Articulador de Palavras José Brites-Neto
2ª Edição
Câmara Brasileira de Jovens Escritores
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Janeiro de 2018
Segunda Edição
Conselho Editorial Presidente: Glaucia Helena Editor: Georges Martins Coordenação editorial: Luiz Carlos Martins Editor de Arte: Alexandre Campos Produção gráfica: Fernando Dutra Comissão de Avaliação: Leo Martins, Leonardo Ach, Milena Patrícia, Fernando Dutra, Vânia Ferreira, Fernanda Redon, Rodrigo Tedesco, Bruna Gala, Arthur Henrique Santos
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José Brites-Neto
Articulador de Palavras Janeiro de 2018
Rio de Janeiro - Brasil
“Dizem que para um homem sentir-se realizado, Torna-se necessário que ele tenha um filho, Plante uma árvore e escreva um livro. Hoje, acabo de completar uma tarefa, Muito importante em minha vida”.
Sumário Pensamento DILETOS PENSAMENTOS ................................................................................................... 11 ARTICULADOR DE PALAVRAS ......................................................................................... 1 3 APRENDIZADO INCONSTANTE ....................................................................................... 1 5 UM GRITO DE LIBERDADE ................................................................................................ 17 METAMORFOSE ..................................................................................................................... 18 BRANCA DITADURA ........................................................................................................... 2 0 PASSARÁ .................................................................................................................................. 2 2 CRIANÇAS NOTURNAS ..................................................................................................... 2 3 CREPÚSCULO DA ETERNIDADE ..................................................................................... 2 4 PROLIXIDADE INÓCUA ...................................................................................................... 2 5 LUZEIROS DE UM DESTINO ............................................................................................. 2 6 ÓCULO NA ESCURIDÃO ................................................................................................... 2 8 ATÉ QUANDO? ....................................................................................................................... 2 9 CALCANHAR DE AQUILES ................................................................................................ 3 0 ANTES TARDE DO QUE NUNCA ...................................................................................... 31 APOSTASIA ............................................................................................................................. 3 2 INCOMPLETUDE .................................................................................................................. 3 3 CAVALOS DE TRÓIA ............................................................................................................ 3 4 LÁGRIMAS DO ARMAGEDOM ........................................................................................... 3 5 IMPONDERÁVEL .................................................................................................................... 3 6 A PRECIOSA PEDRA ............................................................................................................. 3 8 A ÁRVORE ESTÉRIL .............................................................................................................. 3 9 UM DUPLO SENTIDO PARA A VIDA .............................................................................. 4 0 PRESIDENTES ......................................................................................................................... 4 2
Amor CADERNO DE RASCUNHO ................................................................................................ 47 AMAR ........................................................................................................................................ 4 8 UM GRANDE AMOR ............................................................................................................. 4 9 PORQUE TE AMO ................................................................................................................. 5 0 ADORÁVEL LEMBRANÇA .................................................................................................... 51 DÚVIDAS DE AMOR ............................................................................................................ 5 3 ETERNAMENTE ESPECIAL .................................................................................................. 5 4 FRAGMENTOS DE AMOR ................................................................................................... 5 5 COMO VOU ESQUECER .................................................................................................... 5 6 ARREPENDIMENTO .............................................................................................................. 5 8 SEMENTE DE AMOR ............................................................................................................. 6 0 O HOMEM DOS OLHOS QUE BRILHAM ........................................................................ 61
Paixão ESTAÇÕES DO AMOR ......................................................................................................... 6 5 SEM MEDO DE AMAR ............................................................................................................ 67
RIBALTA DE PRATA .............................................................................................................. 6 8 MARCAS DE ÁGUA ............................................................................................................... 6 9 RENASCER DE UMA ESPERANÇA ..................................................................................... 71 CORAÇÃO PARTIDO ........................................................................................................... 7 2 PAIXÃO INFINITA ................................................................................................................. 7 3 PERPÉTUA REBELDIA ........................................................................................................... 74 PARTIDA .................................................................................................................................. 7 5
Desejo PERFUME DE MULHER ....................................................................................................... 7 9 DOCE SEDUÇÃO .................................................................................................................. 8 0 CONIVÊNCIA SEDUTORA .................................................................................................. 81 OLHAR FLORESCENTE ....................................................................................................... 8 3 A FOZ DO PRAZER ................................................................................................................ 8 4 DESEJO INSACIÁVEL ............................................................................................................ 8 5 EVIDÊNCIA PLENA ............................................................................................................... 8 6 IDÍLIO PARA ADRIANA ....................................................................................................... 8 7
Família SAGA DE UMA VIDA ............................................................................................................. 91 CALOR MATERNO ................................................................................................................ 9 3 AO MEU PAI ............................................................................................................................ 9 5 TERTÚLIA ............................................................................................................................... 9 7 ESPERANÇA DE PAZ ............................................................................................................. 9 8 ANO NOVO ............................................................................................................................. 9 9
Gratidão SEMBLANTE DE UM VETERINÁRIO .............................................................................. 105 QUEM É ESTE ? ..................................................................................................................... 107 UNIDOS PELA ESPERANÇA ............................................................................................. 109
Fé ANJO SONHADOR .............................................................................................................. 113 PESCADOR DE SENTIMENTOS ....................................................................................... 114 LÁGRIMAS DE SANGUE .................................................................................................... 115 O REENCONTRO ................................................................................................................. 117 O MELHOR AMIGO ............................................................................................................. 119 GRANDE ZOOLÓGICO DO SENHOR ........................................................................... 121 OBSERVADOR ...................................................................................................................... 123 AGRADECIMENTOS ........................................................................................................... 127
Pensamento “Para tocar na face sensível do cérebro de um homem, você tem que ter as palavras mais leves que o vácuo da inocência”.
Lúcia Mora
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DILETOS PENSAMENTOS
“O nível de sapiência, desenvolvimento e prosperidade de um povo só atingirá o seu limiar de perfeição, quando suas crianças possuírem em sua formação, uma base de carinho, uma contínua atenção e uma educação exemplar”.
“A mulher charmosa é como um vulcão em erupção, cujas lavas ardentes derretem a natureza do coração de um homem”.
“O charme de uma mulher é como o néctar de uma flor esperando pelo seu colibri, para numa fração soberba de amor, deleitar-se em eterno prazer”.
“A pior coisa para um homem é ter o seu nome esquecido por uma mulher”.
“O pensamento de um homem é como uma pepita de ouro que antes de ser burilada já possui um alto valor”.
“Muitas vezes os frutos de nossa inconsequência tornam-se mais tarde, perpétuas cobranças na nossa realidade”.
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“Olhei para o céu e entre tantas estrelas a brilhar, como poderia saber que uma delas fosse a minha? “
“Os verdadeiros amigos não precisam estar diariamente presentes; se ver rotineiramente; mas o que obrigatoriamente se exige, é que se queiram mutuamente”.
“A paz e a esperança do amor são expectativas constantes na vida de um homem, como frutos de sua desconfiança perante o enredo da eternidade”.
“Não importam as faltas na vida de um homem, quando suas virtudes expressam o verdadeiro fiel do balanço dos dias, em sua longa jornada”.
“Aqueles que enobrecem pela palavra e apreciam a labuta pela escrita, certamente, guardarão honras eternas, em algum lugar do paraíso”.
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ARTICULADOR DE PALAVRAS Desde pequeno um fascínio inocente, De percorrer uma folha de papel inerte, No rabiscar contínuo de perfil irreverente, O despertar de um dom que nasce envolvente. Na instrução das primeiras lições, A inquietude já está presente, Pelo manifestar do contexto de emoções, Que flui na primeira escrita nascente. No acúmulo de conhecimentos adquiridos, Um formalismo acadêmico e determinante, Revelando todos os ângulos e exemplos obtidos, Da mistura de estilos de mestres pensantes. As experiências de amor manifestadas na vida, Como um toque especial e único de inspiração, Sentimentos que marcam como uma ferida, Cicatrizada na memória de uma triste canção. Observando atentamente as vicissitudes do mundo, Uma sensibilidade poética a narrar episódios, Alegrias e tristezas com sentimento profundo, Buscando entender a existência de paixão e ódio.
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Para cada minuto pelo tempo consumido, Ficam sinais demarcados em uma longa estrada, Como registros patentes do que foi vivido, Versos elaborados por um articulador de palavras.
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APRENDIZADO INCONSTANTE Engatinhar nos princípios desta vida, Na procura irremediável de um destino, Curiosidades no perfil das descobertas, Tracejadas no semblante de um coração menino. Quedas inevitáveis como rotina preparatória, Para um mundo cada vez mais corrompido, Lições marcadas que impregnam na memória, Como cravos transpassados num ritual sofrido. Alegrias temperadas no caminhar desta jornada, Avivando relações escondidas em barricadas, Estimulando corações vividos no tudo ou nada, Para recuperar o tempo perdido de horas marcadas. Viver livremente como filhos eternos, De um Pai criador de amor incondicional, Sutilezas à parte de doutrinas de inverno, Como percalços no caminho de sequestrar passional. Como entender um mundo de infeliz fantasia, Corroído pela vastidão de tragédias e perversidades, Com lúcifer imperando com total maestria, Na iminência de sua derrota pelo preço de suas maldades.
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Religiosos delirantes escondidos em sua redoma, Com propósitos luxuriantes de bandeiras de felicidade, Como o batom extravagante na boca do Império de Roma, Marcando o beijo farsante da busca da prosperidade. Procurando, procurando sem nunca encontrar, Assim muitos vagueiam hora aqui, hora acolá, Deslizando no interesse de lideranças sem pensar, Como cegos atormentados nos tiroteios de Bagdá. Como um reino dividido que nunca alcançará, A magnitude do amor, daquele que se fez nos enviar, Fixados na angústia de que tudo passará, Precisando aprender essencialmente o que é amar. A lição mais difícil e de maior reticência, Significando privar a vaidade incessante, E soterrar para sempre orgulho e prepotência, Na natureza humana de aprendizado inconstante.
