O traço contemporâneo.

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O traço contemporâneo: Uma análise sobre a familiarização do graduando em arquitetura e urbanismo com o croqui de concepção. The contemporary hairline: An analysis on the familiarization of the graduates in architecture and urbanism with the design sketch. Sãmela Moreira Resumo: O papel do croqui de concepção tem sido alvo de questionamento em relação a sua real relevância em meio a novas tecnologias, especificamente em meio acadêmico, onde surge a necessidade de preparação do graduando para um mercado de trabalho onde o conhecimento destas ferramentas é essencial. Entretanto, juntamente ao reconhecimento da contribuição da automação de diversas atividades que antes eram manuais, torna-se necessária a análise das consequências do abandono do croqui de concepção na etapa inicial da criação do graduando. Sendo o croqui de concepção uma ponte entre o pensamento do graduando e uma primitiva atividade, o traço solto, analisa-se o grau de familiaridade dos graduandos e o croqui de concepção. Obtendo assim um parecer sobre a qual ponto o processo criativo do graduando sofre alteração mediante dependência de softwares e o reconhecimento do mesmo dado às mãos como ferramentas auxiliar a criação. Palavras-chave: Croqui de concepção, graduando, mãos, criatividade, metodologia.

Abstract: The role of the design sketch has been questioned in relation to its real relevance in the midst of new technologies, specifically in academic circles, where the need arises to prepare the graduate for a job market where the knowledge of these tools is essential . However, together with the recognition of the contribution of the automation of several activities that were previously manual, it is necessary to analyze the consequences of abandoning the design sketch in the initial stage of the creation of the graduate. Since the design sketch is a bridge between the graduate's thinking and a primitive activity, the loose trait, the students' degree of familiarity and the conception sketch are analyzed. Thus obtaining an opinion on which point the creative process of the graduate undergoes change through dependence of software and the recognition of the same given to the hands as tools to assist the creation. Keywords: Sketch designing, graduating, hands, creativity.

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Resumen: El papel del bosquejo del diseño ha estado interrogando del objetivo en relación con su importancia real en medio de nuevas tecnologías, en particular en el ámbito académico, donde hay una necesidad de preparar a los graduados para un mercado de trabajo donde el conocimiento de estas herramientas es esencial . Sin embargo, a lo largo del reconocimiento de la automatización de la contribución de las diferentes actividades que antes eran manuales, es necesario analizar las consecuencias del bosquejo del diseño de abandono en la etapa inicial de la creación del estudiante. A medida que el bosquejo del diseño de un puente entre el pensamiento del estudiante y una actividad primitiva, líneas gratuitas, analiza el grado de familiaridad de los estudiantes y el bosquejo del diseño. Obteniendo así una opinión sobre cuyo punto el proceso creativo del alumno sufre un cambio de dependencia de software y el reconocimiento de la misma dada a las manos como herramientas de ayuda a la creación. Palabras clave: diseño del bosquejo, graduándose, manos, creatividad.

Introdução: O traço tem sido mecanismo de expressão da humanidade desde seus primórdios. Ilustrações rupestres tornaram-se registros e fontes de pesquisas, assim como na infância linhas e histórias surgem através de rabiscos em superfícies consideradas às vezes inadequadas,. O anseio de registro e a sensação investigativa levaram o homem primitivo assim como a criança a uma tela não delimitada; assim, não por mera coincidência, ao buscar acompanhar sua fonte destes traços, a mente, ambos chegam a uma única ferramenta em comum, suas mãos. Charles Bell defendia as mãos como membro divinamente criado com seus privilégios, sendo um membro mais confiável que a própria visão humana que poderia transmitir ao cérebro imagens falsas e enganosas. Pouco tempo depois Darwin interliga a evolução do cérebro do macaco a necessidade de utilização e expansão das mãos e braços para outras finalidades além de apoio ao movimentar-se. Evoluindo-se de acordo com a utilização das mãos para segurar, manipular formas e ferramentas. (SENNETT, 2009, p.170) Tendo ligação direta com o ato de expressar pensamentos, as mãos por muitas vezes levaram o homem a descobertas e a possibilidades excêntricas de comunicação. A capacidade de comunicação entre o traço que surge em uma superfície e a mente que imagina é característica do homem em diversas profissões, dentre elas, o arquiteto urbanista encontra-se em uma longa jornada, passando por um perfil de artesão onde se localizava dentro de suas obras, e tornando-se um perfil de advogado, onde acontece um afastamento do criador e sua obra. 3


Em uma sociedade moldada por uma filosofia ocidental, onde as habilidades humanas são desfragmentadas, a cumplicidade entre mãos e a mente passa por uma depreciação ao receberem estímulos opostos. O homem é lido agora como um corpo meramente físico e fisiológico e sua mente como ferramenta de criação e emoções. A partir deste distanciamento o ensino também passa a abordar separadamente o corpo, a mente e as mãos. (PALLASMAA, 2013, p.12). Tais mudanças refletiram diretamente no ofício do arquiteto a partir do momento em que surge a necessidade de um ensino direcionado a uma divisão de estímulos. O profissional que em seus primórdios encontrava-se paralelo ao artista e artesão, se vê em meio uma mecanização de suas atividades através de softwares. Com este processo de desenvolvimento utilizando ferramentas digitais, uma nova metodologia surge no meio acadêmico, onde ainda como graduando, o profissional é apresentado a novas possibilidades e ferramentas que surgem para facilitar o desenvolver do projeto.

