ISSN 2236-7616
Revista Intercâmbio
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A revista Intercâmbio é uma publicação quadrimestral direcionada ao aperfeiçoamento das equipes técnicas do SESC. Para recebê-la gratuitamente em sua casa, o servidor deverá preencher o formulário em:
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publicação quadrimestral criada por e para os servidores do SESC como um canal para difusão de estudos, metodologias, pesquisas e contribuições, visando o desenvolvimento e a expansão da entidade.
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Em consonância com o papel de representante da consciência social do empresariado, o SESC busca meios de incentivar a formação acadêmica, o estudo, a pesquisa, a sistematização de referenciais teóricos, a difusão de metodologias e de resultados exitosos com o objetivo de manter a excelência nos serviços oferecidos a seus beneficiários e a todos os brasileiros. Ao contemplar a produção dos servidores e aperfeiçoar a ação institucional, a Revista Intercâmbio reitera a concepção presente no SESC desde sua origem: de que o investimento no ser humano é o que de mais importante pode ser feito para o
Capa: detalhe da obra de Nuno Ramos, Sem título, 1989 (340 x 280 cm) Esta obra ilustra o material educativo da exposição “Só Lâmina” do Projeto ArteSESC, que circula pelos Departamentos Regionais desde 2008.
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progresso da sociedade em que se insere.
Antonio Oliveira Santos Presidente do Conselho Nacional do SESC
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Antonio Oliveira Santos Departamento Nacional Direção-Geral
Maron Emile Abi-Abib Divisão Administrativa e Financeira
João Carlos Gomes Roldão Divisão de Planejamento e Desenvolvimento
Álvaro de Melo Salmito Divisão de Programas Sociais
Nivaldo da Costa Pereira Consultoria da Direção-Geral
Juvenal Ferreira Fortes Filho
COORDENAÇÃO EDITORIAL Gerência de Estudos e Pesquisas/DPS
Mauro Lopez Rego
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Álvaro de Melo Salmito Nivaldo da Costa Pereira Secretário-executivo
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Revisão de texto
Clarisse Cintra Tathyana Viana Produção gráfica
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©SESC Departamento Nacional Av. Ayrton Senna, 5555 – Jacarepaguá Rio de Janeiro – RJ CEP: 22775-004 Telefone: (21) 2136-5555 www.sesc.com.br Impresso em junho de 2012. Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei nº 9.610 de 9/2/1998. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida sem autorização prévia por escrito do Departamento Nacional do SESC, sejam quais forem os meios e mídias empregados: eletrônicos, impressos, mecânicos, fotográficos, gravação ou quaisquer outros.
Revista Intercâmbio / SESC, Departamento Nacional – Vol. 1, n. 1 (jun. 2011)- . – Rio de Janeiro : SESC, Departamento Nacional, 2011, v. : il. ; 30 cm. Quadrimestral ISSN 2236-7616 1. Ciências Sociais - Brasil. 2. SESC. Departamento Nacional. 1. SESC. Departamento Nacional. CDD 306
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Diante da complexa missão que recebeu, em toda a sua história o SESC preservou uma inquietação permanente em favor de seu aperfeiçoamento. Não poderia ser diferente, uma vez que o conceito sobre o bem-estar humano se aprofunda tão logo concebida a ação que lhe é destinada. Além disso, as exigências para a qualidade de vida se ampliam à medida que os progressos sociais e econômicos tomam forma e dimensão. Compreender as possibilidades de atender a essas exigências requer uma cultura de revisão contínua acerca dos fundamentos e propósitos de nossas práticas. É nesse ambiente e com esse fim que se insere a Revista Intercâmbio, retomando projeto anterior, datado do fim da década de 1960 e materializado em 68 edições até os anos iniciais de 1990. Renova-se a linha edito rial e seu reconhecimento como um instrumento de evolução do SESC. Difundir reflexões, propostas, relatos; dar voz à contribuição individual de aprofundar conhecimentos e ultrapassar obstáculos; permitir que a releitura do SESC aconteça em cada equipe técnica: esses são objetivos da Revista Intercâmbio, criada para fortalecer, como tantas outras ações, o autodesenvolvimento organizacional.
