DON PASQUALE Gaetano Donizetti
2012
Teatro Nacional de São Carlos
sexta-feira, 2 novembro, 20h00 domingo, 4 novembro, 16h00 terça-feira, 6 novembro, 20h00 quinta-feira, 8 novembro, 20h00 sábado, 10 novembro, 16h00
Esta produção terá dois intervalos – a seguir ao Ato I e II – com cerca de vinte minutos cada.
Don Pasquale
3
Índice
Nota do diretor artístico
6
Ficha artística
8
Argumento
12
Libreto
14
Nota do Encenador
61
Biografias
62
Ficha técnica
67
Don Pasquale
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Caros amigos,
Há um ano atrás, Don Carlo regressou ao nosso Teatro depois de uma ausência de 34 anos. Hoje, tenho o prazer de anunciar que Don Pasquale volta a ser ouvida no São Carlos depois da sua última apresentação, na mesma temporada de Don Carlo, em 1978. Quando cheguei a Lisboa, há dois anos atrás, comecei a trabalhar no projeto artístico mais adequado ao nosso teatro e seu público. Assim que vi o trabalho de Italo Nunziata, percebi que tinha encontrado a produção perfeita. Esta encenação, que nos chega do La Fenice, já subiu ao palco de muitas cidades. Convidámos dois artistas para a sua estreia em Portugal: o maestro Carlo Rizzari e o tenor francês Mathias Vidal. Voltamos a receber três vozes caras ao São Carlos, José Fardilha, Eduarda Melo e o grego Yanni Yannissis. Depois de semanas de ensaios em estúdio e no palco, esperamos que o resultado final divirta todos os que venham assistir. Don Pasquale é, certamente, das óperas mais encantadoras e envolventes do século XIX. Foi também um período de trabalho recompensador para toda a equipa do teatro. Depois das récitas, a OSP e o Coro regressam ao palco para o segundo grande concerto da temporada. O maestro francês Nicolas Chalvin vai dirigir duas obras icónicas do repertório do seu país: o Requiem de Fauré, e a Sinfonia Fantástica de Berlioz. Em dezembro, apresentamos a versão de concerto da ópera, Thaïs, de Massenet cujo centenário se celebra este ano. Em dezembro do ano passado, estreámos O gato das botas no Teatro Camões, que obteve um fantástico sucesso junto do público e contou, na estreia, com a presença de Agatha Ruiz de la Prada, autora dos figurinos e da cenografia. Este Natal, é no palco do São Carlos que vamos dar a ver e ouvir esta deliciosa ópera de Montsalvatge, sob a direção de João Paulo Santos e com o elenco que a estreou no ano passado, à exceção do papel da Princesa agora interpretado por Bárbara Barradas. O Salão Nobre e o Foyer continuam a receber a programação de concertos com a participação de músicos da OSP, do Coro do Teatro Nacional de São Carlos, para além de artistas convidados. Deixo os meus votos de um bom espetáculo. Até breve,
Diretor Artístico do Teatro Nacional de São Carlos
Eduarda Melo (Norina) e figuração. © fotografia de ensaio
Don Pasquale Gaetano Donizetti
Drama bufo em três atos Libreto de Gaetano Donizetti e Giovanni Ruffini
Estreia absoluta
Théâtre Italiien, Paris, a 3 de janeiro de 1844
Estreia em Portugal
Real Teatro de São Carlos, a 30 de novembro de 1845
Coro do Teatro Nacional de São Carlos Maestro titular Giovanni Andreoli
Orquestra Sinfónica Portuguesa
Nova produção Teatro La Fenice, Veneza
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Direção musical
Personagens e intérpretes
Carlo Rizzari Encenação
Italo Nunziata Cenografia e figurinos
Pasquale Grossi Desenho de luz
James Patrick Latronika James Patrick Latronica
Don Pasquale José Fardilha Norina Eduarda Melo Malatesta Yanni Yannissis Yannis Yannissis Ernesto Mathias Vidal O Notário Frederico Santiago
Don Pasquale
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Encenador assistente
Patrick Mailler
Diretor musical de cena
João Paulo Santos
Cenário e adereços Teatro La Fenice
Guarda-roupa Teatro La Fenice Costumi Atelier Nicolao Teatro Nacional de São Carlos
Maestros correpetidores
Joana David Nuno Margarido Lopes
Cabeleiras Teatro Nacional de São Carlos
Caracterização
Fátima Sousa
Figuração
Patrícia Andrade Paula Moreira Sofia Saragoça Tânia Carvalho Tereza Havlickova Bruno Cunha Nuno Barracas Paolo Andreoni Pedro Augusto Pedro Garcia Ricardo Silva
José Fardilha (Don Pasquale) © fotografias de ensaio
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Argumento Ato I
Ato II
Avarento e simplório, porém, bom homem, o velho e abastado Don Pasquale vive em Roma com o sobrinho, o jovem Ernesto. Enquanto aguarda a chegada do amigo e também seu médico, Dr. Malatesta, Don Pasquale mostra alguns sinais de impaciência. Por fim, entra o Dr. Malatesta com as notícias tão esperadas: encontrou a noiva que melhor corresponde aos desejos de Don Pasquale. Bela, ingénua, doce como nenhuma outra e, para mais, filha de boas famílias de apelido Malatesta, a sua própria irmã. O velho burguês mal se contém e pede ao amigo que mais não tarde e a leve à sua presença.
A sós, Ernesto lamenta a sua triste sorte. Prestes a perder a herança do tio, escorraçado de casa, está prestes a perder Norina. Decide então partir para terras distantes, desejando que Norina encontre a felicidade.
Assim que sai o médico, entra Ernesto a quem Don Pasquale se prepara para dar um sermão. Já por várias vezes tentou convencer o jovem a aceitar casar com uma mulher rica e de nobre família, mas o sobrinho persiste no amor prometido a Norina, uma bela e jovem viúva. Perante a teimosia de Ernesto, Don Pasquale garante-lhe que se continuar a recusar o casamento que lhe propôs, será deserdado e posto fora de casa; aproveitando a deixa, informa Ernesto que está prestes a conhecer a noiva com quem se apronta a casar. Se a notícia deixa Ernesto perplexo, ao saber que se trata da irmã de Malatesta e recomendada pelo próprio, um que ele julgava ser seu querido amigo, decide renunciar ao amor de Norina, uma vez deserdado. Em casa, Norina lê um livro e comenta a arte da sedução e o quão bem sabe pô-la em prática. Em plena leitura, entra um criado com uma carta de Ernesto, dando-lhe conta da decisão que tomara, de abandonar Roma, e talvez até a Europa, e não mais voltar. É neste momento que chega Malatesta lhe conta acontecido em casa de Don Pasquale. Depois de saber o que Ernesto se propõe fazer, Malatesta promete ajudá-la a evitar tal desfecho, mas Norina terá primeiro de seguir as suas instruções. O estratagema implica que Norina aparente ser a noiva prometida a Don Pasquale, donzela casta, meiga, e aplicada nas tarefas da casa. Sem esquecer a filiação com o médico. Entre risos, os dois acertam os pormenores da personagem a interpretar.
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Entretanto, Don Pasquale recebe Malatesta que traz consigo Norina, com o rosto coberto por um véu, e modos tímidos. Don Pasquale encanta-se com a visão que se lhe oferece enquanto Norina e Malatesta escondem risos trocistas. A jovem diz chamar-se Sofronia e afirma dar importância apenas às tarefas da casa, desgostando profundamente os prazeres da vida mundana. Ao retirar o véu, a sua beleza fascina Don Pasquale, que decide casar de imediato Previdente, Malatesta trouxera já um notário que aguardava na antecâmara. O falso notário, convocado por Malatesta, entra para celebrar o contrato. À falta de uma testemunha, nem de propósito, eis que entra Ernesto a quem Don Pasquale pede que desempenhe o papel. Norina entra em pânico ao aperceber Ernesto e este mal suporta a crueldade do destino; Malatesta salva a situação, chamando o jovem à parte e pondo-o a par do plano em ação. E é o próprio Ernesto que assina o contrato de casamento como testemunha. Terminada a «cerimónia», Norina desfaz-se da personagem de recém-chegada do convento e descompõe Don Pasquale assim que ele tenta abraçá-la. Ernesto não se contém e solta uma gargalhada sonora, provocando a ira do tio e a expulsão imediata de casa. Norina enfrenta o «marido», revoga a ordem dada e apodera-se da gestão da casa assegurando que todos os seus caprichos sejam cumpridos: modista, cabeleireiros, uma decoração da casa à altura, e quantos mais criados precisar. Don Pasquale apercebe-se do terrível engano de que foi vítima ao ver que o seu anjo é afinal um diabo de saias e, para mal dos seus pecados, um diabo esbanjador.
Ato III Na casa de Don Pasquale vive-se agora um constante corrupio: diamantes, peles, chapéus, são trazidos à dona da casa, e enquanto criadas a ajudam a arranjar-se, outros preparam a carruagem. E o pobre Don Pasquale mergulhado em faturas que não cessam de chegar. Norina aparece elegantemente trajada, e avisa o marido que vai ao Teatro; Don Pasquale tenta impedi-la e conforme a conversa sobe de tom, Norina aplica-lhe uma bofetada. É demais para o velho burguês que já grita por divórcio, dando azo ao riso de Norina já a caminho da porta da rua. No chão, Don Pasquale descobre um papel caído: um bilhete para a mulher a marcar um encontro romântico naquela mesma noite. Atordoado, manda chamar Malatesta com urgência. Este, por sua vez, revela num aparte, que o bilhete é mais um ardil para concluir o plano arquitetado com Norina. Ao chegar, Don Pasquale revela a descoberta e ambos decidem apanhar Sofronia em flagrante. Don Pasquale sente-se triunfante, pois assim poderá expulsar a mulher de casa. Mas nem sonha com o que se avizinha...
Don Pasquale sente-se traído, mas é tal o alívio de ver terminada a experiência que viveu que rapidamente perdoa os que o rodeiam. Malatesta conta-lhe então que foi a forma de o alertarem dos perigos de casar velho com alguém tão mais jovem do que ele. Agora, feliz e mais tranquilo, Don Pasquale pede a Deus que os una para sempre.
Ernesto canta uma serenata à sua amada, Norina. Assim que Malatesta e Don Pasquale fazem a sua entrada, o jovem amante desaparece em direção à casa do tio. Norina finge tomá-los por ladrões para depois afirmar que apenas passeava ao luar, o que deixa Don Pasquale furioso. Malatesta sussurra a Norina que entre no seu jogo e finja afronta e indignação assim que ele comece a falar. Depois de pedir carta-branca a Don Pasquale para levar a cabo um plano que forçará Sofronia a aceitar o divórcio, Malatesta informa-a que está prestes a chegar uma nova esposa à casa de Don Pasquale: Norina, noiva de Ernesto. Sofronia recusa permanecer debaixo do mesmo teto do que uma viúva convencida e diz que sairá de casa assim que se der o casamento. Perante tal afirmação, Malatesta convence Don Pasquale a consentir a união de Ernesto com Norina. Desesperado, o velho burguês acede. O tio dá a boa notícia ao sobrinho e pede-lhe que vá buscar a jovem. Malatesta revela a verdade e apresenta Norina, a falsa Sofronia.
Don Pasquale
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Página anterior: José Fardilha (Don Pasquale) e Yanni Yannissis (Dr. Malatesta); Mathias Vidal (Ernesto). Nesta página: José Fardilha e Yanni Yannissis; Eduarda Melo, José Fardilha, Mathias Vidal e figuração. © fotografias de ensaio
Don Pasquale Libretto
Libreto
Atto I
Ato I
Sala in casa di Don Pasquale, con porta in fondo d’entrata comune, e due porte laterali che guidano agli appartamenti interni.
Sala em casa de Don Pasquale; ao fundo, uma porta de entrada comum e duas portas laterais que conduzem aos aposentos interiores.
Scena prima Don Pasquale solo
Cena 1 Don Pasquale sozinho
Don Pasquale (guarda con impazienza all’orologio)
Don Pasquale (olha impaciente para o relógio)
Son nov’ore; di ritorno il dottore esser dovria. (ascoltando) Zitto!... Parmi... È fantasia... Forse il vento che soffiò. Che boccon di pillolina, nipotino, vi preparo! Vo’ chiamarmi don Somaro se veder non ve la fo.
São nove horas; o meu médico já devia ter regressado. (presta o ouvido) Silêncio!... Parece-me... É imaginação minha... Talvez o vento que soprou. Que rica surpresa te preparo, sobrinho! E que me chamem Dom Jumento se não vais ter que a engolir!
Malatesta (di dentro)
Malatesta (de fora)
È permesso?
Dá-me licença?
Don Pasquale
Don Pasquale
Avanti, avanti.
Entre, entre.
Scena seconda Il dottore Malatesta e detto.
Cena 2 O Dr. Malatesta e os anteriores.
Don Pasquale (con ansietà)
Don Pasquale (ansioso)
Dunque?...
Então...?
Malatesta
Malatesta
Zitto, con prudenza.
Silêncio, cuidado.
Don Pasquale
Don Pasquale
Io mi struggo d’impazienza. La sposina...?
A impaciência consome-me. A noiva...?
Malatesta
Malatesta
Si trovò.
Encontrei-a.
Don Pasquale
Don Pasquale
Benedetto!
Abençoado!
Malatesta
Malatesta
(Che babbione!) Proprio quella che ci vuole. Ascoltate, in due parole il ritratto ve ne fo’.
(Ó que tonto!) É exatamente o que queríamos. Ouça, em duas palavras, como a retrato.
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Don Pasquale
Don Pasquale
Son tutt’occhi, tutto orecchie, muto, attento a udir vi sto.
Sou todo olhos, todo ouvidos. Mudo, ouvirei sem dizer palavra.
Malatesta
Malatesta
Udite. Bella siccome un angelo in terra pellegrino, fresca siccome il giglio che s’apre in sul mattino, occhio che parla e ride, sguardo che i cor conquide. Chioma che vince l’ebano sorriso incantator.
Ouça! Bela como um anjo exilado na terra, fresca como um lírio que floresce pela manhã, olhos que falam e riem, olhar que conquista corações, cabelos mais negros do que ébano e um sorriso encantador.
Don Pasquale
Don Pasquale
Sposa simile! Oh, giubilo! Non cape in petto il cor.
Uma tal esposa! Oh, alegria! Não me cabe no peito o coração.
Malatesta
Malatesta
Alma innocente, ingenua, che sé medesma ignora; modestia impareggiabile, bontà che v’innamora ai miseri pietosa, gentil, dolce, amorosa. Il ciel l’ha fatta nascere per far beato un cor.
Alma inocente e ingénua, que se ignora a si própria; modéstia incomparável, bondade que enamora, piedosa para com os pobres, doce, gentil, amorosa. O céu fê-la nascer para fazer feliz um coração.
Don Pasquale
Don Pasquale
Famiglia?
Família?
Malatesta
Malatesta
Agiata, onesta.
Rica, honesta.
Don Pasquale
Don Pasquale
Il nome?
O seu nome?
Malatesta
Malatesta
Malatesta.
Malatesta.
Don Pasquale (con intenzione)
Don Pasquale (com intenção)
Sarà vostra parente?
É sua parente?
Malatesta
Malatesta
Alla lontana un po’... È mia sorella.
Ligeiramente afastada… É minha irmã.
Don Pasquale
Don Pasquale
Oh gioia! E quando di vederla, quando mi fia concesso?
Oh alegria! E quando a verei? Quando a poderei ver?
