Dia de luta da mulher trabalhadora
Sindicato dos Psicólogos do Paraná mobilizado por mais direitos e pela valorização das psicólogas
Mulher Trabalhadora!
Neste ano, o 8 de Março, Dia de Luta da Mulher Trabalhadora, chega em meio a uma das maiores mobilizações de trabalhadores paranaenses da nossa história. O ano de 2015 iniciou retomando os ventos de junho de 2013, em que milhares de pessoas saíram às ruas para dizer que algo estava muito errado na forma de fazer política: a falta de representação na política tradicional se revelou por meio da indignação de uma geração de jovens e trabalhadores que, mesmo sem saber necessariamente para qual caminho apontar, têm em comum a vontade de retomar os rumos de suas vidas. Porém, a cada ano que passa, a indignação dos mais pobres ganha contornos mais nítidos. A realidade de vida dos trabalhadores e trabalhadoras é cada vez mais penosa: retirada de direitos sociais básicos, serviços públicos cada vez mais sucateados, altas jornadas de trabalho, desemprego, aumento dos preços das mercadorias, aumento das tarifas e desmonte das linhas integrativas do transporte público, inacreditáveis escândalos de corrupção, um modelo de produção que sustenta o agronegócio e nos afasta da soberania alimentar, falta de política pública para o enfrentamento ao déficit habitacional, governos e políticos que vendem nossos direitos como se estivessem em um balcão de negócio, que se renderam às bancadas reacionárias e fundamentalistas do Congresso Nacional e das esferas estaduais e municipais e patrocinam uma onda conservadora jamais vivenciada nos tempos recentes.
No entanto, não é verdade que tanta opressão se abate aos trabalhadores da mesma forma. Vivemos em um modelo de sociedade que se ancora no patriarcado para reproduzir suas estruturas. A realidade de vida das mulheres da periferia, mulheres negras, transexuais e travestis, das mulheres gordas, das camponesas, das jovens estudantes, das com necessidades especiais, HIV+, das indígenas, desmente com facilidade o mito de que o machismo foi superado. A violência machista atinge as mulheres nas suas diversas dimensões: simbólica, patrimonial, física, sexual, moral. Para termos uma dimensão da problemática: recentemente, em 2013, foram registrados no Paraná
12.453 boletins de ocorrência envolvendo situações de violência contra a mulher - 31 denúncias por dia. Sabemos que este número é inferior à quantidade de situações que não são registradas. O Paraná é o terceiro estado que mais mata mulheres no Brasil, de acordo com o Mapa da Violência de 2012, com uma taxa de 7 feminicídios a cada 100 mil mulheres. O índice de mulheres assassinadas no Paraná supera a média nacional, que ficou em 4,4 homicídios femininos por grupo de 100 mil. Também fica no Paraná a segunda cidade que mais assassina mulheres no país: Piraquara figura o tétrico ranking do Brasil, com 24 assassinatos de mulheres por grupo de 100 mil mulheres, ainda segundo o Mapa de Violência de 2012.
E porque esta é uma questão que sensibiliza o Sindicato dos Psicólogos do Paraná? Nossa concepção de construção do movimento sindical vai além de atuações em pautas econômicas ou que tragam benefícios corporativistas à nossa categoria. Acreditamos que muitas conquistas dos movimentos sociais (como por exemplo, as vitórias alçadas pelo movimento feminista) reverberam na melhora das condições de vida dos trabalhadores e trabalhadoras da Psicologia. Também porque as situações de desigualdade entre homens e mulheres se abatem sobre as psicólogas. Mulheres, incluindo as psicólogas, recebem salários menores - nos mesmos postos de trabalho e com as mesmas qualificações - do que homens, incluindo os psicólogos. Dados recentes apontam que o rendimento médio mensal de mulheres era equivalente a 72,9% do dos homens. Se compararmos o rendimento de um homem branco ao de uma mulher negra, a diferença é ainda maior. Uma das bandeiras do Sindypsi-PR para 2015 é a Campanha “Trabalhos iguais, direitos iguais, salários iguais!” Além disso, temos recebido no Sindicato dos Psicólogos do Paraná um número representativo de relatos sobre situações machistas vivenciadas por psicólogas mulheres em seus ambientes de trabalho: chefes que se utilizam de artifícios machistas - voz grossa e em volume elevado, intimidação física, chantagem emocional - para
solicitar intervenções de psicólogas que muitas vezes são conflitantes com o Código de Ética Profissional; desamparo de instituições que não garantem acompanhamento à psicólogas em intervenções de elevado risco (recentemente uma psicóloga foi agredida fisicamente por seu paciente durante um atendimento, por exemplo); assédio sexual de pacientes, colegas de trabalho e chefes - recebemos relatos de mulheres que se recusam a atender homens adultos em horários noturnos, nos consultórios particulares; entre outras situações. A partir da compreensão de que o sofrimento psíquico é produzido a partir de construções e fenômenos sociais - entre elas a condição de vida das mulheres - entendemos que a Psicologia tem responsabilidade e relevante contribuição para o enfrentamento à situações de culpabilização da mulher pela violência cometida contra ela. É tarefa de psicólogas e psicólogos utilizarem suas práticas profissionais para a dissolução do senso comum (como o de que a culpa do estupro, por exemplo, é da mulher), para oferta de acolhimento à mulheres em situação de violência doméstica, para a assistência a mulheres que decidem sobre o seu corpo e realizam a interrupção da gravidez, para o tratamento humanizado à mulheres trans nos processos transexualizadores ou a mulheres que sofrem de violência lesbofóbica, para o encorajamento de mulheres estudantes de Psicologia em seus estágios profissionais. Nossa profissão pode ser um instrumento de reação e resistência à violência institucional a mulheres da periferia, de ação contra o extermínio de jovens negras. Acreditamos que é necessário construir um novo paradigma para a Psicologia brasileira, calcado numa prática política que caminhe para a emancipação de homens e mulheres. Para isso, devemos estar sensíveis à composição da sociedade, majoritariamente composta por mulheres, mas politicamente dirigida por vozes masculinas. Devemos dedicar esforços à construção de uma sociedade livre do patriarcado, da opressão e da violência misógina. Queremos colocar a Psicologia a serviço da construção de uma sociedade com igualdade de gênero e de direitos!