Maron Emile Abi-Abib Diretor-Geral do Departamento Nacional do SESC
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SUMÁRIO
Apresentação
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Importância das pesquisas quantitativas e qualitativas nas tomadas de decisão nos Departamentos Regionais do SESC
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Armando Daltro Caldeira de Oliveira Cultura organizacional como identidade social
24
Bárbara Cristina dos Santos Carvalho Análise da aplicação de um programa alternativo de ensino-aprendizagem do tênis de campo no contexto escolar
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Márcia Miranda Sustentabilidade: uma nova ordem corporativa
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Mario Henriques Saladini Tecnologia e educação corporativa no SESC: uma visão socioeducativa e humanizadora
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Rosilene Souza Almeida Mensuração do capital social na comunidade de São Pedro de Joselândia
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Vera Lucia da Silva Augusto do Nascimento
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Pós-graduado em Marketing pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), em Planejamento e Gestão Ambiental pela Universidade Veiga de Almeida (UVA), Graduado em Comunicação Visual pela UniverCidade, e certificado pela Global Report Initiative (GRI). Trabalha há 10 anos no Departamento Nacional do SESC, atualmente na coordenação das ações socioambientais desenvolvidas pelo ECOS — Programa de Sustentabilidade CNC-SESC-SENAC.
MARIO HENRIQUES SALADINI
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Ética, antropocentrismo e empresa O mundo tornou-se perigoso, porque os homens aprenderam a dominar a natureza antes de dominarem a si mesmos. — Albert Schweitzer (1875-1965)
Podemos considerar a ética um conjunto de valores que determinam o modo como um grupo ou uma pessoa pensa e conduz suas ações na vida privada e pública. Para Deleuze (2002), a ética diferencia-se da moral, pois enquanto esta se fundamenta na obediência a normas culturais, a ética busca fundamentar o bom modo de viver pelo pensamento humano, o que define o caráter das pessoas. Contudo, o pensamento sobre a relação entre o homem e a natureza nunca foi de interdependência, mas sim de subserviência, que, baseada na exploração dos recursos naturais, tinha apoio na ideia de que a natureza apresentava a capacidade de regenerar-se rapidamente, provendo a sociedade de recursos infinitos que visavam atender às suas necessidades imediatas. Pode até ser que essa concepção seja inequívoca, porém no período antecedente à Revolução Industrial, em meados do século 18, quando não havia meios de produção de massa e a
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população mundial não chegava a 800 milhões de pessoas — cenário completamente diferente dos atuais 7 bilhões de habitantes e que, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), alcançará os impressionantes 9 bilhões até 2050. Segundo Edgar Morin (1973), a antropologia é incapaz de explicar a relação dual antiética, que separa o homem da natureza e que cria o mito humanista do homem sobrenatural. Por isso, de acordo com o autor, a antropologia abstém-se de abordar essa questão, rejeitando o que, em determinado momento, seria inexplicável e, ainda, definindo o homem como oposto de animal: Ainda que objeto de ciência e dependente dos métodos próprios às outras ciências, o homem permanece insular e a filiação que o liga a uma classe e a uma ordem naturais — mamíferos, primatas — nunca é concebida como afiliação. Pelo contrário, o antropologismo define o homem como oposto de animal (MORIN, 1973, p. 19).
Contudo, para Jamieson (2010), essa dualidade insensata é necessária para que possamos entender a desproporcionalidade das ações antrópicas. Por exemplo, ao passo que somos monistas e todos somos parte da natureza, qual seria então a diferença entre uma onça, que caça para suprir suas necessidades, e o homem, que também se alimenta de outros animais?
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Por um lado, julgar a ação humana por um padrão diferente do que seria “natural” requer separar as pessoas da natureza; contudo, para convencê-las a viver modestamente, pode ser preciso convencê-las a se enxergarem como parte da natureza (JAMIESON, 2010, p. 22).
