Edição 01 | R$ 25,00
FIBRA DESIGN
Mostrando o que é preciso para estar no mercado
TASTE
Não é escritório de design, não é publicidade, isso é consultoria criativa. Entrevista exclusiva com Ale Tauchmann
GALLERY
Artistas mostrando o que fazem pela arte e pelo planeta
TEORIA DOS GERMES,
A de Louis Pasteur, é uma ridídula ficção. (Pierre Pachet, Professor de Fisiologia de Toulose, 1872)
Pessoas bem informadas sabem
que é totalmente
IMPOSSÍVEL transmitir
vozes através de um fio, e mesmo que isto fosse possível,
tipo de ação não teria nenhum valor prático.
A
este
melhoria das condições
Editorial do Boston Post (1865)
das cidades pela ampla adoção do carro movido a motor dificilmente poderá ser superestimada. Ruas limpas, sem SUJEIRA ou
odores
desagradáveis, veículos com finos pneus feitos de borracha movendo-se rápida e silenciosamente sobre calçamentos suaves irão eliminar o nervosismo, tensão e os acidentes que tanto prejudicam a vida das grandes metrópoles.
Ken Olson, Presidente e fundador da Digital Equipamente Corporation (1977)
PESSOA.
Muitos
não acreditaram que iriamos mudar,
AGORA mais do que nunca temos que mostrar que podemos fazer mudanças.
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H.
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Bill Gates, Presidente da Microsoft (1981)
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o r u t u f 640Kbytes devem ser suficientes para
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Não existe nenhuma razão prática para que as pessoas desejem ter um computador em suas casas.
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Scientific American (1889)
Em nossa
PRIMEIRA EDIÇÃO decidimos
homenagear todos os criativos que ainda possuem um
AMOR
pelo trabalho que foi lhes dado, mostrando que
o esforço pensado para um bem maior pode lhes deixar na
HISTÓRIA.
A imagem que ilustra nossa capa foi criada por Sandro França de Souza, designer freelancer e ilustrador que reside em
REFLETE MUITO DO CONTEÚDO que você encontra aqui: seja no bonsai que cresce perfeito pelo ESFORÇO
Curitiba, não por acaso,
feito, pelo grito de ajuda ou pela devolução do mundo com
INSPIRAÇÃO para nós.
Nas páginas a seguir, além do conteúdo exclusivo sobre
CULTURA mostraremos
há
e
CRIATIVIDADE,
você
como
CRIATIVOS
focam em outros métodos de trabalhos sem criar mais
RESÍDUOS em nosso ambiente criativo. BOA LEITURA!
De n lo se E do ão t s O jo co r n e bj s a d e
M pr ost m eci ran Fi er so d b ca p o ra do ar o q D su a e ue es st sta é ig en r n tá no ve l.
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Joao Vitor Carvalho Alves Diretor de Arte João Victor Tiburcio Rosa Conteúdo
Ar m te a ão lit G vi s er a da d al l . ad me le as n r co te y m de
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Sandro F. Souza Diretor de Arte/Criação
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Logística Sandro F. Souza
Publicidade João Victor Tiburcio Rosa
Fotografia João Victor Tiburcio Rosa
Ilustrador Joao Vitor Carvalho Alves
Diretor de arte-criação Joao Vitor Carvalho Alves
Revisão Sandro F. Souza
Repórter João Victor Tiburcio Rosa
Editor-chefe Sandro F. Souza
Diretor de Financeiro Sandro F. Souza
Diretor de Planejamento Sandro F. Souza
Direção-geral Sandro F. Souza
Publisher Sandro F. Souza
PORTFÓLIO
Mostre sua cara. Mostre que suas idéias não estão paradas.
Recicle-as. Airton Cardim Local: Olinda, PE O que faz: Artista Visual Contato: www.flickr.com/airton-cardim
Iniciou sua trajetória em 2001, no curso de Educação Artística e Artes Plásticas da Universidade Federal de Pernambuco. Teve contato com técnicas artísticas como a xilogravura, com qual logo se identificou. Transita entre o manual e o digital, muitas vezes combinando os dois.
Bruno Pontes Local: Rio de Janeiro, RJ O que faz: Designer e ilustrador Contato: www.flickr.com/bruno_pontes Designer desde 2005 e se diz completamente apaixonado pelo que faz. Cria, gerencia e ilustra projetos de estamparia para as empresas South e Banco de Areia. “Desenhar me traz muita paz e dedicação”, conta o designer. 02 - O Criador “A idéia inicial era criar uma ilustração para uma estampa, mas em meio ao desenvolvimento do desenho foi surgindo a figura do criador, transmitindo sensação de poder, subordinação e autonomia para manipular os elementos da natureza. Os tons de preto e branco aludem à angústia do poder.”
01 - Romance do Pavão Misterioso “Esta peça nasceu como ilustração de um romance de cordel que possui o mesmo título. Conta a história de um principe que contrói uma máquina voadora em formato de pavão e com ela consegue fugir com sua amada.”
02
“Desenhar me traz muita paz e dedicação” Bruno Pontes 01
10 Inovação
Carlos Marque Local: Rio de Janeiro, RJ O que faz: Designer gráfico e ilustrador Contato: www.flick.com/ilustra72 Formado em Comunicação Visual pela PUC do Rio de Janeiro, trabalha na área há mais de 15 anos. “ Atualmente não faço tantos trabalhos de ilustração como gostaria, mas procuro não me comprometer com prazos apertados ou clientes ditadores” declara o designer. Antes de firmar seu próprio estilo, Carlos fez experimentos com os mais variados estilos, cordel, arte mexicana e grafite. Hoje sua arte tem um pouco de cada coisa, “com um toque de charge de jornal”.
Bruno Clériston Local: União dos Palmates, AL O que faz: Ilustrador, designer gráfico e vídeo grafista Contato: www.flickr.com/bcleriston Bruno é diretor de arte de uma agência em Maceió e videografista em uma emissora de TV, mas é nos freelances que encontra as maiores oportunidades de se expressar. Cada projeto recebe influências do que toca em seu MP3 player – repleto de bandas como Pato Fu, Led Zeppelin e The Cure -, de livros como Alice no País das Maravilhas, e dos desenhos, HQs e mangás que coleciona.
03 - Monkey Business
“Invisto sempre na melhor forma de fazer com que meus projetos
“Esta ilustração é super simples, mas queria mostrar um pouco
venham à tona com excelência e glamour. Muitas vezes encontro
mais do que se vê na superfície, um tema anti-imperialista.”
tudo isso na simplicidade do traço, na importância de um briefing ou no pequeno instante com o cliente.” 04 – 204 “Esta ilustração foi criada para sinalizar a porta de um estúdio de criação, que ficava na sala 204 de um prédio em Maceió. Cada algarismo tem uma personalidade diferente, embora os três façam parte de um mesmo número. O “2” com seu “toc!toc!”, já mostra para que veio; o zero, com uma espécie de microfone de atendente de callcenter, faz o papel de secretária; e o “4”, com a língua gigantesca, representa o atendimento ao público.”
“Invisto na melhor forma de fazer com que meus projetos venham à tona” Bruno Clériston
03
“Procuro não me comprometer com clientes ditadores” Carlos Marques
04
Inovação 11
Elisa Branco Local: Niterói, RJ O que faz: Designer Gráfica Contato: www.behance.net/elisabranco Formada em Design Gráfico pela Escola Superior de Propaganda e Marketing do Rio de Janeiro. Seu sketchbook é seu “fiel escudeiro”. Atualmente, trabalha como freelancer e se dedica a uma nova
Sami Viljanto Local: Helsinki, Finlândia O que faz: Ilustrador Contato: www.grandedeluxe.com
empreitada em parceria com a designer Juliana Bernardino: o
Trabalha como freelancer em tempo integral. “Minha história no
Gojira Studio.
mundo da ilustração começou quando tinha oito anos e ganhei
05 - New Retro Font
uma camiseta, em um concurso de desenho promovido por um
“Inicialmente, esta peça foi criada para um trabalho pessoal e
supermercado”, lembra Sami. Foi nessa época que o ilustrador
só tinha alguns caracteres. Mas gostei tanto que decidi fazer os
desenvolveu um estilo colorido e alegre, que diz ter tudo a ver
outros. Me inspirei em capas de disco e filmes dos anos 1980.”
com sua personalidade: “Sou uma pessoa muito legal”.
“Fui inspirada por capas de disco e filmes dos anos 1980”
06 - Skinny Legged Wolver Can’t Jump
Elisa Branco
No começo de 2009, Sami sentia que não estava desafiando a se mesmo o bastante e decidiu criar a maior e mais detalhada imagem de sua carreira. “A peça é baseada em vetores, como todos os meus trabalhos. Eles são complementados com algumas texturas e transparências. Acho que desenhei a árvore umas 20 vezes, porque nunca ficava feliz com a composição. Queria que a imagem tivesse um toque de Onde está Wally? para que as pessoas se perdessem um pouco ao olhar para ela.”
