Revista Sugoi

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E MAIS:

PARA PARA PARADISE ร FEBRE ENTRE OS JOVENS BRASILEIROS 10 DE ABRIL Nยบ 1 R$ 7,90


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Editorial K

よ Bem-vindos! う こ そ

YÔKOSO!

onnichiwa. Sejam bem-vindos à primeira edição da SUGOI. Nossa equipe, que assim como vocês, aprecia profundamente o Japão e sua arte, trará todos os meses novidades sobre os mais variados assuntos que rodeiam a cultura oriental: a música, a comida, os games, os animes e mangás, a moda, os cosplays. Nossa revista é uma forma de contribuir com um material exclusivo e preciso para enriquecer sempre seus conceitos e preferências desse país tão mágico que é o Japão. O portal de entrada para esse universo é a seção Made in Japan, onde você encontra notícias sobre os lançamentos de discos e DVDs de JMusic, jogos, animes e mangás e ainda conhece um produto criado no Japão e que se tornou febre no Brasil. A matéria de capa explicará a origem do nosso quadrinho favorito: o mangá. Em que época o Japão começou a produzir quadrinhos? Por que os olhos grandes, o papel jornal e o preto e branco? Essas e outras perguntas serão respondidas na reportagem (pág. 28). Para aqueles

que gostam dos eventos japoneses que ocorrem no Brasil, a reportagem sobre a edição mais recente do Rio Anime Club é um prato cheio (pág. 40). Para agitar ainda mais a revista, chamamos a escritora e desenhista Tatiana Costa Sumomo para publicar um mangá criado por ela, Legends of a Quest — uma história de aventura e magia, dividida em 32 capítulos que serão publicados a cada edição da SUGOI. Ainda nessa edição, a evolução do Para Para Paradise no Brasil (pág. 18) e uma divertida matéria sobre competições fora do convencional inventadas pelos japoneses (pág. 23). Arigato gozaimasu e boa leitura! Equipe SUGOI ANA CAROLINA PIRES アナ カロリナ ピレス ANA PAULA EVANGELISTA アナ パウラ エヴァンヘリスタ JOICE DE CARVALHO ジョイセ デ カルヴァルホ LUCAS SAKALEM ルカス サカレン MARCELINO CEZÁRIO マルセリノ セザリオ MARINA BRAGA マリナ ブラガ NATALIA CALZAVARA ナタリア カルザヴァラ

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ÍNDICE Univeversidade Castelo Branco Chanceler: Vera Costa Gissoni Reitor: Paulo Alcantara Gomes Coordenação de Comunicação Social: Luciana Julião e Alice Selles

Diretor de Redação: Lucas Sakalem Diretora de Arte: Natalia Calzavara Editoras: Ana Paula Evangelista e Joice de Carvalho Redator-Chefe: Lucas Sakalem Editores-Assistentes: Ana Carolina Pires, Marcelino Cezário e

Marina Braga

Repórteres: Ana Carolina Pires, Ana Paula Evangelista, Bruna Fernandes, Joice de Carvalho, Lucas Sakalem, Marcelino Cezário, Marina Braga e Natalia Calzavara Editores de Fotografia: Marcelino Cezário e Marina Braga Revisão: Coordenadora: Ana Carolina Pires | Revisores: Ana Carolina Pires, Joice de Carvalho e Lucas Sakalem

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Diagramação e Infografia: Editora de Arte: Natalia Cazavara | Chefe de Arte: Lucas Sakalem | Diagramadores: Lucas Sakalem e Natalia Calzavara | Infografista: Eduardo Lima Secretaria Editorial: Ana Paula Evangelista Arte e Ilustrações: Eduardo Lima, Paulo Gabriel Silva, Paulo Oliveira, Rosângela Pizzolati e Tatiana Costa Sumomo Consultora de Texto: Tatiana Costa Sumomo Colunista Convidado: Cristiano Diniz Diretora de Publicidade: Ana Paula Evangelista Anúncios: Paulo Oliveira

SUGOI é uma publicação produzida por Ana Carolina Pires, Ana Paula Evangelista, Joice de Carvalho, Lucas Sakalem, Marcelino Cezário, Marina Braga e Natalia Calzavara, alunos do

5º período de Comunicação Social - Jornalismo

(2010.1), para a disciplina Projeto Experimental em Mídia Impressa, sob orientação da professora e coordenadora do curso,

Luciana Julião - MTb 6.401, da Universidade Castelo

Branco: Av. Santa Cruz, 1631, Realengo, Rio de Janeiro (RJ), CEP: 21710-250 - Tel.: (21) 3216-7700 | 7798.

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40 COSPLAYER DO MÊS...............................................06

EVENTOS HISTÓRIA A TRAJETÓRIA DOS QUADRINHOS.........................28

MADE MADE IN IN JAPAN JAPAN JMUSIC.......................................................................10 GAMES........................................................................11 ANIMES.......................................................................12 NIKKEI.........................................................................13

TECHNOLOGY 3-D NIPPON.................................................................38 AEVENTOS

JOY JOY

RIO ANIME CLUB.......................................................40

PARA PARA PARADISE.............................................18 MANGÁ RESENHA

LEGENDS OF A QUEST.............................................45

ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS..........................20 COLUNAS HISTÓRIA CURIOSIDADES ESTRANHAS COMPETIÇÕES....................................22

J-FASHION..................................................................16 ITADAKIMASU.............................................................34 CINEJAPAN.................................................................54


Reportagem: Bruna Fernandes

O processo de confecção de um cosplay exige muito estudo prévio sobre o personagem: análise da postura, da fala, do olhar. Antes de montar qualquer fantasia, cosplayers ficam meses pesquisando em revistas, sites e fóruns a melhor forma de representar seu personagem escolhido. Mariana Cabral, 21 anos, já encarou esta aventura algumas vezes. Por sua fantasia perfeita de Allen Walker, personagem do anime D Gray Man, ela foi a escolhida pela SUGOI como o Cosplayer do Mês. Confira como Mariana montou essa fantasia impecável:

Os tecidos: “O sobretudo precisava ser pesado e ter

um bom caimento. A parte prata precisava ser bem clara e combinar com o tecido preto principal. A calça e a blusa de baixo são de tecidos mais leves e o colete é de um tecido próprio para coletes sociais. A bota é de napa; o zíper, de plástico; e o solado de borracha.”

se s me an e trê rca d D Gray M e c u moro o anime na de r, d Maria n Walke e ll A de

play

u cos

do se

ntan s mo

A peruca: “Temos que verificar a cor e se é possível

fazer o penteado do personagem. Eu costumo cortar as minhas perucas. Tem que usar produtos como laquê, gel e pomadas para modelar, ou até mesmo secadores e chapinhas nos cabelos e nas perucas resistentes ao calor.”

A maquiagem: “Para esse cosplay, a maquiagem

é leve, só utilizo uma base para cobrir algumas imperfeições, um lápis vermelho para fazer o desenho no rosto e clareio as sobrancelhas. Precisei investir em uma maquiagem resistente e realmente à prova d’água, pois ela precisa aguentar um evento inteiro.”

Os acessórios: “Foi a parte mais trabalhosa do

cosplay. Meu marido e eu demoramos bastante tempo para terminar o braço do Allen. Fizemos testes, refizemos algumas partes e utilizamos os mais diversos tipos de materiais — alguns mais simples, como EVA e espuma, outros mais complicados de mexer, como metal. Ainda fizemos um pequeno sistema de iluminação.”

