PERSONAGENS DO CARIRI
Uma região, cidade ou lugar determinado no planeta não representa nada além de um espaço físico sem a narração das histórias vividas ali. Sem entender quem vive em cada parte - seus hábitos e costumes -, o que rege o dia a dia do lugar, o que o fortalece e o deixa vulnerável, não há como desvendar cenários. E a proposta da O POVO Cariri é retratar, cada vez mais, a essência da mesorregião do Sul cearense.
Nas próximas páginas da nossa terceira edição, pessoas contam suas experiências, refletindo os caminhos da economia, ações sociais, tradições e culturas do Cariri. A grande primeira personagem é a empresária Patrícia Coelho, à frente da CRC Construtora, que foi responsável pelo primeiro prédio do Juazeiro do Norte. Filha de Raimundo Saraiva Coelho, o tenente Coelho, ela também parte para um novo desafio: o de representar, por meio da Federação das Indústrias do Estado do Ceará, o setor da construção no Cariri.
Em economia, sinalizamos para vários setores promissores da Região, como o de metal mecânico e o de saúde. Assim, como destacamos produtos que, ainda, estão no coração dos caririenses, entre eles a cachaça Kariri, o leite de produtores locais e artigos em couro, como bolsas e chapéus. Muitos empresários inovadores também contam como fizeram para transformar uma ideia em um negócio rentável.
Na parte cultural, com forte presença na O POVO Cariri, está tudo que vem por aí na 16ª Mostra Sesc Cariri de Culturas, que espera reunir mais de cinco mil pessoas, ao longo de 26 espaços culturais na região do Cariri, comemorando, ainda, os 250 anos do Crato. E neste ano, a Mostra inova em lançar concurso gastronômico.
Como nasceu a primeira escola de reisados do Brasil, a história de irmãs que fazem trabalhos com bordados impactando no Cariri, a relação do povo da Região com o café, turismo rural e os projetos de dança contemporânea são outras delícias de se ler sobre a Região que ferve culturalmente e que enche não só o Ceará, como o Brasil, com suas referências.
Boa leitura, Adailma Mendes
Fundado em 7 de janeiro de 1928 por Demócrito Rocha
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REVISTA O POVO CARIRI
Edição: Adailma Mendes Edição de Arte e Projeto Gráfico: Andrea Araujo
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Impresso na Gráfica Halley
10 ENTREVISTA
Patrícia Coelho fala de sua trajetória e da relação da CRC Construtora com Juazeiro do Norte
22 CONSUMO
Produtos made in Cariri movimentam a economia local e fazem sucesso Brasil afora
32 ESPECIAL
A Mostra Cariri, em sua 16ª edição, promove o intercâmbio de culturas
56 CULTURA
Primeira escola de reisado do Brasil homenageia Mestre Aldenir e sua obra
68
GASTRONOMIA
O Cariri se rende aos sabores e aos aromas do café
76
TRADIÇÃO E AFETO
A história de irmãs que teceram a vida juntas e mudaram a realidade da região em que vivem
TEATRO NO CAMPUS
O Grupo Ninho de Teatro firmou parceria com a Universidade Federal do Cariri (UFCA) para dar origem ao projeto InterAÇÕES. A ação busca, por meio de oficinas e apresentações, sensibilizar os estudantes da Universidade para a utilização do espaço do campus e fomentar as práticas culturais em Juazeiro do Norte. O Grupo Ninho tem como máxima a liberdade artística e a miscelânea de linguagens cênicas. As aulas de oficina teatral e a formação cultural acontecem no campus da UFCA na cidade e seguem até o fim do ano.
Informações:
Pró-Reitoria de Cultura da UFCA, em Juazeiro do Norte-CE procult@ufca.edu.br
(88) 3572-7226
DOBLOSSAURO
Uma peculiaridade no Geopark
Araripe, localizado no Cariri cearense, é o Doblossauro. O carro, que realiza passeios guiados com turistas pelo parque, carrega um enorme pterodátilo (réptil voador do período da préhistória). Mais de um terço dos registros mundiais de pterossauros está no Geopark Araripe, por isso a escolha do animal para simbolizar a iniciativa. O veículo foi construído pelo Circo Tupiniquim e recebeu acabamento do grafiteiro Narcélio Grud.
O COURO CONTA SUA HISTÓRIA
Com o objetivo de fazer um resgate histórico do ciclo do couro no Nordeste, será inaugurado, em Nova Olinda, o Museu do Couro. Em comemoração aos 75 anos de Espedito Seleiro, o Museu trará, a partir de 29 de outubro, um pouco da história do artesão caririense, que recebeu a maior comenda da cultura brasileira, a Ordem do Mérito Cultural, do Ministério da Cultura. Fruto da parceria da Associação Espedito Seleiro com a Fundação Casa Grande - Memorial do Homem Cariri, com o apoio do Geopark Araripe, o espaço terá sede na Rua Jeremias Pereira, à margem do antigo caminho da boiada do ciclo do couro.
EUROVILLE: MORADIA E EDUCAÇÃO
(AGENDADA)
Inglaterra, Itália, Grécia, França, Portugal, Espanha e Suíça. Estes são os países europeus representados nos espaços da Euroville, localizada em Santana do Cariri. Idealizado e construído, inicialmente, pelo urbanista Francimar Pereira, o espaço é, hoje, comandado pelo professor aposentado José Pereira. “O local já foi paisagem para books de concludentes, aniversário de 15 anos e até de casamento, mas apenas as áreas externas podem ser usadas. O acesso ao interior de cada casa não é liberado. Privilegiamos mais a visita de grupos escolares, onde faço um tour pelo terreno contando um pouco da arquitetura, história e características de cada estrutura”, salienta o atual morador.
No viés turístico e no comercial, Pereira revela a construção da Vila de Brugges (a 200 metros da Euroville). Com capacidade para 200 pessoas, o espaço de seis hectares e meio terá taberna e um restaurante no estilo europeu, além de casas medievais voltadas para hospedagem.
SERVIÇO
Visitas agendadas na Euroville (88) 9969-7529, falar com José Pereira
DIVULGAÇÃO / ESCOLA ANTONIO LEITE ALENCAR FOTOS FCO. FONTENELEFORÇA
AO LADO DO IRMÃO E DA MÃE E LEVANDO CONSIGO
SEMPRE O EXEMPLO DO PAI, A EMPRESÁRIA PATRÍCIA
COELHO DÁ CONTINUIDADE À GRANDE TRAJETÓRIA
DA CRC NO SETOR DA CONSTRUÇÃO CIVIL EM JUAZEIRO DO NORTE
Sabryna Esmeraldo sabryna@opovo.com.brLogo na entrada da empresa, um painel traz um pouco da história e das conquistas de Raimundo Saraiva Coelho, o Tenente Coelho, fundador da CRC Construtora. Por variadas salas do prédio, a presença do patriarca da família juazeirense pode ser sentida pelas fotos nas paredes. Algumas narram momentos com os cinco filhos, outras mostram homenagens em aniversários.
Tenente Coelho marcou sua trajetória pelo pioneirismo no setor de construção civil de Juazeiro do Norte e pelo cuidado e pela atenção que tinha com todos os seus funcionários. Hoje, os filhos, Patrícia Coelho e Felipe Neri Coelho, e a viúva, Darcila (Dadá) Coelho, dão continuidade ao que o empresário construiu. Alegre e extrovertida, Patrícia recebe quem chega à empresa com sorrisos e com muita simpatia. E não foi diferente com a equipe da O POVO CARIRI.
FORÇA JUAZEIRENSE
DE
A alegria, Patrícia diz ter perdido apenas com a morte do pai, em setembro de 2009, momento que descreve como o mais difícil de sua vida. A todo momento, ela cita o pai e exibe, no punho direito, a reprodução da rubrica do mesmo. Graduada e pós-graduada em administração de empresas, a diretora administrativa financeira da CRC conversou com a O POVO CARIRI sobre o mercado, o seu trabalho na CRC, o cargo de presidente do Núcleo de Construção Civil da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec) e, claro, a família.
O POVO CARIRI - A CRC construiu o primeiro prédio de Juazeiro. Vai lançar agora o primeiro condomínio residencial fechado da região do Cariri. A característica “inovação” sempre foi algo de família?
PATRÍCIA COELHO - Sim, foi o meu pai, Raimundo Coelho, que iniciou o processo de verticalização da Cidade. Passamos algum tempo ausentes do mercado imobiliário caririense, pois estávamos muito envolvidos com obras públicas. Em meados de 2007,
concluímos o Flamboyant, condomínio residencial horizontal fechado, obra que nos motivou a deixar um pouco de lado o setor público e a priorizarmos o setor privado. Essa motivação nos levou a buscar, incansavelmente, por métodos e inovações que agreguem à vida de nossos clientes e ao mercado imobiliário.
OP CARIRI - Quantos e que tipos de empreendimentos a CRC já entregou?
PATRÍCIA - Aproximadamente, 2.000 unidades residenciais e 370 comerciais.
OP CARIRI - Como analisa o potencial imobiliário do Cariri? Ao longo dos 28 anos de atuação da CRC, o que mudou no cenário de imóveis na Região?
PATRÍCIA - A região do Cariri transformou-se, radicalmente, em um curto espaço de tempo. Houve um crescimento vertiginoso, permeado pela economia local que muito tem se destacado em nível nacional. O nosso potencial turístico-religioso, comercial, agregou-se ao desenvolvimento nas áreas da Educação e da Saúde.
Todo esse desenvolvimento proporcionou a alavancagem e o crescimento do setor imobiliário, que tinha uma demanda reprimida e pouco arrojada. Daí, mais e mais pessoas convergiram para a Região, consumidores com desejos mais apurados, exigindo uma renovação cultural em todos os segmentos econômicos. E aqui chegamos com o nosso Cariri, literalmente despertando olhares externos, sendo, inclusive, apontados, em uma grande revista nacional, como um dos principais futuros polos comerciais atacadistas do País, a curto e médio prazo.
OP CARIRI - A Construtora também realizou a restauração de monumentos históricos, como a Capela da Igreja do Socorro, o Convento dos Capuchinhos - Igreja Franciscanos e a Matriz de Nossa Senhora das Dores. Como é essa relação da empresa com a tradição e a história da cidade?
PATRÍCIA - Sim, tivemos a honra de restaurar os Franciscanos e a Igreja
O PAI DA CRC
Raimundo Saraiva Coelho começou a trabalhar na Construção Civil em 1970. Na época, firmou sociedade com Rômulo Aires Montenegro, calculista principal da estátua de Padre Cícero, entre outros trabalhos. Após o fim da sociedade, o empresário criou a Construtora Raimundo Coelho, em 1986. Conhecido por seu pioneirismo e pelo bom relacionamento com seus funcionários, alguns com os quais trabalhava desde o tempo da sociedade, Coelho morreu no dia 24 de setembro de 2009. Atualmente, a viúva Dadá Coelho, com quem foi casado por 50 anos, é diretora-presidente da CRC, administrando a empresa ao lado dos filhos Patrícia Coelho, na função de diretora administrativa financeira, e Felipe Neri Coelho, como diretor técnico.
Matriz, principais igrejas da cidade de Juazeiro do Norte. Foi muito gratificante termos tido essa oportunidade, participar na construção civil também de monumentos histórico-religiosos que ilustram os nossos cartões-postais pelo mundo afora. Somos eternamente gratos ao Monsenhor Murilo e Frei Barbosa pela confiança no nosso trabalho e na nossa equipe.
OP CARIRI - Quais os maiores desafios de estar à frente da empresa? Você se planejou para assumir os negócios da família ou foi um movimento que aconteceu naturalmente?
PATRÍCIA - Primeiro, nunca estive só, pelo contrário, já cheguei com a casa arrumada. Somos uma equipe muito bem estruturada, já formada pelo meu pai. A nossa construtora, a Construtora Raimundo Coelho, foi fundada por ele, tendo como diretor técnico Felipe Coelho, meu irmão, e , em 1989, ingressei na sociedade.
da CRC
Dedicamos muito da nossa história a obras públicas, no entanto, sempre testemunhei a vontade de Tenente Coelho, papai, de participar mais efetivamente do setor imobiliário da cidade. No dia 24 de setembro de 2009, Deus o chamou para sua morada eterna, daí entramos em um processo sucessório. Sem sombra de dúvidas, foi a fase mais difícil da vida da empresa, até hoje. Perdemos o nosso principal pilar, mas a força, a fé e amor pelo legado nos deixado falaram mais alto, e conseguimos suplantar as dificuldades com apoio de nossa mãe e de todos os nossos colaboradores, aos quais quero deixar aqui meu eterno obrigada.
OP CARIRI - Que características “da terra”, que valores do caririense a empresa adota?
PATRÍCIA - Cresci ouvindo meu pai dizer que foi o Juazeiro que lhe deu condições de trabalho, apesar de ter trabalhado no Brasil todo. Foi, principalmente, daqui que conseguiu recursos para criar e educar sua família. Foi, literalmente, uma história de amor. Ele se apaixonou pela Cidade e o que ganhou ao longo da vida foi investindo em empreendimentos, imóveis residenciais para locação. O negócio nos permitiu estreitar os laços com muitos caririenses e pessoas vindas de outros locais para morar na nossa terrinha abençoada. A cada imóvel locado, nascia uma relação de amizade e de confiança.
OP CARIRI - Qual foi seu maior aprendizado com seu pai? Qual a principal herança deixada por ele para Juazeiro?
PATRÍCIA - Meu pai renovou conceitos, inovou, foi um homem que, apesar do seu arrojo profissional, jamais deixou de lado seus principais valores: a ética, a moral e a honestidade. Sempre entendeu que a relação sustentável, que beneficia ambas as partes, é a correta. A sua gratidão a Deus, a sua humildade, o seu amor pela família, sem sombra de dúvidas, foram os [pontos] que mais me marcaram Quisera eu ser pelo menos um terço do que foi meu pai. Ao circular pela
O NEGÓCIO NOS PERMITIU ESTREITAR OS LAÇOS COM MUITOS CARIRIENSES E PESSOAS VINDAS DE OUTROS LOCAIS
Cidade, passo em muitos locais e vejo o dedo dele, o esforço dele, o seu trabalho edificado.
OP CARIRI - Já são 28 anos de empresa. A CRC já tem filial em Fortaleza e escritórios de apoio em João Pessoa e São Paulo. Qual o próximo passo?
PATRÍCIA – Atualmente, estamos mais centrados aqui, até em função da necessária conclusão do processo sucessório. Ouvi muito dele: "É melhor passos curtos e firmes que longos e incertos". Queremos estar sempre aptos a servir de forma especial, a atender, cada vez mais, de maneira personalizada e aprimorada.
OP CARIRI - O que espera do cargo que assumirá na Fiec?
