Fragmentum - TCC completo

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SAMARA FERREIRA DA SILVA

DESENVOLVIMENTO DE COLEÇÃO DE JAQUETAS MULTIFUNCIONAIS PARA O NICHO DO STREETWEAR

Projeto de pesquisa apresentado ao Curso de Design de moda da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, como requisito parcial à obtenção da aprovação na disciplina de Pesquisa aplicada ao trabalho de conclusão de curso. Orientador: Prof. Gabriela Garcez

CURITIBA 2017



1. INTRODUÇÃO 1.1 PROBLEMÁTICA 1.2 JUSTIFICATIVA 1.3 OBJETIVOS 1.3.1 Objetivos Gerais 1.3.2 Objetivos Específicos 2. REFERENCIAL TEORICO 2.1 MODA DE RUA: AS ORIGENS 2.1.1 A moda vai para as ruas: O distanciamento da alta costura 2.1.2 As subculturas: busca pela identidade 2.2 DAS NECESSIDADES SURGEM PRODUTOS: O DESIGN FUNCIONAL 2.2.1 A Modularidade abre possibilidades 2.2.2 A adaptabilidade no design de moda 2.3 A TECNOLOGIA APLICADA AOS TÊXTEIS 2.4 CONSTRUÇÃO DO VESTUÁRIO: TÉCNICAS DE MODELAGEM

SUMÁRIO

3. MATERIAIS E MÉTODOS DE PESQUISA 3.1 ANÁLISE DE SIMILARES DIACRÔNICA E SINCRÔNICA 3.1.1 Diacrônica 3.1.2 Sincrônica 3.2 PESQUISA DE SEGMENTO 3.3 PÚBLICO ALVO 3.3.1 Os millenials 3.4 CRIAÇÃO DE MARCA 3.5 PESQUISA DE TENDÊNCIAS 3.6 TEMA DE INSPIRAÇÃO 3.7 MIX DE PRODUTO 3.8 GERAÇÃO DE ALTERNATIVAS 3.9 COLOR STORY 4. RESULTADOS 4.1 CARTELA DE CORES 4.2 CARTELA DE TECIDOS 4.3 CARTELA DE ESTAMPARIA 4.4 CARTELA DE AVIAMENTOS 4.5 SELEÇÃO DAS ALTERNATIVAS 4.6. PAINEL COM TODAS AS ALTERNATIVAS 4.7. PROCESSOS DE FABRICAÇÃO 4.8. PRODUÇÃO FOTOGRÁFICA 4.8.1. Look Book 4.8.2. Produção Fotográfica Conceitual 5. DISCUSSÃO E ANÁLISE 5.1 ANÁLISE ERGONÔMICA 5.2. ANÁLISE DE VIABILIDADE 5.3. VALIDAÇÃO COM USUÁRIOS 6. CONCLUSÃO

7. REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO


LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Esquema Trickle-down. Fonte: Site Eu amo Paris 1, 2012. Figura 2: Esquema Bubble-Up. Fonte Site Eu amo Paris 1, 2012. Figura 3: Jaquetas multifuncionais no mercado. Fonte: Site das marcas, 2017. Figura 4: Notícia do site Stylo urbano. Fonte Site stylo urbano, 2016. Figura 5: Manchete moda celebra streetwear. Fonte: Site Estadão, 2016. Figura 6: Carnaby street década de 60. Fonte: Who what wear, 2015. Figura 7: Boutique de Bárbara Hulanicki. Fonte: Glamoursplash, 2008. Figura 8: Subculturas e suas influências: Os Mods e Skaters. Fonte: Moda histórica, 2014. Figura 9: Street style nas ruas de Helsinki. Fonte: Hel Looks, 2015-16. Figura 10: T-shirt função prática. Fonte: Steal the look, 2015. Figura 11: T-shirt função estética. Fonte: Lazy Oaf, 2017. Figura 12: T-shirt e seu simbolismo. Fontes: sites Fashion grunge e Jennyfer, 2017. Figura 13: Design funcional. Fonte: site Arquilego, 2015. Figura 14: Coleção capsula the quiet life. Fonte: Streetwear BR, 2017. Figura 15: Coleção the original capsule, Vetta. Fonte: Vetta, 2017. Figura 16: Customização de roupas em massa. Fonte: Stylo Urbano, 2015. Figura 17: Tipos de jeans. Fonte: Pinterest, 2017. Figura 18: Roupas destacáveis por Aakasha. Fonte: Etsy, 2017 Figura 19: Joias tubulares. Fonte: Ana Pina, 2017. Figura 20: Referências casuais do vestuário funcional. Fonte: Site lookbook, 2017. Figura 21: Vestido Egg. Fonte: Site Lemuria, 2017 Figura 22: Coleção modular Nikelab x JFS. Fonte: News Nike, 2015. Figura 23: Design for difference. Fonte: Site stylo urbano 2016. Figura 24: Aplicações do Nylon. Fonte: Pinterest e StreetDeco –Etsy 2017. Figura 25: Neoprene e tecido com fibra de carbono. Fonte: Alala e Gizmodo, 2014. Figura 26: Casaco a prova d’agua de algodão. Fonte: Qwstion e Stylo Urbano 2015. Figura 27: Jaquetas com têxteis de propriedade tecnológica. Fonte: Adidas e North Face 2017. Figura 28: Processo de criação utilizando moulage. Fonte: Kieran Ho, 2012. Figura 29: Representação dos recursos construtivos da moulage. Fonte: Pinterest, 2017 Figura 30: Modelo de blusa criada a partir da modelagem plana. Fonte: Marlene Mukai, 2017. Figura 31: Issey Miyake e suas criações. Fonte: Clausette, Metmuseum e The NWONYC 2017. Figura 32: Rei Kawakubo e suas criações. Fonte: Vogue e Metmuseum, 2017. Figura 33: Yohji Yamamoto e suas criações. Fonte: Vogue, 2015 e Hypebeast, 2017. Figura 34: Análise diacrônica. Fonte: a autora, 2017. Figura 35: segmento streetwear. Fonte: STREETWEAR BR, 2017. Figura 36: Painel de público alvo. Fonte: a autora, 2017. Figura 37: Mapa mental nome da marca. Fonte: A autora, 2017. Figura 39: Painel DNA da marca. Fonte: A autora , 2017. Figura 30: Painel de estilo. Fonte: A autora, 2017. Figura 40: Etapa de testes logomarca. Fonte: A autora, 2017. Figura 41: Resultado final logo. Fonte: A autora, 2017. Figura 42: Aplicações da logo. Fonte: A autora, 2017. Figura 43: Mockup embalagem. Fonte: A autora, 2017. Figura 44: Referência de rótulo. Fonte: Pinterest, 2017. Figura 45: patches e adesivos ázigo. Fonte: A autora, 2017. Figura 46: macrotendência Nostalgia Jovem. Fonte: a autora, 2017. Figura 47: microtendência Scratch pad. Fonte: a autora, 2017. Figura 48: Geração de alternativas. Fonte: a autora, 2017. Figura 49: color story. Fonte: a autora, 2017. Figura 50: cartela de cores. Fonte: a autora, 2017 Figura 51: cartela de tecidos. Fonte: a autora, 2017 Figura 52: cartela de estampas. Fonte: a autora, 2017. Figura 53: cartela de aviamentos. Fonte: a autora, 2017. Figura 54: Croqui parka 2.0 Fonte: A autora, 2017. Figura 55: Croqui corta vento ázigo. Fonte: A autora, 2017. Figura 56: Croqui bomber fragmento. Fonte: A autora, 2017. Figura 57: Croqui bomber 2.0 Fonte: A autora, 2017. Figura 58: Croqui harrington ázigo. Fonte: A autora, 2017.


LISTA DE FIGURAS

Figura 59: Croqui capa de chuva 2.0 Fonte: A autora, 2017. Figura 60: Croqui corta vento 2.0 Fonte: A autora, 2017. Figura 61: Croqui doudone fragmento. Fonte: A autora, 2017. Figura 62: Alternativas e paleta de cores. Fonte: A autora, 2017. Figura 63: coleção fragmentum. Fonte: A autora, 2017.

QUADROS E TABELAS

Quadro 1: Propriedades têxteis e suas características específicas. Fonte: Avelar, 2011. Quadro 2: Análise sincrônica adidas. Fonte: Site adidas, 2017. Quadro 3: Análise sincrônica Off-White. Fonte: Site Off-White, 2017. Quadro 4: Análise sincrônica Stussy. Fonte: Site Stussy, 2017. Quadro 5: Análise sincrônica Y-3. Fonte: Site da marca Y-3, 2017. Quadro 6: Lista de requisitos coleção fragmentum. Fonte: A autora, 2017. Quadro 7: Análise de viabilidade com usuários. Fonte: A autora, 2017.

Figura 64: Processo de fabricação das peças. Fonte: Leticia Aleoti, 2017. Figura 65: Lookbook coleção. Fonte: A autora, 2017. Figura 66: Editorial fragmentum. Fonte: A autora, 2017.

Tabela 1: mix de produto. Fonte: a autora, 2017. Tabela 2: Custos das peças. Fonte: A autora, 2017


RESUMO O trabalho de conclusão de curso a seguir tem como objetivo pesquisar e aprofundar conhecimentos sobre a multifuncionalidade aplicada ao design de moda. Para isso, o trabalho está dividido em duas partes sendo a primeira teórica e a segunda prática. A primeira parte é um levantamento teórico para embasar o trabalho, são pesquisas sobre determinados assuntos que serão muito importantes para a o desenvolvimento da parte prática, já a segunda parte segue no desenvolvimento de uma coleção de jaquetas multifuncionais focada no nicho de moda de rua e esse será o resultado final apresentado. A funcionalidade será um conceito explorado para que as peças possam suprir as necessidades do público alvo, que serão jovens de 17 a 37 anos que pertencem a um cenário urbano e alternativo. A importância desse trabalho se dá pelos estudos de otimização do vestuário e tendências para uma moda futura, afim de poder ingressar no mercado do nicho de moda de rua. Palavras-chave: Design de moda. Multifuncional. Moda de rua.


ABSTRACT The following course work is aimed at researching and deepening knowledge about the multifunctionality applied to fashion design. For this, the work is divided into two parts being the first theory and the second practice. The first part is a theoretical survey to base the work, are research on certain subjects that will be very important for the development of the practical part, and the second part follows in the development of a collection of multifunctional jackets focused on the streetwear niche And these will be the final result presented. The functionality will be a concept explored so that the pieces meet the needs of the target audience, who will be youngsters from 17 to 37 years old who belong to an urban and alternative scenario. The importance of this work is due to the studies of optimization of clothing and trends for a future fashion, in order to be able to enter the market of the streetwear niche. Keywords: Fashion design. Multifunctional. Streetwear


1. INTRODUÇÃO

Vogue Paris, 2017.


O que circula nas ruas se tornou uma fonte de inspiração e pesquisa de tendências, seja em breves passeios de observação pelas cidades ou viagens feitas em outros países para imersão cultural. Pode contribuir para identificar novos hábitos, costumes e valores da sociedade. (SEIVEWRIGHT, 2009) A moda é uma das vertentes que busca inspiração na rua e em seus fenômenos sociais, buscando sempre uma maneira de interpreta-la:

Esse fenômeno está ganhando cada vez mais a atenção dos “Coolhunters”, fotógrafos que dedicam seus dias em registros imagéticos e que chegam a inspirar as grandes marcas nas passarelas. (SOUZA E ANSELMO 2011)

“A cultura metropolitana produz estilos fluidos que adquirem legitimidade entre instâncias que ditam padrões de roupa: a moda reflete a rua” (BRANDINI, 2007 p.3) Mas esse é um fenômeno que acontece na contemporaneidade pois historicamente, antes de surgirem expressões como as subculturas (por volta de 1960), quem ditava tendências na moda e sociedade eram as classes dominantes na economia e política. (KALIL, GLÓRIA 2008) Existem estudos e teorias discutidas na moda que facilitam a compreensão desse fenômeno que foi se consolidando ao longo dos tempos, assim dando origem a dois conceitos chamados de “trickle-down” e “Bubble-up”. Segundo material disponibilizado pela universidade Anhembi sobre “Comunicação e moda”, a expressão “Trickle-down” (gotejamento) se caracteriza pelo fenômeno da moda onde a elite, grandes celebridades e ícones fashion ditavam as tendências, veiculadas nas passarelas e mídias chegavam por último ao público geral.

Figura 2: Esquema Bubble-Up. Fonte Site Eu amo Paris 1, 2012.

