era gravado no eixo Rio-São Paulo e, aqui acolá alguma coisa de Recife, da [Fábrica de Discos] Rozenblit.” Para Abidoral, essa centralização da produção musical dificultou O POVO CARIRI
a difusão da música produzida no interior do País, longe dos litorais. Veterano no cenário musical caririense, Jamacaru acompanhou todas as mudanças de estilos e ritmos, mas não se apegou ao que já produzia. Incorporou as características de cada época. “Terminei gostando daquelas músicas antigas, até porque meu pai era um seresteiro. Com o tempo, fui aceitando as músicas que vinham e distinguindo aquilo que pra mim teria um valor diferenciado. Vejo o cenário atual como muito vantajoso. Todas as tendências estão tendo espaço.” CARREIRA Um dos momentos mais marcantes da carreira do cantor foi o Festival Regional da Canção de 1975, que aconteceu no Crato. Jamacaru explica que participou do festival para divulgar o próprio trabalho e mesmo despretensiosamente ficou com o primeiro lugar. Outro momento foi o show da Maloca Dragão, este ano, em que o artista apresentou grandes sucessos da carreira. AS MAIS MAIS DE ABIDORAL O discurso O poeta Incomensurável Para ninar o Cariri O peixe ÁLBUNS Avallon (1986) O Peixe (1998) Bárbara (2008) Dádiva (2015)
54 PUBLIEDITORIAL
NEGÓCIO EMFAMÍLIA
A TJ SEGUROS ESTÁ ENTRE AS EMPRESAS MAIS TRADICIONAIS DO SEGMENTO NA REGIÃO DO CARIRI. MOVIDA PELA PAIXÃO, SONHOS E EXPERIÊNCIAS, A COMPANHIA UNE FAMÍLIA E NEGÓCIOS, GARANTINDO SUCESSO NOS PROJETOS O POVO CARIRI
PUBLIEDITORIAL 55
Agissé Torquato Júnior, que predestinado a seguir os passos do pai, iniciou suas atividades no segmento aos 21 anos. “Desde o ventre de minha mãe, escuto falar em seguros”, conta o empresário. “Meu pai era um entusiasta desta atividade e também um profundo conhecedor de seus estatutos. Como primogênito, fui logo contagiado.” Não só a profissão do pai foi passada ao filho. O sonho de se tornar corretor de seguros também. Aposentado, Agissé viu Júnior fundar, em 1992, a TJ Seguros. Importante conselheiro, o pai esteve sempre ao lado de Júnior, até o falecimento do patriarca, em 2014. EM FAMÍLIA Em 1994, a TJ Seguros ganhou mais FOTOS HELIO FILHO
A
história da TJ Seguros começou antes mesmo da sua criação. Aos 21 anos, Agissé Torquato recebeu uma proposta de emprego que seria decisiva para o seu futuro: trabalhar em uma corretora de seguros chamada Johnson e Higgins. Era 1958 e ele precisou deixar sua terra natal Orós, no interior do Ceará, e mudar-se para o Rio de Janeiro. Quatro anos depois, foi a vez da Sulamérica Seguros convidar o cearense para gerenciar seu escritório. Juntando a saudade dos familiares e de sua terra com a oportunidade de estar mais próximo de todos, ele retorna ao seu Estado e se instala em Juazeiro do Norte. A experiência e a paixão pelo trabalho foram transmitidas ao filho, José
um funcionário: Deonice Torquato, esposa de Agissé Júnior. “Foi algo extremamente natural. À medida que nossa carteira de clientes foi crescendo, senti a necessidade de trazer para o negócio uma estrutura organizacional e ninguém melhor do que a Deo para essa função”, conta o marido. Na época, Deonice trabalhava no cartório com o seu pai, o tabelião Teófilo Machado. “Hoje, sua atuação é fundamental na TJ. Ela é uma profissional que consegue transitar muito bem entre os dois mundos, área burocrática e vendas, o que é raro”, coloca o empresário. Para Júnior, os bons resultados no trabalho com a esposa é consequência do amor e do respeito mútuo, o que torna “tudo mais fácil”, sem nenhum aspecto negativo. Graças a isso, em 2004, a dupla expandiu seus investimentos e criaram um novo negócio, a Resgate Assistência, uma empresa que funciona 24 horas com serviços de guincho, táxi, chaveiro e locação de veículos. MERCADO CARIRIENSE O mercado de seguros sempre esteve presente na região do Cariri. “De quando comecei até hoje, percebo um avanço na conscientização das pessoas quanto à função social do seguro, que é a de proteger o patrimônio ante um evento a que todos estão sujeitos”, explica o empresário. Segundo Júnior, Juazeiro do Norte teve experiência marcante com seguro em 1974: “O Mercado Central, que fica na rua Santa Luzia, no centro da cidade, pegou fogo. Na época, ele era o maior centro comercial da cidade em virtude da ação de um corretor extremamente atuante, o senhor Antonio Pinheiro. A maioria dos comerciantes tinha seguro. Graças a isso, o desastre não causou um colapso na economia da cidade.” Para manter-se no mercado, a TJ Seguros prima pelo relacionamento com os clientes. Para isso, Júnior explica, os 18 funcionários analisam caso a caso, considerando estilo de vida, cultura, condições socioeconômicas e riscos ambientais. Assim, são oferecidas soluções diferenciadas, mas visando o mesmo objetivo: proteção. O POVO CARIRI