O convencimento de que pessoas e natureza são a mesma coisa talvez seja um dos maiores desafios que nos levam a questionar se temos uma relação ética com a natureza. Para Jamieson (2010), poderemos voltar a ter uma relação saudável com a natureza somente depois de reconhecer que essa tentativa de separação é insensata e destrutiva. No entanto, essa relação acontece, principalmente, sob sete perspectivas antropocêntricas: energia, construção, decoração, alimentação, vestuário, companhia e entretenimento. Usamos carvão, petróleo e todo tipo de biomassa pra gerar energia; utilizamos diversos recursos naturais para construir estruturas e fabricar produtos; recorremos às plantas e animais ornamentais para decorar nossas casas; matamos diversas espécies de animais para nos alimentarmos e nos vestirmos; compramos animais domésticos para nos fazer companhia; e pagamos ingressos para ver shows de animais. Sustentabilidade: uma nova ordem corporativa
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É estranho pensar que apenas uma espécie é a responsável pela extinção de outras inúmeras existentes no planeta. Segundo os relatórios da International Union for Conservation of Nature (IUCN), mais de 700 espécies já foram extintas e outras 45 mil correm risco de desaparecer da Terra. Esses números nefastos evidenciam o menosprezo pela vida e confirmam a ambivalência e o dualismo que separa os humanos e a natureza. Enquanto um único inocente morrer desnecessariamente por causa de danos ambientais causados por outros, haverá necessidade de reflexão ética (JAMIESON, 2010, p. 27).
Essa visão míope e insustentável perdurou por anos e consolidou valores que colocariam em risco a sobrevivência do próprio homem, o que vai de encontro ao ideal antropocentrista. Um exemplo notório desse conflito é a do povo Rapa Nui, na Ilha de Páscoa. A extração dos recursos naturais indiscriminadamente, principalmente para a construção dos enormes totens de pedra (moais) que homenageavam os líderes mortos das aldeias, foi determinante para a extinção dessa sociedade entre os séculos 16 e 17. O consumo perdulário, principalmente de madeira, para levar as imensas e pesadas pedras aos locais onde seriam erguidos os mais de 800 moais, teve um efeito dominó devastador: sem a madeira, a pesca foi impactada, pois não havia mais madeira para construir barcos e, além disso, a escassez de árvores desequilibrou o ecossistema local e fez com que espécies de animais e vegetais desaparecessem, resultando na falta de alimentos e, por consequência, no declínio dessa sociedade.
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Muitos biólogos acreditam que a sexta maior onda de extinção desde o princípio da vida na Terra está ocorrendo agora, e que esta, diferentemente das outras cinco, está sendo causada pela ação humana (JAMIESON, 2010, p. 24).
Quando questionamos o papel das empresas na sociedade, não podemos desconsiderar que estas são geridas, invariavelmente, por pessoas físicas, porém sob a égide de uma pessoa jurídica, com objetivos prioritariamente econômicos. Segundo o Institute for Policy Studies (IPS), que comparou a receita bruta das empresas com o PIB dos países, das 100 maiores economias do mundo, 49 são países e 51 são empresas privadas. Esse panorama evidencia o poder econômico e nos leva a refletir sobre a importância das empresas na disseminação de uma relação ética com as pessoas e a natureza. Percebemos então que, Sustentabilidade: uma nova ordem corporativa
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por pressão das partes interessadas (stakeholders1) conscientes de que a problemática socioambiental pode nos levar ao caos, ou até mesmo à extinção, muitas empresas começaram a migrar para um novo e mais ético modelo de gestão, orientado pelo tríplice resultado: econômico, social e ambiental. Michael Porter e Mark Kramer, no artigo para a Harvard Business Review, intitulado Criação de valor compartilhado, afirmam que “[...] nos últimos anos, a atividade empresarial foi cada vez mais vista como uma das principais causas de problemas sociais, ambientais e econômicos”. Porém, segundo os autores, uma empresa pode gerar valor econômico com a criação de valor socioambiental, o que denominam de valor compartilhado: “[...] faz a empresa se concentrar no lucro certo: o lucro que gera — em vez de reduzir — benefícios para a sociedade.” O momento para uma visão ampliada da geração de valor chegou. Uma 66
série de fatores, como a crescente conscientização social de trabalhadores e cidadãos e a crescente escassez de recursos naturais, abrirá oportunidades sem precedentes para a geração de valor compartilhado (PORTER; KRAMER, 2011).
