Bens e serviços ecossistémicos pt

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A fotossíntese realizada pelas plantas captura o carbono e gera ar para respirarmos.

Avaliação dos ecossistemas é um meio de avaliar os diferentes aspectos da saúde dos ecossistemas e o fornecimento de bens e serviços ecossistémicos. Em 2000, as Nações Unidas lançaram a iniciativa global de Avaliação dos Ecossistemas do Milénio (MA). O relatório MA, concluído em 2005, concluiu que dois terços dos serviços ecossistémicos da Terra estão em declínio ou ameaçados. No âmbito da iniciativa de acompanhamento global MA, a UE está empenhada no desenvolvimento de uma avaliação sub-global (SGA) para a região europeia. A nova avaliação a nível global está prevista para 2015.

A evolução recente a nível da UE demonstra que os decisores políticos estão a mudar a sua perspectiva e a integrar a saúde dos ecossistemas em algumas políticas sectoriais. Por exemplo: A directiva da UE relativa aos pesticidas está a ser revista a fim de proporcionar uma maior protecção a espécies específicas, como as abelhas. A política europeia de desenvolvimento rural para 2007-2013 prevê a atribuição de incentivos aos agricultores que assumirem compromissos ambientais. A reforma da política agrícola comum tem por objectivo reforçar a protecção da paisagem e recompensar os agricultores que vão além dos métodos tradicionais e plantam sebes, criam lagos ou deixam os campos por cultivar. É necessário um conhecimento mais exacto para aumentar a nossa compreensão das ligações entre a biodiversidade, os ecossistemas e o bem-estar humano. A proposta de um mecanismo internacional de articulação entre o mundo da ciência e o da política visa reforçar a avaliação e a consultoria científica independentes na elaboração de políticas a nível global em matéria de biodiversidade e de serviços ecossistémicos. No Espaço Europeu da Investigação, a UE e os Estados-Membros devem velar por que o financiamento da investigação apoie adequadamente a política de biodiversidade.

Setembro de 2009

Estão a ser desenvolvidos programas de pagamento dos serviços ecossistémicos em muitos países em todo o mundo. São essenciais para a atribuição de recompensas adequadas aos proprietários rurais que protegem serviços ecossistémicos preciosos para a sociedade.

Facto 7: A sensibilização para a importância dos ecossistemas saudáveis está a aumentar A Avaliação dos Ecossistemas do Milénio

KH-78-09-554-PT-D

A Agência Europeia do Ambiente (AEA) destacou a necessidade de técnicas de contabilização dos ecossistemas destinadas a analisar a relação entre os sectores económicos e a sua dependência e impactos sobre os bens e serviços ecossistémicos. Em última análise, estes dados devem ser tidos em conta nos processos de decisão política e na gestão local dos recursos naturais. Segundo os cálculos da AEA, o valor global dos serviços gerais oferecidos pelas zonas húmidas – como a purificação da água e absorção de carbono – pode ser de cerca de 2,5 mil milhões de euros por ano.

PT Impresso em papel reciclado a que foi concedido o rótulo ecológico da UE para papel gráfico (www.ecolabel.eu)

© iStockphoto

Serviço de apoio

Bens e Serviços Ecossistémicos Ecossistema

Serviço de ap poio

Charles Darwin: A Origem das Espécies

Os ecossistemas estão na base de toda a vida e actividade humana. Os bens e serviços que oferecem são fundamentais para a manutenção do bem-estar e para o desenvolvimento económico e social futuro. Entre os benefícios oferecidos pelos ecossistemas contam-se os alimentos, a água, a madeira, a purificação do ar, a formação do solo e a polinização. Porém, as actividades humanas estão a destruir a biodiversidade e a alterar a capacidade dos ecossistemas saudáveis para produzirem esta vasta gama de bens e serviços. Muitas sociedades do passado não tiveram em conta a importância dos ecossistemas. Estes eram frequentemente considerados bens públicos e, consequentemente, subestimados. Os cientistas prevêem que um aumento da população mundial para 8 mil milhões até 2030 poderá originar uma escassez dramática de alimentos, água e energia.