Hoje existem duas definições ligadas a “street” (rua), termo em inglês usado da mesma maneira no Brasil, bem popularizados e que muitas vezes são até vistos como parte da mesma coisa: O street style e o street wear. Algumas referências como é o caso do Instituto Rio Moda, colocam o street style como a moda de rua mais pessoal, sendo essa bem particular de cada indivíduo que circula no espaço urbano. Já o site Street wear BR mostra o conceito voltado a grupos de identificação e diferenciação que nascem das vertentes urbanas do Hip hop, Skate, Rap, grunge e hardcore. O street wear é um nicho da moda que hoje está em ascensão. A moda de rua está associada a produção industrial e de massa, onde existe uma grande praticidade nas roupas pelo fato de serem usadas no dia a dia para os eventos casuais, seja no trabalho, estudo ou horas de lazer. (CRANE 2009) Essa dinâmica que a moda de rua pede do vestuário, pode ser ainda mais otimizada e ultimamente tem-se pensado muito sobre as funções e características dos produtos que são consumidos pelos indivíduos. Devido também a uma crise econômica vivida por alguns países as pessoas tendem a procurar por novos significados e opções que estejam mais favoráveis a situação de cada um. (SEBRAE 2016) Levar mais funcionalidade a peças de roupa, Figura 1: Esquema Trickle-down. Fonte: Site Eu amo Paris 1, 2012. pode contribuir muito para uma moda futura que O conceito de “Bubble-up” (Ebulição) se ca- pensa nas necessidades, nos gostos dos indivíduos, racteriza pela inversão dos valores priorizados no no consumo e também em questões ambientais. “Trickle-down”, onde as tendências são lidas através O trabalho a seguir pretende explorar essas quesda moda de rua: suas subculturas, estilos individu- tões e também as relações estabelecidas através da moda de rua e multifuncionalidade. ais, autênticos e cultura popular.


1.1 PROBLEMÁTICA A funcionalidade das peças de roupa está ganhando a atenção dos consumidores, que além de buscarem algo para vestir que proteja seu corpo e seja “bonito”, não dispensam um vestuário que possa ter atributos que aliem a praticidade, sustentabilidade e economia. (SEBRAE,2016) Os indivíduos buscam a praticidade em roupas que possam facilitar os afazeres em sua rotina: trabalhar, estudar, ir a vários lugares em um mesmo dia e poder modificar seus looks sem ter que ficar carregando volume extra de roupa. Uma peça que possibilite essa versatilidade contribui para o consumo de menos peças de vestuário, assim desacelerando o ritmo de compra; sendo essa uma forma que não desafia diretamente o consumidor a mudança de comportamento, mas já contribui para questões de sustentabilidade (FLETCHER E GROSE 2011); também auxilia na parte econômica que segundo pesquisa da PWC (PricewaterhouseCoopers), preço ainda é um fator decisivo na parte de compra para a maioria dos brasileiros. Em pesquisa realizada em 2013 pelo IEMI (Instituto de Estudos e Marketing Industrial) para o SEBRAE, com mais de 3 mil consumidores homens e mulheres, constata que 40,5% das pessoas preferem possuir peças mais casuais e os 59,5% restantes se dividem em roupas básicas, sociais e outras categorias não divulgadas. Segundo o relatório de inteligência do Sebrae veiculado em dezembro de 2016, as roupas multifuncionais costumam ter uma base simples para aumentar os modos de usar, cores neutras e poucos acessórios, porém, algumas marcas direcionadas ao esporte já estão melhorando o visual de suas peças tornando-as mais casuais e atrativas aos consumidores.


Figura 3: Jaquetas multifuncionais no mercado. Fonte: Site das marcas, 2017.

Para uma breve análise foram selecionadas jaquetas multifuncionais de performance, mas que também estão sendo associadas a moda de rua. A peça número 1 é uma parceria da marca de streetwear Supreme com a North Face, ela é composta por tecidos impermeáveis e térmicos para prática de “expedições” e aventura, também possui gorro removível e bolsos; A peça ganha destaque pelas cores e estilo que a marca Supreme imprime nessa colaboração. A Jaqueta número 2 é de uma parceria entre a Nike com Riccardo Tisci, ela ganha destaque por ser uma jaqueta regulável nos punhos, bainha, e múltiplos bolsos para armazenamento; foi confeccionada em algodão e poliéster. A peça número 3 é uma jaqueta de performance feminina para corrida que se origina da parceria da marca Adidas com Stella McCartney, ela traz tecidos tecnológicos com foco nas adversidades do clima que podem limitar os treinos; além disso fecha a composição com uma paleta de cores harmoniosa e estampa bem trabalhada. A peça número 4 é masculina, feita pela marca “ACRONIM” e mostra uma outra proposta de mul-

tifuncionalidade aplicada com tecidos tecnológicos e vários compartimentos para o usuário, aumentando a funcionalidade da jaqueta. Os modelos apresentados mostram três pontos principais: O primeiro é que são em sua maioria jaquetas de performance destinadas a públicos específicos (adventure, atletas). Segundo, muitas recebem um visual mais casual quando associadas a colaborações com designers de outros segmentos da moda e terceiro mostram duas formas de abordar a multifuncionalidade, sendo uma através de tecidos e suas propriedades e outra através da modelagem com foco no armazenamento de objetos, tudo isso sem alterar a forma estrutural da peça. A problemática que se deseja abordar é: como aplicar a multifuncionalidade com foco no nicho de moda de rua sem precisar estar associado à performance esportiva, podendo alcançar outros públicos que não desejam ou praticam esportes, porém gostariam de atribuir mais funcionalidade em suas vestimentas.


1.2 JUSTIFICATIVA Para o SEBRAE, uma grande aposta para o setor do vestuário são as roupas multifuncionais ou reversíveis. Um de seus relatórios vinculados com o SIS (setor de inteligência setorial) publicado em dezembro de 2016 mostra como o conceito vêm sendo aceito e aplicado na moda, quais são as tendências de consumo futuras, quais são os pontos que merecem atenção desde a criação, fabricação, e pontos de venda.

Figura 4: Notícia do site Stylo urbano. Fonte Site stylo urbano, 2016.

O material conta com exemplos de tecnologia que podem ser favoráveis para esse tipo de atividade, amplia para outros segmentos além do vestuário e também mostra alguns casos de sucesso para servirem de inspiração. Esse guia elaborado pelo SEBRAE mostra que as roupas multifuncionais estão ganhando espaço no mercado e incentivam as empresas a adotarem essa prática.


Em notícia veiculada no site “Stylo urbano” em 20 de junho de 2016, evidencia a prática de customização de jaquetas masculinas feita pela empresa Gucci. Dentre outras notícias também comentadas no site, pode-se perceber um envolvimento maior das marcas de moda em produtos e serviços cada vez mais específicos, vemos as grandes grifes segmentando seus produtos e se aprimorando para atender as necessidades do consumidor de forma inovadora. Em matéria para o site “Folha de São Paulo” em outubro de 2013, já se têm relatos sobre a venda de apenas um produto e como isso pode trazer maiores lucros. O consultor do SEBRAE Haroldo Matsumoto afirma que o proprietário de um negó-

cio pode atingir um nicho e virar referência nele com apenas um item, e isso realmente acontece na moda de várias maneiras, temos como exemplo a empresa LEVIS fundada em 1853 que é uma referência no setor de jeans wear até os dias atuais. Assim se deu a escolha de trabalhar apenas com jaquetas, para dar mais foco e atenção ao produto, podendo desenvolver com melhor qualidade na busca de ganhar destaque no mercado de moda. Está cada dia mais frequente notícias sobre a moda de rua em jornais, revistas, blogs, etc. O streetstyle e o street wear vêm ganhando mais espaço e destaque, está presente no dia a dia das cenas urbanas e também dando o que falar nas passarelas dos desfiles das grandes grifes.

Figura 5: Manchete moda celebra streetwear. Fonte: Site Estadão, 2016.

O desejo de consumir a moda de rua faz referencial de status, mas forma de com que as marcas referências desse estilo estejam arte, forma de comunicação. [...]” em ascensão, como é o caso da Supreme, Adidas e (BRANDINI, 2007 p.3) Off-White. (FFW, 2015) A parceria com artistas, foA moda de rua toma forma de expressão tógrafos, designers e outros colaboradores tem fei- to sucesso e seus elementos servem de inspiração pela sua busca a autenticidade em meio ao mundo que está sempre em ritmo acelerado, trazendo também para outros nichos. novas descobertas, cheio de imprevistos, paixões e “ [...] Ela torna-se objeto de ação expres- acidentes. (MATTA, 1997) O nicho possibilita a criasiva, de comunicação de mensagem, de ção de uma moda para os efeitos reais do dia a dia, transmissão de significados, não apenas e esse também é o intuito do trabalho em questão.


1.3 OBJETIVOS

1.3.1 Objetivos Gerais Desenvolver um projeto de design de moda que visa a criação de jaquetas multifuncionais para o nicho de moda de rua.

1.3.2 Objetivos Específicos a.

Fazer um levantamento histórico sobre nicho de moda de rua e como está o cenário atual.

b. Identificar as situações cotidianas do público afim de compreender melhor as suas necessidades.

c. Explorar a funcionalidade

d. Pesquisar materiais que

na moda.

Utilizar as técnicas de modelagem e moulage para aperfeiçoar o design multifuncional.

Ronan Mckenzie 2015.

e.

proporcionem novas possibilidades para jaquetas.


2. REFERENCIAL TEÓRICO


A metodologia de pesquisa utilizada para a formação de conteúdo do tópico 2.1.1 e 2.1.2 foram baseados principalmente na linha de pesquisa e ponto de vista de Gabriela Garcez Duarte, que em sua dissertação de mestrado aborda o assunto: “Moda esportiva e globalização: skate por esporte ou por estilo? ” (2009); e no artigo de Maíra Zimmermann de Andrade: “A moda invade as ruas: consumo jovem nos anos 1960” publicado na revista “dObra[s] em 2016.

2.1 MODA DE RUA: AS ORIGENS O período que se tem após a Segunda Guerra Mundial é de grandes mudanças para o cenário da juventude e suas configurações, isso se dá a partir da expansão dos espaços de lazer, da cultura de massa e dos meios de comunicação. (ABRAMO 1994) O período escolar obrigatório passa a ser prolongado (configurado ao que se conhece como primeiro grau), e as ofertas de trabalho começam a surgir para esses estudantes, os quais gastam o dinheiro que recebem para consumo próprio pois não precisam ajudar na renda de suas famílias. Isso assegura aos jovens maior autonomia e liberdade e impulsiona várias mudanças sociais. (ABRAMO 1994) Assim começam a se configurar os conflitos geracionais, onde os jovens se revoltam com os adultos, com seus familiares e com os padrões até então estabelecidos para a condição juvenil. É sob essa perspectiva que se desenvolve a moda de rua e de subculturas a partir dos anos 60. (ABRAMO 1994)

2.1.1 A moda vai para as ruas: O distanciamento da alta costura [...] “Doravante, a “rua” está emancipada do fascínio exercido pelos líderes da moda, já não assimila mais as novidades senão em seu próprio ritmo, “A escolha”[...] (LIPOVETSKY 2009 p.166) Com as estatísticas marcando o mercado adolescente em crescimento principalmente em relação ao consumo (em aproximadamente 1957), a indústria percebeu que isso poderia trazer grandes impactos em especial para a moda, então ela passou a ser mais acessível e com tendências passageiras que transitavam entre Europa e EUA. (DUARTE 2009 apud MENDES & HAYE 2009 p.159)

Os estilistas em ascensão não estavam mais localizados em Paris, mas em Londres e começaram a dar atenção para os jovens de classe média e operária, aqueles que estavam “na rua” e não os poucos e seletos “jovens ricos”. O prêt-à-porter começou a se difundir rapidamente e as criações de André Courréges, Pierre Cardin, Mary Quant, Emanuel Ungaro e Yves Saint Lauren ganham destaque e popularidade na cena jovem. (DUARTE 2009 apud MENDES & HAYE 2009 p.159) [...] “ É a partir do começo dos anos 60 que o prêt-à-porter vai chegar de alguma maneira à verdade de si mesmo, concebendo roupas com um espírito mais voltado a audácia, a juventude, a novidade do que a perfeição “classe”. Uma nova espécie de criadores se impôs, não pertencendo mais, fenômeno inédito, à alta costura. “[...](LIPOVETSKY 2009 p.127) O termo “prêt-à-porter” foi lançado em 1949 na França por J.C. Weill, espelhada na formula americana do “ready to wear”, o intuito dessa nova forma de fazer moda era tirar a imagem negativa das confecções. Ele veio propor uma produção industrial acessível a todos, engajada com informação de moda e tendências. As roupas industriais dessa época possuíam defeitos no corte, modelagem e má qualidade o novo movimento vinha para colocar novidade, estilo e estética na moda das ruas. (DUARTE 2009 apud LIPOVETSKY 2009 p.126) Em 15 de abril de 1966 a revista Time estampou “Londres, a cidade da badalação” onde estava descrito nesse artigo todo o entusiasmo pelo cenário de eventos londrinos para a juventude. Ao longo da década de 60 a rua Carnaby Street foi se consolidando como ponto de encontro e compra de prêt-à-porter por preços acessíveis da cultura jovem global. (ANDRADE 2016 apud MENDES & HAYE 2009 p.180)


Figura 6: Carnaby street dĂŠcada de 60. Fonte: Who what wear, 2015.