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UM GRITO DE LIBERDADE Como entender que um dia a doce esperança, Perca sentido diante de uma insalubre injustiça, Como um veleiro manejado por uma inocente criança, Nas tormentas impiedosas de revoltoso mar de cobiça. Como temperar ambições de um poder absoluto, Que ostenta um cetro de imperiosas verdades, Nem sempre verdadeiras em seu significado resoluto, Mas continuamente reticentes no satisfazer vaidades. Como demonstrar indignação sem rotular subversivos, Onde a crítica ao poder é ameaça constante ao indeciso, Comodamente o dever de aceitar o círculo de amigos, Com uma hipocrisia hostil a um povo de amargo sorriso. Como acreditar no potencial deste grande país, Envergonhado pelas crianças que ainda morrem de fome, E que incipiente ainda rabisca seu quadro negro de giz, Mal sabendo soletrar dignamente seu nome. Um dia certamente ainda se poderá ouvir com firmeza, Em um Ipiranga de margens plácidas na realidade, Um grito de liberdade onde não haverá mais pobreza, Iluminado ao sol de um novo mundo de verdade.
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METAMORFOSE Acordei nesta noite e me pus a pensar, Como seria esta vida sem a cruel discordância, Onde a fragrância sentida como perfume no ar, Denunciaria a presença do amor em abundância. Sem a lascívia dos vetos que massacram a pobreza, Na vastidão do poder das redomas centrais, Que sustentam o luxo de uma eterna realeza, Com antônimos subjetivos de favelas e catedrais. Na ausência do dinheiro como raiz mestra do sistema, Corrompendo vidas e almas nas sutilezas do inferno, Gerando uma fria dependência de um constante dilema, De crianças abandonadas em pleno rigor do inverno. Onde famílias desgraçadas pela rival concorrência, Não seriam jamais entorpecidas pela desavença, Açoitadas pela cólera e brutal estilo de violência, Evidências constantes de putrefação e doença. Crianças trazidas ao mundo sem a sua vontade, Mortas ao primeiro segundo de vida sem piedade, Isto já não seria mais uma triste realidade, Neste meu desejoso sonho elas teriam felicidade.
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Guerras de contextos sombrios e perfis tão desumanos, Gerando heróis vaidosos e mártires de vanglória fúnebre, Atendendo apelos de governos traídos pelos próprios planos, De eternizar ambições e pretextos de um projeto lúgubre. Porque não o contrário e marcharmos no avesso da história, E cumprir o ritual de uma metamorfose verdadeira, Onde o amor em harmonia seria o sentido de nossa memória, E o sonho do homem se eternizaria pela noite inteira.
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BRANCA DITADURA Às vezes penso o que acontece ao homem-governo, No início promessas de bem-estar coletivo, Que escondem manifestos do seu perfil soberbo, Na ambição concreta de realizar seu objetivo. Qual seja senão satisfazer próprios interesses, Enriquecer com ganância qual não seria seu alvo, Acumulando riquezas nunca lhe faltam benesses, Sumo cruel da pobreza de um povo com um fel amargo. Discursos ortografados na regência de dura hipocrisia, Pontuando questões com suas medidas provisórias, Confabulando em sua corja com uma dita maestria, Na ilusão permanente de medievais oratórias. Como um senhor feudal nos ditames de sua estória, A ilustração do vermelho obscuro em confronto ao verde oliva, Falsidade ideológica de quem busca a própria glória, Como um surto de poder que sua sede objetiva. Que democracia hedionda propõem tais senhores, Como uma fênix perniciosa de intervencionismo lúbrico, Assim caminha a humanidade em sua inversão de valores, Com diplomatas saboreando sobremesas de tesouro público.
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Se a memória de meu povo não sofresse de amnésia, Falsos líderes de casaca mascarados por uma imagem pura, Não ficariam para sempre como biônicos fazendo média, Para uma sociedade entorpecida por uma branca ditadura.
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PASSARÁ Passará o sofrimento das crianças com fome, Carnificina cruenta que avilta os olhos do homem, Esqueletos inertes que mal soletram seu nome, Em cuja cartilha faminta palavras não sustém. Passará o desespero das tormentas de conflitos, Lançando corpos e almas em escuro abismo, Espalhando sangue inocente derramado dos aflitos, Repletos de um ódio encarnado celebrado em seu batismo. Passará a exploração permanente de pobres por ricos, Na indecência contrastada por palácios e favelas, Igualitários aos olhos de Deus ambos buscam seu Cristo, Em igrejas recheadas de tesouros e barracos acendendo velas. Passará o aceptivo preconceito e séptica segregação, De um racismo odioso que enxerga diferenças de tez, Religiosos supostamente santos pregando separação, Num enfoque discriminatório que não tem liquidez. Ainda que eu não entendesse a língua dos homens e anjos, Saberia certamente que o amor tudo superará, Pois nesta paciência de espera sem cansar eu me esbanjo, Na esperança eterna de que um dia tudo passará.
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CRIANÇAS NOTURNAS Gritos na estrada da vida em realidade soturna, Abandonados ao vento como poeira diurna, Como podemos dormir este sono de tortura, Lembrando sempre um pesadelo de difícil cura. Ou será desilusão de não termos mais lisura, Ao ver caídas pelo chão infantis criaturas, Preferindo viver como inimigos da brandura, Vistas grossas de ilusão para não ver mais fissuras. Sorrisos negros que misturam ódio e ternura, Viciados pelo tempo que esvaiu sua imagem pura, Nos quartéis bandoleiros de inocência escura, Encarcerados por correntes de discursos linha dura. Falta de amor como um ópio a gerar tanta loucura, Onde estou nesta hora que não sinto mais candura, Como seres alienados por parâmetros em ruptura, Sociedade tão soberba que não produz mais doçura. Lábios amargos a provar uma cruel ditadura, De regras e normas sem qualquer compostura, Mantendo reticentes incoerências de conduta, A alimentar um turbilhão de crianças noturnas.
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CREPÚSCULO DA ETERNIDADE Acordado sob o jugo de uma responsabilidade, A pesar sobre os ombros insolentes de um mouro, Condição iminente que faz a humanidade, Caminhar inconsequente rumo ao seu maior tesouro. Apressado como um menino em seu prelúdio coito, No tremular de vicissitudes de um natural momento, Endireitando o aprumo em ato confuso e afoito, Desconhecendo o amar nesse doce intento. Repressivo e obtuso o torpedear de acusações, No murmurar incessante de dedos julgadores, Contra vibrações puras e sedentas de paixões, Na sincronia perfeita de sinceros amores. O que se há de esperar de matizes tão ortodoxos, A regrar doutrinas detentoras da verdade, Surgindo como castradores em seus paradoxos, Como subversivas afrontas no crepúsculo da eternidade.
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PROLIXIDADE INÓCUA Discursos elaborados invadiram minha mente, Como ondas suntuosas de um formalismo parnasiano, Que perfeição de palavras de perfil tão eloquente, Como unguento terapêutico de um mal leviano. Lúgubres esperanças de falsos testemunhos, Falácias tomadas ao vento que facilmente dispersam, Fantasiadas pelo fulgor de gestos e punhos, Como aerossóis contagiosos que suas bocas arremessam. Despertando neste sonho inerente e conspícuo, Como um atalaia renitente no traduzir da mensagem, Expectando pelo fruto de enredo profícuo, Decepcionado com o oásis desta falsa miragem. Sabedoria e inteligência na atinência da verdade, Como pré-requisitos constantes de tudo que se evoca, Torpes palavras sem amor que resultam na realidade, De exemplos proféticos de prolixidade inócua.
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LUZEIROS DE UM DESTINO Sob o sombrear da árvore do conhecimento, Defrontei-me com uma realidade obscura, Quis então fechar os olhos àquele momento, E manter minha alma eternamente pura. Vi tua beleza tentada pela vil sedução, De saber o que não podias entender, Quando de repente te traiu teu coração, E provastes o que nunca poderás esquecer. Porque praticastes tal efêmera loucura, Deixando-me na nudez diante de minha prudência, Crucificando minha mente em cruel tortura, Em troca de um minuto de total insolência. O que fazer para justificar cruel ato de deslealdade, Na sutil desobediência, num gesto de total desatino, Contra quem nos ensinou princípios de humanidade, E escravizou o pecado sob os luzeiros de nosso destino.
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SANTO Desejando, mas não podendo querer, Sujeitando as vontades a minutos de solidão, Decifrando enigmas sem tão pouco entender, A plenitude dileta de seu próprio coração. Um sentido casto diluindo a fértil imaginação, Cortando as asas do pensamento para não permitir, A avidez do pecado como uma dura aflição, Um vulnerável sentimento que já não se pode sentir. Sob cortinas, um fogo que permanece latente, Uma compostura ensaiada como um ritual sagrado, Procurando manter uma santidade aparente, Esfriando as emoções com um castiçal amargo. Duelo de sensações a perdurar no eterno, Em dúbia personalidade escondida sob um manto, Revestindo as aparências com mister fraterno, Revérberos dissonantes das vocações de um santo.
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ÓCULO NA ESCURIDÃO Um gosto mascavo, Nos lábios marcados, Uma gota serena, Como um grande dilema, Refrigério inaudito, Pego meu crucifixo, Luto contra a escravidão, Já não sinto mais solidão, Eis que vejo uma Luz, Que a todos conduz, Por uma porta pequena, Cuja fechadura acena, Com uma chave de esperança, Me sinto uma nova criança, Reabrindo meu coração, Vejo um óculo na escuridão.