A sustentabilidade nas corporações é o caminho lógico e ético para se atuar no mercado. Não há dúvidas de que, cada vez mais, o desempenho socioambiental será um dos fatores determinantes para a perenidade de qualquer negócio.
Bem-estar social e sustentabilidade corporativa Às vezes me perguntam por que invisto tanto tempo e dinheiro falando de amabilidade para com os animais quando existe tanta crueldade entre os homens? Ao que respondo: Estou trabalhando nas raízes. — George Thorndike Angell (1823-1909) Segundo tradução do livro Administração de marketing, de Philip Kotler (1998), os stakeholders são “[...] pessoas ou grupos que têm interesse pela organização. Podem ser funcionários, fornecedores, governo, comunidade, grupos de proteção ambiental etc.”. 1
A sustentabilidade é intrinsecamente ligada e condicionante ao bemestar social, uma vez que não podemos ter qualidade de vida sem um meio ambiente — natural ou urbano — saudável. Todos têm responsabilidades na tarefa de mitigar os impactos ambientais negativos que afetam diretamente a qualidade de vida das pessoas. Diante
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dessa perspectiva, é também importante compreendermos que “[...] o meio ambiente abrange não apenas o ambiente natural, mas também o ambiente construído pelo homem” ( JAMIESON, 2010, p. 17). Os conceitos de desenvolvimento sustentável e sustentabilidade corporativa são relativamente recentes, porém as discussões sobre crescimento econômico e preservação ambiental são antigas. Desde 1968, com a criação do Clube de Roma, até 1972, quando, em Estocolmo, foi realizada a primeira Conferência Mundial sobre o Homem e o Meio Ambiente, das Nações Unidas, o assunto era discutido pelos países, porém, ainda de maneira incipiente. Somente a partir do início da década de 1980 o assunto começou a ter maior relevância e projeção internacional. O termo [sustentabilidade] se originou da conscientização crescente, durante a década de 1980, de que os países precisavam descobrir maneiras de promover o crescimento de suas economias sem destruir o meio ambiente ou sacrificar o bem-estar das futuras gerações (SAVITZ, 2007, p. 2).
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A ONU, por meio da criação, em 1983, da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, retomou as discussões acerca da problemática ambiental. Em 1987, quando foram concluídos os estudos que apontavam para um modo de produção autodestrutivo, no qual estamos “[...] esgotando nossos recursos naturais e reduzindo a biodiversidade do planeta, rompendo a própria teia da vida da qual depende o nosso bem-estar” (CAPRA, 2002, p. 218), surgiu o primeiro documento que rompia com o paradigma de desenvolvimento e progresso vigentes. O documento Nosso futuro comum, mais conhecido como Relatório de Brundtland, foi o referencial que originou o termo amplamente difundido de desenvolvimento sustentável: A humanidade é capaz de tornar o desenvolvimento sustentável — de garantir que ele atenda às necessidades do presente, sem comprometer a capacidade das gerações futuras também atenderem às suas (COMISSÃO MUNDIAL SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO, 1991, p. 9).
Em 1992, a Conferência Eco-92, realizada no Rio de Janeiro, teve o objetivo de consolidar o conceito de desenvolvimento sustentável por meio de um modelo de crescimento econômico socialmente justo e ambientalmente correto. O principal resultado da conferência foi a finalização da Agenda 21, que começou a ser desenvolvida em 1989. Esse documento estabeleceu diretrizes que orientam para o caminho
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da sustentabilidade, reafirmando a importância da cooperação entre países, empresas, organizações não governamentais e todos os setores da sociedade civil. No Brasil, o conceito de desenvolvimento sustentável é contemplado na lei magna que estabelece os princípios políticos de nosso país, com vistas ao bem-estar da população. De acordo com o artigo no 225 da Constituição Federal de 1988, é função básica, tanto do governo como da sociedade em geral, cuidar do meio ambiente: Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações (BRASIL, 1988, art. 225).