FOTOS HELIO FILHO
56 TRADIÇÃO E AFETO
O POVO CARIRI
TRADIÇÃO E AFETO 57
FÉ EM
FAMÍLIA A PRÁTICA DA RENOVAÇÃO DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS E MARIA, AINDA PRESENTE NO CARIRI, JÁ PERCORRE GERAÇÕES, UNINDO FAMÍLIAS POR MEIO DA FÉ
O POVO CARIRI
58 TRADIÇÃO E AFETO
Sabryna Esmeraldo sabryna@opovo.com.br
D
esde criança, Maria José Ratts de Almeida vivenciou a religiosidade, ensinada já em casa pela avó, que levava a neta para missas desde que ela tinha cinco anos. Participação em eventos religiosos variados também fez parte da educação que Mazé, como é conhecida, recebeu da mãe e da avó. E a fé, tão presente na história da família, manteve-se também em tradições que já duram algumas gerações, como é o caso da Entronização e Renovação do Sagrado Coração de Jesus e Maria. “Eu sou ministra da eucaristia e faço questão. Esse mês é todo para ele”, conta a técnica em assuntos educacionais, referindo-se ao mês de junho, período dedicado à celebrações do Sagrado Coração de Jesus e Maria. Após uma mudança recente de endereço, inclusive, uma das primeiras preocupações de Mazé foi logo entronizar uma nova imagem no novo imóvel. No dia 17 de junho deste ano, então, ela realizou a primeira Renovação dessa imagem, reunindo cerca de 100 convidados. SOB A BENÇÃO A família que deseja estar sob as bênçãos do Sagrado Coração de Jesus e do Imaculado Coração de Maria deve seguir duas etapas. Em um primeiro momento, deve ser realizada a Entronização. Na residência da família, um padre abençoa o quadro ou imagem, que deve ser colocado em um lugar de destaque da casa. “Entronização significa colocar no trono, no caso, as famílias colocam no trono de um lar, no lugar de honra da casa, como a sala de visitas”, explica Armando Lopes Rafael, chanceler da Diocese de Crato, licenciado em história, pela Universidade Regional do Cariri (Urca), autor de artigos e livros sobre personalidades e fatos históricos do Cariri cearense. A tradição, então, completa-se com a Renovação, que deve ser feita em todos os anos seguintes, na mesma data em que foi feita a Entronização. É realizada uma novena e a família recebe parentes e amigos para a ocasião. “No O POVO CARIRI
aniversário dessa Entronização, ocorre outra cerimônia litúrgica doméstica, em memória da primeira, conhecida como Renovação, ou seja, é feita a renovação das promessas feitas ao Sagrado Coração de Jesus”, explica Lopes. Segundo o historiador, em geral, as famílias escolhem datas especiais para Entronização, como aniversário de casamento ou data do santo de devoção. O mês de junho, por ser o mês em que se celebra o Sagrado Coração de Jesus e o Imaculado Coração de Maria, também é um dos períodos em que a celebração mais ocorre. Para Maria José, a Renovação vai além do agradecimento da família pelo ano que passou. “A gente já agradece
o ano todo pelas graças, pelas bênçãos que a gente recebe. [Na Renovação] a gente não renova a imagem, a gente renova nosso coração, dizendo que Jesus é quem manda em nossa casa, ele é o rei da nossa casa. Somos nós que renovamos nossos corações com o coração de Jesus”, afirma Mazé. A TRADIÇÃO Uma das convidadas para a celebração na casa de Mazé, a funcionária pública Adalva Briseno da Silva, tem grande apreço pela tradição. “Já fui a mais de 20. Gosto bastante. É uma forma de a família agradecer as bênçãos que foram recebidas durante o ano”, afirma Dalvinha, como é conhecida. Se for
Descanse no lugar que escolhe sempre agradar você! Possuímos: Estacionamento TV de led Ar Condicionado Split Frigobar Chuveiro elétrico Cama box Wi-fi
pousadasantoandre @pousadasantoandre pousadasantoandre@gmail.com www.pousadasantoandre.com.br
Estamos localizados próximo aos principais pontos turísticos!
Telefones: (88) 3512 1377 / 3571 4663. Whats: (88) 9 8868 8525. Avenida Leandro Bezerra, 157, Bairro Salgadinho (em frente ao memorial Padre Cícero). CEP: 63011-010, Juazeiro do Norte – CE.