05
12 Inovação
06
David Carron Local: St. Louis, Estados Unidos O que faz: Designer Gráfico e ilustrador Contato: www.avadav.com Autodidata, David Carron decidiu se concentrar na construção de um portfólio sólido em vez de ir para a faculdade. “Talvez esse Jennifer Cirpici Local: Utrecht, Países Baixos O que faz: Designer Gráfica Contato: www.breakingcanvas.com Jennifer estuda Design Gráfico no Grafisch Lyceum Rotterdam, uma das escolas de design mais conceituada dos Países Baixos. Seu programa favorito é o photoshop, mas ela também sabe usar o Illustrator e o Indesign para complementar seu projetos. “Amo o que faço e minha maior meta é aprender muitas maneiras
não seja o melhor caminho para todos, mas foi muito bom para mim”, afirma. Após experiência em estúdios como Beatport e agências como a BBH, David tornou-se freelancer, trabalhando com o pseudônimo Avadav. “Meu estilo é uma mistura de ilustração tradicional e elementos de design vintage. Gosto de usar formas abstratas e movimento, para deixar minhas peças fluidas. Tento das a elas um visual orgânico, para que as pessoas decidam onde olhar primeiro.”
novas de produzir arte digital. Acho que nunca devemos parar
08 – Lounge
de aprender”, conta a designer, que já criou tutoriais e foi
“Meu amigo Cyrill Clunev me ajudou a começar este projeto
entrevistada por várias revistas da Europa. Ela se considera
definindo algumas das cores principais e criando as bolhas. Criei
uma perfeccionista incorrigível: “Não consigo considerar um
mais elementos no Illustrator e os distribui em volta da modelo.
projeto pronto se ele não está perfeito aos meu olhos”.
Os efeitos de vapor foram feitos no Photoshop.”
07 - Breaking Canvas “Sempre quis criar uma peça com cores claras, que passam uma sensação de felicidade. Isso meu levou a fazer este pôster promocional para meu portfólio online. Ele mostra um homem que não quer ficar preso em um tela com os outros animais. Quer pular fora dela, onde terá liberdade.”
07
“Não consigo considerar um projeto pronto se ele não está perfeito para mim” Jennifer Cirpici 08
Inovação 13
Notícias VERDES.
Aqui você ira encontrar o que esta acontecendo no design sustentável. Florestas Verticais Patrick Blanc, desde criança já nutria sua paixão pela botânica suspendendo em seu quarto várias plantas de parede que corriam suas raízes até um aquário, onde recebiam nutrientes e fertilizantes diluidos em água. Quarenta e cinco anos depois, o francês tem continuado com suas experiências, no entanto com escalas um tanto quanto maiores. Por exemplo, já desenvolveu um projeto maior que quatro quadras de tênis para um Shopping Center português, e outro para o Kuwait que é tão grande quanto. Agora a mais recente obra de Patrick é a fachada do hotel Athenaeum em Londres (ao lado), que é provavelmente o perfil mais alto já produzido por ele. A flora do jardim suspenso é composto por mais de 12 mil plantas, que foram cuidadosamente selecionadas de acordo com os cuidados básicos como viabilidade de sustentação, condições climáticas, e até mesmo forças naturais como vento e chuva.
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Inovação
AquaIris filtra água contaminada sem eletricidade A designer Talia Radford criou o AquaIris em resposta à intensificação da crise mundial de água. É elegante, portátil, e o melhor: não utiliza eletricidade, o que é de extrema importância já que muitos países que tem presente o problema de contaminação de água também não possuem meios de gerar eletricidade de modo democrático. Seu funcionamento é simples: a água contaminada entra pelo utilitário na parte superior, passa por um filtro descartável (no entanto pode ser reutilizável), em seguida passa por uma série de nano cristais onde raios UVB são convertidos em UVC que funcionam como germicidas purificando a água que passar. A questão apontada, e solucionada, pela designer é bastante relevante, já que 1 em cada 6 pessas não tem acesso a água potável de maneira segura. Visite o blog da designer http://taliaradford.blogspot.com.
Inovação 15
Xixi no banho! A Tok&Stok também abraçou seu lado sustentável e criou a linha Zine, formada por utensílios como descanso de panela, bandeja e enfeite de mesa, os quais têm como diferencial a sua composição. Todos foram confeccionados artesanalmente, usando apenas folhas de revistas recicladas, enroladas e prensadas. Os produtos foram desenvolvidos no Vietnã e são vendidos por preço de produto importado. A idéia pode ser adaptável, podendo usá-la para criar outros utensílios artesanalmente em casa. Dessa forma, com a criatividade, muito papel que seria jogado poderá ser reaproveitável.
Projeto Teori traz criações em bambú A Teori lançou o projeto chamado Laminated Bamboo Lumber, que conta com os seis designers Daisuke Izumi, Haruki Senda, Hiroyuki Kato, Teppei Mihara, Yousuke Shimizu, Yousuke Shimiz, Yusuke Tsujita, desenvolvendo peças em bambú provenientes de Kurashiki. Fazem parte da coleção móveis, peças utilitárias e peças decorativas, como relógios, cabides, fruteiras, lâmpadas, vasos, etc. O bambú está cada vez mais se popularizando justamente por
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Inovação
se aliar ao conceito sustentável e responsabilidade com o meio ambiente, pois seu rápido crescimento e fácil cultivo, traz uma extração menos agressiva ao meio ambiente, passando longe pela crise causada por madereiras em geral. E além de agregar valor sustentável às peças, o bambú também alia grande valor estético, trazendo traços únicos e inúmeras possibilidades de formas.
Ecotelhado Não é de hoje essa preocupação com o meio ambiente. Uma empresa desenvolveu um sistema de construção de telhados verdes feito a partir de material reciclado, apresentando grandes vantagens térmicas, acústicas, economia de energia, e é claro, qualidade de vida. O sistema é formado por uma telha modular, a Ecotelha®, que é produzida a partir de um substrato rígido composto de concreto leve com agregado de E.V.A. reciclado, fibras e expansores, vegetação específica da família das crassuláceas e substrato nutricional. As plantas selecionadas para o Ecotelhado® possuem o mecanismo da fotossíntese chamado, metabolismo ácido das crassuláceas, que as faz resistente à seca. Elas fecham os estômatos durante o dia e trocam gases durante a noite de forma a não perder água,
que proporcionam retenção de água das chuvas e a drenagem do excedente, evitando assim a erosão e ajudando a coibir enchentes em grandes centros devido à retenção. O Ecotelhado® pode ser colocado sobre qualquer telhado existente, seja de fibrocimento de 6mm ou mais de espessura, telhas cerâmicas, de concreto, ou laje pré moldada com estrutura para receber essa carga, pois o m² pesa aproximadamente 50kg. Entre as telhas atuais e o Ecotelhado® é colocada a geomembrana de PEAD de 0,5mm para aumentar a estanqueidade do sistema e uma manta de feltro para manter a umidade, reserva ideal de nutrientes. Para os preguiçosos, a manutenção da telha verde é quase inexistente - podas e regas - devido ao tipo de planta utilizada no produto.
fazendo assim um metabolismo mais lento. A peça é comercializada pronta, sai do viveiro da empresa (plantada e enraizada) direto para ser fixada no telhado já existente. Segundo a empresa, a Ecotelha agrega nutrientes
Inovação 17
Eco-Desejos B e l o s o b j e t o s que não te deixaram com dor na
Consciência
Mochila ADPAC As bolsa unissex são desenvolvidas a partir da utilização de tecido de fibra reciclada, borracha de câmara de pneu reutilizada, forro de malha, fibra de bambu e enchimento de bucha vegetal. O sistema produtivo inclui o beneficiamento da borracha de câmara de pneu e permite aproveitar as sobras dos materiais empregados. A câmara de pneu reutilizada, devido ao corte empregado e à aplicação no produto ,torna o objeto único e exclusivo.
Jogos Americanos Sol e Lua Os jogos americanos são feitos de papel certificado pelo FSC, com alta gramatura e laminação que tornam muito mais durável o que seria descartável. As laminações desse tipo normalmente são feitas em BOPP, à base de petróleo, mas o designer usa um novo sistema que mantém as propriedades de isolamento, permitindo a limpeza com pano úmido, sem derivados de petróleo. Os grafismos Sol e Lua fazem parte da série São Paulo, e trazem uma solução formal de qualidade para esse objeto do cotidiano.
Urso persa O título pode ser engraçadinho, mas a criação de Lise Lefebvre foi feita para pensar! A artista juntou um velho tapete persa reformado, madeira, olhos de vidro e um conjunto de focinho, boca, dentes e língua feito em plástico. O resultado é algo totalmente inusitado que ousa brincar com a ideia de misturar um clássico dos tapetes com um clássico da estupidez (afinal, transformar um ursão em algo para decorar e pisar não parece muito sensato, né?!).
