TFG - Intervenções Modulares no Baixio da Linha 1-Azul do Metrô - PARTE I

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Imagem 00: Vis F


sta Aerea Santana Fonte: GeoSampa-

Há um gosto de vitória e encanto na condição de ser simples. Não é preciso muito para ser muito.

Lina Bo Bardi



CENTRO UNIVERSITÁRIO BELAS ARTES DE SÃO PAULO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

SARAH FELÍCIO

OCUPAÇÕES SIMBIÓTICAS INTERVENÇÕES MODULARES NO BAIXIO DA LINHA 1-AZUL DO METRÔ Trabalho final de graduação apresentado ao Centro Universitário Belas Artes de São Paulo

SÃO PAULO 2022



AGRADECIMENTOS Primeiramente a Deus, por permitir que tudo isso acontecesse. Agradeço aos familiares, pelo amor, apoio e incentivo incondicional nas horas difíceis, de desânimo e cansaço ao longo desses anos de graduação. Vocês foram e sempre serão a minha base. Agradeço também aos amigos que pode fazer na arquitetura. Alcinez da Silva, Brunna Peres, Giovanna Caron, Jéssica Gomes, Júlia Rissin, Priscila Lopes, e Natalia Santos por terem me apoiado nos momentos necessários, provando serem verdadeiras irmãs, quero levar para toda minha vida. Ao meu noivo, obrigada por sempre estar aqui quando eu precisava ser ouvida ou confortada, sendo o companheiro mais legal, mais amoroso, a terapia mais preciosa. Agradeço ao Centro Universitário Belas Artes e a todos os professores que tive durante minha graduação por me ensinarem essa sensibilidade e o olhar para o ser, para a cidade e o morar. E um agradecimento especial ao meu orientador Ricardo Felipe, não podia ter escolhido alguém melhor para me orientar nesse trabalho, obrigada por empreitar nas minhas ideias loucas em meio a loucura da pandemia do covid 19. Mil vezes obrigada. E a todos que direta ou indiretamente fizeram parte da minha formação, o meu muito obrigada.


RESUMO O questionamento sobre o que fazer com os vazios urbanos e não lugares nas grandes cidades é um dos temas mais falados das discussões urbanas da cidade de São Paulo. É notável os problemas sociais e espaciais originados pela falta de moradia digna. A partir de alternativas leves, simples e dinâmicas de urbanismo, esse trabalho acontece como uma possibilidade de tomarmos uso de um não lugar da cidade, experimentando cenários que se apropriam e se baseiam nas vivências espontâneas que podem ocorrer no local. Como uma forma de afeto e ternura à cidade, os ensaios urbanísticos aqui imaginados pretendem incentivar, aprimorar os usos e encorajar experiências no baixio do viaduto do metrô. Palavras-chaves: vazios urbanos; baixio do metrô; não lugar.


ABSTRAT The question of what to do with urban voids and non-places in big cities is one of the most talked about topics in urban discussions in the city of São Paulo. The social and spatial problems caused by the lack of decent housing are remarkable. From light, simple and dynamic urbanism alternatives, this work takes place as a possibility for us to make use of a non-place in the city, experiencing scenarios that are appropriated and based on spontaneous experiences that can occur in the place. As a form of affection and tenderness for the city, the urban essays imagined here intend to encourage, improve uses and encourage experiences in the underpass of the subway viaduct. Keywords: urban voids; underground subway; no place.