Pela Carnaby Street no bairro londrino de Soho, passaram muitas celebridades mundialmente conhecidas como os Beatles, Jimmy Hendrix, Rolling Stones, Mary Quant e a modelo Twiggy. (REZENDE 1995) As boutiques para ambos os sexos foram se popularizando e correspondiam aos desejos mais recentes do público, fazendo um giro rápido de mercadoria. Esses comércios eram administrados em alguns casos por pessoas jovens que personalizavam os locais com cores em destaque, música

pop e vitrines sedutoras. (ANDRADE 2016 apud MENDES & HAYE 2009 p.181) Uma loja em destaque foi a Biba (Boutique de Bárbara Hulanicki) que se estabeleceu em 1964, com o interior em Art nouveau, retrô, com cabides que substituíam as araras, uma atmosfera incrível e seus provadores coletivos. Tudo que se comercializava na Biba era um grande sucesso. (ANDRADE 2016 apud MENDES & HAYE 2009) A primeira foto foi tirada em 1964 por Philip Townsend no interior da Biba e a segunda foto mostra a fachada da boutique.

Figura 7: Boutique de Bárbara Hulanicki. Fonte: Glamoursplash, 2008.

2.1.2 As subculturas: busca pela A partir dos anos 70 as subculturas começaram a ser entendidas como uma forma de resposta cultural aos problemas específicos dentro de uma classe social. (ABRAMO 1994 p.35) São subculturas pois: [...] “ São Filiadas, estão referidas a uma determinada cultura de classe; isto é, lidam com uma problemática que é comum ao conjunto da classe e, ao mesmo tempo, com problemas que lhes são peculiares, dados pela sua posição etária e geracional. Nesse sentido, estão inseridas na luta pela hegemonia cultural em uma dada situação histórica.”[...] (ABRAMO 1994 p.35)

identidade A aparência e o estilo são os principais elementos da identidade de subculturas, visto que o vestuário pode ser facilmente manipulado para se auto afirmar diante do ambiente social. Os indivíduos utilizam objetos, roupas e estilos já produzidos pela indústria, misturam e dão novos significados; isso cria uma identidade e vincula pessoas a determinados grupos sociais específicos; pode ser visto também como uma manifestação de resistência à cultura dominante. (DUARTE 2009 apud CRANE 2009) A música é um dos fatores culturais mais acessíveis para os jovens e que estabelece identificação ou separação entre eles na contemporaneidade, outros fatores que conseguem influenciar o aparecimento de subculturas são as tecnologias, cinema, a própria moda e também os esportes. (CRANE 2009)


Na figura apresentam-se duas subculturas que surgiram de diferentes influencias: Os mods começaram a se identificar principalmente pela sua preocupação com a vestimenta e os skatistas se consolidaram como subcultura tendo o esporte como ponto de partida. (CRANE 2009) Figura 8: Subculturas e suas influências: Os Mods e Skaters. Fonte: Moda histórica, 2014

Os jovens começaram a circular mais no cenário urbano por questões de trabalho, estudo e diversão que poderiam encontrar fora de seus locais residenciais, isso ocasionou em uma maior exposição e destaque dos trajes que expressavam suas identidades. (ANDRADE 2016 apud ABRAMO 1994) Como forma da moda explorar esse fenômeno, ela não estava mais preocupada em impor um estilo ao público, mas sim em identificar aquilo que a juventude das ruas estava pedindo. Assim pessoas saiam para registrar as cenas jovens em colégios, discotecas, ruas principais, pontos de encontro por

Figura 9: Street style nas ruas de Helsinki. Fonte: Hel Looks, 2015-16.

meio da fotografia, os “Cool hunters” (caçadores de tendências) começaram a ir até os jovens saber de suas preferências e fazer um trabalho de observação e interpretação de novos possíveis padrões. (CRANE 2009) Uma das maneiras de registrar a moda das ruas é por meio da criação de blogs ou galerias fotográficas na internet. O Blog “Hel Looks” iniciado em 2005 armazena centenas de fotos da moda de rua presentes na Finlândia, os critérios de escolha são looks autênticos, únicos e individuais. (HEL LOOKS 2017)


2.2 DAS NECESSIDADES SURGEM PRODUTOS: O DESIGN FUNCIONAL Muitas das necessidades do homem são supridas a partir de objetos e a função que eles exercem, essa função é submetida a avaliação dos usuários que julgam o desempenho dos produtos, confirmando sua eficiência ou sua má aplicabilidade. (LÖBACH 2011) “ [...] Funcionalidade: característica do que é funcional. Diz-se que é funcional todo objeto que em uso, atenda à finalidade para qual foi projetado. [...]” (COELHO 2008 p.123) As funções de um produto só podem ser analisadas a partir do contexto histórico em que ele está inserido e a forma de vida da sociedade, pois as necessidades podem variar, assim como os critérios de satisfação de cada período. (LÖBACH 2011) As funções atribuídas aos produtos foram descritas por LÖBACH da seguinte maneira:


Figura 10: T-shirt função prática. Fonte: Steal the look, 2015. Figura 11: T-shirt função estética. Fonte: Lazy Oaf, 2017. Figura 12: T-shirt e seu simbolismo. Fontes: sites Fashion grunge 2017.

A função prática se dá pela relação do produto com o usuário e suas necessidades fisiológicas, essa função está ligada às questões fundamentais de sobrevivência, ergonomia e saúde dos indivíduos. (LÖBACH 2011) Na figura, está exemplificado um produto de moda que segue a função prática se observada da seguinte maneira: A camiseta é uma peça pensada para cobrir ou proteger o tórax e o abdômen, nas mulheres também os seios.... Além disso é uma peça confortável que permite ventilação e movimentação dos usuários. Quando se trata de vestuário as questões ergonômicas são muito importantes pois a vestimenta está em contato com o corpo constantemente. (LIMA 2013)

A função estética é determinada por aspectos de percepção sensorial consciente do usuário em relação ao produto, é a primeira função percebida pelo indivíduo, onde a aparência (forma, cor e superfície) pode causar identificação ou a rejeição daquele item. Ela é uma função essencial para o design e ajuda na decisão de compra dos consumidores, que geralmente optam pelo objeto que mais lhe agrade esteticamente. (LÖBACH 2011) A camiseta da figura 11, representa um dos exemplos da função estética empregada nos produtos de moda, onde através de estampas, aplicações, cores, materiais, modelagens e diversas outras ferramentas, as marcas criam para um mesmo produto infinitas possibilidades de escolha.

A função simbólica está direcionada aos aspectos sociais e culturais que constroem signos e valores, está diretamente ligada a função estética que ajuda a fazer associações de experiências anteriores dos usuários. (LÖBACH 2011) Na figura tem-se a representação de uma camiseta que utiliza da função simbólica em sua construção e uma de suas referências culturais. Os “Patches” que viraram tendência entre 2014/ 2017 em vários produtos de moda, eram utilizados primeiramente por militares (por volta de 1930) como forma de identificação na vestimenta, foram incorporados nas roupas da subcultura dos “Mods” no final da década de 50, e ganharam popularidade quando usados para customização do vestuário dos Punks (1970), onde por meio desses pedaços de tecido os jovens expressavam suas ideias, falavam sobre política e estampavam as coisas que gostavam em suas roupas. (VASCONCELLOS, 2016) Essa relação simbólica da camiseta com patches pode ser associada a tais movimentos culturais e atribuir a peça um valor ainda maior para aqueles que se identificam com a temática.


Figura 13: Design funcional. Fonte: site Arquilego, 2015.

Os produtos industriais tendem a resolver as questões de funcionalidade de forma simplificada, porém quando negligenciam as funções estéticas e simbólicas acabam criando produtos muito iguais, gerando antipatia nos consumidores. (LÖBACH 2011) Mas quando as três funções (prática, estética e simbólica) são combinadas de maneira eficaz em um produto, aumenta a possibilidade de relação com o usuário e maiores são as chances de satisfação. (LIMA 2013) Hoje o design funcional está ligado principalmente a questões de adaptação e consumo, onde há uma abordagem sobre as necessidades dos indivíduos contemporâneos e como podem ser resolvidas com a praticidade e otimização, seja de espaços ou produtos. (ARQUILEGO 2015)

Os consumidores estão cada vez mais interessados em adquirir um produto que possua mais de uma função prática (multifuncional), e isso tem se afirmado para os hábitos de consumo futuros (SEBRAE 2016), onde: “[...] A tendência é viver cada vez com menos, dando adeus ao consumismo, e consequentemente ocupando menos espaço. [...]” (NUNES, BRUNELLA PARA SITE HYPENESS 2015) As possíbilidades de aplicação do design funcional são inúmeras e podem ser feitas no mobiliário, em produtos para várias áreas como a cozinha, e também em ambientes inteiros transformando-os em espaços muito bem aproveitados. (ARQUILEGO, 2015)


2.2.1 A Modularidade abre possibilidades Uma das práticas frequentes dentro do design funcional é a modularidade, nessa área não existe uma definição “universal” para a conceituação de módulo, porém existem autores que expressão seu ponto de vista em relação ao assunto. (SONEGO E ECHEVESTE, 2013) Segundo o livro “Princípios universais do design” dos autores Lidwell, Holden e Butler (2010) a modularidade é um método estrutural utilizado para projetar sistemas. Esses sistemas são formados por vários componentes que podem ser chamados de módulo, onde cada um desempenha uma função: Eles se conectam, interagem entre si, podem ser trocados e substituídos por outras peças afim de criar vários sistemas distintos. O design modular aumenta a flexibilidade e facilita a questão de reparo dos sistemas, porém ele possui mecanismos de funcionamento mais complexos que os produtos convencionais, o que exige dos designers muito mais conhecimento sobre aquilo que está sendo desenvolvido a partir de módulos. (LIDWELL, HOLDEN E BUTLER 2010) Sabe-se que com a aplicação da modularidade no desenvolvimento de produto, é possível aumentar a quantidade de mercadorias ofertadas apenas fazendo a combinação dos módulos de forma diferenciada. Isso dá ao consumidor maior autonomia na interação com os objetos e ajuda no processo de fabricação que se torna menos complexo pela empregabilidade dos módulos. (MACHADO 2011) O autor Joseph Pine, em seu livro “Personalizando produtos e serviços: Customização maciça” de 1994, aborda questões sobre a modularidade e como ela pode ser aplicada em seis maneiras distintas.

Aakasha, 2017


1. Modularidade por compartilhamento de componentes: Nesse tipo de modularidade, um mesmo item é utilizado para compor diversos produtos a fim de otimizar tarefas e funções. Não resulta em muita personalização para o usuário mas ajuda a produção de baixo custo com variedade de produtos e serviços. (PINE 1994) No design de moda esse tipo de modularização é utilizado em aviamentos, modelagens, tecidos, cores, acabamentos e estampas, como forma de criar identidade visual para uma coleção ou agrupar roupas em “famílias”. Dessa forma são otimizados os processos de produção, reaproveitamento de matéria prima e ajuda a reduz custos. (KÖRBES 2015) A marca “The Quiet Life” da Califórnia em parceria com o artista europeu Nathaniel Jones, desenvolveu uma coleção cápsula com inspiração na Grécia antiga. Os elementos de unidade da coleção estão na paleta de cores, uso da estampa em diferentes produtos e modelagens. (STREETWEAR BR 2017)

2. Modularidade por permuta de componentes: É complementar a modularidade por compartilhamento de componentes. Atua de maneira a usar um produto padrão e aplicar itens independentes diferenciados, assim podendo fazer a permuta do produto básico e também dos itens que o compõe. (PINE 1994) Esse tipo de modularidade pode ser exemplificado na moda com as “coleções cápsula”, que partem do princípio de criar um número limitado de peças (Que podem ser consideradas como módulos) e com elas propor ao usuário diversas composições de looks apenas combinando as peças entre si. (KÖRBES 2015) A marca norte-americana Vetta desenvolveu três tipos de coleção cápsula, todas são compostas de apenas cinco peças e de cada uma delas podem resultar até 30 combinações diferentes. É uma marca que defende princípios sustentáveis com matéria prima ecológica e confecção responsável. (VETTA 2017)

Figura 15: Coleção the original capsule, Vetta. Fonte: Vetta, 2017. Figura 14: Coleção capsula the quiet life. Fonte: Streetwear BR, 2017.