60 TRADIÇÃO E AFETO
para eleger, entretanto, as renovações de que mais gostou, Dalvinha aponta as realizadas na zona rural da região, onde a tradição permanece com características das renovações de antigamente. “É uma maravilha ir aos sítios, com mesinhas com toalhinhas de fitilho ou rendadas, muitas flores, muitos quadros nas paredes, e é muito participativo, é uma festa para eles. Eles convidam familiares, amigos. Depois, de costume, serve-se algo, como um café, sequilhos, bolachas”, detalha. Segundo Armando Lopes Rafael, o Cariri é, hoje, a única região do Brasil a conservar de forma persistente, em grande número de famílias, a Entronização e a Renovação do Sagrado Coração de Jesus e do Imaculado Coração de Maria. De acordo com o historiador, a tradição chegou ao Ceará com os franceses. Com a criação da Diocese do Ceará, o primeiro bispo, Dom Luís Antônio dos Santos, teria trazido, da França para Fortaleza, uma comunidade de padres da Congregação Lazarista, para administrar o Seminário da Prainha. Conforme Lopes conta, esses padres iniciaram a divulgação da devoção ao Sagrado Coração de Jesus entre as famílias da capital da Província. Um dos alunos dos padres lazaristas foi Cícero Romão Batista, o Padre Cícero, que levaria as solenidades de Entronização e Renovação para a região. “Aqui no Cariri, até como forma de atrair bom público para essas solenidades litúrgicas domésticas, as famílias eram incentivadas a oferecer aos presentes, após a solenidade religiosa, ou um jantar ou um lanche”, aponta o chanceler, sobre as características da tradição. De acordo com Lopes, as famílias mais abastadas ofertavam jantar com arroz, galinha assada, farofas de peito de peru, leitão assado, entre outros pratos. As famílias mais modestas ofereciam lanches, com opções da culinária da terra, como Aluá (suco feito com as cascas de abacaxi), bolo de puba (feita a partir da mandioca), bolo de milho, café, beijus, filhós, canjica, pamonha etc. Hoje, com o que Lopes chama de “mudanças sociológicas inevitáveis”, a celebração já incorporou pratos como cajuínas, refrigerantes, salgadinhos, bolos, tortas e massas. O POVO CARIRI
COMO TUDO COMEÇOU No século XVII, na localidade de Paray-le-Monial (França), contase que Jesus Cristo fez várias aparições para uma freira (hoje, Santa Margarida Maria Alacoque). A primeira em 27 de dezembro de 1673, quando Jesus teria dito à religiosa: “Meu coração está tão apaixonado de amor pelos homens, e por ti em particular que, não podendo mais conter em si as chamas de sua ardente caridade, é preciso que as espalhes por teu intermédio e lhos reveles, para que se enriqueçam com seus preciosos tesouros.” A Entronização surgiria, então, como forma de restituir Cristo à família e a família a Cristo, tendo como base as palavras de Nosso Senhor a Santa Margarida Maria: “Eu hei-de reinar por meio do Meu Coração. Abençoarei as casas onde a imagem do meu coração for exposta e honrada! Farei reinar a paz em suas famílias!” A terceira aparição, em junho de 1675, foi marcada pelo pedido de
Jesus para que a Igreja Católica criasse uma festa especial para celebrar seu Sagrado Coração. Ele anunciou, ainda, 12 grandes promessas para as famílias que honrassem a imagem de seu Sagrado Coração no lugar de honra de suas residências. A tradição se espalhou pela França católica e, depois, pelo restante das nações católicas do mundo e, conforme explica Armando Lopes Rafael, historiador e chanceler da Diocese de Crato, a cerimônia evoluiu com o tempo. “A partir de 1917, com as aparições de Nossa Senhora em Fátima, em Portugal, introduziu-se também a entronização e a renovação do Imaculado Coração de Maria. Hoje se diz Entronização das imagens do Sagrado Coração de Jesus e do Imaculado Coração de Maria”, explica. Fonte: Armando Lopes Rafael, chanceler da Diocese de Crato, licenciado em história, pela Universidade Regional do Cariri (Urca)
NONONONO 61
O POVO CARIRI
CIKA KALIXTO Colunista de moda e palestrante, viaja pelo mundo pesquisando o que tem de mais atual, deixando as pessoas cada dia mais antenadas com as tendências
MIX DE ESTILO A moda está em uma velocidade incrível, com várias tendências. Aí vai a dica: ‘’A vida é muito curta para não se jogar’’. Veja os looks modernos que escolhemos da marca Pena, curta também a sofisticação da renda renascença da Rendá e as lingeries cheias de charme da Kallifon
Vestido de algodรฃo tranรงado preto e cinza, colar prata com pedras verdes, pulseiras de prata e maxibolsa mescla com alรงas em couro, Pena
Camisa com listras, calรงa verde, conjunto de pulseiras, simulador de surf e gorro, Pena Bota marrom, Athos