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ATÉ QUANDO? Como um ser pensante, Que não usa o seu pensamento, E o amor se tornou um triste lamento, De tanta escuridão. Como um pobre maldizente, Que não tem mais sentimento, E a vida se tornou um cruel tormento, De tanta ingratidão. Como um andarilho indigente, Que não possui mais acalento, E a peregrinação se tornou um infernal tormento, De não ser mais cidadão. Como um fôlego itinerante, Que perdeu seu melhor acontecimento, E a subsistência se tornou um mero passatempo, De manter o sentido da criação. Como uma pergunta constante, Que ecoou no firmamento, E a esperança se tornou um eterno questionamento, De uma dura escravidão. Até quando? 29
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CALCANHAR DE AQUILES Frágeis tradições de enredos supérfluos, Controlando vistos de passaportes para o eterno, Atormentando vidas em ritual funesto, Gerando mais feridas que o próprio inferno. A perfeição propalada em altos brados, Como uma lei ordinária de contexto simples, A vitrine embaçada escondendo fardos, Como uma vergonha iminente em seus próprios índices. Derramando angústias que já não têm fim, Com um poder liquefeito por mãos humanas, Perante Deus não podemos viver mais assim, Demonstrando ser santos por obras mundanas. Os nossos frutos já são conhecidos, No julgar temerário laços são lançados, Como setas agudas esquecemos dos amigos, E com grande insolência dos nossos próprios pecados. Quem poderá emergir de sua própria realidade? Retirar do seu ornamento a capa de santidade, Imbuído de um nobre sentimento admitir com humildade, A ferida encravada no Calcanhar de Aquiles da verdade.
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ANTES TARDE DO QUE NUNCA Com o palrar de uma metralhadora linguística, Como um papagaio que esconde a própria mística. Atirando palavras sem pensar na história, Enlouquecido pelo desejo de ver a própria glória. Com uma gota serena de sorte e sensatez, Como num jogo que busca a bola da vez. Num labirinto hemorrágico de desatino, Um garrote de prudência a estancar o menino. Um vislumbre de sabedoria endireitando o rumo, Trazendo lucidez como fiel do aprumo. Equilibrando a visão uma dose de paciência, Alimentando a razão com mais inteligência. Modificando emoções cuja soberba ajunta, A humildade do ser antes tarde do que nunca.
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APOSTASIA Um homem sem fé, É como; Um verbo sem palavra, Uma paisagem sem cor, O sangue sem timbre, Um jardim sem flor, Colibri sem néctar, O sol sem calor, A mulher sem perfume, Um sermão sem dor, Devaneios persistentes, De quem jamais sentiu amor.
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INCOMPLETUDE Afago sem ternura, É como lágrima salobre, Substância amarga, Em saliva adocicada. Ternura sem afago, É como moléstia sofrida, O amargor da partida, De um amor sem jornada. Só a conjuminância, De amarescente substância, Sem calor e sem perdão, Pois lhe falta um coração.
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José Brites-Neto
CAVALOS DE TRÓIA Confiança que labuta tão mentirosa, Sorriso farto escondendo um lado escuro, Seriedade corrompida por alma tão jocosa, Consentindo barganhas sem qualquer escrúpulo. Aparência reluzente de admirável beleza, Trazendo em seu âmago uma hostil vereda, Conduzindo a atenção para uma amarga surpresa, Como um fogo apagado que produz labareda. Como um sofisma envolvente e encantador, Na sutil cortesia de um presente de ilusão, Numa magnitude insólita de ostentoso esplendor, Sinais camuflados de uma dura traição. Batalha intermitente de arbítrios e conquistas, Num jogo itinerante de só buscar vitória, Predação desumana sem limites e pistas, Armadilhas eternas de Cavalos de Tróia.
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LÁGRIMAS DO ARMAGEDOM Como todo princípio que nasce sem forma, E que as mãos da Providência lapidam. Um enredo cujo princípio é o fim, E o fim é o princípio de tudo. Como um caos que se enche de Glória, Cuja Luz redime a escravidão, Um passado que não tem mais memória, Esperança vitoriosa contra a escuridão. Soldados em cruenta batalha, Em conflito de somático espírito. Uma lança com um dardo solitário, Sem escudo, o amor não é mais sentido. Almas são devoradas pelo fogo, Em um poço tremedal de lodo. No horizonte, fito um olhar para o lado bom, Restam somente as lágrimas do Armagedom.
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José Brites-Neto
IMPONDERÁVEL Desperta, mansidão encarnada e benigna do ser! Que em seu peito possa pulsar este último sol nascer. Contemplado pelo brilho de um derradeiro amanhecer. Aplacando a escuridão sobrejacente que sempre nos fará sofrer. Quem sabe até a eternidade possa já lhe conhecer? Torpe alma que se espraia em minutos de saber. Conhecimentos fúteis, inúteis, em troca de muito prazer. Contamos estrelas e grãos de areia, sem nunca entender, Que a prolificidade de um bom caráter é que faz acontecer. Posso saber fazer a hora, mas o segundo não posso escolher. Pois esta minuta de minutos eternos, me faz enlouquecer. Homens impuros no corpo, como detritos de seu próprio merecer. Homens perdidos na alma, como argumentos de seu muito liquefazer. Homens condenados no espírito, como apostasias do seu próprio perder. Caminhamos todos juntos para o mesmo predizer. Reclamando, blasfemando, insultando nosso próprio bendizer.
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Atropelamos etapas em nossa jornada, para sobreviver. Visamos subir ao topo da montanha, através de atalhos do poder. Poderes desumanos, praticados por algozes que fazem o povo ranger, Até sibilarem os sinos e as cornetas prenunciarem nosso finito viver. Ficaremos então a nos perguntar: O que fazer? O que fazer?
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José Brites-Neto
A PRECIOSA PEDRA Inquietante e sofrível comportamento, De atirar pedras aos quatro ventos. Com um apetite voraz e sedento, De gerar punição sem qualquer sentimento. Incansável busca de concupiscentes desalentos, Ajuizando conforme seu próprio pensamento. Uma vigília de falto discernimento, Como um juiz temerário que não tem senso. Aquele que de pecados estiver totalmente isento, Que atire a Preciosa Pedra contra o próprio intento.
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A ÁRVORE ESTÉRIL Ameaçada por tanto rancor, De não produzir frutos, a sua dor, Rejeitada pela falta de fulgor, Como um coração que não produz amor. Adubada por palavras sem sabor, Como nutrir a essência de sua flor? Sentindo a ausência de esplendor, Das verdades elaboradas por seu Criador. Na carência de exemplos de realidade presente, Mascarados por estribilhos em nada indulgentes, Como um perfume inodoro que se esvai indigente, E cujo sumo extraído tem um amargor latente. De um ultimato, o álibi de uma tênue esperança, O fomentar de um estrume fertilizando a pureza, Fazendo nascer como o bálsamo de uma criança, Os frutos harmoniosos de uma divina natureza.
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José Brites-Neto
UM DUPLO SENTIDO PARA A VIDA O poder de transformar sonhos em realidades, Assim como, de transfigurar o real em duras verdades, Retirar de cada ser, o profundo sentido de prosperidade, Ou ressaltar no interior uma vasta amplidão de perversidade. O dom de aflorar a sensibilidade de cada coração, Suprimir com certo descrédito, a soberania da razão, Clarear pensamentos perdidos perante tanta contradição, Maravilhar sentimentos que se expressam na mais pura emoção. A capacidade de constituir mundos de felicidade, O temor de sentir o peso da dura responsabilidade, O efeito de fazer surgir fortes laços de amizade, O infortúnio de também destruir momentos de serenidade. O caráter que faz cada pessoa sentir o gosto do prazer, Mas que em instantes eufóricos podem reverter, Ao mais doce e puro gesto de sorrir e viver, Um comportamento indigno e efêmero de quem acaba de se perder. No teor do sumo que exala sua essência, O representar das várias formas de agir sobre a consciência, Podendo apagar por minutos a luz de uma existência, Ou iluminar mentes obscuras com total fluorescência. 40
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Na displicente transposição do limiar da rebeldia, Nas tristes horas de dissabor, onde há melancolia, Nos aborrecimentos rotineiros que assolam nossos dias, Na amplitude de preencher vazios com profunda alegria. No desespero de uma catástrofe em que tudo está perdido, Quando o amargo ostracismo se torna seu maior inimigo, Este hábito salutar refaz o moral que está oprimido, Tornando-o mais nobre e forte que seu rival destemido. Nas difíceis passagens que interrompem a vida, Como nas crises em que se manifesta uma paixão escondida, Surge como atenuante de tantos problemas e dívidas, Sendo marco fundamental para libertar enigmas. Saber o significado deste estranho e esotérico sabor, É tão sublime e misterioso como a arte de fazer amor, Seu espírito exalta a amargura de um grande rancor, E sempre está presente quando se quer afogar a dor. Reafirmando sua acintosa figura e aptidão refletida, Para poluir ares de tranquilidade e tornar almas despoluídas, Devastar selvas de amorosidade e reflorestar cada paixão extorquida, A rotulação qualificada de quem gera um duplo sentido para a vida.
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José Brites-Neto
PRESIDENTES A televisão mais uma vez denuncia, Dinheiro para cá, dinheiro para lá, Cuecas, malas, contas na Suíça. Juízes condenando, juízes absolvendo, Juízes soltando, juízes prendendo, Juízes liberando, juízes fedendo. Será que a justiça está morrendo? E o ilustre presidente, De peito estufado, Passeando sorrindo, Do palácio ao senado, Conduzindo a balbúrdia, Em enredo orquestrado. Fantasia de um país, Que não acorda e sempre diz, Hoje estou feliz, tem besteirol, Hoje estou feliz, tem marmelada, No país do futebol, Tem sim senhor. Só não tem nas escolas, Nenhum professor. E chegou o carnaval, Minha maior felicidade. Sou otário e retardado, Vivo na duplicidade. 42
Articulador de Palavras
O meu voto é supérfluo, Sanduíche de mortadela, Ou coxinha de galinha, No leilão de quem me emprega. De quem me controla, de quem me domina. Nessa hora ninguém vaticina. Meus prefeitos, meus patrões, Gananciosos vendilhões. Dando broncas e sermões. Idiossincrásicos vilões. Governadores malfeitores, Posando de senhor dos senhores. Corruptores deputados, Do dinheiro bem-amados. Legião de vereadores, Pobres excelências, Saboreando excrescências. Um congresso de palhaços, Assembleias de atores, Câmara de detratores. Uma corte de letrados, Idiotas senadores. Onde está o presidente? Está na granja do torto, Endireita esse cara, Está doente ou está morto? Mas quem é ele? Ou melhor, qual deles? 43
José Brites-Neto
O militar ditador? O poeta impostor? O que roubou a poupança? O cruzado sem calcinha? O socialista sociopata? O que roubou a esperança? A mulher terrorista? O velho falso e golpista? Quem são eles? Quem são eles? Ladrões, ladrões, ladrões! Malditos presidentes ladrões!