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Inovação
Canetas e estojos arco-íris A área do projeto Jarí na Amazônia – correspondente à metade da Bélgica – deixou de ser sinônimo de desmatamento. Dos 1,3 bilhão de hectares, 545 mil hectares hoje são certificados e autorizados pelo FSC para manejo sustentável pela Orsa Florestal. A empresa produz madeira tropical serrada e beneficiada a partir de mais de 20 espécies nativas comerciais, entre elas Angelim-pedra, Angelim-vermelho, cedrinho, cumaru, cupiúba, itaúba, jatobá, louro-faia, , maçaranduba, mandioqueira escamosa, mandioqueira lisa, orelha de macaco, pequiá, pegularana, quaruba cedro, quaruba fissurada, quarubarosa, sucupira, tanibuca, tatajuba e taxi-preto. O trabalho de Pedro Petry valoriza a diversidade de cores dessas espécies, em canetas de diferentes formatos que trazem impresso o nome científico da árvore de onde foram retiradas. Pedro ministra oficinas em cooperativa de jovens marceneiros, apoiada pela Fundação Orsa. A Orsa Florestal realizou um inventário no qual constam 600 espécies de madeira.
Banco Ianomami O banco Ianomami leva este nome por motivos óbvios. Inspirado na tribo indígena, a idéia inicial veio justamente da principal característica deste povo: a faixa vermelha pintada sobre os olhos feita com urucum. E o banco é puro design, mas sem esquecer um fator fundamental: a preservação do meio ambiente. Sendo assim, tirando cinco parafusos, todo o resto é natural e eco-compatível. Até nos mínimos detalhes, dá orgulho de ver o tecido do estofamento e a embalagem por exemplo, são de algodão colorido. O que isto tem demais?! É que o algodão não tem corantes, pigmentos, nada, apenas técnica; ele já nasce colorido. Tudo graças a um material desenvolvido pela EMBRAPA da Paraíba, que conta atualmente com 4 cores “cultivadas”: verde, rubi, bege e azul. Outra coisa legal é a estrutura do banco! Ela usa um cipó encontrado em árvores da região Amazônica. O detalhe é que trata-se de um parasita que com o tempo se desenvolve e acaba matando a planta. A sua extração é super-benéfica para a floresta. Já a madeira utilizada é o MDF certificado e revestido com embuia. Para saber mais sobre o Sérgio e suas criações, envie um e-mail para sergio.dostum@hotmail.com.
Inovação 19
Mostrando o que ĂŠ preciso para estar no mercado sustentĂĄvel.
A Fibra é um estúdio de inovação que investiga na natureza soluções para um design pleno, mas sustentável. Através da pesquisa, produção e aplicação de novos materiais, a Fibra busca integrar o meio ambiente e a sociedade, com projetos que promovam um mercado justo – com prioridades sociais, econômicas e ecológicas. A Fibra acredita que o design é uma ferramenta que pode contribuir para a transição da sociedade rumo a uma existência mais sustentável. Seu diferencial está em aplicar conceitos e estratégias de desenvolvimento e inovação que visam promover o surgimento de uma nova geração de materiais, processos, produtos e serviços mais sustentáveis. A missão da Fibra é oferecer soluções em design que contribuam para uma disseminação de conceitos que transformam atitudes, por meio da criação e gestão de projetos que prezam pelo equilíbrio entre a atividade humana, a preservação da biodiversidade e o uso racional dos recursos naturais. A Fibra é uma empresa que pensa no design como ferramenta que incorpora visões sitêmicas, sustentabilidade, acessibilidade, exploração de novos materiais, e suporta economias locais. É uma ferramenta de inovação que tem de ser usada na concepção de produtos, materiais e serviços economicamente viáveis, ecologicamente corretos e socialmente justos.
Ecobrindes Banana Plac Design: Fibra Design Sustentável clientes: Coca-Cola, VALER, Fator 8, Rede Energia, entre outros Linha de brindes desenvolvida para atender ao mercado corporativo.
FORMAÇÃO E BREVE HISTÓRICO
Através desse projeto foi possível alavancar a produção do BananaPlac,
A Fibra é formada por jovens empreendedores, recém formados na
se situa a unidade produtiva do material.
gerando emprego e renda para Itariri - região bananicultora, onde
faculdade, que compões uma equipe multidisciplinar, com visões complementares da economia, engenharia e design. Com menos de 05 anos de atuação, já coleciona importantes prêmios nacionais e internacionais – e o IDEA Brasil. Entre 2005 e 2009 a empresa participou do processo de incubação na Escola Superior de Desenho Industrial da Universidade do faculdade para uma sede própria, na Zona Portuária do Rio de Janeiro, apontada como uma área promissora da cidade, que receberá grande aporte de financiamento público-privado destinado a melhorias urbanas. Em um sobrado de 03 andares do final do século XIX, a Fibra conta com uma oficina de marcenaria própria, utilizada como ateliê de pesquisas e desenvolvimento, e como local de produção de materiais, móveis e objetos exclusivos – como o skate Folha Seca, a Bicicleta Chico e o Compensado de Pupunha.
Mesa Bruno Design: Fibra Design Produzida em Compensado de Pupunha, a mesa remete a estética do mobiliário tradicional japonês e valoriza a textura da palmeira. Desenvolvida sem o uso de pregos ou parafusos, através de técnica de encaixe com laminado de bambu orgânico.
Inovação 23
PORTIFÓLIO DE SOLUÇÕES
novas matérias-primas, com objetivo final de levá-las ao mercado, seguindo uma metodologia própria e reconhecida, que segue as
Design de Produtos: A Fibra busca o menor impacto ambiental
fases descritas ao lado. O estúdio atua tanto por encomenda quanto
em seus produtos, considerando sempre os aspectos sociais e
por demanda interna.
econômicos de seu ciclo de vida. A comunicação é também parte fundamental do processo de criação, e todo projeto é encarado como
Consultoria em Sustentabilidade: A Fibra dispõe de uma base
um veículo de disseminação de conceitos de sustentabilidade. O
de dados de produtos, materiais e tecnologias sustentáveis. Este
estúdio oferece soluções completas em seus projetos: da concepção
conteúdo é utilizado na orientação a outros profissionais criativos
inicial ao produto final
(como arquitetos, designers, decoradores e artistas plásticos) que desejam aplicar conceitos de sustentabilidade em seus projetos.
Design de Espaços: Projetos focados na relação do ser humano com o ambiente, considerando-se o layout e distribuição do espaço,
Palestras e Workshops: Adisseminação e troca de conhecimento é
mobiliário, sinalização, identidade visual, iluminação, sonorização,
uma das melhores maneiras de gerar novas idéias, novos valores e
entre outros. No Design de Espaços, o uso de produtos sustentáveis
mudanças de atitudes pessoais e coletivas. Com base nessa filosofia,
proporciona ao usuário a experimentação sensorial dos conceitos do
a Fibra realiza palestras e workshops pelo Brasil abordando o papel
projeto, o que torna sua disseminação mais abrangente. O estúdio
do design na transformação da sociedade rumo a sustentabilidade.
oferece soluções completas em seus projetos: da concepção inicial
O estúdio atende também a demandas específicas, sejam elas
ao espaço final montado.
acadêmicas ou corporativas.
Ecobrindes: A fibra oferece o serviço de desenvolvimento de produtos promocionais personalizados, de acordo com as necessidades e limite orçamentário informado pelo cliente. O estúdio atua em todo processo em projetos desta naturaze: desde o briefing inicial a produção e entrega final dos ecobrindes, e procura sempre utilizar materiais sustentáveis e envolver fornecedores solidários na produção. Além disso, a Fibra oferece em seu portifólio brindes produzidos pelo Grupo Eco e Rede Asta – duas das principais instituições nacionais que atuam na comercialização de produtos de economia solidária. Design de materiais: O design de materiais aproxima a engenharia de materiais ao design de produtos. A Fibra pesquisa e desenvolve
Skateboard Folha Seca Design: Fibra Design co-design: LETS EVO Fruto de um projeto de desenvolvimento aberto na web, realizado em parceria com Lets Evo, o skateboard Folha Seca é um produto não-madeireiro, produzido com BIOplac, um material desenvolvido pela Fibra através da observação de técnicas de comunidades tradicionais e da exploração da variedade de famílias botânicas no Brasil. O material foi vencedor do iF Material Awards 2008 e o produto nomeado para a final do VOLVO Sports Design 2008. 24
Inovação
PRINCIPAIS PROJETOS
Bicicleta Chico Produto desenvolvido com base em conceitos de consumo consciente e desenvolvimento sustentável. Fabricada em natural da criança, contribuindo para a redução no uso de materiais e estimulando a consciência ambiental nos pequenos. Projeto premiado com troféi de prata na categoria Eco-design do prêmio IDEA Brasil, em 2009.
Skateboard Folha Seca Fruto de um projeto de desenvolvimento aberto na web, realizado em parceria com Lets Evo, o skateboard Folha Sec é um produto não-madeireiro, produzido por BIOplac, um material desenvolvido pela Fibra através da observação de técnicas de comunidades tradicionais e da exploração da variedade de famílias botânicas no Brasil. O material dói vencedos do IF Material Awards 2008 e o produto nomeado para o final do VOLVO Sports Design 2008.
