N° 53, fevereiro de 2012, disponível em: http://mundorama.net/2012/01/02/as-dimensoesestrategicas-do-acordo-entre-o-brasil-e-franca-para-a-construcao-do-submarino-nuclearbrasileiro-por-samuel-de-jesus/
As dimensões estratégicas do Acordo entre o Brasil e França para a construção do submarino brasileiro.
Samuel de Jesus samueldj36@yahoo.com.br Doutor em Ciências Sociais pelo Programa de Pós - Graduação em Sociologia – FCL UNESP – Araraquara/SP Curriculo Lattes: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4759747Z2
O Programa de Desenvolvimento de Submarinos (PROSUB) da Marinha do Brasil prevê a construção de quatro submarinos convencionais chamados SBR (submarino brasileiro), da classe Scorpène, de tecnologia francesa. A projeção de termino é para o ano de 2016 sendo entregue à Marinha no início de 2017. Esse ato representa o primeiro passo para a construção do submarino com propulsão nuclear brasileiro (SN-BR) cuja previsão de entrega é para o ano de 2023. O PROSUB também prevê a construção de um estaleiro e de uma base naval para abrigar as embarcações, tudo isso entregue em 2014 e 2015. Além destas será também construída uma Unidade de Fabricação de Estruturas Metálicas (UFEM) com previsão de entrega para 2012. Isso é resultado de um acordo firmado com a França no final de 2008, no valor de R$ 6,7 bilhões, também prevê transferência de tecnologia para o Brasil.
O acordo Brasil e França permite a transferência de tecnologia de fabricação das armas. Esse acordo também prevê o Projeto H-X BR, que consiste na compra de 50 helicópteros de médio porte e aeronaves modelo EC 725, através da parceria entre a empresa francesa Eurocopter e a brasileira Helibrás. O Submarino Nuclear fará com que o Brasil figure entre o seleto grupo de países que detém esse domínio tecnológico, tais como a China, Estados Unidos, França, Inglaterra e Rússia. As relações entre o Brasil e a França estão se estreitando ao longo dos últimos anos. Seu grande momento ocorreu após o ex-presidente Lula anunciar publicamente sua preferência pelos aviões-caças FX do consórcio francês Dassault Rafale e não pelos aviões-caças estadunidenses. Esse gesto representaria uma ligeira redução dos interesses dos Estados Unidos junto ao Brasil, mas não só por isso, mas também devido à recente aproximação entre Brasil e França no campo cultural. É preciso lembrar que 2009 foi o ano da França no Brasil, diferentemente, não podemos, por exemplo, imaginar o ano dos Estados Unidos no Brasil. Outro fato importante é a possível inclusão da França nas discussões e acordos promovidos pelos países amazônicos, provavelmente não nos espantaria se a França fosse incluída no Tratado de Cooperação Amazônica, pois o governo francês afirma que a Guiana Francesa, sua colônia na América do Sul, tem selva amazônica. Essa possibilidade faria com que a França ampliasse definitivamente sua influência no hemisfério sul. Certamente o acordo de cooperação em Defesa e Segurança assinado entre Brasil e Estados Unidos faz pensar que é resultado da provável perda de concorrência dos Estados Unidos para França na América do Sul. Afinal, na última década os Estados Unidos deixaram de ser o maior mercado dos produtos brasileiros e a Área de Livre Comércio das Américas – (ALCA) foi sepultada. Somam-se a isso as desconfianças dos países sul-americanos, após o anúncio da instalação das bases estadunidenses em território colombiano. Esse acontecimento foi negativo para os Estados Unidos, pois só fez reforçar o argumento do presidente venezuelano Chaves de que existe realmente um “imperialismo americano” na América do Sul. O Acordo Militar entre Brasil e Estados Unidos menciona no seu artigo 01 e parágrafo A, cooperação, pesquisa, apoio e aquisição de produtos, mas não faz referencia a transferência de tecnologia. Esse é um fator determinante
ao Brasil, pois interessa ao país não somente a compra, mas a transferência tecnológica que permita produzi-los. Isso explica a adesão do Brasil aos produtos franceses, pois ao contrário dos Estados unidos a França transfere a tecnologia de seus produtos. Essas são certamente as explicações mais racionais para o aumento da cooperação entre Brasil e França. Diante desses argumentos, projetamos para os próximos dez anos uma redução nas negociações da área bélica com os Estados Unidos e um aumento da cooperação Brasil e Franca, pois afinal a Estratégia Nacional de Defesa assinada em 2008 prevê a reativação da Indústria Brasileira de Defesa e certamente essa cooperação com a França permitirá ao Brasil um conhecimento na produção de materiais bélicos como submarinos e helicópteros militares.
Acordo Militar Brasil - Estados Unidos. Disponível em: http://www.mre.gov.br/portugues/imprensa/nota_detalhe3.asp?ID_RELEASE=8 010 Extraído em novembro de 20/12/2010
Brasil 2022: Secretaria de Assuntos Estratégicos. – Brasília: Presidência da República, Secretaria de Assuntos Estratégicos - SAE, 2010. http://www.sae.gov.br/site/?p=4632
Em Itaguaí, a presidenta Dilma dá início à construção de submarinos brasileiros Disponível em: http://www2.planalto.gov.br/imprensa/releases/emitaguai-a-presidenta-dilma-da-inicio-a-construcao-de-submarinos-brasileiros Extraído em 28/12/2011