Sítio Web do TEEB da Direcção-Geral do Ambiente: http://ec.europa.eu/environment/nature/biodiversity/economics/index_en.htm Relatório da Avaliação dos Ecossistemas do Milénio: http://www.millenniumassessment.org/documents/document.356.aspx.pdf Avaliação intercalar da implementação do Plano de Acção da UE sobre Biodiversidade, anexo 3: http://ec.europa.eu/environment/nature/biodiversity/comm2006/pdf/consolidated_profile.pdf EEA Briefing: Ecosystems services – accounting for what matters [Serviços ecossistémicos – contabilizar o que é importante]: http://www.eea.europa.eu/publications/briefing_2008_2 Fichas de informação GreenFacts: http://www.greenfacts.org/en/ecosystems/

© iStockphoto

Grasping the climate crisis – A provocation from the Tällberg Foundation, Sweden [Entender a crise do clima – Uma provocação da Fundação Tällberg, Suécia]: www.tallbergfoundation.org

Substâncias naturalmente presentes em espécies de plantas constituem a base de mais de 50% dos medicamentos sujeitos a receita médica

Os serviços ecossistémicos e a biodiversidade na Europa, Conselho Consultivo Científico das Academias: www.easac.eu

© União Europeia, 2010 Reprodução autorizada mediante indicação da fonte

© iStockphoto

Outras leituras:

Serviço de fornecimento

Como são complexas e inesperadas a interacção e as relações recíprocas entre os seres vivos que lutam num mesmo espaço.

As populações de abelhas domésticas estão a diminuir. Estes insectos são necessários para polinizar muitas culturas agrícolas e o seu desaparecimento teria consequências económicas significativas

A perda dos serviços dos ecossistemas naturais irá exigir alternativas dispendiosas. O investimento no nosso capital natural irá economizar dinheiro a longo prazo e é importante para o nosso bem-estar e sobrevivência futura. É necessária uma maior sensibilização dos decisores e do público em geral para o valor económico dos bens e serviços ecossistémicos. Se não agirmos agora para pôr termo ao declínio, a humanidade irá pagar um elevado preço no futuro.


Um “ecossistema” é uma combinação complexa e dinâmica de plantas, animais, microrganismos e ambiente natural, que vivem em conjunto como uma unidade e que dependem uns dos outros. “Biodiversidade” engloba todas as inúmeras formas de vida resultantes destas parcerias.

O estudo resultante, The Economics of Ecosystems and Biodiversity [A Economia dos Ecossistemas e a Biodiversidade] (TEEB), é uma iniciativa da Comissão Europeia e da Alemanha, em conjunto com outros parceiros.

A biodiversidade, essencial para a sobrevivência dos ecossistemas, está sob pressão, e uma grande parte já desapareceu. A reafectação dos solos, incluindo a intensificação da agricultura e a urbanização, a sobreexploração, a poluição, as alterações climáticas, e as espécies alóctones que competem com a flora e fauna autóctones, estão a causar danos nos ecossistemas naturais. Uma vez destruídos, a sua recuperação é dispendiosa e, por vezes, impossível.

A segunda fase do TEEB (2008-2010) irá propor um quadro detalhado para a avaliação económica dos serviços ecossistémicos, para que o seu valor seja tomado em consideração na tomada de decisões em todos os níveis relevantes. Deverá também contribuir para os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio das Nações Unidas.

Estudos recentes revelam que:

O Plano de Acção da UE para a Biodiversidade (2006) define o que é necessário fazer para travar a perda de biodiversidade até 2010. A avaliação intercalar deste plano (2008) mostrou a dificuldade em cumprir a meta. Todos os parceiros têm de intensificar e manter os seus esforços, também a partir de 2010.