PATRÍCIA - Participar de assuntos e ações ligadas ao desenvolvimento da nossa Região é estimulante para mim, assim como era para meu pai. Amo esta terra, moro aqui, trabalho aqui, daqui extraio os recursos necessários para a sobrevivência da minha família, tenho grandes e amados amigos. Como não querer contribuir de com o crescimento do Cariri? O Dr. Roberto Macêdo me convidou para o cargo. Ele é outro que muito contribuiu com nossa região, nos olhou de forma especial, torceu e torce pelo nosso crescimento. Durante seu mandato na Fiec, implementou centenas de ações definitivas para o atual crescimento das nossas indústrias. Espero que o senhor Beto Studart dê continuidade à devida atenção que o Cariri merece, e não duvido disso. Sei da sua capacidade e grande visão econômica e empresarial. Acabou a era em que as atenções eram voltadas apenas para a capital. Estar na Fiec, no Sinduscon, permite-me participar mais efetivamente do associativismo necessário e extremamente benéfico para todos nós.
OP CARIRI - O que te move fora o trabalho na CRC? Que prazeres estão no seu tempo livre?
PATRÍCIA - Família, amor e a minha fé em Deus, em Nosso Senhor Jesus Cristo. Viajar, ler, um cineminha e bons papos com amigos queridos.
CRESCIMENTO A TODO VAPOR
NO CARIRI, ESTÃO PRESENTES GRANDES EMPRESAS, DOS MAIS DIVERSOS SEGMENTOS, QUE CONQUISTAM, ANUALMENTE, UM CRESCIMENTO SIGNIFICATIVO NO MERCADO, ULTRAPASSANDO FRONTEIRAS ESTADUAIS E REGIONAIS
Larissa Viegas - Texto larissaviegas@opovo.com.br Ramon Cavalcante - Ilustração ramonlima@opovo.com.br
Farias Brito, Granjeiro, Caririaçu, Aurora, Nova Olinda, Santana do Cariri, Crato, Juazeiro do Norte, Missão Velha, Barbalha e Jardim. São estes os municípios que compõem o Polo Regional de Inovação do Cariri, contido na mesorregião Sul do Ceará. Com uma participação de 5,2% na economia do Estado, o Polo produziu R$ 4,5 bilhões em 2011, segundo panorama socioeconômico divulgado pela Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec) por meio do Instituto de Desenvolvimento Industrial do Ceará (Indi).
Entre os 11 municípios, as cidades de Juazeiro do Norte, Crato e Barbalha se destacam por compor juntas 83% do PIB da Região, sendo Juazeiro do Norte responsável por R$ 2,2 bilhões do PIB; Crato por R$ 1 bilhão; e Barbalha por R$ 499 milhões.
SEGUNDO DADOS DA FIEC E DO INDI,
TRÊS SETORES SE
Segundo dados da Fiec e do Indi, três setores se destacam no Polo: Serviços, com 78,2% da participação; Industrial, com 18,2% da economia; e Agropecuário, com 3,6%.
O segmento calçadista se destaca entre os principais integrantes do setor industrial nos municípios, sendo concentrado em Juazeiro do Norte, Crato e Barbalha. Em paralelo, o setor de minerais não-metálicos (cimento e concreto; pedras, cal e gesso; produtos cerâmicos; extração de outros minerais não-metálicos; e extração de pedra, areia e argila) está entre os mais bem distribuídos, presente em oito municípios. Porém, outros tantos segmentos têm presença significativa na economia da Região, proporcionando geração de emprego e renda.
METAL PRECIOSO
DESTACAM NO POLO: SERVIÇOS, COM 78,2% DA PARTICIPAÇÃO; INDUSTRIAL, COM 18,2% DA ECONOMIA; E AGROPECUÁRIO, COM 3,6% 222 6
Entre os segmentos que têm se destacado na Região nos últimos anos está o de metal mecânico. Entre as empresas que atuam nele está a Adenox. Dirigida pelo empresário Adelaído de Alcântara Pontes, é lá que são produzidos panelas, frigideiras, caldeirões e lingotes (lâminas ou barras de metal fundido), todos de alumínio. Apesar da produção ser em Juazeiro do Norte, as vendas da empresa se concentram na região Norte do País, principalmente, no Pará, Maranhão e Tocantins. Na região do Cariri, é no período de romarias que as vendas se aquecem.
Os produtos da Adenox chegam ao consumidor final por meio de revendedores, que aderem a uma das estraté-
gias comerciais mais antigas: a venda de porta em porta. Atualmente, são mais de 400 revendedores cadastrados e a expectativa é aumentar esse número nos próximos anos. “O mercado é promissor. As dificuldades que temos são as de macroeconomia, que todo o País está passando. Mas já esperamos um crescimento de 30% esse ano”, explica Pontes.
Criada em 2001, em Juazeiro do Norte, a empresa registra crescimento todos os anos. Segundo o empresário, a Adenox começou com três funcionários e, atualmente, conta com mais de 80, oriundos não só do Município, mas de toda a região do Cariri. Pontes atribui esse crescimento ao surgimento de novas oportunidades, ao crescimento econômico do País e às mudanças que o Governo tem realizado. “O nosso cliente é aquele de baixa renda, classes D e E, e que, agora, está podendo consumir”, completa.
Para os próximos anos, os investimentos da empresa serão, principalmente, na mecanização da produção. Alguns equipamentos já otimizam a produção, que começou artesanal. Em paralelo, as parcerias com órgãos, como Fiec, Senai, Sesi e Sebrae, possibilitam a realização de cursos, capacitando a equipe e melhorando a qualidade do produto.
FÁBRICA DE SAÚDE
A área de saúde também tem se destacado na região do Cariri. A Farmace atua no segmento químico e tem como foco a indústria química farmacêutica. Há mais de 15 anos, a empresa produz soluções parenterais de grandes e de pequenos volumes, ampolagens, genéricos líquidos e orais e soluções para clínicas de hemodiálise.
Apenas 7% de sua produção é voltada para o estado do Ceará. A empresa atua em todo o Brasil e tem grande representatividade no cenário nacional. Em média, 15 caminhões carregados de medicamentos saem, diariamente, de Barbalha para estados, como São Paulo (maior mercado consumidor da Farmace), Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia, Pernambuco e para a capital federal. Os produtos chegam aos hospitais e às clínicas por meio de representantes. “Os nossos maiores clientes são hospitais. Vendemos em torno de 65% da nossa produção para o setor
público e 35%, para o privado”, diz José Lívio Luna Callou, oftalmologista e diretor da empresa.
A recessão econômica do País não atingiu a empresa. Um exemplo desta boa fase é a produção e a grande demanda: os medicamentos que serão produzidos nos próximos 90 dias já estão vendidos. Para Callou, alguns fatores contribuíram para esse aumento, entre eles, a criação das Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), seus clientes. Para aumentar a produção e atender à demanda, a empresa realiza constantes investimentos, como a compra de equipamentos.
As dificuldades existentes se dividem entre a burocracia da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Anvisa (Callou explica que, atualmente, a empresa possui 16 solicitações de registros com a Agência), e a localização. Mesmo assim, a empresa é a maior do Norte e do Nordeste. São 1.200 funcionários e 28 farmacêuticos atuando na fábrica e mais de 35 representantes em todo o Brasil. Por já terem uma carreira consolidada, os sócios - Callou e Manuel Salviano Sobrinho, cirurgião, atualmente, aposentado e deputado federal - explicam que assumiram a Farmace (um negócio criado pela família do oftalmologista) com o intuito de servir a população.
Todos os anos, o crescimento da empresa gira em torno de 20% a 40%. Alguns fatores contribuem para isto: “Somos muito comprometidos com o que fazemos e, também, participativos. A gente sempre participa de feiras mundiais. Estamos sempre olhando para a frente, e nosso maquinário é de primeira qualidade”, lista o empresário.
Nos planos de expansão, está a abertura de uma nova unidade, em Foz do Iguaçu, Paraná. A escolha se deu pela localização (próximo às regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste), incentivos fiscais, acesso à matéria-prima e pela dificuldade de trazer profissionais do sul do País para a região central do Ceará. Em Barbalha, serão investidos R$ 40 milhões, melhorando ainda mais o atendimento ao mercado nacional. “O dinheiro da empresa é da empresa. Já temos o nosso como profissionais, médicos. Trabalhamos para a empresa, nunca faltamos um dia”, completa Callou.
GERANDO EMPREGOS
Alguns setores da indústria registraram, nos últimos anos, um crescimento significativo na geração de empregos formais. São eles:
Os produtos de couro são muito procurados devido à durabilidade e à resistência
MADE IN CARIRI
ITENS SÃO COMERCIALIZADOS NO MERCADO INTERNO E EXPORTADOS PARA OUTRAS PARTES DO PAÍS, MOVENDO A ECONOMIA DA REGIÃO
Com mais de 30 anos de tradição, a Cachaça Kariri é exemplo do potencial produtivo e comercial da região caririense. Produzida em Barbalha, a cachaça tem quase toda sua produção voltada para a venda em cidades como São Paulo. Por ser muito procurada também por turistas que visitam o Cariri, a empresa planeja se expandir para uma sede maior, o que acarretará no aumento também da quantidade de litros produzidos diariamente.
Já, no Crato, uma cooperativa de produtores de leite proporciona, há quatro anos, vantagens para a economia local. Se, antes, o leite era fornecido diretamente pelos produtores nos pontos de venda, hoje os consumidores contam com um produto que passa pelo processo de pasteurização, feito na cooperativa da Associação de Pequenos Produtores de Leite do Sítio Malhada. Além dos benefícios quanto à segurança alimentar para os clientes, os produtores ganham com um preço maior e estável pago pela cooperativa. E a Cidade, com o fato de o capital investido continuar circulando no mercado local, uma vez que o leite é comercializado apenas no Município.
No Mercado Central de Juazeiro do Norte, podemos encontrar um pouco dos dois. A venda de artigos de couro, por exemplo, é voltada tanto para trabalhadores rurais, que encontram no produto durabilidade e resistência diferenciadas, quanto para turistas, como os romeiros que lotam a Região em determinados períodos do ano. Vendedores como Antônio Pinheiro Sobrinho, que está no Mercado desde sua inauguração, garante: os itens têm boa saída para os mercados interno e externo.
MERCADO LOCAL
Dificuldades nos pagamentos, preço muito baixo e riscos de contaminação do leite eram alguns dos problemas vivenciados pelos produtores de leite do Crato. Com o intuito de regularizar essa situação, há quatro anos, foi criada a cooperativa da Associação de Pequenos
Produtores de Leite do Sítio Malhada. A ideia é simples: a cooperativa compra o leite dos pequenos produtores por um preço melhor e estável, realiza o processo de higienização, tratamento e pasteurização do produto e revende no comércio do Crato.
“Quando a gente começou, os leiteiros pagavam R$ 0,55 [o litro]. Hoje, vendem a R$ 1,15. Aqui, eles têm a garantia da entrega do leite, e a gente faz a venda”, conta Antônio José Albuquerque, produtor de leite, fundador e sócio da cooperativa. Além disso, os próprios associados trabalham na cooperativa, que, hoje, conta com 18 produtores entregando leite e recebe cerca de 1.000 litros de leite por dia. “Se não fosse isso, não tinha condições, nenhum dos pequenos produtores ia mandar seu leite lá pro Crato. Viabiliza muito”, afirma Francisco de Assis Leite, sócio e produtor da Associação dos Produtores Assentados da fazenda Malhada Agrifama.
A IDEIA É SIMPLES: A COOPERATIVA COMPRA O LEITE DOS PEQUENOS PRODUTORES POR UM
PREÇO MELHOR E ESTÁVEL, REALIZA O PROCESSO DE HIGIENIZAÇÃO, TRATAMENTO E PASTEURIZAÇÃO DO PRODUTO E REVENDE NO COMÉRCIO DO CRATO
Fruto de financiamento do Projeto São José, do Governo do Estado do Ceará, que visa ter a agricultura familiar como fonte de produtos para a merenda escolar, a cooperativa também tem parte de sua produção voltada para esse destino e tem planos de fazer convênio com o Fome Zero. Além do leite tipo C, também são produzidos queijos, iogurtes e nata. Tudo comercializado no mercado cratense.
Segundo Albuquerque, os consumidores aprovam a qualidade dos produtos e, algumas pessoas vêm de Juazeiro para comprar o leite Malhada no Crato.
“Isso é positivo, porque esse dinheiro passa a circular na própria cidade”, afirma. Atualmente, o presidente da cooperativa, José Helenivaldo Ribeiro de Brito, distribui os produtos Malhada em 36 pontos de venda da cidade.
EXPORTAÇÃO
Desde 1971, a Cachaça Kariri é produzida em Barbalha. A produção, que já foi destinada ao consumo da região, hoje é quase totalmente voltada para exportação, em sua maioria, para São Paulo. “Logo no início, vendia muito na
Ordenha de vaca em fazenda que faz parte da Associação de Pequenos Produtores de Leite do Sítio Malhada
Região. Exu, Juazeiro, Crato. Hoje, é na faixa de 90% para fora e 10% para a o Cariri, para manter a cultura e a tradição”, explica Shairo Monteiro Garcia, que está à frente da empresa ao lado do pai, Antônio Monteiro Garcia.
Atualmente, a fábrica produz 3.600 litros de cachaça por dia, quantia que deve subir para seis mil L/dia após a inauguração da nova sede, no próximo ano. “Mas a tendência é produzir mais, chegar aos dez mil litros por dia”, afirma Shairo. Para São Paulo, são vendidos cerca de 72 mil litros por mês, variando com o período do ano. No Cariri, a cachaça pode ser encontrada em locais como o Mercado Central de Juazeiro do Norte. “Turista, toda vida que vem, procura lá no Juazeiro ou procura com a gente aqui. Quem vem de fora prefere a Kariri”, afirma Shairo.
Segundo Antônio, há pessoas que ligam de fora do Cariri querendo comprar a cachaça, reflexo da tradição e da qualidade do produto. Conforme Shairo explica, o padrão de qualidade é mantido com rigor. “Até quando a gente muda de engenho, a gente procura ver se o material tem a mesma qualidade, para não cair o padrão”, destaca.
Com a nova sede, novos pontos de vendas em outros locais devem ser explorados também pela empresa. “O projeto é tentar expandir a empresa, atender outros mercados, como Fortaleza, Minas etc., e tentar reativar os mercados que a gente não atende mais”, ressalta Shairo, sobre os planos da empresa, que incluem também o comércio de água.
CLIENTELA VARIADA
Seu Antônio chega ao Mercado Central de Juazeiro do Norte às 7h30 todos os dias, onde fica até por volta das 16h. Vendedor de artigos de couro, Antônio Pinheiro Sobrinho trabalha no Mercado desde sua inauguração. “Quando inaugurou o Mercado, foi em 1975, 1976, mais ou menos. Sempre trabalhei com couro, trabalhava com sela, mas, hoje, só com bolsas e sandálias”, conta.