O POVO CARIRI
64 CIKA KALIXTO
4
Camisola com bojo floral e robe com detalhes em renda, Kallifon Brincos e conjunto de pulseiras douradas, Bonequinha de Luxo
FICHA TÉCNICA Colunista de moda: Cika Kalixto Fotografia: Ethi Arcanjo Produtora: Beth Lopes Make e hair: Lincoln Walraven Modelos: RC Models Agency, Laila Enéas e Allison Vasconcelos Vestido verde longo de renda renascença, Rendá Anel com pedra verde e brincos com pedras verdes, 4R Joias
ONDE ENCONTRAR Pena - (85) 3241 0242 Kallifon Lingerie – (85) 3495 1187/ (88) 3587 3009 Rendá – (85) 99403 2901 Athos – (85) 3452 5632 4R Joias – (85) 3572 0475 Bonequinha de Luxo – (88) 99911 7575/ 99872 4451 AGRADECIMENTO Restaurante Jardim do Alchymist – (085) 3032 6965
O POVO CARIRI
66 GASTRONOMIA
SINTA SE EM
CASA NO CARIRI, OS RESTAURANTES INOVAM NO ESTILO PRÓPRIO E NA BUSCA PELA BOA GASTRONOMIA PARA AMPLIAR O PÚBLICO LOCAL E CONQUISTAR OS TURISTAS Gabriela Meneses gabrielaopcariri@gmail.com
U
ma varanda agradável, um gramado aconchegante, o clima ameno da Chapada do Araripe e uma variedade de opções para todos os gostos. Com esse formato, o Dom Quixote – Restaurante e Pizzaria, localizado no Granjeiro, Crato, aberto desde janeiro de 2015, busca ampliar o público local e conquistar os turistas da região. O espaço, administrado por três advogados, sócios e amigos de infância, Tales Arrais de Lavor, Beneval Remigio e Gustavo Barreto, é fruto do sonho de empreender e ser destaque também no ramo de gastronomia e entretenimento. Logo na contracapa, o cardápio já mostra a atenção dos proprietários em apresentar as possibilidades de momentos agradáveis de diversão, bate-papo entre amigos e familiares e boa gastronomia que a casa
O POVO CARIRI
FOTOS HELIO FILHO
GASTRONOMIA 67
O POVO CARIRI
68 GASTRONOMIA
proporciona. Com um novo chef, Neto Albuquerque, vindo de Fortaleza, com experiência em cozinha contemporânea e comidas de boteco, o restaurante, de acordo com Lavor, tem focado na linha de carnes, camarões, aves e pizza. “Ele veio para combinar ingredientes e produzir pratos de primeira qualidade, de maneira que agradasse a todos os clientes. Desde que ele entrou, trouxe pratos novos, que estão tendo boa aceitação”, completou Lavor. Entre os destaques, os proprietários citam, de entrada, as brusquetas de tomate, os filés trinchados, ao molho gorgonzola ou molho madeira e o croquete de carne de sol, especialidade do novo chef. De prato principal, a boa pedida é a Picanha do Chef, que acompanha arroz e feijão cremoso, e o camarão ao molho, servido na moranga. Há também as pizzas dos mais variados sabores, com massa fina. Para acompanhar, o restaurante oferece bebidas diversas e também drinks mais elaborados. A criação da casa é o Coquixote, feito à base de vinho, com polpa de abacaxi ou maracujá, vodka e leite condensado. Também entre os mais pedidos estão as caipiroskas de fruta (kiwi e morango) e o Sex on The Beach (vodka, licor de pêssego, suco de laranja e groselha). ENTRETENIMENTO As opções do Dom Quixote não param por aí. O ambiente tem espaço para congregar todos os gostos e idades. A casa abre no início da noite e proporciona um ambiente aconchegante para um jantar em família, inclusive com espaço infantil de playground, que será ampliado. “A grande inovação deste ano é destinada ao público infantil. A família vem e traz a criançada. E eles vão procurar lugares em que as crianças também possam ficar com o seu lazer”, explica Beneval Remigio. Existem também dois campos society, que podem ser alugados por quem tiver interesse. “Os campos são utilizados por escolinhas, por quem gosta de marcar futebol entre amigos. Também já foram usados para confraO POVO CARIRI
1.
2. 3.
1. Fachada do Dom Quixote 2. Caipiroska de morango 3. Os sócios Beneval Remigio, Tales Lavor e Gustavo Barreto
ternização”, cita Gustavo Barreto. Além disso, para quem gosta de curtir uma boa música ao vivo, o restaurante recebe atrações variadas às sextas e aos sábados, a partir das 22 horas. Há ainda transmissão, pela televisão, de campeonatos de futebol e lutas. Para os proprietários, a boa gastronomia e o entretenimento ficam completos com o espaço do Dom Quixote. O local não tem ambiente climatizada para aproveitar todo o clima serrano da Chapada do Araripe. A área de restaurante está dividida em dois espaços: um varandão, coberto, e um gramado, logo na entrada. “Muitos clientes já disseram que aqui parece que estão no quintal de casa pelo clima bom, serrano, frio. Eles se sentem super à vontade”, conta Beneval Remigio.