3.Modularidade por ajuste de componente: Acontece quando o usuário pode ajustar um ou mais módulos do produto que já se encontram pré-estabelecidos. As necessidades e desejos individuais dos consumidores é o que resulta na personalização ou ajuste dos componentes, aqui surge o fenômeno de personalização em massa. (PINE 1994 A Marca Continuum de São Francisco, aposta em oferecer serviços de customização de roupas aos usuários que podem projeta-las online, depois as roupas passam pelo processo de impressão digital ou 3D. As peças são confeccionadas apenas quando há encomenda, assim reduzindo o custo de produção a zero. (STYLO URBANO 2015)

Figura 16: Customização de roupas em massa. Fonte: Stylo Urbano, 2015.


4. Modularidade por mix: Pode ser aplicado qualquer uma das maneiras de modularidade descritas acima, porém os componentes precisam ser “misturados” ao ponto de não serem mais distinguidos. (PINE 1994) “[...] Quando cores particulares de tinta são misturadas, por exemplo, aqueles componentes já não são visíveis no produto final. [...]” (PINE 1994 p.220) Como exemplo da modularidade por mix pode-se observar o jeans, ele possui variações de textura, cor, gramatura, elasticidade e outros aspectos físicos dependendo da sua composição e da quantidade de cada elemento: algodão ou elastano. (AUDACES 2013)

5. Modularidade por Bus: Para utilizar esse tipo de modularidade é necessário ter um produto ou serviço com padrão definido, mas com uma estrutura que possa ser modificada. É com base nas necessidades e desejos dos usuários (público alvo) que essa estrutura é projetada para ser dividida e transformada em módulos, que futuramente se encaixem na estrutura padrão. (PINE 1994) A modularidade por bus, está representada na figura 18 pelas roupas destacáveis da marca Aakasha que são vendidas na plataforma Etsy.com, o padrão são calças e blusas que foram divididas em módulos, resultando em outras opções para o usuário. As peças são confeccionadas em neoprene preto e podem ser feitas sob medida.

Figura 17: Tipos de jeans. Fonte: Pinterest, 2017.

Figura 18: Roupas destacáveis por Aakasha. Fonte: Etsy, 2017

6. Modularidade seccional: É o tipo de modularidade que apresenta o maior grau na variedade e customização. Ela tem como base o desenvolvimento de uma interface que faz a ligação entre os módulos (secções), onde os mesmos não possuem restrição de formato e nem de quantidade. O exemplo mais popular desse tipo de modularidade são os blocos de lego. (PINE 1994) A coleção de joias intitulada “Tubular” projetada pela design e ilustradora Ana Pina, tem como interface a forma arredondada em todas as peças. Dessa forma juntando tubos de diferentes formatos e posicionamentos é possível obter inúmeras combinações. (PINA 2017) Figura 19: Joias tubulares. Fonte: Ana Pina, 2017.


2.2.2 A adaptabilidade no design de moda Em vista do comportamento dos consumidores contemporâneos que estão cada vez mais informados e exigentes, o mercado da moda tenta se adequar e propor soluções de vestuário que supram as necessidades e desejos desses indivíduos, deixando espaço para que eles também possam interferir no modo em que utilizam suas roupas. (MACHADO 2011) Algumas estratégias sobre adaptabilidade estão sendo empregadas no vestuário com o intuito de

aumentar o uso e a utilidade de uma só peça. (FLETCHER & GROSE, 2011) A vestimenta que explora a adaptação e praticidade pode ser interpretado como parte do design funcional, porém pode ser encontrado com outras terminologias como: multifuncional ou reversível, modular e roupas que mudam de forma. (FLETCHER & GROSE, 2011) a seguir apresentam-se as particularidades de cada termo.

Figura 20: Referências casuais do vestuário funcional. Fonte: Site lookbook, 2017.

O vestuário funcional se caracteriza pelas roupas criadas para ofícios, performances esportivas ou questões utilitárias. Como é o caso dos uniformes militares que inspiram a moda em suas formas, cores, estampas e usabilidade. (RENFREW, 2010)

Na figura 20, estão representadas as roupas utilitárias sendo introduzidas no guarda roupa casual, temos como exemplo a popularização do uso da estampa camuflada e calça cargo dos uniformes militares, a jaqueta safari e o trend coat. (RENFREW, 2010)

As roupas multifuncionais ou reversíveis, são aquelas que proporcionam ao usuário mais de uma função e por consequência múltiplos níveis de envolvimento. Elas possuem uma única modelagem com várias maneiras de utilização, prezam pela qualidade dos materiais para que seja uma peça durável, ela pode ter ou não propriedades tecnológicas nos tecidos e sua estética é pensada para que tenha uma vida útil prolongada. (SEBRAE 2016) A marca italiana Lemuria trabalha com o desenvolvimento de peças multifuncionais com modelagens vanguardistas que atribuem uma maneira diferente de pensar sobre as peças. Em sua maioria são vestidos, mas que podem virar calças, blusas e saias. (LEITE, 2016) Figura 21: Vestido Egg. Fonte: Site Lemuria, 2017


A modularidade acontece nos produtos de moda, por meio de sistemas criados em um único item para que exista a chance de modificação, visa mais peças ocupando menos espaços, é atender as necessidades dos indivíduos promovendo a desmaterialização do guarda-roupa. (FLETCHER & GROSE, 2011) Em uma colaboração com a Nike, a designer alemã Johanna Schneider desenvolveu uma linha de roupas modulares para a prática esportiva, além de uma estética bem elaborada foram trabalhadas questões de adaptabilidade para que as mulheres pudessem transformar os seus looks conforme a intensidade da performance que iriam realizar. O resultado foram peças multifuncionais que podem formar diversas composições quando combinadas entre si. (NIKE NEWS 2015) Figura 22: Coleção modular Nikelab x JFS. Fonte: News Nike, 2015.

Dentre todos os conceitos já apresentados, a roupa que muda de forma pode ser considerada a mais desafiadora na hora de ser projetada. Quando é necessário atender necessidades não muito relacionadas em apenas um produto, o designer precisa encontrar através da modelagem e dos conhecimentos em confecção uma forma para que ambas as partes funcionem. (FLETCHER & GROSE, 2011) A coleção desenvolvida por Angela Luna foi denominada “Design for Difference”, a estudante desenvolveu roupas para os refugiados da Síria para

facilitar o deslocamento nas regiões que estão em combate. A multifuncionalidade está na mudança de forma das peças: Em coletes reflexivos e salva-vidas, casacos que viram barracas, mochilas e sacos de dormir, e algumas roupas também possuem suportes ajustáveis para carregar crianças. A designer estudou as necessidades dos refugiados e propos uma vestimenta de auxílio como uma resposta da moda que contribui para questões humanitárias. (STYLO URBANO 2016)

Figura 23: Design for difference. Fonte: Site stylo urbano 2016.

Todas essas ramificações apresentadas dentro do design de moda em relação a adaptabilidade, são muitas vezes utilizadas em conjunto e esses termos acabam sendo entendidos como parte de uma só coisa. O mais importante é que essas maneiras de pensar o produto de moda ajudam a maximizar a eficiencia das peças, desacelera o consumo e o descarte do vestuário no ambiente e prepara os indivíduos para a mudança e riscos do futuro que acontecerão em ritmo acelerado. (FLETCHER & GROSE, 2011)


As fibras sintéticas tiveram sua ascensão ao longo do século XX e são consideradas as precursoras dos tecidos tecnológicos; com elas foram abertas possibilidades para o uso dos novos tecidos em diversas áreas: Vestuário, arquitetura, medicina, área espacial, esporte e lazer. O desenvolvimento de diferentes fibras e tramas, veio da necessidade dos indivíduos de obter resistência mecânica, térmica e durabilidade em sua vestimenta. (PEZZOLO 2012) O Náilon (poliamida) foi uma das primeiras descobertas da empresa química americana DuPont em 1934. É uma fibra leve, resistente, que não retém água e nem sujeira, porém se dissolve fácil em altas temperaturas. Foi muito utilizado durante a Segunda Guerra Mundial na confecção de tendas, paraquedas militares, meias e lingerie para as mulheres. Atualmente o Náilon permanece presente nas meias femininas e ganha outras aplicações como em jaquetas, calças, mochilas e roupas para performance esportiva. (SORGER & UDALE 2009) A DuPont também foi responsável pelo desenvolvimento das fibras de acrílico (1940) que tem os aspectos da lã e é antialérgico; do lastex que é um tecido com muita elasticidade, do poliéster (1941) que não amassa e do acetato que tem a aparência da seda e seca facilmente. (SORGER & UDALE 2009) Os esportes e atividades militares foram muito importantes para trazer avanços tecnológicos para os tecidos de performance. As necessidades começaram a ser observadas na aviação, nos esportes aquáticos, no uso da bicicleta, nas corridas e nos jogos de tênis. A partir de 1940 começava a se desenvolver um novo segmento: o Sportwear, e as marcas começaram a inovar em roupas para a prática esportiva que logo foram inseridas na moda do dia a dia. Assim foram introduzidos no vestuário tecidos como gabardine e neoprene, na confecção dos têxteis as fibras de vidro, carbono e óptica. (AVELAR 2011)

Figura 24: Aplicações do Nylon. Fonte: Pinterest e StreetDeco –Etsy 2017.

2.3 A TECNOLOGIA APLICADA AOS TÊXTEIS



Figura 25: Neoprene e tecido com fibra de carbono. Fonte: Alala e Gizmodo, 2014.

O neoprene foi introduzido primeiramente nas roupas de Surf, mergulho, esqui e triátlon, hoje pode ser encontrado também em uma forma mais simplificada em jaquetas, saias, blusas e tops, sendo para performance esportiva ou não. (AVELAR 2011) O Tecido com fibra de carbono é usado pela propriedade de alta resistência e leveza. Foi utilizado em roupas militares e hoje está sendo desenvolvido pela empresa Schoeller Textiles, como tecido protetor para ciclistas em peças da marca Scott. (GIZMODO, 2014) As fibras sintéticas foram sendo aprimoradas e em geral resultaram em tecidos que trouxeram mais praticidade a vida dos consumidores: Não necessitam ser passados à ferro, são confortáveis, fáceis de lavar, secam rápido, aquecem no frio e aceleram a troca térmica no calor. Além disso, com os avanços da nanotecnologia já é possível que essa “Segunda pele” seja inteligente ao ponto de medir a pulsação e pressão arterial assim como verificar os níveis de stress presentes no usuário. (PEZZOLO 2012) Os têxteis têm alcançado avanços também na área de biotecnologia onde podem acontecer mudanças no DNA das fibras naturais como algodão, linho, rami, lã e outras. Assim os processos de produção são otimizados e os impactos ambientais causados pela utilização da matéria prima natural podem ser minimizados (BARATA 2009) A marca Qwstion em parceria com a empresa DNS (Development Never Stops) que foca no desenvolvimento dos têxteis, projetou um casaco que utiliza um tecido denominado “CottonShell”, ele é composto por algodão orgânico e inclui propriedades que repelem líquidos e sujeira. (STYLOURBANO 2015)

Figura 26: Casaco a prova d’agua de algodão. Fonte: Qwstion e Stylo Urbano 2015.


Os tecidos, fibras e fios recebem alguns tratamentos e aditivos para que possuam certas propriedades, (AVELAR 2011) a seguir observa-se quais características já podem estar presentes nos têxteis por meio da ação tecnológica:

Quadro 1: Propriedades têxteis e suas características específicas. Fonte: Avelar, 2011.

Os tecidos tecnológicos encontram-se em constante evolução, muitas descobertas e melhorias estão sendo feitas para que os têxteis tenham um ótimo desempenho. Empresas como a Dupont, Rhodia, Schoelle e Dropel fabrics lideram as pesquisas e marcas esportivas como a Nike, Adidas, Patagonia e Nothface utilizam das tecnologias para aprimorar o vestuário. Uma das mais recentes coleções da Adidas em parceria com Stella McCartney apresenta a tecnologia “Climastorm”, que protege do vento e da chuva, porém a jaqueta permanece respirável e confortável. (ADIDAS 2017) A North Face desenvolveu uma peça com propriedades similares que é originada a partir de tecidos reciclados, a tecnologia aplicada ao tecido é chamada de “DryVent” (NORTH FACE 2017)

Figura 27: Jaquetas com têxteis de propriedade tecnológica. Fonte: Adidas e North Face 2017.