Segundo Seu Antônio, os produtos, em geral feitos no Cariri, sempre vendem. “Pessoal de fora e daqui compra muito. Aqui, é uma mercadoria que serve para gente que trabalha na roça. O povo
O PROJETO É TENTAR
EXPANDIR A EMPRESA, ATENDER OUTROS MERCADOS, COMO FORTALEZA, MINAS ETC., E TENTAR REATIVAR OS MERCADOS QUE A GENTE NÃO ATENDE MAIS
de Fortaleza compra muito. E nós temos a romaria, temos romeiros aqui quase o ano todo, eles sempre compram”, destaca. Os produtos são, ainda, procurados para revendas em locais como Piauí.
Segundo o vendedor, trabalhadores rurais, em geral, procuram produtos de couro devido à durabilidade e à resistência dos produtos. “Essa matériaprima eu compro pura e mando fazer”, explica. Reflexo da tradição, seu Antônio conta que seu fabricante tem mais de 80 anos. “Eu admiro ele, eu tenho minha idade também, mas ele tem 86, 87”, afirma o vendedor de 75 anos.
A FOTOGRAFIA E O SONHO
NASCIDO NO CRATO, O FOTÓGRAFO ALLAN BASTOS VEM TRAZENDO UM DIFERENCIAL À VIDA DE JOVENS E DE PORTADORES DE NECESSIDADES ESPECIAIS DA REGIÃO DO CARIRI
i a fotografia transformar vidas, conduzir comportamentos. Vi crianças tímidas se revelarem nas aulas, adolescentes sem estima se tornarem fortes”. O poder da fotografia como meio de inclusão visual, social e tecnológica é a grande paixão do fotógrafo Allan Bastos, nascido no Crato, e o incentivo maior para a realização de trabalhos notáveis com jovens da região do Cariri.
Uma trajetória que começou em 1998, quando morou no Recife e trabalhou na Escola de Fotografia da ONG Movimento Pró-Criança. E que, de volta à região de origem, em 2005, vem rendendo frutos, como aulas, cursos e oficinas de fotografia para crianças e para jovens do Cariri com o apoio de órgãos e campanhas ,como a Apae e o Criança Esperança, além de ONGs locais.
“VA CASA DA FOTOGRAFIA
SERÁ UM ESPAÇO DE CONVÍVIO EM FOTOGRAFIA, DE INTERCÂMBIOS. QUERO
TRAZER PROJETOS
BEM-SUCEDIDOS PARA FAZER RESIDÊNCIA
AQUI E TAMBÉM LEVAR AS EXPERIÊNCIAS DO CARIRI PARA O MUNDO
Inquieto, Allan vai além. E, atualmente, desenvolve um trabalho junto à Secretaria de Cultura do Crato - onde atua como gerente de artes visuais - com surdos, de todas as faixas etárias. “É a primeira vez que trabalho com este público. Já desenvolvi projetos em favelas, em instituições urbanas e na zona rual. Existem públicos altamente carentes de ações culturais e, hoje, busco trabalhar com eles. Quero me sentir útil e só nesses envolvimentos sociais consigo ser e fazer um diferencial na vida das pessoas que não têm acesso fácil à arte e à tecnologia”, diz Allan.
Durante os encontros, que se iniciam neste mês de outubro, Allan visa buscar a poética dentro do silêncio, entendê-lo e transformá-lo em imagens, fazer da fotografia uma extensão do pensamento e um canal catalisador de ideias, de comunicação e de expressão destas pessoas. “Acredito bastante nesta inclusão”, afirma ele, que pretende, ainda, trabalhar com cegos
OUTROS TRABALHOS DE ALLAN BASTOS
l Livro Recife Debaixo das Pontes, que retrata a vida do Rio Capibaribe em fotografias de alunos da ONG Movimento Pró-Criança.
l Cursos “Os Discursos da Fotografia”, “A Fotografia e Seus Segredos Técnicos”, “A História da Fotografia no Cariri”, “Fotografia Artesanal – Pinhole”, no - Centro Cultural Banco do Nordeste Cariri (CCBNB).
l Aulas de fotografia na ONG Verde Vida, com o projeto “Ações Culturais Para Povos Rurais", patrocinado pelo Criança Esperança e pela Petrobras Distribuidora.
l Oficinas de fotografia em Caririaçu e em Fortaleza, no Ceará, e em Sousa, na Paraíba.
e deficientes motores, e aponta a comunicação como o maior desafio do curso. Apesar disso, não tem dúvidas de que os objetivos serão cumpridos. “Não sou intérprete de Libras, mas creio que o entendimento corporal e a própria fotografia vão liberar esse processo de comunicação”.
Entre os vários projetos a que se dedica atualmente, Allan destaca também o FotoBrincando – Pequeno Laboratório de Experimentos Fotográficos, e a Casa da Fotografia. O primeiro visa levar às crianças processos da invenção da fotografia em atividades lúdicas. “A programação envolve teatro, brincadeiras, jogos, desenhos, colagem e o ato livre de fotografar, transformando o olhar e provocando um parecer crítico”, explica. O segundo é fazer com que o Cariri seja uma grande residência artística em fotografia. “A Casa da Fotografia será um espaço de convívio em fotografia, de intercâmbios. Quero trazer projetos bem-sucedidos para fazer residência aqui e também levar as experiências do Cariri para o mundo.”
A fotografia é ferramenta de inclusão social e tecnológica de Allan BastosENCONTRO DAS ARTES
ALÉM DE PROMOVER O INTERCÂMBIO DE GRUPOS LOCAIS, NACIONAIS E INTERNACIONAIS, A MOSTRA CARIRI, EM SUA 16ª EDIÇÃO, JÁ FAZ PARTE DO CALENDÁRIO CULTURAL DO BRASIL
Considerado um dos maiores eventos de cultura do Brasil, a Mostra Sesc Cariri de Culturas desenvolve a intelectualidade do povo caririense e consolida a cultura no Sul do Ceará. Com visão global das artes, o evento evidencia a beleza cultural brasileira e apresenta manifestações voltadas, principalmente, às Artes Cênicas (Teatro, Dança e Circo), Audiovisual e Artes Visuais, Culturas Populares, Literatura e Música.
Idealizada pelo Departamento Regional do Ceará, a Mostra é referência por produzir, fomentar e expandir a arte e a cultura popular de cada canto do País, sem deixar de lado as expressões artísticas que brotam do solo caririense, a exemplo dos artistas populares Irmãos Aniceto, Os Penitentes de Barbalha e João do Crato. São destaques também os grupos cearenses Ninho de Teatro, Expressões Humanas, Teatro Máquina, Garajal e Bagaceira de Teatro; os atores Joca Andrade, Paulo Ess, Silvero Pereira e Gero Camilo; e os músicos Marcus Caffé, Daniel Peixoto e Fagner.
“O Cariri é a capital do Nordeste brasileiro. Nosso pensamento é que a Mostra seja uma culminância de uma atuação permanente de todas as artes e de todos os mecanismos dentro do Estado. Queremos, por meio de todas as temáticas discutidas dentro da Mostra, ter desenvolvimento humano. Buscamos impulsionar a troca de experiências”, afirma Luiz Gastão Bittencourt, presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Ceará (Fecomércio) e Conselho Regional – Sesc.
Neste ano, a Mostra chega a sua 16ª edição com o total de 1.009 projetos inscritos (160 a mais em relação ao ano de 2013). Ao todo, 24 estados brasileiros participaram do processo de seleção, divididos entre representantes da região Nordeste (523), Sudeste (355), Sul (78), Centro-Oeste (46) e Norte (7).
NOVOS PROCESSOS
No intuito de ampliar a participação de grupos e de artistas das diversas linguagens e regiões, a Mostra
Sesc Cariri de Culturas se renova a cada edição. Desde 2012, o processo de seleção tornou-se mais transparente e democrático, sendo feito por meio de edital e curadoria.
“A curadoria é nomeada por profissionais do Sesc ligados à área da Cultura e conta também com profissionais de notório saber cultural especifico de uma determinada área artística que se reúnem para fazer a escolha dos grupos participantes". Durante todo o processo de escolha, essa curadoria busca sempre a transparência e oportuniza grupos iniciantes a estarem dentro do evento”, enfatiza o presidente.
Segundo Bittencourt, com esse procedimento mais detalhado é possível preparar uma boa logística que beneficia os grupos participantes a circularem em todos os espaços da Mostra e, assim, divulgarem melhor suas linguagens artísticas.
CONFIRA AS OFICINAS DO SENAC
Tema: Rapel na Chapada do Araripe Dia 10/11
Horário: 8 horas
Nº participantes: 20
Local: Crato
Duração: 4 horas
Tema: Expedição Meio Ambiente – Chapada do Araripe Dia 11/11
Horário: 8 horas
Nº participantes: 20
Local: Crato - Chapada do Araripe
Duração: 4 horas
Tema: Observação de Pássaros (Soldadinho do Araripe)
Dia 12/11
Horário: 8 horas
Nº participantes: 20
Local: Crato - Chapada do Araripe
Duração: 4 horas
Para melhor atender os participantes do evento, o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial do Ceará (Senac-CE), em parceria com o Sesc, oferta gratuitamente cursos de aperfeiçoamento aos profissionais envolvidos. São atividades realizadas no mês que antecede a Mostra. As capacitações são cursos de Qualidade no Atendimento ao Turista (60h); Organização de Eventos (40h); Manipulação de Alimentos (20h); Elaboração e Comercialização de Produtos Turísticos (60h); e Maquiagem Artística (40h), distribuídos nas cidades de Juazeiro do Norte, Crato, Barbalha e Nova Olinda.
“O Senac e o Sesc são instituições que fazem parte do mesmo sistema e desenvolvem diversos projetos em parceria no Cariri. E a Mostra se consolida a cada edição, aumentando o público e demandando cada vez mais empresas do comércio de bens, serviços e turismo da região. Atento à necessidade de aperfeiçoamento dos profissionais ligados a estas empre-
CAPACITAÇÃO TURISMO
sas, o Senac lança esta programação anterior ao evento”, explica Isaac Coimbra, gerente de Negócios Estratégicos do Senac no Cariri - Centro Sul.
Para a diretora regional do Senac - CE, Ana Claudia Martins, uma das maiores contribuições da Instituição à Mostra é o fortalecimento do evento por meio de ações que incrementam o desenvolvimento local, pelo lado humano e econômico. “Estamos agregando valor como instituição de educação profissional, gerando oportunidades de ensino e, assim, fomentando ainda mais o comércio de bens, serviços e turismo da Região, por meio dos participantes do evento.”
O Senac também estará presente na programação oficial do evento, por meio de oficinas intituladas: Expedição Meio Ambiente – Chapada do Araripe; Observação de Pássaros (Soldadinho do Araripe); e Rapel na Chapada do Araripe. Os encontros serão de quatro horas e têm como finalidade apresentar e valorizar a fauna e flora da floresta cearense.
Isaac Coimbra destaca também a iniciativa do Senac no Crato, através dos alunos do curso de Técnico em Guia de Turismo, com o projeto Praticando Turismo no Cariri, que visa divulgar o potencial turístico da Região aos participantes da Mostra e ao público em geral. O grupo desenvolveu cinco roteiros com serviços de condução de grupos (participantes da Mostra e público em geral), sendo responsável pela prestação de informações históricas, geográficas, gastronômicas, de transporte e hospedagem, no contexto da Mostra. As atividades ocorrem entre os dias 8 e 12 e os interessados devem procurar as unidades do Senac e Sesc em Juazeiro do Norte e em Crato ou o Balcão
de Informação Turística do Senac, da Praça da Sé, em Crato. Para participar dos roteiros é necessário levar uma lata de leite em pó. De acordo com Isaac Coimbra, em 2014, as unidades do Senac em Juazeiro do Norte e Crato irão formar cerca de 9.000 profissionais que estão contribuindo no comércio de bens, serviços e turismo, consequentemente, atendendo toda demanda dos participantes durante a Mostra. “Para os profissionais ligados diretamente às empresas fornecedoras do evento, selecionamos o aperfeiçoamento de 420 profissionais ligados a hotéis, organizadores de eventos, receptivo turístico e bares e restaurantes”, diz.
Ana Claudia Martins, diretora regional do Senac - CE Isaac Coimbra, gerente de Negócios Estratégicos do Senac no CaririCONFIRA
ROTEIRO GEO-HISTÓRICO – 08/11
O roteiro visitará Barbalha e seu centro histórico. Em seguida, trilhará o Geossítio Riacho do Meio, uma área de vegetação densa, com trilhas que passam por duas fontes naturais de águas cristalinas; e o Vale do Cariri.
DURAÇÃO APROXIMADA: 5 horas
SAÍDA: Senac Crato, às 8 horas, e do Sesc Juazeiro do Norte, às 8h30min. Retorno às 13 horas.
ROTEIRO
GEOCULTURAL – 09/11
Este roteiro levará à Nova Olinda, cidade da cultura Kariri e do couro, e à Santana do Cariri, conhecida por seu potencial Geológico e Paleontológico. Será possível ainda conhecer o Geossítio Ponte de Pedra, cheio de lendas e mistérios, o artesanato mineral feito na Pedra Cariri, a Fundação Casa Grande com o Museu Homem Kariri, o Atelier Mestre do Couro Espedito Seleiro, o Museu de Paleontologia do Cariri e o Geossítio Pontal da Santa Cruz.
DURAÇÃO APROXIMADA: 8 horas
ALMOÇO: Fundação Casa Grande
SAÍDA: Sesc Juazeiro do Norte, às 8
horas, e do Senac Crato, às 8h30min. Retorno às 16 horas.
ROTEIRO NATUREZA E TRADIÇÃO –10/11
O roteiro levará à primeira floresta nacional do Brasil, Flora Araripe, onde será conhecida a trilha do Mirante do Serrano em Crato. Ao terminar a trilha, terá ida ao mestre e artesão da Janaguba, Galdino, e à ONG Beatos, onde está o Museu do Boi e o Museu da Tradição.
DURAÇÃO APROXIMADA: 7 horas.
ALMOÇO REGIONAL: ONG Beatos
SAÍDA: Sesc Juazeiro do Norte, às 8 horas, e do Senac Crato, às 8h30min. Retorno às 15 horas.
ROTEIRO CULTURA E POESIA – 11/11
Este roteiro levará à Nova Olinda e Assaré, terra do poeta popular Patativa do Assaré. Em Nova Olinda, será visitada a Fundação Casa Grande, o Memorial Homem Kariri e o Atelier do Mestre do Couro Espedito Seleiro, e, em Assaré, o Memorial Patativa do Assaré. Duração aproximada: 7 horas.
ALMOÇO: Memorial Patativa do Assaré
SAÍDA: Sesc Juazeiro do Norte, às 8 horas, e do Senac Crato, às 8h30min. Retorno às 15 horas.
ROTEIRO DA FÉ – 12/11
O roteiro começa na Praça Padre Cícero, em Juazeiro do Norte, com destino ao Geossítio Colina do Horto, onde está localizado o Museu Vivo, a Estátua do Padre Cícero e o Santo Sepulcro. O Memorial Padre Cícero e a Casa do Padre Cícero também serão visitados.