Os peritos identificaram quatro tipos diferentes de serviços, todos eles fundamentais para a saúde e para o bem-estar humano.

Na Europa, até 80% dos diferentes tipos de habitats protegidos estão ameaçados.

Os serviços de fornecimento oferecem os bens, como os alimentos, a água, a madeira e a fibra.

Nos últimos 100 anos, as actividades humanas multiplicaram a extinção de espécies por 50-1000.

Os serviços de regulação regem o clima e a pluviosidade, a água (por exemplo, as inundações), os resíduos e a disseminação de doenças.

As pessoas desfavorecidas, nomeadamente nos países em desenvolvimento, são as que mais riscos correm com a perda de biodiversidade, uma vez que dependem com mais frequência directamente dos bens e serviços ecossistémicos.

Os serviços de apoio incluem a formação do solo, a fotossíntese e a renovação dos nutrientes, que estão na base do crescimento e da produção. Uma vez que alguns serviços importantes podem ainda não se encontrar identificados, devemos adoptar uma abordagem de precaução a fim de preservar o nosso património natural.

Quase 40% dos actuais terrenos agrícolas correm o risco de ser transformados em culturas intensivas.

A nível internacional, a UE está a promover uma melhor governação e a reforçar as regras que ajudam a proteger os ecossistemas. A UE é uma das 191 partes signatárias da Convenção das Nações Unidas sobre a Biodiversidade (CDB). Iniciativas recentes através da CDB incluem normas destinadas a garantir a sustentabilidade da produção de biocombustíveis, critérios para as áreas marinhas protegidas (AMP) a inclusão da biodiversidade nas negociações sobre as alterações climáticas.

A Humanidade utiliza madeira para a construção, aquecimento e abrigo. As florestas também absorvem o CO2 nocivo.

Serviço cu ultural

A UE atribui milhões de euros em ajuda externa destinados à conservação da biodiversidade. Também aborda a questão das negociações comerciais, através de avaliações do impacto na sustentabilidade (AIS). Um dos principais objectivos internacionais é a partilha dos benefícios dos recursos genéticos, um importante produto dos ecossistemas, de uma forma justa e equitativa.

Estamos, claramente, a gastar a um ritmo excessivo o capital natural da Terra. A preservação dos ecossistemas é um dever ético, bem como uma necessidade prática das gerações actuais e das que hão-de vir. A Humanidade tem de entender que é apenas um fio entre muitos na teia da vida e que não podemos continuar a explorar o planeta sem pagar um preço.

Facto 5: A rede Natura 2000 protege os ecossistemas A rede Natura 2000 é a pedra angular da política de biodiversidade da UE. Trata-se de uma rede de mais de 25 000 sítios de protecção especial em toda a UE que proporciona amplos benefícios socioeconómicos, entre os quais se contam os benefícios directos do turismo e das actividades de recreio, mas também bens e serviços ecossistémicos como o controlo de inundações, a despoluição da água, a polinização, e a reciclagem dos nutrientes.

Facto 3: Se não agirmos, pagaremos um preço muito elevado A avaliação dos bens e serviços ecossistémicos é, em termos financeiros, um desafio hercúleo. Estimativas antigas apontavam para valores na ordem de biliões de euros por ano. Reunidos em Potsdam, na Alemanha, em Março de 2007, os ministros do Ambiente das economias mais importantes

Em 2007 e 2008, a Comissão começou a tomar medidas no sentido de aperfeiçoar as suas estimativas dos custos e desenvolver formas mais adequadas de avaliar os benefícios socioeconómicos associados à rede e a cada um dos sítios.

A inspiração artística é um dos “serviços culturais” oferecidos pelos ecossistemas. Van Gogh recriou os girassóis em alguns dos seus mais belos quadros.

Serviçço de forne ecimento

Facto 6: Necessitamos de um quadro que avalie os bens e produtos ecossistémicos

Serviço os de fornecimento e regulação Serviço cultural O fornecimento de água potável é fundamental para a saúde e sobrevivência humana.