SUMÁRIO

1.DO VAZIO AO PERTENCIMENTO introdução ..................................................................14 tema | justificativa .............................................. 20 vazio ............................................................................... 22 pertencimento ........................................................ 26

2.DO LUGAR AS ZONAS lugar .............................................................................. 32 zonas ............................................................................. 40 partido ......................................................................... 48


O 3.INTERVENÇÕES MODULARES intervenções .............................................................. 50

4.CONSIDERAÇÕES FINAIS conclusão ................................................................... 84


DO VAZIO AO PERTENCIMENTO

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introdução


Quase 50 anos após a inauguração das estações de metrô da linha 1-Azul – Santana, Carandiru, Tietê – uma construção símbolo de um urbanismo de infraestrutura que liga o centro de São Paulo a bairros da zona norte, já se mostrou que tem como resultado um vazio urbano: seu baixio, um verdadeiro problema para a cidade, gerando desvalorização, degradação e fragmentação de seu entorno, como uma ferida aberta em meio à cidade. O debate sobre o que fazer com esse espaço livre gera múltiplas possibilidades a serem exploradas. Em contraponto pouco é feito de fato e muitos problemas sociais vem à tona como é o caso dos moradores de rua da região que usam a estrutura do metro como abrigo, o lixo indevido jogado no local e a insegurança causada pelo abandono. Pensando em como mudar esse cenário o seguinte trabalho final de graduação vem de encontro com esse questionamento e apresentará possíveis soluções arquitetônicas pensando como transformar esse vazio urbano, levando em conta a essência social da área estudada, seguindo uma reflexão sobre experiências alternativas de urbanismo que incentivem a convivência, coexistência e o bem estar dentro da cidade. 15


Imagem 01 e 02: Início das Obras na Avenida Cruzeiro do Sul na década de 70. Fonte: São Paulo in foco

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Imagem 03: Avenida Cruzeiro do Sul a noite. Fonte: Hoteis ponto com


Imagem 04: Moradores de rua no baixio do viaduto. Fonte: Jonal SP Norte

Imagem 05: Museu de Arte Urbana Aberto. Fonte: São Paulo secreto

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Imagem 06: Demolição dos pavilhões da Casa de Detenção do Carandiru. Fonte: Giro Marília Notícias

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Imagem 07: Resquícios das celas da penitenciária no parque da juventude. Fonte: Nelson Kon


Imagem 08: Entrada bloco 1 e 2 Cigapura Fonte: Fotos da Autora

Imagem 09: Barraca morador de rua Fonte: Fotos da Autora

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O tema do Trabalho Final de Graduação (TFG) tem como foco o desenvolvimento de projeto urbano na região da Av. Cruzeiro do Sul no distrito de Santana, em São Paulo. Após a análise e diagnóstico da região, será proposta a requalificação urbana no Baixio do viaduto do metrô, buscando assim dar uso para esse vazio urbano. Este projeto terá como premissa resgatar a sensação de pertencimento a deste espaço livre público, visando com que os frequentadores se sintam mais acolhidos e parte importante do projeto. O recorte apresenta uma localização estratégica na zona norte de São Paulo, a Av. Cruzeiro do Sul – inaugurada 1969 – faz importante ligação entre Canindé – Av. do Estado – com o bairro de Santana – R. Conselheiro Saraiva. A avenida também compreende as três elevadas estações da linha 1-Azul do metrô – Santana, Carandiru e Tietê – o terminal de ônibus de Santana e o terminal rodoviário do Tietê. Além disso no entorno temos Av. Ataliba Leonel com Av. Santos Dumont, que por sua vez conecta o corredor norte Sul com distrito de Tucuruvi e por fim, Av. Otto Baumgart que vai da Av. Zaki Narchi a Marginal Tietê. Essa posição torna o lugar de fácil acesso. A justificativa da escolha do tema está pautada na pesquisa e análise urbana crítica do distrito de Santana, em que se constata por meio de arquivos fornecidos pela prefeitura de São Paulo, a necessidade de requalificação urbana do baixio do viaduto do metrô. No local há diversas pessoas em situação de rua e famílias com alta vulnerabilidade social morando no Cingapura¹.