DURAÇÃO APROXIMADA: 7 horas
ALMOÇO: Coisas do Sertão
SAÍDA: Senac Crato, às 8 horas, e do Sesc Juazeiro do Norte, às 8h30min. Retorno às 15 horas.
As inscrições para participar dos roteiros devem ser efetuadas nas secretarias da Mostra situadas nas unidades do Senac e Sesc de Juazeiro do Norte e do Crato, e também na tenda de Informação Turística do Senac, na Praça da Sé, em Crato. Os roteiros terão parada para almoço por conta do participante.
CONCURSO DE GASTRONOMIA
Outra novidade na 16ª edição da Mostra é o Concurso Gastronômico produzido pelo Senac e Sesc, quando serão escolhidos três restaurantes de Juazeiro do Norte e Crato, que estejam participando da Mostra. Segundo Ivan Prado, consultor de gastronomia do Senac, será uma ação piloto visando promover a gastronomia e contribuir para o crescimento do setor.
A avaliação final ocorrerá durante a Mostra, e os critérios serão sabor da comida, uso do ingrediente definido pela comissão organizadora do concurso, apresentação do prato, criatividade, temperatura, higiene do estabelecimento e atendimento.
Os estabelecimentos participantes do Concurso Gastronômico serão julgados por duas caravanas durante a Mostra. A primeira caravana será composta por um público especializado: chefs, cozinheiros e jornalistas da área de gastronomia. Já o segundo grupo terá como membros julgadores convidados do Sistema Fecomércio. Os primeiros colocados receberão premiação.
16ª EDIÇÃO EM NÚMEROS
MAIS DE 5 MIL ARTISTAS
sobem aos palcos distribuídos na região Cariri. Mais de 50% são oriundos do Nordeste e da tradição.
267 GRUPOS
participam da Mostra, onde mais de 50% são da região Nordeste e do Cariri. Ganham destaque as caravanas artísticas do Ceará (42), de São Paulo (25) e de Pernambuco (10).
MAIS DE 5 MIL PESSOAS
são aguardadas nos 26 espaços culturais (praças, ruas, centros culturais e teatros) distribuídos em 25 municípios do Cariri.
250 ANOS
da cidade do Crato serão comemorados durante a Mostra.
1° CONCURSO GASTRONÔMICO
que escolherá três restaurantes de Juazeiro do Norte e Crato, participantes da Mostra
9 MIL PROFISSIONAIS,
em média, são formados nas unidades do Senac em Juazeiro do Norte e no Crato
420 PROFISSIONAIS
ligados às empresas fornecedoras do evento receberam aperfeiçoamento para atender à demanda de participantes.
5 ROTEIROS
são parte do projeto Praticando Turismo no Cariri
SÍMBOLO DAS ARTES
Antes dos índios, dos brancos e dos negros chegarem à região do Cariri, uma ave já se deleitava nas centenas de fontes d’água nas encostas da Chapada do Araripe: o soldadinho-do-araripe. Símbolo do amor à vida para os caririenses, sua descoberta (em 1996) chama atenção da sociedade sobre a importância das águas que fizeram do Cariri ser o que é hoje.
Desde 2004, a Mostra Sesc Cariri de Culturas dispõe, em sua programação, atividades relacionadas ao pássaro coral conhecido por sua bravura e que, aos poucos, sai do anonimato, para voar livremente pelos ares da moda, do teatro, do cordel, da música e do cinema.
Com o nome científico de Antilophia bokermanii, em homenagem ao naturalista brasileiro Wener Bokermann – quem impulsionou a observação e o estudo das aves cearenses, daí o termo Bokermanii –, o soldadinho é uma ave exclusiva do Ceará e ameaçada de extinção. Vivendo na Chapada do Araripe (restrito a pouco mais de 30 Km² de mata na encosta da área), seu habitat pode ser observado no Crato, onde há maior concentração, como também nos municípios de Missão Velha e de Barbalha.
UM POUCO DA HISTÓRIA DA MOSTRA
“A Mostra se confunde com a minha gestão dentro do Sesc e com a percepção das próprias ações realizadas pela Instituição. Quando assumi o Sesc, éramos uma Instituição muito calorosa no que se fazia, mas fechada dentro da sua própria unidade, e isso me incomodava muito”, declara Luiz Gastão Bittencourt, presidente da Fecomércio e do Conselho Regional do Sesc.
“Em 1999, na abertura da Mostra, eu já era presidente da Federação. Naquela edição, o evento era uma mostra de teatro do Crato, onde as peças estavam nas unidades espalhadas pela Cidade, e todas as outras atividades paravam, pois todos os espaços eram voltados para subsidiar as ações da Mostra. Foi um sucesso.”
“Cada vez mais, temos uma ge-
ração que está sendo fomentada", completa Bittencourt. Para ele, a parceria com o Senac também traz um grande diferencial para a Mostra, que passa a ser ainda mais completa, pensando em seus participantes antes e depois, com capacitações voltadas para o momento da união de culturas e para o desenvolvimento profissional dos envolvidos.
EMPREENDEDORISMO:
START UPS A CULTURA DO
O NOME É ESTRANGEIRO, MAS O TRABALHO É 100% REGIONAL. AS STARTUPS TRAZEM INOVAÇÃO E
QUALIDADE PARA O MERCADO LOCAL
Abrir um negócio pode, à primeira vista, parecer algo extremamente complicado. Mas graças a iniciativas privadas e públicas, o sonho de “ser dono do próprio nariz” não é inalcançável. Prova disso é o surgimento, cada vez maior, de startups na região do Cariri. Essas iniciativas nascem de ideias que sinalizam para um negócio promissor, muitas vezes, ligadas à pesquisa, à investigação e à inovação.
E o conjunto ou grupo de pessoas que busca um modelo de negócio, repetível e escalável (que possui uma expectativa de crescimento muito grande quando dá certo), lida também com condições de incerteza mercadológica. Conforme explica Sueli Vasconcelos, coordenadora da Incubadora Tecnológica do Instituto Centec (Intece), esse risco existe por conta da novidade do produto ou do processo no mercado. Porém, ela afirma que são empreendimentos com baixos custos iniciais e altamente escaláveis. Geralmente, eles
ESSAS INICIATIVAS
NASCEM DE IDEIAS
QUE SINALIZAM
PARA UM NEGÓCIO PROMISSOR, MUITAS VEZES, LIGADAS À PESQUISA, À INVESTIGAÇÃO E
atuam nas áreas de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC).
Assim como em todos os negócios, os criadores de startups também enfrentam alguns desafios. Segundo Sueli, ter uma boa equipe com competência para validar o modelo de negócio no mercado; encontrar mercado para seus produtos e para seus serviços inovadores; atrair investidores financeiros para desenvolver os produtos e os serviços; e ter escala de produção são alguns deles.
No Cariri, os interessados em criar seu próprio negócio têm a orientação do Instituto Centec/Intece. Por meio de incubadoras (que agregam tecnologias que valorizam produtos, processos e serviços, estimulando a criação e o desenvolvimento de micro e de pequenas empresas), os empresários recebem suporte técnico e gerencial, além de ter a oportunidade de realizar uma formação complementar. “Caso uma startup necessite de um ambiente de laboratórios e convívio frequente com pessoas e pesquisas baseadas nas universidades e institutos tecnológicos, provavelmente busca uma incubadora
POLO DE INOVAÇÃO
A Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec) criou o Polo Regional de Inovação Industrial no Cariri com o objetivo de empoderar a Região com atividades de inovação e de desenvolvimento industrial por meio da implantação de programas desenvolvidos pela Uniempre (UniversidadeEmpresa), e articulação com as atividades para a inovação e para ocrescimento industrial feita por instituições regionais e estaduais.
Segundo Nilda David, gerente da Casa da Indústria, o Polo visa implantar programas do Sistema Fiec e do Programa Indústria Viva na Região; fazer seleção dos principais programas e implementação gradual na Região; atrair as empresas regionais para filiação na Fiec e nos sindicatos; organizar eventos regionais, feiras, congressos, seminários e cursos; e fortalecer o “network” econômico regional.
de empresas para ser apoiada”, completa, a coordenadora.
O trabalho pioneiro da Intece já fez nascer, aproximadamente, 15 empreendimentos no Cariri, tanto do setor tradicional como de base tecnológica. Assim, ela promove a capacitação para auxiliar as empresas a entrarem de forma competitiva no mercado, com o potencial de gerar emprego e renda e contribuir com o desenvolvimento local e o regional.
Para o próximo ano, a Intece está cheia de planos, como incentivar o surgimento e desenvolvimento de empreendimentos no segmento da economia criativa, como artesanato, moda, design, dentre outras atividades, já que o Centec teve um projeto aprovado por meio de Edital Público da Secretaria da Economia Criativa vinculada ao Ministério da Cultura. “Estamos aguardando a assinatura do Convênio com a Secretaria da Economia Criativa, para que possamos lançar, brevemente, um edital para incubar empreendimentos da economia criativa nos municípios de Fortaleza e em Juazeiro do Norte, que terá uma de suas unidades no Centro Multifuncional [em Juazeiro do Norte]”, completa, a coordenadora. Ampliar parcerias com bancos e com investidores que venham a contribuir no desenvolvimento do produto ou do serviço dos alunos e/ou dos egressos é outra meta para 2015.
MADE IN CARIRI
O mundo de Ermeson Silva gira em torno da tecnologia e foi por meio dela que ele ficou sabendo o que é uma startup. Na faculdade de sistema de informação, passou a incorporar o modelo em seus projetos e a produzir softwares. “Começamos despretensiosos, desenvolvemos a solução e depois a tornamos instalável”, explica Silva. O que era praticamente inédito na época, ganhou dimensões e jeito “sério”. Com poucos recursos e pessoas, Ermeson passou a desenvolver soluções que pudessem ser repetíveis e, assim, nasceu a Aller Soluções.
Já como uma startup de verdade, a Aller ganhou dois sócios, Piedley Macedo e Aluisio Ribeiro (todos graduados em faculdades da Região), e se tornou uma pequena empresa, par-
ticipando de eventos, como a Campus Party, e tendo a internet e as redes sociais como seus principais aliados na divulgação de seus trabalhos.
UMA STARTUP PARA OUTRAS STARTUPS
A qualidade e o crescimento do próprio trabalho inspiraram Ermeson e sua equipe de oito profissionais a ajudarem outras pessoas a criarem suas startups. “Você tem uma ideia, a gente avalia, discute, incrementa e desenvolve. De lá sai uma outra startup.” Essa ajuda já conquistou clientes em toda a região do Cariri, em São Paulo, em Minas Gerais e em Santa Catarina, mesmo sem um escritório físico em todos esses lugares.
“A Região é tipo uma selva amazônica, cheia de riquezas, mas pouca gente consegue explorar. A cultura é diferente, passamos por um processo de implantação de cultura”, completa o empresário.
A REGIÃO É TIPO UMA SELVA AMAZÔNICA, CHEIA DE RIQUEZAS, MAS POUCA GENTE CONSEGUE EXPLORAR. A CULTURA É DIFERENTE, PASSAMOS
POR UM PROCESSO DE IMPLANTAÇÃO DE CULTURA
SEIS MOTIVOS
para apostar em uma startup
1 Modelo de negócio acessível;
1 Mais informal;
1 Exige menos investimentos;
1 Compartilhamento de experiências;
1 Negócio próprio;
1 Independe da idade e da classe social.
MUDANÇA TOTAL
O empresário Douglas Feitosa gosta tanto do tipo de negócio que largou toda sua consolidada carreira na área de saúde para ter duas startups. A primeira ideia surgiu quando ele menos esperava, durante um intercâmbio para aprender inglês no Canadá, quando foi apresentado ao trabalho de cliente oculto. “Em 2011, comecei a analisar o mercado e vi que era o momento”, explica ele. O empresário lidou, primeiramente, com a questão da empresa não ser familiar, uma cultura já implantada na Região. E foi no curso de administração que ele obteve o conhecimento necessário para abrir sua empresa.
Em 2012, Feitosa abriu a Full Vision, uma empresa inovadora que trabalha com pesquisa de mercado por meio de clientes ocultos. As empresas buscam o serviço do Douglas para entender melhor os seus clientes. As descobertas são feitas por profissionais que se passam por clientes nas lojas. Assim, seus principais clientes são “empresas que estão começando a ver que o que traz valor é o pensamento do cliente, atendimento de qualidade e ambiente propício para se sentir bem”. Segundo Feitosa, a intenção é implantar a cultura de qualidade, sair do “achismo” e trazer o que o cliente pensa sobre o estabelecimento.
Um ano depois, a sustentabilidade passou a fazer parte da cultura da Full Vision, até a ideia criar vida própria e se tornar a Palletiê, uma empresa de móveis feitos de paletes, peças que são vistas pela maioria como descartáveis e utilizadas na queima em fornos de padarias. “Tudo é feito na região, inclusive os móveis”, explica o empresário. A Palletiê já recebeu convites para vender para Fortaleza e para outras capitais, mas Feitosa explica que quer, primeiramente, implantar a cultura localmente.
Com a substituição do medo inicial pela aceitação do mercado, as expectativas não poderiam ser melhores: “Estudar mais ainda, porque as oportunidades foram aparecendo além do que imaginava. Esperamos o crescimento, mas sem esquecer da cultura da região, trazendo as novidades para cá e abrir o mercado para outras startups”, conclui Feitosa.
SEJA DIFERENTE
A Palletiê, empresa de móveis feitos com paletes, apostou em um nicho de mercado diferente: aquele que se preocupa com o meio ambiente, mas sem esquecer a qualidade e o design.
“Serviço e produto inovador em uma região tradicional não é fácil, mas é justamente de onde vêm as pessoas que acreditam que aquilo pode fazer a diferença”, diz o empresário Douglas Feitosa.
ESPERAMOS O CRESCIMENTO, MAS
SEM ESQUECER DA CULTURA DA REGIÃO, TRAZENDO AS NOVIDADES PARA CÁ
E ABRIR O MERCADO PARA OUTRAS STARTUPS
DO ZERO
Há um ano e dez meses, nascia a Mercari Soluções & Marketing, que atua nas áreas de marketing e de consultoria empresarial, com especialidade em pesquisas de mercado. Dirigida pelos irmãos e sócios Tiago e Tomaz Alencar, a startup tem como público empresários e empreendedores das mais diversas áreas que necessitem de consultoria na área de marketing e pesquisas de mercado para monitorar o ambiente empresarial e também para lançar novos produtos e serviços, assim como buscar a opinião dos consumidores.