BananaPlac Painel laminado composto por fibras de bananeira e resina de origem vegetal(atóxica e biodegradável). Desenvolvido em parceria com a artesã Genilda Morais, sua produção contribui para a geração de emprego e renda em Itariri, SP, uma das regiões com os piores índices de IDH do estado de São Paulo. O material é aplicado na produção de objetos de papelaria, design e jóias e também no mercado de decoração, como painel de revestimento.
Compensado de Pupunha Material produzido a partir de estipes desperdiçados na produção do palmito sustentável de pupunha. Vencedor do IF MaterialAwards Gold, considerago o Oscar do design mundial.
Inovação 25
Reutilizar as aparas do papel usado na criação de uma peça está se tornando um serviço viável para agências de publicidade. Diferentemente do reciclado comum, o Reciclato, produzido por uma empresa de Papel e Celulose, é o primeiro papel offset 100% reciclado e feito em escala industrial no Brasil a partir de aparas pré (75% da composição, correspondendo ao material reciclado dentro da fábrica) e pós-consumo (25% de material vindo de coleta urbana). Inclusive, o papel Reciclato possui o selo FSC (Forest Stewardship Council, em português Conselho de Manejo Florestal) que garante a rastreabilidade do papel certificado e atesta o correto manejo nas florestas.
Aqui mostraremos pessoas que fazem arte de um modo diferente, pessoas que reaproveitam coisas org창nicas, criam novos mundos, aproveitam o que seria jogado no lixo, mostramos a arte literalmente de m찾os dadas com o planeta, com a vida.
Vitché Uma criança no carro aponta uma árvore morta com um olho pintado, no centro da avenida Brasil, em São Paulo. O olho chora sangue e o pai não se interessa pelo assunto. O governo precisa urgentemente arrancar aquele resto de árvore da avenida, antes que incomode mais pessoas... Esse tipo de conseqüência é comum nas expressões do grafite do Vitché. Pela não-banalização da arte do grafite, o artista se agarra aos pormenores: “A quantidade não aponta quem está necessariamente observando. Até uma vernissage, as 200 pessoas que podem estar lá não estão vendo. Não é uma preocupação de massa ver alguma coisa” Além dos olhos sangrentos, os personagens de um circo imaginário estão nos inúmeros tipos de superfície que Vitché utiliza para demonstrar sua sensibilidade. Em uma tarde em sua casa, no bairro do Cambuci (São Paulo), soubemos que novas preocupações e pensamentos que passam pela cabeça de uns dos grandes veteranos do grafite brasileiro. E 26 anos sua primeira pintura de muro, Vitché nos convida VER seu trabalho, usando a Design Sustentável como superfície. DNA Hoje esta tão dedicado este universo do grafite...Por várias coisas, uma delas são as galerias. Ás veze, ate pela falta de opção quando uma prota se abre, há maneiras de escapes. E todo mundo quer ir por essa entrada como essa luz se acendesse e todos querem desfrutar. Isso é claro, gerar atritos, fofocas, “Um acha que merecer estar mais ali que o outro”... e é o que vai mais tirando o foco da arte. Cada artista tem que encontrar seu foco, é como uma impressão digital: nunca é igual. Você pode ter referencia, alguém que goste, mais este foco de coração, só se conhece com o tempo. Depois de se absorver tudo, deposi chega a hora em que temos que separar, desmembrar, e lapidar para voltar ao caminho original. Isso é seu DNA, uma coisa só sua. Hoje, meu foco está em artistas mais antigos que tem a identidade que busco. Esses caras distanciaram-se dos pensamentos coletivos e são mais individuais. Um cara que adoro é o Franz Krajcberg, que tem 86 anos e está expondo em São Paulo. Não que eu não goste dos artistas do griffiti mais é que eu me vejo mais ou menosno mesmo momento deles, de busca. 30 Inovação
“Vejo parte do que faço com otimismo, mas na outra parte acho que as florestas vão acabar e que o planeta está caminhando para sua auto-destruição”.
Circo O circo vem de outra coisa. Quando pego uma madeira transformo num sonho: no caso, um bonequinho é uma fantasia. Quando faço um boneco com madeira reciclada, procuro mostrar que naquela madeira ainda existe um sonho. É uma boa maneira de equilibrar o próprio trabalho para não ficar muito pesado. Até para que eu possa conviver com isso todo dia. Vejo parte do que faço com otimismo mas na outra parte acho que as florestas vão acabar e que o planeta esta caminhando para sua própria autodestruição. O lado que acha que “ainda vale apena” transcende da realidade, pois mostra que o sonho sempre vai permanecer. Existe um lugar que jamais será tocado e é onde encontro equilíbrio: um sonho de DEUS, Já fui duas vezes ao Circo de Solei, Já rolou algumas coisas no circo que é interessante. Meus bonecos do circo são pintados com naipe de baralho e uso sempre cores do jogo (vermelho, preto) que tem a ver com as cores antigas dos índios. Recentemente fui a um circo na Inglaterra que não era famoso, do meio do nada, todo brando e os personagens tinha a mesma pintura que tinha feito em meus bonecos. Então não é bem o circo, mais a situação. Algo que faz ir alem do que ta fazendo, como acreditar que você pode voar. Ou ao menos que o leve para o mundo onde o homem não pode ir destruir. Todo mundo tem talento, aparentemente são especifico, mas você passa perceber que não. Temos talento para tudo basta apenas desenvolver. É que agente se impõe vários limites... Lá no fundo, podemos qualquer coisa. Inovação 31
1983 O começo foi mais romântico. Uma brincadeira de pintar. A primeira vez que peguei um spray foi em meados dos anos 80. Foi uma brincadeira na rua, do resto de tinta que usávamos para pintar o campinho de futebol. Não sabíamos nada de graffiti, mais gostávamos de desenhar. Riscávamos com giz e pedra. A rua não dava muita opação: ou jogar bola, ou brincar de esconde-esconde.E de repente estávamos desenhando na parede. Não havia nem maquina digital. Às vezes um só tinha a máquina e a foto nem saia com boa qualidade. Não tinha registro, mais isso é interessante, fica na memória, é o que você guarda no seu livro interior. Comecei dançando break em 1983, e lembro que repeti na escola naquele ano, foi uma bomba. 1983 foi um boom, pois este movimento começou a sair na mídia em todo o mundo. É engraçado por que muitas pessoas que faziam parte disso já morreram e não são citada. Como no caso do Zélão, um grafiteiro bem antigo ou o Vaughan Bode, grafiteiro americano que fazia gibis e influenciou muita gente lá fora. Na verdade os grafiteiros antigos, especialmente em Nova York, não tinha uma referencia em livros – só mais tarde foi feito o livro da Marthe Cooper, que é um dos mais antigos, mas na época a referencia era a própria rua. Logo, quando vemos uma foto antiga, não havia nada pra se preparar para ela: você estava com aquela roupa suja e fazia parte do contexto. Na época isso tudo era mais natural, a gente não pensava que isso ia tomar.