2.4 CONSTRUÇÃO DO VESTUÁRIO: TÉCNICAS DE MODELAGEM A modelagem é uma das bases de construção do vestuário, ela dá forma e converte materiais têxteis em artigos de moda, como roupas, calçados e acessórios. Para aplicá-la com eficácia o designer precisa entender sobre a anatomia, estrutura, movimentos, formas e medidas do corpo humano, pois é em função do indivíduo que os produtos de moda são projetados. O método pode ser feito com vários recursos, porém as técnicas aplicadas nos primeiros processos de criação do vestuário são: A modelagem tridimensional e a modelagem plana. (SOUZA, 2008) A moulage facilita processos quando há inspirações ou formas muito complexas, a técnica otimiza o tempo gasto para confecção da peça e também pode chegar a resultados mais próximos dos desenhos feitos pelos criadores. Acima observa-se o painel de desenvolvimento de vestuário de Kieran Ho, onde estão presentes as referências que inspiraram o projeto com formas, texturas, cores, caimentos; croquis de idealização das peças e também os experimentos realizados através da modelagem tridimensional. (KIERAN HO 2012) É possível através da moulage uma visão de frente lado e costas do corpo, facilitando a identificação de eventuais problemas ergonômicos e de movimentação. Além disso alguns recursos de construção como pregas, pences, nervuras, recortes, plissados e franzidos podem ser empregados nas peças afim de obter melhores resultados. (SOUZA, 2008)

A modelagem tridimensional pode ser chamada também de “Draping”, termo em inglês ou “Moulage”, termo francês e mais utilizado. Ela consiste em trabalhar diretamente com o tecido sobre o corpo ou manequim técnico, e assim o têxtil começa a ganhar forma e explorar possibilidades de construção. A moulage pode ser utilizada como auxiliar a modelagem plana, para interpretar modelos já existentes e como forma de criação, que dá mais chance para o design inovar e trazer singularidade ao seu produto final. (SOUZA, 2008)

Figura 28: Processo de criação utilizando moulage. Fonte: Kieran Ho, 2012.


Os recursos construtivos da moulage podem abrir várias possibilidades para peças no processo de criação. Eles podem ser acrescentados com intuito de diferenciação estética como o franzido, agregar ou retirar volume com as pregas, reforçar as

costuras com as nervuras e abrir possibilidades de compartimentos e cores com os recortes. Além disso, pode proporcionar outros atributos quando esses mesmos recursos são empregados de maneiras diferenciadas nas peças.

Figura 29: Representação dos recursos construtivos da moulage. Fonte: Pinterest, 2017

Diferente da moulage, quando se trabalha com a modelagem plana há apenas uma visão bidimensional dos produtos, onde cada face é tratada individualmente. Como o próprio nome já indica ela planifica as formas, assim como nos desenhos técnicos. Ela se torna uma ferramenta facilitadora quando utilizada para produção padronizada e de larga escala, empregada nas indústrias de confecção de moda. (BOUERI 2009) Os moldes planos interpretam as formas das roupas e geralmente esse processo se inicia com retângulos que recebe vários pontos com diferentes medidas, na indústria os moldes são feitos do tamanho exato que a peça deve ter para que quando forem encaixadas possa ter mais aproveitamento do tecido. Já nas modelagens mais caseiras, o molde pode ser confeccionado pela metade como o exemplo da foto, isso requer que na hora do corte o tecido seja dobrado para obter a peça inteira.


A antropometria (Termo utilizado para o estudo das formas e medidas do corpo humano) é muito importante quando se fala em modelagem plana, pois os produtos finais só alcançarão resultados positivos se estiverem adequados ao corpo dos usuários. Uma tabela de medidas se torna fundamental para o uso da técnica, lembrando que essa tabela pode variar dependendo dos tecidos utilizados, biótipos do público alvo e da região em que se está localizado, pois os padrões e tipos físicos tendem a mudar. (BOUERI 2009) Quando as técnicas de modelagem plana e moulage são usadas em conjunto elas se complementam e potencializam criações únicas e originais. Alguns designers japoneses contemporâneos têm essa forte relação em seus trabalhos, e hoje são grandes nomes da moda. (BORBAS & BRUSCAGIM 2007) São eles: Issey Miyake, Rei Kawakubo e Yohji Yamamoto.

Figura 31: Issey Miyake e suas criações. Fonte: Clausette, Metmuseum e The new world order nyc, 2017.

Issey Miyake foi aquele que uniu o design japonês com o ocidental. Trabalhou com maisons da Givenchy e Laroche e depois abriu sua própria marca em Tóquio, desfilou com ela em Paris em 1973. Usa em suas peças as técnicas de modelagem japonesa, principalmente aquelas aplicadas nos quimonos e tornou o plissado uma de suas marcas registradas, quando se fala de recursos construtivos. (BERTO 2014)


Figura 32: Rei Kawakubo e suas criações. Fonte: Vogue e Metmuseum, 2017.

Rei Kawakubo através da modelagem experimental tenta libertar o corpo das formas de vestuário tradicionais e estabelece sua marca de vanguarda a “Comme des Garçons” (1969) que desfila em Paris em 1981 e se globaliza. A princípio Rei não é muito compreendida e seus modelos causam estranhamento, porém ela se manteve firme em suas criações afirmando que não fazia nenhum sentido criar algo que fosse previsível. (FIGUEIRO E NOGUEIRA 2015)

Figura 33: Yohji Yamamoto e suas criações. Fonte: Vogue, 2015 e Hypebeast, 2017.

Yohji Yamamoto direciona suas criações a pessoas criativas e que não sejam reféns das tendências de moda, afirma que para criar roupas não há regras, cada um deve se expressar e fazer o que acredita. Crio sua marca de vanguarda em 1971 e chega a Paris em 1981. Ele estabelece o preto como parte de sua identidade, bem como o minimalismo e as silhuetas esculturais x “oversized”. (CARVALHO E FERNANDES 2012)


Tumblr 2017

3. MATERIAIS E MÉTODOS DE PESQUISA


3.1 ANÁLISE DE SIMILARES: DIACRÔNICA E SINCRÔNICA Para uma melhor compreensão do produto e também do mercado atual, as análises diacrônica e sincrônica são ferramentas muito eficientes. Na análise diacrônica podem ser explorados os pontos de evolução dos produtos, o contexto histórico que estava inserido, aspectos culturais e hábitos que o envolvem. Fazer o levantamento de toda essa história ajuda a compreender pontos fundamentais que precisam ser mantidos e tudo que ainda pode ser inovado. Já a análise sincrônica explora o mercado atual do produto em questão, observando quais são as possibilidades já apresentadas para o público, afim de poder trazer inovações, identificar pontos fortes e fracos para que assim os produtos desenvolvidos no projeto possam propor melhorias e também se diferenciarem dos demais, se esse for o intuito.

3.1.1 Diacrônica A análise diacrônica deu foco ao produto final que será confeccionado: as jaquetas. Essa análise tem o intuito de definir as principais características da peça, como ela foi se modificando e sendo aperfeiçoada com o passar dos anos. Na linha do tempo entraram as informações consideradas mais relevantes que dizem respeito a modelagem e inovação de materiais empregados nas peças. O levantamento de dados engloba o período de: 1401 a 1978, onde ocorreram as mudanças mais significativas na criação de Jaquetas. Foi utilizado como fonte de pesquisa principal o livro “Moda ilustrada de A a Z” de Regina Marina Catellani (2003), e as demais informações foram pesquisadas em sites de moda e lifestyle.


Figura 34: Análise diacrônica. Fonte: a autora, 2017.

Segundo a autora Regina Catellani, jaquetas estão dentro da família dos casacos, seu comprimento chega até a cintura e geralmente são confeccionadas em tecidos encorpados. Para selecionar os modelos de análise, foi seguido tais critérios de definição da peça, salvo algumas exceções como a capa de chuva, que se torna importante ao projeto por causa de sua funcionalidade e a jaqueta Duster, que hoje está sendo confeccionada como se fossem jaquetas gigantes, e seu comprimento pode chegar até o tornozelo. É interessante observar que nessa primeira etapa do levantamento de dados não há a presença

de peças fechadas com zíper, pois, ele só tomou a forma que se conhece hoje entre 1912 e 1914 e as peças criadas antes dele até hoje podem ser encontradas em outras opções de fechamento. A segunda parte da linha do tempo explora os avanços de modelagem e materiais dentro do século XX. Um curioso fato sobre essas jaquetas é que muitas delas se popularizaram e se tornaram objeto de desejo a partir das celebridades de cada época; o que elas usavam em filmes, para praticar esportes e para fazer suas performances artísticas virava febre entre os jovens. Elvis Presley, James Dean, Marlon Brandon, Marilyn Monroe e Tom Cruise alavanca-


ram vários modelos como a jaqueta Harrington, a Perfecto e a Flying. Esse fenômeno continua acontecendo nos dias de hoje e muitas jaquetas são consideradas icônicas, principalmente quando estiveram nas telas de cinema. É interessante observar que o surgimento de novos materiais causa grande impacto na moda e na maneira de se vestir. A primeira estilista a utilizar zíper em suas criações foi Elsa Schiaparelli, hoje ícone da moda. O Nylon descoberto pela Dupont trouxe praticidade e conforto para o dia a dia, assim como as demais fibras sintéticas, o jeans e o couro se tornaram grandes clássicos e as roupas esporti-

vas desde 1978 vêm fazendo grandes avanços tecnológicos. Fazer o levantamento de modelagens ajudou a diversificar a geração de alternativas da coleção, os modelos foram escolhidos com base nas suas especificações e características, e no projeto pode-se perceber que as peças tradicionais que existem a muitos anos foram repaginadas e ganharam novas formas e funções, mas, sem perder sua identidade. Tendo essa base de dados sobre as jaquetas e seus materiais, foi possível explorar ao máximo tudo que essas peças podem oferecer aos usuários.


3.1.2 Sincrônica A Análise sincrônica consiste em uma pesquisa de mercado ao qual se deseja inserir um produto, para esse estudo foram selecionadas jaquetas similares que foram pensadas para diferentes segmentos e públicos, mas que contribuem para o desenvolvimento do projeto. As principais marcas analisadas foram Adidas, Off-White, Stussy e o colab da Adidas com Yohji Yamamoto. Em geral essas peças foram escolhidas para o estudo por terem foco na performance esportiva, uso cotidiano no streetwear e multifuncionalidade, as informações sobre as peças foram coletadas nos sites de cada marca específica.

Quadro 2: Análise sincrônica adidas. Fonte: Site adidas, 2017.


Analisando as jaquetas da adidas pode-se observar que a marca possui segmentações de produto, existem três principais vertentes que são: a esportiva, a casual e as colaborações, essas segmentações têm diferença de preço, modelagens e escolha de materiais; no segmento esportivo por exemplo observa-se a presença de materiais tecnológicos para melhorar a performance preços que chegam a R$ 799,99 e modelagens que trabalham recortes. Na linha casual há a presença de materiais mais comuns, preços que che gam a 499,99 e modelagens

que resgatam um estilo retrô. Nas colaborações os materiais são exclusivos, os preços chegam a $790.00 dólares e as modelagens acompanham o DNA dos colaboradores e da marca Adidas. A empresa se posiciona e se relaciona muito bem com o seu consumidor, as peças são atrativas, com bom acabamento, de qualidade e a marca disponibiliza muitas informações sobre cada uma delas, isso pode ajudar para justificar seu preço e atribuir valor aos produtos.

Quadro 3: Análise sincrônica Off-White. Fonte: Site Off-White, 2017.


A Off-White tem uma proposta de produtos mais exclusivos e feitos sob encomenda, a tabela de medidas a mostra no site é bem reduzida e trabalham a maioria das peças em apenas 2 tamanhos. Não há tantas informações sobre os produtos, porém são bem atrativos e coordenados com toda a coleção; a marca é direcionada para um público do streetwear mais vanguarda com sugestões de looks bem atípicos.

Quadro 4: Análise sincrônica Stussy. Fonte: Site Stussy, 2017.

A Stussy é uma marca consolidada no streetwear, tem uma abordagem mais tradicional que a Off-White e se apresenta com um estilo voltado ao Hip-Hop. Na análise se observou que as peças têm grande rotatividade no site da empresa, em questão de um ou dois dias as peças divulgadas já estavam fora de estoque.

A marca tem sua identidade colocada nos mínimos detalhes das peças, como: em botões, logo fixada em pequenas partes e estampas localizadas. As jaquetas recebem cortes retos e materiais convencionais, os acabamentos são de qualidade e o diferencial da marca fica na aposta de cores para a coleção.


Quadro 5: Análise sincrônica Y-3. Fonte: Site da marca Y-3, 2017.

As jaquetas da coleção Y-3 são bem diferentes de tudo que a Adidas oferece, a colaboração com Yohji Yamamoto aliou a tecnologia e inovação de materiais que a adidas dispõe com o DNA vanguardista do estilista. As peças são bem resolvidas e expressam um conceito progressivo, os aviamentos e acabamentos acrescentam muito para a composição geral, sem eles seria apenas mais uma jaqueta comum. Esse produto atinge um público bem diferente do que as outras linhas da grande marca, o preço das peças dessa colaboração são valores que estão acima da média das roupas de performance, que aqui no Brasil já ficam em torno de R$ 799,99.