Segundo Tiago, a Fiec ajudou no desenvolvimento da empresa, por meio de palestras e de publicações. Já a Universidade Federal do Cariri (UFCA) e a Universidade Regional do Cariri (Urca) tiveram papéis
do Norte formam a Startup Clube - Marketing, Tecnologia & Inovação. O grupo reúne produtos e serviços nas áreas de marketing e de tecnologia, que se complementam. Situada em uma sede construída com material sustentável, a palete industrial, ela serve de quartel-general para troca de experiências, de aprendizado e network. “Estabelecer parcerias foi primordial, nos fortaleceu bastante. Em um ano, se estivéssemos trabalhando sozinhos, estaríamos levando mais tempo para nos estabelecermos. Não somos concorrentes, somos parceiros”, diz Douglas Feitosa, proprietário das empresas Full Vision e Palletiê. O empresário Ermeson Silva, da Aller Soluções, completa: “no Cariri, nosso objetivo é aumentar a cultura e transformar ideias em startups”. Segundo o também empresário Tiago Alencar, proprietário da Mercari, “com a Startup Clube, vieram novos clientes, fomos ganhando confiança e nos fortalecendo."
primordiais para o crescimento da empresa. “A ideia de fundar a Mercari e trabalhar com pesquisas de mercado surgiu de um grupo de pesquisa (NEC) que participei na universidade durante o curso de administração, onde fui orientado pelo professor Roberto Ramos, que me mostrou toda a importância e procedimentos que envolvem as pesquisas”, explica Tiago.
Com o desenvolvimento de suas habilidades em construção e em execução de pesquisas de mercado aprendidas na universidade, Tiago propôs ao irmão a sociedade de uma empresa, e Tomaz ficou como responsável pelo controle financeiro e vendas. O capital inicial foi emprestado pela mãe e a regularização da empresa veio acompanhada da pesquisa por clientes em potencial e em publicidade. Por oito meses, a empresa batalhou para vender algo novo à população da Região.
Sobre o mercado local, o empresário explica que o momento é de crescimento econômico e de formação de negócios. “As oportunidades são muitas, mas nem sempre o capital dos empreendedores é suficiente para dar início às atividades. A startup pode possibilitar, por meio da redução de custos, a criação de empresas revolucionárias e uma nova forma de ver o empreendedorismo”, explica. E completa: “Existe, sim, a oportunidade de fazer a diferença e crescer com pouco investimento, ótimas ideias e boa lucratividade”.
A IMPORTÂNCIA DA ADVOCACIA PREVENTIVA
CAROLINNE CASTRO, DE JUAZEIRO DO NORTE, DEFENDE QUE O BRASIL, AINDA, CONSULTA ADVOGADOS COM PROBLEMAS JÁ INSTAURADOS QUANDO JÁ EXISTE O “PREJUÍZO”. LOGO, A ADVOCACIA PREVENTIVA TEM MUITO A CRESCER
Com pós-graduação em Direito Processual Civil e em Direito do Trabalho e Previdenciário, a advogada Carolinne de Castro, também sócia de escritório de advocacia, avalia a procura por advogados no Brasil e a importância da advocacia preventiva em algumas áreas do Direito, como Civil-Empresarial, Trabalhista e Tributário.
O que é advocacia preventiva?
Dra Carolinne Castro - A advocacia preventiva, como o próprio nome sugere, prevenirá o empresário de eventual dano patrimonial que o mesmo poderia vir a sofrer em razão do desconhecimento de alguma lei ou de algum benefício que possa ser trazido com ela. Nesse sentido, a ideia principal da advocacia preventiva é orientar antecipadamente o cliente, sempre buscando informá-lo das atualizações legislativas e tendências do seu setor, identificando problemas atuais e futuros e apontando as soluções jurídicas que garantam a viabilidade legal do negócio. Em outras palavras, na advocacia preventiva, o que se busca é diagnosticar os primeiros sintomas de uma provável “doença legal” e, se for o caso, já tomar algumas medidas prévias para se evitar um mal maior, ficando a demanda judicial somente para o último caso, na hipótese das medidas preventivas não surtirem o efeito desejável.
Quais são as vantagens da advocacia preventiva?
Carolinne - São inúmeras. Vão desde a orientação para elaboração documental correta pelo departamento de pessoal, até a redução de prejuízos em demandas trabalhistas e tributárias. Na verdade, ela visa impedir o surgimento de demandas judiciais, evitando o desgaste das partes envolvidas, e mesmo as pesadas custas judiciais a que todos estão sujeitos.
Qual a diferença da advocacia preventiva para a advocacia contenciosa?
Carolinne - A advocacia preventiva visa prevenir litígios, já a advocacia contenciosa atua quando a demanda já foi instaurada na esfera judicial, ou seja, visa corrigir problemas já ocorridos. Na maioria das vezes, a contenciosa se torna mais onerosa para o empresário.
A advocacia preventiva é bastante difundida no Brasil?
SAIBA MAIS
Carolinne Coelho de Castro Coutinho Advogada graduada pela Universidade de Fortaleza (Unifor); pós- graduada em Direito Processual Civil também pela Unifor; pós-graduada em Direito do Trabalho e Previdenciário pela Universidade Regional do Cariri (Urca); mestranda em Direito Público pela Universidade Federal do Ceará (UFC); sócia diretora do Escritório Carolinne Castro Advogados Associados; membro da Comissão de Ética da Ordem dos Advogados do Brasil - Ceará; professora universitária da Universidade Vale do Acaraú (Uva); e autora de diversos artigos jurídicos.
Carolinne - Não. O Brasil é um país que, na maioria das vezes, só consulta o advogado quando o problema já está instaurado, ou seja, quando já existe o prejuízo, diferentemente dos EUA, em que nenhum ato da vida civil do americano é feito sem a consulta de um advogado, seja para uma simples compra de um imóvel à realização de um casamento. A visão do brasileiro é de que o custo de se ter um advogado pagando mensalmente é alto. Todavia, deixam de contabilizar os prejuízos que evitariam com a consultoria mensal.
Quem necessita de uma advocacia preventiva hoje?
Carolinne - Tanto grandes empresas como o médio e pequeno empresário. Contando esses com uma assessoria jurídica de qualidade, terão mais chances de crescer, pois tomarão decisões mais acertadas e adotarão os passos mais corretos para a execução dos fins que pretendem. Consequentemente, estarão um passo à frente de outros empresários, visto que operarão sempre orientados por um profissional capacitado em todas as grandes ações que tomarem, evitando prejuízos desnecessários provenientes de contratos mal firmados, pagamentos de tributos abusivos, eventuais ações trabalhistas e demais atos lesivos à gestão de seu empreendimento.
Como funciona a advocacia preventiva no ramo do Direito Civil-Empre -
sarial, Trabalhista e Tributário?
Carolinne - No Direito Civil-Empresarial, a atuação se dá no sentido de analisar preambularmente os contratos comerciais, administrativos e editais de licitações, visando acarretar proteção e segurança ao empresário, bem como evitar a imposição de cláusulas abusivas ou que venham a comprometer o equilíbrio da relação contratual. Ainda na esfera Civil-Empresarial, observamos também a vantagem da advocacia preventiva no planejamento societário e sucessório, sempre com o objetivo de assegurar ao empresário uma maior prosperidade e longevidade na sua atividade empresarial.
A Consultoria Trabalhista é uma das áreas que mais crescem no Brasil. A legislação trabalhista é demasiadamente complexa, tanto para sua compreensão quanto para sua prática. O pagamento de salário, benefícios e adicionais geram uma diversidade de documentos e recibos. Ao desconhecer a praxe trabalhista, o empregador se assusta ao ser condenado a pagar vultosos valores por ausência ou presença de simples comprovantes impressos. A consultoria ou assessoria preventiva diminui a demanda contenciosa que é bem mais onerosa e põe o negócio em risco. As constantes modificações legislativas, as convenções e acordos coletivos firmados entre sindicatos, a atuação do Ministério do Trabalho, também contribuem para que as consultas sejam indispensáveis.
No Direito Tributário, com uma boa advocacia preventiva, o empresário terá uma economia considerável no pagamento de tributos e, em alguns casos, a possibilidade de ingresso no judiciário com o objetivo de resgatar créditos tributários pagos indevidamente ao longo dos anos. Na hipótese de eventual passivo fiscal, ainda podem ser elaboradas defesas administrativas e judiciais com o objetivo de evitar e minimizar ao máximo eventuais condenações.
Então, podemos afirmar que toda empresa de sucesso, em regra, conta com a advocacia preventiva?
Carolinne - Sim, pois a orientação, a instrução, a informação de atualidades legais e jurisprudenciais, somados a diagnósticos e apontamentos para solução e medidas prévias concedidas pelos advogados constituem um dos principais elementos das empresas de sucesso na atualidade.
CUIDADO COM OS RINS!
Com o aumento do número de especialistas em nefrologia na região do Cariri, a quantidade de pessoas diagnosticadas com doenças renais aumentou, bem como, felizmente, o acompanhamento por meio de terapias associadas ao tratamento dessas enfermidades.
Apenas na região do Cariri, estima-se que cerca de 600 pacientes estão em hemodiálise - tratamento de remoção do líquido e de substâncias tóxicas no sangue, simulando a função principal dos rins. Existem três unidades de diálise no Cariri, presentes em Juazeiro do Norte, em Barbalha e no Crato.
O nefrologista do centro de saúde Terapia Renal do Cariri (TRC), Gustavo Martins, explica que as principais doenças renais são a infecção urinária e o cálculo renal (pedra nos rins), que, normalmente, não levam à insuficiência renal. Outras podem levar à insuficiência, como hipertensão, diabetes, rins policísticos, nefrites (inflamações nos rins), doenças do trato urinário e secundárias à próstata ou ao útero. “Mais de 60% das pessoas que estão fazendo hemodiálise no Brasil são diabéticas ou apresentam hipertensão arterial, doenças que prejudicam os rins, que vão perdendo lentamente a sua função.”
A doença renal crônica é silenciosa e, por isso, a maior parte dos pacientes chega à emergência já com 90% de perda da função renal, com todas as complicações inerentes à doença. “A perda da função passa por cinco estágios diferentes. O paciente só vai para a hemodiálise quando a perda corresponde a um valor menor do que 15%, estágio 5. Contudo, desde a perda de função do estágio 2 até o estágio 4, a quantidade de pacientes com o acometimento renal é muito grande”, aponta o médico.
PRATICANDO A PREVENÇÃO
Gustavo Martins enfatiza a importância da realização de exames de urina e de creatinina. “Os pacientes hipertensos e diabéticos que não têm doença renal diagnosticada devem realizar anualmente as avaliações dos seus rins.” A maioria dos sintomas, de acordo com o médico, só se manifestará com certo grau de evolu-
SAIBA MAIS
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Transplantes renais foram realizados no Cariri desde 2004
600 Pacientes, no Cariri, estão em hemodiálise
21% Dos pacientes, no Cariri, estão em fila de espera para receber o órgão
60% Dos pacientes que estão fazendo hemodiálise no Brasil são hipertensos ou diabéticos
ção da doença. “Contudo, precisam fazer avaliação renal aqueles com pressão que passou a elevar-se, inchaço nas pernas não-explicado por problemas outros, cólica renal (típica de pacientes com cálculo renal), urina vermelha ou espumosa e palidez intensa não-explicada por anemia anterior ou sangramento.”
TRANSPLANTES RENAIS
Dados fornecidos pela Unidade de Diálise e Transplante Renal do Crato (Unirim) apontam que, desde 2004, o número correspondente a doadores falecidos vem aumentando, o que indica maior aceitação por parte das famílias em relação ao transplante de rins.
Antônio Coutinho, urologista e transplantador da Unirim, explica que 21% dos pacientes estão em fila de espera, aptos a receber o órgão. “Este número deveria ser 30%. A grande dificuldade dá-se em relação aos exames pré-transplante”, explica o médico.
A PRESENÇA DE MAIS PROFISSIONAIS DA SAÚDE ESPECIALIZADOS EM RINS TEM LEVADO AS PESSOAS A SE PREOCUPAREM COM A PREVENÇÃO A DOENÇAS DO SISTEMA RENAL
VIAGEM PELA
AS BELEZAS DO CEARÁ
NÃO ESTÃO LIMITADAS SOMENTE ÀS PRAIAS.
ESPAÇOS DE TURISMO
RURAL OFERECEM UMA
OPÇÃO DE LAZER A MAIS, ALIANDO A PRESERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE À MANUTENÇÃO DA IDENTIDADE DA CULTURA RURAL
NA TU RE ZA
Omeio rural passa por grandes transformações, principalmente, nas relações de produção e de trabalho, decorrentes do processo da globalização e da modernização da agricultura. Ao mesmo tempo, a sociedade vem descobrindo a importância ambiental e o valor da manutenção da paisagem rural, e passa a tratar rios, fauna e flora como elementos essenciais para o ser humano.
Ao viajar para o campo, os moradores urbanos reencontram suas raízes e buscam interagir com a comunidade local, participando das festas tradicionais e desfrutando da hospitalidade e do aconchego nas propriedades. E o Cariri é uma região com grande potencial para esse turismo.
“O perfil do público no Turismo Rural é, primeiramente, de famílias que buscam contato direto com a natureza, além da apreciação e vivências ao ar livre. Conhecer o patrimônio histórico e natural no meio rural, conviver com os modos de vida-tradições-costumes da região e interagir com as formas de produção das populações do interior são algumas das atividades procuradas”, relata Fabiana Ribeiro, presidente da Associação Cearense de Turismo no Espaço Rural e Natural (Aceter).
Além de oferecer ao visitante uma diversidade de experiências no campo, o Turismo Rural caracteriza-se por ser um setor que gera renda aos empreendedores locais, por meio da produção associada ao turismo, e divulga as empresas e roteiros de diversos municípios do Interior.
INVESTIMENTO
Hoje, é relevante o número de propriedades rurais que incorporam atividades turísticas em suas rotinas. Aos poucos, o agricultor vem deixando de ser somente um produtor de matéria-prima e descobre a possibilidade de desenvolver atividades não agrícolas, como é o caso do turismo. “Estamos discutindo com proprietários rurais do Cariri no sentido
de despertar o interesse de entrarem no segmento de hotelaria, criando os primeiros hotéis-fazendas na Região”, expõe Ernesto Rocha, técnico da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Turismo do Crato (SDET).
De acordo com Rocha, mesmo com destaque nos esportes de natureza, no turismo científico e nas observações de aves, a região caririense busca dialogar com as principais vertentes do Turismo Rural. “O Crato tem, em seu território, cerca de 600 km de estradas rurais e, nos seus nove distritos, diversos atrativos dos mais variados. Por isso, temos o constante interesse em criar opções para esse tipo de turismo. Queremos que os visitantes tenham maior contato com a população local, conheça as raízes culturais, a culinária, o artesanato e toda a natureza existente”, comenta. Alguns municípios também ganham notoriedade em atividades ligadas ao Turismo Rural por possuírem infraestrutura de fazendas e uma zona rural ativa, como Brejo Santo e Santana do Cariri.
PARCERIAS
Para incentivar e promover, ainda mais, o Turismo Rural no Cariri, a SDET trabalha na elaboração de produtos de e circuitos - roteiro dos casarões, rotas de cicloturismo, incentivo de pousadas domiciliares - voltados para o setor. “O Nordeste vem crescendo neste segmento e, por isso, estamos firmando parcerias para gerar capacitação profissional aqui na Região. No Ceará, contamos com a Associação Cearense de Turismo no Espaço Rural e Natural”, revela Rocha.