Don Pasquale
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Malatesta
Malatesta
Sta sera sul crepuscolo.
Hoje, ao anoitecer.
Don Pasquale
Don Pasquale
Sta sera? Adesso, adesso. Per carità, dottore!
Esta noite? Agora, agora. Por caridade, doutor!
Malatesta
Malatesta
Frenate il vostro ardore, quetatevi, calmatevi, (con aria di misterio) fra poco qui verrà.
Contenha o seu fervor, acalme-se, tranquilize-se, (misteriosamente) em breve vê-la-á.
Don Pasquale (stordito)
Don Pasquale (espantado)
Da vero?
Verdade?
Malatesta (in segreto)
Malatesta (em segredo)
Preparatevi, e ve la porto qua.
Prepare-se e aqui a farei chegar.
Don Pasquale
Don Pasquale
Oh caro! (lo abbraccia)
Meu caro amigo! (abraça-o)
Malatesta
Malatesta
Calmatevi. Ma udite...
Acalme-se. Mas ouça...
Don Pasquale
Don Pasquale
Non fiatate.
Nem respire.
Malatesta
Malatesta
Ma...
Mas…
Don Pasquale
Don Pasquale
Non c’è ma, correte, o casco morto qua. (Malatesta parte) Un foco insolito mi sento addosso, omai resistere io più non posso. Dell’età vecchia scordo i malanni, mi sento giovine come a vent’anni. Deh! cara, affrettati, dolce sposina! Ecco di bamboli mezza dozzina veggo già nascere, veggo già crescere, a me d’intorno veggo scherzar.
Não há cá «mas», corra ou caio aqui redondo. (Malatesta sai) Sinto em mim um fervor insólito, já não resisto mais. Esqueço as maleitas da velhice, sinto-me jovem, como se tivesse vinte anos. Oh! Querida, vem depressa, doce esposa! Já vejo meia dúzia de filhos, já os vejo nascer, já os vejo crescer e brincar ao meu redor.
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Son rinato. Or si parli al nipotino. A fare il cervellino veda che si guadagna. (guarda nelle scene) Eccolo appunto.
Renasci. Agora falemos ao sobrinhito. Que ele veja o que ganha em armar-se em esperto. (olha para fora) Ei-lo.
Scena terza Ernesto e detto.
Cena 3 Don Pasquale e Ernesto.
Don Pasquale
Don Pasquale
Giungete a tempo. Stavo per mandarvi a chiamare. Favorite. Non vo’ farvi un sermone, vi domando un minuto d’attenzione. È vero o non è vero che, saranno due mesi, io v’offersi la man d’una zitella nobile, ricca e bella?
Chega mesmo a tempo. Estava para o mandar chamar. Faça o favor. Não vou dar-lhe um sermão, peço-lhe apenas um minuto de atenção. É ou não verdade que há dois meses lhe ofereci a mão de uma donzela nobre, rica e bonita?
Ernesto
Ernesto
È vero.
É verdade.
Don Pasquale
Don Pasquale
Promettendovi, per giunta un bell’ assegnamento, e alla mia morte, quanto possiedo?
Prometendo-lhe, também, uma boa pensão e, após a minha morte, deixar-lhe todos os meus bens?
Ernesto
Ernesto
È vero.
É verdade.
Don Pasquale
Don Pasquale
Minacciando, in caso di rifiuto, diseredarvi, e a torvi ogni speranza, ammogliarmi, se è d’uopo?
Ameaçando-o deserdá-lo, caso recusasse, e para lhe tirar toda a esperança, voltar-me a casar, se fosse necessário?
Ernesto (sospirando)
Ernesto (suspirando)
È vero.
É verdade.
Don Pasquale
Don Pasquale
Or bene, la sposa che v’offersi, or son due mesi, ve l’offro ancor.
Ora bem, volto a oferecer-lhe a noiva que há dois meses lhe propus.
Ernesto
Ernesto
Non posso; amo Norina, la mia fede è impegnata...
Não posso, amo Norina, a minha palavra está comprometida...
Don Pasquale
Don Pasquale
Sì, con una spiantata.
Sim, com uma pelintra.
Don Pasquale
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Ernesto
Ernesto
Rispettate una giovine povera, ma onorata e virtuosa.
Respeite uma jovem pobre, mas honrada e virtuosa.
Don Pasquale
Don Pasquale
Siete proprio deciso?
Está mesmo decidido?
Ernesto
Ernesto
Irrevocabilmente.
Irredutivelmente.
Don Pasquale
Don Pasquale
Or ben, pensate a trovarvi un alloggio.
Então, pense em encontrar onde dormir.
Ernesto
Ernesto
Così mi discacciate?
Sou assim escorraçado?
Don Pasquale
Don Pasquale
La vostra ostinazione d’ogni impegno mi scioglie. Fate di provvedervi. Io prendo moglie.
A sua obstinação liberta-me de qualquer obrigação. Trate da sua vida. Quanto a mim, vou casar-me.
Ernesto (nella massima sorpresa)
Ernesto (totalmente surpreendido)
Prender moglie?
Casar-se?
Don Pasquale
Don Pasquale
Sì, signore.
Sim, senhor.
Ernesto
Ernesto
Voi?...
O senhor?...
Don Pasquale
Don Pasquale
Quel desso in carne ed ossa.
Eu próprio, em carne e osso.
Ernesto
Ernesto
Perdonate la sorpresa...
Perdoe a minha surpresa...
Don Pasquale
Don Pasquale
Io prendo moglie.
Vou casar-me!
Ernesto
Ernesto
(Oh questa è grossa!) Voi prender moglie?...
(Ah, esta é boa!) O senhor?... Vai casar-se?
Don Pasquale (con impazienza)
Don Pasquale (Impaciente)
L’ho detto e lo ripeto. Io, Pasquale da Corneto, possidente, qui presente, qui presente, in carne ed ossa, d’annunziarvi ho l’alto onore che mi vado ad ammogliar.
Disse e repito. Eu, Pasquale de Corneto, proprietário, aqui presente, aqui presente, em carne e osso, tenho a honra de anunciar que me vou casar.
Ernesto
Ernesto
Voi scherzate.
Está a brincar.
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Don Pasquale
Don Pasquale
Scherzo un corno, lo vedrete, al nuovo giorno. Sono, è vero, stagionato, ma ben molto conservato, e per forza e vigoria me ne sento da prestar. Voi frattanto, signorino preparatevi a sfrattar.
A brincar uma ova, amanhã o verá. É verdade que sou homem maduro, mas muito bem conservado; força e vigor tenho ainda para cortejar. Entretanto, senhor, prepare-se para ir embora.
Ernesto
Ernesto
(Ci volea questa mania i miei piani a rovesciar! Sogno soave e casto de’ miei prim’anni, addio. Bramai ricchezze e fasto solo per te, ben mio: povero, abbandonato, caduto in basso stato, pria che vederti misera, cara, rinunzio a te.)
(Só faltava esta para alterar os meus planos! Sonho doce e casto da minha juventude, adeus. Ambicionei luxo e riqueza só para ti, minha querida: pobre, abandonado, caído em desgraça, para não te ver na miséria, querida, eu renuncio a ti).
Don Pasquale
Don Pasquale
(Ma, veh, che originale! Che tanghero ostinato! Adesso, manco male, mi par capacitato. Ben so dove gli duole, ma è desso che lo vuole, non altri che sé stesso egli incolpar ne de’!)
(Mas, que original! Que patego teimoso! Agora, menos mal, parece que compreendeu. Bem sei como lhe dói, mas ele assim o quis, não pode culpar ninguém senão a si próprio!)
Ernesto (dopo breve pausa)
Ernesto (depois de uma breve pausa)
Due parole ancor di volo.
Quero dizer duas palavras.
Don Pasquale
Don Pasquale
Son qui tutto ad ascoltarvi.
Estou aqui para ouvi-lo.
Ernesto
Ernesto
Ingannar si puote un solo: ben fareste a consigliarvi. Il dottore Malatesta è persona grave, onesta.
Talvez esteja enganado: faria bem em aconselhar-se. O Doutor Malatesta é pessoa séria e honesta.
Don Pasquale
Don Pasquale
L’ho per tale.
Tenho-o nessa conta.
Ernesto
Ernesto
Consultatelo.
Consulte-o.
Don Pasquale
Don Pasquale
E già bello e consultato.
Já o consultei.
Don Pasquale
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Ernesto
Ernesto
Vi sconsiglia?
Desaconselhou-o?
Don Pasquale
Don Pasquale
Anzi, al contrario, m’incoraggia, n’è incantato.
Muito pelo contrário, encorajou-me, está encantado.
Ernesto (colpitissimo)
Ernesto (muito surpreendido)
Come? Come? Oh, questo poi...
Como? Como? Ah, então...
Don Pasquale (confidenzialmente)
Don Pasquale (confidente)
Anzi, a dirla qui fra noi, la... capite?... La zitella, ma... silenzio... è sua sorella.
Na verdade, para ser sincero e aqui entre nós, a dita... compreende?... a donzela, mas... silêncio... é sua irmã.
Ernesto
Ernesto
Sua sorella!! Che mai sento? (agitatissimo) Del dottore?
Sua irmã! Que ouço? (nervosíssimo) Do médico?
Don Pasquale
Don Pasquale
Del dottor.
Do médico.
Ernesto
Ernesto
(Mi fa il destin mendico, perdo colei che adoro, in chi credeva amico discopro un traditor! D’ogni conforto privo, misero! a che pur vivo? Ah! non si dà martoro eguale al mio martor!)
(O destino faz de mim mendigo, perco quem amo, e quem considerava amigo revela-se traidor! Privado de qualquer conforto, miserável! Para quê viver? Oh, não há sofrimento comparável ao meu martírio!)
Don Pasquale
Don Pasquale
(L’amico è bello e cotto, non osa fare un motto in sasso s’è cangiato; L’affoga il crepacuor Si roda, gli sta bene, ha quel che gli conviene. Impari lo sventato a fare il bello umor.)
(O nosso amigo está aturdido, não ousa dizer palavra, ficou petrificado; sufoca-o o sofrimento. Que sofra, só lhe faz bem. Tem o que merece. Assim o desmiolado aprende a fazer-se de engraçado.)
(partono)
(partem)
Scena quarta Stanza in casa di Norina. Entra Norina con un libro alla mano, leggendo.
Cena 4 Quarto na casa de Norina. Entra Norina com um livro na mão, lendo.
Norina
Norina
«Quel guardo il cavaliere in mezzo al cor trafisse piegò il ginocchio e disse:
«Aquele olhar atingiu o coração do cavaleiro, ele ajoelhou e disse:
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son vostro cavalier! E tanto era in quel guardo sapor di paradiso, che il cavalier Riccardo, tutto d’amor conquiso, giurò che ad altra mai non volgeria il pensier.» (ridendo) Ah, ah! Ah, ah! So anch’io la virtù magica d’un guardo a tempo e loco, so anch’io come si bruciano i cori a lento foco, d’un breve sorrisetto conosco anch’io l’effetto, di menzognera lagrima, d’un subito languor. Conosco i mille modi dell’amorose frodi, i vezzi, e l’arti facili per adescare un cor. Ho testa bizzarra; son pronta, vivace... mi piace scherzar, mi piace brillar. Se monto in furore di rado sto al segno, ma in riso lo sdegno fo presto a cangiar. Ho la testa bizzarra, ma core eccellente. E il dottor non si vede! Oh, che impazienza! Del romanzetto ordito a gabbar don Pasquale, ond’ei toccommi in fretta, poco o nulla ho capito, ed or l’aspetto... (Entra un servo, le porge una lettera ed esce. Norina guardando la soprascritta.) La man d’Ernesto... io tremo. (Legge: dà cenni di sorpresa, poi di costernazione.)
sou o seu cavaleiro! E tanto era celestial aquele olhar, que o cavaleiro Ricardo, arrebatado de amor, jurou que jamais dirigiria a qualquer outra os seus pensamentos.» (rindo) Ah! Ah! Ah! Ah! Também eu sei o poder mágico de um olhar no momento certo, sei como se aquecem os corações em lume brando, sei o efeito de um sorriso fugaz, de uma lágrima falsa, de uma súbita languidez. Conheço as mil astúcias do jogo amoroso, os encantos e os artifícios para atrair um coração. Sou caprichosa, sou ágil e decidida... gosto de brincar, de brilhar. Se me irrito, não me contenho, mas rapidamente da raiva passo ao riso. O meu feitio é extravagante, mas o coração excelente. E o médico que não aparece! Oh, que impaciência! Falou-me tão a correr da história inventada para enganar Don Pasquale que pouco ou nada percebi e agora estou à espera… (Entra um criado, entrega-lhe uma carta e sai. Norina olha o sobrescrito.) A letra de Ernesto... tremo. (Lê: dá sinais de surpresa, depois de consternação.)
Scena quinta Norina e Malatesta.
Cena 5 Norina e Malatesta.
Malatesta (con allegria)
Malatesta (alegre)
Buone nuove, Norina, il nostro stratagemma...
Boas notícias, Norina, o nosso estratagema...
Norina (con vivacità)
Norina (repentinamente)
Me ne lavo le mani.
Lavo daí as minhas mãos.
Malatesta
Malatesta
Come? Che fu?
Como? O que foi?
Don Pasquale
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Norina (porgendogli la lettera)
Norina (entregando-lhe a carta)
Leggete.
Leia.
Malatesta (leggendo)
Malatesta (lendo)
«Mia Norina; vi scrivo. colla morte nel cor». Lo farem vivo. «Don Pasquale aggirato da quel furfante...» (Grazie!) «da, quella faccia doppia del dottore, sposa una sua sorella, mi scaccia di sua casa, mi disereda infine. Amor m’impone di rinunziare a voi. Lascio Roma oggi stesso, e quanto prima l’Europa. Addio. Siate felice. Questo è l’ardente mio voto. Il vostro Ernesto.» Le solite pazzie!
«Minha Norina, escrevo-lhe com a morte no coração.» Ressuscitá-lo-emos. «Don Pasquale enredado por aquele velhaco...» (Obrigado!) «Por aquele aldrabão do médico, casa-se com uma sua irmã, expulsa-me de casa e acaba de me deserdar. Obriga-me o amor a renunciar a si. Deixo Roma ainda hoje e, tão breve quanto possível, a Europa. Adeus. Sê feliz. Este é o meu desejo ardente. O seu, Ernesto». Os disparates do costume!
Norina
Norina
Ma s’egli parte!...
Mas se ele parte!...
Malatesta
Malatesta
Non partirà, v’accerto. In quattro salti son da lui, della nostra trama lo metto a parte, ed ei rimane, e con tanto di cor.
Não partirá, garanto. É em três tempos que vou ter com ele, ponho-o a par da nossa intriga, ele fica, e de coração feliz.
Norina
Norina
Ma questa trama si può saper qual sia?
Mas essa intriga, pode saber-se o que é?
Malatesta
Malatesta
A punire il nipote, che opponsi alle sue voglie Don Pasqual ha deciso prender moglie.
Para castigar o seu sobrinho, que se opõe às suas vontades, Don Pasquale decidiu casar-se.
Norina
Norina
Già mel diceste.
Já me disse.
Malatesta
Malatesta
Or ben, io suo dottore, vistolo così fermo nel proposto, cambio tattica, e tosto nell’interesse vostro, e in quel d’Ernesto, mi pongo a secondarlo. Don Pasquale sa ch’io tengo al convento una sorella, vi fo passar per quella – egli non vi conosce – e vi presento pria ch’altri mi prevenga; vi vede, resta cotto.