Serviço de fornecimento

© iStockphoto

60% dos recifes de corais poderão desaparecer até 2030.

Os animais, como as ovelhas, não nos fornecem apenas alimentos. Desde há séculos que a Humanidade necessita deles para o vestuário, o transporte e como companhia.

Facto 4: A UE está a tomar medidas

11% das áreas naturais existentes no mundo em 2000 poderão desaparecer até 2050.

Devido ao facto de muitos destes bens e serviços terem estado sempre disponíveis gratuitamente, sem mercados e sem preços atribuídos, o seu verdadeiro valor a longo prazo não é incluído nas estimativas económicas da sociedade.

Os serviços culturais abrangem a beleza, a inspiração e a recreação que contribuem para o nosso bem-estar espiritual.

Na sua primeira publicação, o relatório intercalar TEEB de Maio de 2008, fez uma primeira tentativa de apresentar um quadro quantitativo global, em que avaliava a perda anual de serviços ecossistémicos em 50 mil milhões de euros. Estimava que, se nada for feito, só a perda da biodiversidade terrestre poderia custar 7% do PIB até 2050, com a perda dos serviços dos ecossistemas marinhos a aumentar substancialmente este valor. O relatório apresentava recomendações, como o fim dos subsídios prejudiciais para o ambiente e a criação de “mercados” para os serviços ecossistémicos.

A natureza desempenha um papel crucial na preservação do bem-estar espiritual das pessoas.

Se os ecossistemas naturais não forem salvaguardados, os produtos e serviços que oferecem tornar-se-ão cada vez mais raros e procurados. Por exemplo, neste momento raramente pagamos o valor real do fornecimento de água, mas isso poderá ter de mudar. Em Maio de 2008, um longo período de seca obrigou a cidade de Barcelona a começar a importar água de outras zonas de Espanha a um custo estimado em 22 milhões de euros por mês.

© iStockphoto

Os ecossistemas da Terra oferecem à Humanidade uma vasta gama de benefícios conhecidos como “bens e serviços ecossistémicos”. Os bens produzidos pelos ecossistemas incluem alimentos (carne, peixe, legumes, etc.), água, combustíveis e madeira, enquanto os serviços incluem o fornecimento de água e a purificação do ar, a reciclagem natural de resíduos, a formação do solo, a polinização e os mecanismos de regulação que a natureza, por si mesma, utiliza para controlar as condições climatéricas e as populações de animais, insectos e outros organismos.

Facto 2: A perda de biodiversidade está a destruir as funções dos ecossistemas

© iStockphoto

Os recifes de coral formam ecossistemas em que os peixes e as formações de corais, as rochas e água do mar interagem. Cerca de 500 milhões de pessoas em todo o mundo utilizam os recifes de coral para o turismo, a pesca, a cultura de pérolas e outras actividades.

Turistas e campistas desfrutam da beleza dos ecossistemas naturais.

iStockphoto

Um prado é um ecossistema em que os insectos polinizam as flores e as ervas. O gado alimenta-se dessas plantas, e o seu estrume, decomposto pelos organismos existentes no solo, ajuda, por sua vez, a nutrir a terra onde as plantas se desenvolvem. Cada um dos elementos do ciclo depende dos outros para sobreviver.

© iStockphoto

do mundo concordaram em lançar um estudo global sobre os benefícios económicos da biodiversidade, comparando os custos da perda com os custos de medidas de conservação eficazes. © iStockphoto

Facto 1: A Humanidade necessita dos “bens e serviços ecossistémicos”

Alguns ecossistemas são conhecidos, outros são mais exóticos.

© iStockphoto

Serviço de fornecimento

© iStockphoto

Serviço cultural

Dependemos das culturas e das plantas para obtermos produtos alimentares de base como o caso do pão, o arroz e as massas, assim como a fruta e os legumes, que fazem parte de uma dieta saudável.