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Fotos: Bruna Fernandes



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As novidades no mundo do entretenimento japonĂŞs sugoi_abril_2010

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o PS3

Wii Remote n

y imento da Son sensor de mov m co le o. ro ad nt O novo co tes a ser lanç n 3 está pres pelo para PlayStatio o para todos os fanáticos o, um ns P . co EUA ortant Sonho de US$ 100 nos á ar st os cu m k re tic eb PS3, o joys oedinhas e qu i umulem as m ar que não va brasileiros, ac dá para calcul já ue os rq , po ia , og porquinhos obre a tecnol to por aqui. S que é bem am ar nt co ser nada bara testá-lo m ra a de pu e ii. Haverá um sortudos qu do Nintendo W le do s ro to nt co en im do mov diferente os r ra st gi na re ra ra fe a es câmera pa anto do controle jogador, enqu r rio dependendo ponta supe r co A Sony mudará de . te já lançará do ambien e adaptados qu adiantou sistema. 20 jogos ao novo

Primeiro dem

o de Metroid:

Other M

No começo do verão asiático, chega às lojas japonesas um dos lançamento s para Nintend esperados do an o mais o: Metroid: Oth er M, a nova av da pirata espaci entura al Samus. Que m jogou já o de contou: o Wii R mo, emote é posici onado horizonta e, na maior pa lmente rte, a perspect iv a é em terceira Samus pula, at pessoa. ira e se transfo rma em uma bo nos clássicos jo la como gos de Metroid . O diferencial tudo isso será é que feito com o man useio do Wii R Ao apontar o jo emote. ystick para a te la , o jogo muda pa primeira pessoa ra e uma mira ap arece para ajud atingir os alvos ar a com mais prec isão. Desenvolv grupo Project M ido pelo , Metroid: Other M tem previsão lançamento no de Brasil em agos to desse ano.

: Heavy Rain

re SUGOI suge

aos cinemas, do seu projeto va le jogo r te a di po is que fosse um qu e David Cage pr m se e el só mais um a sorte, ra PS3, seria pa mas para noss o ad nç la e por seu vy Rain, ra se não foss tu eletrônico. Hea en av e ão nos filmes ico de aç ora. Inspirada ad game psicológ ov in e ad lid em torno e jogabi ), a trama gira co roteiro realista ía od Z e en e vê seu er (Se7 Ethan Mars, qu es de David Finch el tre en s, pelado. O agonista hos morre atro de quatro prot fil us se de ratividade ando um o ao fim. A inte mundo cair qu eç m co do te s para o presen as são decisiva lh suspense está co es as su 20 finais siona: e há cerca de também impres s en ag on rs ira seu. s os pe rra logo e adqu destino de todo co : po m te a ão perc disponíveis. N

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Fotos: Divulgação


French JMA ic Awards 2009, do French JMus Saiu o resultado tas franceses l na qual internau premiação anua ndas e discos de res cantores, ba elegem os melho u recordes de ição, que quebro u três dos JMusic. Na 5ª ed i Hamasaki levo um Ay n ee qu po. Ganhou votação, a po vencedora do an de an gr a i fo e ext Level, 19 prêmios isco Solo (por N D r ho el M s ria Banda nas catego ina e Artista ou in m Fe ta tis Ar r de 2010. 2009), Melho Mais Aguardado s foram Outros destaque emiada a jrocker Yui, pr tista Solo Ar r ho como Mel avi., que, Feminina, e miy nceses, na opinião dos fra rformance teve a Melhor Pe 09. na França em 20

AKB48: novo

Rock’n’Roll Circus: tá chegand o! Pouco a po uco Hamasaki re , Ayumi vela as novidades de seu nov o CD, Rock’n’Roll Circus, disc o de jpop ma is esperado do primeiro se mestre. Na s últimas atu alizações d e seu blog, que o disco Ayu-chan c terá três ve ontou rsões: a tra 15 faixas; u dicional, co ma acompa m CD de nhada de D inéditos e u VD de vide m box-set s oclipes uper limitad ainda é a A o. Mais agu rena Tour 2 ardada 010 A: Roc Em entrevis k ’n’Roll Circu ta a uma rá s. dio japones adiantou qu a, a diva do e a nova tu jpop rnê será dif já fez. Será erente de tu que dessa do o que vez ela vem ao Brasil?

single

nçará seu integrantes, la 48 r po o ad O grupo o feminino form a 26 de maio. di no u, ho O AKB48, grup uc carreira le, Ponytail Cho tém tanto uma an m e qu mais novo sing os uc laridade mo um dos po uistando popu nq co e, ad é conhecido co id iv a, a teatral em at Expo, na Franç musical quanto ação no Japan o, nt br se m re te ap se a um dos em crescente. Com s Estados Uni . no l, 09 al 20 H er em st l Web aciona em julho, e no a estreia intern su a a ur u ak co S ar t, m hi m gundo grande o AKB48 també o lançou seu se edições up as gr o du , iro em re o Em feve rá lançad se de u ho uc ho C ail total. Os DVDs no shiori. Ponyt seis faixas no a do ix fa en nt da co es a um cluir os clip in ra pa CD+DVD, cada s to is World) ões estão prev (Fonte: JaME o. ul tít m ambas as vers se a nd outras duas ai principal e de Fotos: Divulgação

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Dragon Ball

Kai no Brasil

do anime de aniversário os an 20 os ar Toriyama, e Para comemor senho, Akira de do r do ia , o cr ake: Dragon 2009 um rem Dragon Ball Z em am ar nç la ion ”), de 100 a Toei Animat gnifica “revisão si s, nê po ja em episódios, Ball Kai (“kai”, inal tinha 291 ig or rie sé a o tão sendo episódios. Com essárias e alguns fillers es s, a TV snec dos brasileiro passagens de ria eg al a ra pa ra, is para a cortados. Ago direitos autora s do a pr m co ou a m. O processo Globo anunci do ano que ve ir rt pa a o nh se exibição do de eve. meçará em br co em ag de dubl

ortos-vivos Estudantes m e ini lança ness A editora Pan do volume mês o primeiro ool of the ch mangá Highs de nta a história Dead, que co do estudantes um grupo de s que vêm todo Ensino Médio s re so os e profes os seus amig s bi m em em zu se transformar veria ser de num dia que outros. Sem Miyamoto como todos os uro Takashi, om K ns ve jo os édio da escapatória, condem no pr es se hi as is atro anos no Rei e Igou H blicado há qu pu é gá an m Brasil, instituição. O dernados. No ca en o nc ci Japão e tem . será bimestral a periodicidade

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Bleach em

Hollywood

?

O anime Ble ach pode g anhar uma adapta ção em Ho llywood, assim como aconteceu com Dragon Ball Z em 2009. Segundo in formações do site Heat Vision , a Warner Bross adquiriu os direitos da saga para transformá-l a em filme. Escrita e ilu strada pelo desenhista Tike Kubo, a história gira em torn o de Kuros aki Ichigo, 15 a nos, que pe rsonifica uma entida de sobrena tural, a deusa da m orte Kuchik i Rukia, e começa a d efender o p laneta de entidades m alignas.

No v de o ma Pe ach ngá d Gir e cr l iad Pa r

de a os f ótim histór ãs de ias s a ma not rom houj ânt o, m lan ngá P ícia: ic a a ç Pu a es each criad as, u ngás se reora ma Ma De m Gir ri ( ês u l, Miw do a c Pró ord “pr é mn aU An , a pr o com -casa ovo eda, j m o um u Mom tago o sit ment ang á, nis e A o”) a o e que sco fuku ta s nim . r e Pe em s la pa e es cha e a pel ch G er no ra ga tudar mará r á ae i i dito rl foi l vas. O otas q em a u ra n m e Pa çad o n angá só nin i. o B de ras il