Pois bem, eu, seu médico, vendo-o tão firme no seu propósito, mudei de estratégia e rapidamente, a bem do seu interesse e no de Ernesto, comecei a dar-lhe razão. Don Pasquale sabe que eu tenho uma irmã num convento, faço-a passar por ela – ele não a conhece –, eu apresento-a antes que alguém o saiba; ele vê-a: apaixona-se.
Norina
Norina
Va benissimo.
Ótimo.
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Malatesta
Malatesta
Caldo caldo vi sposa. Carlotto mio cugino ci farà da Notaro. Al resto poi tocca pensare a voi. Lo fate disperar: il vecchio impazza, l’abbiamo a discrezione... Allor...
Muito em breve estarão casados. Carlotto, meu primo, fará de notário. Depois, é consigo. Faça-o desesperar: o velho enlouquece, temo-lo na mão… Então…
Norina
Norina
Basta. Ho capito.
Basta. Compreendi.
Malatesta
Malatesta
Va benone.
Muito bem.
Norina
Norina
Pronta io son; purch’io non manchi all’amor del caro bene: farò imbrogli, farò scene, so ben io quel ch’ho da far.
Estou pronta. Farei tudo para não perder o amor daquele que me é caro: enganar, ludibriar, sei bem o que devo fazer.
Malatesta
Malatesta
Voi sapete se d’Ernesto sono amico, e ben gli voglio, solo tende il nostro imbroglio Don Pasquale a corbellar.
Sabe que sou amigo de Ernesto, que quero o seu bem. A nossa intriga apenas pretende enganar Don Pasquale.
Norina
Norina
Siamo intesi. Prendo impegno.
Estamos de acordo. Estou preparada.
Malatesta
Malatesta
Io la parte ora v’insegno.
Agora instruo-a sobre a personagem.
Norina
Norina
Mi volete fiera?
Quer-me altiva?
Malatesta
Malatesta
No.
Não.
Norina
Norina
Mi volete mesta?
Quer-me triste?
Malatesta
Malatesta
No, la parte non è questa.
Não, a personagem não é essa.
Norina
Norina
Ho da pianger?
Devo chorar?
Malatesta
Malatesta
No.
Não.
Norina
Norina
O gridare?
Ou gritar?
Don Pasquale
25
Malatesta
Malatesta
No, la parte non è questa. State un poco ad ascoltar. Convien far la semplicetta.
Não, a personagem não é essa. Ouça por um momento. Convém fazer de ingénua.
Norina
Norina
La semplicetta?
De ingénua?
Malatesta
Malatesta
Or la parte, ecco, v’insegno.
Vou agora descrever-lhe a personagem.
Norina
Norina
Posso in questo dar lezione.
Quanto a isso, posso dar-lhe aulas.
Malatesta
Malatesta
Collo torto, bocca stretta.
Cabeça inclinada, boca cerrada.
Malatesta e Norina
Malatesta e Norina
Or proviam quest’altra azione.
Ora vamos então ensaiar cena.
Norina (con affettatura)
Norina (com exagero)
Mi vergogno... son zitella...
Tenho vergonha... Sou uma inocente...
Malatesta
Malatesta
Brava, brava, bricconcella! Va benissimo così.
Bravo, bravo, sua malandra! Está ótimo assim.
Norina
Norina
Grazie... Serva... Signor sì.
Obrigado. Uma sua criada... Sim, meu senhor.
Malatesta
Malatesta
Collo torto.
Cabeça inclinada.
Norina
Norina
Così...
Assim...
Malatesta
Malatesta
Brava. Bocca stretta.
Excelente. Boca cerrada.
Norina
Norina
Così...
Assim...
Malatesta
Malatesta
Ma brava.
Ótimo.
Malatesta e Norina
Malatesta e Norina
Vado, corro al gran cimento, sì corriam. Pieno ho il cor d’ardimento. A quel vecchio affé la testa questa volta ha da girar.
Parto agora, corro para a grande aventura, sim, vamos depressa, com o coração cheio de coragem. Desta vez, o velhote há de perder a cabeça.
26
Norina
Norina
Mi comincio a vendicar. Quel vecchione rimbambito a miei voti invan contrasta; Io l’ho detto e tanto basta, la saprò, la vo’ spuntar.
A minha vingança começou. Aquele velho senil em vão contraria os meus desejos; já o disse e não repito, saberei como vencer.
Malatesta
Malatesta
Poco pensa don Pasquale che boccon di temporale si prepari in questo punto sul suo capo a rovesciar. Urla e fischia la bufera, vedo il lampo, il tuono ascolto; la saetta fra non molto sentiremo ad iscoppiar.
Não imagina Don Pasquale a tamanha tempestade que aqui se prepara para cair sobre ele. Grita e assobia o furacão, vejo o relâmpago, ouço o trovão; muito em breve ouviremos a tormenta eclodir.
Atto II
Ato II
Sala in casa di don Pasquale.
Quarto em casa de Don Pasquale.
Scena prima Ernesto solo
Cena 1 Ernesto sozinho
Ernesto
Ernesto
Povero Ernesto! Dallo zio cacciato da tutti abbandonato, mi restava un amico, e un coperto nemico discopro in lui, che a’ danni miei congiura. Perder Norina, oh Dio! Ben feci a lei d’esprimere in un foglio i sensi miei. Ora in altra contrada i giorni grami a trascinar si vada. Cercherò lontana terra dove gemer sconosciuto, là vivrò col cuore in guerra deplorando il ben perduto. Ma né sorte a me nemica, né frapposti monti e mar, ti potranno, o dolce amica, dal mio cor cancellar. E se fia che ad altro oggetto tu rivolga un giorno il core, se mai fia che un nuovo affetto spenga in te l’antico ardore, non temer che un infelice te spergiura accusi al ciel; se tu sei, ben mio, felice, sarà pago il tuo fedel. (esce)
Pobre Ernesto! Expulso pelo tio, por todos abandonado, restava-me um amigo e nele descubro um inimigo que conspira contra mim. Perder Norina, oh Deus! Fiz bem em expressar-lhe os meus sentimentos numa carta. Agora, irei terminar os meus desventurados dias noutras terras. Procurarei um lugar longínquo onde, desconhecido, possa sofrer; aí, com o coração atormentado, chorando o meu amor perdido. Mas nem a sorte adversa, nem os montes, nem o mar, que nos separam poderão, doce amiga, apagar-te do meu coração. E, se por ventura, abrires o teu coração a outro, ou se um novo afeto em ti apagar a antiga chama, não temas que os céus te acusem de perjúrio; se tu, meu bem, estiveres feliz, o teu leal amante ficará feliz. (sai)
Don Pasquale
27
Scena seconda Don Pasquale in gran gala seguito da un servo.
Cena 2 Don Pasquale em traje de gala, seguido por um criado.
Don Pasquale (al servo)
Don Pasquale (para o criado)
Quando avrete introdotto il dottor Malatesta e chi è con lui, ricordatevi bene, nessuno ha più da entrar; guai se lasciate rompere la consegna. Adesso andate. (il servo parte) Per un uom sui settanta... (Zitto che non mi senta la sposina.) convien dir che son lesto e ben portante. Con questo boccon poi di toilette... (si pavoneggia) Alcun viene... eccoli. A te mi raccomando, Imene.
Quando chegar o doutor Malatesta e quem vier com ele, não te esqueças, ninguém mais deve entrar. Ai de ti se não cumpres esta ordem. Agora vai. (o criado sai) Para um homem que ronda os setenta... (Calado, que não me ouça a noiva.) ...convenhamos que ainda estou ágil e com ótima aparência. Ainda mais com esta belíssima toilette… (pavoneia-se) Vem alguém… Ei-los. A ti, Himeneu, me confio.
Scena terza Malatesta conducendo per mano Norina velata.
Cena 3 Entram Malatesta e Norina, com um véu.
Malatesta
Malatesta
Via, da brava.
Vamos, coragem.
Norina
Norina
Reggo appena... Tremo tutta...
Não estou em mim… Toda eu tremo...
Malatesta
Malatesta
V’inoltrate.
Vamos, entre.
(Nell’atto che il dottor fa inoltrare, Norina accenna colla mano a Don Pasquale di mettersi in disparte, Don Pasquale si rincantuccia.)
(Quando entra com Norina faz um sinal a Don Pasquale para que se afaste; Don Pasquale esconde-se.)
Norina
Norina
Ah fratel, non mi lasciate.
Oh, irmão, não me deixe.
Malatesta
Malatesta
Non temete.
Não tenha medo.
Norina
Norina
Per pietà! (appena Norina è sul davanti del proscenio il dottore corre a Don Pasquale)
Tenha piedade! (Norina permanece no proscénio, o médico corre para Don Pasquale.)
Malatesta
Malatesta
Fresca uscita di convento, natural è il turbamento, per natura un po’ selvatica. Mansuefarla a voi si sta.
Recém-saída do convento, é natural que esteja perturbada. Tem um temperamento um pouco selvagem, vai ter que a amansar.
28
Norina
Norina
(Sta a vedere, vecchio matto, ch’or ti servo come va.)
(Espera velho tonto, que já te dou o que mereces.)
Don Pasquale
Don Pasquale
Mosse, voce, portamento, tutto è in lei semplicità. La dichiaro un gran portento se risponde la beltà!
Os gestos, a voz, o porte, tudo nela é simplicidade. Se a beleza corresponde declaro-a um portento!
Malatesta
Malatesta
Mosse, voce, portamento, tutto è in lei semplicità.
Os gestos, a voz, o porte, tudo nela é simplicidade.
Norina
Norina
Ah fratello.
Oh irmão!
Malatesta
Malatesta
Non temete.
Não tenha medo.
Norina
Norina
A star sola mi fa male.
Tenho medo de estar sozinha.
Malatesta
Malatesta
Cara mia, sola non siete, ci son io, c’è don Pasquale...
Minha querida, não está só, estou aqui eu, e está Don Pasquale...
Norina (con terrore)
Norina (aterrorizada)
Come? Un uomo! Oh, me meschina! (agitatissima) Presto, andiam, fuggiam di qua.
Como? Um homem! Ah, pobre de mim! (muito agitada) Rápido, vamos, fujamos daqui.
Malatesta
Malatesta
Coraggio, non temete.
Coragem, não tenha medo.
Don Pasquale (vedendo che Norina vuol partire)
Don Pasquale (vendo que Norina se quer ir embora)
Dottore, dottore!...
Doutor, doutor!...
Norina
Norina
(Sta a vedere, vecchio matto, ch’or ti servo come va.)
(Espera velho tonto, que já te dou o que mereces.)
Don Pasquale
Don Pasquale
(Com’è cara e modestina nella sua semplicità.)
(Como é adorável e modesta na sua simplicidade.)
Malatesta
Malatesta
(Com’è scaltra malandrina impazzire lo farà.) (a Norina) Non abbiate paura, è Don Pasquale, padrone e amico mio, il re dei galantuomini.
(Que malandra, que astuta, fá-lo-á enlouquecer.) (para Norina) Não tenha medo, é Don Pasquale, meu paciente e amigo, o rei dos cavalheiros.
Don Pasquale
29
(Don Pasquale si confonde in inchini. Norina non lo guarda.)
(Don Pasquale desfaz-se em vénias. Norina não olha para ele.)
Malatesta (a Norina)
Malatesta (para Norina)
Risponde al saluto.
Responde ao cumprimento.
Norina (fa una riverenza senza guardar Don Pasquale)
Norina (faz uma reverência sem olhar para Don Pasquale)
Grazie, serva.
Obrigada, uma sua criada.
Don Pasquale
Don Pasquale
(Oh ciel, che bella mano!)
(Oh céus... que bela mão!)
Malatesta
Malatesta
(E già cotto a quest’ora.)
(Já está apanhado.)
Norina
Norina
(Oh, che baggiano!)
(Oh, que simplório!)
(Don Pasquale dispone tre sedie; siedono, dottore nel mezzo.)
(Don Pasquale coloca três cadeiras, sentam-se, o médico no meio.)
Malatesta (a Don Pasquale)
Malatesta (para Don Pasquale)
(Che ne dite?)
(O que me diz?)
Don Pasquale
Don Pasquale
(È un incanto; ma, quel velo...)
(É um encanto, mas aquele véu...)
Malatesta
Malatesta
Non oseria, son certo, a sembiante scoperto parlare a un uom. Prima l’interrogate, vedete se nei gusti v’incontrate, poscia vedrem.
Não ousaria, estou certo, conversar com um homem de rosto descoberto. Primeiro, faça-lhe perguntas, veja se lhe agrada, depois, logo se vê.
Don Pasquale
Don Pasquale
(Capisco. Andiam, coraggio) (a Norina) Posto ch’ho l’avvantaggio... (s’imbroglia) Anzi il signor fratello... Il dottor Malatesta... Cio è voleva dir...
(Compreendo. Vamos, coragem.) (para Norina) Visto que me foi concedida a honra… (hesita) ou seja, o senhor seu irmão... o doutor Malatesta... pois bem, o que eu queria dizer...
Malatesta
Malatesta
(Perde la testa.) (a Norina) Rispondete.
(Perde a cabeça.) (para Norina) Responda.
Norina (facendo la riverenza)
Norina (fazendo uma reverência)
Son serva, mille grazie.
Uma sua criada, muito agradecida.
30
Don Pasquale (S’alza e corrisponde, poi siede di nuovo.) (a Norina) Volea dir ch’alla sera la signora amerà la compagnia.
Don Pasquale (Levanta-se, faz também uma vénia e volta a sentar-se.) (para Norina) De certo que a senhora ao serão gostará de ter companhia.
Norina
Norina
Niente affatto. Al convento si stava sempre sole.
Nem pensar nisso. No convento estávamos sempre sozinhas.
Don Pasquale
Don Pasquale
Qualche volta al teatro?
Mas vai querer por vezes ir ao teatro?
Norina
Norina
Non so che cosa sia, né saper bramo.
Não sei o que é, nem desejo saber.
Don Pasquale
Don Pasquale
Sentimenti ch’io lodo. Ma il tempo, uopo è passarlo in qualche modo.
Sentimentos que louvo. Mas o tempo há que ocupá-lo de alguma forma.
Norina
Norina
Cucire, ricamar, far la calzetta, badare alla cucina: il tempo passa presto.
Costurar, bordar, tricotar, cuidar da cozinha: o tempo passa rápido.
Malatesta
Malatesta
(Ah, malandrina!)
(Ah, malandra!)
Don Pasquale (agitandosi sulla sedia)
Don Pasquale (agitando-se na cadeira)
(Fa proprio al caso mio.) (al dottore) Quel vel per carità!
(É mesmo o que me convém.) (para o médico) O véu, por caridade!
Malatesta (a Norina)
Malatesta (para Norina)
Cara Sofronia. Rimovete quel velo.
Querida Sofronia. Por favor, remova o véu.
Norina (vergognandosi)
Norina (envergonhada)
Non oso... in faccia a un uom?
Não me atrevo... em frente a um homem?
Malatesta
Malatesta
Ve lo comando.
Assim o ordeno.
Norina
Norina
Obbedisco, fratel. (si toglie il velo)
Obedeço, irmão. (tira o véu)
Don Pasquale (Dopo averla guardata, levandosi a un tratto e dando indietro come spaventato.) Misericordia!
Don Pasquale (Depois de olhá-la, levanta-se repentinamente e recua como que assustado.) Misericórdia!
Malatesta
Malatesta
Che fu? dite...