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O local apresenta uma história marcante para a cidade de São Paulo. O atual Parque da Juventude já foi um nos principais presídios da capital – a antiga Casa de Detenção do Carandiru. Marcada pela tragédia em 2 de outubro de 1992 que tornou o presidio do Carandiru nacionalmente famoso, o massacre do Carandiru, deixou 111 prisioneiros mortos. Por esse motivo a história deve permanecer viva em nossas memórias.


tema | justificativa

¹Cingapura habitação popular na cidade de São Paulo, iniciado no ano de 1995, na gestão de Paulo Maluf. Originalmente, o projeto de São Paulo foi inspirado no Programa de Habitação Popular do Governo de Singapura (daí o nome Cingapura) que, na época, foi um grande sucesso. A ideia asiática passou por uma agência de desenvolvimento estatal que, em parceria com a iniciativa privada, auxiliou no processo de constituição de grandes quantidades de moradias populares.

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vazio

22 Imagem 10: Grafite do artista Speto Fonte: Folha de São Paulo - UOL


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Os vazios estão espalhados por todas as cidades, demonstrando a falta de planejamento urbano e leis de uso e ocupação do solo, que por inúmeras vezes passam despercebidos pela maioria da população e das autoridades públicas. Muitas vezes os baixios dos viadutos - como é o caso da linha 1-Azul do metrô entre as estações Santana e Armênia – e pontes escondem esse espaço, no entanto chamam a atenção quando servem de abrigo para moradores de rua e depósito de lixo, os vazios urbanos com relação aos lotes ocupados podem parecer pouco, mas tem uma enorme serventia quando falamos de grandes metrópoles como São Paulo, onde o espaço está cada vez mais escasso. Os vazios urbanos são formados por espaços não edificados ou não aproveitados (podendo ser construções abandonadas ou destruídas), e até mesmo espaços esquecidos ou não qualificados como áreas livres no interior do perímetro urbano; edificações que ocupam menos de 20% do terreno, espaços projetados (ou mal projetados) para acontecimentos do cotidiano, porém em consequência de um vazio demográfico ou por ações marginais não são utilizados (VILLAÇA, 2007 apud MENDONÇA; SOUZA; ALVES; RUIZ, 2014, p. 1).

Como resultado da construção das estações Santana, Carandiru e Tietê da linha 1-Azul do metrô, no ano de 1975, houve a transformação da Av. Cruzeiro do Sul: o surgimento da estrutura elevada – viaduto do metrô. Mas foi anos mais tarde em 2022 que podemos ver como esse lugar seria utilizado. Hoje com o mundo sofrendo com as consequências do COVID 19² há o enorme aumento de moradores de rua e família em situação de alta vulnerabilidade social, que fazem do lugar seu abrigo.

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Segundo Sposito (2004) grandes espaços vazios podem ser resultado da transformação de usos urbanos, da gentrificação, da degradação, da segregação e do abandono de antigas áreas, levando a sua desocupação parcial ou total, e até mesmo a substituição do perfil populacional. (SPOSITO, 1983 apud MENDONÇA; SOUZA; ALVES; RUIZ, 2014, p. 2).


Fernando Fuão (2018) discorre sobre os baixios de viadutos, locais que em geral, destacam o surgimento de apropriações espontâneas enquanto abrigo ou local de trabalho, indicando que esses vazios, ao contrário do que se supõe, podem sim ser considerados lugares. Lugares estes escuros, insalubres e considerados inóspitos pela maioria da população, mas é justamente neles que os moradores de rua vão se situar como casa, lar. Neles os sem-teto encontram a proteção que o restante da cidade não os dá simplesmente porque não estão presos as restrições dos planos, mapas e desenhos dos projetos urbanos (JACQUET, 2021 p. 12).

A requalificação urbana tem potencial no tratamento das problemáticas do baixio do metrô, promovendo mudanças de longo prazo a partir de soluções modulares, de baixo orçamento e aplicação local. Incentivando ressignificações de espaços públicos como elementos urbanos coletivos de cidadania, de integração e convivência social na maneira de “fazer cidade” por meio de interações mais eficientes entre cidadãos e esfera pública, subvertendo processos burocráticos e lentos sem perder de vista seus objetivos de influência em larga escala e a longo prazo, permitindo que medidas não sancionadas façam parte da dinâmica urbana. Com intuito de requalificar o baixio e dar novos usos foi pensado todo esse projeto. Dando nova identidade a esse lugar que hoje se vê como um vazio para um lugar que possa ser usufruído pela cidade.