Esta popularização de meios digitais traz o

questionamento sobre a relevância do croqui de concepção como etapa essencial no processo de criação de uma proposta de projeto. (MARTINO, 2007) Sendo o croqui de concepção um processo de representação espontânea, seu papel no processo de criação torna-se uma forma de registro, onde o arquiteto entra em seu mundo mental, onde se unem memória, percepção e sua identidade. O ato de esboçar, esquematizar e destrinchar ideias aleatórias em uma superfície caracteriza o instinto investigativo das mãos. (PALLASMAA, 2013, p.22) As experiências, tentativas e erros fazem parte do processo de criatividade. E quando se trata de projetar, criar determinados espaços que serão vivenciados por outros, a busca por ideias e soluções criativas deve ser o papel do arquiteto e urbanista. A ligação entre mente e corpo faz jus às habilidades puramente humanas, a forma do homem de vivenciar o espaço é totalmente corpórea e sensorial, entretanto, o ensino caminha para uma metodologia voltada a separação destas habilidades, onde o croqui de concepção tem seu papel como meio criativo questionado, e como consequência, a relação entre a mente que imagina e a mão que traça vem sendo desligada, refletindo no processo criativo do arquiteto urbanista. (LAWSON, 2011; PALLASMAA, 2013, p.18). Voltando-se para o ensino da arquitetura e urbanismo contemporâneo e o real emprego do croqui de concepção em meio à nova metodologia adaptada ao uso de softwares, a pesquisa contida neste artigo foi baseada principalmente em obras de autores que tratam não somente sobre o uso do croqui de concepção, mas aprofundam-se no papel das mãos e sua ligação com a mente. Juhani Pallasmaa – As

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mãos Inteligentes – A sabedoria existencial e corporificação na arquitetura (2013), e Richard Sennett – O artífice (2009). Baseando-se em conceitos e análises a partir da abordagem destes autores, a pesquisa realizada tem como amostra informações sobre o uso e o grau de familiaridade de específico grupo de graduandos do curso de Arquitetura e Urbanismo no Centro Educacional do Leste de Minas Gerais (Unileste) com o croqui de concepção.

Os procedimentos técnicos utilizados para colher tais informações

consistem em pesquisa através de formulário online (Google Forms), tendo como objetivo analisar a relação dos graduandos com as ferramentas utilizadas no processo de criação de um projeto. Mediante análise de resultados, uma atividade modelo foi formulada e aplicada a um grupo de graduandos com o objetivo de trazer conceitos compostos nas pesquisas como atividades e estímulos manuais, incitando assim a relação do graduando com as mãos, caracterizando assim o croqui de concepção não somente como parte arcaica de um projeto arquitetônico, mas também como forma livre e estimuladora de criação. 1. A identidade do traço: 1.1 A essência das mãos Há mãos que caminham, mãos que dormem e mãos que despertam; mãos criminosas com o peso do passado e mãos que estão cansadas e já não querem mais nada, que se deitam em um canto como animais doentes, sabendo que ninguém pode ajudá-los. Afinal, as mãos são um organismo complicado, um delta para o qual converge a vida das fontes mais distantes, chegando repentinamente na grande corrente de ações. As mãos tem historias; elas até possuem sua própria cultura e sua própria beleza particular. Conferimos-lhes o direito de ter seu desenvolvimento próprio, seus desejos, sentimentos, humores e ocupações próprios [...] (RILKE, 2004 citado por PALLASMAA, 2013, p.30).

De fato, o corpo humano é dotado de diversas formas de expressão, contudo, as mãos são fadadas de tamanha expressividade que através de gestos e pequenos movimentos são capazes de refletir a essência de uma pessoa. Ao analisar esta identidade única das mãos, a ciência nos garante sua individualidade através das impressões digitais, sendo prova inquestionável da especificidade do ser. Gestos como um cumprimento ou um juramento estabelecem uma identidade às mãos onde o membro torna-se a própria representação do caráter humano. 5