O que foi? Diga...
Don Pasquale
31
Don Pasquale
Don Pasquale
Una bomba in mezzo al core. (agitatissimo) Per carità, dottore, ditele se mi vuole, (con ansia) mi mancan le parole, sudo, agghiaccio... son morto.
Uma bomba em pleno coração. (muito agitado) Por amor de Deus, doutor, pergunte-lhe se ela me quer, (ansioso) faltam-me as palavras, suo, gelo... estou morto.
Malatesta
Malatesta
(Via, coraggio, mi sembra ben disposta, ora le parlo.) (a Norina) Sorellina mia cara. Dite... vorreste... in breve. Quel signore... (accenna Don Pasquale) vi piace?
(Vamos, coragem, parece estar bem disposta, vou já falar com ela.) (para Norina) Minha querida irmã. Diga... gostaria de... numa palavra: Aquele cavalheiro... (indica Don Pasquale) ... agrada-lhe?
Norina (con un’occhiata a Don Pasquale che si ringalluzza) A dirlo ho soggezione...
Norina (com um olhar para Don Pasquale que
Malatesta
Malatesta
Coraggio.
Coragem.
Norina (timidamente)
Norina (tímida)
Sì. (Sei pure il gran babbione!)
Sim. (Mas que tonto é!)
Malatesta (tornando a Don Pasquale)
Malatesta (voltando-se para Don Pasquale)
Consente. È vostra.
Consente. É sua.
Don Pasquale (con trasporto)
Don Pasquale (arrebatado)
Oh giubilo! Beato me!
Oh alegria! Oh felicidade!
Norina
Norina
(Te n’avvedrai fra poco!)
(Já te vais arrepender!)
Don Pasquale (al dottore)
Don Pasquale (ao médico)
Or presto pel notaro.
Depressa, chamem o notário.
Malatesta
Malatesta
Per tutti i casi dabili ho tolto meco il mio ch’è in anticamera or l’introduco. (esce)
Pensando em todas as eventualidades, trouxe o meu, que aguarda na antecâmara. Vou chamá-lo. (sai)
Don Pasquale
Don Pasquale
Oh caro! Quel dottor pensa a tutto.
Oh, meu caro! O doutor pensa em tudo.
Malatesta (rientrando col notaro)
Malatesta (regressando com o notário)
Ecco il notaro.
Aqui está o notário.
32
se alegra) Não me atrevo a dizê-lo.
(Don Pasquale e Norina seduti. I servi dispongono in mezzo alla scena un tavolo coll’occorrente da scrivere. Sopra il tavolo un campanello. Il Notaro saluta, siede e s’accinge a scrivere. Dottore in piedi a destra del Notaro come dettandogli.)
Don Pasquale e Norina estão sentados. Os criados colocam no meio da cena uma mesa com o necessário para escrever. Sobre a mesa, uma campainha. O Notário cumprimenta, senta-se e prepara-se para escrever. O médico está de pé, à direita do Notário, como se estivesse a ditar-lhe.
Scena quarta Norina, Don Pasquale, Malatesta ed il Notaro.
Cena 4 Norina , Don Pasquale, Malatesta e o Notário.
Malatesta
Malatesta
Fra da una parte etcetera, Sofronia Malatesta, domiciliata etcetera con tutto quel che resta; e d’altra parte etcetera Pasquale da Corneto etcetera.
Por um lado, et cetera, Sofronia Malatesta, domiciliada, et cetera, e tudo o que mais resta; e, por outro lado, Pasquale da Corneto, et cetera…
Il Notaro
O Notário
... etcetera.
... et cetera.
Malatesta
Malatesta
Coi titoli secondo il consueto.
Com os títulos e consuetudinários.
Il Notaro
O Notário
... etcetera.
... et cetera.
Malatesta
Malatesta
Entrambi qui presenti, volenti, e consenzienti
Ambos aqui presentes, por sua livre vontade e consentimento.
Il Notaro
O Notário
...enti.
... timento
Malatesta
Malatesta
Un matrimonio in regola a stringere si va.
Se vai celebrar um casamento de acordo com as regras.
Don Pasquale (al notaro)
Don Pasquale (para o Notário)
Avete messo?
Escreveu tudo?
Il Notaro
O Notário
Ho messo.
Escrevi.
Don Pasquale
Don Pasquale
Sta ben. (va alla sinistra del notaro) Scrivete appresso. (come dettando) Il qual prefato etcetera di quanto egli possiede in mobili ed immobili, dona tra i vivi e cede
Muito bem. (vai para a esquerda do Notário) Escreva por baixo. (como se estivesse a ditar) O qual anteriormente referido, et cetera de todos os seus bens móveis e imóveis, doa metade em vida e cede
Don Pasquale
33
alla suddetta etcetera sua moglie dilettissima fin d’ora la metà.
à sua amada et cetera dileta esposa a partir deste momento.
Norina
Norina
Sta scritto.
Está escrito.
Don Pasquale
Don Pasquale
E intende ed ordina...
E ordena e manda...
Il Notaro
O Notário
... na.
... anda.
Don Pasquale
Don Pasquale
Che sia riconosciuta...
Que seja reconhecida...
Il Notaro
O Notário
... uta.
... ida.
Don Pasquale
Don Pasquale
In questa casa e fuori...
Nesta casa e fora dela...
Il Notaro
O Notário
... ori.
... ela.
Don Pasquale
Don Pasquale
Padrona ampia assoluta, e sia da tutti e singoli di casa riverita...
Como patroa magna e absoluta, e que seja reconhecida por todos e cada um desta casa...
Il Notaro
O Notário
... ita.
... asa.
Don Pasquale
Don Pasquale
Servita ed obbedita...
Servida e obedecida...
Il Notaro
O Notário
... ita
... ida.
Don Pasquale
Don Pasquale
Con zelo e fedeltà.
Com zelo e lealdade.
Malatesta e Norina (a Don Pasquale)
Malatesta e Norina (para Don Pasquale)
Rivela il vostro core quest’atto di bontà.
Este ato revela um coração pleno de bondade.
Il Notaro
O Notário
Steso è il contratto. Le firme...
O contrato está pronto. As assinaturas...
Don Pasquale (sottoscrivendo con vivacità)
Don Pasquale (assinando com vivacidade)
Ecco la mia.
Aqui está a minha.
34
violenza) Cara sorella, or via, si tratta di segnar.
Malatesta (conduzindo Norina à mesa com alguma força) Querida irmã, vamos, é a tua vez de assinar.
Notaro
O Notário
Non vedo i testimoni, un solo non può star.
Não vejo as testemunhas, uma apenas não chega.
(Mentre Norina sta in atto di sottoscrivere, si sente la voce di Ernesto dalla porta d’ingresso. Norina lascia cader la penna.)
(Enquanto Norina assina, ouve-se a voz de Ernesto na porta da entrada. Norina deixa cair a caneta.)
Ernesto (di dentro)
Ernesto (de dentro)
Indietro, mascalzoni, indietro; io voglio entrar.
Para trás malandros, para trás, quero entrar.
Norina
Norina
Ernesto! Or veramente mi viene da tremar!
Ernesto! Agora sinto-me verdadeiramente a tremer!
Malatesta
Malatesta
Ernesto! E non sa niente; può tutto rovinar!
Ernesto! Ele não sabe nada; pode estragar tudo!
Don Pasquale
Don Pasquale
Mio nipote.
O meu sobrinho.
Scena quinta Norina, D. Pasquale, Malatesta, il Notaro ed Ernesto.
Cena 5 Norina, Don Pasquale, Malatesta, o Notário e Ernesto.
Ernesto (Ernesto senza badare agli altri va dritto a Don Pasquale; con vivacità.) Pria di partir, signore, vengo per dirvi, addio, e come un malfattore mi vien conteso entrar!
Ernesto (Ernesto, sem ver ninguém, vai direto a Don Pasquale; para Don Pasquale, com vivacidade.) Antes de partir, senhor, venho dizer-lhe adeus, e como se fosse um malfeitor, vejo a minha entrada impedida!
Don Pasquale (ad Ernesto)
Don Pasquale (para Ernesto)
S’era in faccende: giunto però voi siete in punto. A fare il matrimonio mancava un testimonio. (volgendosi a Norina) Or venga la sposina!
Estávamos ocupados: mas chegou na hora certa. Para concluir o casamento faltava uma testemunha. (voltando-se para Norina) Aproxime-se a noiva!
Ernesto (vedendo Norina, nel massimo stupore)
Ernesto (Vendo Norina, com espanto absoluto.)
(Che vedo? Oh ciel! Norina! Mi sembra di sognar!)
(Que vejo? Céus! Norina! Devo estar a sonhar!)
Malatesta (di soppiatto a Ernesto)
Malatesta (em sussurro para Ernesto)
(Per carità, sta’ zitto, ci vuoi precipitar.)
(Por amor de Deus, silêncio, ou estragas tudo)
Malatesta (conducendo Norina al tavolo con dolce
Don Pasquale
35
Don Pasquale (ad alta voce)
Don Pasquale (em voz alta)
La sposa è quella.
É esta a noiva.
Ernesto
Ernesto
(Ma questo non può star.)
(Mas isto não pode estar a acontecer.)
Malatesta (prende Ernesto in disparte)
Malatesta (falando à parte a Ernesto)
(Figliuol, non mi far scene, è tutto per tuo bene. Se vuoi Norina perdere non hai che a seguitar. Seconda la commedia, e lascia far.)
(Filho, não faças cenas, é tudo para o teu bem. Se não queres perder Norina apenas tens de entrar no jogo. Segue a comédia, e deixa correr.)
Norina
Norina
(Adesso, veramente, mi viene da tremar.)
(Agora, realmente, estou a tremer.)
Ernesto
Ernesto
Sofronia! Sua sorella! Comincio ad impazzare!
Sofronia? A sua irmã? Devo estar a enlouquecer!
Don Pasquale (al dottor)
Don Pasquale (para o médico)
Gli punge; compatitelo, io vo’ capacitar.
Está a custar-lhe; seja indulgente, eu vou convencê-lo.
Malatesta
Malatesta
Questo contratto adunque si vada ad ultimar. (Il dottore conduce a sottoscrivere prima Norina poi Ernesto.)
Vamos então finalizar o contrato. (O médico leva primeiro Norina para assinar, depois Ernesto.)
Il Notaro (riunendo le mani degli sposi)
O Notário (juntando as mãos da noiva e do noivo)
Siete marito e moglie. (se ne va)
São marido e mulher. (sai)
Don Pasquale
Don Pasquale
(Mi sento a liquefar.)
(Sinto-me a desfalecer.)
Norina e Malatesta
Norina e Malatesta
(Va il bello a incominciar.)
(Vai começar o bonito.)
(Appena segnato il contratto, Norina prende un contegno naturale, ardito senza imprudenza e pieno di disinvoltura.)
(Depois de assinar o contrato, Norina assume modos descontraídos e desenvoltos.)
Don Pasquale (facendo l’atto di volerla abbracciare)
Don Pasquale (esboçando a intenção de abraçá-la)
Carina !
Minha querida!
Norina (respingendolo con dolcezza)
Norina (rejeitando-o gentilmente)
Adagio un poco. Calmate quel gran foco. Si chiede pria licenza.
Vamos com calma. Abrande esse fogo. Primeiro, pede-se licença.
36
Don Pasquale (con sommiccione)
Don Pasquale (submisso)
Me l’accordate?
Concede-ma?
Norina (seccamente)
Norina (secamente)
No.
Não.
Ernesto (ridendo)
Ernesto (rindo)
Ah! Ah!
Ah! Ah!
Don Pasquale (con collera)
Don Pasquale (em fúria)
Che c’è da ridere, impertinente? Partite subito, immantinente, via, fuor di casa...
O que há para rir, petulante? Vai-te embora de uma vez, imediatamente, longe, fora desta casa...
Norina (con disprezzo)
Norina (com desprezo)
Ohibò! Modi villani e rustici che tollerar non so. (ad Ernesto) Restate. (a Don Pasquale) Altre maniere apprender vi farò.
Bah! Esses são modos rudes e grosseiros que não posso tolerar. (para Ernesto) Não se vá embora. (para Don Pasquale) Vou ensinar-lhe outros modos.
Don Pasquale (costernato)
Don Pasquale (consternado)
Dottore !
Doutor!
Malatesta
Malatesta
Don Pasquale!
Don Pasquale!
Don Pasquale
Don Pasquale
E un’altra!
É outra!
Malatesta
Malatesta
Son di sale!
Estou perplexo!
Don Pasquale
Don Pasquale
Che dir vorrà?
O que significa isto?
Malatesta
Malatesta
Calmatevi, sentire mi farò.
Calma, vou falar-lhe.
Ernesto e Norina
Ernesto e Norina
(In fede mia dal ridere frenarmi più non so.)
(Juro que não consigo mais conter o riso.)
Norina (a Don Pasquale)
Norina (para Don Pasquale)
Un uom qual voi decrepito, qual voi pesante e grasso, condur non può una giovane decentemente a spasso.
Um homem decrépito como o senhor, gordo e pesado, não pode, de forma decente, levar uma jovem a passear.
Don Pasquale
37
Bisogno ho d’un bracciere. (accennando Ernesto) Sarà mio cavaliere.
Preciso de um acompanhante. (apontando para Ernesto) Será ele.
Don Pasquale (con vivacità)
Don Pasquale (com vivacidade)
Oh! questo poi, scusatemi, oh, questo non può star.
Oh! Isso, desculpe, isso não pode acontecer.
Norina (freddamente)
Norina (friamente)
Non può star! Perché?
Não pode acontecer? Por quê?
Don Pasquale (risoluto)
Don Pasquale (resoluto)
Perché nol voglio.
Porque eu não quero.
Norina (con ischerno)
Norina (com escárnio)
Non lo volete?
Não quer?
Don Pasquale (come sopra)
Don Pasquale (como acima)
No.
Não.
Norina
Norina
No? (Facendosi presso a Don Pasquale, con dolcezza affettata.) Idolo mio, vi supplico scordar questa parola. Voglio, per vostra regola, (con enfasi crescente) voglio, lo dico io sola; tutti obbedir qui devono, io sola ho a comandar.
Não? (Aproximando-se de Don Pasquale, com doçura exagerada.) Meu amor, suplico-lhe que esqueça essa palavra. «Quero», para que saiba, (com ênfase crescente) «quero» apenas a mim cabe dizer; aqui todos devem obedecer, só eu posso mandar.
Don Pasquale
Don Pasquale
Dottore...
Doutor...
Malatesta
Malatesta
(Ecco il momento critico.)
(Eis o momento crítico.)
Ernesto
Ernesto
(Vediamo che sa far.)
(Vejamos o que ela é capaz de fazer.)
Don Pasquale
Don Pasquale
Ma... ma questo non pùo star.
Mas... mas isso não pode acontecer.
Norina
Norina
Non voglio repliche.
Não quero réplicas.
Don Pasquale (accennando Ernesto)
Don Pasquale (apontando para Ernesto)
Costui... Non può.
Mas ele... não pode ser.
Norina (instizzita)
Norina (insistente)
Che ma?... Taci, buffone.
Mas o quê?... Cala-te, tolo.
38
Don Pasquale
Don Pasquale
Io? Voi!
Eu? Cale-se a senhora!
Malatesta ed Ernesto
Malatesta e Ernesto
(Vediamo che sa far.)
(Vejamos do que ela é capaz.)
Norina (con minaccia a Don Pasquale)
Norina (Para Don Pasquale, ameaçando-o.)