Olhos Sangrando Sempre morei na rua e nela tem muitas fábricas. A cidade, como um todo, não tem muitas arvores e as pessoas não tem uma grande preocupação quanto a isso. Só que isso esta na nossa essência, a nossa conexão sobre a terra. A gente esta sempre usando tênis, como proteção para não ter contato com o planeta terra, para não ter esse contato com o planeta. Mas somos uma coisa só e fazemos parte dele. As grandes cidades fazem a gente perder esta conexão muitas vezes nem faz mais falta para você. Você sai põe sua roupa, vai trabalhar e volta... E o que eu busco é fazer novamente esta conexão com a mãe terra. Os primeiros olhos que fiz em uma árvore foram em tocos que encontrava na rua e não sabia o que ia fazer com eles. Você sai para escrever seu nome nos muros e começa a questionar o pro que de fazer aquilo e onde quer chegar. Então peguei uns troncos e fiz uns olhos sem motivos, meio escorrido de sangue para que fosse um sentimento, um grito, uma raiva, do que estão fazendo com esses descansos com a natureza. Ultimamente tenho procurado estímulos para continuar fazendo, pois a cidade é muito forte a abafa muito. 32 Inovação
Stonehenge e Tiwanaco Não me preocupo hoje com o graffite, ou o que não é... hoje preocupome muito com o planeta, de uma forma geral. O graffite não pode ser muito definitivo,ele tem varias caras, é meio vivo, se deixar muito preso dentro de uma caixinha ele não ficará tão livre. Ele pode ser basicamente urbano, mas não necessariamente. Pode ir para outros lugares, como uma floresta. A gente conhece o urbano, mais ele vem de outras coisas, mais principalmente da necessidade de se expressar. Ontem mesmo estava vendo um documentário sobre a Polinésia, em que os caras escreviam nas pedras e havia uma expressão vinda dos primórdios. Esse negocio de tocar tambor, fogo, caça, de expressar o seu dia na caverna... Isso aconteceu também no Hip Hop: expressar o que esta rolando, colocar o tênis que você usa, a roupa que você comprou no personagem que esta pintando. Era o registro cultural de um momento. Continuo pesquisando coisas do antepassado. Desse conhecimento o mais legal foi perceber que pro mais que Stonehenge (Inglaterra) esteja separado de Tiwanaxo(Bolívia), eles tem uma conexão, É o inconsciente coletivo. O sol quando passa no portal de Stonehenge, passa no mesmo dia em Tiwanaco: dia 21 de julho. Eles estavam talvez mais conectados eli do que pro internet. Na realidade temos uma falsa ilusão de evolução, pois estávamos evoluindo talvez nos dar conta de que já sabíamos das coisas. Inovação 33
Coletivo Neozoon Quanto vale a vida de um animal silvestre? Para algumas pessoas ele gira em torno de U$5.000,00 e, com sorte, pode ser dividida em mais de 10 vezes sem juros. Afinal, esse é o preço médio de um casaco de pele, objeto desejado pro pessoas para as quais a existência é um bem que pode ser negociado. Para o coletivo Neozoon, roupas desse tipo não são sinônimos de glamour, mais provocação, atitude e reflexão. Formado em 2008, por quatro amigos de três paises - Alemanha, França, Suíça -, o grupo constrói suas criações baseando-se nas complexas relações entre homem e animal no contexto urbano, intervindo de modo bastante inusitado nas principais cidades européias. Usando como matéria-prima antigos casacos de pele descartados por compradores, o quarteto explora o jogo de vida e morte responsável por ditar a relação entre sociedade e natureza. “Silhuetas e materiais são combinados para criar a imagem de um animal vivo e , ao mesmo tempo, para apontar a morte por trás disso. Também existe aspectos da presença animal no espaço urbano,a questão de sobrevivência e da ocupação do território em locais construídos pelo homem. Esta é a parte interessante de nosso trabalho. Você pode vê-lo a partir de diferentes ângulos diferentes coisas a partir dele”, afirma seus componentes. Através de um processo de construção simples, os animais são desenhados no próprio casaco e colados no muros com argamassa. Mesmo o processo de criação leva em conta a preocupação ambiental do grupo. “Nos usamos cada pedacinho do casaco e tentamos desperdiçar o mínimo possível. Ações e pensamentos econômicos são fundamental para nosso trabalho”, comentam. Após observar suas intervenções, é possível não se deparar com a seguinte pergunta, quem são os verdadeiros animais selvagens desse tal planeta terra? 34 Inovação
“Silhuetas e materiais são combinados para criar a imagem de um animal vivo e , ao mesmo tempo, para apontar a morte por trás disso”.
Jason Decaires Taylor Eles intervêm na natureza há séculos, destruindo o meio ambiente e comprometendo ecossistema diversos. Eles são os seres humanos, curioso animais que, apesar de estudarem biologia, parecem não ter aprendido uma lição básica de sobrevivência: preservar o habitat que os cercam. Como toda a espécie, porem, o homo sapiens possui exemplares superiores, mas também adaptados e inteligentes. Exemplares como Jason Decaires Taylor, artista que através de sua curiosa arte chama atenção sobre a importância de uma interação harmônica entre o homem e a natureza. 36 Inovação
“Você pode usar as esculturas como forma de transmitir esperança, inspirando as pessoas a considerar suas interações com o mundo natural e a construir um futuro sustentável”. Otimista, as obras de Jason não apostam em um futuro macabro para a irresponsável humanidade. Pelo contrario; revela uma visão positiva dessa relação. Basta ver como ao serem mergulhadas na água, suas estatuas sofrem um curioso processo de transformação, virando magníficos recifes artificiais. Ao atrair vida marinha para sua superfície de cimento as esculturas mudam sua forma e cor, substituindo os tons de cinza por colorações esverdeadas e cheias de vida. “VOCÊ pode usar as esculturas como forma de transmitir esperança, inspirando as pessoas a considerar suas interações com o mundo natural e a construir um futuro sustentável”, afirma o artista, que é também mergulhador profissional e já trabalhou cinco anos com o graffiti. Ao fazer com que o ecossistema aja sobre o homem,e não o contrario,Jason deixa claro quem é que manda no planeta: a mãe natureza – que tem muito a ensinar a seus filhos rebeldes. Com grande sensibilidade, esse criativo artista nos mostra que basta ouvirmos com atenção seus ensinamentos, sem desafiá-la, para aprendermos muito com ela. Inovação 37
Sang Won Sung Feitas a partir de pedaços de brinquedos, utensílios domésticos , instrumentos musicais e outros objetos do cotidiano, as esculturas de Sang Won Sung são prova de que qualquer material, por mais banal que seja, pode ser transformado em uma obra de arte Como um quebra-cabeça psicodélico, figuras de bonecos são construídas pelas mas do coreano e a partir do encaixe de peças aparentemente desconexas. Portanto, não estranhe se encontrar em seu portfólio uma libélula com cauda de flauta ou uma mosca com olhos formados com olhos de fones de ouvido. “Na hora de montar, tento não quebrar as características originais do objeto e sim criar um algo novo e inusitado com ele” afirma o artista, que atualmente mora em São Paulo. Lojas de R$1,99, casa de construção e o intenso comércio da Rua 25 de março são onde o artista realiza sua peregrinação criativa. “Se a peça chama minha atenção, compro na hora e deixo no ateliê. Eu não penso na obra e depois vou atrás dos materiais. Ao contrario, acumulo objetos que encontro e depois crio a partir deles”, conta. Em alguns casos Sang deixa a base de suas obras penduradas na parede e chega a observá-las por um mês ate encontrar o objeto ideal para complementá-las. Verdadeiro estímulo à imaginação, os toys de Sang são muitos usados na Coréia para educação artística infantil. Aliás, toy não “Não gosto muito que meus trabalhos assim por que não faço minhas obras pensando que são toys (a denominação hoje é valorizada como inicialmente e se tornou industrializada), e sim obras de arte” afirma o criativo, que constrói suas peças desde 2001 –época anterior à popularização do termo. Obras de arte, então! E que obras!
“Na hora de montar, tento não quebrar as características originais do objeto e sim criar um algo novo e inusitado com ele”. 38 Inovação
Surrealismo
VocĂŞ pode viver e trabalhar em um container!
Quando o norte-americano Malcom McLean, dono de uma das maiores transportadoras dos Estados Unidos, criou, em 1937, o modelo mais conhecido de contêiner (caixa metálica para o transporte de cargas), provavelmente não imaginava que ele poderia algum dia ser reaproveitado na construção de casas. Ecologicamente corretas, essas moradias criativas são feitas a
Projeto Container Habitat, na mostra Casa Nova 2009, trabalho das arquitetas Lívia Ferraro e Clarissa Debiazi Zomer.
partir da reutilização de estruturas
e até uma biblioteca com lareira.
Container City, na verdade um prédio
“A chance de erosão em áreas
geralmente abandonadas em portos
A mansão inovadora está disponível
de quatro andares erguido na antiga
próximas a um rio tornou necessário
e têm tempo de construção bastante
para aluguel nos Estados Unidos
zona portuária de Docklands, em
o deslocamento dessas famílias por
reduzido e custos menores.
a partir de US$ 6 mil (R$ 11 mil)
Londres .
3 a 4 meses para os contêineres,
por semana.
“Essas construções fashion são mais
moradias transitórias, rápidas, seguras
A arquiteta catarinense Lívia Ferraro,
Também luxuosas são as construções
voltadas para aparecer na mídia.
e reutilizáveis”, afirma o secretário
por exemplo, criou um modelo de
da empresa norte-americana Numen
Não dá para utilizar os contêineres
Nabor Silva Ribeiro, da secretaria
casa de 47 metros quadrados,
Development: casas térreas com
sem qualquer cuidado térmico e
Extraordinária de Supervisão de
que transforma dois contêineres
três quartos, três banheiros, sala
sanitário.
Programas Intersetoriais da cidade.
em espaço com sala, cozinha,
e a opção de utilizar um contêiner
Não dá para enlatar as pessoas,
Essas enormes estruturas metálicas
banheiro, lavanderia, dormitório
como varanda.
ainda mais em regiões muito
também estão sendo aproveitadas
e varanda, pelo custo aproximado
Na cidade de Uxbridge, próxima a
quentes, onde essas estruturas se
em alojamentos estudantis.
de R$ 39 mil.
Londres, na Inglaterra, funciona
tornam verdadeiras estufas.