ora


Todo mês, a história de um produto criado e famoso no no Japão mundo inteiro

Quem nunc

a se delicio

u com um fr

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inho de Yak O Yakult, fa ult? m o sa b ebida à base pessoas no de leite desn mundo inteir atado ferme o, já está inco sabem é qu ntado e con rporada nos e o produto sumido por hábitos alim foi criado no milhares de entares dos Japão. b rasileiros. O Como tudo que poucos começou Na década d e 1930, o Ja morte de inú pão enfrenta meras crian va um grand ças. Inconfo já formado, e surto de in rmado com decidiu contin fecções que a perda dess uar na faculd acarretaram pudessem a as vidas, o m na ade para se judar a soluci édico Minoru dedicar a est onar os prob conceitos qu Shirota, udos sobre lemas de sa ando ele de microorganis úde do país scobriu que um ácido qu mos que . Suas pesq a cura viria d e auxiliava a u is as revolucio e u m p a bactéria: o ropagação d capazes de n aram e bactérias b lactobacillus, chegar ao in enéficas, resi testino para produtoras d digestivo. M regu stentes à aci e eia década d dez do estôm epois da desc larizar as funções intest ago e inais e de pro oberta, foi la teção do sist nçado o Leite Do Japão p ema Fermentado ara o mund Yakult. o O Yakult se tornou uma japoneses n das bebidas o século 20. mais consum Para que o p foi introduzid idas pelos roduto cheg o um sistem asse a mais a de distribu empresa inic pessoas, ição domicili iou sua expa ar. A partir d nsão comerc em outros p e 1964, a ial internacio aíses da Ási nal, introduzi a, na Europa No Brasil, o n do o Yakult e nas Améri Yakult cheg cas. inaugurada ou em 1966 a primeira fá e , d ois anos dep brica em Sã todos os pro ois, foi o Bernardo cessos de p do Campo (S ro d ução e come A distribuiçã P), com o nas cidade rcialização e m território b s brasileiras na qual os ve rasileiro. seguiu a me ndedores ofe sma forma ja reciam o pro sucesso por ponesa, duto de port aqui é tanto a em porta. que mais de comunidade Hoje, o 300 mil pess do Orkut cha o as fazem pa m a da Quero Ya Com o cresc rte de uma kult em frasc imento das ve o de 2 litros. partir da déca n d a s e grande ace da de 1980, itação do pú a empresa e produtos qu blico, a xpandiu seu e promovem mercado e in saúde. Além a versão Ya vestiu em do famoso le kult 40, indic itinho ferme ada para ad Sofyl; o alim n ta u lto do, existe s; a sobrem ento com vita esa láctea fe minas essen Hiline, para rmentada ciais para ho mulheres; u mens, Taffm ma bebida à suco de maçã an-E, e o base de soja s Yakult e o e suco de fr Yodel, bebid u ta s, Tonyu; o a láctea com suco de fruta s.

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J-Fashion ANA PAULA EVANGELISTA

Mudança de estações: a primavera começou no Japão e, junto com ela, o Festival do Hanami. Saiba quais são as tendências para o festival japonês para quando o nosso Hanami acontecer.

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Banco de imagem

O

final do mês de março e início de abril é sempre muito esperado pelos japoneses, afinal, é o Hanami, época muito alegre em que se comemora o começo da primavera. Tudo é planejado para acompanhar o florescer das cerejeiras e fazer o tradicional piquenique sob as árvores com os amigos. Estagiários de grandes empresas recebem ordens de seus patrões para rumarem logo no começo do dia para um parque de cerejeiras, só para guardar o melhor lugar para a turma do trabalho fazer a sua confraternização. Nessa mesma época, vem também as novas tendências para a estação das flores, período delicado e fresco, em que as roupas ganham tons mais claros. As seguidoras da moda Lolita podem abusar das pequenas flores de fitas de cetim presas no cabelo, sempre nas cores rosa , azul e verde. Os vestidos continuam com os babados, mas agora é o momento de usar estampas — flores em cores pastéis são sempre bem-vindas, assim como plumas e pérolas como acessórios. Para os garotos, as principais grifes apostam em uma mistura do design irreverente japonês e a funcionalidade de vestuário para o trabalho dos americanos. Também há destaque para as bermudas sociais, que ficam impecáveis acompanhadas de camisas de golas mais largas e coletes de cores fortes como laranja, azul escuro e vermelho. Importante: nessa estação, as

calças apertadas estão em baixa. O ideal é investir em looks mais leves e soltos. Nos pés das japonesas, o que prevalece são botas coloridas. As bolsas, sempre kawaii, mudaram de tamanho: do grande e extravagante, para o pequeno e doce. E moças, não se esqueçam das unhas: pintá-las em tons prateados ou mais claros é sempre uma boa opção para combinar com seu estilo Lolita. Aproveite para usar da nova tendência antes que os dias de calor cheguem ao fim aqui no Brasil, pois já estamos pertinho do outono. As temperaturas começam a cair e, com ela, o seu visual da primavera japonesa. Mas não se esqueça: em setembro, as cerejeiras do Sul do Brasil vão florescer. No nosso Hanami, as tendências japonesas de agora voltam com tudo.



JOY

PARA PARA

PARADISE Prepare seus pés e aumente o volume do jpop: vai começar mais um show de Para Para Paradise, dança inventada por jovens japoneses que virou febre entre pessoas do mundo inteiro. A sincronia está toda nas mãos: os pés balançam de acordo com a música, enquanto os braços fazem os verdadeiros movimentos. É preciso fôlego, força de vontade e muita disposição para aprender as diversas coreografias, conhecidas como rotinas, que podem ser encontradas em vídeos no YouTube ou em DVDs importados do Japão. O estilo surgiu nas grandes boates japonesas no início dos anos 1980, mas as coreografias só começaram a fazer sucesso, quando foi introduzido um novo ritmo eletrônico — o Eurobeat. Por ser mais agitado, os dançarinos tinham dificuldades em conciliar os passos dos pés e das mãos. Foi daí que vieram as coreografias com os braços e de poucos movimentos com as pernas. No Brasil, há shows de Para Para em quase todos os eventos japoneses. Grupos fixos, com muitos integrantes, fazem grandes apresentações apenas por diversão. Para alguns, assistir a um show de Para Para pode parecer estranho no começo, mas o ritmo contagiante e a batida eletrônica conquistam todos que gostam de dançar. “O Para Para possui mais movimentos com os braços. É uma boa forma de exercícios, mesmo não sendo uma prática completa como uma academia”, conta a dançarina Paula Silva, 19 anos, que faz parte do grupo Akaryuu, de Curitiba (PR), que começou em 2006 com 30 pessoas, fundado pela produtora de 18

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Fotos: Anna Cercal

Reportagem: Ana Carolina Pires Ilustração: Natalia Calzavara


estúdio Melina Valente, 22 anos, uma das pessoas que tornou a dança popular nos eventos de sua cidade. “Fui responsável por essa apresentação e tenho muito orgulho disso”, diz. Outra integrante do grupo é Anna Cercal, estudante de Letras Japonês. “Conheci os animes primeiro, só depois veio o ParaPara”. O Akaryuu participa de diversos

campeonatos e vários participantes já saíram vitoriosos. Na edição de 2009 do Aniventure , em Santa Catarina, o grupo levou as três primeiras colocações. Existem milhares

de coreografias — os participantes do Akaryuu conseguem dançar de 100 a 250 rotinas, o que é uma particularidade de alguns dos integrantes. Para aqueles que ficaram interessados em aprender, Rodrigo Yoshimoto, do grupo SuperParaPara , de São Paulo, dá a dica: “Tem que soltar o corpo e perder a vergonha. Basta começar pelo básico, treinando bem o bounce (como marcamos o tempo das músicas com os pés) e depois coordenar os braços”. Já Amanda Magalhães, do Akaryuu , acredita que tem que haver empenho e muita determinação. “Vá atrás de coisas novas, se esforce sempre ao máximo e nunca desista de algo por parecer difíci”, sugere.