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Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965. 2
Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998. 3
Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999. 4
Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000. 5
Lei nº 12.187, de 29 de dezembro de 2009. 6
Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010. 7
A partir da premissa de que um governo democrático deve atender às necessidades do povo e garantir condições dignas à vida, o Poder Público tem a obrigação de criar políticas nacionais nesse sentido. Pode-se dizer que o Brasil tem uma das legislações ambientais mais avançadas do mundo. Dentre as leis brasileiras, podemos citar o Código Florestal,2 que recentemente recebeu propostas de emendas controversas e polêmicas, a Lei de Crimes Ambientais,3 a Política Nacional de Educação Ambiental,4 o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza,5 a Política Nacional de Mudanças Climáticas6 e, depois de 20 anos tramitando no congresso brasileiro, a Política Nacional de Resíduos Sólidos.7 A Política Nacional de Meio Ambiente, Lei no 6.938 de agosto de 1981, logo em seu início, orienta para a preservação da natureza como mecanismo de promoção do bem-estar social: Art. 2º A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana (BRASIL, 1981, art. 2).
Obrigadas a seguirem políticas ambientais públicas e atenderem às demandas dos públicos de interesse (stakeholders), as empresas também procuram desenvolver suas diretrizes e políticas de governança corporativa, que destacam uma série de princípios assumidos perante as questões socioambientais, com vistas ao bem-estar social.
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No mundo inteiro as pessoas estavam pedindo que seus governos protegessem o bem-estar do ser humano e do ambiente, dando preferência à saúde pública sobre os lucros empresariais (CAPRA, 2002, p. 235).
A sustentabilidade corporativa, baseada no tríplice resultado,8 surge então como uma excelente oportunidade para as empresas reverem seus processos internos e modernizar sua administração, gerando lucro, porém, com benefícios socioambientais (PORTER; KRAME, 2011). A ecoeficiência, por exemplo, gera benefícios socioambientais, ao passo que também contribui para a economia dos recursos da empresa, por meio de investimentos de médio e longo prazos. A ecoeficiência é o componente básico da sustentabilidade, que se aplica à gestão da empresa. Significa redução da quantidade de recursos utilizados para a produção de bens e serviços, aumentando os lucros das empresas e, ao mesmo tempo, reduzindo seu impacto ambiental (SAVITZ, 2007, p. 42).
No atual contexto, é pertinente que as empresas adotem o conceito de valor compartilhado, adequando-se às novas demandas e ao imperativo modelo de gestão sustentável, com o objetivo de deixar um legado positivo, que promova a qualidade de vida e bem-estar da sociedade. É nesse contexto que o movimento em prol da sustentabilidade expande-se a cada dia, conquistando diversos adeptos no mundo, todavia, é necessário que as políticas e diretrizes corporativas sejam coerentes com a prática da empresa, caso contrário, a imagem institucional corre sérios riscos de ser abalada por uma acusação de maquiagem verde. Uma acusação como essa pode ferir gravemente a reputação da empresa, cujos valores e ética passam a ser bastante questionáveis, ao passo que se aproveitam indevidamente da temática ambiental para autopromoção.
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A sustentabilidade gera benefícios intangíveis, em que se incluem a repu tação da empresa, o moral dos funcionários e a boa vontade dos clientes. A sustentabilidade traça o curso para o sucesso duradouro (SAVITZ, 2007, p. 46).
O SESC, há mais de 60 anos, atua como protagonista na promoção do bem-estar social de sua clientela preferencial, oferecendo não apenas serviços nas áreas de cultura, saúde, educação e lazer, mas também serviços na área ambiental, com benefícios para a sociedade em geral. A instituição tem sólidos valores, consolidados por meio de diretrizes institucionais, e está compromissada com uma administração social e ambientalmente ética, ou seja, compromissada com a sustentabilidade
O conceito de tríplice resultado (triple bottom line), proposto por John Elkington, sugere que as empresas devem avaliar o sucesso não só com base no desempenho financeiro, mas também com base no desempenho ambiental e social. 8
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corporativa e a geração de valor compartilhado. Em 2004, quando foram criadas as Diretrizes Gerais de Ações — substituindo a antiga Ação Finalística —, o Departamento Nacional do SESC (SESC/ DN) deu um importante passo institucional ao definir como uma das características básicas da ação do SESC a responsabilidade ambiental: Estará o SESC, desta forma, ao assumir plenamente uma atitude de responsabilidade ambiental, contribuindo não somente para a melhoria da qualidade de vida de sua clientela e da sociedade em geral, como também, tornando-se exemplo e referência para todos que têm compromisso com o bem-estar social (SESC, 2009, p. 23).