Provato ho a prenderti finora colle buone. Saprò, se tu mi stuzzichi, le mani adoperar.
Até agora tentei levar-te com bons modos. Mas saberei, se me irritares, usar as mãos.
Don Pasquale (Dà indietro atterrito; da sè.)
Don Pasquale (recua apavorado; para si)
(Sogno?... Veglio?... Cos’è stato? Calci?... Schiaffi?... Brava! Bene! Buon per me che m’ha avvisato. Or vedrem che cosa viene! Bada bene, don Pasquale, è una donna a far tremar!)
(Sonho?... Estou acordado?... O que se passou? Pontapés...? Bofetadas...? Bravo! Muito bem! Bom para mim, pois que me alertou. Assim posso ver o que aí vem! Atenção, Don Pasquale, que é uma mulher a temer!)
Malatesta
Malatesta
(È rimasto là impietrato sembra un uom cui manca il fiato.)
(Ficou petrificado, parece um homem a quem falta o ar.)
Norina ed Ernesto
Norina e Ernesto
(Vegli, o sogni, non sa bene non ha sangue nelle vene.)
(Não sabe se sonha, se está acordado, não lhe corre sangue nas veias.)
Malatesta (a Don Pasquale)
Malatesta (para Don Pasquale)
Via coraggio, don Pasquale, non vi state a sgomentar.
Coragem, Don Pasquale, não fique a pensar nisso.
Norina
Norina
(Or l’amico, manco male, si potrà capacitar.)
(Agora é que este meu amigo se vai convencer de vez.)
Ernesto (Or l’intrico, manco male, incomincio a decifrar.)
Ernesto
(Norina va al tavolo, prende il campanello, e suona con violenza. Entra un servo.)
(Norina vai à mesa, pega na campainha e agita-a com vigor. Entra um criado.)
Norina (al servo)
Norina (para o criado)
Riunita immantinente la servitù qui voglio.
Quero imediatamente toda a criadagem aqui reunida.
(il servo esce)
(o criado sai)
Don Pasquale
Don Pasquale
(Che vuol dalla mia gente?)
(Que quererá da minha gente?)
Malatesta
Malatesta
(Or nasce un altro imbroglio.)
(Aí vem nova confusão.)
(Agora é que começo a perceber esta intriga.)
Don Pasquale
39
(Entrano due servi e un maggiordomo.)
(entram dois criados e um mordomo)
Norina (ridendo)
Norina (rindo)
Tre in tutto! Va benissimo, c’è poco da contar. (al maggiordomo) A voi. Da quanto sembrami voi siete il maggiordomo. (il maggiordomo s’inchina) Subito vi comincio la paga a raddoppiar. (il l maggiordomo si confonde in inchini) Ora attendete agli ordini, che mi dispongo a dar. Di servitù novella pensate a provvedermi; sia gente fresca e bella, tale da farci onor.
Ao todo, três! Está bem, já o imaginava. Estou a falar consigo. (para o mordomo) Ao que vejo, deve ser o mordomo. (o mordomo faz uma vénia) Desde já lhe duplico a paga. (o mordomo desfaz-se em vénias) Atenção agora às ordens, que vos dou. Arranjem-me nova criadagem, que seja gente nova e bonita, que honre a casa.
Don Pasquale (a Norina con rabbia)
Don Pasquale (Para Norina, furioso.)
Poi quando avrà finito...
Quando acabar...
Norina
Norina
Non ho finito ancor. (al maggiordomo) Di legni un paio sia domani in scuderia; quanto ai cavalli poi, lascio la scelta a voi.
Ainda não acabei. (para o mordomo) Amanhã deverá haver duas carruagens na estrebaria; quanto aos cavalos, deixo-lhe a si a escolha.
Don Pasquale
Don Pasquale
Poi, quando avrà finito...
Quando acabar...
Norina
Norina
Non ho finito ancor.
Ainda não acabei.
Don Pasquale
Don Pasquale
Bene.
Muito bem.
Malatesta
Malatesta
Meglio.
Melhor assim.
Norina
Norina
La casa è mal disposta.
A casa está mal decorada.
Don Pasquale
Don Pasquale
La casa?
A casa?
Norina
Norina
La vo’ rifar di posta; sono anticaglie i mobili, si debbon rinnovar. Vi son mill’altre cose
Vou redecorá-la; os móveis são velharias, devem ser renovados. Há outras mil coisas
40
urgenti, imperiose, un parrucchier scegliere, un sarto, un gioielliere.
urgentes e imperiosas, escolher um cabeleireiro, uma modista, um joalheiro.
Don Pasquale
Don Pasquale
Avete mai finito?
Já acabou?
Malatesta (a Ernesto)
Malatesta (para Ernesto)
Vedi... senti... meglio... che te ne par?
Estás a ver... estás a ouvir... muito bem... O que te parece?
Don Pasquale
Don Pasquale
Ancora... Ebben... Che?... Se... Io... Voi... Avete ancor finito?
Isso também... Mas como... O quê?... Se... Eu... a senhora... Mas ainda não acabou?
Norina
Norina
Fate le cose in regola, non ci facciam burlar.
Façam as coisas como é devido, não se deixem enganar.
Malatesta ed Ernesto
Malatesta e Ernesto
(Comincia a lampeggiar.)
(Já está a fazer faísca.)
Don Pasquale
Don Pasquale
Ma dico... (Sto quasi per schiattar...) (i servi partono) Chi paga?
Mas eu acho... Estou prestes a explodir... (os criados partem) Quem paga?
Norina
Norina
Oh bella! Voi.
Ora essa! O senhor!
Don Pasquale
Don Pasquale
A dirla qui fra noi non pago mica.
Que fique dito entre nós: eu não pago nada.
Norina
Norina
No?
Não?
Don Pasquale
Don Pasquale
No. (riscaldato) Sono o non son padrone?
Não. (irado) Sou ou não sou o patrão?
Norina (con disprezzo)
Norina (com desprezo)
Mi fate compassione. (con forza) Padrone ov’io comando?
Tenho pena de si. Patrão, quando eu é que mando?
Malatesta (Interponendosi, a Norina.)
Malatesta (Interpondo-se, para Norina.)
Sorella...
Irmã...
Norina (a Don Pasquale con furia crescente)
Norina (para Don Pasquale cada vez mais furiosa)
Or... or vi mando...
Agora sou eu que mando…
Don Pasquale
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Ernesto
Ernesto
(Bene! Meglio!)
(Excelente! Muito melhor!)
Norina
Norina
Siete un villano, un tanghero.
É um labrego, um mal-educado.
Don Pasquale (con dispetto)
Don Pasquale (com desdém)
È vero, v’ho sposata.
É verdade que estamos casados.
Norina
Norina
Un pazzo temerario...
Um louco temerário...
Malatesta (a Don Pasquale che sbuffa)
Malatesta (Para Don Pasquale, que espuma de raiva.)
Per carità, cognato!
Por amor de Deus, cunhado!
Norina
Norina
Che presto alla ragione rimettere saprò.
Em breve o vou meter na ordem.
(Don Pasquale è fuori di sé, vorrebbe e non può parlare, la bile lo affoga.)
(Don Pasquale está fora de si, quer falar, mas não consegue, a bílis sufoca-o.)
Don Pasquale
Don Pasquale
Io? Voi sola siete pazza! Io sono qui il padrone...
Eu? A senhora é que é louca! Eu é que mando aqui...
Norina
Norina
Villano, villano!
Labrego! Labrego!
Don Pasquale
Don Pasquale
Io... se... ma... Io? (fuori di sè) Son tradito, beffeggiato, mille furie ho dentro il petto, quest’inferno anticipato non lo voglio sopportar.
Eu... se... mas... Eu? (perde a cabeça) Fui traído, enganado, sinto mil fúrias dentro do peito. Não vou suportar este inferno antecipado
Norina (piano ad Ernesto)
Norina (em segredo a Ernesto)
Or t’avvedi, core ingrato, che fu ingiusto il tuo sospetto. Solo amor m’ha consigliato questa parte a recitar. Don Pasquale, poveretto! È vicino ad affogar.
Reconhece agora, coração ingrato, que era injusta a tua suspeita. Só o amor me levou a interpretar este papel Don Pasquale, pobrezinho! Está quase a afogar-se.
Ernesto (a Norina)
Ernesto (para Norina)
Sono, o cara, sincerato, momentaneo fu il sospetto. Solo amor t’ha consigliato questa parte a recitar. Don Pasquale, poveretto! È vicino ad affogar.
Minha querida, estou convencido. A suspeita foi passageira. Só o amor te levou a interpretar este papel Don Pasquale, pobrezinho! Está quase a afogar-se.
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Malatesta (a Don Pasquale)
Malatesta (para Don Pasquale)
Siete un poco riscaldato, mio cognato, andate a letto. Son stordito, son sdegnato, l’ha costei con me da far. (agli amanti) Attenzione, che il vecchietto non vi vegga amoreggiar.
Está um pouco exaltado, meu cunhado, vá para a cama. Estou chocado, estou aturdido, ela vai ter de se haver comigo. (aos amantes) Atenção, que o velho não vos veja a namorar.
Atto III
Atto III
Sala in casa di Don Pasquale. Sparsi sui tavoli, sulle sedie, per terra, articoli di abbigliamento femminile, abiti, cappelli, pellicce, sciarpe, merletti, cartoni, ecc.
Sala na casa de Don Pasquale. Espalhadas sobre as várias mesas, as cadeiras e pelo chão, peças de roupa feminina, vestidos, chapéus, peles, lenços, rendas, caixas, etc.
Scena prima Don Pasquale seduto nella massima costernazione davanti una tavola piena zeppa di liste e fatture; vari servi in attenzione. Dall’appartamento di donna Norina esce un parrucchiere con pettini, pomate, cipria, ferri da arricciare, ecc., attraversa la scena, e via per la porta di mezzo. Cameriere facendosi sulla porta dell’appartamento di donna Norina ai servi.
Cena 1 Don Pasquale, muito abatido, está sentado à mesa cheia de contas e faturas; vários criados perfilados. Do quarto de Norina sai um cabeleireiro com pentes, cremes, pó-de-arroz, ferros de frisar, etc. Atravessa a cena e sai pela porta do meio. Os camareiros, que estão à porta dos aposentos de Norina, dão ordens aos criados.
Cameriere
Camareiro
I diamanti, presto, presto.
Os diamantes, depressa, depressa.
Servi
Criados
La cuffiara.
A modista.
Cameriera
Camareira
Venga avanti.
Venha, adiante.
(La cuffiara portante un monte di cartoni viene introdotta nell’appartamento di donna Norina.)
(A modista, carregada com uma pilha de caixas, entra no quarto de Norina.)
Un Servo (Con pelliccia, grande mazzo di fiori, boccette
Um criado (Trazendo peles, enormes ramos de flores e
d’odore che consegna a un servo.) In carrozza tutto questo.
frascos de perfume, que entrega a um criado.) Ponha isto na carruagem.
Cameriere e Servi
Camareiros e criados
Il ventaglio, il velo, i guanti. I cavalli sul momento ordinate d’attaccar.
O leque, o véu, as luvas. Que os cavalos sejam rapidamente atrelados.
Don Pasquale
Don Pasquale
Che marea, che stordimento! È una casa da impazzar!
Que agonia, que aturdimento! É uma casa de loucos!
(corrono via tutti)
(saem todos a correr)
Don Pasquale
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Don Pasquale (esaminando le note)
Don Pasquale (olhando para as contas)
Vediamo: alla modista cento scudi. Obbligato! Al carrozziere seicento. Poca roba! Novecento e cinquanta al gioielliere. Per cavalli... (getta la nota con istizza e si alza) al demonio i cavalli, i mercanti e il matrimonio! Per poco che la duri in questo modo, mio caro Don Pasquale, a rivederci presto all’ospedale! (pensa) Che cosa vorrà dir questa gran gala! Uscir sola a quest’ora, nel primo dì di nozze. (risoluto) Debbo oppormi a ogni costo ed impedirlo. Ma... si fa presto a dirlo. Colei ha certi occhiacci, che certo far da sultana... Ad ogni modo vo’ provarmi. Se poi fallisce il tentativo... Eccola; a noi.
Vejamos: para a modista, cem escudos. Obrigado fui! Para o cocheiro, seiscentos. Coisa pouca! Novecentos e cinquenta para o joalheiro. Para os cavalos... (atira a nota e levanta-se) que o diabo carregue os cavalos, os comerciantes e o casamento! Se isto continua assim, meu caro Don Pasquale, depressa nos vamos ver no hospital! (pensa) Para que serve toda esta opulência! Sair sozinha, a esta hora, e no primeiro dia de casada. (decidido) Devo opor-me a todo o custo e impedi-lo. Mas... é fácil dizer. Ela deita cada olhar... tem cá um ar de sultana... De qualquer modo, vou tentar. E se a tentativa falhar... Ei-la, vamos a isso.
Scena seconda Norina entra correndo e, senza badare a Don Pasquale, fa per uscire. È vestita in grandissima gala, ventaglio in mano.
Cena 2 Norina entra a correr e, ignorando Don Pasquale, dirige-se para a saída. Está vestida de gala, leque na mão.
Don Pasquale
Don Pasquale
Signorina, in tanta fretta, dove va, vorrebbe dirmi?
Cara senhora, com tanta pressa? Quer dizer-me onde vai?
Norina
Norina
È una cosa presto detta, al teatro a divertirmi.
Digo-lhe já: vou ao teatro divertir-me.
Don Pasquale
Don Pasquale
Ma il marito, con sua pace, non voler potoria talvolta.
Mas o seu marido, se me dá licença, poderia não querer.
Norina
Norina
l marito vede e tace: quando parla non s’ascolta.
O marido vê e cala: quando fala, não é para ouvir.
Don Pasquale (imitandola)
Don Pasquale (imitando-a)
Non s’ascolta? (con bile crescente) A non mettermi al cimento, signorina, la consiglio. Vada in camera al momento. Ella in casa resterà.
«Não é para ouvir?» (com raiva crescente) Não ponha a minha paciência à prova, senhora, aconselho-a. Vá para o seu quarto de imediato. Não vai sair de casa.
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Norina (con aria di motteggio)
Norina (trocista)
A star cheto e non far scene per mia parte lo scongiuro. Vada a letto, dorma bene, poi doman si parlerà. (va per uscire)
Por favor, cale-se e não faça cenas. Vá para a cama, durma bem, e amanhã falamos. (dirige-se à saída)
Don Pasquale (interponendosi fra lei e la porta)
Don Pasquale (interpondo-se entre ela e a porta)
Non si sorte.
Não pode sair.
Norina (ironica)
Norina (irónica)
Veramente!
Francamente!
Don Pasquale
Don Pasquale
Sono stanco.
Estou cansado.
Norina
Norina
Sono stufa.
Estou farta.
Don Pasquale
Don Pasquale
Non si sorte.
Não pode sair.
Norina
Norina
Non v’ascolto.
Não o ouço.
Don Pasquale
Don Pasquale
Sono stanco.
Estou cansado.
Norina
Norina
Sono stufa.
Estou farta.
Don Pasquale
Don Pasquale
Civettella!
Sua convencida!
Norina (con gran calore)
Norina (exaltada)
Impertinente (gli dà uno schiaffo) prendi su che ben ti sta!
Impertinente! (dá-lhe uma bofetada) Toma, que bem mereces!
Don Pasquale (Da solo, quasi piangendo.)
Don Pasquale (Para si, quase a chorar.)