Juhani Pallasma (2013) cita em sua obra a posição filosófica de Martin Reidegger que defendia a capacitação das mãos diretamente relacionada ao pensamento do homem, sendo o membro fiel escudeiro de comandos cerebrais e de Gaston Bachelard, que transcendia esta ligação, classificando as mãos como um ser pensante que possui suas vontades e anseios, com sonhos autônomos e desejos, assim alimentando a imaginação humana. Certamente, a flexibilidade das mãos do homem tanto em sua mobilidade, capacidade de aprendizado e suas funções são extraordinárias. Ao tocar em algum objeto ou superfície, o homem apropria-se de sua essência e detecta suas características através das mãos, antes mesmo de formular um pensamento sobre tal elemento. (PALLASMAA, 2013, p.39) Assim como ferramenta exploratória, a mão também exerce o papel de um ‘portal’ entre a mente humana e o registro destes pensamentos. As mãos do homem são verdadeiros espelhos ao mundo, através das mãos consegue-se caracterizar e analisar diversos fatos sobre seu portador. Expressões, marcas na pele, calos e até mesmo deformações podem traduzir muito sobre a personalidade de alguém. Sentimentos como fé, ansiedade, força; posição social, estado civil e ocupação também são expostos a sociedade através das mãos. Mas a habilidade das mãos é maior do que geralmente imaginamos. [...] As mãos alcançam e se estendem, recebem e dão as boas-vindas – e não apenas às coisas: as mãos estendem a si próprias e recebem suas próprias boas-vindas nas mãos dos outros. [...] Porém, os gestos das mãos vão a todos os lugares por meio da linguagem, em sua mais perfeita pureza, exatamente quando o homem fala em silêncio. [...] Todos os movimentos das mãos, em cada um de seus trabalhos, se expressam por meio do pensamento, todas suas posições se mostram neste elemento. Todas as obras das mãos estão enraizadas no pensamento. (HEIDEGGER, 1977 citado por PALLASMAA, 2013, p.49)

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Figura 1: Vincent Versace. Livro From Oz to Kansas.2012 Fonte: http://oz2k.acmeeducational.com/ Acesso em: 6 de Nov.2016. Acesso pĂşblico.

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1.2 A ferramenta primitiva Bryan Sennett (2009) decorre sobre a evolução da relação entre homem e o uso das mãos ao encontrar em suas mãos uma ferramenta tanto de expressividade quanto de trabalho; surgindo então atividades consequentes desta dualidade das mãos, que resultavam em criações únicas que não somente auxiliavam em atividades cotidianas, mas que também era fruto do apreço do homem pela sua criação bem sucedida, aliando então a mão a uma nova habilidade, a artesanal. Este reconhecimento de uma nova habilidade resulta no surgimento de uma nova personagem em meio à sociedade, o artífice. Acima de qualquer atividade resultante em objetos de uso, o artífice possuía em sua essência o engajamento. Seu ofício classificou-se com um alto grau de aptidão, desenvolvimento de técnicas com precisão e principalmente, vinculado à imaginação. A relação criada entre as mãos e ferramentas não se caracteriza somente como auxiliares ao pensamento, mas compreendem-se como extensão as mãos. Assim, quando uma mão segura o martelo, a mente humana entende esta ferramenta como sua própria mão. (PALLASMAA, 2013, p.50) Ao decorrer da evolução da sociedade, a figura do artífice foi transfigurando-se em diversas profissões; desde ofícios mais arcaicos como a carpintaria, tecelagem e a pintura abrigando em seguida à medicina, a arquitetura e até mesmo a culinária. Profissões classificadas por uma capacidade de flexibilidade do uso das mãos, destreza e sua liberdade de expressão. Pallasmaa (2013, p.66) destaca o arquiteto primitivo imerso em meio a esta constante oscilação nas ramificações do oficio do artífice. Tendo seu trabalho tradicionalmente reconhecido como artesanal ou similar, devido a sua relação direta com a execução das obras e manipulação de elementos diretos, mantendo-se nesta classificação juntamente ao pintor e ao escultor. [...] A forma de arte chamada de arquitetura não apenas oferece abrigo para o corpo, mas também redefine os contornos de nossa consciência e é uma verdadeira externalização de nossas mentes. A arquitetura, assim como o mundo inteiro constituído pelo homem por meio de suas cidades, casas, ferramentas e objetos, tem seu correspondente e sua base mentais. (PALLASMAA, 2013, p.21)

Esta relação intima com o canteiro de obras e com as etapas das construções mantiveram-se presentes neste ofício até ser alcançada pela grande bolha da