Segundo Fabiana, a Aceter já elabora projetos para subsidiar e consolidar as atividades voltadas para o Turismo Rural no Cariri. “Construímos juntamente com o Sebrae-CE e Sebrae Nacional um grande projeto de alavancagem do segmento, no Estado, com pretensões de início para janeiro de 2015. Além disso, será formulado com o Senac-CE um projeto de educação profissional também para o setor”, afirma a presidente da Aceter.
PROFISSIONAIS DA ÁREA
Nesses novos tempos de globalização, o mercado do Turismo Rural mostrase cada vez mais exigente. Para os representantes do setor, a busca por informações e por profissionalização deve ser prioridade dos empreendedores e profissionais da área para atender à grande demanda de turistas que chegam às regiões brasileiras em virtude dos Jogos Olímpicos, em 2016. Além da experiência, adquirir e renovar conhecimento são essenciais, principalmente, para os recreacionistas e os condutores ecológicos, elementos-chaves do Turismo Rural.
RECREACIONISTAS
Entreter turistas por meio da recreação é papel dos recreacionistas. Esses profissionais devem ser especialistas em algumas atividades relacionadas a brincadeiras. Devem possuir polivalência cultural - com conhecimentos em diferentes campos de atuação e técnicas de trabalho -, facilidade com as relações interpessoais, capacidade de tomar iniciativa, ser mediadores e ter espírito criativo. Sua experiência prática pode ser adquirida em hotéis-fazendas ou acampamentos.
CONDUTOR OU GUIA ECOLÓGICO
Recebe o turista e o acompanha em visitas pelos locais de interesse ambiental na região. Conhecer a importância da conservação ambiental (na teoria e na prática) e fornecer informações e explicações sobre os espaços durante o trajeto turístico são as principais atividades desse profissional, que deve evitar, ao máximo, o impacto dos visitantes no meio ambiente.
SAIBA MAIS
TURISMO RURAL X ECOTURISMO
Saiba a diferença entre os segmentos que conciliam as vivências no meio ambiente com a atividade turística.
TURISMO RURAL
Abrange diversos segmentos a partir dele, ou seja, Turismo de Aventura, Ecoturismo ou Turismo de Eventos podem ser realizados dentro de espaços de Turismo Rural, como os hotéis-fazenda, pousadas, reservas, parque etc. As principais atividades realizadas são ordenha, passeio a cavalo e charrete, gastronomia regional, apreciação de animais e plantação de árvores.
ECOTURISMO
Suas práticas são realizadas dentro de propriedades do Turismo Rural, a exemplo de caminhadas ecológicas, de trilhas turísticas, entre outras.
REI SA
DE ALDENIR
IMERSO NO MUNDO DA CULTURA E DA TRADIÇÃO, MESTRE ALDENIR É UM NOME DE REFERÊNCIA NA REGIÃO, TANTO QUE A PRIMEIRA
ESCOLA DE REISADO DO CEARÁ FOI FUNDADA EM SUA HOMENAGEM E SOB SEUS AUSPÍCIOS
Oreisado é uma das principais manifestações culturais do Ceará, mas é no Cariri onde a prática ganha mais destaque. José Aldenir Aguiar, 81 anos, é filho da Região e ganhou o título de Mestre da Cultura Popular do Estado do Ceará pelos serviços prestados à tradição do folguedo natalino. O protagonismo de Mestre Aldenir proporcionou a criação da primeira Escola de Reisado do Estado, inaugurada em janeiro deste ano.
Na Região, existem muitos grupos que, embora realizem o mesmo folguedo, apresentam-no de formas diferentes, de acordo com a peculiaridade de cada mestre. A Escola de Aldenir, situada na atual residência do Mestre, na cidade do Crato, é voltada, principalmente, para ensinamento e prática do reisado para crianças.
As despesas da casa (contas de água e luz) são pagas pela Secretaria Municipal de Cultura do Crato (Secult). Atualmente, 48 crianças (entre cinco e 10 anos) participam das aulas, que são gratuitas. “É tudo de graça, e eu dou até café a eles, dou suco, manga, banana”, explica Aldenir, entre risos.
Wesley Viana tem 10 anos e brinca reisado com Mestre Aldenir há seis meses. “Ele é o rei do reisado dos pequenininhos”, explica o mestre. Wesley é um visitante assíduo da escola e frequenta diariamente o local, “venho aqui todo dia pra brincar e pra treinar espada”, conta.
Além de garantir a preservação da cultura local, o mestre preza outra máxima dentro da Escola de Reisado: o interesse em aprender a ler. “Eu não fui à escola quando criança, mas me arrependo muito porque não aprendi a ler. Eu sempre digo a esses meninos, todo dia, pra nunca deixarem de ir à escola. Digo: 'eu não quero gente aqui no reisado que não vá pra escola e nem quem é malcriado com a mãe.'”
EU NÃO FUI À ESCOLA QUANDO CRIANÇA, MAS ME ARREPENDO MUITO PORQUE NÃO APRENDI A LER. EU SEMPRE DIGO A ESSES MENINOS, TODO DIA, PRA NUNCA DEIXAREM DE IR À ESCOLA
CÂNTICOS DO
MESTRE
Mestre Aldenir tem a máxima de que cada mestre deve ser o autor do que é cantado no próprio reisado. Por não ter aprendido a ler e escrever, o Mestre não guardou registro de suas peças e já não se lembra de tudo o que produziu, mas guarda, na memória, os cânticos mais especiais. “Tem vez que a gente se lembra mais de uma peça de reisado, e a gente não deixa nunca de cantar ela. Tem quatro peças das que fiz e são as que mais eu amo.”
O Juazeiro já começa a se orgulhar
A cidade a aumentar cada vez é mais bonita O padre Cícero que tá na serra do Horto Todo mundo tem o gosto de fazer sua visita
“Quando eu era jovem, ia fazer a brincadeira em Juazeiro na época de romeiro. Aí, pra atrair mais romeiro, eu cantava a peça com o nome de Padre Cícero, porque pro romeiro, quando fala em Padre Cícero, ele dá até o coração pra gente.”
Mestre Aldenir, vou lhe contar uma coisa
Que aqui tem uma moça danada pra namorar Pequenininha do tamanho de um cecedilho Pesada não dá um quilo e assim mesmo quer casar
“Essa peça saiu porque tinha umas moças namoradeiras, e pode cantar com o nome de qualquer pessoa”.
Mas o folclore é uma tradição matuta
E ela executa uma festa popular Pra enfrentar derramo suor do rosto
A 22 de agosto viemos comemorar
“No encerramento do Festival de Folclore, eu fiz uma peça pra cantar a noite”.
O nosso Crato é terra querida
Minha partida é a saudade e quem me mata
Eu amo o sol, eu amo a lua
No meio da rua numa bela serenata
“Fiz essa para encerrar o reisado numa casa”.
Crianças mantêm viva a tradição secular dos reisados
REISADO DE IDA
O reisado é um folguedo natalino que conta a história da viagem dos Três Reis Magos, guiados pela estrela, em busca do Menino Jesus. De origem portuguesa, incorporou costumes e características típicas dos lugares onde chegou e, hoje, é, também, cearense. Cheios de pompa e de presentes, os reis vivem diversos acontecimentos contados em forma de autos, de cânticos e de representações.
Reisado Mestre Aldenir
Rua Maria ferreira, 45
Vila Padre Cícero – Crato
Telefones: (88) 3512-7242 ou
(88) 9442-3153
UMA VIDA PARA O REISADO
O documento de junho deste ano apenas oficializou o papel do homem que já é mestre há, pelo menos, 50 anos. A vida de Mestre Aldenir foi, quase que completamente, dedicada ao reisado. “Aprendi com um tio meu que já fazia reisado, comecei aos 15 anos”, explica o mestre sobre o início da trajetória. Esposa, filhos, netos e bisnetos do Mestre Aldenir participam dos reisados. Um deles é Gabriel de Oliveira, seu neto. Aos quatro anos, já sabe o que mais aprecia no reisado. “Gosto de dançar e ler uma poesia”, afirma o menino.
Izabel Maria da Conceição é a segunda esposa de Aldenir e aprendeu com o marido a ter amor pelo reisado. Admirada pelo mestre, Izabel “é uma pessoa que faz tudo dentro do reisado”. Responsável pela indumentária, ela faz toda a costura. “Eu vejo ela com toda a paciência, sentada naquela máquina, fazendo o traje dos meninos. E isso pra mim é uma coisa muito boa porque ela ama o reisado. Ela sabe se a roupa assenta com preto, assenta com encarnado, ela tem todos esses planos na cabeça”, elogia.
O POVO CARIRI – O que é um reisado?
MESTRE ALDENIR - O reisado é tudo. É dança, canto, jogo de espada, embaixadas (estrofes trocadas entre mestre e rei), é um romance, é uma história. Brinca criança, jovem, adulto, velho, é uma coisa maravilhosa. E, para cada bicho, tem história, história do jaraguá, história do boi, história da sereia, história do guriabá... O reisado, pra ser reisado, tem que começar no mês de junho. Aí começa a ensaiar para se trajar na noite de São João e continua até a despedida, que é no Dia de Reis, 6 de janeiro.
OP CARIRI - Como o senhor aprendeu a fazer reisado?
ALDENIR - Eu via meu tio brincando e me apaixonei pelo reisado. Comecei aos 15 anos e brincava à paisana, sem roupa, ensaiando. Mas ele acabou o reisado, e eu fiquei com uma pena arretada porque não ia mais ter aquele divertimento. Meu
Mestre Aldenir passou para toda a família seu amor e sua dedicação ao reisado
tio falou que ia acabar, “abusei e não quero mais de jeito nenhum”, ele disse. Aí eu perguntei o que fazia pra aprender a brincar. Peguei uma turma de meninas e fiz um ensaio de reisado à noite e continuei fazendo até hoje.
OP CARIRI - O que é o reisado na vida do senhor?
ALDENIR - O reisado é uma coisa muito importante na vida da gente, na vida de todo mundo. Ele traz as crianças, os jovens os mais adultos e, aqui, eles vão brincando, tomando gosto e até se apaixonarem pelo reisado. Eu só deixo de brincar quando Deus me levar porque sou apaixonado por reisado. A minha paixão pelo reisado não tem quem tenha tanto assim. É uma coisa que eu gosto demais e naquele dia que eu vou brincar, pra mim, é uma felicidade muito grande.
OP CARIRI - Como é ensinar reisado para crianças?
ALDENIR - Pra ensinar o reisado das crianças tem que ser paciente porque quem luta com criança precisa de muita paciência. Eu adoro crianças, elas são tudo na minha vida. No começo eles não ligam muito não, mas, depois, quando chego e falo, eles atentam e obedecem. Quando é noite, eles tão aqui chamando pra eu brincar com eles. Tenho bisneto, neto e filho no reisado, todos brincam. São 48 alunos entre cinco a 10 anos. Para participar é só vir pra cá que a gente ensina. Tenho o maior prazer de ensinar.
OP CARIRI - Do que o senhor mais gosta no reisado?
ALDENIR - A primeira coisa do reisado, eu tenho isso comigo não sei se com os outros é assim, é o fardamento. E tem um bocado de entremeio: o boi, a burrinha e o jaraguá para animar a população que vem assistir. Você tá no reisado vendo o pessoal brincando e jogando espada naquela maior satisfação, se você vier triste, você sai animado. Aqueles que tão assistindo se divertem igual aos que tão brincando.
OP CARIRI - Como é o reisado do Mestre Aldenir?
ALDENIR - Minhas peças de reisado são muito diferentes dos outros porque tem mestre que faz a peça e mestre que canta a peça dos outros. A maior coisa minha, que eu sempre faço como mestre, é produzir os cânticos que canto, já fiz mais de 500 peças. Dá pra cantar peças com uma moça, com uma mulher casada, com um menino, fazer uma peça pra exposição do Crato, peça pra Nossa Senhora da Penha... Uma coisa muito boa pro reisado é a gente fazer as coisas da gente. O mestre é quem deve produzir porque o mestre que não produz a festa dele não sabe como vai ser.
OP CARIRI - Como acontecem os confrontos entre os reisados?
ALDENIR - Faz mais parte da época do Natal que é dia de festa, dia de ano e Dia de Reis. Quando é de noite, a gente faz um presepiozinho e bota a cadeira bem ajeitada e bem forrada pra sentar a rainha bem arrumada. Aí vem o reisado de fora pra tomar a rainha, e eu não deixo tomarem minha rainha. Então, acontece um combate de espadas muito bom. Se o outro reisado ganha, ele tira a minha rainha e coloca a dele.
OP CARIRI - O governo dá o apoio necessário para valorização da cultura?
ALDENIR - Temos um apoio do governo. O prefeito ajuda com traje, com sapatoporque antigamente era alpercata - e com meião pra gente brincar. O Ministério da Cultura aprovou um projeto pra dar uma pequena homenagem aos brincadores de reisado, aos mestres mais velhos. No Ceará todo, tem Mestres da Cultura que ganham um salariozinho. Aquele dinheiro tanto serve pro mestre, quanto serve pros trajes pro reisado. Mas a nossa cultura é desprezada, não dão a cobertura que precisa.
MARCELO FRAGA
Jornalista, historiador e assessor de imprensa da Feira de São Cristóvão - Rio de Janeiro
BIBLIOTECA PARA NORDESTINOS
O Centro Municipal Luiz Gonzaga de Tradições Nordestinas, no Rio de Janeiro, inaugurou a primeira biblioteca pública voltada aos saberes do Nordeste. Nomeada Biblioteca Padre Cícero – Os Saberes do Nordeste, é dirigida pelo presidente Helismar Leite e reúne livros, trabalhos científicos e peças históricas por meio de um acervo documental e também de um acervo digitalizado, que está sendo adquirido por meio de buscas e pesquisas nos nove estados do Nordeste. Uma homenagem a Padre Cícero Romão Batista, no ano em que se comemoram os 170 anos do nascimento do sacerdote e foram celebrados os 80 anos de sua morte.
PADRE CÍCERO PARA AS ESCOLAS
A história do Nordeste passa pelo Cariri nas aulas das redes municipal e estuadual de ensino no Rio de Janeiro. No Museu Luiz Gonzaga, na Feira de São Cristóvão, crianças e adolescentes descobrem um pouco mais sobre o Nordeste. Os projetos de convivência com o semi árido e com a seca, os ensinamentos de Padre Cícero Romão Batista, a partir dos seus preceitos ecológicos, do seu trabalho desenvolvimentista, e, ainda, passa por toda a poesia de Luiz Gonzaga. Centenas de crianças conhecem o Cariri por meio das relíquias e da fé do Juazeiro e dos forrós e cantigas de Luiz Gonzaga.