O INÍCIO Em 21 de janeiro de 2015, nasceu o Dom Quixote B.A.R. De acordo com os proprietários, a sigla não teve a intenção de identificar a casa com um barzinho, mas era uma variação da primeira letra do sobrenome deles, que é o nome do escritório de advocacia, o ABR Advogados. Sugeriram o nome Sancho Pança, que também faz parte do livro Dom Quixote, de Miguel de Cervantes, para o restaurante. Ao buscar quem foi o personagem, os amigos se depararam com o nome de Dom Quixote e acabaram escolhendo essa opção.
O POVO CARIRI
FOTOS HELIO FILHO
70 RELIGIÃO
PADRE
BRU NO NA JUAZEIRO DO PADRE CÍCERO, UM MENINO, DE APENAS QUATRO ANOS, SENTE-SE MUITO À VONTADE ENTRE SANTOS E RITUAIS CATÓLICOS MULTIMÍDIA Veja vídeo da matéria em: www.opovo.com.br/revistas
O POVO CARIRI
RELIGIÃO 71
Gabriela Meneses gabrielaopcariri@gmail.com
E
le escolheu os santos. Na idade em que as crianças costumam se apegar aos brinquedos, Bruno Nauê Fernandes Neri, de apenas quatro anos, afeiçoou-se às imagens católicas. De Juazeiro do Norte, terra fundada pelo Padre Cícero, o menino herdou as tradições da família e as leva a sério. Atualmente, de acordo com a mãe, Thayla Fernandes, 21 anos, cerca de 23 santos, de diferentes tamanhos, fazem parte da coleção dele. A paixão começou ainda bebê. Quando Bruno nem dava os primeiros passos, Thayla costumava levá-lo à casa do avô. Como em boa parte dos lares católicos juazeirenses, havia um altar com santos. E o menino se acostumou a olhar, aprender o nome dos santos e se sentir muito à vontade entre eles. Ao dar os primeiros passos, ele mesmo puxava a cadeira e se aproximava. “Ele já sabia o nome dos santos e começou a pedir. Pedia, pedia. O primeiro que ele ganhou foi Jesus Misericordioso e Nossa Senhora Aparecida, que nós compramos para ele no Dia das Crianças, quando ele tinha dois anos”, relata a mãe, cheia de orgulho da devoção. Hoje, ele tem imagens variadas: Nossa Senhora do Carmo, Mãe Rainha, Pai Eterno, Jesus na Cruz, Frei Damião, São Jorge, São José, Padre Cícero, entre outras. Na casa, as imagens já somam dois pequenos altares, que Bruno faz e desfaz durante todo o dia. Enquanto outras crianças brincam de casinha, ele tem a réplica de uma pequena igreja, feita de ferro, e presenteada pelo avô dele, pai de Thayla. Bruno adorna o espaço, como se estivesse montando sua própria congregação. Faz um pequeno altar para um, coloca os outros ao redor. Leva para próximo da cruz mais uma imagem. Laça outra no terço. A mãe, que trabalha como operadora de caixa, conta que às sextas-feiras, quando tinha folga, costumava levá-lo para a Hora da Graça, na Paróquia Menino Jesus de Praga, no bairro Novo Juazeiro, onde a família mora. Ele gosta também de ir às missas que acontecem no estádio Mauro Sampaio, mais conhecido como Romeirão. “Se passar em frente a uma igreja com ele tem que parar e entrar para ele ver os santos”, conta, sorrindo. O POVO CARIRI
72 RELIGIÃO
ROTINA Os santos fazem parte do dia a dia de Bruno. Muitas peças a mãe já compra de borracha para evitar a quebra. “Algumas peças são de resina e gesso. Quando quebra, a gente já tem que andar com a cola perto”, explica. Ele também sempre quer dormir e acordar com um dos santos por perto. “Ele coloca o santo na cabeceira da cama todo dia. A primeira coisa que faz quando acorda é olhar se o santo ainda está lá”, pontua a mãe. Na escola, a paixão de Bruno já foi inclusive motivo de observação por parte das professoras. “Fui assinar o boletim dele, e a tia falou para que eu conversasse com ele, porque ele só quer ficar na sala com um santo.” E, quando chega em casa, a primeira atividade é tirar os santos do altar e arrumar do “jeito dele”. “Ele tem muitos brinquedos, mas ele não gosta muito. Se for brincar com alguma coisa, tem que ser relacionada ao santo. Se for brincar com carrinho, ele bota o santo em cima e faz uma procissão”, diz a mãe. ILUMINADO Para Thayla, Bruno é diferente de outras crianças, não só pela devoção aos santos, mas por toda aproximação dele com o Sagrado. “As pessoas brincam dizendo que ele não é normal, que ele passa uma paz. E eu acho mesmo que ele é diferente das outras crianças.” Ela conta que ele mesmo, quando era mais novo, dizia que seria um padre. “A gente perguntava: ‘O que você quer ser quando crescer?’ E ele dizia: ‘Padre Bruno’. A gente dizia: ‘Benção, Padre Bruno’. E ele respondia: ‘Deus abençoe, minha filha’”, conta a mãe. Ao crescer mais, Bruno começou a dizer que não seria mais padre, mas um grande rezador. “Eu apoio o que ele escolher. Se ele for padre, se for grande rezador, eu apoio. Contanto que ele esteja dentro da igreja, próximo de Deus, para mim está bom.” O POVO CARIRI