Além de estar presente nas diretrizes gerais, a temática ambiental também é contemplada, com destaque, nas diretrizes quinquenais 2011-2015: Não pode o SESC, diante do compromisso com o bem-estar social de sua clientela e com a sociedade em geral, furtar-se, no âmbito de sua
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ação, em contribuir para a redução dos males que degradam o meio ambiente (SESC, 2010, p. 20).
Assim, a instituição sinaliza positivamente para o desenvolvimento sustentável do Sistema SESC, com o objetivo de estimular e encorajar a criação e implementação de ações que contemplem os três vieses da sustentabilidade (econômico, social e ambiental). O desafio agora é transformar esses referenciais institucionais em práticas corporativas permanentes.
Potencial transformador do SESC Não há nada mais difícil de controlar, mais perigoso de conduzir, ou mais incerto no seu sucesso, do que liderar a introdução de uma nova ordem. — Nicolau Maquiavel (1469-1527)
Em um cenário em que a sustentabilidade corporativa é uma tendência dominante e inevitável para a perenidade das organizações (SAVITZ, 2007), deve-se pensar constantemente nos passivos socioambientais, com a finalidade de executar ações que induzam a mudança de pensamentos, paradigmas, posturas e procedimentos internos, preconizados pelo desenvolvimento economicamente viável,
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socialmente justo e ecologicamente correto. A adoção da sustentabilidade como um novo modelo de gestão — uma nova ordem corporativa —, indica que a empresa evoluiu para um novo estágio de governança. A abertura da organização a novos conceitos, novas tecnologias e novos conhecimentos é um indício da sua vida, da sua flexibilidade e da sua capacidade de aprendizado (CAPRA, 2002, p. 128).
Não é de hoje que o SESC investe recursos para a preservação do meio ambiente, sinalizando a transição para uma economia verde. Logo após a Conferência Eco-92, o SESC/DN adquiriu antigas fazendas localizadas no sensível bioma pantaneiro. Lá foi criada, em 1996, a Estância Ecológica SESC Pantanal que, além de um centro de social de atividades e um hotel sustentável, abriga a maior Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) do Brasil. Com 107.996 hectares — quase o mesmo tamanho do Estado do Rio de Janeiro, com 122.456 hectares — tem, segundo estudos,9 um estoque de 7,6 milhões toneladas de carbono sequestrado.
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Recentemente, ao identificar a necessidade estratégica de se atuar na gestão sustentável das instituições, foi criado o ECOS — Programa de Sustentabilidade CNC-SESC-SENAC. O programa, direcionado ao público interno das três instituições, tem como missão planejar, propor, executar e apoiar ações que induzam à prática intersetorial e colaborativa da sustentabilidade de suas atividades, com o objetivo de mitigar os impactos socioambientais e otimizar os recursos das instituições. Consiste em uma importante e necessária ferramenta para uma modernização administrativa ecoeficiente. Diferentemente de outros projetos implantados pontualmente, o ECOS sugere algo permanente, que possa ser melhorado continuamente, por meio de indicadores de sustentabilidade. A partir da análise desses indicadores é possível aferir a eficácia das ações implementadas, com resultados tangíveis que contribuem para aumentar o nível de informações gerenciais da instituição. Sem informações como a quantidade de lixo produzida e o consumo de água, energia e outros materiais que garantem a operacionalização do negócio, seria impossível diagnosticar a situação da organização e elaborar metas quantitativas de redução que, por consequência, determinariam se a empresa está, ou não, no caminho da ecoeficiência. Um bom exemplo, que demonstra como uma simples ação pode ter um impacto enorme na instituição,
SESC PANTANAL (2001).