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evolução, sendo desfragmentada em especializações e consequentemente, a separação do arquiteto, o intelecto, com o canteiro de obras, a prática. Entre a criação da máquina de tecelagem de Jacques de Vaucanson em 1738 (SENNETT, 2009, p.102), uma avassaladora substituição do trabalho braçal pelo mecânico, a maquina de processamento de dados de Charles Babbage no século XIX que seria o esboço do computador (MARTINO, 2007). Essa inserção da tecnologia não só na produção, mas vivência da sociedade resultou em uma realidade inevitável: A mão tornou-se substituível. A ruptura entre mente e mão não ocorreu apenas de forma intelectual, mas também em âmbito social. 1.3 Reestabelecendo conexão O profissional arquiteto urbanista em sua origem em meio a habilidades artesanais era moldado em forma de um mero aprendiz em meio ao canteiro de obras e que executava como habilidades terceiras o artesanato, o desenho, pintura e até mesmo a escultura, transfere agora sua oficina em meio a outros profissionais artesãos para salas compostas por cadeira, mesa e prancheta, tendo como principal perda sua conexão com as diversas etapas de seus projetos, assim, ressaltando mais uma vez a interrupção entre a ideia imaginada e a execução da mesma. (PALLASMAA, 2013, p.67). Mediante este desfecho das funções do arquiteto, o que se levanta em questão é se ainda perdura algum vestígio de uma arcaica habilidade artesanal em sua essência. Acerca desta incógnita Juhani Pallasmaa disserta: A arquitetura também é um produto das mãos sábias. [...] Ao longo dos árduos processos de projeto, as mãos frequentemente assumem as rédeas na investigação de uma visão, de uma vaga suspeita que em determinado momento se transforme em um esboço, uma materialização de uma ideia. (PALLASMAA, 2013, p.17)

Mão e mente ressurgem então como gênese da criação do arquiteto, o papel da mente durante a criação de uma obra arquitetônica tem como destaque uma distinta habilidade, a capacidade de corporificação uma ideia. Em meio ao uso de ferramentas em comum, permanece então a individualidade do poder de criação e esta relação pertinente com um ser primitivo e sua ferramenta posta de lado, a mão. Ao esboçar uma ideia, o arquiteto não somente transfere a imagem que esta em sua mente, mas sua própria mente ostenta em suas mãos o objeto pensado ou transportase para o espaço imaginado. 9


A atividade arquitetônica, assim como outras artes, recorre ao desenho como meio de produzir e representar uma ideia. O desenho leva o pensamento às mãos que traduzem a intenção do espaço arquitetônico mentalmente imaginado. Pode-se dizer, assim, que, enquanto forma de representação gráfica, ele é o meio pelo qual o arquiteto constrói sua ideia mental. (ORTEGA, 2000, pág. 30) 2. O croqui de concepção: 2.1 Ferramenta de criação Do francês croquis, em inglês sketch ou drafting, o croqui constitui a forma rápida e ás vezes expressiva de materialização mediante breves traços a lápis, caneta, pincel, de uma possiblidade de sentido, a partir de uma imagem sensorial. Entendido assim, o croqui se reveste da emoção da manifestação corporal por excelência, reduto e produto da interação significativa entre órgãos sensoriais motores e o cérebro. (REGAL, 2003, p.20 citado por MARTINO, 2007)

É importante estabelecer dentro desta relação entre arquiteto e desenho a gama de possibilidades e classificações da ilustração. Ao graduando é apresentado formas de se relacionar com esta ferramenta de diversas formas, como forma de registro de uma paisagem ou a representação se uma ideia já finalizada. Dentre estas possibilidades o croqui produzido durante a concepção de um projeto tem como característica um relação mais intima e até mesmo infantilizada com o pensamento. Ao iniciar um croqui, as intenções, percepção e o mecanismo das mãos do graduando torna-se uma única entidade. Ao imaginar um espaço, suas texturas e objetos a mão toma partido sobre a criação, assim, em colaboração direta a imaginação, o desenho surge sincronicamente entre a imagem mental e o traçado das mãos. Tornando impossível decifrar a sequencia de surgimento entre concepção e intensão. (PALLASMAA, 2013, p.94) Ao contextualizar o uso do desenho como forma de registro dentro da arquitetura, o traço do arquiteto-artesão na idade média ainda era reflexo de uma forma livre de expressão e sem regras, uma herança de figuras rupestres de seus antepassados. O desenho de arquiteto é, na maioria das vezes, um desenho-ideia proveniente de um objetivo de capturar algum espaço visto ou

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imaginado, e não um desenho-objeto que deve ser bem acabado e um fim em si como uma obra de artes plásticas. (DINIZ, 2002, p.30)

Figura 2: João Diniz – João Diniz Arquiteturas, 2002, p.31 Fonte: Livro – João Diniz Arquiteturas