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Amor “No amor não existe medo; antes, o perfeito amor lança fora o medo. Ora, o medo produz tormento; logo, aquele que teme Não é aperfeiçoado no amor”.
I. João 4.18
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José Brites-Neto
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Articulador de Palavras CADERNO DE RASCUNHO Queria poder te acariciar, O teu corpo todo beijar, E em teu ser me inebriar, No teu regaço me deleitar, O mel do teu favo poder provar, O teu interior poder conquistar, Na brisa do amor me baloiçar, Ficar em êxtase de tanto amar, E me deixar enlevar, Sorver o teu corpo neste sonho, Mas tenho que acordar, Talvez seja impossível, Este se realizar, Impossível na utopia, De tanto te amar, Queria ser agora, Uma folha de papel, Em seu caderno principal, Para que nele você descreva, Tua vida em próprio punho, Mas se não me quiser, Não me amasse ou jogue fora, Deixe-me ser pelo menos, Mais uma folha de papel, Em seu caderno de rascunho. José Brites Filho 47
José Brites-Neto
AMAR Amar não é sentir pena, E nem ofertar perdão! Amar não é confortar tristezas, De uma vida em solidão! Amar não é acabar com tudo, Por uma nova paixão! Amar não é acentuar gemidos, Em uma louca sedução! Amar não é dizer sempre sim, Como prova contrária ao não! Amar não é uma alegria incontida, De refratar a razão! Amar não é uma aparente hipocrisia, Que precisa de demonstração! Amar não é privilégio, De um só coração! Amar é compartilhar a eternidade, Que Deus semeou em nossa Criação! 48
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UM GRANDE AMOR Criança linda sorridente de encantadora beleza, Mulher de sorriso que encanta como uma princesa, De olhar que hipnotiza com seu charme e nobreza, Derramando sensualidade com perfume de pureza. Quando te encontrei pensei que fosse uma aventura, Mas de repente acordei sentindo toda tua ternura, Então me apaixonei por esta alma doce e pura, E em teus braços mergulhei em total loucura. Se eu pudesse traduzir o que diz meu coração, Não faltariam versos para uma linda canção, Que expressasse com carinho toda minha gratidão, De ter conhecido alguém de tão sincera emoção. Como eu gostaria nesta hora de sentir teu calor, Embaraçado em teus cabelos e provando teu sabor, Entre suspiros e beijos de um intenso fervor, Uma lembrança marcante de meu eterno amor. Se em poesia eu te falo para mostrar meu sentimento, É porque uma musa merece mais que acalento, Cada detalhe do teu corpo, vivo está no meu pensamento, Como um grande amor que marcou meu firmamento.
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PORQUE TE AMO Quisera que o meu mundo, De cabeça para baixo, virasse. Deixasse uma saliva ácida, A rolar pela minha face, E aos meus olhos, chegasse. E em minha dor, Talvez em pé, eu ficasse. E os meus olhos, Lágrimas de amor, chorassem. E chorassem tanto, Que não mais te ver, pudessem. E eu caísse em eterno pranto! Porque te amo tanto? José Brites Filho
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ADORÁVEL LEMBRANÇA Você pode tentar me esquecer, como faz agora. E em momentos pensar que conseguiu... Você pode mergulhar no mundo, Tentando apagar seu amor por mim. Nele encontrará muitas ilusões, bem sei. Mas sei também que não encontrará sequer um sonho! Você pode buscar no Sol a ilusão de um beijo meu. Nele, por certo encontrará calor, Mas jamais obterá o meu carinho. E quando a brisa caminhar livre, Entre os fios de seus cabelos, E imagens nossas brincarem em sua mente, Trazendo todas as noites em que você foi minha. Para não se sentir sozinha, abrace forte a quem tomou, O meu lugar nos seus braços, Mas que nunca saberá me substituir... no seu coração.... Você pode encontrar no mar, a imensidão! Mas não poderá encontrar a profundidade, Nem a verdade, que só existem em meu amor... Você pode encontrar em alguém os meus gestos, Mas em ninguém poderá encontrar a minha ternura. Pode até encontrar os meus olhos, Mas jamais encontrará o meu olhar... Você pode rasgar as minhas cartas... Meus escritos... 51
José Brites-Neto
No momento em que a mulher, Essa adorável mulher que existe em você, Ceder lugar à criança. Mas o que não poderá fazer, mesmo se quiser, Será me apagar da lembrança. Você pode entrar em seu carro, na velocidade, Na loucura de um momento, Apagar de sua memória...a nossa história... Você pode correr, viajar... Pode fazer tudo para tentar fugir! Porém, em algum ponto da Terra, haverá... Uma flor, uma estrada ou uma poesia, Que fará você parar... E pensar em mim... E, quando nada mais existir para ser feito, Se, meio sem jeito, você descobrir que me ama... Volte!!! Mesmo assim eu te quero! E estarei sempre, e eternamente, te esperando...
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DÚVIDAS DE AMOR Como um náufrago ancorado em porto seguro, Ilhado por mistérios atirados aos quatro ventos, Em luta pela clarividência como num quarto escuro, Orientado pelos astrolábios de teus sentimentos. Surge o apontar luminoso do farol de nossas vidas, Como o erguer de castiçais transbordantes de algias, Destronado pela vaidade em sua geração de feridas, Fico à mercê de teus encantos e efêmeras fantasias. Como entender o idioma de suspiros de felicidade, Se emudecestes teus lábios para o amor sincero e puro, Fico a procurar nesta paixão sentidos de veracidade, Examinando teu coração como um cego em andar noturno. Se pudesse compreender a raiz de teus pensamentos, Sob uma divina onisciência que me permitisse decifrar, Hieróglifos de amor pulsantes em teus acalentos, Talvez descobriria a incógnita do teu modo de amar.
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ETERNAMENTE ESPECIAL Um olhar intumescente de sentidos de prazer, Aguçadamente envolvido em me embevecer, Lacrimejando caprichos que alimentam meu viver, Eternizando uma vontade de me enlouquecer. Um sorriso reluzente que me faz sorver, A doçura dos lábios que não pude entender, Como palavras silenciosas que podem comprometer, A alegria inocente de desejos de louco querer. Um suspiro de paixão que faz resplandecer, A aurora de perdição de minutos de alegre sofrer, Como as dádivas que o amor faz efervescer, Na sublime devoção de amantes que se buscam entender. Um gesto de carinho que vai percorrer, A superfície de um corpo que espera acontecer, Com um toque repentino a intensidade de cada ser, Fazendo nesta hora tudo começar a tremer. Uma palavra de amor que ilumina o anoitecer, Com gemidos autênticos que refletem o dizer, Da intimidade de uma paixão que aconchega o poder, De momentos que retratam o que não dá para esquecer.
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FRAGMENTOS DE AMOR Fragmentos eternos de um amor perdido, Como frutos de momentos mal resolvidos, Guardados em cada coração sofrido, Que para sempre permanecerão escondidos. O que fazer para conseguir reparar, Aquilo que não dá para esquecer, Pois para sempre ficaremos a contemplar, Sabendo que nunca poderemos entender. Quanta angústia em cada um de nosso olhar, Como delírios inconsequentes de nosso viver, Lembranças que ficaram a nos maltratar, Como um tempo perdido de cada sofrer. Hoje, eu sinto vontade de te beijar, Como quem junta pedaços de uma paixão, Retalhos marcados que eu pude encontrar, Como resgate sereno de um doce coração.
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COMO VOU ESQUECER Como vou esquecer, momentos sublimes como aqueles, em que seus lábios macios e serenos, me fizeram renascer sentimentos profundos e perdidos, no fundo do meu viver.
Como vou esquecer, do delicioso toque dos seus beijos, que guarneciam meu sofrido coração, com verdadeiros sentimentos de prazer, doçura e paixão.
Como vou esquecer, do poder penetrante de seu olhar, que me deixava por muito tempo envolvido, nos desejos de me hipnotizar.
Como vou esquecer, da candura de sua voz que adentrava minha mente, como uma linda melodia, de forma tão meiga e tão pura.
Como vou esquecer, do deslizar de sua pele morena e macia sobre meu corpo, como uma verdadeira pluma, a me fazer carícias.
Como vou esquecer, do lindo contorno de seu corpo, que se esculturou em meu pensamento, e já caiu no meu firmamento, como a musa inspiradora do meu eterno amanhecer.
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Articulador de Palavras
Como vou esquecer, do calor sensual de seu afago, que refletia de seu coração, em tão pouco tempo, todo o amor escondido no interior de uma paixão.
Como vou esquecer, da sua calorosa reação, quando meus toques encontravam partes sensíveis de seu corpo, como verdadeiros delírios de prazer e emoção.
Que pena que tudo acabou, e por tão pouco tempo eu tive você, mas uma pergunta dentro de mim ficou;
Como vou esquecer?
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ARREPENDIMENTO Vivíamos tão tranquilos e felizes, Unidos fortemente pelo nosso amor, Você como a mais linda flor, E eu como as suas seguras raízes. Ornamentada pelo brilho de suas cores, Transfigurava o teor de toda felicidade, Absorvida pelos cuidados de meus labores, Irradiava a essência de nossa privacidade. Por muito tempo o nosso amor durou, Pois tivemos grandes e bons momentos, Durante os quais, o sol nunca me secou, Nem lhe arrancou o sopro dos fortes ventos. Mas veio o dia em que a vida semeou, Um belo e traiçoeiro cravo em nosso jardim, Você então, infantilmente, se entusiasmou, E a partir deste dia não mais ligou para mim. A ilusão desta irremediável e fútil fantasia, Sob os meus olhares de pranto, quase se eternizava, E quanto mais para ele você ardentemente sorria, Mais intensamente o nosso amor agonizava.
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Até que um dia a mão das alturas tentou, Num golpe impiedoso, lhe arrancar sem sua raiz, Você então, desesperando, me implorou, Que minha paixão lhe ajudasse, e eu já não quis. Arrependida, você jazia no seu leito de morte, Pois não tinha mais a fugaz ilusão de ser feliz, E sob lágrimas de perdão lamentava sua sorte, De ter perdido o cravo e o amor sincero da fiel raiz.