(È finita, Don Pasquale, hai bel romperti la testa! Altro affare non ti resta che d’andarti ad affogar.)
(Acabou-se, Don Pasquale, escusas puxar mais pela cabeça! Apenas resta atirares-te ao rio.)
Norina
Norina
(È duretta la lezione, ma ci vuole a far l’effetto. Or bisogna del progetto la vittoria assicurar.) (A Don Pasquale, decisa.) Parto adunque...
(A lição é dura, mas necessária para obter efeito. Agora há que assegurar o sucesso do projeto.) (Para Don Pasquale, decidida.) Vou-me embora...
Don Pasquale
45
Don Pasquale
Don Pasquale
Parta pure. Ma non faccia più ritorno.
Então, vá, mas não volte.
Norina
Norina
Ci vedremo al nuovo giorno.
Vemo-nos amanhã.
Don Pasquale
Don Pasquale
Porta chiusa troverà.
Encontrará a porta fechada.
Norina (Vuol partire, poi ritorna.)
Norina (Vai para sair, mas regressa.)
Ah, sposo! Via, caro sposino, non farmi il tiranno, sii dolce e bonino, rifletti all’età. Va’ a letto, bel nonno sia cheto il tuo sonno. Per tempo a svegliarti la sposa verrà.
Oh, marido! Vamos querido marido, não sejas tirano, sê doce e bom, pensa na tua idade. Vai para a cama, avozinho, que tenhas um sono descansado. A tua esposa chegará a tempo de te acordar.
Don Pasquale
Don Pasquale
Divorzio! Divorzio! Che letto, che sposa! Peggiore consorzio di questo non v’ha. Oh povero sciocco! Se duri in cervello con questo martello miracol sarà.
Divórcio! Divórcio! Qual cama, qual esposa! Pior casamento que este nunca se viu. Ah! Pobre tonto! Será milagre se não enlouqueceres com este martírio.
(Norina va via. Nell’atto di partire lascia cadere una carta, Don Pasquale se ne avvede e la raccoglie.)
(Norina dirige-se para a porta. Ao sair, deixa cair uma carta, Don Pasquale apercebe-se e apanha-a.)
Don Pasquale
Don Pasquale
Qualche nota di cuffie e di merletti che la signora qui lasciò per caso. (legge) «Adorata Sofronia.» Ehi! Ehi! Che affare è questo! (legge) «Fra le nove e le dieci della sera sarò dietro il giardino, dalla parte che guarda a settentrione. Per maggior precauzione fa’, se puoi, d’introdurmi per la porta segreta. A noi daran ricetto sicuro l’ombre del boschetto. Mi scordavo di dirti che annunzierò cantando il giunger mio. Mi raccomando. Il tuo fedele. Addio.»
Deve ser alguma fatura de chapéus ou rendas que a senhora deixou cair por acaso. (lê) «Adorada Sofronia». Hei! Hei! O que é isto! (lê) «Entre as nove e as dez horas da noite, estarei ao fundo do jardim, na parte virada a norte. Para maior precaução, se puderes, faz-me entrar pela porta secreta. As sombras do bosque dar-nos-ão refúgio. Esquecia-me de te dizer que anunciarei a minha chegada com uma canção. Sê prudente. Lealmente teu. Adeus».
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(fuori di sé) Questo è troppo; costei mi vuol morto arrabbiato! Ah! non ne posso più, perdo la testa! (scampanellando) Si chiami Malatesta. (ai servi che entrano) Correte dal dottore, ditegli che sto mal, che venga tosto. (O crepare o finirla ad ogni costo.) (esce)
(fora de si) Isto é demais, quer matar-me de raiva! Ah! Não suporto mais, perco a cabeça! (toca a campainha) Chamem Malatesta. (para os criados que entram) Corram a casa do doutor, digam-lhe que estou mal, que venha de imediato. (Ou morro ou acabo com isto a qualquer custo.) (sai)
Scena terza Coro di servi e cameriere.
Cena 3 Coro de criados e camareiros.
Tutti
Todos
Che interminabile andirivieni! Tin tin di qua, ton ton di là, in pace un attimo giammai non si sta. Ma... casa buona, montata in grande, si spende e spande, c’è da scialar.
Idas e vindas intermináveis! Tin tin aqui, ton ton acolá, nunca há um momento de paz. Mas... é uma boa casa, com tudo do melhor, Aqui se gasta e se esbanja; vive-se à grande.
Donne
Mulheres
Finito il pranzo vi furon scene.
Depois do almoço houve discussão.
Uomini
Homens
Comincian presto. Contate un po’.
Começam cedo. Contem como foi.
Donne
Mulheres
Dice il marito: «Restar conviene». Dice la sposa: «Sortire io vo». Il vecchio sbuffa, segue baruffa.
Disse o marido: «Em casa deverá ficar.» Disse a mulher: «Mas sair é o que vou fazer.» O velho riposta, começa a briga.
Uomini
Homens
Ma la sposina l’ha da spuntar. V’è un nipotino guasta-mestieri...
Mas a mulher há de ganhar. Há um sobrinho que só causa problemas...
Donne
Mulheres
Che tiene il vecchio sopra pensieri.
Que preocupa o velho.
Uomini
Homens
La padroncina è tutta foco.
A patroa tem sangue quente.
Donne
Mulheres
Par che il marito lo conti poco.
Parece que o marido pouco a interessa.
Tutti
Todos
Zitto, prudenza, alcuno viene; si starà bene, c’è da scialar. (escono)
Silêncio, prudência, alguém se aproxima; tudo correrá bem, aqui vive-se à grande. (saem)
Don Pasquale
47
Scena quarta [Malalesta ed Ernesto sul limitare della porta.
Cena 4 1 [Malalesta e Ernesto na ombreira da porta.
Malatesta
Malatesta
Siamo intesi.
Estamos de acordo.
Ernesto
Ernesto
Sta bene. Ora in giardino scendo a far la mia parte.
Está bem. Vou para o jardim representar o meu papel.
Malatesta
Malatesta
Mentr’io fo qui la mia. Soprattutto che il vecchio non ti conosca!
Enquanto eu represento o meu por aqui. Sobretudo que o velho não te reconheça!
Ernesto
Ernesto
Non temer.
Não tenhas medo.
Malatesta
Malatesta
Appena venir ci senti...
Logo que nos oiças chegar...
Ernesto
Ernesto
Su il mantello e via.
Tapo-me com a minha capa e saio.
Malatesta
Malatesta
Ottimamente.
Excelente.
Ernesto
Ernesto
A rivederci. (Ernesto esce)]
Adeus. (Ernesto sai)]
Malatesta
Malatesta (avançando)
Questa repentina chiamata mi prova che il biglietto del convegno notturno ha fatto effetto. Eccolo! Com’è pallido e dimesso! Non sembra più lo stesso... Me ne fa male il core... Ricomponiamone: un viso da dottore.
Esta chamada repentina demonstra que o bilhete sobre o encontro noturno surtiu efeito. Ei-lo! Como está pálido e abatido! Não parece o mesmo... Dói-me o coração... Volto a tomar a atitude do médico.
Scena quinta Don Pasquale abbattutissimo s’inoltra lentamente.
Cena 5 Don Pasquale, muito abatido, avança lentamente.
Malatesta (andandogli incontro)
Malatesta (indo ao seu encontro)
Don Pasquale...
Don Pasquale...
Don Pasquale (con tristezza solenne)
Don Pasquale (com solene tristeza)
Cognato, in me vedete un morto che cammina.
Cunhado, veja em mim um morto que anda.
1
48
Corte efetuado nesta produção
Malatesta
Malatesta
Non mi fate languir a questo modo.
Não me faça sofrer desta forma.
Don Pasquale (senza badargli e come parlando a sé stesso) Pensar che, per un misero puntiglio, mi son ridotto a questo! Mille Norine avessi dato a Ernesto!
Don Pasquale (sem o ouvir e como que falando sozinho) E pensar que, por uma coisa sem importância, estou reduzido a isto! Mil Norinas tivesse eu dado a Ernesto!
Malatesta
Malatesta
(Cosa buona a sapersi.) Mi spiegherete alfin...
(É bom saber.) Pode explicar-me, então...
Don Pasquale
Don Pasquale
Mezza entrata d’un anno in cuffie e nastri consumata! Ma questo è nulla.
Metade do rendimento de um ano gasto em chapéus e rendas! Mas isto não é nada.
Malatesta
Malatesta
E poi?
E que mais?
Don Pasquale
Don Pasquale
La signorina vuol andar a teatro. M’oppongo colle buone non intende ragione, e son deriso. Comando... e colla man mi dà sul viso.
A senhora quer ir ao teatro. Oponho-me como me compete, não quer saber e troça... Proíbo-a e aplica-me a mão na cara.
Malatesta
Malatesta
Uno schiaffo!
Uma bofetada!
Don Pasquale
Don Pasquale
Uno schiaffo, sì, signore!
Uma bofetada, sim, senhor!
[Malatesta (Coraggio.) Voi mentite: Sofronia è donna tale, che non può, che non sa, né vuol far male: pretesti per cacciarla via di casa, fandonie che inventate. Mia sorella capace a voi di perdere il rispetto!
2
[Malatesta (Coragem) Mente: Sofronia é uma mulher que não pode, que não sabe, nem quer fazer mal: isso são pretextos para expulsá-la da casa, mentiras que inventa. A minha irmã é incapaz de perder o respeito por si!
Don Pasquale
Don Pasquale
La guancia è testimonio: il tutto è detto.
A minha bochecha é testemunha: está tudo dito.
Malatesta
Malatesta
Non è vero.
Não é verdade.
Don Pasquale
Don Pasquale
È verissimo.
A mais pura das verdades.
2
Corte efetuado nesta produção
Don Pasquale
49
Malatesta
Malatesta
Signore, gridar cotanto parmi inconvenienza.
Senhor, parece-me mal tanto gritar.
Don Pasquale
Don Pasquale
Ma se voi fate perder la pazienza!
Mas se me faz perder a paciência!
Malatesta (calmandosi)
Malatesta (acalmando-se)
Parlate adunque. (Faccia mia, coraggio.)]
Então diga. (Vamos coragem.)]
Don Pasquale
Don Pasquale
Lo schiaffo è nulla, v’è di peggio ancora. Leggete.
A bofetada não é nada, ainda há pior. Leia.
(Gli dà la lettera: il dottore fa segni di sorpresa fino all’orrore.)
(Dá-lhe a carta, Malatesta dá sinais de surpresa e, por fim, de horror.)
Malatesta
Malatesta
Io son di sasso. (Secondiamo.) Ma come! Mia sorella sì saggia, buona e bella...
Estou espantado. (Continuemos.) Mas como? A minha irmã tão comedida, bondosa e bonita...
Don Pasquale
Don Pasquale
Sarà buona per voi, per me non certo.
Será bondosa para si, mas decerto não o é para mim.
Malatesta
Malatesta
Che sia colpevol sono ancora incerto.
Ainda não estou certo da sua culpa.
Don Pasquale
Don Pasquale
Io son così sicuro del delitto, che v’ho fatto chiamare espressamente qual testimonio della mia vendetta.
Estou tão seguro do crime, que o chamei expressamente para testemunhar a minha vingança.
Malatesta
Malatesta
Va ben... ma riflettete...
De acordo... mas pense bem...
Don Pasquale
Don Pasquale
Ho tutto preveduto... m’aspettate. Sediamo.
Já sei como vou fazer... mas espere, sentemo-nos.
Malatesta
Malatesta
Sediam pure: ma parlate!
Sentemo-nos: mas diga!
Don Pasquale
Don Pasquale
Cheti cheti immantinente nel giardino discendiamo; prendo meco la mia gente, il boschetto circondiamo; e la coppia sciagurata, a un mio cenno imprigionata, senza perdere un momento conduciam dal podestà.
Em silêncio, descemos ao jardim. Levo comigo alguns criados, cercamos o bosque e, ao meu sinal, aprisionamos o miserável casal. De seguida, sem perder um momento, conduzimo-los às autoridades.
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Malatesta
Malatesta
Io direi... sentite un poco, noi due soli andiam sul loco; nel boschetto ci appostiamo, ed a tempo ci mostriamo; e tra preghi, tra minacci d’avvertir l’autorità, ci facciam dai due prometter che la cosa resti là.
Eu acho que… ouça. Vamos os dois sozinhos, escondemo-nos no bosque e, no momento certo, aparecemos. E entre súplicas e ameaças de que os entreguemos às autoridades, fazemo-los prometer que a coisa fica por ali.
Don Pasquale
Don Pasquale
E siffatto scioglimento poco pena al tradimento.
Esse desenlace é pena leve para tamanha traição.
Malatesta
Malatesta
Riflettete, è mia sorella.
Pense bem, é a minha irmã.
Don Pasquale
Don Pasquale
Vada fuor di casa mia. Altri patti non vo’ far.
Que se vá embora de minha casa, não aceito outra solução.
Malatesta
Malatesta
È un affare delicato, vuol ben esser ponderato.
É um assunto delicado, deve ser bem ponderado.
Don Pasquale
Don Pasquale
Ponderate, esaminate, ma in mia casa non la vo’.
Pondere, examine, mas na minha casa não a quero.
Malatesta
Malatesta
Uno scandalo farete, e vergogna poi ne avrete.
Será um escândalo do qual se envergonhará depois.
Don Pasquale
Don Pasquale
Non importa... non importa.
Não me importa... não me importa.
Malatesta
Malatesta
Non conviene, non sta bene: altro modo cercherò.
Não é uma boa ideia, não convém: vou procurar outra solução.
Don Pasquale (imitandolo)
Don Pasquale (imitando-o)
Non sta bene, non conviene... Ma lo schiaffo qui restò. (pensano tutti e due) Io direi...
«Não é uma boa ideia, não convém...» Mas eu é que fiquei com a bofetada! (pensam ambos) Eu diria...
Malatesta (a un tratto)
Malatesta (num ímpeto)
L’ho trovata!
Já sei!
Don Pasquale
Don Pasquale
Benedetto! Dite presto.
Abençoado! Diga de uma vez.
Don Pasquale
51
Malatesta
Malatesta
Nel boschetto quatti quatti ci appostiamo di là tutto udir possiamo. S’è costante il tradimento la cacciate su due piedi.
Uma vez no bosque, ficaremos sossegados para podermos ouvir tudo. Se ficar provada a traição, manda-a embora nesse mesmo instante.
Don Pasquale
Don Pasquale
Bravo, bravo, va benone! Son contento, bravo, bravo. (Aspetta, aspetta, cara sposina, la mia vendetta già s’avvicina; già già ti preme, già t’ha raggiunto, tutte in un punto l’hai da scontar. Vedrai se giovino raggiri e cabale, sorrisi teneri, sospiri e lagrime. Or voglio prendere la mia rivincita sei nella trappola v’hai da restar.)
Bravo, bravo, perfeito! Estou feliz, bravo, bravo! (Espera, espera, querida esposa, a minha vingança já se aproxima; já te oprime, já te apanhou, vais pagá-las todas juntas. Verás de que servem intrigas e conspirações, sorrisos ternos, suspiros e lágrimas. Quero vingar-me, caíste na armadilha e nela ficarás.)
Malatesta
Malatesta
(Il poverino sogna vendetta. Non sa il meschino quel che l’aspetta; invano freme, invano s’arrabbia, è chiuso in gabbia, non può scappar. Invano accumula progetti e calcoli; non sa che fabbrica castelli in aria; non vede il semplice che nella trappola da sé medesimo si va a gettar.)