SOBRE OS SANTOS Para a Igreja Católica, a imagem de um santo tem um significado profundo. Quando se olha para ela, a imagem lembra que a pessoa, ali representada, é santa, viveu conforme a vontade de Deus. É um “modelo de vida” para todos. Segundo a tradição católica, a imagem lembra que aquela pessoa está no céu, isto é, na comunhão plena com Deus. Ela goza da chamada “visão beatífica de Deus” e intercede por nós sem cessar, como diz uma das orações eucarísticas da Missa. Fonte: Portal Canção Nova
74 SAÚDE
EM NOME DA QUALIDADE DE
VIDA POR MEIO DE ARTETERAPIA, PROJETO DESENVOLVIDO PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DO CARIRI (UFCA) BUSCA AMENIZAR A DOR DE PACIENTES COM DIAGNÓSTICOS TERMINAIS
Sabryna Esmeraldo sabryna@opovo.com.br
ção do sofrimento do paciente dos cuidados paliativos deu origem ao projeto.
desenvolver a ação com os pacientes que ela trata”, detalha Natalle.
m junho teve início o projeto de Arteterapia, no ambulatório da dor, no Centro de Especialidades do Crato. Desenvolvido por alunos e professores da Universidade Federal do Cariri (UFCA), o projeto sem fins lucrativos é voltado para a melhoria da qualidade de vida em caso de cuidados paliativos, área da medicina que atua no tratamento e apoio a pacientes e familiares diante de diagnósticos de doenças terminais ou que ameaçam o curso da vida. “Mesmo que um paciente tenha um diagnóstico terminal, ele precisa trabalhar aquele momento porque ele ainda vai viver, seja por duas semanas, um mês ou um ano. Aquele tempo dele tem que ser vivido com qualidade, sem dores física e psicológica”, afirma Natalle Wold, estudante do quarto semestre do curso de Medicina da UFCA, cujo estudo Arteterapia na ressignifica-
O PROJETO Natalle Wold sempre teve afinidade com a área. “Nos cuidados paliativos, cuidamos da dor física do paciente, para que ele saiba, diante do alívio dessa dor, nos ajudar a ajudá-lo, a tratar sua dor psicogênica e a trabalhar todo o sofrimento que aquela doença ou diagnóstico trouxe a sua vida”, explica a estudante. Hoje, o projeto conta com dois coordenadores e 16 alunos – 12 alunos do curso de Medicina de Barbalha, dois de Fisioterapia, uma de Filosofia e uma de Enfermagem. O projeto foi aprovado em março pela Pró Reitoria de Extensão da UFCA. “Logo depois, conseguimos o campo de atuação por meio da médica Sandra Barreto, anestesiologista, paliativista e especialista em dor oncológica, que nos cedeu o ambulatório da dor como campo e também orientou como
ARTETERAPIA A arteterapia é formada por um conjunto de dinâmicas de grupo que se utilizam de recursos como música, leitura, cinema e, quando possível, dança, com o objetivo de trabalhar mecanismos que ajudem o paciente a ressignificar a dor causada por um processo traumático como o diagnóstico e a convivência com a doença. “A partir do momento em que você escuta a dor e o sofrimento do outro, isso provoca nele um alívio. O objetivo é justamente destensionar”, explica o professor Modesto Rolim, pesquisador com experiência em estudos de cuidados paliativos e coordenador do projeto.
E
O POVO CARIRI
76 SAÚDE
PARA EXTRAVASAR Conheça catalizadores que fazem parte da arteterapia, por meio dos quais os pacientes podem projetar sua dor. Leitura - estimula e melhora o desempenho cerebral, reduz o estresse e um distanciamento temporário de problemas pessoais, além de aumentar concentração e foco. Música - já foi cientificamente provado que ouvir música promove a liberação de dopamina, a substância do bem-estar, em nosso corpo. Dança - promove uma diminuição da tensão e relaxamento muscular, combatendo o estresse. A atividade favorece, ainda, a coordenação motora, estimula a concentração e controla a ansiedade. Trabalhos manuais - as atividades são efetivas na melhora da concentração, do foco e da autoestima, uma vez que trabalham a criatividade e funcionam como válvula de escape para a tensão.