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SEMENTE DE AMOR Palavras soberbas em tom, Olhares agudos e frios, Como sentir o lado bom, E vencer medo de desafios? Ríspidas ações inibidoras, Do sentido de carinho e ternura, Como superar almas sedutoras, Em cujo desejo só há tortura? Projetos ardentes e cobiçosos, De planos egoístas em pura ambição, Como seguir perfis gananciosos, Sem destruir a inocente imaginação? Quer saber a resposta desta enigmática questão? Preste atenção no segredo deste refrão, Para superar toda crise, eis a solução, Plante uma semente de amor em seu próprio coração.
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O HOMEM DOS OLHOS QUE BRILHAM Homem dos olhos que brilham, Dos olhos que brilham buscando tantos porquês, Quem dera homem dos olhos que brilham, Se todos buscassem e pensassem como você. Queria eu estar sempre ao seu lado, Homem dos olhos que brilham, Como uma criança aprendendo no seu dia a dia. Assim é você, homem dos olhos que brilham, Honesto, sincero e puro para com os outros. E sempre observando seu jeito, mergulho em total orgulho, E olhando para você sempre vejo, O homem dos olhos que brilham. Que coisa mais linda é você, Quem dera homem dos olhos que brilham, Se todos buscassem e pensassem como você. Adriana Moraes Brites
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Paixão “O que é a paixão, senão a renovação de sentimentos perdidos, mas nunca ceifados em suas raízes no fundo de nossos corações”.
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ESTAÇÕES DO AMOR Na primavera tens o perfume da mais linda flor, ornamentada pelo sorriso de pétalas exuberantes e pela efervescência sublime de tua seiva de amor.
No verão te vejo regozijar, perante o brilho e o esplendor dos raios de sol, a estimular a nutrição permanente de charme e sensualidade de tua tez dourada.
No outono resplandeces dadivosa, recheada por frutos suculentos e saborosos, de contornos ondulados e formas implícitas de um prazer romântico e puro.
No inverno, castigada pelo frio impiedoso, recorres ao calor dos meus braços, com uma felina expressão de sede de carinho.
Neste ciclo natural de estações percorridas pelo tempo contínuo, sempre estivestes ao meu lado em perfeita harmonia, sob uma alternância constante de achados e evidências de momentos de amor.
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AMOR VERDADEIRO Como num canteiro efervescente de preciosas obras, Edificando a ardorosa esperança de cada coração, Com a argamassa aglutinante transformando sobras, Deixadas no pranto perpétuo de uma triste paixão. Dia a dia construindo momentos quisera eternos, Duradouros enquanto durem, serenos ou turbulentos, Ludibriando as conquistas de perfis fraternos, Configurados na certeza de sinceros sentimentos. No contar dos minutos e no dobrar dos sinos, O alvorecer estrondoso do átrio de nossas mentes, Como um eutrófico da higidez de nossos destinos, Restaurando feridas que perduraram latentes. No turbilhão intermitente de um moto andante, De uma paixão repleta de amor e candura, O delinear de um caminho de sentido itinerante, De um passageiro na estrada desta eterna aventura. Culminando a construção de estrofes desta poesia, Revelo a presença constante de seu ar costumeiro, Suavizando sentimentos na mais perfeita harmonia, De um romance orquestrado por um amor verdadeiro.
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SEM MEDO DE AMAR Não finja que não sou real, Não pense que não existo, Realce todo esse astral, Escondido no seu infinito. Faça o seu sentimento, Transformar-se em realidade, E não num simples pensamento, De que possa ser verdade. Não deixe que em seu coração, Essa paixão se apresente tardia, Não tenha medo que seja ilusão, Pois o amor não é nenhuma magia. Não deixe morrer em você, Esse amor tão covarde e sofrido, Extravase e descubra o prazer, De amar num amor destemido. Evite que isso aconteça, E acabará em eterna fantasia, Até o momento em que você adormeça, Sem saber o que foi amar um dia.
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RIBALTA DE PRATA Rabiscando meu horizonte como uma estrela cadente, Fortuita no acaso de um singelo acontecer, Renovando o pulsar da esperança latente, De um simples segundo que não dá para esquecer. Reluzente como a luz matinal da alva, Iluminando condições realizáveis de desejo, No espectro refratário de um olhar que salva, Imagens que restam de tudo quanto almejo. Simplificando as razões por detrás dos sentimentos, Como um estrelário de órbita e rumo desconhecido, Manipulando expectativas de acontecimentos, Que despertam a rebeldia de um amor desapercebido. Nas nebulosas infinitas da galáxia de nossas vidas, Astros reflexos expressam a luxúria que passa, Intimidada com o brilho restaurador das feridas, Como bálsamo de amor que suplanta a devassa. Nas crateras enlevadas da face da lua, De um satélite de esperança que a terra maltrata, Descortino a presença de tua pureza nua, Retratando a beleza em uma ribalta de prata.
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Articulador de Palavras
MARCAS DE ÁGUA Como o orvalho dissipado pelo sol da manhã, Na efervescência sublime do transpirar de sua flora, Relembro a sutileza de um olhar com esperança vã, E a frieza constante do semblante desta triste aurora. Como o suor de uma donzela perdida em seu divã, Na carência de uma vida a espreitar um eterno amor, Circunspecto no escopo da espera de um doce amanhã, Revelo o incipiente sentido de acalentar tanto dissabor. Como as gotas de chuva que a avidez da terra absorve, Para servir de alimento ao esplendor de suas flores, Assim fomento o inconstante desejo que me envolve, Na suntuosidade presente da majestade de tuas cores. Como uma lágrima que percorre um rosto enlutado, Martirizando a angústia de uma perda sem reparos, Assim vivencio a rotina de um mundo conturbado E maculo minha mente na escuridão de tantos pecados. Pressentindo a iminência de perigo como um sábio, De reflexos sinistros no espelho de águas obscuras, O deslizar da lascívia da umidade de teus lábios, Como lavas permanentes de tristes e amargas rupturas.
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José Brites-Neto
Com a vastidão de lembranças que refratam a amargura, Procuro entorpecer sentimentos que traduzem mágoa, No esconderijo sombrio de instrumentos de triste tortura, Marcas refletidas como luzes eternas no espelho d’água.
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Articulador de Palavras
RENASCER DE UMA ESPERANÇA Chegava mais uma tarde chuvosa e sombria, Na janela faltava a alegria dos raios solares, Quadros tristonhos ilustravam melancolia, Na ausência constante da beleza de teus olhares. Sentado junto à imagem do retrato obscurecido, Relembrava as aventuras de um passado distante, Imaginando a felicidade vivida em um ato esquecido, Como as folhas de outono em sua queda flutuante. Reunia forças entre as lágrimas do meu coração, Perdido no cintilar pensante do brilho do teu sorriso, Com pensamentos e devaneios invadindo minha razão, Transportava-me a uma doce paixão sem prévio aviso. Neste momento misto de fantasia, sonho e realidade, Acordava com um toque suave na porta da minha lembrança, Reabrindo o meu coração com a imagem da eternidade, Retornava em minha vida, o renascer de uma esperança.
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José Brites-Neto
CORAÇÃO PARTIDO Como uma pedra-de-toque que vasculha a autenticidade, De um amor maculado por crises de paixão, Como a água-régia que detecta a veracidade, De sentimentos desenhados em cada coração. Como uma lápide silenciosa que faz sua declaração, Com segredos murmurados ao discernimento, Talhada por mãos artífices que elaboram a emoção, Traduzida em altos relevos no pensamento. Como um pincel que deflora a alvura simplória, Com uma avidez que deflagra a sinceridade, Momentos exuberantes em cor refrescam a memória, Cujo tempo cruel desbotou sem qualquer piedade. Como um artista cuja lamúria já não cicatriza, E o amor por sua obra já não tem mais sentido, Fico à mercê dos caprichos que esta paixão eterniza, Com a frieza insólita de um coração partido.
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Articulador de Palavras
PAIXÃO INFINITA Eu entendo suas razões, Eu entendo seus motivos, Mas como posso esquecer, Deste teu belo sorriso. Hoje tenho na lembrança, Como uma saudade que maltrata, Teu carinho de criança, De um amor que nunca passa. O teu perfume ainda sinto, Impregnado no meu travesseiro, Como o gosto que nunca esqueço, Do teu primeiro beijo. Como pude me envolver e não ser o primeiro, Com a mais linda flor deste jardim, Tão sincero e inocente sempre fui verdadeiro, Como um homem cuja paixão já não tem fim.
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José Brites-Neto
PERPÉTUA REBELDIA Pérola faceira de sumo cor de rosa, Inspiração poética em verso e prosa. Onde está o sorriso que marcou minha vida, Sufocando a dor de uma eterna ferida? Gazela garbosa que sujeitou meu destino, Transformando um homem em um doce menino. A correr em disparada no campo dos sentimentos, Em alegria infindável de inesquecíveis momentos. Tentação refinada como obra do acaso, Deleitoso prazer de fantasioso orgasmo. Clímax febricitante de uma paixão doentia, Indomável candura de perpétua rebeldia.
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Articulador de Palavras
PARTIDA Ah! Se você me deixar, Me deixe devagar. Se é hora de partir, Que parta sem eu ver. Não custa me mentir, Não custa eu não saber. Ah! No instante que seguir, Que siga sem sorrir. Aperte a minha mão, Me cante uma canção. Me faça acreditar, Que tudo vai voltar. Não! Não diga que se vai, Me engane por favor. Invente se puder, Qualquer frase de amor. Não fite os olhos meus, Para eu não ver o adeus.
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José Brites-Neto
E vá com Deus! Deixe em paz minha vida, Me acostumei ver tanta partida. E se eu chamar, Nunca olhe para trás. Para eu não chorar. E vá com Deus! Para eu não chorar. Não! Não diga que se vai... José Brites Filho
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Articulador de Palavras
Desejo “O desejo é como uma torre de Babel, confuso por excelência, Nunca atingirá o céu”.