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RESENHA

Ficou na promessa Visualmente bonito, Alice no País das Maravilhas falha mais do que acerta

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uando os primeiros cartazes de Alice no País das Maravilhas (2010) caíram na rede, foi uma balbúrdia: sites de notícia publicaram manchetes, revistas de cultura reservaram páginas, twitteiros de plantão espalharam a seguidores. Embora já fosse conhecido que Tim Burton (Edward Mãos de Tesoura) montava uma releitura da obra-prima literária de Lewis Carroll (1832-1898), poucos haviam visualizado tamanha produção de arte. Então surgiu a grande expectativa. E é essa mesma expectativa que leva à decepção quando a projeção chega ao fim. No filme de Burton, Alice (Mia Wasikowska) já é uma jovem de 19 anos, deslocada na tradicional Inglaterra do século XIX, prestes a ser pedida em casamento por um homem rico do qual não gosta. Surpreendida por uma festa de noivado que ela nem sabia ser para ela, Alice foge e segue um coelho branco. Cai na toca do coelho e vai para o País das Maravilhas, que está à beira da destruição, sob o domínio da Rainha Vermelha (Helena Bonham Carter) e de seu escudeiro, o Valete (Crispin Glover). Alice, que pensava ter somente sonhado com aquele lugar em sua infância, encontra a lagarta Absolem (voz de Alan Rickman), o Gato de Cheshire (voz de Stephen Fry) e o Chapeleiro Louco (Johnny Depp), que vêm na jovem a esperança para destronar a Rainha Vermelha, devolvendo a coroa à irmã dela, a Rainha Branca (Anne Hathaway). Burton e a roteirista Linda Woolverton (O Rei Leão) tomaram escolhas equivocadas

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para tornar esse filme acessível a crianças, adolescentes e adultos. Enquanto o tom sombrio parece não adequado a uma plateia infantil, a pouca profundidade dos personagens e dos dramas deixam a película rasa demais. Além disso, a tentativa de transformar a jornada de Alice pelo Mundo Subterrâneo em uma aventura épica também falha — há cenas que lembram claramente sequências de O Senhor dos Anéis ou As Crônicas de Nárnia. Nesse cenário, salvam-se as impecáveis direções de arte e de fotografia, o figurino e a cenografia são os pontos altos. As atuações também são um ponto alto, à exceção de Mia Wasikowska e sua apática Alice. Johnny Depp (Em Busca da Terra do Nunca) e a esposa do diretor, Helena Bonham Carter (Harry Potter e a Ordem da Fênix), fazem de seus coadjuvantes, o Chapeleiro Louco e a Rainha Vermelha, os protagonistas. Depp, já familiarizado com personagens do estereótipo do Chapeleiro, é a peça chave do filme. O mesmo vale para a tirana — porém carismática — Rainha Vermelha. Também do rol dos coadjuvantes de peso, Anne Hathaway (O Diário da Princesa) traz à sua Rainha Branca uma elegância bizarra que, apesar de caricata, funciona bem. Para um filme que prometeu tanto com belos materiais de divulgação, Alice no País das Maravilhas decepciona. O ritmo lento e a montagem errônea nos deixa a dúvida se Tim Burton é mesmo um bom diretor de cena ou se trabalha melhor apenas na direção de arte.

Fotos: Divulgação

Por Lucas Sakalem



CURIO SIDADES

Estranhas competições Está dada a largada para a caça aos recordes Reportagem: Marina Braga Ilustrações: Rosângela Pizzolati

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ossa imaginação não tem limites. Se dermos asas a ela, pode nos levar do impossível ao insano em segundos. Basta pensar um pouquinho que a primeira loucura pipoca no cérebro — sempre acompanhada de outras, claro. Para os japoneses, esse exercício parece ser rotineiro, principalmente no mundo dos jogos. A cada mês, surge uma nova competição diferente para animar a vida desses orientais que tanto amamos. E nesses jogos, vale de tudo, desde que o resultado seja sempre o almejado: entrar para o Guinness World Records. O Guinness World Records, antigo Guinness Book, é o famoso livro dos recordes. Já foi o livro mais vendido da história. A cada ano, sai uma nova edição, atualizada e com novas regras de seleção

dos acontecimentos que virão a ser publicados. Mais do que qualquer outro país, o Japão é um caçador de páginas do Guinness World Records. Todos os anos ocorrem competições inéditas, quase nunca convencionais. Esse povo muito criativo transforma situações de outro mundo em grandes campeonatos, que reúnem centenas de candidatos e espectadores buscando ser eternizados no livro dos recordes. Os campeonatos ocorrem principalmente em festivais regionais, quebrando a imagem conservadora da sociedade nipônica e inovando para divertir a população. Ajudam na divulgação de cidades e ainda incentivam o turismo. Conheça agora algumas das competições bizarras que SUGOI descobriu.

Japonês voador

Comendo nattô

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aponês pode voar? Ainda não, mas pular bem alto, pode: Hideki Matsui, com a ajuda de um trampolim, pulou 6m e 30cm. Com um vídeo circulando pela internet, o “japonês voador” deu o que falar pela sua coragem em saltar sem rede de proteção. Por sorte, nada aconteceu e sua meta de saltar bem alto para bater o recorde foi alcançada. O salto está registrado, é claro, no livro dos recordes.

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cidade de Mito promove desde 2001 uma competição em que os participantes devem comer nattô, prato típico japonês feito de soja fermentada, com cheiro forte e aspecto grudento. Quem comer com mais rapidez é o vencedor da prova. No ano passado, 72 pessoas participaram, sendo oito de outros países. O vencedor foi um morador da própria cidade, Masaki Nakamura, de 44 anos, que comeu 350 gramas de nattô puro em 30,97 segundos. Com essa vitória, Nakamura

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tornou-se bicampeão no campeonato de comer nattô. Isso que é gostar de comida diferente. Pelo menos ele já devia estar acostumado a comer algo tão exótico, já que o nattô é produzido na sua cidade.


Arremesso de caroço de cereja

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cerejeira é uma árvore muito cultivada no Japão. Durante a primavera, as flores rosadas de sakura (cerejeira, em japonês) tomam conta das ruas japonesas e abrigam sob suas copas nativos e turistas durante a realização do Festival do Hanami, que anuncia o início da estação das flores. Nessa época, també é hora de produzir estoque para o campeonato de arremesso de caroço de cereja com a boca, que acontece anualmente na cidade de Higashio, grande produtora da fruta. O evento é um lazer para toda a família: crianças e adultos podem participar para, além de competir, celebrar a colheita de cereja. O vencedor da prova ganha quilos de cereja como prêmio. Como não dá para comer todas, ele aproveita para treinar para próximo ano.

Caneta ao ar

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aneta como instrumento de malabarismo? No Japão, é possível. E o vencedor em malabarismo de caneta foi o estudante Ryuki Omura, 16 anos. O jogo é o Pen Spinning (girar caneta, em inglês), já considerado um esporte com diferentes categorias e estilos. Omura venecu mais de 270 candidatos em uma competição que aconteceu em Tóquio. Segundo Mitsuhiro Nakamata, da Associação Japonesa de Pen Spinning, o segredo é fazer a combinação de manobras o mais suave possível. E foi isso o que o adolescente fez com muita rapidez, deixando os jurados impressionados com a agilidade de suas mãos ao realizar de maneira perfeita movimentos como a “girada normal”, na qual se usa o dedo médio e o indicador, e o estilo “sônico”, que utiliza todos os dedos, menos o dedão.

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ogar aviãozinho de papel também virou moda competitiva no Japão. Tudo começou com a milenar arte oriental de dobrar papel, o Origami. Há até uma Associação Japonesa de Aviões de Origami, presidida por Takuo Toda, recordista no Guinness em lançamento de aviões de Origami. Toda já conseguiu manter no ar um aviãozinho de 10 cm, feito com uma única folha de papel e sem auxílio de cola e tesoura, durante 26,1 segundos. Toda, em parceria de Shinji Suzuki, engenheiro da Aeronáutica, elaboraram projeto que lançaria 100 aviões de papel por um astronauta japonês, em uma estação espacial a 400 quilômetros da Terra. Os aviões, de 30 cm, seriam feitos de um papel especial, tratado com silicone, resistentes a temperaturas de 250°C e ventos sete vezes mais rápidos que a velocidade do som. Mas o plano foi adiado porque não haveria como rastrear o caminho dos aviões.