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foi a redução do consumo de copos descartáveis: em 2008 foram consumidos 2.113.100 contra os 779.800 em 2011 (redução de 63%, ou aproximadamente R$ 70 mil).10 É válido lembrarmos que, desde 2010, a Controladoria Geral da União (CGU) insere requisitos ambientais nas auditorias realizadas no SESC. Esses requisitos dizem respeito, principalmente, à economia de recursos naturais, à gestão de resíduos, à aquisição de bens ou materiais de tecnologia da informação e à contratação de serviços e obras. Isso pode ser considerado um indício de que o poder público, pressionado pela sociedade, caminha no sentido de cobrar, cada vez mais, a atuação efetiva de órgãos públicos ou semipúblicos na mitigação de seus impactos e na compra de produtos e serviços que contemplem não só vantagens econômicas, mas, também, socioambientais. Presente nos 26 estados da União e no Distrito Federal, o SESC tem uma capilaridade incrível e cada vez mais atuará no sentido de ser um importante indutor de boas práticas. A sustentabilidade corporativa sinaliza aos usuários das unidades operacionais que o SESC se preocupa com o meio ambiente. A implantação da coleta seletiva nas unidades operacionais, por exemplo, não teria, além de coletar resíduos, um importante papel educativo e de conscientização da clientela e dos funcionários? É evidente que os benefícios intangíveis, como o nível de conscientização acerca da problemática ambiental — que é fator determinante para a mudança hábitos —, por mais que não possamos definir por números absolutos, são importantes legados da atuação de uma empresa junto à sociedade.
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Conclusão Seja a mudança que você quer no mundo. — Mahatma Gandhi (1869-1948)
Dados obtidos no Relatório Anual ECOS (SESC, 2011, p.27). 10
Como vimos, a sustentabilidade tornou-se um componente básico para a construção de uma empresa orientada por princípios éticos, focada no tríplice resultado e no valor compartilhado. Cada vez mais as empresas estão destinando recursos financeiros e humanos exclusivos para atender à necessidade estratégica de se atuar na mitigação dos impactos ambientais negativos, com vistas ao bem-estar social.
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“Se sua empresa ainda não incorporou a sustentabilidade em sua descrição de cargos, trata-se de uma questão de tempo” (SAVITZ, 2007, p. 73). Mesmo com algum ceticismo resiliente, não há motivos para que uma empresa insista na procrastinação de algo que é imperativo como a sustentabilidade corporativa. É uma nova ordem e um caminho lógico, longo e sem volta a ser percorrido pelas empresas. Philip Kotler afirma que “no clima dos negócios de hoje, as empresas devem assumir cada vez mais a responsabilidade pelo meio ambiente” (KOTLER, 1998, p. 25). E é realmente isso que vai acontecer cada vez mais. Dessa maneira, as empresas priorizarão não apenas o forte desempenho econômico, mas a equidade intergeracional, com uma análise equilibrada dos objetivos sociais, econômicos e ambientais. As externalidades precisam ser internalizadas, pois os custos socioambientais não podem mais ser pagos pela sociedade. 73
A implementação de uma política ambiental (em consonância com os valores, as diretrizes e as idiossincrasias regionais do SESC) que possa ser assimilada pelas 432 unidades operacionais fixas do SESC e que proponha, por meio de seus princípios, internalizar a sustentabilidade como novo tipo de gestão, provavelmente resultará no principal instrumento teórico de apoio ao surgimento de projetos que, assim como o Programa ECOS e diversos outros, promoverão o uso parcimonioso dos recursos e a redução das possíveis externalidades negativas, decorrentes de suas atividades operacionais. Além disso, é importante destacar que a sustentabilidade corporativa pressupõe uma melhor e mais eficiente aplicação dos recursos e, por consequên cia, uma relação mais ética com os contribuintes compulsórios. Contudo, não será fácil migrar para um modelo de economia de baixo carbono enquanto a sustentabilidade for encarada como mais um custo ou, pior ainda, como filantropia. Aliás, esta abordagem revela um grande mal-entendido: “Sustentabilidade não é filantropia.” (SAVITZ, 2007, p. 28). É necessário insistir que a sustentabilidade é, na verdade, um ótimo negócio, pois é uma importante ferramenta gerencial que trabalha com valores tangíveis e intangíveis, determinantes para uma gestão empresarial estratégica. Portanto, a sustentabilidade está ditando — e ditará por muito mais tempo — uma nova ordem, de adequação imperativa, no mundo corporativo.
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