Um “ecossistema” é uma combinação complexa e dinâmica de plantas, animais, microrganismos e ambiente natural, que vivem em conjunto como uma unidade e que dependem uns dos outros. “Biodiversidade” engloba todas as inúmeras formas de vida resultantes destas parcerias.

O estudo resultante, The Economics of Ecosystems and Biodiversity [A Economia dos Ecossistemas e a Biodiversidade] (TEEB), é uma iniciativa da Comissão Europeia e da Alemanha, em conjunto com outros parceiros.

A biodiversidade, essencial para a sobrevivência dos ecossistemas, está sob pressão, e uma grande parte já desapareceu. A reafectação dos solos, incluindo a intensificação da agricultura e a urbanização, a sobreexploração, a poluição, as alterações climáticas, e as espécies alóctones que competem com a flora e fauna autóctones, estão a causar danos nos ecossistemas naturais. Uma vez destruídos, a sua recuperação é dispendiosa e, por vezes, impossível.

A segunda fase do TEEB (2008-2010) irá propor um quadro detalhado para a avaliação económica dos serviços ecossistémicos, para que o seu valor seja tomado em consideração na tomada de decisões em todos os níveis relevantes. Deverá também contribuir para os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio das Nações Unidas.

Estudos recentes revelam que:

O Plano de Acção da UE para a Biodiversidade (2006) define o que é necessário fazer para travar a perda de biodiversidade até 2010. A avaliação intercalar deste plano (2008) mostrou a dificuldade em cumprir a meta. Todos os parceiros têm de intensificar e manter os seus esforços, também a partir de 2010.

Os peritos identificaram quatro tipos diferentes de serviços, todos eles fundamentais para a saúde e para o bem-estar humano.

Na Europa, até 80% dos diferentes tipos de habitats protegidos estão ameaçados.

Os serviços de fornecimento oferecem os bens, como os alimentos, a água, a madeira e a fibra.

Nos últimos 100 anos, as actividades humanas multiplicaram a extinção de espécies por 50-1000.

Os serviços de regulação regem o clima e a pluviosidade, a água (por exemplo, as inundações), os resíduos e a disseminação de doenças.

As pessoas desfavorecidas, nomeadamente nos países em desenvolvimento, são as que mais riscos correm com a perda de biodiversidade, uma vez que dependem com mais frequência directamente dos bens e serviços ecossistémicos.

Os serviços de apoio incluem a formação do solo, a fotossíntese e a renovação dos nutrientes, que estão na base do crescimento e da produção. Uma vez que alguns serviços importantes podem ainda não se encontrar identificados, devemos adoptar uma abordagem de precaução a fim de preservar o nosso património natural.

Quase 40% dos actuais terrenos agrícolas correm o risco de ser transformados em culturas intensivas.

A nível internacional, a UE está a promover uma melhor governação e a reforçar as regras que ajudam a proteger os ecossistemas. A UE é uma das 191 partes signatárias da Convenção das Nações Unidas sobre a Biodiversidade (CDB). Iniciativas recentes através da CDB incluem normas destinadas a garantir a sustentabilidade da produção de biocombustíveis, critérios para as áreas marinhas protegidas (AMP) a inclusão da biodiversidade nas negociações sobre as alterações climáticas.

A Humanidade utiliza madeira para a construção, aquecimento e abrigo. As florestas também absorvem o CO2 nocivo.

Serviço cu ultural

A UE atribui milhões de euros em ajuda externa destinados à conservação da biodiversidade. Também aborda a questão das negociações comerciais, através de avaliações do impacto na sustentabilidade (AIS). Um dos principais objectivos internacionais é a partilha dos benefícios dos recursos genéticos, um importante produto dos ecossistemas, de uma forma justa e equitativa.