² A Covid-19 é uma infecção respiratória aguda causada pelo coronavírus SARS-CoV-2, potencialmente grave, de elevada transmissibilidade e de distribuição global.

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Pertencimento entende-se como fazer parte de algo, estar sobre posse de algo ou alguém. Alessiana Benevides (2014) na monografia “O sentimento de pertencimento na arquitetura” conceitua o pertencimento como uma sensação de que determinado lugar nos pertence. O sentimento de pertencimento é a sensação de se sentir pertencente a um determinado lugar ou sentir que um lugar nos pertence. É um sentimento que se manifesta em várias áreas do conhecimento humano, tanto do cotidiano quanto da memória vividas pelo mesmo. E é recorrente a palavra identidade quando se fala de pertencer (BENEVIDES, 2014, p. 8).

Quando algo é nosso, temos a tendência de cuidarmos melhor por próprio instinto de preservação e sobrevivência, o mesmo o ocorre com a cidade quando temos uma população engajada com entorno e com as políticas públicas, essa sensação de pertencimento, ou seja, que algo lhe é seu faz o cidadão dar seu melhor por aquele espaço. Com isso em mente o projeto visa manter a memória viva no local e preserva-lo. Para Mesentier e Moreira (2014) no livro “Arquitetura e Urbanismo Forma, Espaço e Design” escrito por Jeanine Mafra Migliorini (2019), pertencimento está intimamente ligado a construção de identidade e afeto a um determinado lugar.

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Assim quando se consideram os aspectos relativos ao imaginário da cidade, não se pode deixar de considerar que a própria noção de paisagem expressa, por um lado, uma relação entre a consciência e o mundo exterior, marcada pelo sentido estético; mas por outro remete à laços afetivos e a um imaginário de pertencimento, sendo, nesse sentido, é constitutiva de identidades e afetos no indivíduo e no grupo (MESENTIER; MOREIRA, 2014 apud MIGLIORINI, 2019, p. 31).


pertencimento

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Na monografia “Empatia identidade e pertencimento: o lugar da memória na arquitetura das cidades em tempos líquidos” de João Pedro Otoni Cardoso (2017), pertencimento tem ligação com a memória de determinado lugar e como a sociedade enxerga isso. Além de estar presente no cotidiano do grupo, a memória coletiva também está presente nos lugares de memórias, eles são referenciais para o coletivo. Os lugares de memória reforçam os sentimentos de pertencimento e auxiliam na delimitação das fronteiras da identidade (CARDOSO, 2017, p. 53).

Ao analisar a visão dos autores apresentados, é possível concluir que pertencimento é muito mais do que fazer parte de algo, está ligado a memória, identidade da cidade e a sensação de união da sociedade como um todo. Com esse pensamento proponho soluções arquitetonicas que tenha como premissa a sessação de pertencimento a cidade. Transformando o que antes era um não lugar, um vazio urbano em agora um espaço com uso e proposito para pessoas. Como a região é marcada por memória e história esses sentimentos se reforçam, um exemplo, por conta com a proximidade, é o parque da juventude, que teve essa relação explorada no projeto. Outra relação que acabamos nem percebendo é a de pertencimento com o baixio que os moradores em situação de rua apresentam na região tornando o que seria um não lugar em seu lar e/ou casa. Pensando nisso também foi explorado esse ponto no trabalho, como tornar essa moradia mais humana e digna.