Durante o processo individual de criação, o graduando encontra-se em meio a suas próprias referências e memórias. O processo que se inicia ao propor uma solução ao que lhe foi imposto é composto por diversas fases, onde a incerteza, a insegurança e até mesmo a não familiarização em expor suas ideias a uma análise externa pode leva-lo a uma desistência a tentativas, abortando-se o uso do croqui de concepção em meio a outras ferramentas que, caracterizam-se por transparecer uma aparência mais sólida de uma proposta. Segundo Florio (2010), esta etapa onde surge a incerteza é justamente onde acontece a experiência de relacionar-se com algo não habitual. O graduando passa a desenvolver sua própria forma de encarar o inesperado; o que contribui para o desenvolvimento de uma confiança e enfrentamento de dúvidas. Este processo de criação onde o croqui de concepção é introduzido esta ligado a este momento investigativo primitivo, onde a mão é inserida como cumplice e auxiliadora da criação. A bagagem contida na mente do graduando passa a ser material para que as ideias surjam. É a fase do processo que o arquiteto esta mais próximo de sua intuição e de sua poética. É ai que acontece a criação, o encontro com o novo, a invenção, o inédito. Esses desenhos têm, para grande parte dos arquitetos, um papel decisivo na investigação e na fixação do pensamento e da ideia.” (DINIZ, 2002, p.30).

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Para Pallasmaa (2013, p.112), este momento de incerteza tem grande valia sobre suas criações. “A hesitação no próprio desenho expressa e mantém minha própria incerteza interior. E, o que é mais importante de tudo, a sensação de incerteza preserva e estimula a curiosidade”. 2.2 A exposição das mãos Ao questionar-se sobre a criação de um projeto arquitetônico é constituída da junção das mãos e o desenho, ou com o computador, o arquiteto mineiro João DINIZ (2002, p.30) responde de forma clara que são realizados pela mente, “-quiçá com o coração e a alma”. A capacidade de imaginar, libertar-se dos limites da matéria, do lugar e do tempo deve ser considerada como a mais humana de todas as nossas qualidades. Tanto a criatividade como o julgamento ético exigem a imaginação. Todavia, é evidente que a capacidade de imaginação não se esconde apenas em nossos cérebros, uma vez que toda a nossa constituição corporal tem suas fantasias, seus desejos e sonhos. (PALLASMAA, 2013, p.18)

Ao se deparar com seu processo inicial de criação, o graduando expõe-se a sua própria essência, sendo assim, muitas vezes desencoraja-se ao apresentar estes registros a seu educador. Ocasionando na maioria das vezes a uma aceleração da etapa classificada por Henri Poincaré ( 1924) como “Preparação”. Em sua teoria sobre as etapas do pensamento criativo, o matemático descreve a primeira fase do processo como “Primeira noção”, onde acontece a compreensão do problema. Seguindo para a segunda etapa, a “Preparação”, onde existe o esforço e testes de soluções, esta etapa é a qual acontecem pesquisas e compilações de informações. (LAWSON, 2011, p. 143). Analisando o papel do croqui de concepção dentro destas etapas, o processo de preparação do graduando demanda maior contato com tal ferramenta de expressão e investigação. A rapidez e ambiguidade dos croquis colaboram para um aumento significativo de ligações entre diferentes ideias, em que as mais relevantes desencadeiam uma rede de conexões com outras igualmente importantes. Esse processo é de grande importância nos processos cognitivos envolvidos na busca por soluções bem sucedidas para

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problemas de projetos. (GOLDSCHMIDT; TATSA, 2005, p. 605 citado por Florio, 2010).

Ao levantar o questionamento sobre o uso do croqui de concepção pelo graduando é importante analisar as possibilidades geradas pelos softwares ao processo de criação. Quando este processo inicial acontece diretamente em um software criasse uma interrupção entre a ferramenta mão e a descarga de ideias que nascem na mente, ou seja, não se desenha de fato. (LOUREIRO, 2016) 2.3 Criando em códigos – A ferramenta espelho Não se pode cogitar a concepção de um projeto arquitetônico sem o auxilio de softwares em pleno século XXI. Os escritórios de arquitetura atualizam-se a cada dia com novas ferramentas e possibilidades. A substituição de ferramentas nos escritórios de arquitetura revolucionou não somente a concepção de um projeto, mas também a forma individual de pensar e produzir ideias. Sennett (2009, p.101) utiliza a expressão ‘ferramenta-espelho’ para classificar utensílios que segundo o autor traz ao homem a reflexão sobre si mesmo. Estas denominadas ferramentas-espelho são separadas em dois tipos: o replicante e o robô. O autor exemplifica sua classificação, sendo o primeiro como o marca-passo, como uma máquina que fornece energia para que o coração funcione como deveria ser biologicamente. São ferramentas que imitam a ação do homem espalhando em nossas funções. Já a segunda classificação, o robô, é descrita como uma ampliação de nossas características, como mais força, rapidez e sem exaustão, tendo como exemplo a memória de um aparelho celular que, tendo como medida a memoria humana é ampliada para que possa atingir números inimagináveis de armazenamento. Simplificadamente, as ferramentas replicantes mostram ao homem como ele é, já o robô, o que se pode tornar. Ao analisarmos as ferramentas-espelho que compõem o ofício do arquiteto urbanista é possível avaliar o grau de substituição de suas habilidades por softwares. Desenhos técnicos podem ser processados completamente através de programas destinados a esta tarefa, inclusive portando-se como robôs, onde sua precisão ultrapassa a do homem. Incluem-se nestas ferramentas os softwares capazes de criar espaços tridimensionais e levar ao profissional e ao cliente uma visão mais clara do espaço projetado. A concepção arquitetônica é uma atividade poética baseada em reflexão e síntese, construída através de desenho e visualização. Aparelhos podem certamente ser muito uteis neste processo, desde que os arquitetos não se deixem enganar pela 13