Aviãozinho de papel

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São histórias bem-humoradas ou tristes; românticas ou violentas; divertidas ou monótonas. Nos quadrinhos japoneses, vale de tudo, pois há público para todas as categorias. Nas terras nipônicas, é normal ver de estudantes a empresários lendo-os em metrôs, ônibus, bibliotecas e praças públicas. Hoje, a febre dos mangás ultrapassou as fronteiras da ilha oriental e atravessou desertos, mares e montanhas: está nas mãos dos americanos, dos europeus, dos brasileiros. A demanda é tanta que o mangá tornou-se o produto mais exportado pelo Japão.

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CAPA

Reportagem: Joice de Carvalho e Lucas Sakalem

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entro do país, os livros são consumidos por cerca de 90% da população, segundo o artigo O sonho japonês do mangá, de Sonia Luyten, pós-doutora em Cicências Sociais Aplicadas. Mas antes de serem produzidos em grande quantidade, esses quadrinhos passaram por várias transformações até ganhar as características que hoje são sua marca registrada.

no banho, andando para a rua, lavando roupa, dormindo. Além de vender essas gravuras separadamente, Hokusai reuniu um número de trabalhos e encadernou essas imagens do cotidiano em uma única coletânea, a qual ele intitulou Hokusai Manga: “man” de irreverente e “ga” de desenhos. Em 1867, o Japão abriu as portas do comércio e da cultura para o Ocidente — foi o início da Era Meiji. A sociedade japonesa passou a receber diversas influências ocidentais. Um desenhista em especial fez uso dessas referências para criar seu próprio estilo: Rakuten Kitazawa. Inspirado por comics americanos, como The Yellow Kid (O Garoto Amarelo, de Richard Felton Outcault) e The Captain and the Kids (“O capitão e as crianças”, em tradução literal), de Rudolph Dirks, Kitazawa criou seus próprios quadrinhos com personagens fixos, sendo Tagosaku to Mokube no Tokyo Kenbutsu, de 1902, um deles. Foi esse grande mestre quem chamou esses desenhos divididos em quadros, com balões para falas de mangás, e não de comics, em uma singela homenagem a Hokusai.

Osamu Tezuka: Manga no Kamisama

As gravuras de Hokusai foram as percussoras da história em quadrinhos japonesa

As gravuras de Hokusai e os mangás de Kitazawa udo começou com Katsushikai Hokusai, um dos grandes pintores da Era Edo (saiba mais na linha do tempo abaixo). Nessa época, as gravuras japonesas eram a arte predominante. Geralmente, retratavam imagens da natureza ou de personalidades do país, com pequenos textos, para narrar uma história com imagens. Com o tempo, as obras ganharam características cotidianas. Um dos pioneiros nessa mudança de estilo foi Katsushikai Hokusai, gravurista que começou a representar cenas corriqueiras como pessoas

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té a metade do século XX, os personagens dos quadrinhos japoneses tinham feições similares à normalidade. Foi com Osamu Tezuka que o mangá como conhecemos hoje começou a ser concebido. Justamente apelidado de Manga no Kamisama — o Deus dos quadrinhos —, Tezuka revolucionou os mangás ao criar personagens humanos

Fotos: Banco de imagens/ Divulgação

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de olhos grandes, tão fora do padrão. Sua história mais famosa, o clássico Astro Boy, sobre o menino-robô com super poderes e emoções humanas, foi o primeiro sucesso internacional da indústria de quadrinhos e animação japonesa. Em sua infância, Tezuka era apaixonado pelas animações dos estúdios Walt Disney, principalmente por causa dos animais de feições humanas e olhos brilhantes, maiores do que o normal. “O que o Tezuka fez foi aplicar o bichinho da Disney aos humanos, daí que vêm os desenhos japoneses de olhos grandes”, explica o designer Aristides Dutra, fã de quadrinhos. De acordo com a pós-doutora Sonia Luyten, outra influência de Tezuka para essa característica marcante é o teatro Takaruzaka, interpretado só por mulheres que maquiavam os olhos de uma forma a deixá-los maiores. “Na imaginação de uma criança, juntou a fome com a vontade de comer — os desenhos da Disney e o teatro Takaruzaka para criar personagens. Ele inovou não só na forma, mas no conteúdo”. Tezuka criou grandes histórias além de Astro Boy, entre elas A Princesa e o Cavalheiro, sobre uma princesa que finge ser homem para assumir seu reino; Kimba, o Leão Branco, que inspirou o desenho da Disney O Rei Leão e Os Três Adolfs, história que se passa antes da Segunda Guerra Mundial sobre três homens chamados Adolf: um alemão, um judeu e o ditador austríaco Adolf Hitler. A morte desse grande mestre dos mangás levou o Japão a um luto coletivo. Venerado por amantes de quadrinhos do Oriente e do Ocidente, Tezuka foi o responsável pelas histórias mais longas, dinâmicas e cinematográficas, com traços e caráter muito pessoais.

magras que tudo se cria”. Enquanto alguns pensavam que a produção dos mangás poderia chegar ao fim, os japoneses a adaptaram para enquadrá-la em seu orçamento limitado. Eles optaram por continuar a produção em revistas de mais de 300 páginas, impressas em papel jornal e em preto e branco. Cinco ou seis histórias disputavam espaço a cada edição de uma dessas revistas, que eram especializadas em temas específicos, voltados para diferentes públicos. Assim surgiu a setorização dos mangás, que existe até hoje no Japão, agradando a todos: há os romances para meninas adolescentes (Shojo), as aventuras

No Japão, todas as pessoas leem mangás: crianças e adultos, homens e mulheres, ricos e pobres

Após a Segunda Guerra, a setorização

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om o fim da Segunda Guerra Mundial, o Japão entrou em profunda crise financeira e a contenção de gastos foi inevitável. Mas, como brinca Luyten, “é em épocas de vacas

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CAPA

Dragon Ball, Death Note e Akira são um dos clássicos quadrinhos japoneses. Histórias como essas ganharam o mundo e hoje são líderes de venda em diversos países

violentas para meninos (Shonen), os infantis (Kodomo), quadrinhos sobre receitas (Josei), romances policiais (Seinen). Para Luyten, essa diferenciação de público permitiu que pessoas de todas as idades lessem mangás sem se sentirem constrangidas, diferentemente do que acontece no Ocidente, onde os comics são lidos majoritariamente por crianças ou adolescentes, os mangás japoneses são comprados por pessoas de todas as idades e classes. Em

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locais públicos, não é nada difícil contar um grande número de japoneses lendo mangás. “Aqui no Brasil, no ônibus ou no metrô, você vê todo mundo conversando até sem se conhecer. No Japão, a sociedade já é mais comportada, eles preferem ler o mangá. O leitor vivencia a fantasia do mangá como uma forma de extravasar sentimentos contidos: os personagens brigam por ele, xingam o chefe por ele, se declaram por ele”, conta Luyten. Contudo, não é sempre que uma história publicada em uma revista é extraída para ser publicada em volume exclusivo, conhecido como “encadernado”. Tem que fazer sucesso e ganhar o gosto popular, afinal, a produção de mangás alimenta a economia japonesa, tornando-se uma mina de ouro. A visão capitalista evoluiu com o tempo e, atualmente, uma história em quadrinhos já é publicada pensando no lucro que ela vai gerar, seja tornando-se um desenho animado ou um game. “Uma história em quadrinhos já é feita para ter possibilidade de virar anime, algo que dá mais lucro ainda”, aponta Aristides. Dessa forma, o mangá ganhou o mundo, fazendo sucesso até mesmo nos Estados Unidos, país produtor de milhares de títulos de comics. Aristides acredita que o sucesso dos quadrinhos nos EUA se deve à não diversificação de temas das HQs americanas. “O quadrinho americano foi quase todo calcado no super-herói ou no infantil. Demorou muito para ele se abrir para uma pluralidade maior”. No Brasil, os mangás chegaram de mansinho, mas logo ganharam espaço. “O brasileiro estava desistindo, passando para os meios eletrônicos. De repente, o mangá vem ao Brasil e forma novos leitores, principalmente no segmento feminino. Hoje temos muitas leitoras e desenhistas mulheres”, afirma Luyten. O sucesso dos mangás no Brasil é tão grande que quadrinhos nacionais tradicionais estão ganhando traços dos japoneses, como A Turma da Mônica Jovem. “A adaptação é ótima, mostra que a arte não tem fronteiras. Da mesma forma que Hokusai foi influenciado por pintores europeus, o mangá também pode influenciar os brasileiros. São trocas artísticas e deveriam acontecer sempre”, avalia Luyten.