NA PRÁTICA Quatro pacientes já foram atendidos pelo projeto. Conforme Natalle conta, neste primeiro momento, foram realizadas dinâmicas para trabalhar a autoestima e a resiliência de cada um. Além disso, o projeto fez uso de um questionário nomeado FICA, acrônimo formado pelas iniciais das palavras “fé”, por meio da qual é trabalhada a espiritualidade do paciente; “influência”, para entender como essa espiritualidade influencia em sua vida; “comunidade”, para compreender o papel da comunidade da qual o paciente faz parte em sua rotina; e “ação”, fazendo referência à ação dos médicos. “Já foi testado nos Estados Unidos. Tentamos trabalhar esse lado da espiritualidade do paciente, entender onde está essa espiritualidade dele, se numa fé ou na família, por exemplo. Muitas vezes, quando um paciente está nesse processo de organização da sua vida, diante de um diagnóstico terminal, ele precisa trabalhar essa espiritualidade para dar um ponto final a sua história com dignidade, com a ressignificação daquele momento dele”, detalha
SERVIÇO Centro de Especialidades do Crato Rua José Marrocos, 570 - Pinto Madeira, Crato (88) 3523 2507 O POVO CARIRI
ROBERTA FONTELLES PHILOMENO Jornalista e colunista do Grupo de Comunicação O POVO. Palestrante e especialista na área editorial de beleza e saúde. Apaixonada por cosméticos, perfumes e viagens
BELEZA
CARI RIENSE A Miss Cariri 2016, Natália Bragança, 18 anos, fez bonito no Miss Ceará. Ficou entre as dez candidatas mais belas do nosso Estado. Ela fez reeducação alimentar, clareamento nos dentes e passou por aulas de oratória e de passarela.
AMIL NO CARIRI A Região do Cariri conta, desde junho, com plataforma da Amil. A unidade, localizada em Juazeiro do Norte, foi instalada para ajudar na comercialização de seus produtos e serviços por meio de corretores. “O Cariri é considerado a segunda maior região do Ceará. Então, as pessoas precisam de um atendimento mais diferenciado”, afirma Arthur Bezerra, gestor de vendas da plataforma
REFERÊNCIA NO NORDESTE Cirurgião plástico Rommel Feitosa, capa da primeira edição da revista O POVO Cariri, é um dos mais badalados da região. Destacase na colocação de próteses de silicone nos seios e em lipoaspiração. Seu consultório concorrido recebe pacientes de outros estados brasileiros.
Amil Cariri. No Brasil, a rede Amil é conhecida por prestar serviços de qualidade no tratamento de doenças mais complexas, como o câncer.
SERVIÇO Plataforma Amil Cariri Endereço: Rua Pio X, 492, Salesianos, Juazeiro do Norte Contato: (88) 3512 1040
SORRISO DE
ESTRELA E m grande parte, aquele sorriso lindo, branco, perfeito das celebridades não é um presente da natureza, e sim uma beleza construída pelas mãos do dentista, com a colocação de lentes de contato nos dentes. “São estruturas finíssimas de porcelana que, aderidas aos dentes, são capazes de mudar e corrigir sua posição, forma, tamanho e cor, de modo definitivo”, explica a dentista Úrsula Furtado, da Clínica Dra. Úrsula Furtado Sobral. Sem dúvida, a colocação de lentes de contato é o tratamento estético mais desejado pelos pacientes, nos consultórios odontológicos, por proporcionar ótimos resultados, não agredir os dentes naturais e pela praticidade e velocidade do tratamento. A dentista diz que os desgastes, quando ocorrem, são mínimos. Mas há limites na colocação das lentes de contato nos dentes. Não é indicada quando há desalinhamento acentuado dos dentes (aqui os dentes necessitam de aparelho ortodôntico) ou se a estrutura foi modificada devido a restaurações. Nesses casos, as lentes podem ser substituídas pelas coroas de porcelanas que vão envolver totalmente o dente.