(O pobre sonha com vingança. Não sabe, o infeliz, o que o espera; Em vão se agita, em vão se irrita, mas está encurralado e já não pode fugir. Em vão acumula planos e cálculos; não sabe que faz castelos no ar; o tonto não vê que vai cair, na sua própria armadilha.)
(escono insieme)
(saem juntos)
(Boschetto nel giardino attiguo alla casa di Don Pasquale; a sinistra dello spettatore gradinata che dalla casa mette in giardino, a dritta belvedere. Piccolo cancello in fondo.)
(Bosque no jardim, contíguo à casa de Don Pasquale; à esquerda do espetador, uma escadaria que vai da casa para o jardim, à direita um pavilhão em local elevado. Pequeno portão ao fundo.)
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Scena sesta Ernesto e coro di dentro.
Cena 6 Ernesto e coro nos bastidores.
Ernesto
Ernesto
Com’è gentil la notte a mezzo april! È azzurro il ciel, la luna è senza vel: tutto è languor, pace, mistero, amor, ben mio, perché ancor non vieni a me? Formano l’aure d’amore accenti, del rio nel murmure sospiri senti;
Como é bela a noite dos meados de abril! O céu está azul e a lua sem véu: tudo é languidez, paz, mistério, amor. Meu amor, porque não vens até mim? A brisa sussurra palavras de amor, no murmúrio do rio ouvem-se suspiros;
Ernesto e Coro
Ernesto e coro
Poi quando sarò morto, piangerai, ma richiamarmi in vita non potrai.
Mas quando eu morrer, tu chorarás, e não poderás devolver-me à vida.
Ernesto
Ernesto
il tuo fedel si strugge di desir; Nina crudel, mi vuoi veder morir! Poi quando sarò morto, piangerai, ma richiamarmi in vita non potrai.
O teu fiel enamorado consome-se em desejo; Nina cruel, queres ver-me morrer! Mas quando eu estiver morto, tu chorarás, e não poderás devolver-me a vida.
(Norina esce con precauzione dalla parte del belvedere, e va ad aprire a Ernesto, che si mostra dietro il cancello. Ernesto è avvolto in un mantello che lascerà cadere.)
(Norina sai cautelosamente do lado do pavilhão e vai abrir o portão onde está Ernesto. Ernesto deixa cair a capa que o envolvia.)
Ernesto e Norina
Ernesto e Norina
Tornami a dir che m’ami, dimmi che mia/mio tu sei; quando tuo ben mi chiami la vita addoppi in me. La voce tua sì cara rinfranca il core oppresso: sicuro/sicura a te dappresso, tremo lontan da te.
Torna a dizer que me amas, diz-me que és meu/minha; quando tu, meu bem, me chamas a vida redobra em mim. A tua voz tão querida aquece o coração oprimido. Estou segura/ seguro a teu lado, tremo longe de ti.
(Si vedono Don Pasquale e Malatesta muniti di lanterne cieche entrar pian piano dal cancello, si perdono dietro agli alberi per ricomparire a suo tempo. Mentre Don Pasquale e Malatesta ricompariscono, Ernesto riprende il mantello e si scosta alquanto nella direzione della casa di Don Pasquale.)
(Vê-se Don Pasquale e Malatesta munidos de lanternas, a entrar lentamente pelo portão, escondendo-se por entre as árvores para reaparecerem, a seu tempo. Quando Don Pasquale e Malatesta reaparecem, Ernesto apanha a capa e dirige-se em direção à casa de Don Pasquale.)
Don Pasquale
Don Pasquale
Eccoli; attenti ben...
Aqui estão eles... muito cuidado...
Malatesta
Malatesta
Mi raccomando...
Cuidado...
Don Pasquale
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Scena settima Don Pasquale, Malatesta, Norina e Ernesto.
Cena 7 Don Pasquale, Malatesta, Norina e Ernesto.
Don Pasquale (sbarrando la lanterna in volto a Norina)
Don Pasquale (apontando a lanterna para o rosto de Norina)
Alto là!
Alto!
Norina
Norina
Ladri, aiuto!
Ladrões! Socorro!
Don Pasquale
Don Pasquale (para Norina)
Zitto; ov’è il drudo?
Cale-se! Para onde foi o seu amante?
Norina
Norina
Chi?
Quem?
Don Pasquale
Don Pasquale
Colui che stava qui con voi amoreggiando.
Aquele que estava aqui consigo a namorar.
Norina (con risentimento)
Norina (indignada)
Signor mio, mi meraviglio, qui non v’era alcuno.
Meu caro senhor, estou espantada, não estava aqui ninguém.
Malatesta
Malatesta
(Che faccia tosta!)
(Que atrevida!)
Don Pasquale
Don Pasquale
Che mentir sfacciato! Saprò ben io trovarlo.
Que mentira descarada! Mas sei onde o vou encontrar.
(Don Pasquale e Malatesta fanno indagini nel boschetto. Ernesto entra pian piano in casa.)
(Don Pasquale e Malatesta procuram no bosque. Ernesto entra sorrateiramente em casa.)
Norina
Norina
Vi ripeto che qui non v’era alcun, che voi sognate.
Repito que aqui não estava ninguém, está a sonhar.
Malatesta
Malatesta
A quest’ora in giardin che facevate?
Que fazia a esta hora no jardim?
Norina
Norina
Stavo prendendo il fresco.
Estava a apanhar um pouco de ar fresco.
Don Pasquale
Don Pasquale
Il fresco! Ah, donna indegna, (con esplosione) fuor di casa mia, o ch’io...
Ar fresco! Ah, mulher malvada, (rebentando de raiva) fora da minha casa, ou eu...
Norina
Norina
Ehi, ehi, signor marito, su che tuon la prendete?
Ei, ei, senhor meu marido, que tom é esse?
Don Pasquale
Don Pasquale
Uscite, e presto.
Saia, e já!
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Norina
Norina
Nemmen per sogno. È casa mia, vi resto.
Nem em sonhos. Esta é a minha casa, fico.
Don Pasquale
Don Pasquale
Corpo di mille bombe!
Com mil raios!
Malatesta
Malatesta
(Don Pasquale, lasciate fare a me; solo badate a non smentirmi; ho carta bianca...)
(Don Pasquale, deixe-me falar eu, tome cuidado em não me contradizer; tenho carta-branca...)
Don Pasquale
Don Pasquale
(È inteso.)
(De acordo.)
Norina
Norina
(Il bello adesso viene!)
(Agora vem o melhor!)
Malatesta (piano a Norina)
Malatesta (em segredo para Norina)
(Stupor misto di sdegno, attenta bene.) Sorella, udite, io parlo per vostro ben; vorrei risparmiarvi uno sfregio.
(Atenta: mostra espanto e algum desprezo.) Irmã, ouça, falo para seu bem; eu queria poupá-la a uma afronta.
Norina
Norina
A me uno sfregio!
Uma afronta a mim!
Malatesta
Malatesta
(Benissimo.) Domani in questa casa entra la nuova sposa...
(Muito bem.) Amanhã chega a esta casa uma outra esposa...
Norina
Norina
Un’altra donna! A me un’ ingiuria?
Outra mulher? Que ofensa para mim!
Malatesta
Malatesta
(Ecco il momento di montare in furia.)
(Eis o momento de simular fúria.)
(Don Pasquale tien dietro al dialogo con grande interesse)
(Don Pasquale segue o diálogo com grande interesse)
Norina
Norina
Sposa di chi?
Esposa de quem?
Malatesta
Malatesta
D’Ernesto, la Norina.
De Ernesto, Norina.
Norina (con disprezzo)
Norina (com desprezo)
Quella vedova scaltra e civettina!
Aquela viúva espertalhona e convencida!
Don Pasquale
Don Pasquale
Bravo, dottore!
Bravo, doutor!
Malatesta
Malatesta
Siamo a cavallo.
Isto está a andar bem.
Don Pasquale
55
Norina
Norina
Colei qui a mio dispetto! Norina ed io sotto l’istesso tetto! (con forza) Giammai! Parto piuttosto.
Essa mulher aqui, contra a minha vontade! Norina e eu debaixo do mesmo teto! (enérgica) Nunca! Prefiro partir.
Don Pasquale
Don Pasquale
(Ah! lo volesse il ciel!)
(Ah, Deus assim o queira!)
Norina (cambiando modo)
Norina (noutro tom)
Ma... piano un poco. Se queste nozze poi fossero un gioco! Vo’ sincerarmi pria.
Mas… um momento. E se esse casamento não passar de uma farsa?! Primeiro quero ter a certeza.
Malatesta
Malatesta
È giusto. (a Don Pasquale) (Don Pasquale non c’è via; qui bisogna sposar quei due davvero, se no costei non va.)
Tem razão. (para Don Pasquale) (Don Pasquale, não há outra saída; ou casamos mesmo os dois ou esta mulher não se vai embora.)
Don Pasquale
Don Pasquale
(Non mi par vero.)
(Não posso acreditar.)
Malatesta (chiamando)
Malatesta (chamando)
Ehi! di casa, qualcuno Ernesto...
Hei! Ó da casa, Ernesto...
Ernesto
Ernesto
Eccomi.
Aqui estou.
Malatesta
Malatesta
A voi accorda Don Pasquale la mano di Norina, e un annuo assegno di quattromila scudi.
Don Pasquale concede-lhe a mão de Norina e quatro mil escudos anuais.
Ernesto
Ernesto
Ah! caro zio! E fia ver?
Ah! Querido tio! Será verdade?
Malatesta (a Don Pasquale)
Malatesta (para Don Pasquale)
(D’esitar non è più tempo, dite di sì.)
(Não é momento de hesitar, diga que sim.)
Norina
Norina
M’oppongo.
Oponho-me.
Don Pasquale
Don Pasquale
Ed io consento. (ad Ernesto) Corri a prender Norina, recala, e vi fo sposi sul momento.
E eu consinto. (para Ernesto) Corre a buscar Norina, e comprometo-me a casar-vos neste mesmo instante.
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Malatesta
Malatesta
Senz’andar lungi la sposa è presta,
Sem ir mais longe, a noiva está pronta...
Don Pasquale
Don Pasquale
Come? Spiegatevi...
Como? Explique-se...
Malatesta
Malatesta
Norina è questa.
Ela é Norina.
Don Pasquale
Don Pasquale
Quella?... Norina?... Che tradimento! Dunque Sofronia?...
Ela?... Norina?... Que traição! Então Sofronia?...
Malatesta
Malatesta
Dura in convento.
Continua no convento.
Don Pasquale
Don Pasquale
E il matrimonio?...
E o casamento?...
Malatesta
Malatesta
Fu mio pensiero il modo a togliervi di farne un vero in nodo stringervi di nullo effetto.
Foi uma ideia minha para lhe tirar a ideia de vir a casar-se de verdade.
Don Pasquale
Don Pasquale
Ah bricconissimi... (Vero non parmi! Ciel ti ringrazio!)
Ah malandros... (Nem acredito! Céus, obrigado!) Enganar-me assim!
Norina (inginocchiandosi)
Norina (ajoelhando-se)
Grazie, perdono! Via siate buono.
Desculpe, perdoe! Seja bondoso.
Ernesto
Ernesto
Deh! zio, movetevi! Via siate buono.
Oh! Tio, perdoe-nos! Seja bondoso.
Norina
Norina
Grazia, perdono!
Desculpe, perdoe!
Don Pasquale
Don Pasquale
Tutto dimentico, siate felici; Com’io v’unisco, v’unisca il ciel!
Esqueço tudo, sejam felizes; como eu vos uno, assim vos una o céu!
Malatesta
Malatesta
Bravo, bravo, Don Pasquale! La morale è molto bella.
Bravo, bravo Don Pasquale! Que bela moral.
Norina
Norina
La moral in tutto questo è assai facil di trovarsi. Ve la dico presto presto se vi piace d’ascoltar.
A moral de tudo isto é muito fácil de encontrar. Digo-a já, se quiserem ouvir.
Don Pasquale
57
Ben è scemo di cervello chi s’ammoglia in vecchia età; va a cercar col campanello noie e doglie in quantità.
Tonto é aquele que se casa na velhice; marca encontro certo com um sem-fim de problemas e desgostos.
Don Pasquale
Don Pasquale
La morale è molto bella applicarla a me si sta. Sei pur fina, bricconcella, m’hai servito come va.
A moral é muito bela, vou aplicá-la. Como é esperta, malandra, deste-me uma boa lição.
Malatesta ed Ernesto
Malatesta e Ernesto
La morale è molto bella, Don Pasqual l’applicherà. Quella cara bricconcella lunga più di noi la sa.
A moral é muito adequada, Don Pasquale vai aplicá-la. Esta malandra sabe mais do que todos nós.
Coro
Coro
Quella cara bricconcella lunga più di noi l asa. Si, Don Pasquale l’applicherà.
Esta malandra, sabe mais do que todos nós. Sim, Don Pasquale vai seguir esta moral.
Fim
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Coro do Teatro Nacional de São Carlos; Eduarda Melo e Mathias Vidal Š fotografias de ensaio
JosÊ Fardilha e Yanni Yannissis Š fotografias de ensaio
Italo Nunziata
Um Don Pasquale ao estilo dos anos Trinta
O enredo de Don Pasquale, de Donizetti, representa, na sua ambiência tipicamente burguesa, um arquétipo que, desde 1840, possui uma inalterada atualidade, que veio a repetir-se continuamente em linguagens e meios de expressão para além do teatro lírico como, por exemplo, o teatro e o cinema, entre outros.
O modelo do final do século XIX da «Comédia de Enganos», de Feydeau, introduziu argumentos do fenómeno complexo da comédia italiana no cinema sonoro dos anos Trinta. A força do modelo assenta na representação do imaginário coletivo de uma sociedade de classe média, – pequenos burgueses que interpretam as ambições e os sonhos mais comuns. A característica peculiar das encenações cinematográficas deste período consiste num enredo melodramático com momentos repletos de vitalidade intervalados com outros de sentimentos mais delicados, permeados por uma canção predominante.
A divulgação deste novo género expressivo do cinema sonoro deve-se em parte, e em consequência, ao extenso e positivo confronto entre a tradição melódico-operática de árias e motivos tão populares no século anterior.
Considerei, pois, muito interessante e coerente fazer renascer o enredo de Don Pasquale nos anos Trinta do século XX, período em que o clima social apresenta curiosas analogias com a ambiência do final do século XIX época em que decorre a trama do libreto. A frescura e a ingenuidade de alguns momentos do enredo são ainda mais realçadas na citação de cenas inspiradas no período da Europa e muito em particular do cinema italiano do qual se guarda uma afetuosa saudade.
É, portanto, uma homenagem à ópera e ao cinema, permitindo manobrar, mais uma vez, o jogo subtil do enredo e a vontade de divertir e divertir-se.