10 mangás que todo fã deve ler SUGOI listou os 10 mangás que qualquer fã de desenhos japoneses precisa ler. São histórias que marcaram a época em que foram lançadas. Saiba o porquê agora:

Apenas príncipes podem subir no trono da Terra de Prata. Para a decepção do rei, seu herdeiro é uma menina: a bela Princesa Safiri. Para evitar que o maligno Duque Duralumínio tome posse do reino, Safiri deve fingir ser homem e provar que pode governar um reino.

A PRINCESA E O CAVALHEIRO (1953)

Osamu Tezuka

AKIRA (1982)

Clássico do quadrinho japonês, Akira se passa na cidade de Neo-Tóquio, já que a Tóquio original foi destruída durante a Terceira Guerra Mundial por uma criança com super poderes, criada secretamente pelo governo. Ela é encontrada por uma gangue de motoqueiros que passa a protegê-la.

DEATH NOTE (2003)

Light Yagami é um estudante que encontra um caderno da morte, criado por um Shinigami (o “anjo da morte” na cultura japonês). Nesse caderno, podem ser escritos nomes de pessoas que o portador queira matar. Light decide assassinar todos os prisioneiros do Japão, sob o disfarce do alterego Kira. Tsugumi Ohba e Takeshi Obata

ONE PIECE (1997)

Um menino chamado Monkey D. Luffy sai em uma jornada marítima para encontrar o One Piece, o lendário tesouro do Rei dos Piratas. Para isso, ele precisa chegar até o final do mais perigoso dos oceanos: a Grande Rota. Ao longo de sua jornada, ele encontra vários companheiros para ajudá-lo.

Katsuhiro Otomo

Eiichiro Oda

DRAGON BALL (1984)

Em busca das mágicas Esferas do Dragão, uma jovem da cidade encontra um garoto que vive sozinho na selva. Assim começa Dragon Ball, um dos mangás mais populares do mundo. O menino, Goku, embarca com a adolescente Bulma em sua aventura e, juntos, os dois vivem diversas aventuras.

Akira Toryiama

LOBO SOLITÁRIO (1970)

Kazuo Koike

Durante a Era Edo, o executor do xogum (o imperador), Ogami Itto, é vítima de uma farsa arquitetada pelo clã rival. Todo o seu clã é executado, exceto seu filho pequeno, Daigoro. Segundo as regras dos samurais, Itto deveria confessar a traição e se mater em seguida. Mas ele não faz: foge com seu filho e decide se tornar um assassino de aluguel.

ASTRO BOY (1952)

A história do menininho robô que embarca em diversas aventuras conquistou o Japão e o mundo inteiro. Num mundo futurístico, robôs vivem com humanos. Nesse cenário, Astro Boy foi criado pelo Doutor Tenma para substituir seu filho morto em um acidente de carro. Osamu Tezuka

Yota Takemoto, Takumi Mayama, Ayumi Yamada e Shinobu Morita são três jovens que estudam na mesma faculdade de Artes Plásticas. Um dos professores apresenta sua sobrinha, a nova estudante Hagumi Hanamoto, e Takemoto and Morita se apaixonam por ela. Por outro lado, Yamada sofre com seu amor não correspondido por Mayama.

HONEY & CLOVER (2006)

Considerada o mais complexo mangá de ficção-científica, Evangelion gira em torno de uma organização paramilitar chamada NERV, criada para combater seres monstruosos (Angels) utilizando mechas gigantes — os Evangelions (ou EVAs), pilotados por adolescentes, sendo um deles o personagem principal, Shinji Ikari.

EVANGELION (1995)

Yoshiyuki Sadamoto

GEN (1973)

Hiroshima, ano de 1945. Gen é um menino que trabalho nos campos para ajudar sua família. Em 6 de agosto, ele vai para a escola bem cedo e vê uma aeronava B29 passando no céu. De repente, um imenso clarão toma conta do céu, seguido por uma terrível explosão. Chica Umino

Keji Nakazawa


Itadakimasu! Cristiano Diniz é dono do site www.sushimadesimple.com

CRISTIANO DINIZ

À moda brasileira: sushi com arroz de todo dia fazer pratos japoneses. Imagina só viver numa cidade de interior, sem um restaurante japonês ou supermercado que tenha todos os ingredientes necessários. Daí surgiu a primeira receita: “Fazendo sushi com arroz de todo dia”. Pode até parecer brincadeira, mas conseguimos fazer o sushi com arroz comum. Com pouco mais de R$ 20, fizemos quase 100 unidades de todos os tipos de sushi. A receita 1 xícara arroz comum; 1 colher de chá de sal; 1 colher de sopa de açúcar; 3 xícaras de água fria; 2 colheres de sopa de vinagre de arroz; Modo de Preparo

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stava conversando com minha esposa e amigos sobre a culinária japonesa, quando me deu um estalo. Você já reparou como a culinária japonesa está dominando o gosto do brasileiro? Não importa aonde vá, tem alguma forma de se comer um bom prato da culinária japonesa. Está certo que ela possui características únicas para aqueles que seguem uma vida saudável, mas o que me intriga é: será que as pessoas estão procurando comer mais sushi, yakissoba, sashimi por quererem estar mais saudáveis ou por que a comida é boa? Chegamos a uma simples conclusão que a culinária japonesa segue firme e forte no Brasil porque o brasileiro tem aquele jeitinho a mais de deixar pratos já tão saborosos mais saborosos ainda. Às vezes, eu e minha esposa também temos que improvisar à moda brasileira para

Lave muito bem o arroz em uma peneira até que a água corra límpida. Deixe o arroz descansar por 30 minutos. Coloque em uma panela a água, sal e o arroz. Tampe bem e leve ao fogo moderado até a água ferver. Ferva por 1 minuto em fogo forte e abaixe ao mínimo. Cozinhe tampado por 15 minutos. Apague e deixe o arroz descansar por 10 minutos em panela tampada. Enquanto aguarda, coloque em uma pequena panela o vinagre e o açúcar. Leve ao fogo baixo para que o açúcar dissolva. Reserve. Despeje o arroz cozido em uma assadeira e regue com a mistura de vinagre, misturando com uma espátula e esfriando rapidamente o arroz preferencialmente com um leque ou abano. Faça os bolinhos de arroz e cubra com os peixes de sua preferência para o nigirisushi, ou enrole em algas para hossomaki.