José Brites-Neto
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José Brites-Neto
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Articulador de Palavras
PERFUME DE MULHER Inebriante distorção que inibe a castidade, Radiante devoção que irradia felicidade, No claustro de toda emoção, desejo e sensualidade, Efêmera motivação de pura sensibilidade. Encantadora e fascinante, este é o teu semblante, Denunciando sedução, fulguras tão instigante, Destroçando corações, regeneras como um implante, Triunfando sensações, ressurges luxuriante. Repleta de fascínio abstrato com júbilos de leviandade, Levantas o mistério profundo de tanta jovialidade, Maltratas em jugo soberbo a raiz da crueldade, Com tanta beleza sublime, suspiras simplicidade. Marcando cada momento, eternizas radiante, Jactanciosa expressão de feminilidade constante, Cujo fluido permanece pulsando a cada instante, Perfume de mulher, teu caminho conduz a um destino errante.
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José Brites-Neto
DOCE SEDUÇÃO Aconchegar teu afago como o de uma princesa que desperta sensualidade,
Liberar meus mais secretos desejos à natureza dos teus devaneios,
Contornar cada detalhe do teu belo corpo, como a musa inspiradora de meus sonhos e realidades,
Introduzir o meu ardente corpo em tua carne sedosa e macia, com profunda suavidade,
Navegar em teus seios como o mar da minha maior aventura,
Entregar o meu gozo às vontades do teu desejo,
Imaginar fantasias escondidas em cada um de teus pensamentos,
Absorver tua voz como a mais linda sonata já traduzida aos meus ouvidos,
Acontecer nesta noite como uma eterna lembrança de uma doce sedução.
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Articulador de Palavras
CONIVÊNCIA SEDUTORA Sob os raios de sol da manhã despertas em meus braços, E perdido na profundidade do teu olhar, renovo minha tentação, Nutrida ardentemente por uma noite calorosa de achados, Suprimindo momentos anoréxicos de minutos de solidão. Pudera eu me embevecer em cada um de teus sentimentos, Como um ébrio signatário de um trajeto errante de destino, Peregrinando um caminho entorpecido por lamentos, Cicatrizados no efêmero perfil de um coração menino. A magnitude da tua expressão deleitável em harmonia, Reverberando minhas emoções em possessão vitalícia, Registram a pureza patente e única da tua companhia, Como estribilho sonante de uma melodiosa delícia. Marcado eternamente por esta paixão interminável, Sem angústia e sem temor de amar com entusiasmo, Por eternas gerações viajando em busca insaciável, Encontrei em tua alma, o gosto de um doce orgasmo. Superando abrolhos atravessados na ponte de nossos desejos, Quebrantando espinhos enraizados no caule de nossa paixão, Navegando pelo ondular da corrente dos teus beijos, Capitaneado pelas ordenanças e tracejado rumo do teu coração. 81
José Brites-Neto
Arrastando emoções e sentimentos longínquos e eternizados, Como grilhões que não se soltam da natureza pecadora, Num cativeiro inconstante de delírios marmoreados, Como um prisioneiro algemado nesta conivência sedutora.
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OLHAR FLORESCENTE Percorrendo minha jornada numa tarde de verão, Recostado numa relva sob o suor de minha fronte, Espreitando em meu mirar um semblante de sedução, Regozijo-me no fitar da nobreza de um alvo horizonte. Irradiando uma simplicidade de magistral encantamento, Contemplei o esvoaçar caudaloso de seus lindos cabelos, Escondendo um delicioso brilho a me deixar detento, Em imaginar, por minutos a fio, admiráveis zelos. A sincronia compassiva deste andar de princesa, Reluzindo como ouro sobre o azul da sua pele, Entorpecendo minha alma com os frutos da sutileza, De escravizar a atenção com o aroma que sua flor expele. Sem palavras audíveis em seus maravilhosos lábios, Tento traduzir a expressão desta face envolvente, Buscando a resolução de uma incógnita como um sábio, Reconheço o idioma deste olhar florescente.
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José Brites-Neto
A FOZ DO PRAZER Como águas frutuosas no leito de uma esperança, Na sincronia das marés que desnudam teu corpo, Vivo a pensar como um poeta que cultiva a lembrança, De contemplar como artista a perfeição do teu esboço. Num desaguar caudaloso de fúria e desejo, O devorar das ribeiras marginais do teu caminho, Voluptuosa forma de acariciar com teu beijo, Consumindo uma paixão desbridada em desatino. Como uma correnteza contínua e assaz libertina, Seguindo ramagens profícuas e lenhosas, O charme suave e sutil de uma doce menina, Misturado ao suntuoso ardil de uma mulher vaidosa. Na calmaria terminal do ciclo natural das águas, Espero o momento sublime para te receber, Como um amante apaixonado que não guarda mágoas, Supro a carência de sentimentos na foz do prazer.
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DESEJO INSACIÁVEL Percorrer tua tez límpida, alva e serena, como uma pluma serpeante em busca de prazer, Saborear os teus pequenos e meigos lábios, cujo aroma e sabor desencadeiam desejos pecaminosos, Entronizar teu olhar inocente e puro que esconde devaneios conspícuos de uma ardente mulher, Permitir o toque suave e macio, de mãos tão hábeis em acariciar e manipular partes sensíveis e carentes do meu corpo, Sentir as doces palavras e gemidos românticos que tua voz traz aos meus ouvidos, como verdadeiros delírios de paixão, Auscultar o pulsar da malícia que percorre suas artérias alimentando a grandeza e fervor de um febril coração, Absorver o destilar do teu sexo, como o de uma flor impetuosa de ardor sedução, fascinante e esplendorosa, como um vulcão em erupção, Até quando poderei resistir a tanta provocação que me torna um servil vulnerável desta doce e perigosa atração, gerando o rebuscar incessante deste desejo insaciável.
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José Brites-Neto
EVIDÊNCIA PLENA Descortinando o manto que reveste tua sensualidade, Sinto a avidez de carinho em teu cortejar, O perfume natural de uma doce suavidade, No prenúncio sublime de sabor do teu beijar. Sob os lençóis silenciosos e cúmplices deste amor, Comprometido por destinos acalentados de paixão, Na duplicidade de gestos únicos em seu fulgor, A sincronia manifesta o pulsar de um só coração. Na respiração ofegante que traduz a intensidade, De corpos ondeantes em busca de prazer, Por segundos ardentes de dispneia em felicidade, A consagração harmoniosa como a luz do amanhecer. Com olhares apaixonados na mansa escuridão, Domínios entrelaçados pela troca de desejos, Declarações secretas traduzindo a emoção, Da sutil sedução do toque dos teus beijos. Na ardência da entrega de corpos unificados, Significados presentes culminam em cena, De um ato final de destinos marcados, Amor e paixão como evidência plena.
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IDÍLIO PARA ADRIANA A traente e tranquila como uma campina silenciosa, cuja flora estremece e arrepia sob o sopro cônsono de minhas carícias eternas. Derramando a sensualidade revigorante de minha virilidade, expressa pela beleza de seu contorno e resplendor de sua majestade. Rastreando meu olfato com feromônios de um ritual conspirativo, lubrifica minha alma como o bálsamo de minha vida. I luminada alegria de um sorriso farto e sincero, que traduz a linguagem do amor libertário de meu súplice desterro. Adocicando meus lábios com beijos feéricos, complacentes em desejos e ternuras, enreda um concupiscente cenário de fantasias e realidades. Navegando entre as ondas de seus maremotos e calmarias, me sinto sempre agraciado pela sonoridade dos ventos sibilantes de seu pudico prazer. Abraçando esta causa que move a minha esperança, e sendo muito mais que uma linda criança; em minha vida, será sempre a mulher de minha permanente lembrança.
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Articulador de Palavras
Família “A família é a alegria mais refinada que um ser humano pode desfrutar”.
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SAGA DE UMA VIDA Lembro-me daquele olhar de felicidade, Lágrimas percorrendo um semblante paterno, Escoltado nos quentes braços da maternidade, Sentindo o amor protetor do leito materno. Iniciava-me nesse mundo como um jovem adormecido, Com inocência e pureza distanciava-me da rotineira maldade, Numa jornada latente de um aprendizado contínuo, De ensinamentos primeiros de carinho e fraternidade. Logo surgiam os desafios e primava a adversidade, Mas um sorriso constante permanecia ao meu lado, Nos meus passos titubeantes, firme era sua lealdade, Daquele que nunca faltava a me socorrer com abraço. As iniciais companhias de um social coletivo, Relações que pulsavam como marca-passo da infância, Decepções aconteciam, mas tinha ainda meu melhor amigo, Que segurava minha mão como guardião de sua criança. Jovens nos tornávamos e surgiam paixões corrompidas, Pela leviandade de um mundo que miscigena sexo e vício, Quantas almas ficavam precocemente perdidas, Mas lá estava meu fiel conselheiro a evitar este precipício.
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José Brites-Neto
No concurso desta vida, no afã de concorrências, Sucessos e fracassos se alternavam em dura realidade, Em minha carreira não faltaram assédios e concupiscências, Mas também o ombro amigo que me ensinasse a verdade. O amadurecer da esperança de um mundo mais terno, Se misturava na lembrança de seu rosto envelhecido, Na despedida tão tristonha de quem parte para o eterno, Restava o vazio insustentável de quem sempre esteve comigo. Hoje nas lágrimas que percorrem a raiz do meu destino, Como uma explosão de felicidade que estava adormecida, Resplandece o sorriso do nascimento de um menino, Relembrando o olhar paterno do início de minha vida.
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CALOR MATERNO (Para minha Mãe, Zeni da Silva Brites) Desde pequeno ouço uma voz, Inconfundível em sua beleza, Confortando e não me deixando a sós, Como uma inocente presa. Em seu olhar sempre atento, A percepção iminente de cada perigo, Uma dedicação exclusiva de sentimento, Conduzindo minha vida em seguro abrigo. Cada passo que ficou eternizado, Pelo sorriso de uma criança, Hoje em seu sonho realizado, Fica a saudade de cada lembrança. De um menino trazido em seu colo, Onde o tempo não para a realidade, Como um pássaro de seu ninho eu decolo, Deixando lágrimas em uma saudade. No presente, homem feito, eu recordo, Do carinho e amor de sua sinceridade, Para quem padecer no paraíso não é fardo, Mas uma satisfação de divina majestade. 93
José Brites-Neto Na frieza de um mundo cruel e soberano, Sua existência é uma dádiva do eterno, Como seria a vida de cada ser humano, Sem o calor onipresente do aconchego materno.