Com a análise sincrônica foi possível identificar como está o mercado em relação às jaquetas e como cada empresa trabalha esse produto. Pontos fortes e fracos foram levantados e como exemplo de pontos fortes temos a relação de marca x consumidor, como apresentar os produtos de forma a envolver o espectador, a impressão da identidade da marca nas peças e o cuidado com os detalhes. Já como pontos fracos temos exemplo de grade muito limitada de peças em algumas marcas e acabamentos que poderiam ser ainda melhores. A intenção dessa análise é ver como as marcas estão se posicionando e indentificar as melhorias que podem ser propostas nas peças e também na marca que se construirá nesse projeto.


3.2 PESQUISA DE SEGMENTO Para poder se inserir melhor no mercado, a pesquisa de segmento contribui para dar uma visão geral de como está o nicho do streetwear. No referencial teórico se explorou as origens da moda de rua e aqui pretende-se ter uma compreensão das características principais de marcas, comunicação, estilo de produto e abordagem com o público. O canal de pesquisa principal foi o site STREETWEAR BR, ele é focado em moda e comunica as principais notícias das marcas de vestuário do nicho. O site também conta com um menu que separa os itens publicados entre streetwear, footwear, marcas nacionais e matérias especiais; pode-se observar com isso, quais são os principais produtos de interesse dentro da plataforma para o público. As marcas que o site apresenta possuem uma estética bem característica e que facilmente são identificadas por se tornarem quase um padrão: Roupas lisas ou com estampas localizadas, algumas marcas apostam nas estampas corridas, mas não com tanta frequência; uso de escrita nas camisetas e jaquetas no peito, costas e nas mangas; cores bem contrastantes e vibrantes quando não se utiliza do preto, branco e caqui. É claro que existem algumas marcas que trazem uma proposta diferente, como é o caso da Supreme e Off-white. Uma característica do streetwear é apresentar produtos que podem ser usados sem restrição de gênero. A maioria das marcas apresentam suas coleções em figuras masculinas pela predominância de homens como público-alvo, porém, as roupas

femininas quando aparecem se aproximam muito do estilo das roupas oferecidas para os homens. A comunicação visual das marcas sobre seus produtos é bem interessante, a produção em cima das fotos e vídeos das coleções exibem pessoas cheias de atitude, personalidade e que se diferenciam por pequenos elementos de estilo pessoal e assim se estabelece o diálogo com o público. O estilo das roupas e das pessoas que utilizam é urbano, o uso de peças clássicas e indispensáveis como o jeans, xadrez e camisa de alfaiataria também formam as características do nicho; há uma grande apreciação pelo uso de tênis e acessórios como bonés, chapéus e pochetes com uma pegada esportiva. O painel sintetiza e exemplifica as características do nicho, as fotos foram retiradas do site STREETWEAR BR e as marcas presentes são: Supreme, Local Heroes, Kaos Choices, High Company, Stay Cool, Syndicate Original e Wasted Paris. Existe uma percepção sobre o resgate ao estilo retrô e anos 90 que as marcas estão abordando na atualidade. O streetwear é global e isso fica nítido ao comparar as marcas nacionais e internacionais; a aproximação estética delas é bem forte e as características levantadas no texto se aplicam a todas as marcas independentemente de onde elas estão localizadas geograficamente. O nicho também é cenário de muitos “colabs” que fortalecem nomes, misturam estilos e deixam os consumidores cheios de novidades.


Figura 35: Segmento streetwear. Fonte: STREETWEAR BR, 2017.


3.3 PÚBLICO ALVO Para que um produto seja efetivo no mercado, é necessário fazer uma análise sobre público-alvo. Hoje já não é tão simples criar um produto que sirva para todos e que chegue às grandes massas, existem muitos itens em circulação no mercado e a cada dia surgem produtos novos. Segmentar as características de público tendo como base a faixa etária, classe econômica, hábitos de consumo, gostos, particularidades e modelo de estilo de vida podem auxiliar na construção de um produto mais focado, particular e que tenha mais chances de atrair os consumidores.

3.3.1 Os millenials O público alvo escolhido para estudo e desenvolvimento das jaquetas multifuncionais foram os millenials, que também são conhecidos como a geração Y. Segundo os estudos da Box 1824 que trabalha com pesquisa de tendências em consumo e comportamento, a geração Y abrange todos aqueles que nasceram dos anos 80 até 2000. A escolha da geração millenials se deu pelas características que ela possui e que vai de encontro com o que pode ser visto dentro do nicho do streerwear, em vista de que muitos dos criadores e representantes dessas marcas fazem parte dessa geração. Os millenials são pessoas mais abertas que seus pais (da geração X) e conseguem aceitar com facilidade as mudanças que ocorrem com a sociedade, e no pensamento coletivo. São pessoas instantâneas, que assim foram acostumadas por conta dos avanços tecnológicos e do fácil acesso a informações que se teve com a chegada da internet. As pessoas estão conectadas a todo momento e podem fazer inúmeras conexões em volta do mundo sem sair do seu próprio quarto. A internet contribuiu para criar indivíduos globais e para abrir as portas do conhecimento; se existe uma dúvida o google está ali para responde-la. O interesse em exercer mais de uma função é recorrente na geração Y e ela se mostra autodidata para aprender várias coisas ao mesmo tempo: é possível ser DJ, estudar publicidade e ainda saber cozinhar. No ambiente de trabalho os millenials são criativos e buscam inovações nos modelos de negócio padrão. Não se conformam com uma rotina e preferem realizar trabalhos movidos pela paixão mais do que pelo seus interesses econômicos, vale a pena fazer aquilo que se gosta! Por isso, eles não permanecem muito tempo em trabalhos exaustivos

e coorporativos que não acrescentam em seus princípios pessoais. Eles são os precursores de um novo tipo de economia, um modelo coletivo e colaborativo que é possível acontecer através da internet. São indivíduos que compartilham suas vidas nas redes sociais, gostam de afirmar sua personalidade e não gostam do “parecer normal”, eles não escondem suas diferenças e as expressam como uma forma de ser notado. Os estilos pessoais são fluidos e globais, não é mais necessário seguir apenas uma tribo ou subcultura, os indivíduos podem optar como se comportarão dia após dia e assim surge uma geração plural. Mas toda essa globalização e acesso total a informações deram origem a indivíduos com ansiedade crônica, pois comparam suas vidas com a de milhares de pessoas e celebridades sem saber se aquilo que elas vivem é realmente verdadeiro; por serem pessoas instantâneas buscam alcançar resultados de forma imediata e são menos resilientes a frustrações e fracassos. Ainda assim, são jovens que estão prontos para ocasionar mudanças no mundo e são inspiração para pessoas mais novas e também para os mais velhos. Os millenials que se inserem dentro do nicho do streetwear e que se deseja alcançar circulam nos espaços urbanos, buscam praticidade e conforto no dia a dia. São pessoas ligadas à sua imagem, gostam de expressar seu estilo pessoal buscando por peças não convencionais e que reforcem sua atitude. Valorizam itens de boa qualidade e durabilidade, porém buscam por preços acessíveis a sua realidade econômica, pertencem a classe B ou C. Frequentam locais alternativos e se locomovem de ônibus, carro, bicicleta e também a pé. Tem interesses na arte, música e cultura urbana.


Figura 36: Painel de pĂşblico alvo. Fonte: a autora, 2017


3.4 CRIAÇÃO DE MARCA O processo de criação da marca se iniciou com a escolha do nome, levando em consideração o produto (jaquetas) e também o público alvo inserido no nicho do streetwear. Através da técnica da construção de mapas mentais, foram colocadas as principais palavras, seus sinônimos, significados e coisas relacionadas; assim surgiram algumas opções relevantes e o nome escolhido para a marca foi “ÁZIGO”, significando: aquele que não tem par = ímpar. Único.

Figura 37: Mapa mental nome da marca. Fonte: A autora, 2017.

Depois de definido o nome iniciou-se o processo de criação do DNA da marca. O DNA se traduziu em seis palavras que ajudam a definir a personalidade, posicionamento e o que a marca deseja transmitir aos consumidores. A seguir estão apresentadas as palavras e o que elas representam no DNA: Único: Cada pessoa é singular, tem suas características e particularidades. “Não se compare!” é a frase que impulsiona as ações da ázigo. Plural: Vivemos em uma sociedade de diferenças e todas devem ser aceitas e respeitadas, somos únicos mas vivendo em coletivo, somos plurais.

Atitude: É uma expressão da juventude, que é livre e que tem o poder e disposição de potencializar ações. Diferente: A marca explora e busca pelo diferente, não seguir padrões. “Seja você mesmo!” Transformação: A ázigo quer estar sempre em movimento, trazendo transformações para o vestuário. Essa palavra também se refere a modularidade que possibilita fazer mudanças nas peças, proporcionando várias opções ao usuario. Urbano: Marca com foco na moda urbana de rua, com propostas para facilitar o dia a dia.


Figura 38: Painel DNA da marca. Fonte: A autora , 2017.

Para melhor visualização do DNA da marca foram construidos dois painéis. O painel da figura 39 foca diretamente nas palavras e como elas estão representadas ao olhar da marca, seguindo seu estilo e estética e seu propósito. Já o segundo painel, (figura 40) se concentra apenas no estilo, focando no vestuário, ambiência e elementos de lifestyle que conectam o público e a marca.


Figura 39: Painel de estilo. Fonte: A autora, 2017.


A logo marca foi criada a partir do DNA apresentado e também segue a estética já presente dentro do nicho do streetwear, com o intuito de se identificar com o público e se aproximar das marcas já inseridas na moda street. Foram feitos vários testes com variações de fonte, cores e também estilos de diagramação; com efeitos de distorção e tridimensionalidade. A figura 41 apresenta alguns dos testes já em etapa final da criação da logo com as aplicações descritas acima. As cores que formam a identidade visual da marca foram definidas nessa etapa, com base principalmente nos painéis de DNA e estilo. A logo foi experimentada até chegar ao resultado satisfatório, e foi projetada com a finalidade de compor com harmonia as jaquetas, sacolas, tags, elementos visuais e digitais que fazem parte do universo da marca.

Figura 40: Etapa de testes logomarca. Fonte: A autora, 2017.

Figura 41: Resultado final logo. Fonte: A autora, 2017.

Com a logo definida, foram feitos alguns testes de cor para compor o fundo, levando em consideração as cores da identidade visual da marca. Todas as cores que foram definidas respondem de forma positiva à cor da logo e formam uma boa composição, destacando e deixando a escrita com visibilidade.

Figura 42: Aplicações da logo. Fonte: A autora, 2017.


Para testar a identidade visual da ázigo foi feito um mockup da sacola plástica, que seria translucida ou em cores vivas. Esse seria um dos modelos de embalagem da marca .

Foram fabricados alguns patches como uma alternativa que substitui as etiquetas padrões das marcas; sabendo que a maioria das jaquetas da coleção são dupla face, essa seria uma maneira de identificação da marca ázigo em suas peças de roupa. Já os adesivos foram produzidos com o intuito de divulgação da marca ao estilo do público, eles exibem a logo e foram testados em papel adesivo branco e transparente para verificar qual seria a opção que ganharia mais destaque.

Figura 43: Mockup embalagem. Fonte: A autora, 2017.

Figura 45: patches e adesivos ázigo. Fonte: A autora, 2017. Figura 44: Referência de rótulo. Fonte: Pinterest, 2017.

Para explicar o funcionamento das jaquetas uma alternativa interessante que se deseja adotar é a criação de um rótulo que envolve as peças na hora de sua comercialização. Esse rótulo viria com todas as informações sobre a o modelo, a marca e também mostraria todas as opções de uso que a jaqueta possibilita.


3.5 PESQUISA DE TENDÊNCIAS O estudo de tendências teve como principal fonte as notícias e temas divulgados pela WGSN para 2018-2019 no site Fashion Bubbles e também os moodboards apresentados pelo Pattern Curator para 2017-2018. Como uma macrotendência identificada pela WGSN, ligada ao comportamento e diretamente relacionada com a moda nasce a “Nostalgia jovem”, onde o passado é utilizado como referência para as criações, mas, com releituras mais livres e que sugerem a sobreposição de vários temas. Essa abordagem se apresenta de forma jovem e desprendida, que foge do óbvio e que expressa a atitude das subculturas, a utilização de materiais atuais renova o passado e ainda assim criam peças que podem soar familiares. (HESS, FRANCIELI 2017) Explorando a tendência “Nostalgia jovem” é possível já identificar na atualidade alguns indícios desse comportamento macro. No painel, temos referências de 2016 até os dias de hoje que confirmam essa previsão do resgate ao passado. Os seriados estão

Figura 46: macrotendência Nostalgia Jovem. Fonte: a autora, 2017

abordando estéticas antigas com os materiais e equipamentos modernos, fazendo releituras jovens e até propondo a continuação de histórias já contadas, como é o caso do seriado Twin peaks.(19902017) O seriado Stranger Things teve sua primeira temporada exibida com sucesso em 2016 e trouxe o hit “Should I Stay or Should I Go” (1982) da banda The Clash de volta aos ouvidos dos espectadores. Percebe-se a influência dos anos 80 também nos trabalhos atuais da banda Paramore. A estética dos anos 90 também têm sido referência para inúmeras áreas e pode-se encontrar facilmente na moda nas coleções das marcas de vestuário Ader error e Local Heroes, que estão fazendo sucesso com uma pegada jovem e cheia de atitude. No projeto o intuito será trabalhar a tendência “Nostalgia jovem” cruzando os dados da análise de similares diacrônica para trazer modelagens de outras épocas com uma nova proposta, já na parte estética, o enfoque se dará nas décadas de 80 e 90.