PESQUISA
A Biblioteca Padre Cícero - Os Saberes do Nordeste está realizando uma busca ativa em todos os estados do Nordeste, com o objetivo de reunir e de resgatar acervos documentais e de peças históricas e de pessoas ou de localidades que façam parte da história do Nordeste e da história de seus ilustres personagens. O objetivo da busca é reunir material para as exposições realizadas no Centro Municipal Luiz Gonzaga de Tradições Nordestinas, como também para realizar exposições itinerantes pelos bairros do Rio de Janeiro, bem como para outros municípios do Estado que queiram contar com esses eventos culturais.
IMAGEM DE PADRE CÍCERO - HÁ 45 ANOS
É uma das maiores homenagens ao Padre Cícero Romão Batista. O monumento foi inaugurado no dia 1º de novembro de 1969, no alto da Serra do Catolé ou, como é mais conhecida, Colina do Horto, pelo então prefeito Mauro Sampaio. A estátua tem 27 metros de altura e é a terceira maior do mundo em concreto. Foi esculpida por Armando Lacerda em um local que era sempre escolhido pelo sacerdote para os seus retiros espirituais. Existe uma estimativa que aponta que mais de 2,5 milhões de devotos e turistas visitam o monumento todos os anos.
O CARIRI NOS PALCOS DO RIO DE JANEIRO
Em cena ... A Dama do Cariri Carioca
A comédia Dani Night conta o conflito de uma mulher madura que cisma em casar. Dani Night vive várias aventuras com encontros eletrizantes e divertidos e, entre remédios e bebidas, vai contando as suas loucuras para conseguir desencalhar. Ela vive vários personagens dentro de uma só história. A atriz caririense Michele Ferrúcio nos leva ao universo feminino e masculino de uma forma lúdica em busca do grande amor.
DANI NIGHT E SUA TRAJETÓRIA
Dani Night, uma comediante, típica cearense, saiu de Juazeiro do Norte, terra do Padim Pe. Cícero, para ganhar os palcos do Brasil. Já foi apresentada em Macaé (RJ), no Teatro Municipal e participou da 12ª Edição do Festival de Teatro Cidade Rio de Janeiro. Em seguida, aconteceu uma temporada no Sesc Tijuca em setembro. Agora, está sendo produzida a temporada do Teatro Gonzaguinha – Centro de Artes Calouste Gulbenkian, que acontecerá nos dias 3, 4, 10 e 11 de novembro, às 19h, na Praça Onze, Centro, Rio de Janeiro. Nos dias 4 e 18 de dezembro, a apresentação acontece no Sesc Nova Iguaçu (RJ), no dia 5 de dezembro no Lona Cultural da Ilha do Governador (RJ). Todos convidados !!!
MÊS PARA OS NORDESTINOS
Pela primeira vez na história, os nordestinos, no Rio de Janeiro, comemoram o mês de setembro como o mês oficial das tradições nordestinas. Uma Lei na Assembleia Legislativa colocou a data no calendário oficial do Estado. E não faltaram comemorações. Luiz Gonzaga, do Cariri Pernambucano, foi homenageado em grande estilo. Um show do cearense Raimundo Fagner, na Feira de São Cristóvão, homenageou os nordestinos pelo mês, e ainda pelos 25 anos de saudades do Rei do Baião. Foram comemorados ainda, os 69 anos, da Feira de São Cristóvão.
OS CONTOS, AS CRENDICES E AS LENDAS DE UM POVO RICO EM PROSEADO
JÁ DIZIA MINHA
AVÓ
AChapada do Araripe é revestida de magia. Das casas de moradores aos geossítios, personagens como lobisomens, Mãe d’Água, demônios e outros seres sobrenaturais habitam o cotidiano do caririense. Não se sabe ao certo quando e quem começou a contar histórias, mas o hábito, na Região, sobreviveu até as tecnologias modernas.
Aureliano Souza é um contador de histórias de Nova Olinda, em Santana do Cariri. “Eu moro na zona rural, então, cresci ouvindo histórias. A gente não tinha energia elétrica, então, minha vida foi ouvi-las, o pessoal sentava nos terreiros e contava. Televisão, naquela época, era fazer café, sentar e contar lenda que o pai ou o avô contava ou que ouviu de alguém”, relemra Souza organiza um passeio, em que atua como guia mostrando célebres pontos da região e contando aos visitantes tanto aspectos científicos dos lugares como mitológicos. “Passamos por lugares como a ponte de pedra, no geoparque Araripe, onde conto a lenda do reinado do Cariri.”
UM REINO ESCONDIDO
A ponte de pedra que se estende em frente ao visitante, para os habitantes da Chapada, esconde um mistério guardado a sete chaves. “As pessoas dizem que a ponte é encantada por dar acesso ao jardim do castelo encantado do reinado do Cariri. Em noite de lua cheia, o castelo aparece e é guardado por uma serpente muito bonita, colorida e com cara de gente, que protege a sua passagem”, explica o contador de histórias. “Se alguém tiver acesso ao castelo, entrar, e tocar em alguma coisa, ficarão sob um encantamento.”
Continuando a história, Souza conta que a única maneira de livrar-se do encantamento é esperar pelo dia em que a Mãe d'Água, guardiã das águas, emergir e empurrar a Pedra da Batateira. Acredita-se que, em forma humana, a personagem era uma bela índia. “Como a índia era belíssima, estava causando atrito na tribo. O pai, vendo que precisava dar um fim na vida da filha, levou-a até um poço para afogá-la e ela, então, transformou-se numa serpente enorme”, narra Souza. “A Mãe d’Água, com
CADA UM COM SUA CRENÇA
1
Manter um pé de arruda bem escondido dentro de casa afasta o olho gordo e a cobiça de outras pessoas.
2
Em tempos de seca, quando se quer fazer chover, o segredo é roubar a imagem de um santo da casa de algum vizinho. O santinho só deve ser devolvido quando o pedido for atendido.
3Os comerciantes costumam manter chifres de boi na fachada de seus estabelecimentos, com o objetivo de afastar mau agouro.
4Para ter sorte em uma nova moradia, lavar a casa com água, com vinho e com mel e deixar secar naturalmente. Um dia antes da mudança, deve-se abrir uma lata de sardinha, uma garrafa de vinho e uma bisnaga. Coloca-se, então, tudo isso no meio da sala e, no dia da mudança, recolhe-se tudo para jogar a mistura num jardim.
Mãe d'Água emergir dos rios e empurrar uma pedra encantada, a Pedra da Batateira, localizada no Crato, na nascente do rio Batateiras. No período Cretácio, há vários milhões de anos, o Crato e outras cidades da Chapada foram oceano. À medida que o oceano secava, camadas de calcário depositavam-se sob animais e plantas marinhos, formando o que, hoje, corresponde a uma das maiores reservas fósseis do planeta. “O pessoal conta que o Padre Cícero anunciava que essa pedra ia rolar um dia, e o sertão iria virar mar de novo, como já foi. Queriam amarrar a pedra de corrente , até por ela representar o fim do mundo”, conta Souza. Remanescente das histórias dos índios do Cariri, primeiros habitantes da Região, a lenda popularizou-se entre os romeiros, que atribuíam as correntes ao próprio Padre Cícero que, também, teria pedido aos céus pela proteção do Cariri. “Dizem tanta coisa! Já disseram que tem uma baleia dentro da pedra e que, quando ela se move, a pedra rola. Também existem versões que dizem que Santa Bárbara, protetora das águas, vivia dentro da pedra.”
O PADRE, O POVO, A CRUZ E O DEMÔNIO
Caminhando pela região de Santana do Cariri, um dos monumentos turísticos mais visitados é o mirante no alto da Chapada do Araripe, de onde se projeta uma cruz de madeira de mais de 25 metros: o Pontal de Santa Cruz.
a cabeça de uma bela mulher e o resto do corpo de serpente. Ela aparece em noite de São João e em noites de lua cheia. As pessoas têm medo de encontrá-la e se encantarem com ela.”
UMA PEDRA ENCANTADA
Para livrar-se do encantamento do castelo, a lenda diz que se deve esperar a
A cruz tem uma história e tanto. “O pessoal, que morava perto do mirante e no Vilarejo do Cancão começou a dizer que não conseguia dormir com os uivos que vinham lá de cima, dizia que era o demônio. Mandou uma carta pro Papa falando sobre o assunto, que ele respondeu com uma receita que ensinava como expulsar o demônio”, narra Souza. “A receita mandava todo mundo ir no mato, pegar madeira e fazer uma cruz. Feito isso, todo mundo foi, junto com o padre, subir a trilha até chegar lá em cima. Foi muita reza em latim, o demônio soprando e assustando todo mundo e, então, finalmente, chegaram lá em cima, enfiaram a cruz na terra, e o dia clareou.”
Souza conta que, de acordo com a lenda, a cruz deve ser renovada a cada passagem de século. “A cruz também tem validade!”, brinca.
DO BOI PARA O
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ALTERNATIVOS, COMO CHIFRES DE BOI, MADEIRA E COURO
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Chifre de boi. Madeira. Madrepérola. Couro. Materiais aparentemente inertes, para muitos até difíceis de serem vistos como bonitos. Mas, nas mãos de um artista, eles podem se transformar e virar itens de decoração ou, até mesmo, acessórios de uso pessoal. E o designer Roberto Dias é um desses artistas.
O trabalho dele com esses tipos de materiais começou a partir da observação do mesmo e tem como uma das inspirações o que o Cariri tem de melhor: a cultura. “O trabalho com os chifres é uma observação das matérias-primas. O chifre bovino, a cultura do boi no nosso Ceará inteiro é muito forte. Na região do Cariri, eles são muito ricos na própria cultura de cultivar o chifre e de fazer danças, folclores e folguedos em cima do boi”, afirma.
O HOMEM DO CHIFRE
Roberto Dias começou seus estudos com o chifre de boi como matéria-prima não apenas no Cariri, mas em outros pontos do mundo. “Quando comecei a estudar, vi que a origem estava no sagrado. No interior o chifre é colocado na cerca da entrada da fazenda para afastar os maus-olhados”, conta o designer, que também chegou a viajar por países, como a Índia, para entender essa relação do homem com o boi.
A partir desses estudos, nasceu a arte de Dias. “A minha arte é o que eu posso fazer de melhor para agradar ao outro”, destaca. Entre os objetos desenvolvidos no ateliê do designer, estão artigos de decoração e acessórios, como colares e pulseiras. “Hoje, estou em um momento que acho que a decoração está retilínea, então, estou investindo muito nos móbiles. E na decoração, eu vou em móbiles, serviços de colheres, bowls, castiçais de vela, uma série de coisas que atendem à necessidade das pessoas, lembrando do limite da matéria-prima, que é o chifre”, explica.
A originalidade de sua arte lhe rendeu, somente este ano, duas grandes parcerias: uma com o estilista Mark Greiner, com quem desenvolveu uma linha de acessórios para o desfile Kariri Rocks, apresentado no Dragão Fashion deste ano. A outra grande parceria foi com a Casa Cor Ceará,
KARIRI ROCKS
Um dos desfiles mais comentados do Dragão Fashion deste ano foi o realizado por Mark Greiner em parceria com Roberto Dias. A coleção teve como inspiração toda a cultura caririense aliada ao conceito do rock. Na passarela, foram apresentados modelos com acessórios confeccionados em chifres de boi, couro e madeira, predominantemente, contrastando com vestidos românticos, rendas e passamanarias de seda.
Para Roberto Dias, a experiência foi extremamente positiva. “Foi uma experiência muito forte, de aprendizado. [o desfile] Fortaleceu a ideia de que eu tenho que continuar com o chifre. Ele é inusitado. Eu ainda posso tirar muita coisa do chifre, da madeira.”
para onde desenvolveu uma série de móbiles e artigos de decoração exclusivos. “Tem a palha, a palha é uma coisa muito usada em todos os artesanatos locais. E misturei a fruta, o crochê feito, as frutinhas, a cabaça e a nossa ararinha, que é o símbolo do Brasil. Uma coisa lúdica e, ao mesmo tempo, bonita para enfeitar sua varanda.”
ARTE MANUAL
Para Roberto, o trabalho que ele desenvolve relaciona-se diretamente com a herança cultural do artesanato. “Quando o homem do Cariri está fazendo um chapéu, ele aprendeu do pai a fazer o chapéu, e o filho vai fazer aquele chapéu. A forma, o jeitinho, os materiais são os mesmos. Então, inova muito pouco. A herança cultural é artesanal”. Dentro desse processo, ele busca uma nova necessidade e acrescenta à peça. “O design é você encontrar na matéria-prima algo da necessidade das pessoas.”
A região do Cariri é um verdadeiro celeiro de artesãos no Brasil, segundo Roberto. A ponto de deixá-lo maravilhado ao andar pelas ruas de Juazeiro do Norte e observar a quantidade de pessoas fazendo cultura com as próprias mãos. “Tanto é que nós estamos vendo o sul do Brasil inteirinho vindo atrás do nosso trabalho com renda. Acho que o Cariri está muito forte, hoje, porque ele está produzindo toda essa quantidade de produto artesanal, desde uma estátua de Padre Cícero até uma renda de bilro.”
LEVANTA, VAI FAZER O CAFÉ
Ocafé é uma das bebidas mais consumidas no mundo inteiro e, no Cariri, não é diferente. Em reuniões, em conversa com amigos, no escritório e até durante um filme, os caririenses gostam de beber um cafezinho. A sensação de bem-estar e de energia proporcionada pelo café atrai desde os mais jovens até o público da terceira idade.
Luciano Morais percebeu a afeição do povo caririense pela bebida e viu uma oportunidade de negócio. Ele abriu, então, a Casa do Becco – Café & Cultura, no Crato. O espaço destinado ao consumo do café e à apreciação de arte foi inaugurado em junho deste ano, mas já cativou clientes fiéis.
Morais e o sócio, Breno Ximenes, realizaram um estudo de mercado antes de investir no negócio e constataram a necessidade de um ambiente daquele tipo. “Nossa curva de crescimento já foi significativa”, explica o empreendedor.
A pedagoga Renata Ventura, moradora de Juazeiro do Norte, diz que, na Região, é comum tomarem café tanto pela manhã quanto pela tarde. “Todo lugar que você vai tem que ter disponível uma garrafa de café. Às vezes, tem chocolate quente ou chá, mas café é o principal”, conta Renata.
E Karmelita Medeiros, estudante de direito, revela: "Não tinha esse costume de tomar café, mas, quando me mudei para cá [Crato], vi que as pessoas têm esse costume, e você acaba trazendo isso para o seu dia a dia. Hoje eu adoro”.
CAFÉ COM ARTE
O sucesso do café também chega às salas de exibição e de debate de filmes. No Cine Café, projeto do Centro Cultural Banco do Nordeste (CCBNB) no Juazeiro, acontecem, semanalmente, apresentações de filmes clássicos e alternativos. Além dos diferentes títulos, o acompanhante tradicional dos cinéfilos não é a pipoca, e sim, o café.
Segundo Cleiton de Araújo, auxiliar de eventos culturais do CCBNB, as sessões têm reunido, em média, 80 pessoas e a maioria aprova a ideia do Cine Café. “A proposta do Café é fazer com que o público se conheça, interaja entre si e se sinta em um aconchego caseiro”, comenta o auxiliar.