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Articulador de Palavras
AO MEU PAI (Para José Brites Filho)
Você que nas horas de aperto e nos momentos de maior dificuldade esteve sempre próximo, por mais distante que estivesse.
Você que sempre percebeu, com o mais apurado discernimento, o momento certo de chamar atenção, sendo também capaz de em momentos sinceros retirar aplausos do fundo do coração.
Você que nos momentos em que passamos necessidade, esteve sempre pronto com toda sua humildade, a estender os braços e a nos dar as mãos.
Você que foi capaz de superar tantos choques de pontos de vista e tantos preconceitos, para preservar total harmonia em toda família.
Você que em tantos momentos de sofrimento e dor, sempre mostrou um largo sorriso, não deixando nunca vencer qualquer tipo de rancor.
Você que sempre se esforçou para termos o melhor, sem querer se preocupar se éramos os melhores.
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José Brites-Neto
Você que soube orientar sem nenhuma arbitrariedade, e nos momentos certos nos deu a oportunidade da livre escolha.
Você que nunca precisou impor suas condições com sua autoridade, pois soube demonstrar com sua inteligência, as consequências de se seguir o caminho certo e o errado.
Você que soube sentir suas emoções com muito mais sinceridade, do que aqueles que dão muitas demonstrações, mas realmente não as sentem de verdade.
Você que sempre soube dar e exigir o respeito nas horas corretas, agindo com coragem e dignidade diante dos mais sérios desafios.
Para você, que me deu o exemplo do que é ser um verdadeiro Pai e que para mim pode ser traduzido como um verdadeiro Herói.
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TERTÚLIA Que bela visão contemplei nesta manhã, As crianças correndo como andorinhas no verão, Seus pais sorrindo sem pensar no amanhã, Presentes como parceiros em alegria e satisfação. Com uma harmonia verdadeira e benfazeja, Entre beijos e abraços dadivosos de amor, Com palavras de ternura que toda alma almeja, Sentimentos expressados com todo seu calor. Como uma melodia que intensifica laços familiares, Consagrando indivíduos em plena irmandade, Carinhos fraternos em seus eternos limiares, Para suplantar diferenças que inibem a amizade. Conversas com ar sorridente invadem a realidade, Na cúmplice compreensão de emoções reprimidas, Pela falta de tempo contido na rotineira vaidade, O momento de o ombro amigo tamponar as feridas. Quem dera multiplicasse este sentido de fraternidade, Em contraste a este mundo de egoísmo e luxúria, E o amor simples e puro perpetuasse a felicidade, Como a fértil semente de uma doce tertúlia.
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ESPERANÇA DE PAZ Contrações repetidas, Olhares ansiosos, Incertezas colhidas, Em minutos preciosos. O suor suplicante, De corações desejosos, Respiração ofegante, De momentos majestosos. Eis que para um alívio, De um mundo sem brilho, Ouço um choro e um sorriso, Como um doce estribilho. No consolo de quem faz, Uma doce esperança, De sentirmos a paz, No nascer de uma criança.
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ANO NOVO Vem Ano Novo, vem, mas vem com calma, não tenha pressa. Muitas partidas, muitas dores, muitas tristezas se foram. Ficou uma saudade, que sei que você não anulará. Você não aplacará, você não acalmará. E não fosse você, nada eu teria para comemorar! Mas também tivemos vitórias, novos chegaram, às vezes em duplicidade. Que bela verdade então, se projetada a você e ao futuro. Mas venha com calma, sem arrogância, minimize qualquer desesperança. Traga mais paixão, mas nunca sem razão, cuide de nossa emoção. Ensina-nos mais o perdão, cuida de nosso coração. Coração que fica, coração que parte. Coração que quebra, coração que pulsa. Limite a nossa angústia, traga a sua felicidade. Administre qualquer ansiedade. Vem Ano Novo, vem, mas venha com sobriedade. Que caminhemos com mais maturidade. Sem ufanismos, sem cartões miraculosos, dá um sacode nesses poderosos. Traga políticos mais humanos, não esses de desertos planos. Seres inglórios, egoístas e revanchistas. Não permita o mal pelo mau, concilie o bom com o “sine qua non”. 99
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“Fiat lux” no caminho dessa escuridão, que se anuncia sem primaveras. Que nos seus outonos a Mãe Natureza cuide de nossos bosques, E nos aqueça nos invernos. Que suas chuvas de março, refrigerem nossas almas com sua bondade. Mesmo com tanta perversidade. Dos que insistirão em não cuidar de nossa casa. Dê-nos asas para voar, como passarinhos em sua liberdade. Mas mantenha a nossa responsabilidade e faça-nos despertar mais leve. Após um merecido sono com sonhos mais justos. Vem Ano Novo, vem, mas venha mais humano. Solidário e com um altruísmo sem precedentes. Precisamos reviver a nossa humanidade. Agregar melhores valores em nossas vidas. Requisito tão essencial para cidadãos. Que pretendemos destinar à nossa prosperidade. Posteridade que precisa de esperança. Como crédito para alguma eternidade. Vem Ano Novo, vem, mas vem para quebrantar. Vem para mudar, vem para ser a diferença. Vem para ser um marco! Uma mudança na geometria de nossos destinos. Vem para tratar os espaços com carinho. Vem para somar áreas e enriquecer volumes. Que cada ponto que se liga numa reta contínua. 100
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Contagie sua vizinhança numa rede de boa vontade. Vem Ano Novo, vem, eu acredito em você! E que Deus te abençoe ricamente!
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Gratidão “Forme o homem com caráter, honestidade e solidariedade. Informe-o com boa parcela de conhecimentos gerais e específicos. Estimule a sua sabedoria para pensar e refletir. Incite-o, estimule o seu senso clínico de pesquisar. Faça-o pensar, pensar e pensar. Agora dê um estetoscópio e ensine a fechar os olhos. E auscultar, auscultar e auscultar. Na sua outra mão coloque um termômetro. Forneça os parâmetros para seu avaliar. Terá então um médico veterinário, um doutor em mãos. E certamente nenhum arsenal tecnológico. Poderá substituir sua razão em vão”.
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“Estou grato a Deus por ser um médico veterinário”!
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SEMBLANTE DE UM VETERINÁRIO Surge por um momento perante a vida, um homem dotado de carisma, perseverança e determinação, como estandarte de uma simples, mas sincera vocação.
Com respeito e veneração, dedica seu amor à infinita natureza, como guardião da existência, daqueles que são sacrificados pela falta de consciência em cada pensamento.
No coração, com um sentimento de porvir esperanças, para o livre sacerdócio de uma vida naturalista, perante severa consternação, se lança ao desafio num mundo de princípios frios e racionalistas.
Na destreza de suas mãos, o dom de operar magnitudes corpóreas com profunda tenacidade, aprendendo a superar todos os imprevistos e dificuldades.
No poder imperativo de sua voz, o ressaltar de livres afirmações, perante injustiças que são cometidas, contra àqueles que tão desprotegidos lhe rogam assistência e proteção.
Na meditação de seu olhar clínico seguro, a configuração de propósitos brilhantes, para reconstituição do complexo fisiológico da vida.
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Mas ao longo do correr de tantos anos de luta, em favor da vitalidade do reino animal, a sua vida vai se tornando grisalha; e para trás vão ficando seus feitos e acontecimentos que marcaram cada passo de sua longa jornada, a qual com pesar, o destino vem a encerrar.
Nesta caminhada difícil que se coroou por tantos sucessos e sacrifícios, por fim se presta uma digna homenagem por aqueles que mediante os mais variados idiomas faunísticos, ao mesmo tempo, expressam sua gratidão, traduzida numa única voz;
Obrigado Doutor!
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QUEM É ESTE ? Quem é este que desperta no dia ou na noite, E em pleno rigor de qualquer açoite, faz nascer mais uma vida? Quem é este que no meio visceral da morte, Estuda e previne a nossa sorte, com seu olhar que fiscaliza? Quem é este que na madrugada silenciosa, Ao ouvir um grito de lamento, socorre ao gemido que suplica? Quem é este que na microscopia insensitiva, Descobre os sentidos da vida em uma ciência implícita? Quem é este que no tracejar de nossa Saúde Pública, É um verdadeiro atalaia do que a mídia não publica? Quem é este que nos preserva uma amizade sincera, E que trata com carinho o nosso amigo, mesmo que seja uma fera? Quem é este que derrama lágrimas de altruísmo, Como se houvera perdido para a doença, o seu próprio filho?
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José Brites-Neto
Quem é este que luta com conhecimento e sacrifício, Por um equilíbrio de paz e saúde de relações, neste eternizado ciclo? Este é um profissional em seu irreconhecível calvário, Este é nada mais, do que um MÉDICO VETERINÁRIO!
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UNIDOS PELA ESPERANÇA Compartilhar sentimentos de uma vida companheira, Trocando experiências de um altruísmo enfermeiro, No salvaguardar de uma Medicina nobre e verdadeira, Onde o princípio da vida é um objetivo primeiro. Assim somos como um corpo mútuo conselheiro, Trazendo conhecimentos com nosso voto hospitaleiro, Nossos pacientes sempre esperam sorrateiros, Pelo curar das mãos de um certo curandeiro. Para eles não importa se somos médicos ou feiticeiros, O que entendem traduzidos pelo seu olhar consorte, É que somos, como nobres e alvos anjos guerreiros, Batalhando por suas vidas contra as espadas da morte. Assim somos em nossos gratos e natos destinos, Às vezes nos emocionando como frágeis meninos, Ecoando entusiasmo e expectando ressonância, Caminhando como irmãos movidos por uma doce esperança.
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Fé “De fato, sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam”.
Hebreus 11.6 “O que é fé e o que é crença? A fé é um atributo da sabedoria enquanto que a crença é uma manifestação plural de estúpidas inteligências”.