Em Amsterdã, na Holanda, cerca de
A casa de lata possui ainda sistema
desde 2008 o primeiro hotel da
Agora a ideia de aproveitar os
mil estudantes pagam 320 euros
de armazenamento de água da chuva
Europa feito com esses retângulos
contêineres é sensacional para
(R$ 715) de aluguel mensal para
e de tratamento de resíduos, painéis
de metal: são 80 deles que dão
construções temporárias com a
morar em um dos 12 edifícios de
de energia solar e paredes forradas
lugar a 120 quartos.
finalidade de acolher pessoas em
cinco andares que formam a maior
com lã de vidro para proporcionar
“Os clientes não notarão diferença
situações emergenciais, como vítimas
vila de contêineres do mundo.
estabilidade térmica no inverno.
de um quarto de hotel tradicional,
de inundações e terremotos”, avalia
Apesar do sucesso, deverá ser
“Na Europa, Austrália e Estados
mas se beneficiarão com os preços
Flávia Ralston, arquiteta formada
desativada em 2016. Na mesma
Unidos existem diversas residências
mais baixos”, garante Paul Harvey,
pela Faculdade de Arquitetura e
linha, no ano passado, cerca de
de alto padrão que utilizam estas
diretor-executivo da empresa
Urbanismo da Universidade de São
150 estudantes do curso de Design
caixas metálicas.
idealizadora, a Travelodge, no
Paulo (USP).
da Universidade de Sorocaba, no
Por isso temos o intuito de desmitificar
site oficial.
no Brasil essa ideia da impossibilidade
interior de São Paulo, criaram casas É o que fez a prefeitura de Santa
de 15 m² destinadas a estudantes
de utilizá-las como moradia”, diz
Há ainda projetos mais ousados que
Maria, no Rio Grande do Sul.
e à população de baixa renda.
Lívia, que está prestes a entregar
incluem bairros inteiros modulados
Foram construídas cerca de 30
uma casa-contêiner a um casal de
pelos retângulos de metal.
casas-contêiner (com quarto, sala
“Como a estrutura denota algo
Florianópolis (SC).
A primeira fica em uma área de 4,5
e banheiro, além de luz elétrica e
moderno e despojado, é ótima
mil metros quadrados em Cholula,
ligação com as redes de água e
alternativa para cidades universitárias,
A construção do arquiteto norte-
no México, onde os contêineres
esgoto, mas sem qualquer proteção
que recebem um público volante
americano Adam Kalkin é ainda mais
empilhados criam becos, ruas e
térmica nem acústica) para abrigar
que precisa morar de forma barata”,
luxuosa. Batizada “12 Container
pátios e são ocupados por galerias
famílias que vivem em áreas de risco
relata o coordenador do curso de
House”, ela foi montada a partir
de arte, cafés, lojas e restaurantes.
enquanto elas não são transferidas
Design e orientador do projeto,
de 12 contêineres, como o próprio
Já a empresa de arquitetura Urban
definitivamente para casas em
Marcelo Marcos Martinez Silvani.
nome indica, e tem dois andares
Space Management criou o projeto
construção em loteamentos populares.
Inovação 41
Consciência em cartaz O papel da Comunicação vai muito além de vender ou apenas informar deve também conscientizar. Muitos designers estão cientes disso, e passam a colocar nas ruas e na internet imagens não apenas lindas, mas também com mensagens importantes.
Escassez de água e excesso de poluição. Desigualdade sociais, violência e mortalidade infantil. Há anos a sociedade vem caminhando para que mazelas como estas continuem a afligir milhões de pessoas. Mesmo com o ativismo de órgãos públicos e privados, a situação ainda é grave em vários setores da vida em comunidade. A esperança reside na informação. Todo estudante de comunicação aprende que a mídia é o quarto poder porque é quem fornece as informações que as pessoas consomem, processam e com as quais formam suas opiniões. Durante muito tempo este poder ficou concentrado nas mãos de poucos veículos de televisão, rádio e jornais, mas com a internet e novas tecnologias, como o celular, este cenário está mudando completamente. A informação continua a ser o principal agente transformador da sociedade, mas com a descentralização dos meios formadores de opinião, há mais espaço para que pessoas que acreditam na possibilidade de melhoras se manifestem. Projetos e iniciativas podem iniciar e se difundir “ a banda larga” ou podem iniciar regionalmente no mundo físico e ganhar força no mundo virtual. Não há um movimento necessariamente mais
Rico Lins
importante que o outro. Na era da abundância de informação, propagandas e entretenimento, o importante é que assuntos relevantes ganhem volume para que eventualmente ganhem força. O design contribui muito para que estas informações ganhem a força necessária por que é capaz de dar apelo visual e eficiência de divulgação para uma sociedade que, cada vez, mais valoriza e responde à imagem. Pensando nisso, duas iniciativas de designers gráficos apostaram nas possibilidades dos cartazes para reforçar mensagens de cunho sócio-ambiental. Elas não são pioneiras, mas são atuais e queremos acreditar que também são apenas a ponta de um iceberg muito grande neste oceano de informações.
Miran
A força da mensagem urbana. “Resgatar a cultura dos cartazes no cenário urbano como importante elemento da conscientização da população e da democratização das idéias. A exposição crítica impactante e visualmente desafiadora compõe aspectos fundamentais do design no cotidiano moderno”. Este conceito motivou a criação da mostra “A força da mensagem urbana” que reuniu 10 designers brasileiros para desenvolverem cartazes com mensagens sócio-ambiental ou que simplesmente refletissem sobre o valor da linguagem gráfica. Silvio Silva Junior, Zé Henrique Rodrigues, Ericson Straub, Jair de Souza, Ale Tauchmann e Alexandre Magno optaram por explorar imagens que fizessem o espectador pensar sobre a ação do homem sobre o planeta e a natureza. A árvore caligráfica de Straub pede que respeitem a vida, a banana fincada com um abridor de latas de Magno questiona a evolução do homem. “Aplaudimos a ambição que nos empurra para frente, mas ela está nos levando para a beira do abismo”, escreve o designer. Jair de Souza encontrou muitos pêlos em um ovo, instigando-nos a pensar: será que não estamos vendo os problemas que estão à nossa frente? Tauchmann clama por interdependência, por sustentabilidade. Rodrigues prediz: a natureza sempre prevalece. Rico Lins pede SOS, e com as dicas de Sílvio Silva, quem sabe o tempo não acabe. Marcos Minini
Marcos Minini preferiu dizer mais uma vez de forma simples, direta e necessária: “Contra a violência: educação”. Já Renan Molin pede o fim da escravidão do futuro do país: nossas crianças. “Com ou sem palavras, os cartazes calam a ignorância e abrem uma infinidade de questionamentos e interpretações sobre o mesmo tema”. Assim como a arte o design também pode criar imagens para serem interpretadas de acordo com o sentimento do espectador. Oswaldo Miranda, ou apenas, Miran, em seu cartaz aponta isso com um dedo borrado de tinta.Nosso trabalho é olhar ao redor. A mensagem está por toda parte.
Ale Tauchmann
44 Inovação
Em 2007, o designer italiano Pasquale Volpe com ajuda do colega Tommaso Minneti lanõu na internet o concurso “Good 50x70”, incentivando criativos do mundo inteiro a usar o espaço de um cartaz para criar mensagens inspiradas na causas de diferentes instituições ativistas. Em sua segunda edição, Jair de Souza
foram escolhidas sete instituições: Anistia Internacional, Fundação de Pesquisa e Medicina Africana, Emergência, Greepeace, Liga Italiana pela Luta contra Aids, Unicef e WWF. “Se você perguntar para a maioria das pessoas, elas dirão que a propaganda e a indústria da comunicação como um todo vendem coisas que elas não precisam, ou que não podem pagar. O objetivo do
Alexandre Magno
Good 50x70 é usar estas habilidades para dar visibilidade a coisas mais importantes do que cerveja e tênis. É uma competição para aumentar a consciência entre a comunidade criativa do poder que temos para ser uma força para o bem”. A descrição do projeto já diz tudo. Foram escolhidos 30 car taz para cada uma das Instituições, tot a l i z a n d o 210 p e ç a s . O S trabalhos escolhidos formaram um Renan Molin
catálogo que esta a venda no site (good50x70.org). Prova de que o design deve agir como ativista foi o apoio do evento de instituições internacionais de peso ao projeto, como a Icograda (Associação internacional de Associações de Design Gráfico), AGI (Aliança Gráfica Internacional) BEDA (Bureau das Associações Européias de Design Gráfico) e AIAP ( Associação Italiana de Projettazione
Ericson Straub
da Comunicação Visual).
“Aplaudimos a ambição que nos empurra para frente, mas ela está nos levando para a beira do abismo”
Bom em 3,5 metros quadrado
Ela n達o vai precisar usar isso para se proteger vai?
A sustentabilidade
na prática
“Os estilos de vida e de comportamento da sociedade estão mudando, e diante do contexto sócio-ambiental que se vive ainda há mudanças a serem feitas. O designer tem um papel crucial neste cenário, pois é ele quem pode pensar em novas formas de produção, consumo e descarte.”