ESCOLHA DA COR Certo que a preferência dos pacientes é por dentes muito brancos, uma tendência que vem dos Estados Unidos, o chamado “branco azulejo”. Mas em relação à cor, temos que estar atentos ao bom senso estético. "Dentes brancos demais, muitas vezes, interferem na situação estética do paciente”, avisa Úrsula. O mais indicado é buscar um tom natural, que ilumine o sorriso com naturalidade. O POVO CARIRI
80 ROBERTA FONTELLES PHILOMENO
FONTE DA JUVENTUDE
C
onsiderado o lifting de aparelho, o laser de CO2 fracionado é o queridinho da Harvard University (uma das mais respeitadas universidades do mundo que mantém um dos melhores centros de pesquisa sobre pele). O sucesso se deve ao poder do aparelho em tratar rugas finas, sulcos, combater o fotoenvelhecimento, melhorar a flacidez e tratar as cicatrizes de acne. Além disso, proporciona clareamento de manchas e fecha poros dilatados. A dermatologista Mercya Monysia (CRM-CE 12198) diz que o laser cria tipos de “colunas térmicas”, deixando, entre elas, porções de pele não acometida. É o poder do equipamento de realizar o “resurface da face”, rejuvenescimento de todo o rosto. “O laser de CO2 fracionado é um forte aliado para o rejuvenescimento facial, atingindo todas as camadas da pele de forma fracionada. O laser promove uma renovação celular intensa”, explica Mercya, que lançou o programa Artist of Skin® voltado para atores, modelos, apresentadores e jornalistas, profissionais que precisam estar com a pele sempre saudável e bonita. O CO2 trata a pele de fora para dentro, dando adeus às rugas, à flacidez e ao fotodano, em paciente que não disponibiliza de tempo para a realização de várias sessões. “Os bons resultados podem ser surpreendentes em uma única sessão e o paciente necessita ficar em repouso por alguns dias”, conta a dermatologista. Pode ser usado para tratamento da face, colo e pescoço, dorso das mãos, braços, entre outras regiões. Além disso, é uma boa opção para o tratamento de estrias.
SERVIÇO MERCYA MONYSIA, DERMATOLOGIA E ESTÉTICA AVANÇADA R. Catulo da Paixão Cearense, 135, SL 209 - Triângulo, Juazeiro do Norte – CE
(88) 4101.2055 - contato@mercyamonysia.com.br
BENEFÍCIOS DO CO2 FRACIONADO O laser de CO2 fracionado promove uma renovação celular intensa que resulta em: 1. Clareamento de manchas 2. Fechamento de poros dilatados 3. Atenuação de rugas 4. Combate à flacidez 5. Melhora das cicatrizes de acne
O POVO CARIRI
82 ROBERTA FONTELLES PHILOMENO
3. 1.
2.
5.
4.
LANÇA MENTOS
6.
7.
1. Live Fearlessly, Love Fearlessly, Dream Fearlessly, da Mary Kay. Fragrâncias inspiradas na trajetória da fundadora da marca Mary KayAsh. Inf.: SAC: 4003 4620
8.
2. Linha Chronos, da Natura, antiidade para pele a partir dos 30 anos até os 70 3. Make B. Urban Ballet Batom Cremoso, O Boticário. Alta cobertura na primeira aplicação. Hidratação de 24 horas. Inf.: (88) 3571 2066 4. Batom Jasper, da linha Lisandra Souto Dermage, com vitamina E e ceras naturais 5. Base para Unhas Roídas, da Granado. Pode ser usada como base (não agride a unha) ou por cima do esmalte (não estraga a esmaltação)
9.
6. Water Weight Foundation, da M.A.C. Gel-sérum, proporciona cobertura ultrafluida, textura leve 7. Make B. Urban Ballet Desodorante Colônia, O Boticário Casa de fragrância, Givaudan / HernanFigoli. Inf.: (88) 3571 2066 8. Make B. base líquida FPS 20 color adapt, O Boticário. Cobertura inteligente que garante um acabamento perfeito e aparência natural. Uniformiza o rosto. Oil free, vitamina E. Inf.: (85) 3241 1659 9. Idéalia Yeux Eyes, da Vichy. Rejuvenescedor para o contorno dos olhos. Em farmácias e drogarias 10. Rouge Interdit cor Vinyl, da Givenchy. Batom preto, sim!!! Mas calma, o tom da bala fica diferente em cada mulher, indo do ameixa ao malva. É mágico! O POVO CARIRI
10.
FOTOS EXCELLENCE FOTO E FILME / DIVULGAÇÃO
84 ROBERTA FONTELLES PHILOMENO
Valéria Xavier, Irene Macedo e Edson Barbosa
DOIS ANOS DA REVISTA O POVO CARIRI
Carol Castro, Cássia Rocha e Otavio Castro
Georgia, Lucas e Ana Claudia
Veja quem fez parte da festa no Viledo Bistrô. A presença da sociedade caririense confirmou o sucesso da publicação
Glaucia Carvalho, Adriana Dindinha e Sergio Bezerra
Jose Carlos Albano e Ranie Albano
João Hallisson, Deborah Meneses e Samuel Nobre
Marcos Carneiro e Cássia Rocha Junior Torquato e Deonice Torquato
Marilia Falcioni e Mateus Pereira
Douglas Feitosa e Possina Siqueira O POVO CARIRI
Rommel Feitosa, Valéria Xavier e Edson Barbosa
Rosefrance Candido, Cássia Rocha e Alexandre Cândido
86 NONONONO
O POVO CARIRI