Estamos em processo final de tramitação do PL das 30h para Psicólogos, que foi rejeitado integralmente pela presidência de Dilma Roussef (PT). O veto ao projeto de lei está sendo defendido com unhas e dentes pela bancada governista no Congresso Nacional. Este é apenas um dos exemplos de que o Governo Dilma traiu os ideais fundacionais de seu partido e, hoje, opera do lado de lá da trincheira: ao lado dos empresários e dos patrões. As 30 horas para psicólogos beneficiam especialmente as mulheres - majoritárias em nossa profissão - e que acabem exercendo dupla ou tripla jornada de trabalho todos os dias. Em troca da governabilidade, o Governo Dilma se rende ao que existe de mais conservador nas bancadas parlamentares: as posições misóginas, lesbofóbicas, transfóbicas e moralistas da “bancada da fé” derrubam e atravancam a tramitação de projetos importantes para os direitos humanos e esta responsabilidade também é do Governo Federal. No âmbito do Paraná, os desafios são ainda maiores! O Governo Beto Richa (PSDB) é responsável por uma das crises financeiras jamais vistas no nosso estado. Sua cartilha neoliberal causou um rombo de R$ 2,1 bilhões no caixa de 2014. Durante os quatro anos de seu primeiro mandato, Richa viu as receitas do Paraná crescerem quase 60%, de 24,2 bilhões para quase 40 bilhões. Porém, mesmo com o aumento da arrecadação, o Governo não consegue explicar para onde foi o dinheiro. O desgoverno de Richa (PSDB) aumentou de 113 milhões para 507 milhões de reais o gasto com comissionados, em 2014. A resolução proposta pelo Executivo estadual é a aprovação de uma série de medidas de austeridade que fazem recair sobre o bolso da população o ônus da indigesta administração de Beto Richa.O desmonte dos serviços públicos afeta diretamente as mulheres,
tanto as servidoras públicas estaduais que veem seus direitos rifados e que temem pelo seu futuro, quanto as usuárias dos serviços públicos paranaenses. A proposta de utilização dos 8 bilhões de reais da Paranaprevidência é um golpe certeiro contra a aposentadoria dos servidores, além dos diversos ataques à educação pública estadual, em que a maioria dos servidores é composta por mulheres. Também os atrasos salariais - que atingem, por exemplo, às psicólogas e psicólogos do CHR/APR - demonstram que a crise precisa ser enfrentada energicamente. Além disso, o desmonte dos equipamentos de políticas públicas atinge as mulheres trabalhadoras, que, via de regra, são as que representam as famílias no acesso aos serviços de assistência e seguridade social, que têm seu direito à saúde negligenciado em equipamentos sucateados, que sofrem com a falta de segurança pública. Também são as mulheres que mais sofrem com o desemprego - não é novidade que são elas que ocupam a maior parte dos trabalhos vulneráveis e informais. Desta forma, lutar contra as medidas de austeridade dos governos é também reivindicar mais direitos para as mulheres! Que neste 8 de Março sejamos inspiradas pela energia das mulheres professoras da APP-Sindicato, das psicólogoas servidoras do Judiciário do PR, das servidoras nomeadas e ainda não nomeadas da Defensoria Pública, das mulheres da Polícia Militar e das esposas dos policiais que lutam pela Desmilitarização da Polícia. Vamos à luta! Pela valorização das psicólogas, de toda a categoria e de toda a classe trabalhadora! Vamos pintar de lilás a nossa profissão e utilizar a Psicologia como instrumento para conquista e consolidação de mais direitos para as mulheres!
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8 de Marco, , Dia de Luta da
Construir o feminismo também é reagir ao pacote de austeridades do Governador Beto Richa (PSDB) e da Presidenta Dilma (PT)!