Borracha feita em casa A borracha amazônica faz parte da historia do desenvolvimento econômico brasileiro. Embora os colonizadores já conhecessem este material desde a metade do séc XV, somente em 1839 ela se tornou importante, quando Charles Goodyear descobriu o processo de vulcanização. Com a descoberta, o interesse pelo material látex brasileiro foi renovado, e no final do séc. XIX, o mundo chegou a depender da produção brasileira. Contudo, por causa de fatores históricos, novas tecnologias e questões ambientais, muita coisa mudou na extração e utilização do látex na seringueira. Hoje, são varias as aplicações deste material, e com ajuda de designers e universidades, a atividade de extração e manuseio do látex está sendo melhorado. Esse é um trabalho do Laboratório de Tecnologia Química (LATEQ) do Instituto Químico da universidade de Brasília, que desenvolveu o projeto TECBOR, criado e coordenado pelo professor Pastor.
Látex feito em casa A atividade tradicional dos seringueiros já e considerada ecologicamente correta, pois as arvores não sofrem com a extração, ao contrario, passam a fabricar ainda mais látex após a seringa.
48
Inovação
O respeito dos seringueiros pela floresta fez que a sociedade entendesse
industrias de autopeças artefatos, recauchutagem, adesivos e solados para
que a atividade extrativa não é somente um meio de exploração da natureza
calçados. Os resultados em todas as empresas se mostram favoráveis à FDL,
e sim conservação.
por que ela apresenta maior qualidade, menor tempo de processamento
Depois de extraído, o látex passa por processos que o transforma em laminas.
em relação às outras formas de produção.
O projeto TECBOR desenvolveu uma metodologia de trabalho que permite ao seringueiro fazer uma borracha beneficiada de boa qualidade, chamada de FDL (folha de defumação líquida). A idéia é que o seringueiro constitua com sua família ou comunidade, uma micro-usina de processamento, dispensando intermediários. A preparação das folhas não utiliza energia elétrica, o consumo de água é mínimo, e os produtos envolvidos não são prejudiciais à saúde nem ao meio ambiente. Hoje, além do FDL, a suínas familiares produzem a folha Semi Artefato (FSA) um tipo de borracha mais complexa. O processo de produção da FDA é semelhante ao FDL, com a diferença ao invés do coagulamento pirolenhoso, a borracha recebe enxofre para vulcanização. Depois de colorida, a FSA fica pronta para fabricação de pequenas peças. Esta nova tecnologia desenvolvida pelo LATEQ/UnB chamou a atenção de designers e empresas. Alem de ser usado para materiais técnicos. O material também pode ser usado em roupas, cintos, acessórios e objetos decorativos. A folha de defumação liquida já foi testada com sucesso em Inovação 49
Intervenção do Design Atualmente, muitos grupos de pesquisa trabalham no desenvolvimento de materiais e métodos de produção sustentável. Isso é uma excelente noticia para a sociedade a para designers. Contudo, é preciso testar na prática estes materiais, é necessário que os designers experimentem efetivamente para então se saber das possibilidades e limitações destas novidades. Com o TECBOR não foi diferente. Profissionais de diferentes áreas de desenvolvimento de produtos colocaram em pratica o uso de FDL com resultados muito positivo. Uma das apoiadoras do material é o Celaine Refosco, diretora do orbitato ( instituto de Estudos Multidisciplinares em designers). Para ela, descobrir o TECBOR foi uma grata surpresa. “É um material versátil, que já pode ser alterado pro vários meios. Com um aspecto entre transparente e opaco, possui caimento e peso adequados para produtos que têm na superfície a função”. Refosco acredita que as lâminas podem ser usadas em produtos como luminárias, por ser um excelente difusor e pela possibilidade de ser coloridos, e também podem ser aplicados em um alinha completa de produtos para o lar. “A combinação dos elementos
Conclusão
espessura, cor, textura, tamanho e formato, fazem lâminas produtos
Com todas estas experiências em mãos, podemos concluir que
prontos e valor agregados pelo design. Além disso, é um material
é necessário que exista iniciativas como a TECBOR pra serem
que pode ser cortado, costurado, grampeado e enrolado”, ou seja,
criadas alternativas aos materiais e meios de produção que
se desdobra com a criatividade do designer.
existem hoje. Contudo, a intervenção do design é estratégica, pois
Por exemplo, quem pensaria m usar laminas de látex para fazer
é o instrumento que íra agregar valor e dará posicionamento de
jóias? Pois as designers Jeanine Torres Geammal e Ana Videla o
mercado aos novos produtos.
fizeram ao desenvolver o projeto UMA. Trata-se de um kit com o qual
Outros desafios é fazer com que pessoas mudem seus hábitos
a pessoa cria sua jóia a partir das peças de plásticos em formas
e comportamentos, especialmente quando eles parecem ser
variadas e os elos e aros em prata. Para as designers, o objetivo
contraditórios e inconseqüentes. É fácil aceitar o fato que as
era unir material sustentável e socialmente responsável com as
pessoas trocam de óculos, bolsas ou eletrodomésticos a cada
jóias. “Usar isso na moda propicia a discussão em um contexto
seis meses ou um ano, mesmo sabendo que foram fabricados
diferenciado, que ajuda na divulgação e valorização deste tipo de
para durar mais tempo. Aceitamos que é um comportamento
iniciativa”.
baseado na moda e consumo.
Tentativas são sempre validas, e mesmo com erros é possível aprender. Foi o caso da Nó Design, que desenvolveu o Homem Elástico com a tecnologia TECBOR. O produto ficou bastante conhecido pela originalidade e estética divertida. Não houve nenhum problema no desenvolvimento ou na produção do produto a dificuldade surgiu com os usuários. Após alguns meses do lançamento do Homem Elástico, a Nó Design recebeu diversas reclamações dos clientes
Quando a natureza nos oferece um material que tem uma vida menor porem condizente ao tempo que o produto fica na moda, a aceitação é muito menor. A freqüência continua a ser por plásticos que podem durar eternidades, mesmo que seja para usá-los apenas durante seis meses. Achamos muito mais difícil aceitar um material natural desenvolvido e produzido no Brasil, somente por que ele se
por que o produto se rompeu.
degrada de forma natural. A sociedade é contraditória, e o sistema
A Nó Design acabou levando um prejuízo financeiro e de imagem,
pra ter benefícios econômicos.
mas nem por isso deixou de acreditar nas possibilidades novas. 50 Inovação
de mercado, infelizmente, continua a abusar desta situação só
DESIGN GRÁFICO Também pode ser sustentável Atuar na forma sustentável não se refere apenas a levar em consideração questões de produção e consciente de produtos. Significa trabalhar para a melhoria da qualidade de vida da população de modo geral, inclusive do design de uma das ferramentas mais importantes da sociedade atual: a informação. Este é o trabalho da Área de Comunicação, Design e Multimídia (ACDM) do projeto Piatam, desenvolvido na Floresta Amazônica. Para entender o trabalho dos designers primeiro vamos falar um pouco sobre o Piatam. O projeto foi criado para monitorar as atividades de produção e transporte de petróleo e gás natural oriundos de Urucu. Foi criado em 2000 pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM), um apoio do Fundo Setorial de Petróleo e Gás Natural, e hoje é coordenado em conjunto com a Petrobras. Concebido como um projeto sócio-ambiental, o Piatam promove excursões para coleta de dados no trecho do Rio Solimões por onde navegam os petroleiros. Nos 400 km percorridos pelo barco, nove comunidades ribeirinhas são visitadas. No percurso, cientistas e pesquisadores coletam informações que são integradas em um banco de dados ligado a um sistema de informações geográficas, que, por sua vez, são usados para criar mapas de sensibilidade ambiental. No decorrer das excursões, sempre acontecem descobertas. Técnicas de sensoriamento remoto por satélites revelam novos dados sobre a floresta e seu ciclo hidrológico. Os pesquisadores já identificaram espécies de peixes até então desconhecidas na 52 Inovação
região e, em 2007, 22 sítios arqueológicos foram encontrados. Outro papel do Piatam é sistematizar as informações que podem servir de subsídio para eventuais reservas da indústria petrolífera. Mas sua importância está mesmo na imensa contribuição para a ampliação do conhecimento científico sobre o ecossistema amazônico. Nesta empreitada, trabalham mais de 200 pesquisadores, divididos em diversas áreas, entre elas, a área de Comunicação, a ACDM.
O design em ação A missão do ACDM é fortalecer a identidade do projeto Piatam e integrá-lo junto a seus diversos públicos de interesse por meio da divulgação do conhecimento elaborado pelos pesquisadores. A equipe é multidisciplinar e formada por designers, jornalistas, pedagogos, relações públicas e artistas plásticos. Somente o setor de Design e Multimídia é composto por dois designers, sete estagiários e uma pedagoga. Por meio do design, o grupo colabora com a inclusão dos moradores trabalhando com a divulgação das informações relacionadas ao projeto sempre aliada ao cuidado com o projeto gráfico. Há quatro anos, a equipe vem planejando, organizando e executando projetos visuais, impressos e digitais para o Piatam. Os designers interagem com todas as áreas de pesquisa do Projeto desenvolvendo os trablhos com os mesmo princípios para soluções visuais e ergonômicas adequadas à características sócio-econômicos e culturais da região. O ACDM também executa atividades de assessoria e apoio pedagógico com a comunidade, apontando estratégias e trabalhos que ajudem na formação da comunidade, e atendam a sua diversidade sociocultural.