Estamos, claramente, a gastar a um ritmo excessivo o capital natural da Terra. A preservação dos ecossistemas é um dever ético, bem como uma necessidade prática das gerações actuais e das que hão-de vir. A Humanidade tem de entender que é apenas um fio entre muitos na teia da vida e que não podemos continuar a explorar o planeta sem pagar um preço.

Facto 5: A rede Natura 2000 protege os ecossistemas A rede Natura 2000 é a pedra angular da política de biodiversidade da UE. Trata-se de uma rede de mais de 25 000 sítios de protecção especial em toda a UE que proporciona amplos benefícios socioeconómicos, entre os quais se contam os benefícios directos do turismo e das actividades de recreio, mas também bens e serviços ecossistémicos como o controlo de inundações, a despoluição da água, a polinização, e a reciclagem dos nutrientes.

Facto 3: Se não agirmos, pagaremos um preço muito elevado A avaliação dos bens e serviços ecossistémicos é, em termos financeiros, um desafio hercúleo. Estimativas antigas apontavam para valores na ordem de biliões de euros por ano. Reunidos em Potsdam, na Alemanha, em Março de 2007, os ministros do Ambiente das economias mais importantes

Em 2007 e 2008, a Comissão começou a tomar medidas no sentido de aperfeiçoar as suas estimativas dos custos e desenvolver formas mais adequadas de avaliar os benefícios socioeconómicos associados à rede e a cada um dos sítios.

A inspiração artística é um dos “serviços culturais” oferecidos pelos ecossistemas. Van Gogh recriou os girassóis em alguns dos seus mais belos quadros.

Serviçço de forne ecimento

Facto 6: Necessitamos de um quadro que avalie os bens e produtos ecossistémicos

Serviço os de fornecimento e regulação Serviço cultural O fornecimento de água potável é fundamental para a saúde e sobrevivência humana.

Serviço de fornecimento

© iStockphoto

60% dos recifes de corais poderão desaparecer até 2030.

Os animais, como as ovelhas, não nos fornecem apenas alimentos. Desde há séculos que a Humanidade necessita deles para o vestuário, o transporte e como companhia.

Facto 4: A UE está a tomar medidas

11% das áreas naturais existentes no mundo em 2000 poderão desaparecer até 2050.

Devido ao facto de muitos destes bens e serviços terem estado sempre disponíveis gratuitamente, sem mercados e sem preços atribuídos, o seu verdadeiro valor a longo prazo não é incluído nas estimativas económicas da sociedade.

Os serviços culturais abrangem a beleza, a inspiração e a recreação que contribuem para o nosso bem-estar espiritual.

Na sua primeira publicação, o relatório intercalar TEEB de Maio de 2008, fez uma primeira tentativa de apresentar um quadro quantitativo global, em que avaliava a perda anual de serviços ecossistémicos em 50 mil milhões de euros. Estimava que, se nada for feito, só a perda da biodiversidade terrestre poderia custar 7% do PIB até 2050, com a perda dos serviços dos ecossistemas marinhos a aumentar substancialmente este valor. O relatório apresentava recomendações, como o fim dos subsídios prejudiciais para o ambiente e a criação de “mercados” para os serviços ecossistémicos.

A natureza desempenha um papel crucial na preservação do bem-estar espiritual das pessoas.

Se os ecossistemas naturais não forem salvaguardados, os produtos e serviços que oferecem tornar-se-ão cada vez mais raros e procurados. Por exemplo, neste momento raramente pagamos o valor real do fornecimento de água, mas isso poderá ter de mudar. Em Maio de 2008, um longo período de seca obrigou a cidade de Barcelona a começar a importar água de outras zonas de Espanha a um custo estimado em 22 milhões de euros por mês.