28 Imagem 11: Estação Santana da linha Norte-Sul do Metrô São Paulo Fonte: Acervo VMAA


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DO LUGAR AS ZONAS

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lugar


O bairro de Santana, referência na zona norte de SP, nasce de uma passagem entre a Vila de São Paulo e o interior do país que, até então, era colonial. A fazenda de Sant’anna, propriedade da famosa Companhia de Jesus, ia do Mosteiro da Luz até a Serra da Cantareira, representando um pedaço imensurável de terra. Em 1673, a Fazenda de Sant’Ana passou a se desenvolver mais, tornando-se a fazenda mais importante do Colégio de São Paulo. (TORRES, 1968) Durante o século XVII, o Rio Tietê era uma passagem obrigatória para as famosas monções, as frotas de canoas que utilizavam as vias fluviais para abastecer os povoados mais longínquos. A sede dos religiosos, inclusive, foi construída em 1734, onde hoje está localizado o Centro de Preparação de Oficiais da Reserva do Exército (CPOR), na Rua Alfredo Pujol. (TORRES, 1968) No ano 1852, o alferes de milícias Francisco Antônio Baruel, representante de uma das primeiras famílias da Zona Norte, adquiriu terras no bairro. Ele era agricultor, criador de animais, fabricante de farinha e de telhas. Fabricava telhas no Sítio Morrinhos. (TORRES, 1968) Até 1897, as habitações encontravam-se apenas ao longo das atuais ruas Alfredo Pujol e Doutor César. Devido às inundações periódicas da várzea do Tietê, houve uma expansão lenta e a fazenda foi sendo dividida e subdividida, surgindo então o núcleo do atual bairro de Santana. (TORRES, 1968) Tramway Cantareira.Ao final do ano de 1893, o trem já estava em operação. Passava por Santana na atual Avenida Cruzeiro do Sul transportando passageiros e cargas. Houve uma ampliação do sistema por meio de um ramal até Guarulhos. Este ramal 33


começava na Estação Areal (próximo ao atual Parque da Juventude) e seguia pela Avenida General Ataliba Leonel. No ano de 1893, a Companhia Cantareira de Esgotos precisou captar água da serra para abastecer o reservatório da Consolação. A medida mais barata para a locomoção do material e funcionários foi a construção de uma via férrea que ficou conhecida como o “Trenzinho da Cantareira”, que também ajudou a povoar de maneira mais consistente a região de Santana. (TORRES, 1968) No dia 3 de junho de 1900, o padre Landell de Moura, considerado “pai brasileiro do rádio”, realizou a primeira transmissão da voz humana por rádio, com registro da imprensa, da Avenida Paulista, provavelmente de onde hoje está situado o Museu de Arte de São Paulo até o bairro de Santana, no Colégio Irmãs de São José (atual Colégio Santana). Na época, o padre era o pároco da Capela de Santa Cruz ao lado do colégio. (TORRES, 1968) Na década de 1950 com o governador da época Jânio Quadros foi criada a Casa de Detenção Profº. Flamínio Favero, que popularmente foi conhecida como a Casa de detenção do Complexo do Carandiru e sua construção é do engenheiro-arquiteto Samuel das Neves. (TORRES, 1968) Chegada da Linha 1 do metrô, em 1975, quando foram inauguradas as estações Santana, Carandiru e Tietê, além do Terminal Santana. (TORRES, 1968)

34 Imagem 12: Bairro de Santana em 1920 Fonte: Biblioteca Municipal Auto Sant’Anna


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Atualmente o bairro de Santana/Carandiru no distrito de Santana tem inúmeros pontos importantes como a vias Av. Cruzeiro do Sul, Santos Dumont, Ataliba Leonel, Voluntários da Pátria, Zaqui Narchi, ruas Leite de Moraes, Gabriel Piza, Olavo Egídio; as escolas ETEC de Artes e da Juventude, Colégio Santana e Marillac, as Universidades UNIP e UNI SANT’ANNA e biblioteca como a de São Paulo; os hospitais HSPAN e Pronto Socorro de Santana; instituições como o Campo de Marte, além de diversos comércios e serviços dos mais amplos setores como os shoppings Lar Center e Center Norte. Tudo isso juntamente com um ótimo sistema de transporte (metrô e onibus) contrubui para o bairro ter uma excelente infraestrutura.