Sofisticação e sabor na hora do cafezinho
A estudante Karmelita Medeiros ganhou gosto pelo café ao se mudar para o Crato
OS TIPOS DE CAFÉ
O café Ojuara produz três tipos de café resultantes da mistura entre os grãos arábica (mais saboroso e aromático) e conilon (mais encorpado):
CAFÉ PREMIUM
Embalado a vácuo e com sabor mais acentuado que os outros dois;
CAFÉ TRADICIONAL Mais típico e forte;
CAFÉ SPERTTO Com a presença de mais grãos conilon, mais encorpado.
TAMANHO DO CAFÉ OJUARA
75 toneladas de café são produzidas mensalmente
3.500
m² é o tamanho da fábrica do café Ojuara
45 colaboradores diretos
FABRICAÇÃO LOCAL
O apreço pela bebida na região vem de muito tempo. Em 1960, o café Ojuara, marca tradicional na Região, foi registrado oficialmente. O idealizador foi José Airton Araújo, que batizou o café com o próprio sobrenome invertendo a ordem das letras de Araújo.
Segundo o atual diretor e proprietário da empresa fabricante da marca, Josenei Alves Leite, o Café Ojuara permanece no mercado ao lado de grandes marcas nacionais pela qualidade. “É um café tradicional, mas com alto padrão de qualidade porque usa os mesmo grãos há muito tempo.” Presentes em três estados do Nordeste (Ceará, Pernambuco e Paraíba), Alves destaca que os grãos são comprados de grandes regiões cafeeiras, como Minas Gerais, Espírito Santo e Bahia. Contudo, a parte industrial acontece em uma fábrica em Brejo Santo.
DANÇA
UTILIZANDO-SE, SOBRETUDO, DA SENSIBILIDADE PARA
ELABORAR OS MOVIMENTOS, A DANÇA CONTEMPORÂNEA
ENCANTA TODOS OS
PÚBLICOS E TRANSFORMA A REGIÃO DO CARIRI
DANÇA
Osincretismo cultural, do rock’n’roll ao forró, é o que marca o compasso de uma das mais mais belas modalidades de dança: a contemporânea. Originada na década de 1960, nos Estados Unidos, como forma de protesto à cultura clássica vigente, o experimental e o multicultural conferem originalidade à modalidade.
Os amantes da dança contemporânea são verdadeiros apaixonados, o que é perceptível quando se pergunta aos praticantes sobre os benefícios que a modalidade pode oferecer à saúde e à qualidade de vida como um todo.
A coreógrafa e bailarina cratense Danielle Furtado diz que a dança, em seu maior bem, confere prazer ao viver. “Quando nos deparamos com o nosso corpo dançando de forma intuitiva e totalmente livre, obtemos a segurança necessária para acreditar que podemos dançar a vida”, opina Danielle.
Pedro Moreira, dançarino e coreógrafo, explica também o que a dança oferece de bom para a saúde. “A dança traz muitos benefícios à vida daqueles que a rodeiam. Como benefício físico, posso citar a consciência corporal, através dos exercícios mais diversos, e o condicionamento físico, pois a dança trabalha com muita repetição e exaustão e fortalecimento muscular.”
Danielle, que esteve, de 2006 a 2012, à frente da Secretaria de Cultura, Esporte e Juventude do Crato, foi uma das responsáveis pela difusão e pela popularização da vertente no Cariri. A bailarina conta que os primeiros espetáculos em palcos caririenses aconteceram na década de 1990. “Em todo esse período, o contemporâneo foi dançado pelo grupo Corpus x Corpus, que, durante 11 anos, atuou quase que isoladamente na dança contemporânea. Realizamos mais de dez espetáculos, com temas que abrangiam a realidade do nosso cotidiano. Dançamos Cazuza, lampião, lendas, sentimentos, sertões e o último trabalho, o mais circulado e premiado, intitulado
Beatos, foi baseado no cotidiano dos romeiros do nosso Padim Pe. Cícero.” Atualmente, Danielle empenha-se em pesquisas com a Cia. Kidan, a qual integram, também, membros de companhias locais. “Estamos em processo de pesquisa e criação para o espetáculo Mi, que será embasado em uma das forças da criação, a essência da água”, conta Danielle. “Também estou criando um tutorial em dança criativa, para fazer dançar os que querem dançar e se acham incapazes.”
PROJETOS PARA A EXPANSÃO DA DANÇA NO CARIRI
Atualmente, vários grupos de dança contemporânea estão sendo formados na Região. “A Cia. Alysson Amancio é a grande fonte de formação e divulgação do contemporâneo”, indica Danielle. A companhia realiza, anualmente, o Festival de Dança do Cariri (FendanCa) e a Semana D de Dança, com oficinas, com seminários, com espetáculos e com debates sobre a modalidade.
A Escola Municipal de Artes (Emcart) também atua na área de dança, teatro e música, abrangendo a participação de mais de 500 crianças. “A educação através das artes possibilita ao aluno o contato com o belo por meio da vivência e apropriação do conhecimento artístico e estético”, opina Danielle Furtado. “A arte, ainda, é marginalizada e desvirtuada por muitos na sua concepção dentro do processo de ensino e aprendizagem. Mas a dança, na escola, tem o papel de despertar no aluno maior autonomia sobre seus movimentos, a superação de suas limitações, o autoconhecimento, sua expressividade e, por consequência, suas relações corporais e sociais com o mundo em que vive.”
QUANDO NOS DEPARAMOS COM
O NOSSO CORPO DANÇANDO DE FORMA INTUITIVA E
TOTALMENTE LIVRE, OBTEMOS A SEGURANÇA NECESSÁRIA PARA
ACREDITAR QUE PODEMOS DANÇAR A VIDA
BENEFÍCIOS
l Alongamento e flexibilidade
l Exercício de criatividade
l Combate o estresse
l Trabalha a força muscular
l Desenvolve a coordenação motora
S SRO A DO SERTÃO
ERA UMA VEZ TRÊS IRMÃS, PEQUENAS DE ESTATURA, MAS GIGANTES NA FORÇA DE VONTADE. UNIDAS, TECERAM OS FIOS DE SUA PRÓPRIA VIDA. JUNTAS, MUDARAM A REALIDADE DE SUA REGIÃO
lucianasantos@opovo.com.br
“Eu, Maria Miguel de Oliveira (Rosinha), Francisca Reinaldo de Oliveira (Ceilda) e Francisca Miguel Sobrinha (Cileide), todas com deficiência física congênita, filhas de trabalhadores rurais, fomos educadas de forma carinhosa. Nosso pai não conhecia a lei da acessibilidade, mas, com muita responsabilidade, nos ajudou a superar nossas limitações, contribuindo, assim, para o nosso desenvolvimento, pois somos deficientes dos membros inferiores e superiores.” É com esse orgulho de suas origens e de seu trabalho que Rosinha fala. O trabalho de artesã, ela e suas irmãs herdaram da mãe, que cedo perderam, e avós, que trabalharam com o algodão, da plantação à tecelagem de fios.
Filhas de uma família numerosa – como muitas pelo interior do Ceará -, Rosinha e suas irmãs sempre acreditaram que delas dependia o próprio destino. Nasceram no Sítio Mocotó, comunidade de Várzea Alegre, município localizado na região do Cariri. As três com uma deficiência congênita: atrofia nos braços e nas pernas. E um desejo de fazer mais por si, pela família e, principalmente, por toda a comunidade.
O FIO DA MEADA
A habilidade em tecer e em bordar havia sido herdada. Começaram, então, a fazer redes, dessas de dormir, para vender. E foram envolvendo outros moradores da região. Aos poucos, o negócio foi crescendo. Em 1989, técnicos do Sebrae e da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Ceará (Ematerce) foram até a localidade e encontraram dez adolescentes debaixo de uma árvore fazendo crochê. Surgiram, então, projetos de apoio, visitas técnicas e capacitações para elas e para os moradores da comunidade. Técnicos do Centro de Artesanato do Ceará (Ceart) e também designers foram à comunidade para aprimorar o trabalho das artesãs.
Nascia a Associação Comunitária de Mocotó e se abria uma nova perspectiva para o Sítio Mocotó. Nesse período, A deficiência física não foi empecilho para as irmãs Rosinha e Ceilda
JENNIFER STONE/ SHUTTERSTOCKFOMOS EDUCADAS DE FORMA CARINHOSA. NOSSO PAI NÃO CONHECIA A LEI DA ACESSIBILIDADE, MAS, COM MUITA RESPONSABILIDADE, NOS AJUDOU A SUPERAR NOSSAS LIMITAÇÕES
a Região era praticamente inacessível. Sofria com sérios problemas de infraestrutura. Água potável e encanada era artigo de luxo, e a taxa de analfabetismo era alta. Residia aí o principal desafio para as irmãs. “A maior dificuldade foi conseguir erradicar o analfabetismo e fazer com que as pessoas acreditassem que juntas poderíamos inverter o quadro de pobreza que existia na nossa comunidade”, relembra Rosinha.
E aos que acham que a deficiência física seria um empecilho para elas, Rosinha é enfática em dar o recado. “Quando se quer atingir um objetivo, por mais difícil que seja, temos que ter planejamento, fé, coragem, educação, responsabilidade, amor, esperança e nunca pensar em desistir.”
HOJE, NA
COMUNIDADE, TODAS AS FAMÍLIAS TÊM VIDA DIGNA, POIS TODAS ELAS GANHAM DE UM A DOIS SALÁRIOS
MÍNIMOS. SÃO TODOS ALFABETIZADOS, TÊM ALIMENTAÇÃO DE QUALIDADE, ÁGUA POTÁVEL E BOA MORADIA
É DE LINHA E SUOR
Após mais de 20 anos dedicados ao trabalho comunitário, Rosinha já colhe os frutos do esforço de sua família e dos associados. “Hoje, na comunidade, todas as famílias têm vida digna, pois todas elas ganham de um a dois salários mínimos. São todos alfabetizados, têm alimentação de qualidade, água potável e boa moradia.”
Atualmente, cerca de 300 redes são fabricadas por mês na Associação. “Todas as redes que são criadas são bem aceitas no mercado, pois nós estamos sempre inovando na criatividade e na qualidade”, destaca a artesã. O produto principal é a rede de dormir de tecido sol a sol, mas também são fabricados tapetes, jogos americanos e outros produtos têxteis.
Os produtos são revendidos para várias cidades do Cariri, além de Fortaleza. Em 2013, Rosinha foi a única artesã cearense a expor sua arte no projeto Mulher Artesã Brasileira, da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York.
Diante de tantas conquistas, o sonho das artesãs pode parecer até simplório: abrir uma loja em Várzea Alegre. “Para isso, temos que possuir uma casa maior com melhor acessibilidade para mim e para minha irmã, que é também deficiente física. Já estamos batalhando para a realização deste sonho, mas, ainda, não temos recurso suficiente”, desabafa Rosinha, que, ainda assim, não desanima e acredita que com perseverança, também conquistarão mais esse objetivo.
TECENDO O DESTINO
Nos últimos dez anos, Rosinha tem representado a Associação em diversas rodadas de negócios e de feiras tanto no Brasil como no exterior. Nos anos de 2005 e 2006, o projeto ganhou os primeiros lugares do Prêmio Sebrae Mulher de Negócios, sendo o primeiro lugar no Ceará, o terceiro lugar nacional e o quinto lugar mundial. Na ocasião, ela participou do Encontro Mundial de Mulheres de Negócios, representando o Brasil no México, junto de 11 outros países. Em 2011, a Associação ganhou o Top 100, prêmio que reconhece as melhores microempresas de artesanato do Brasil.
Em 2012, porém, entre tantas boas notícias e conquistas, as irmãs tiveram que enfrentar uma triste partida. Cileide, a mais nova das três, morreu quando se preparava para uma cirurgia de retirada de um coágulo no cérebro. Com isso, elas perdiam não apenas uma irmã, mas também uma parceira, uma designer e a contabilista da Associação. “Era uma pessoa pequena no tamanho, mas grande em talento e sabedoria. Poucas pessoas a conheciam, mas ela ajudava em tudo na Associação e na família”, relembra Rosinha, com pesar.
E sempre com o pensamento no futuro, ela deixa claro que a palavra “desistir” nunca existiu em seu vocabulário. “Não [pensamos em desistir], mas muitas lágrimas já foram derramadas por falta de compreensão e ajuda de algumas pessoas, que, na primeira dificuldade, queriam desistir.”
Cerca de 300 redes são fabricadas pela Associação Comunitária de MocotóSELECT ALEXANDRE TAVARES
ALMOÇO NO BUDEGA
Que a casa de Breno Fernandes é a queridinha dos bacanas desse Crajubar, ninguém tem dúvidas. Agora, abrindo para o almoço, agrada a gregos e troianos. Em tão pouco tempo, já se nota que a aceitação do high foi total à ideia; Kaio Martins, Alexandre Tavares e Thyago Campos que o digam.
MALAS PRONTAS
O controlador da Borgra Empreendimentos, empresário Álvaro Borges, já está de malas prontas para o Velho Mundo para mais uma temporada, deixando, assim, órfãos seus amigos do Cariri. Álvaro é uma das pessoas mais benquistas deste Cariri de meu Deus.
BEM-VINDA
Uma das novidades mais comentadas no Cariri, nesses últimos tempos, não poderia ficar de fora da nossa coluna. A volta da arquiteta Maria Tereza Coelho ao Cariri. A herdeira da Construtora Raimundo Coelho, emprestada, há muitos anos, a Fortaleza, resolveu voltar às origens e, aqui, novamente reside, abrilhantando, mais ainda, nossa sociedade com sua alegria e personalidade contagiante.
O Cariri borbulha a cada dia mais, e um dos rostos mais conhecidos da nova geração é o colunista social Ângelo Victor, sempre acompanhado da sua relações-públicas Márcia Padrenosso. Formam uma dupla dinâmica que abala esse Crajubar.
BIRTHDAY
Tendo como palco o Budega, o executivo Herlon Torres reuniu uma legião de amigos para comemorar sua passagem no calendário. Bem ao clima Herlon, a festa, só para convidados, começou happy hour e terminou café da manhã. Por lá, vimos Clarisse e Dário Alencar, Marconizeth e Emerson Pinheiro, Lidiane Luna, Thyago Campos, Paula Menezes, Clara e Gustavo Campos, Gizelia, também aniversariante, Capitão Guedes e muitos outros.
EXPANSÃO
O presidente da CDL Jovem do Crato, Arthur Parente, não para nunca. A novidade que veio somar aos seus postos de gasolina foi um correspondente da Caixa Econômica Federal em Juazeiro do Norte. O correspondente fica ali na São Pedro e, para os dias de hoje, conta com um diferencial: tem estacionamento, facilitando, assim, quem quer fazer suas transações. Arthur me disse que já está preparando a sua ida também ao Crato com um correspondente.