Será aplicada ao projeto também uma microtendência visual, que foi identificada pelo Patter Curator para 2017-2018 e foi intitulada “Scratch pad” (caderno de rabiscos), onde há a presença de palavras manuscritas, ícones e traços orgânicos interagindo com o espaço em que estão sendo aplicados (roupas, sacolas, fotos, revistas, bolsas, etc). A tendência será explorada nas estampas da coleção, na identidade visual da marca, na composição dos painéis e layout do projeto completo.

Figura 47: microtendência Scratch pad. Fonte: a autora, 2017.


3.6 TEMA DE INSPIRAÇÃO

Para uma identificação com o público alvo e fortalecer os demais aspectos do projeto, o tema escolhido para a coleção se denomina “FRAGMENTUM”, palavra do latim que significa fragmento. Essa palavra pode ser entendida como algo que faz parte de um todo, uma fração, um pedaço; o que resta de algo antigo; parte extraída de um livro ou um discurso. A ideia seria passar a mensagem em forma de um diálogo, uma conversa com o receptor. Isso seria feito para aproximar a pessoa que está lendo ao texto em questão, pois provavelmente diz respeito a ela boa parte desse conceito. É importante saber que o conceito foi pensando como uma forma de reforçar a identidade da marca, que tem um discurso de expressão da personalidade dos indivíduos, atitude e força. Além disso, a coleção de jaquetas foi projetada para ser modular, onde as peças se dividem em partes, que também são fragmentos. O painel faz referência ao tema e conceito, nele pode-se identificar elementos como: repetição, ruptura, fragmentação e harmonia; que serão traduzidos para a coleção em formas e em estampas. Ele expressa a atitude jovem e aplica as tendências na escolha das fotos, elementos, disposição e diagramação. O painel será a principal fonte de inspiração para a cartela de cores.



— “Quando sugerimos que fragmento é aquilo que faz parte de algo maior, podemos facilmente relacionar com os indivíduos atuais e seu comportamento, nós somos globais, fazemos parte de uma sociedade, de um todo. Hoje, podemos identificar uma predisposição de pessoas mais abertas a mudanças, que assim constroem e desconstroem sua personalidade com fragmentos de suas experiências pessoais, corporativas e coletivas. Somos uma força, uma versão melhorada, somos plurais. Vale lembrar que nossa vida é compartilhada em pedaços, e que fica exposto nas redes sociais apenas frações do nosso dia a dia, aquilo que consideramos valer a pena mostrar e que queremos nos lembrar futuramente. Queremos ser um pouco de tudo, e tudo está ao alcance de nossas mãos, somos flexíveis e instantâneos. Assim como pedaços de vidro que se quebram se transformam em inúmeros outros pedaços irregulares, nós indivíduos fragmentados em sociedade somos únicos, somos diferentes dos outros, somos ímpares!


3.7 MIX DE PRODUTO O mix da coleção foi pensado de forma a ter poucas peças, mas que essas sejam bem completas e resolvam as propostas iniciais do projeto, afim de oferecer aos usuários várias opções de look dentro de uma jaqueta modular. O item “básico” do mix foi alterado para “clássico” e apresentará modelos de jaquetas consideradas tradicionais na cultura atual. Como é o caso da parka, bomber e corta vento. O Item fashion terá mais curvas nas composições, estampas e vai trazer modelagens não tão exploradas, como é o caso da

Tabela 1: mix de produto. Fonte: a autora, 2017.

jaqueta Harrington; haverá também uma versão atualizada da capa de chuva e uma bomber sem a presença das ribanas características. Já como modelos de vanguarda, a proposta será de uma corta vento que se desmembra completamente e de uma jaqueta Duster com seu comprimento padrão até os tornozelos. O mix também foi projetado para equilibrar as peças entre curtas, médias e longas; tipo de forração; estampas e propriedades tecnológicas dos tecidos.


3.8 GERAÇÃO DE ALTERNATIVAS A geração de alternativas seguiu as especificações iniciais do mix de produto e assim foram criados alguns modelos para seleção. A princípio não foram feitas muitas alternativas, porém, cada uma delas foi pensada para ser modular e oferecer ao usuário de 2 a 16 maneiras de serem usadas. Além disso foi explorado desde a etapa da geração de alternativas a questão de manter elementos que proporcionassem unidade para a coleção, como as curvas das cavas, bolsos, acabamentos, etc.

Figura 48: Geração de alternativas. Fonte: a autora, 2017.


3.9 COLOR STORY O color story foi desenvolvido após a escolha das alternativas e finalização prévia do mix de produto, ele proporciona uma visão da coleção, dos materiais e cores que irão compor cada peça. A ferramenta do color story ajuda a trazer equilíbrio para o conjunto de alternativas, de modo que todos os materiais e cores sejam bem explorados. Para essa etapa se concretizar, trabalhou-se muito com as alternativas geradas, o mix e o color story até chegar nos resultados satisfatórios.

Figura 49: color story. Fonte: a autora, 2017.


4. RESULTADOS

By Yasmim Rodrigues, 2017.


4.1 CARTELA DE CORES A cartela de cores segue as principais nuances do painel de tema, mas também se atenta a limitação de cores dos tecidos. Antes de fechar as cores da coleção foi feita uma pesquisa com os fornecedores de matéria prima para verificar as possibilidades.

Figura 50: cartela de cores. Fonte: a autora, 2017


4.2 CARTELA DE TECIDOS Os tecidos foram escolhidos a partir das principais funções que as jaquetas precisavam exercer: conforto térmico, impermeabilidade, resistência e ser respirável. Nem todas as peças possuem todas as propriedades, elas foram distribuídas e equilibradas nas 8 peças. Encontrar os tecidos tecnológicos não foi uma tarefa fácil, os fornecedores ainda são muito distantes do alcance de negócios pequenos e iniciantes, por isso a cartela de tecidos apresenta tecidos que estão no mercado local e que podem oferecer as propriedades desejadas.

Figura 51: cartela de tecidos. Fonte: a autora, 2017


4.3 CARTELA DE ESTAMPAS Foram desenvolvidas duas estampas para compor a coleção, ambas são estampas corridas que se coordenam com as cores e modelagens de todo o conjunto. A estampa fragmento, busca referências no painel tema e remete a situações cotidianas de forma misteriosa; ela recebe os traços de um desenho livre feito a mão sobre a estampa e cores claras suaves. Durante as pesquisas sobre modelagens, materiais e público-alvo o xadrez foi um ele-

Figura 52: cartela de estampas. Fonte: a autora, 2017.

mento muito recorrente, ele está ligado a cultura de rua e subculturas jovens. O intuito foi desenvolver uma estampa que permanecesse na marca, não somente para essa coleção; o xadrez foi construído em três etapas: primeiro uma organização de quadrados de forma despretensiosa, segundo uma sobreposição de linhas quadriculadas em branco e preto e por fim, uma variação de cor para harmonizar com o color story.


4.4 CARTELA DE AVIAMENTOS Os aviamentos são fundamentais para o bom funcionamento dos mecanismos das jaquetas modulares, então a pesquisa e atenção com a qualidade dos itens foram avaliados para que sejam duráveis e desempenhem sua função com praticidade. Esses materiais, assim como os tecidos tecnológicos, não estão disponíveis em qualquer fornecedor o que influencia nos preços desses aviamentos, que recebem ajustes ficando acima dos valores convencionais.

Figura 53: cartela de aviamentos. Fonte: a autora, 2017.


4.5 SELEÇÃO DAS ALTERNATIVAS

Figura 54: Croqui parka 2.0 Fonte: A autora, 2017

A seleção das alternativas aconteceu juntamente com o processo de mix de produto e color story, cada modelo teve que passar por uma avaliação de viabilidade prévia para identificar os possíveis erros e questões de mal funcionamento do sistema modular. A coleção foi projetada para oferecer dois esquemas de combinação de cores por modelo, então das 8 peças desenvolvidas o usuário tem 16 opções que se diferenciam.





Figura 55: Croqui corta vento รกzigo. Fonte: A autora, 2017.




Figura 56: Croqui bomber fragmento. Fonte: A autora, 2017.




Figura 57: Croqui bomber 2.0 Fonte: A autora, 2017.





croqui

Figura 58: Croqui harrington รกzigo. Fonte: A autora, 2017.




Figura 59: Croqui capa de chuva 2.0 Fonte: A autora, 2017.





Figura 60: Croqui corta vento 2.0 Fonte: A autora, 2017.





Figura 61: Croqui doudone fragmento. Fonte: A autora, 2017.





4.6 TODAS AS ALTERNATIVAS Ao fazer o levantamento teórico percebeu-se a importância das funções do produto e assim uma lista de requisitos das funções práticas, estéticas e simbólicas foi feita para fazer com que os produtos finais fiquem completos e atendam às necessidades do público, sejam elas supridas por meios da funcionalidade, laços afetivos ou preferências visuais.

Quadro 6: Lista de requisitos coleção fragmentum. Fonte: A autora, 2017.

A coleção foi projetada para oferecer ao usuário aproximadamente 80 looks com apenas 8 modelos diferentes, alguns apresentam 4 alternativas de uso e outros chegam a 18. Isso só foi possível por causa da modularidade empregada nas peças e o tipo específico de modularidade escolhido para ser trabalhado foi pelo método de bus, que secciona

Figura 62: Alternativas e paleta de cores. Fonte: A autora, 2017.

a peça e cria os módulos, onde eles são projetados para encaixar e desencaixar da estrutura padrão. A coleção também foi pensada em duas paletas de cores diferenciadas e não tem distinção entre feminino e masculino na usabilidade dos modelos, apenas na modelagem final que se adequa às particularidades e proporções de cada corpo.


Fragmentum. Figura 63: coleção fragmentum. Fonte: A autora, 2017.



4.7 PROCESSO DE FABRICAÇÃO Primeiramente os modelos passaram por uma etapa de definição de aviamentos e acabamentos, principalmente pela questão dos mecanismos que cada peça possui. Depois de avaliar as melhores alternativas foram feitas peças pilotos nos materiais definitivos ou muito próximos aos finais, para ver o funcionamento dos mecanismos e também o caimento da peça no geral. As peças pilotos viabilizaram os modelos que antes só estavam no papel e passaram por uma análise de funcionamento, materiais, conforto, atratividade, usabilidade, acabamentos, modelagem e melhorias. Essa análise foi feita com usuários e também pela parte técnica de quem idealizou os modelos para ver se tudo estava de acordo. Nessas peças foram identificados problemas com o tecido, modelagem, acabamentos, os mecanismos de funcionamento dos aviamentos estavam muito complexos e alguns não estavam correspondendo às funções como o esperado. Essa etapa da confecção das pilotos foi muito importante o projeto, principalmente para identificar tudo que necessitava ser aperfeiçoado para os modelos finais. Para a segunda versão das jaquetas, foram repensados todos os pontos levantados acima e como as peças poderiam ficar ainda mais ergonômicas e confortáveis para o usuário. Muitas questões de usabilidade entraram em discussão juntamente com a modelista e pilotista para que os resultados desses modelos fossem muito melhores que os primeiros.

Depois de bastante análise e de verificar as melhores alternativas as peças começaram a ser modeladas e foram para o processo de confecção. As jaquetas foram projetadas para serem dupla face ou totalmente forradas, essa questão aliada aos mecanismos de funcionamento fez com que as peças ficassem um tanto complexas; o processo de fechamento precisou ser bem pensado antes mesmo de começar a juntar as partes, pois cada etapa foi muito importante para obter bons resultados. Cada peça demorou em torno de 2 dias e meio para ser fechada e totalmente acabada, onde todas apresentavam uma complexidade diferente; algo na peça poderia dar muito certo ou muito errado. Na jaqueta harrinton a dificuldade estava na junção dos tecidos (microfibra e dryfit), na parka o elemento de incerteza foram os ombros que poderiam ficar estruturados demais e causar volume indesejado e na corta vento o maior desafio foram os fechamentos dos ombros. Os resultados das peças foram satisfatórios e todas as propostas para as jaquetas foram muito acertadas. Essas novas versões possuem alguns elementos que ainda podem ser reavaliados e aperfeiçoados até que as jaquetas apresentem a sua melhor maneira de funcionamento, conforto e visual. É válido ressaltar que encontrar um profissional que esteja aberto a novas possibilidades, tenha conhecimento de modelagem, acabamentos e processos de costura é muito importante e faz toda a diferença no processo de construção das peças.