aparente objetividade e imparcialidade dos outputs produzidos pelos aparelhos. (LOUREIRO, 2016) 3. A habilidade humana: 3.1 Pulso firme “A arquitetura precisa construir um mundo melhor, e esta projeção de uma dimensão humana idealizada exige mais sabedoria existencial do que habilidade, técnica e experiência profissional. Na verdade, uma tarefa de projeto é uma exploração existencial na qual o conhecimento profissional do arquiteto, suas experiências de vida, suas sensibilidades ética e estética, sua mente e seu corpo, seus olhos e suas mãos, bem como toda sua personalidade e sabedoria existencial se fundem em determinado momento.” (PALLASMAA, 2013, p.111)

Analisando a posição das habilidades puramente humanas e sua substituição pelas maquinas e softwares, a universidade de Oxford em setembro de 2013 divulgou um paper no qual lista 702 profissões oficiais e o grau de suscetibilidade de cada uma a automação, ou seja, serem substituídas por máquinas pelos próximos 20 anos. Dentre os critérios utilizados para a alimentação do algoritmo responsável pelo cruzamento de informações, listam-se 3 critérios; conforme a profissão possuísse estes pontos, menos chance de ser automatizada. São estes critérios: Percepção e manipulação; inteligência social e inteligência criativa. Ao analisarmos o papel do croqui de concepção dentre estes critérios, a ‘Percepção e manipulação’ nos traz características como destreza dos dedos, destreza manual fina e o grau flexibilidade mediante posições difíceis; as habilidades manuais, precisas e minuciosas em conjunto com a flexibilidade, adaptação e reflexos mediante imprevistos caracterizam-se como alto grau de dificuldade para a máquina. (OXFORD, 2013) Um interessante exemplo da precisão manual aplicada à fabricação são os relógios de luxo da marca sueca Patek Philippe. Em 2014, a fabricante caracterizada por produzir os modelos mais caros da atualidade, lançou o modelo Grandmaster Chime, Ref. 5175, considerado o modelo mais complexo em relação à fabricação e montagem, possuindo 1.366 peças e moldura em ouro 18 quilates. (PATEK, 2014) O modelo que possui sua montagem totalmente manual é um exemplo sobre a valorização desta habilidade manual do homem. Não somente a manipulação, mas a junção da criatividade e imaginação cooperam para manter o homem em um patamar ainda não substituível.

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No campo da aprendizagem da arquitetura, temos o croqui de concepção e a relação direta com as mãos como pontos específicos destas habilidades ainda que arcaicas, porém que são necessárias ao desenvolver se uma ideia. Ao esboçar um espaço imaginado ou um objeto sendo projetado, a mão se encontra em um jogo e uma colaboração direta e delicada com o imaginário mental. A imagem surge simultaneamente com a imagem mental interna e o esboço mediado pela mão. [...] É impossível saber quem surgiu primeiro: a linha no papel ou o pensamento, ou a consciência de uma intenção. De certo modo, a imagem parece desenhar a si própria por meio da mão humana. (PALLASMAA, 2013, p.93 e 94)

O profissional arquiteto urbanista se encontra em posições distintas conforme a área de especialização, classificando-se em 78ª (Septuagésimo oitavo), 133ª (centésimo trigésimo terceiro) e 305ª (Trecentésimo quinto) posições. Sendo a posição mais propícia a automação a área classificada como desenhistas de projetos (Architectural and Civil Drafters). (OXFORD, 2013)

3.2 O ensino Uma demanda acelerada da aprendizagem de softwares reforçada na formação do graduando resulta em um anseio por um produto final não necessariamente preciso. Ao deparar-se com uma análise externa o graduando antecipa-se ao uso de softwares e abandonando a investigação proporcionada pelo croqui de concepção. Sobre o ensino de softwares que substituíram o desenho a mão, Sennett (2009, p.51) cita palavras de uma recém-formada no MIT que indaga sobre o processo de formação do projeto na mente e a relação criada pelo arquiteto ainda graduando com o espaço imaginado. A forma como a mente usufrui desta atmosfera existente somente dentro da mente não pode ser transmitida, em nossa atual realidade, para um software, principalmente os desenvolvidos para projetar. Ao explorar as ideias que surgem em meio ao processo de criação, o traço modifica-se e se torna cumplice das diversas luzes acessas na mente do graduando; esta característica de tentativas e erros, traço e borracha são engessadas e corrigidas pelo computador de forma não intuitiva, cooperando com o desligamento entre mente e mão. Desta forma, o processo de criação do graduando é o ponto chave onde o croqui de concepção encaixa-se como potencial ferramenta, incluindo o reforço do 15