Um dos primeiros passos foi o desenvolvimento da identidade
Ações com as comunidades
visual para eventos gerais e de áreas do Piatam, assim como uma programação visual para as publicações cientificas do projeto. No
Não foram só as crianças as beneficiadas com as intervenções
entanto, é com a comunidade que o trablho de design tem um
do ACDM do Piatam. Uma das inciativas com a população adulta
verdadeiros papel social.
foi o projeto Ateliê Comunitário Biobijuterias. Seu conceito é bem
O objetivo dos designers era apresentarr à sociedade local as
simples e não é novidade – mas porque mexer em time que está
atividades do projeto por meio de recursos lúdicos e didáticos.
ganhando, certo? Trabalha com o desenvolvimento de artesanato
Para isso foi desenvolvido um personagem, chamado Piatamzinho,
comunitário, visando o resgate cultural, geração de renda e novas
recurso que sempre ajuda a cativar o público infanto-juvenil.
oportunidades de trabalho.
Depois de pesquisas com as crianças, a equipe de criação optou
As comunidades escolhidas para a participar são aquelas na
por usar a imagem do barquinho, tão utilizado nas pesquisas
área de influência do Piatam e o projeto pretende atender
do Piatam. Também foram lançados produtos, como cartilhas,
principalmente mulheres e jovens entre 18 e 30 anos. A equipe
folhetos e os tradicionais brindes (bolsas, pins, canetas, adesivos
verificou que este grupo é o mais carente de oportunidades de
e camisetas)
geração de renda. O ateliê-piloto dará espaço para os participantes
Uma outra iniciativa dos designers foi transformar os conhecidos
produzirem suas peças, bem como a oportunidade de receberem
jogos de tabuleiros em atividades com enfoque ecológico e com
cursos e oficinas que potencializem a atividade artesã.
dimensões desproporcionais, incentivando que as crianças
Em cada comunidade será feito um estudo preliminar dos
brincassem em grupos. Os jogos de memória, quebra-cabeça, e
materiais que já são usados no artesanato, e depois será feito
dominó, todos traziam várias ilustrações que remetiam à flora e
um levantamento das espécies com potencial uso no design.
fauna típicas de floresta.
Em virtude da rica diversidade natural da floresta, ao final das
A atividade de maior destaque foi a ilha Piatamzinho, que
pesquisas, espera-se que seja coletado material suficiente para
desencadeou todas as atividades da I mostra Piatam de Recursos
a implantação de coleções temáticas de botânica. A carpoteca
Didáticos Interativos. No evento fopi apresentado o seu principal
(biblioteca de frutos), xiloteca (arquivo de madeiras) e outras
produto, o site Piatamzinho.
formas de inventários servirão de referência e material didático.
O site é uma verdadeira ferramenta de educação ambiental. Para
Por fim, os membros da comunidade serão capacitados através
seu desenvolvimento foi uma feita uma pesquisa que envolveu
de cursos técnicos, ministrados por profissionais da área do
200 alunos de duas escolas públicas, duas da rede particular e
design, que irão propor atividades relativas à coleta, utilização
de duas instituições de educação ambiental. O objetivo era saber
beneficiamento e tratamento das matérias-primas, além de
qual o interesse destes estudantes quando navegam pela internet,
confecção e customização de produtos.
onde fazem suas pesquisas escolares, quais sites mais visitados e como se manifestava o interesse por assuntos relacionados à região. Hoje, estão disponíveis no site jogos educativos e informações científicas com linguagem adequada às crianças. Professores e crianças podem desfrutar de seu conteúdo interativo sobre ecossistemas, definições e jogos tudo guiado pelo simpático Piatamzinho. visite o site: www.piatamzinho.ufam.edu.br
UMA OUTRA INICIATIVA DOS DESIGNERS FOI TRANSFORMAR OS CONHECIDOS JOGOS DE TABULEIROS EM AT I V I DA D E S C O M ENFOQUE ECOLÓGICO. Inovação 53
Entrevista com Ale Tauchmann no CD.
Não é apenas mais uma agência de design, muito menos de publicidade, a propostas da Taste é ser uma empresa especializada em consultoria criativa. A TASTE é formada pela união de 3 profissionais com experiências
Pimentel e Renan Molin, que também faziam parte da equipe da
distintas e complementares, que decidiram fazer um negócio
OpusMúltipla, a nova empresa tem como propósito atuar além do
estruturado numa proposta de trabalho que une design, direção
design, coordenando todo o processo de construção da marca.
criativa e planejamento num modelo de trabalho estratégico e inovador. Com experiência de mais de 15 anos, tiveram a
“Criamos um modelo novo, que nos permite ir da análise e definição
oportunidade de trabalhar com empresas de segmentos e tamanhos
de posicionamento, até a criação, seja de um logotipo, uma
diferentes. Dentre elas o BOTICÁRIO, TIM, DOCOL, DANONE, MONT
embalagem, um ambiente interativo ou mesmo uma campanha
BLANC, UNILEVER, LILICA E TIGOR, PEPSI, KRAFT FOODS, BANCO
publicitária”, afirma Tauchmann. Ele explica que isso será possível
COMERCIAL PORTUGUÊS, HSBC, COMPANHIA DE ENERGIA DE
graças à rede de parceiros com a qual a empresa formalizou acordos
PORTUGAL, CAIXA SEGUROS, BERGERSON, BR MALLS, PREFEITURA
de operação conjunta. “O grupo de trabalho será montado de acordo
DE CURITIBA, MINISTÉRIO DA SAÚDE, BANCO DO BRASIL, MTV,
com a necessidade e a própria atividade do cliente. Teremos, então,
COCA-COLA, PHILLIP MORRIS, MUSEU OSCAR NIEMEYER.
sempre uma equipe multidisciplinar e especialista, que nos permitirá entender com mais profundidade o negócio do cliente para propor
Depois de nove anos integrando a equipe criativa da OpusMúltipla
as soluções mais adequadas”, completa.
Comunicação Integrada, os três últimos como diretor de criação
“A ideia de formar a Taste surgiu da nossa insatisfação com os
em design, Alessandro Tauchmann parte para um projeto pessoal e
modelos de estúdios e agências atuais. Tínhamos visões próprias
lança no mercado a Taste, agência de consultoria criativa voltada à
a respeito de processos e posicionamento e entendíamos que
gestão de marcas. Tendo também como sócios os designers Sandro
podíamos desenvolver um novo negócio a partir disso”, explica
Sandro Pimentel. O objetivo a longo prazo, segundo os sócios da nova agência, “é fortalecer a cultura do design na área de negócios, que, em nossa opinião, ainda desempenha um papel superficial no planejamento da maioria dos anunciantes”. A empresa inicia atividades já elaborando projetos de incentivo e geração de conteúdo para clientes como Desmobilia, Enox, IdeaFixa, O Boticário e MTV Brasil. Para o canal de televisão, a Taste foi responsável pela criação da identidade do evento de lançamento da programação 2010, realizado em março, em São Paulo. No momento, além do atendimento aos clientes, está desenvolvendo alguns projetos especiais, entre eles um em parceria com a revista IdeaFixa, que será lançado em breve.
A gravadora alemã Unpopular Disclose Records e a banda Aok convidou a TASTE para criar o novo material em comemoração aos 12 anos da banda.
Com curadoria da Ideafixa, a exposição Imersão aconteceu na UP durante o NDESIGN2010. A TASTE foi uma dos vinte convidados a criar para a expo.
56 Inovação
“A idéia de criar uma agência surgiu da nossa insatisfação com os modelos de estúdios e agências atuais”.
Ale tauchmann tem em seu
Sandro pimentel trabalhou
Renan molin passou os últimos
portfolio projetos executados
em escritórios de design e
anos trabalhando em agências
para marcas nacionais
agências de propaganda, entre
e estúdios de design. Entre
e internacionais que lhe
elas a agência lowe de lisboa,
outros reconhecimentos foi
renderam por 3 vezes o título
portugal.
finalista no cannes lions Design
de profissional de design mais
Ao longo dos últimos 15 anos,
2008 e teve seus trabalhos
premiado do clube de criação
participou dos processos de
divulgados em publicações
do paraná e de profissional de
criação e gestão de grandes
e exposições nacionais e
design do ano nos últimos 2
marcas, sendo responsável
internacionais, entre elas
Anos pelo prêmio colunistas.
pela implantação de projetos
a exposição Can & did em
Teve seus trabalhos divulgados
de âmbito nacional.
new york, com o poster ALL
em anuários, sites, exposições
COLORS TOGETHER criado
e publicações especializadas
para a campanha do presidente
de design. É diretor de
barack obama, que contou com
comunicação da prodesign
trabalhos de grandes nomes do
pr, associação de design do
design mundial.
paraná.
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