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TECH NOLOGY

Reportagem: Lucas Sakalem Ilustrações: Eduardo Lima

z a e v e d ou ç a r b l a a n o o ã i p s a n e O J m i d i r t ia anic), g o l ron (Tit e o m a n C u es tec a rende g por Jam n a lo it r o c s e ue

ae es q nal r, dirigid os cifrõ imensio ta id m a o tr v c A a s a id corr ém gráfic nimada do tamb beça na inemato lmes. A a c in fi c v o e ã m a d ç e b u a a od oito lá ac traram aplicad megapr apão há primeiro esas en J n a gia 3-D o o g lo p n recente e o h ja e n c c o que presas que viv izou a te omo tud rmática ão), em c h popular fo il E in b . is 1 m ortáte nico e e US$ ica. dutos p ura, téc o (mais d r m p o a N a nipôn h y D il d 3 e a r n o F d éto cesso sileiro ram o m zem su u o bra fa to is já v e e u e adapta tr I en 3-D q , SUGO gadgets s o e r para cá b r so ara fala anos, p

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o. Os o mercad a in m o d , tos ão aos produ mo no Jap o a TV s ã d e ç o m la ã , ç re je ti o e m re e, h mp ase a está a co a a deseja atuais tem como b s da Sony d o te a n m n a o a C ix -D I: e 3 s SUGO visão em ade não d os tempo nçou a tele rodução e a qualid guerra industrial n la g n u s m p a A mura: A S íveis pelo custo de coisa do passado. ade Fredy No s é s e já c r a o m capacid is ri o a e c p m u S s o D ã e s o d preços ento. e qualida o Nintend vidade? . A ideia d modelo d esenvolvim o v o n r a ebeu a no japoneses este-se mais em d ç c n re la o e ã d p n Ja te Inv os tendo pre speciais. Como o inovação. descartad que a Nin e s s to lo a u odem ser o c p b ó o e m ã d n ra o a to s z n u va , sem o u obre o ass temente, ensionais erground s S.: Recen im d n id u tr o n s s o r jog as os boato para roda e oficial, m d a d a n u o anuncio ia ainda nã F.N.: A míd nal quase em breve. novidades tridimensio e ia d g e lo ri o é n s c a te icamente, teremos um e exploração para a tendo, log e u in q N o A it d . o d re ã eçando. ers área nte. Ac ó está com simples div s s tem uma r e a o sumariame m p id a rr s g o e e c m d a ativos a ga A indústria lo mundo e jogos educ volvido pe e n d e s s e e d D . o a d en que infinit que está s de tudo o r a nam? p a tá s e eles funcio o m câmera o C ? nto de uma sistia res 3-D e la m lu a e n c io c e n n âmeras o mesmo fu s: uma co S.: E as c lares, têm s maneira a lu intura u e p d c a o e d m m u o mais m 3-D e assim c ia , c s n re -D e a 3 g p a , m e te n meras íamos im normalme F.N.: As câ do. Antigamente, v que, vista m e g a a s im s a a 3-D do p trás de um visão por a r a c fo em pão? 3-D no Ja

— especial câmera a m o m c u ta ra r vis nda e . Para se s, segue á a segu o J v ti . a -D g 3 e n celulare definir em ra queimado no tal meras e â e o até se c d o n s d a a la de cris tu d te rm e o a s fo a te e e c n s s o re ia foco dife e um plástico. N de foco diferente imagem suía um nexo. A s o m p e ontos aixo d s te l, n a surre da por b ão três p a cada le S c , . lo o to o d fo c a r z a li m se ue digita ao tirar u agem tinha que ga, só q ti veladas. n im a re a s ra , e z to m fo â c m nitide e a d co usado amento — que do plásti o funcion o iç rv nçamento ncia, e s la o — z ? fa -D o 3 o eal apã corrê líquid inePix R a da con 3-D no J F d a s a r tr e lo n e m e d â o uma c m os m as com a to custa ercado, te bem salgado. M m o d e S.: Quan rt é maior pa o preço abraça a ara um japonês, e u q , lm ujifi 6. P F.N.: A F $ 912 a R$ 1.61 R e d variam aratear. que vá b acredito ara ia 3-D p

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o na do Japã te n e r r m al conco rativos e o princip ? vros inte li é m e l a d a h u o n ã Q a ç g S.: cos na produ onagens louco. te rs domésti s e s e p v to s in o u , d já pro coisa de coreano culos 3-D governo com os ó cnológica é uma . Não duvido s O l. to u is S v o quando oreia do magia te ara esse avanç F.N.: A C ros comuns, mas a que a p tr s s e o it m m li o s liv ginas. Is ção, não existem as em 4-D. 3-D. São a das pá ina im g c gráfic a r o im p vida ens holo nossa g a ra a im p o d o m en Assim co go, estaremos v lo , e u q nada sugoi_abril_2010

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EVENTOS

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, no o ç r ma a o e d ar 21 p a , i o d o eir n n ime a m n J a A r e i un io d : o Rio o e r R , e s s njeiras arioca a com ação o , s s c s a e r l e a õ a nt t ç L i e lp i a s p e r e a t m 4 sa apr ca d s da c e i a , d a s r G r s eb RP o com o me ir dive i H Mai e n o d a rt to ed ap de u a as b p c o n d u t l e e o t n s d e C í a e i, pô s, camp a, um b e no Pa r ev o o i f a m lic uem player e, aind A Q e . Club e de cos radise p no film il Pa y Dep f s a r e a d ra P Johnn uardo. a P de de Ed r e o g d or la dub ilhas, J v Mara sugoi_abril_2010

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EVENTOS

Reportagem: Ana Paula Evangelista, Lucas Sakalem e Marina Braga Ilustrações: Eduardo Lima e Natalia Calzavara

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Rio Anime Club (RAC) estreou em outubro de 2007. Um evento periódico, sempre aos domingos, criado para reunir todos os amantes da cultura japonesa em um local, durante uma tarde inteira, para dividir experiências, trocar conhecimento e se divertir juntos. “É gratificante ver todas as tribos unidas numa verdadeira confraternização de ideias e curtindo um dia mágico”, disse o organizador do evento, Pedro Carvalho, 22 anos, estudante de Produção Cultural na Universidade Federal Fluminense. Com dois anos de existência, o RAC já recebeu mais de 33 mil visitantes. SUGOI foi à última edição da festa e traz para você tudo o que rolou de mais legal por lá.

O show dos cosplayers Em toda edição do RAC, não dá outra: o desfile de cosplayers é sempre a atração mais esperada. No evento de março, mais de 80 pessoas se inscreveram para o Desfile de Cosplays. Na categoria Individual, em que os participantes devem não só mostrar a fantasia como

também interpretar uma cena do personagem incorporado, 20 pessoas se inscreveram. “A categoria Individual assusta alguns participantes pelo fato de ter que saber interpretar o personagem. Porém, o evento incentiva a participação de todos, tanto que a melhor premiação vai para essa categoria”, contou a jurada do desfile e coordenadora do Campeonato de Cosplayer do RAC, Renata Carpanese, 24 anos, formada em Jornalismo. Sobre os quesitos de avaliação, diferem de acordo com cada categoria. “No Desfile, só avaliamos a roupa — se está igual à do personagem, se falta algum detalhe, se está mal-feita. No Individual ou no Grupo, avaliamos, além da roupa, a apresentação do participante. Em geral, damos um minuto para a apresentação individual e cinco para o grupo”, disse Renata. Muitos cosplayers excelentes desfilaram pela passarela do RAC de março, mas só os impecáveis conseguiram subir no pódio. Na categoria Desfile, o primeiro lugar ficou com Cristiano C. por sua fantasia perfeita do monstruoso Nemesis, vilão do game Resident Evil 3. Cristiano também foi eleito o melhor pelo público que assistia. No grupo Individual, ele levou a medalha de prata, enquanto a jovem Mary ficou com o troféu de ouro por sua incrível interpretação como a personagem Luna Haguki, do anime Lady Luna. Renata, que é jurada do RAC há um ano e meio, conta que nos primeiros eventos de anime do Brasil ainda não existiam os tão esperados campeonatos de cosplays. “No começo, em 1998, a principal atração eram exibições de episódios de animes. Hoje, com a internet, todos baixam e assistem os desenhos em casa, por isso foi necessário renovar. Daí entraram os desfiles, as bandas vindas do Japão, as competições”.