ensino acima da técnica e mecanização, contribuindo para que uma das ferramentas mais cruciais dentro do campo da arquitetura e do urbanismo, a criatividade. Em suas discussões por várias escolas ao redor do mundo sobre a relação dos alunos com o trabalho manual e o projeto gerado em softwares, PALLASMAA (2013, p.101) sugere que os estudantes primeiramente aprendam a trabalhar com seu imaginário e suas mãos intercaladas, antes do uso do computador.

4. Pesquisa: 4.1 Coleta de dados Tendo como necessário o posicionamento do graduando em arquitetura e urbanismo em relação a sua familiarização com o croqui de concepção e demais ferramentas, uma coleta de dados foi realizada através da plataforma online Google Forms. O formulário desfragmenta-se em etapas destinadas a ferramentas utilizadas pelo graduando durante o processo criativo e para formulação de entrega de trabalhos acadêmicos. Seguido por questões sobre o domínio do mesmo sobre tais ferramentas, sua vivência e experiência com as ferramentas apresentadas, investimento em cursos extracurriculares voltados a especialização de ferramentas e por fim, uma avaliação final do graduando de forma aberta, levando o mesmo a se posicionar em relação a importância das ferramentas, incluindo o croqui de concepção. No total foram colhidos 47 (quarenta e sete) formulários, sendo os participantes de períodos distintos e todos os graduandos do Centro Universitário do Leste de Minas Gerais. As ferramentas especificas apresentadas como opções de resposta foram o Croqui, o Adobe Photoshop, SketchUp e o AutoCAD. 4.2 Análise dos resultados 

Domínio:

Ao se posicionar sobre o domínio do croqui e das demais ferramentas, 66% dos graduandos apontaram a ferramenta AutoCAD como de maior domínio, seguindo pelo SketchUp com 59,6% e por último, o croqui, com 17%. 

Criação:

Em relação às etapas onde são inseridos os softwares AutoCAD e SketchUp, 37% dos graduandos utilizam a ferramenta AutoCAD na etapa inicial, ou seja, o processo de criação limita-se as possiblidades dadas pela ferramenta. Já em relação ao SketchUp, apenas 12,8% utilizam tal ferramenta para a criação. 

Engessamento: 16


Ao serem questionados sobre possíveis modificações ocorrentes nas propostas arquitetônicas devido a alguma dificuldade encontrada no uso de ferramentas de algum software, 61,7% responderam que sim, mediante limitações encontradas pelo menos no uso dos softwares, foi necessária a alteração da proposta projetada. 

Criação:

55,3% dos graduandos levam em consideração as ferramentas que os softwares oferecem ao desenvolverem o conceito/ideia durante o processo de criação. 

Maior relevância:

Entretanto, apesar da maioria das respostas relacionarem o croqui como uma ferramenta não familiar, ao serem questionados sobre qual ferramenta possuía maior relevância durante o processo de criação, o croqui obteve maior número de votação, sendo que 20 dos graduandos responderam em questão aberta que consideram o croqui de maior relevância, seguindo pelo AutoCAD e por último, a mente como resposta de 3 graduandos. 4.3 Oficina modelo – ‘Desmunhecando’ Ao analisar os resultados dos formulários, uma oficina modelo foi formulada e aplicada a um determinado grupo de alunos. No total, 20 graduandos foram submetidos a uma sequencia de atividades onde foram relacionados quatro pontos principais voltados aos estudos de Pallasmaa (2013), Sennett (2009) e demais pesquisadores, buscando apresentar o relacionamento e funcionamento das mãos e a mente. Sendo assim, a oficina denominada ‘Desmunhecando’ procedeu-se de certa maneira: 

Desmunhecar: Nesta etapa foram selecionados com auxilio de

profissionais da área da Fisioterapia um conjunto de exercícios manuais, onde o graduando é exposto a estímulos manuais de diversas formas e assim, iniciando um vinculo com suas mãos. 

Memória: Buscando reforçar a ligação entre a bagagem individual do

graduando e sua possibilidade de através do traço percorrer por sua memória, esta segunda etapa foi dividida em duas atividades: 1- Desenhar um objeto que o graduando não teria visto mais, por pelo menos 10 anos. 2- Desenhar um ambiente, com os mesmo requisitos, o tempo que o graduando não o tenha frequentado mais.

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Neste processo, o graduando é estimulado a buscar em sua mente detalhes e sensações com as quais não obtivera contato a determinado tempo. Com isso, a memória e a individualidade de cada traço são ressaltadas. 