© iStockphoto

Os ecossistemas da Terra oferecem à Humanidade uma vasta gama de benefícios conhecidos como “bens e serviços ecossistémicos”. Os bens produzidos pelos ecossistemas incluem alimentos (carne, peixe, legumes, etc.), água, combustíveis e madeira, enquanto os serviços incluem o fornecimento de água e a purificação do ar, a reciclagem natural de resíduos, a formação do solo, a polinização e os mecanismos de regulação que a natureza, por si mesma, utiliza para controlar as condições climatéricas e as populações de animais, insectos e outros organismos.

Facto 2: A perda de biodiversidade está a destruir as funções dos ecossistemas

© iStockphoto

Os recifes de coral formam ecossistemas em que os peixes e as formações de corais, as rochas e água do mar interagem. Cerca de 500 milhões de pessoas em todo o mundo utilizam os recifes de coral para o turismo, a pesca, a cultura de pérolas e outras actividades.

Turistas e campistas desfrutam da beleza dos ecossistemas naturais.

iStockphoto

Um prado é um ecossistema em que os insectos polinizam as flores e as ervas. O gado alimenta-se dessas plantas, e o seu estrume, decomposto pelos organismos existentes no solo, ajuda, por sua vez, a nutrir a terra onde as plantas se desenvolvem. Cada um dos elementos do ciclo depende dos outros para sobreviver.

© iStockphoto

do mundo concordaram em lançar um estudo global sobre os benefícios económicos da biodiversidade, comparando os custos da perda com os custos de medidas de conservação eficazes. © iStockphoto

Facto 1: A Humanidade necessita dos “bens e serviços ecossistémicos”

Alguns ecossistemas são conhecidos, outros são mais exóticos.

© iStockphoto

Serviço de fornecimento

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Serviço cultural

Dependemos das culturas e das plantas para obtermos produtos alimentares de base como o caso do pão, o arroz e as massas, assim como a fruta e os legumes, que fazem parte de uma dieta saudável.


A fotossíntese realizada pelas plantas captura o carbono e gera ar para respirarmos.

Avaliação dos ecossistemas é um meio de avaliar os diferentes aspectos da saúde dos ecossistemas e o fornecimento de bens e serviços ecossistémicos. Em 2000, as Nações Unidas lançaram a iniciativa global de Avaliação dos Ecossistemas do Milénio (MA). O relatório MA, concluído em 2005, concluiu que dois terços dos serviços ecossistémicos da Terra estão em declínio ou ameaçados. No âmbito da iniciativa de acompanhamento global MA, a UE está empenhada no desenvolvimento de uma avaliação sub-global (SGA) para a região europeia. A nova avaliação a nível global está prevista para 2015.

A evolução recente a nível da UE demonstra que os decisores políticos estão a mudar a sua perspectiva e a integrar a saúde dos ecossistemas em algumas políticas sectoriais. Por exemplo: A directiva da UE relativa aos pesticidas está a ser revista a fim de proporcionar uma maior protecção a espécies específicas, como as abelhas. A política europeia de desenvolvimento rural para 2007-2013 prevê a atribuição de incentivos aos agricultores que assumirem compromissos ambientais. A reforma da política agrícola comum tem por objectivo reforçar a protecção da paisagem e recompensar os agricultores que vão além dos métodos tradicionais e plantam sebes, criam lagos ou deixam os campos por cultivar. É necessário um conhecimento mais exacto para aumentar a nossa compreensão das ligações entre a biodiversidade, os ecossistemas e o bem-estar humano. A proposta de um mecanismo internacional de articulação entre o mundo da ciência e o da política visa reforçar a avaliação e a consultoria científica independentes na elaboração de políticas a nível global em matéria de biodiversidade e de serviços ecossistémicos. No Espaço Europeu da Investigação, a UE e os Estados-Membros devem velar por que o financiamento da investigação apoie adequadamente a política de biodiversidade.

Setembro de 2009

Estão a ser desenvolvidos programas de pagamento dos serviços ecossistémicos em muitos países em todo o mundo. São essenciais para a atribuição de recompensas adequadas aos proprietários rurais que protegem serviços ecossistémicos preciosos para a sociedade.