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Imagem 13: Nova identidade do conjunto prisional do Carandiru Fonte: Nelson Kon


MAPA PANOROMA

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zonas

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ZONA 1 Para propor um projeto, é necessário avaliar o local focando nos usos e usuários. Analisando os usos ao redor do baixio do metrô conseguimos dividir os 3,5km em três zonas de usos e potencialidades características. Na primeira zona se localizam pontos de importância para o cotidiano do Centro de Santana, ponto nodal de concentração de pessoas devido aos acessos de transporte na região. O Terminal de ônibus de Santana, que determina um fluxo especifico de pessoas pela entrada da R. Leite de Moraes, R. Gabriel Piza e Av. Cruzeiro do Sul, que atraem a presença de uma comunidade trabalhadora e a passeio para o bairro de Santana, que é o limite dessa primeira zona e apesar da grande degradação que tem sofrido nos últimos anos é um ponto de interesse de muitos projetos e intervenções urbanísticas futuras. O fluxo é constante, composto das mesmas pessoas que passeiam ou trabalham por essa região. Os usos do baixio nessa área são voltados ao comércio – barracas de feiras e vendedores ambulantes – os térreos dos edifícios são em sua maioria comércios e serviços, bares e lanchonetes.

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Imagem 14: Feira Estação Santana Fonte: Google Street View

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ZONA 2 A segunda zona se inicia na Estação Carandiru. Os diferentes tipos de uso dessa região fazem com que, ao contrário da primeira zona, os usuários não se repitam, gerando um fluxo de pessoas mais variável. O Parque da Juventude forma um visual cenográfico para quem está passando pelo baixio. Muitas pessoas ao andar pelo parque param nesse local para tirar fotos e admirar a vista. Além disso, no próprio parque há os dois pavilhões de importância histórica e institucional, que atualmente são as ETEC da Juventude – que abriga cursos como enfermagem e segurança do trabalho – e a ETEC de Artes – cursos como dança e design de interiores. A Av. Ataliba Leonel, limite dessa zona, por ser uma avenida com muitos usos é um ponto importante de relação com o entorno. Nela encontramos a Penitenciaria feminina, Previdência Social, variados super mercados e drogarias, além de pequenos comércios e serviços. No lazer do Parque, essa zona se mostra um local de expressões artísticas variadas que formam concentrações de usuários próximos aos acessos por meio de pequenas apresentações de rua, como dança e também há os usuários voltados para os esportes como patins, bike e skate. Isso tudo conciliado com o grafite do MAUA – Museu de Arte Urbana Aberto – marca ainda mais a região com a presença marcante da arte na zona.

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Imagem 15: Estação Carandiru, vista para o Parque da Juventude Fonte: Google Street View

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ZONA 3 A última zona fica ao redor da Estação Rodoviária do Tietê, por essa razão o entorno tem grandes estacionamentos, hotéis e shoppings. Além disso por conta da proximidade com a marginal não há muita edificação por ser uma região de várzea. O uso do baixio nesse local é ainda mais ocupado pelos moradores de rua. Muitas famílias vêm de outros estados do brasil a procura de uma vida melhor em São Paulo, não conseguem e acabam se abrigam no de baixo do viaduto do metrô e nos arredores da rodoviária. A proximidade do local com esse modal é uma potencialidade que, se bem aproveitada, pode trazer visitantes de diversas partes de São Paulo para o projeto, quebrando a regra de usuários somente provindos do entorno. O bairro do Tietê é um ponto de atenção pela grande aglomeração de moradores de rua, que precisam ser levados em conta em qualquer projeto destinado a essa área.

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Imagem 16: Praça Rua Eudoro Lemos Fonte: Google Street View

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