Figura 64: Processo de fabricação das peças. Fonte: Leticia Aleoti, 2017.


Fotos by Yasmim Rodrigues, 2017.


4.8 PRODUÇÃO FOTOGRÁFICA


4.8.1 Look Book O look book explora algumas das possibilidades que as peças apresentam. Aqui estão registrados os detalhes e as particularidades das jaquetas ázigo - coleção fragmentum.

Figura 65: Lookbook da coleção. Fonte: A autora, 2017.

















Figura 66: Editorial fragmentum. Fonte: A autora, 2017.


4.8.2 Editorial O editorial te leva ao universo ázigo e apresenta uma locação construída à gosto do público. Cheia de fragmentos e marcas das pessoas que passaram por ali, você conhecerá os cenários da “Pistinha de skate do júpter” SJP.





















5. DISCUSSÃO E ANÁLISE 5.1 ANÁLISE ERGONÔMICA As jaquetas entraram em uso e foram avaliadas em sua ergonomia, alguns pontos podem ser levantados em relação a cada uma delas: Harrington ázigo - Por possuir dois tecidos com diferentes graus de elasticidade, a face em dryfit estampado acaba limitando a face azul em microfibra em alguns casos. Se a pessoa que está usando a peça for exatamente das medidas que ela possui, provavelmente a face em microfibra acabará aparentando ser apertada e a face em dryfit fica com folga normal para movimentação. Quando a mesma peça foi provada por outro usuário que possuía algumas medidas a menos que a jaqueta a mesma não apresentou nenhuma dessas características de limitação de movimentos. O bolso ciclista que fica localizado nas costas havia apresentado problemas na peça piloto e nessa nova versão ficou em uma altura considerável e que o usuário consegue facilmente acessar, o volume excessivo foi retirado ao colocar um zíper e costurar o bolso de forma embutida na peça. A gola da versão final da jaqueta ficou um pouco menos estruturada que na piloto e isso foi considerado um ponto a ser melhorado, o cós e os punhos foram feitos em ribana dessa vez o que melhorou muito os acabamentos da peça, mas ainda pode ser testado de outras maneiras. Parka 2.0 – Desde a confecção da piloto a peça teve seu comprimento alongado, o ombro passou por ajustes para tentar eliminar o volume e os fechamentos no geral foram simplificados. A peça é bem complexa e proporciona muitas opções de uso, um ponto a ser levantado é que para fazer todas as trocas possíveis exige do usuário alguns minutos, não é uma peça tão ágil. Por outro lado, quando se leva em consideração as possibilidades da jaqueta, perder um pouco mais de tempo para customizar o modelo à sua maneira pode ser uma grande vantagem. O volume indesejado nos ombros permanece nessa nova versão, porém foi diminuído ao máximo; o que causou essa falha foram os zíperes de metal combinados ao tecido rígido (ripstop) e as curvas da cava. Trocar o tipo de fechamento nas mangas ou abaixar ainda mais os ombros podem ser alternativas para as próximas experimentações da parka 2.0


Corta vento 2.0 - É a peça mais desafiadora da coleção e sua proposta é bem inusitada, ela se desmembra totalmente e oferece ao usuário mais de 20 combinações. Por ser uma peça dupla face e desmontável ela necessita ter os mesmos fechamentos em todas as suas extremidades, como se precisasse ter “polos positivos e negativos” na mesma superfície. No caso da jaqueta ela foi feita com o cursor e o encaixe do zíper nas mesmas partes pois dependendo do modo que será posicionada a peça uma das partes do zíper será usada e a outra ficará vaga; para resumir o raciocínio, cada extremidade da jaqueta possui um zíper completo... É um tanto complicado entender o mecanismo na teoria, mas na prática ele funciona! Para que os fechamentos laterais, meio frente e meio costas funcionem há um total de 8 zíperes que fazem os mecanismos da troca darem certo, além desses aviamentos as mangas e os ombros são fechados por botões caseados, que proporcionaram um resultado estético muito interessante e funcionam perfeitamente; outros aviamentos foram testados anteriormente, mas, não cumpriram a função como o esperado. Um ponto que precisa ser comentado sobre a versão final da corta vento é que sua estampa fragmento foi colocada de ponta cabeça, um detalhe que se perdeu em meio às outras questões de funcionamento da peça.

No geral, as peças cumprem muito bem a sua função e a modularidade realmente acontece. O zíper é um aviamento fundamental para a praticidade das peças e foi explorado em todas elas de modos diferentes: sendo destacável, convencional, dupla face e duplo. A preferência pelos zíperes de dentes metálicos se deu pela sua resistência, que ajudam a dar segurança na peça pois eles não abrem com tanta facilidade como os zíperes com dentes de plástico já testados nas peças piloto. Sabendo dessa resistência, foram assumidos os riscos da possibilidade de estruturação em algumas partes das jaquetas, como aconteceu com as mangas da parka 2.0. O visual das peças ficou bem característico da coleção e com a unidade esperada. Os bolsos, acabamentos e aviamentos reforçam essas características e a opção de zíperes e demais aviamentos aparentes faz parte da proposta da coleção. Houve harmonia entre as peças, as cores e estampas.


5.2. ANÁLISE DE VIABILIDADE Para análise de viabilidade foram levantados alguns pontos principais: fornecedores, materiais e custos. Cada um desses tópicos será explorado a seguir:

pas em sublimação e proporcionarem toque e caimento desejado nas peças. Para concluir, a escolha de materiais se deu principalmente pelas suas características e propriedades dentro das aplicações que eram necessárias para o projeto, os materiais utilizados atenderam aos requisitos desejados nas jaquetas.

Fornecedores: A princípio o intuito do projeto seria usar tecidos com propriedades tecnológicas, esses tecidos estão sendo bastante noticiados no cenário Custos: Somando todos os itens necessários para da moda e prometem ser um passo para o futuro. que as jaquetas saíssem como o projetado, foi gasto Os fornecedores desses materiais inovadores são as um total de R$ 1.598,90 reais distribuídos em: grandes empresas internacionais e algumas poucas nacionais. Foi muito difícil encontrar fornecedores de tecidos tecnológicos que atendessem pequenas e microempresas, o contato foi breve e com possibilidades muito limitadas de conseguir os produtos; pelo tempo estipulado para o desenvolvimento do projeto a melhor opção foi abrir mão dessa inovação e trabalhar com materiais mais acessíveis. Já em relação aos fornecedores de aviamentos, foi feito um levantamento do material desejado na região de Curitiba e foram encontradas opções limitadas e alguns dos itens necessários para o desenvolvimento do projeto foram encontrados somente em São Paulo-SP. Para concluir a parte de fornecedores, poTabela 2: Custos das peças. Fonte: A autora, 2017. de-se perceber que a região não acompanha tão rapidamente os avanços na área têxtil e de aviamenO custo médio de cada jaqueta ficou em R$ tos e que é válido averiguar as opções de compra 532,96 reais, esse valor está no limite do que se espela internet. pera cobrar do consumidor final por cada peça. Será Materiais: Como citado anteriormente a opção de necessário analisar os fornecedores e demais itens trabalhar com materiais tecnológicos teve de ser para reduzir os custos de cada peça para atender descartada e durante algumas visitas a lojas de teci- ao público. É importante lembrar que compras em do foi constatado um novo segmento de produtos grandes quantidades seja de tecidos, fabricação de se destacando: os tecidos workwear (para trabalho). estampa e aviamentos pode reduzir os preços; ter a Essa foi uma das soluções encontradas para agregar modelagem reduz o custo de confecção das peças propriedades mais avançadas e tecnológicas como e outros processos podem ser otimizados. proteção solar, resistência e absorção; os materiais Para que as peças se tornassem viáveis toescolhidos para dar destaque nas jaquetas foram: rip stop que possui a tecnologia Cordura, dando dos esses pontos descritos acima tiveram que ser mais resistência ao tecido contra perfurações, ras- analisados e algumas decisões não saíram como gos e formação de pilling; o nylon que trouxe para a planejado no início do projeto. Para que as jaquetas coleção a propriedade de peças impermeáveis, que sejam comercializas uma serie de ajustes nos fornenão precisam ser passadas e que isolam a tempe- cedores, quantidade de tecido e aviamentos, tipos ratura; e o dryfit escolhido principalmente pela sua de estamparia e bordado precisam ser feitos a fim propriedade de absorção e respirabilidade. Outros de oferecer custos mais baixos, tentando não permateriais foram utilizados como a microfibra e a sar- der a qualidade para colocar as jaquetas à preços ja, por serem as melhores opções para fazer estam- competitivos com outras marcas do streetwear.


5.3. VALIDAÇÃO COM USUÁRIOS A validação com o usuário aconteceu com a prova, explicação dos mecanismos e funcionamento das peças, quatro pessoas passaram pela experimentação sendo duas do sexo feminino e duas do sexmo masculino. Após a prova foi enviado para cada pessoa um questionário online de validação, a seguir apresentam-se os resultados da pesquisa:

Quadro 7: Análise de viabilidade com usuários. Fonte: A autora, 2017.

Com a validação foi possível perceber que as peças agradaram os usuários e as que mais chamaram a atenção foram a harrington e a corta vento. A parka não foi muito citada, porém não deixou de ser uma das peças que seria comprada e usada no dia a dia. Segundo os entrevistados os mecanismos trazem praticidade para as peças, porém, possui um grau intermediário de dificuldade na hora das transformações, é necessário ter atenção.

O fato de conter vários zíperes na composição das jaquetas, não prejudicou a ergonomia e os usuários se sentiram confortáveis como se estivessem usando qualquer outra peça que não possui tais aviamentos. Além disso os usuários comentaram sobre os aviamentos a mostra que foi um ponto positivo no visual das jaquetas. Para concluir, os usuários deixaram seus comentários sobre a coleção e avaliaram as peças como versáteis, multilook, muito interessantes e que traz uma nova proposta.


6. CONCLUSÃO O projeto passou por várias fazes e todas elas foram muito importantes para os resultados finais. As dificuldades encontradas com os materiais tecnológicos fizeram com que outras alternativas fossem avaliadas para poder concluir todos os objetivos estipulados para o trabalho. A pesquisa e levantamento de dados foi parte essencial para o desenvolvimento da coleção, muitos itens foram solucionados e tiveram bom êxito pela bagagem de conteúdo que se reuniu ao longo do processo sobre os temas que seriam trabalhados. A pesquisa também contribuiu para novos olhares sobre o nicho do streetwear e como adentrar nesse mercado, com elementos de aproximação das características principais e sabendo onde pode ser proposto algumas inovações. As orientações levaram o projeto a sua melhor versão e contribuíram nos processos de construção de conteúdo, escolhas direcionadas ao nicho e também a considerar pontos de vistas diferentes, daqueles que estão um pouco mais de fora desse intenso processo de criação. Todas as opiniões e críticas foram valiosas e bem aproveitas. A coleção trouxe uma nova proposta de modelos complexos e que exigem conhecimento de modelagem, costura e acabamentos. Todas essas competências foram adquiridas ao longo do curso e não houve muitas dificuldades em trazer novas soluções para às peças. A parte de experimentação ajudou a perceber como os acabamentos iriam se comportar com determinados tipos de tecido e qual a melhor maneira de aplicar e se adequar ao projeto. Ao final as peças alcançaram resultados satisfatórios, mas que ainda podem passar por melhoramentos pois fazer peças modulares implica em pensar em várias questões que vão além das características de jaquetas comuns. É preciso inovar e ter a cabeça aberta a novas possibilidades. Um dos questionamentos sobre as peças multifuncionais e modulares feitas no início do trabalho contestava a simplicidade do visual das peças, o intuito do projeto era trazer uma coleção de jaquetas streetwear que fosse prática e que passasse de peças monocromáticas cinzas. O que se percebeu durante o processo de criação é que as peças multifuncionais exigem uma complexidade na forma e na confecção e que nem sempre enche-la de recortes e cores será a melhor opção. Ainda assim foi explorado ao máximo nas peças do projeto as cores, estampas e materiais. Assim o trabalho de conclusão de curso chega ao fim, foi um projeto de grande crescimento pessoal e que colocou a prova muitas das aptidões que foram adquiridas ao longo dos anos de curso.


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