Facto 7: A sensibilização para a importância dos ecossistemas saudáveis está a aumentar A Avaliação dos Ecossistemas do Milénio

KH-78-09-554-PT-D

A Agência Europeia do Ambiente (AEA) destacou a necessidade de técnicas de contabilização dos ecossistemas destinadas a analisar a relação entre os sectores económicos e a sua dependência e impactos sobre os bens e serviços ecossistémicos. Em última análise, estes dados devem ser tidos em conta nos processos de decisão política e na gestão local dos recursos naturais. Segundo os cálculos da AEA, o valor global dos serviços gerais oferecidos pelas zonas húmidas – como a purificação da água e absorção de carbono – pode ser de cerca de 2,5 mil milhões de euros por ano.

PT Impresso em papel reciclado a que foi concedido o rótulo ecológico da UE para papel gráfico (www.ecolabel.eu)

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Serviço de apoio

Bens e Serviços Ecossistémicos Ecossistema

Serviço de ap poio

Charles Darwin: A Origem das Espécies

Os ecossistemas estão na base de toda a vida e actividade humana. Os bens e serviços que oferecem são fundamentais para a manutenção do bem-estar e para o desenvolvimento económico e social futuro. Entre os benefícios oferecidos pelos ecossistemas contam-se os alimentos, a água, a madeira, a purificação do ar, a formação do solo e a polinização. Porém, as actividades humanas estão a destruir a biodiversidade e a alterar a capacidade dos ecossistemas saudáveis para produzirem esta vasta gama de bens e serviços. Muitas sociedades do passado não tiveram em conta a importância dos ecossistemas. Estes eram frequentemente considerados bens públicos e, consequentemente, subestimados. Os cientistas prevêem que um aumento da população mundial para 8 mil milhões até 2030 poderá originar uma escassez dramática de alimentos, água e energia.

Sítio Web do TEEB da Direcção-Geral do Ambiente: http://ec.europa.eu/environment/nature/biodiversity/economics/index_en.htm Relatório da Avaliação dos Ecossistemas do Milénio: http://www.millenniumassessment.org/documents/document.356.aspx.pdf Avaliação intercalar da implementação do Plano de Acção da UE sobre Biodiversidade, anexo 3: http://ec.europa.eu/environment/nature/biodiversity/comm2006/pdf/consolidated_profile.pdf EEA Briefing: Ecosystems services – accounting for what matters [Serviços ecossistémicos – contabilizar o que é importante]: http://www.eea.europa.eu/publications/briefing_2008_2 Fichas de informação GreenFacts: http://www.greenfacts.org/en/ecosystems/

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Grasping the climate crisis – A provocation from the Tällberg Foundation, Sweden [Entender a crise do clima – Uma provocação da Fundação Tällberg, Suécia]: www.tallbergfoundation.org

Substâncias naturalmente presentes em espécies de plantas constituem a base de mais de 50% dos medicamentos sujeitos a receita médica

Os serviços ecossistémicos e a biodiversidade na Europa, Conselho Consultivo Científico das Academias: www.easac.eu

© União Europeia, 2010 Reprodução autorizada mediante indicação da fonte

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Outras leituras:

Serviço de fornecimento

Como são complexas e inesperadas a interacção e as relações recíprocas entre os seres vivos que lutam num mesmo espaço.

As populações de abelhas domésticas estão a diminuir. Estes insectos são necessários para polinizar muitas culturas agrícolas e o seu desaparecimento teria consequências económicas significativas

A perda dos serviços dos ecossistemas naturais irá exigir alternativas dispendiosas. O investimento no nosso capital natural irá economizar dinheiro a longo prazo e é importante para o nosso bem-estar e sobrevivência futura. É necessária uma maior sensibilização dos decisores e do público em geral para o valor económico dos bens e serviços ecossistémicos. Se não agirmos agora para pôr termo ao declínio, a humanidade irá pagar um elevado preço no futuro.


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