Sem Nome Próprio - Vol. 1

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SNP sem nome pr贸prio . samanta coan



IV

Ela saiu do local, perturbada, sem saber onde estava. Não tinha forças para correr, cambaleava. Não tinha paredes para se apoiar. Caiu, depois de alguns passos, como uma ave acertada por um tiro. Rápida e dolorida queda. Ficou no chão sem saber para onde olhar, respirava fundo, mexia seus braços tentando se reerguer. Em vão. Estava estirada, longe de casa e sem proteção de quem amava. Morria longe de tudo.


VI

Ela olhou para a face amarga e sem vida Lembrou dos dias mais bonitos que tivera com aquela mulher Agora, sem luz, sem sorriso e sem os lรกbios rosados Ficou a lembranรงa crua e distante de um amor unilateral.




XII

Ela contou histórias estranhas ao final de um banho de mar. Sentada na areia, perto das baixas ondas, sorriu pro sol que ia se pondo. Estar mais de 100km longe de casa ajudou a fugir dos problemas. Nesse lugar - ela dizia - tudo saiu da cabeça. Eu só a conseguia olhar no meio daquela imensidão vazia da praia. Percebendo minha fixação e o silêncio, falou que estava bem. Não adianta eu fugir do que é real, sendo que isso estará presente na minha vida inteira, disse. Ela parecia certa do que falava, tinha consciência de si e não culpava ninguém pelos problemas, mesmo podendo fazer isso. Estava tranquila. Olhou pra mim e sorriu com tal leveza como jamais a vi fazer, seguido de um beijo.


XIII

Prendeu a respiração por 7 segundos. Parecia besteira, mas prosseguiu com isso por umas 5 vezes. Era tédio, o menor que teve da semana, mas ainda era incômodo. Não queria ficar naquela cama, esperando o que se esperava há 3 meses. Sentia saudade da liberdade de firmar os pés no chão e andar por onde quisesse. Queria conversar com seus filhos, rir de piadas sem graça do mais novo e fazer bolo aos domingos. Não seria tarde para formar essas imagens. Tinha a lucidez que isso oferecia o conforto, mesmo às vezes não a querendo, para não sentir saudades do passado que não repetiria mais.



XXII

Surgiu uma faísca no lado direito do cérebro e tomou cada rede de neurônios. Ela sentiu um formigamento no topo do couro cabeludo em pequenas porções descendo para orelhas, nuca, bochechas, boca e diretamente para as pernas. A energia da memória esquecida desencadeou formas, cores e imagens de um sexo de verão de 98. Sentiu saudades.



O Sem Nome Próprio começou em 2012 e ainda são rascunhos sobre alguém.


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