Ditado em traços: Em seguida foram formados pequenos grupos, e após a

divisão foi apresentada a dinâmica do ditado, Foram formulados 5 ditados, contendo 20 palavras cada. Em um tempo estipulado de 40 segundos, cada grupo de palavras um membro do grupo era responsável por desenhar em uma folha branca a palavra ditada,. Assim, estimulando a capacidade de registro decorrente do anseio que é possibilitada pela relação entre a mente que recebia as palavras, criava uma forma específica e era transmitida para a mão assim registrar. 

A melodia em traços: Após a dinâmica dos ditados, os graduandos já

estimulados sobre diversos pontos característicos da relação entre mente e mão, formam submetidos a uma ultima atividade. Voltada para um cunho mais sensorial, em uma folha em branco, com a orientação de não afastar o lápis do papel, uma música escolhida de forma proposital foi apresentada ao grupo, onde a partir dos estímulos musicais eles deveriam seguir a canção através de seus traços.

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4.4 Analise de materiais 

Atividade ‘Memória’:

Atividade ‘Ditado em traços’:

Na sequência: Janela – Avental – Faca – Mão – Barco – Pescoço – Trem – Tucano Cílios – Pinta – Esmalte – Pepino – Brinco – Colher – Tartaruga – Alicate – Girafa – Diamante – Abajur – Nuvem.

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Atividade ‘A melodia em traços’:

Música: Hedwig's theme – John Williams

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Conclusão:

O croqui de concepção de fato ainda se faz necessário no processo criativo do graduando em arquitetura e urbanismo. Em meio a novas tecnologias e em uma sociedade voltada ao ensino de habilidades de forma individual. Tornando-se importante o ensino do graduando em relação a sua capacidade de conexão entre sua mente e mãos. Assim, acima de mais uma técnica aplicada em meio a uma nova metodologia, reforçar esta ligação proporciona ao graduando, de forma livre, atingir sua capacidade de criação através da cooperação de sua mente e o croqui de concepção. O fato de considerarem o croqui de concepção uma ferramenta que necessita de habilidade já transparece a carência de uma atividade até então familiar na infância, o ato de traçar de forma livre. A partir da analisa dos formulários a cerca da dependência de softwares no processo de criação, nota-se o risco ao avaliarmos que a etapa inicial da criação como forma clara de expressividade do graduando é de extrema importância para o desenvolvimento de uma personalidade do graduando como futuro profissional. Sendo assim, é necessário que aconteça o estimulo dos graduandos para que conheçam e se familiarizem com o croqui de concepção, tendo em mente que, com o surgimento de novas tecnologias sempre existirá a necessidade de adaptação e acompanhamento de tais, porém, assim como a automação de diversas etapas dentro da própria arquitetura tem crescido, é necessária a ênfase aos processos ainda manuais, já que, o processo de criação, ainda nos é a forma mais sensitiva de exercer e aplicar o que é uma importante característica do arquiteto urbanista, a capacidade de criar. Ao sabermos a clara ligação entre o poder de imaginação do homem, sua capacidade criativa e como as mãos são ferramentas expressivas, o croqui de concepção mantem sua individualidade em meio a novas ferramentas e torna-se necessária a familiarização do graduando com a possibilidade de obter essa conexão.

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Referências: DINIZ, J. João Diniz Arquiteturas. Belo Horizonte: AP Cultural, 2002. FLORIO, W. Croquis de concepção no processo de projeto em Arquitetura. Universidade Presbiteriana

Mackenzie.

2010.

Disponível

em:

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https://www.researchgate.net/profile/Wilson_Florio/publication/272755977_Croquis_de_concep cao_no_processo_de_projeto_em_Arquitetura/links/55b4022908aec0e5f434ddf5.pdf

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Acesso em: 3 de jun. de 2016. LAWSON, B. Como arquitetos e Designers pensam. Tradução. São Paula: Oficina de textos, 2011. MARTINO, J. A. A importância do croqui diante das novas tecnologias no processo criativo. 2007. (Mestrado) – Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação. Programa de PósGraduação em Desenho Industrial - Universidade Estadual Paulista, Bauru, 2007. PALLASMAA, J. As mãos inteligentes – As mãos Inteligentes. Tradução. Porto Alegre: Bookman 2013

ORTEGA, Artur Renato. O projeto e o desenho no olhar do arquiteto. São Paulo: FAUUSP, 2000. OXFORD, M. S. The future of employment: how Susceptible are jobs to Computerisation?. Disponível <http://www.oxfordmartin.ox.ac.uk/downloads/academic/The_Future_of_Employment.pdf

em: .html

> Acesso em: 22 de agode 2016 SENNETT, R. O artífice. Tradução. Rio de Janeiro: Record, 2009.

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