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ANJO SONHADOR Parei num súbito momento, Olhei e nada encontrei, Sentindo um vazio no sentimento, Nesta hora então acordei. Tentava lembrar a razão, Ou talvez entender o motivo, De tudo que vinha ao meu coração, Neste sonho de enredo furtivo. Um pesadelo na consciência, Deixando dúvidas perdidas no ar, Como uma incógnita reticência, De alguém perdido em algum lugar. Inquieto pude então interpretar, Um ruído que ao longe se ouvia, Como um acorde que veio me consolar, De um trono de Glória que um manto escondia. O Espírito de Deus prestes a se apresentar, Com a mansidão de um zelo consumado, Meu fôlego de vida pronto a renovar, Como um Pai Piedoso de amor santificado.
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PESCADOR DE SENTIMENTOS Caminhando pelos bosques de pedra, Pressentindo a iminência de cada olhar, Uma triste paixão por uma grande perda, Uma alegre emoção por um doce beijar. Assim transitavam por esta vereda, Gentis corações de humilde riqueza, Semblantes desconhecidos marcados pela incerteza, Entre amargas recordações de tédio e tristeza. Cada andar compassava o ritmo de uma vida, Por vezes enriquecida, outrora corrompida, Quanto desatino em cada alma perdida, E deslumbrante felicidade em outras vivida. Como contemporizar divagantes emoções, Dos que regeneram o amor e dos que nutrem um opróbrio, E tentar entender a diversidade de corações, Onde o homem sóbrio contrasta com o louco de ódio. Como filhos eternos do mesmo Pai Celestial, Irmanados em Cristo, bebendo no mesmo castiçal, Temperando um mundo corroído pelo mal, Como um pescador de sentimentos, resgatar da terra o sal.
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LÁGRIMAS DE SANGUE Choro, não por ti, nem por mim, mas por nós! Sei que certamente ainda não estaremos a sós, Mas tenho pensado no que nos tornamos, Como em um quadro pintado. Sobre a tela de um fundo claro, puro e límpido, Derramamos as cores que tracejam nossa personalidade. Alguns preferem o abstrato oculto de suas vaidades. Outros derramam a concretude de seus objetivos frios. Ainda há o bucolismo das paixões comensais e doentias. Cada toque busca traduzir o ego em emoções e pensamentos. Um emaranhado de cores e tonalidades reflete este intento. Cores claras, cores pardas, cores negras. Cada matiz de vida realça sua certeza. Compondo uma obra com retoques de soberba sutileza. Restará o ornamento de uma moldura pomposa. Pois o sustentáculo da luxúria não é traduzido por verso e prosa. Impudicícia introspectiva, valorizada ao extremo por seu vil metal. Falta-lhe algo, falta-lhe vida, falta-lhe princípio, falta-lhe moral.
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José Brites-Neto
Eis que um séquito enlouquecido, partilha e retalha a sua consistência. Restam agora, fragmentos despedaçados sem muita essência. Em cada pedaço desta tela espalhada pelo chão, Vejo ainda uma cor tingida a destilar de sua expressão. São as Lágrimas de Sangue, Daquele a Quem pouco pedimos perdão.
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O REENCONTRO Como um pai que abandona, Seus filhos à própria sorte, Como a luz encoberta, Em seu leito de morte. Como a mãe que renega, O seu sangue ao lixo, Como um torpe perfume, De soberba e capricho. Como o filho que entrega, Sua herança às traças, Como uma história sem regras, Cujo enredo é desgraça. Assim caminha a humanidade, Rumo ao voraz precipício, Esquecendo da santidade, De amor do Santo Cristo. Peregrinando sem o Caminho, O que iremos alcançar? Expectando a hora, sozinhos, Em que o amor se esfriará.
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José Brites-Neto
O esboçar de tristezas, Que obscurecem as maravilhas, Daquele que ofertou seu amor, E a sua própria vida. Ainda há tempo para se ouvir, As suas ternas e divinas palavras, E rebuscando com o coração sentir, O significado de suas parábolas. Reabrir nossos corações, Gritar em brados retumbantes, Quebrantar a forja de nossos grilhões, Neste mundo agonizante. Dar glórias ao que nos sustém, Louvando com todo fervor, O reencontro do homem, Com o seu Salvador.
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O MELHOR AMIGO Ainda vivo uma eterna e permanente esperança, De ver este mundo falso e cruel mudar um dia, E o amor deixar de ser uma terna lembrança, De um homem cujo labor seu sangue ainda irradia. Ou será que ainda vejo em seus cravos, O sofrer transpirar como mandante ordinário, Ao invés do quebrantar da corrente de escravos, Libertos em salvo-conduto pela cruz do calvário. A ganância e o poder sempre em altos relevos, Comprando almas a fio e vendendo prosperidade, Discursos tendenciosos de interesses em si mesmos, Maquiados por sermões que refletem a luz da verdade. De um Pai piedoso e longânime em misericórdia, Que abraça e acalenta seus filhos no Espírito Santo, Pelo ângulo visionário de loucos em sua discórdia, Sobram máculas e punições como um constante pranto. Até quando poderemos e iremos mais acreditar, Nas promessas falseadas dos ministros de ribalta, Com as falácias envolventes dos decibéis de seu gritar, Acentuado pelos estribilhos de uma emotividade alta.
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José Brites-Neto
Assombrado pela fé de um povo que busca o seu Cristo, Acreditando em qualquer palavra que prometa felicidade, Correspondendo em suas ofertas aos anseios do ministro, Que regurgita em cada sorriso dádivas de eternidade. Extasiado fico a interpretar palavras de duplo sentido, O que o homem está a falar e o que Deus me diz ao ouvido, Certamente prefiro ainda esperar pelo que está prometido, E acreditar que Jesus é e será, para sempre, o meu melhor amigo.
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GRANDE ZOOLÓGICO DO SENHOR Somos animais em busca de um paraíso, Somos selvagens lutando por nossos artifícios, Emboscamos nossos pares por torpes futilidades, E ainda reclamamos de nosso dono, por tantas maldades. O pão nosso de cada dia, foi-nos dado por alimento, Insatisfeitos, desprezamos e produzimos a própria ração, Engordamos nossa ganância e fermentamos nosso próprio pão, E ainda fomentamos nossas migalhas aos animais sem razão. Aprisionamos as demais espécies em um quartel de ilusão, Para satisfazer vaidades tecnicistas por formação e opinião, Gerando coloridos oftálmicos de uma beleza em solidão, Sequer atentamos para as lágrimas que nos suplicam perdão. Somos animais em nosso cio de repugnância, Traduzidos por soberba, avareza e sem infância, Somos destruidores sem fim, exterminadores do futuro, Em laboratório impuro, detentores de um poder obscuro. Caminhamos impacientes, buscando sempre mais, Sem interesse e sem vontade de sequer olhar para trás, Sem passado, sem presente, o futuro sempre jaz, Na dúvida reticente de porquês e nunca mais. 121
José Brites-Neto
Somos e sempre seremos, pobres e malditos animais, Pérfidos inteligentes e sábios, quanto mais? Arrogantes embevecidos numa célere expectativa de dor, Pois ainda seremos presas frágeis, Neste Grande Zoológico do Senhor.
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OBSERVADOR Mais um ano! Minha vida deu mais um passo. Não tenho mais a mesma carência. Será que prestei a devida atenção? Meio século de existência. Minha dádiva da Criação. É a Mão de Deus! Parece que foi ontem. Meus primeiros passos. Sob um sorriso que me acompanhava. Estou caindo. Mas espera! Uma mão me ampara. É meu pai! É minha mãe! É a Mão de Deus! Continuo caminhando. Preciso aprender, acumular saber. Mas o que devo entender? Antes que me pergunte. Os primeiros adversários. Alguém sempre querendo. Me fazer de otário. Minha alma se indigna. Minha mão não se domina. É a Mão de Deus! 123
José Brites-Neto
No reagir, guardo as consequências. Minha primeira advertência. Refletindo como que num quarto escuro. Sinto um toque em minha consciência. Afagando a minha displicência. É a Mão de Deus! Sigo então minha peleja. Passo por várias encruzilhadas. Mas logo ali, outra parada. Uma beleza sem igual. Arrumo logo uma namorada. Uma mão espalmada. Tenta me dar uma palmada. É a Mão de Deus! Sinto um calor infernal. Minha carne sofre um tormento. Meu primeiro inferno astral. Por um amor desigual. Um sentimento vem me consolar. Algo que ainda não consigo explicar. É a Mão de Deus!
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Conquistas e perdas. Emoções e tristezas. Rotinas da minha caminhada. Minha vida em transformação. Aprendo o que é gratidão. Sabendo pedir perdão. Aprendi a estender a mão. É a Mão de Deus! Mas o que mais valioso será. O que pude atentamente observar. Foi uma preciosa lição. Me ofertada como um sermão. É a Mão de Deus! Sempre em algum momento. Quando olho em alguma esquina. Nessa estrada dividida. Cujo nome é a vida. E onde toda alma desatina. Alguém sempre me estendeu a mão. E agora, não mais me surpreendo. Pois finalmente compreendo. É a Mão de Deus!
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José Brites-Neto
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AGRADECIMENTOS A Deus Pai por sempre me acalentar como filho, A Jesus Cristo pelo seu sacrifício por mim, Ao Espírito Santo, meu consolador em todos os momentos, Ao meu pai José Brites Filho In Memoriam, cuja integridade exemplar esteve sempre acima da natureza humana, À minha mãe Zeni da Silva Brites In Memoriam, cuja doçura será sempre mais intensa que o néctar de uma flor, À minha esposa Adriana Moraes Brites, meu eterno amor, Aos amigos entusiastas e inspiradores deste livro. Dois amigos em especial, o empresário Abelardo Caminha e o jornalista José Veríssimo, tornaram a primeira edição deste livro uma realidade no ano de 1998, na cidade de Manaus/AM. Muito obrigado a todos vocês! Eu os amo muito! 127
Livro produzido pela Câmara Brasileira de Jovens Escritores Rio de Janeiro - RJ - Brasil http://www.camarabrasileira.com.br E-mail: cbje@globo.com