Acessibilidade na cidade de Santarém

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Outubro de 2012


«O meu objetivo é encorajar-te a superar os teus desafios e dificuldades para que possas encontrar o teu próprio propósito e caminho para uma vida inacreditavelmente boa». Nick Vujici in Vida sem limites


Correia (2003) afirma que não basta criar um sistema de boas vontades, de bons relacionamentos (…). O movimento da inclusão só pode ter sucesso se, em primeiro lugar, os cidadãos compreenderem e o aceitarem como princípio cujas vantagens a todos beneficia. Até lá, a igualdade de oportunidades para

todos (…) ainda pode estar distante (p.14).


A Comissão Europeia em 2003, definia o conceito de acessibilidade como sendo uma “característica de um meio físico ou de um objeto que permite a interação de todas as pessoas com esse meio físico ou objeto e a utilização destes de uma forma equilibrada e amigável,

respeitadora e segura”.


Caldeia (2009) corrobora reafirmando que a conceção do espaço público tem de ter como objetivo fulcral o benefício de toda a população, seja portadora de uma limitação ou não, devendo assegurar o direito ao acesso e à mobilidade livre, bem como, o de interagir com os

equipamentos disponíveis.


É definida por Castells (2007) como um conceito ligado à desigualdade no acesso à internet no entanto, o acesso não constitui uma solução em si mesma embora seja um requisito prévio para atenuar a

marginalização

de

alguns

grupos

sociais

que

inevitavelmente se encontram numa sociedade cada vez mais organizada em torno da internet.


Na versão oficial da OMS, na CIF é explicitamente adotado o termo de incapacidade, e não o termo deficiência.

Caldeira (2009) reafirma que nesta perspetiva, todos os esforços devem ser empreendidos para a adoção do termo incapacidade, enquanto termo genérico que engloba os diferentes níveis de limitações funcionais relacionados com o

indivíduo e meio ambiente, em substituição do termo deficiência, que apenas corresponde às alterações ou anomalias ao nível das estruturas e funções do corpo, incluindo as funções mentais e, por isso, mais restritivo.


Delimitação do problema, questões e objetivos


Será

que

a

cidade

de

Santarém

oferece

uma

acessibilidade plena aos cidadãos com necessidades (educativas) especiais – com incapacidade e/ou com mobilidade reduzida, quando estes por exemplo, acedem aos diferentes serviços públicos e/ou privados?


No seguimento da formulação do problema, estabelece-se a seguinte hipótese:

a

existência

de

barreiras

urbanísticas/arquitetónicas,

logísticas quer a nível do atendimento público quer no

acesso às tecnologias de informação e comunicação (ou eventualmente

outras),

constituem

entraves

na

participação cívica e social dos cidadãos com N(E)E ou com incapacidade.


Metodologia


 Entrevistas semi-estruturadas;

 Trabalho de campo:

Breve levantamento topográfico da cidade que incidiu na

avaliação das acessibilidades às diferentes instituições públicas e sociais.


As entrevistas


Entrevistado cego

Os maiores obstáculos

Circular no centro histórico

que sente no dia a dia,

sobretudo devido à ausência de

em Santarém.

passeios. Na Segurança Social e nos

Qualidade dos balcões de Correios por exemplo, o

atendimento público

Entrevistada surda

A comunicação.

Os serviços públicos e/ou privados não dispõem de

atendimento é personalizado. Na intérpretes de língua gestual Câmara Municipal de Santarém

portuguesa (LGP) e

tem acesso a documentação

consequentemente, sente

escrita em Braille e no caso dos

discriminada pelos ouvintes

amblíopes, a documentação

sobretudo por desconhecerem a

possui um tamanho de letra

referida língua.

maior.


Utilização de portais

Entrevistado cego

Entrevistada surda

Utiliza

Utiliza

eletrónicos Não sente dificuldades

Sente dificuldade na

Dificuldades na

interpretação visto haver

utilização de portais

notórias diferenças entre a

eletrónicos

gramática da língua portuguesa e da LGP.

Exemplo de um portal eletrónico que reúna os

Não existem portais eletrónicos Câmara Municipal de Santarém

que reúnam os requisitos ótimos

requisitos ótimos de

de utilização para os surdos,

utilização

classificando os mesmos como “medianamente bons”.


Entrevistado cego

Entrevistada surda

Aspetos de intervenção

Os serviços deviam estar

Os serviços públicos e/ou

mais prioritária nos

dotados de equipamentos

privados deviam oferecer um

equipamentos e/ou

informáticos adequados assim,

atendimento mais personalizado,

serviços públicos, de

dispensava-se as brochuras em

disponibilizando intérpretes de

modo que sinta uma

Braille e outras coisas.

LGP.

usufruição plena dos mesmos


Alguns obstáculos urbanísticos e arquitetónicos da cidade de Santarém


Figura1 – Ausência de passeios junto à Igreja da Graça

Figura 2 – Via estreita com ausência de passeios junto à rua José Paulo


Figura 3 – Altura dos passeios (sem desnivelamento)

Figura 4 – Obstrução da via pública


Figura 5 – Degradação do piso na rua Elias Garcia

Figura 6 – Igreja de S. João de Alporão (Museu Municipal de Santarém)


Figura 5 – Degradação do piso na rua Elias Garcia

Figura 6 – Igreja de S. João de Alporão (Museu Municipal de Santarém)


Exemplos de boas prรกticas inclusivas


Figura 7 – Acesso às Portas do Sol

Figura 8 – Estação dos Correios

Figura 9 – Desnivelamento do passeio junto ao edifício da Segurança Social


Exemplos de portais eletr贸nicos inclusivos




Exemplos de portais eletr贸nicos n茫o inclusivas




Caldeira, I. (2009). Espaço público para todos – Aplicação dos princípios da acessibilidade plena em áreas históricas e em áreas consolidadas. Porto: Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto.

Castells, M. (2007). A Galáxia internet – reflexões sobre internet, negócios e sociedade (Rita Espanha, Trad.) Lisboa: Serviço de Educação e Bolsas da Fundação Calouste Gulbenkian.

Comissão Europeia (2003). Conceito Europeu de Acessibilidade – CEA 2003- Edição

Correia, L. M. (2003). Inclusão e necessidades educativas especiais – Um guia para educadores e professores. Porto: Porto Editora.

Organização Mundial da Saúde (2003). Manual da Classificação Internacional da Funcionalidade, Incapacidade e Saúde. Lisboa: Direcção-Geral da Saúde.

Vujicic. N. (2011). Vida sem limites (3ª edição). Alfragide: Caderno.


http://www.portaldasfinancas.gov.pt (consultado em outubro de 2012) http://www.seg-social.pt (consultado em outubro de 2012)

http://www.presidencia.pt (consultado em outubro de 2012) http://www.ctt.pt (consultado em outubro de 2012)


FIM


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