À esquerda, cosplayer do Soldado Branco, personagem da série Star Wars; à direita, a Sailor Mercúrio, de Sailor Moon Fotos: Daniel Wander e Rádio Origens Animes

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À esquerda, Cristiano C. e seu cosplay do Nemesis (RE3); à direita, a fantasia é de Inuyasha; abaixo, Gabriel Nunes encarna Moon, também de Inuyasha

“Ser dublador é dar sua marca sem adulterar o que está no original” A plateia do RAC acompanhou a passagem do dublador Jorge Eduardo, que relembrou personagens marcantes que dublados por ele em seriados, desenhos animados e filmes, entre eles o Coisa, do cartoon A Vaca e o Frango, Hércules, da série homônima, e Billy Campbell, de Barrados no Baile. Com mais de 18 anos de carreira, seu último trabalho foi o personagem Chapeleiro Louco, interpretado por Johnny Depp no filme Alice no País das Maravilhas (2010). “Acho que o Tim Burton se inspirou na Madonna para montar o Chapeleiro Louco. Estão muito parecidos. Em A Fantástica Fábrica de Chocolate (2005), a homenagem foi para o Michael Jackson”, brincou. Voz famosa aos ouvidos dos fãs das séries americanas, Jorge traz no currículo personagens como o agente do FBI Fox Mulder, de Arquivo X; Desmond Hume, da misteriosa Lost; e o pegador Charles Harper, da comédia Two and a Half Man. Fotos: Daniel Wander, Rádio Origens Animes e Lucas Sakalem

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EVENTOS

Segundo ele, mais do que simplesmente emprestar a voz para um personagem, o dublador tem que estar atento a cada emoção. “É mais interpretação do que ter voz. Dar sua marca sem adulterar o que está no original”, definiu. “Ser dublador é uma dualidade muito grande. Hoje estou aqui com vocês, vendo que há pessoas que valorizam nosso trabalho. Mas, semana que vem, posso não ter dinheiro nem para comprar miojo”. Depois de contar sua trajetória, a plateia ficou entusiasmada para ouvi-lo imitar alguma de suas dublagens, até que um rapaz lembrou que ele havia dublado um dos Power Rangers, o Tommy Oliver (Jason David Frank). É claro que Jorge não pode descer do palco do RAC sem dizer: “É hora de morfar!”

Pontos altos e baixos O espaço do RAC é sempre aprovado pelos participantes. Com dois andares, o Clube do Hebraica foi divido em ambientes e várias atividades aconteceram simultaneamente. A pontualidade também foi acertada. Por outro lado, algumas coisas ainda precisam ser melhoradas, como o número de cadeiras, insuficiente para o público que queria assistir as atrações. Além disso, na entrada do evento, uma enorme fila se formou para a aquisição dos ingressos, pois a equipe responsável pela venda era pequena. Nota baixa também para a cantina, que ofereceu um cardápio pouco variado e os preços estavam, assim como a comida, salgados.

Dente de Sabre, de X-Men, mostra suas garras na imagem da esquerda; à direita, a jovem Mary defila como Luna Haguki, do anime Lady Luna Fotos: Daniel Wander

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História, narração e ilustração por Tatiana Costa Sumomo

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briram-se os portões para Luryan, também conhecida como “Terra da Luz”, devido a rumores acerca de uma luz que atende a um desejo daquele que a alcança após percorrer suas terras. A quantidade de pessoas que atravessava a estranha fenda espacial que ligava Mada a Luryan era espantosa, uma verdadeira multidão se acotovelava para conseguir ter acesso ao lugar que dava exatamente no meio de um deserto ermo e causticante, onde a areia se estendia a metros e metros. O primeiro desafio que os esperançosos encontravam ao atravessar de um lado a outro

do portal era conseguir passar por aquilo que alguns chamavam eufemicamente de “eliminação da concorrência”. Era sim uma verdadeira chacina. Milhares de guerreiros lutavam entre si no intuito de aumentar as próprias chances de chegar ao final do caminho. Tudo o que tinham em mente era causar o morticínio da maior quantidade de pessoas possível em uma terra onde o que vigorava era a lei do mais forte. Hordas de guerreiros hostis digladiavam entre si, transformando a areia do deserto em um perfeito campo de batalha, onde não havia exército amigo ou inimigo, todos eram concorrentes. Nesse lugar, a esperança competia com a ganância. sugoi_abril_2010

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Personagens

Por Tatiana Costa Sumomo

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Emmeth Gramond, 19 anos

Ank de Baramar, 20 anos

Perdeu a mãe, vítima de doença fatal, e procura pelo pai desaparecido. Embarca na viagem até Luryan na esperança de que o poder do desejo oferecido pela luz possa trazer seu pai de volta à vida, caso esteja morto, para finalmente cumprir a promessa que fez à mãe no leito de morte. É um rapaz calmo e centrado.

Pertence a uma raça de mulheres guerreiras que habitam as regiões do deserto e vivem com código próprio de conduta. Nunca fala sobre si mesma e tende a agredir verbal ou fisicamente quem ousa lhe perguntar. É dura, bruta e egocêntrica. Sua agressividade não permite que faça amigos.

Por questão de editoração, a história foi disposta da esquerda para a direita









Sayonara!

CineJapan Nihon no Eiga

Por Brett Bull *

日 本 の 映 画

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ma nova vaga de filmes japoneses independentes está captando o público internacional. Se por um lado o mercado interno continua a ser dominado por filmes baseados em livros conhecidos ou em programas de televisão, por outro os estúdios decidiram apostar na exportação e fazer valer o exotismo asiático. Uma das empresas responsáveis pela nova tendência é o mais antigo estúdio japonês. O Nikkatsu lançou no ano passado uma marca de filmes sangrentos, a Sushi Typhoon, para reunir os melhores realizadores ultraviolentos do Japão. “Hoje, no mercado interno, a colaboração com uma cadeia de televisão é quase incontornável”, explica Yoshinori Chiba do Nikkatsu, produtor de dezenas de filmes de suspense de gangsters e de ação. “Para conseguir ter lucros no estrangeiro, é preciso fazer algo de diferente.” Alien vs. Ninja, concluído nos primeiros meses do ano, é uma das novidades da Sushi Typhoon. Os filmes de terror e de ação não são novidade no cinema japonês. Contudo, os autores principais, como Takashi Miike, têm desistido da violência esquartejadora, destinada a ir directa para o circuito de vídeo, típica dos anos 90, em favor de filmes mais dirigidos às massas. Depois de Hard Revenge, Milly, e da sua continuação, Bloody Battle, o produtor Takanori Tsujimoto também começou a explorar outros gêneros. Ou seja: mulheres de espada esquartejando adversários. “Os filmes de violência extrema não têm grande sucesso no Japão”, explica. “Para conseguir um orçamento decente para os meus projetos futuros, sempre tenho que olhar para o estrangeiro, onde há mais recursos”.

Dois filmes considerados a fonte des tendência, Tokyo Gore Police, de Yoshihiro Nishimura, e The Machine Girl, de Noboru Iguchi, ambos produzidos por Chiba, também receberam dinheiro estrangeiro. Foram totalmente financiados pela Media Blasters, sedeada nos EUA. O êxito dos dois filmes — lançados em 2008, ambos venderam mais de 50 mil DVD — levaram Chiba a querer lançar projetos semelhantes com jorros de sangue e heroínas de ação financiados pelo Nikkatsu. A Media Blasters tomou um rumo diferente com uma produção com monstros, o Death Kappa, realizado por Tomoo Haraguchi, concluído em 2010. Os filmes From the Back, From the Front e Apartment Wife: Afternoon Affair, de Nikkatsu, ambos lançados em 2010, visam também os fãs da subcultura japonesa. São reinterpretações modernas de clássicos que misturam romance com pornografia. A maioria das empresas hesita em assumir riscos com os géneros de filmes convencionais. Os filmes de acção com orçamentos reduzidos funcionam sempre melhor no mercado de DVD, justifica Adam Torel, director- -executivo da distribuidora Third Window Films do Reino Unido. Mas é possível estar a surgir interesse por outros filmes fora do habitual. As comédias Kitsch "Kamikaze Girls" e "Memories of Matsuko", de Tetsuya Nakashima, retrospectivas da vida perturbada de uma prostituta criadas para o cinema, tiveram vendas consideráveis em DVD e foram vendidas à cadeia digital Film4. "Conseguimos abrir o mercado a públicos de outros tipos de filmes", diz Torel. * Repórter da revista Variety


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