Don Pasquale
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Carlo Rizzari direção musical Desde 2006 que exerce funções de assistente musical de Antonio Pappano na Academia Nacional de Santa Cecília em Roma (Auditório Parco della Musica). Dirigiu, entre outras, a Orquestra da Academia de Santa Cecília, Orquestra da Suisse Romande, Orquestra Sinfónica de Graz, Orquestra do Teatro San Carlo em Nápoles, Orquestra de Pádua e do Veneto, Orquestra da Toscânia, Orquestra do Teatro Bellini na Catânia, Orquestra Tafelmusik de Toronto, Solisti Aquiliani, Orquestra da Fundação Toscanini e Orquestra Pomeriggi Musicali de Milão. Em 2008, dirigiu a Orquestra da Academia Nacional de Santa Cecília no aclamado concerto inaugural do Festival de Belcanto em Roma «Three Tenors of Belcanto Concert», com a participação de John Osborn, Barry Banks e Celso Albelo. No mesmo ano, foi convidado a colaborar como assistente de Kent Nagano, na Norma de Bellini, integrada na primeira edição do Festival de Belcanto em Knowlton (Canadá), e a dirigir um concerto com a Orquestra Sinfónica de Montreal. Em janeiro de 2011, dirigiu a Orquestra da Academia de Santa Cecília num programa composto por Nuits d’été (Berlioz) com Sonia Ganassi, Dances Figures (George Benjamin) e a Sinfonia n.º 3 de Saint-Saëns. Nesse mesmo ano, em julho, dirigiu, com grande sucesso, o concerto «I canti che hanno fatto l’Italia dall’Indipendenza, dall’Unità fino alla Grande Guerra», à frente da Orquestra, Coro e Coro infantil da Academia Nacional de Santa Cecília e da Associação Nacional de Fanfarras Militares. Em 2012, foi convidado por Claudio Abbado para assistente musical em diversos concertos a realizar em Bolonha e Lucerna, com a Orchestra Mozart. Em junho e julho de 2012, foi o artista de destaque na temporada de verão da Academia Nacional de Santa Cecília, tendo dirigido alguns concertos com o pianista Lang Lang (Concertos n.º 1 e n.º 5 de Beethoven) e também com a Orquestra de Santa Cecília, em vários concertos muito aclamados pelo público e pela crítica, com cinco sinfonias de Beethoven (n.º 1, n.º 3, n.º 5, n.º 7, n.º 9) em programa. O seu repertório operático inclui Il Signor Bruschino no Auditório Parco della Musica; La Bohème no Teatro Bellini de Catânia, com Marcello Giordani; Il campanello (Donizetti) no Teatro Flavio Vespasiano em Rieti com a Orquestra Belcanto; Gianni Schicchi e L’heure espagnole no Auditório Parco della Musica; e Adina (Rossini) no Reate Festival.
Italo Nunziata encenação Iniciou, desde muito jovem, a atividade teatral como ator e assistente de encenação. Aos 24 anos assinou a sua primeira encenação lírica, Così fan tutte (Mozart), para o Teatro Petruzzelli de Bari. Após esta brilhante e precoce estreia seguiram-se numerosos compromissos em diversos teatros líricos italianos, entre os quais, Ópera de Roma, Teatro San Carlo de Nápoles, Teatro La Fenice de Veneza, Teatro Verdi de Trieste e Teatro Massimo de Palermo. Foram igualmente numerosas as suas produções em importantes teatros em França, Espanha, Japão, Estados Unidos da América, Ucrânia, Emirados Árabes Unidos e Turquia. Obteve um reconhecimento significativo com a reposição moderna de óperas do século XVIII, início do século XIX e de primeiras execuções de óperas contemporâneas em língua italiana e não só, tendo-lhe sido atribuído o Prémio da crítica musical italiana «Franco Abbiati» pelo díptico schubertiano Die Zwillingsbrüder e Der vierjährige Posten. Também colaborou na elaboração de guiões para algumas produções importantes de bailado e desenvolveu uma intensa atividade didática na formação de cantores, com o objetivo de aprofundar a relação entre a música e a gestualidade. Entre 1995 e 1996 foi diretor artístico do Teatro Rendano de Cosenza, para o qual programou a temporada lírica, prosa, dança e teatro destinada a um público mais jovem. Desde 2008 que ocupa o cargo de diretor artístico da Fondazione Nuovo Teatro Verdi de Brindisi.
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Pasquale Grossi cenografia e figurinos Nasceu em Roma em 1942. Após ter concluído os estudos liceais, ingressou na Faculdade de Arquitetura onde obteve uma bolsa de estudo para ingressar num curso de figurinista realizado pelo Centro Experimental de Cinematografia. Em 1983, foi galardoado com o Prémio «Franco Abbiati» pela conceção da cenografia e guardaroupa da ópera Samson et Dalila, no Teatro Verdi de Trieste, com encenação de Alberto Fassini. Em 2004, foi-lhe atribuído o Prémio «Samaritani» pela carreira desenvolvida. Em 2006/07 lecionou as disciplinas de Desenho, Figurinos e História do Traje na Academia de Moda e Figurinos de Roma. Para além de ter participado em algumas produções televisivas e cinematográficas, sempre na qualidade de cenógrafo e figurinista, colaborou, essencialmente, em teatro declamado com diversos encenadores, de entre os quais, Gianfranco De Bosio, Giulio Bosetti, Giorgio Marini e Federico Tizzi. No entanto, a sua atividade mais relevante desenvolve-se no âmbito da ópera lírica. Ao longo da sua carreira, trabalhou em importantes centros musicais, tais como Tóquio, Paris, Viena, Dallas, Charleston, Chicago, Bruxelas, Milão (Teatro alla Scala), Veneza (Teatro La Fenice), Palermo (Teatro Massimo), Nápoles (Teatro San Carlo), Roma (Teatro dell’Opera) e Bolonha (Teatro Comunale). São de realçar alguns dos principais encenadores com quem colaborou regularmente: Giancarlo Menotti, Alberto Fassini, Luca Ronconi, Virginio Puecher e Paul Curran. Com Italo Nunziata assinou as produções de Gina (Teatro Rendano), Don Pasquale (Teatro La Fenice), Il matrimonio segreto e Il barbiere di Siviglia (Teatro Comunale de Treviso), Così fan tutte (Filadélfia), La fìnta giardiniera (Abu Dhabi), Francesca da Rimini, de Rakhmaninov, e Erwartung, de Arnold Schönberg (Teatro La Fenice). Participou em estreias absolutas das produções de Goya e La loca, de Gian Carlo Menotti, Ricardo III e La brocca rotta, de Flavio Testi, Aspern e Cailles en sarcophage, de Salvatore Sciarrino.
Patrick Latronica desenho de luz Após ter-se licenciado pela Universidade de Syracuse, nos Estados Unidos da América, viveu e trabalhou em Itália, onde fez o desenho de luz para inúmeras e importantes produções entre outros, no Teatro Massimo de Palermo; Teatro Bellini de Nápoles e Catania; Teatro La Fenice, em Veneza; Ópera de Roma; Teatro San Carlo, em Nápoles, bem como em muitos outros teatros dentro e fora de Itália. O seu trabalho já foi visto em trinta e quatro países espalhados pelos cinco continentes. Duas das suas produções foram galardoadas com prémios prestigiantes: Due Gemelli foi escolhida pela crítica musical italiana («Franco Abbiati») e considerada a melhor produção de 1997. De salientar também Promessi Sposi referida como o melhor musical da temporada de 2001/02. Pelo seu significante contributo à dança italiana, foi-lhe atribuído, em 1990, o Prémio «Positano». Desenha luz para teatro, ópera, bailado, dança e programas de televisão, assim como para importantes congressos mundiais de grandes empresas como a IBM, KPMG e Coca Cola, entre outras.
Don Pasquale
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Giovanni Andreoli Maestro Titular do Coro Estudou Piano, Composição e Direção Coral e de Orquestra. Iniciou a sua actividade enquanto maestro residente. Na qualidade de maestro de coro colaborou na RAI de Milão, Arena de Verona, e Teatros La Fenice de Veneza e Carlo Felice de Génova. Trabalhou com os maestros Delman, Muti, Chailly, Barshai, Karabtchevsky, Arena, Santi, Campori, R. Abbado e Renzetti. Na Bienal Música de Veneza estreou mundialmente obras de Guarnieri, De Pablo, Clementi e Manzoni. Dirigiu os Carmina Burana e a Petite Messe solennelle (Coro e Orquestra do La Fenice), repondo esta última no Teatro Municipal de São Paulo. Seguiu-se «L’esperienza corale nel ‘900 italiano» (Dallapiccola, Rota e Petrassi). De 1998 destacam-se L’elisir d’amore em Reiquiavique; Missa da Coroação (Mozart) e Missa n.º 9 (Haydn), em São Paulo; Via Crucis de Liszt (Orvieto); Les Noces (Stravinski), no Festival de Granada; Otello (Rossini), no Theater an der Wien; e a primeira audição moderna da Missa Amabilis e Missa Dolorosa de Caldara (Orquestra e Coro do La Fenice). Em 1999 dirigiu Il barbiere di Siviglia (Teatro dei Vittoriale, Gardone-Riviera), La traviata (Teatro Real de Copenhaga), Una cosa rara de Soler (Teatro Goldoni, Veneza). Em 2000 dirigiu duas produções de La Bohème (Teatro Grande de Brescia, com Giuseppe Sabbatini; Lanciano, com a Orquestra Giovanile Internazionale). Gravou para a BMG Ricordi, Fonit Cetra e Mondo Musica Munchen, entre outras obras, Orfeo cantando... tolse (A. Guarnieri) na RAI de Florença (1996), e os Carmina Burana com o Teatro La Fenice. De 1994 a 2004 foi o responsável artístico pela temporada lírica do Teatro Grande de Brescia. Dirigiu, com João Paulo Santos, concertos corais obras de Brahms, Kodály, Lopes-Graça, e Freitas Branco. Em 2006 iniciou a sua colaboração com a Companhia de Ópera Portuguesa dirigindo, Madama Butterfly, La traviata e o Requiem de Verdi em Lisboa e no Festival de Óbidos. Retomou o cargo de Maestro Titular do Coro do Teatro Nacional de São Carlos (janeiro de 2011), que já ocupara entre 2004 e 2008.
José Fradilha barítono Senhor de uma carreira internacional, estudou com Maria Cristina de Castro. Estreou-se, em 1984, no Teatro Nacional de São Carlos no papel de Masetto (Don Giovanni) e, em 1989, foi vencedor do Concurso Internacional «Toti dal Monte» pela interpretação do papel de Leporello, sob a direção de Peter Maag (Treviso). No seu repertório contam-se os principais papéis de barítono de Mozart e Rossini, destacando-se os papéis titulares de Falstaff e Gianni Schicchi, e os papéis principais em L’elisir d’amore, Lucia di Lammermoor, Don Pasquale, Roméo et Juliette, La cenerentola. Foi dirigido pelos mais importantes maestros da cena musical internacional, nomeadamente, Claudio Abbado, Riccardo Chailly, Ivan Fischer, Zubin Mehta e Riccardo Muti, Seiji Ozawa e, em Portugal, João Paulo Santos, à frente de, entre outras, a Filarmónica de Viena e de Berlim. Trabalhou com grandes figuras da encenação, tais como João Lourenço, Luis Miguel Cintra, Mauro Avogadro, Gianfranco de Bosio, Patrice Chéreau, Klaus Michael Grüber, Giorgio Strehler, Jonathan Miller e Jossi Wieler. Cantou em Bolonha, Dresden, Milão, Florença (Maggio Musicale Fiorentino, onde gravou Turandot, com direção de Zubin Mehta), Opéra de Paris, Telavive, Lincoln Center de Nova Iorque, Festivais de Salzburgo, Martina Franca, Trienal de Ruhr, entre outros. Os seus próximos compromissos incluem, Il barbiere di Siviglia em Madrid e La cenerentola em Estugarda.
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Eduarda Melo soprano Iniciou os estudos de Piano e Viola d’arco no Conservatório de Música Calouste Gulbenkian de Braga. É licenciada em Canto pela Escola Superior de Música e das Artes do Espetáculo do Porto e fez parte do Estúdio de Ópera da Casa da Música do Porto. Depois da sua estreia no papel de Papaguena (Die Zauberflöte), seguida de Rosina (Un Mari à la porte), Galo (A raposinha matreira), La Voix humaine (Poulenc), João Pestana/Fada do Orvalho (Hänsel und Gretel) e das criações de A Little Madness in the Spring (Vera) de António Pinho Vargas, A montanha (Pastora) e O rapaz de bronze de Nuno Côrte-Real, integrou, em 2007/08 o elenco de cantores residentes do prestigiado CNIPAL em Marselha, onde participa em várias produções por toda a França. Em ópera, destacam-se as interpretações de Zemina (Die Feen) Thêatre du Châtelet em Paris, Vespina (L’infedeltà Delusa), Ópera de Monte Carlo, Musetta (La Bohème) e Maria Luisa (La Belle de Cadix) no Festival de Saint-Céré, Despina (Così fan Tutte) no Teatro Nacional de São Carlos, Stéphano (Roméo et Juliette) e Primeira-Dama (Die Zauberflöte) na Ópera de Marselha, Frasquita (Carmen) na Ópera de Lille e Ruth (Paint Me, de Luís Tinoco) na Culturgest. Foi dirigida por Marc Minkowski, Martin André, Jean-Claude Casadesus, Cesário Costa, Manuel Ivo Cruz, Laurence Cummings, Jean-Sébastien Béreau, Stefan Ausbury, Franck Ollu, Jérémie Rhorer e Michael Zilm. Futuros compromissos incluem L’italiana in Algeri (Elvira) em Marselha, La Belle de Cadix em digressão por França, La cenerentola (Clorinda) em Metz, assim como a sua primeira Rosina (Il barbiere di Siviglia) em Lille. Recentemente, foi galardoada com o 2.º Prémio do Concurso Internacional de Canto de Toulouse.
Yanni Yannissis barítono Diplomou-se em Canto (1987) pelo Conservatório de Atenas, cidade onde nasceu. Aperfeiçoou-se em Nova Iorque com Charles Kellis, professor na Juilliard School, na qualidade de bolseiro da Fundação «Maria Callas» (Atenas, 1991). Venceu os concursos internacionais «Maria Callas» (Grécia) e MEF (Nova Iorque). Foi Director Artístico da Ópera da Tessália (2008-2010). Estreou-se na Ópera Nacional da Grécia (Atenas) em Maria Stuarda (Lorde Cecil) e prosseguiu carreira na Europa e EUA com grandes maestros (Levine, Pappano, Abbado), encenadores (Zeffirelli) e cantores. Em Itália cantou em Macbeth (Banco), I Capuleti e i Montecchi (Capellio), Mozart e Salieri (Salieri) de Rimski-Korsakov, L’ultimi Luci (Barão) de Betta, Rinaldo & C (Argante) de Corghi; na Scottish Opera cantou em Don Giovanni (Leporello); no Théâtre de La Monnaie cantou em Tosca; em França cantou Melitone (La forza del destino) e em Madama Butterfly; na Opernhaus de Frankfurt foi Sharpless; na Ópera de Washington interpretou Cirillo (Fedora, Giordano); na Ópera de San Diego cantou Colline (La Bohème); e com a Ópera Nacional da Grécia cantou os papéis de Gérard (Andrea Chénier), Scarpia (Tosca), O Monge (K. Palaiologos, Kalomiri), Escamillo (Carmen), Alidoro (La cenerentola), e os papéis protagonistas de The Bear (Walton), Don Giovanni, Peter Grimes (Balstrode), Schicchi, e Amonasro. Na Ópera da Tessália cantou Colline, Amonasro, Germont, Don Giovanni e em concertos com as orquestras Nacional da Tessália, Nacional de Atenas, Nacional da Rádio e Televisão, Megaron de Atenas e da Tessália. Foi membro da companhia da Metropolitan Opera (1991-2001), onde cantou em La fanciulla del West (Jake Wallace), La Bohème (Colline), Roméo et Juliette (Capulet), Fedora (Cirillo) e Giulio Cesare (Achilla). Apresenta-se regularmente em concerto na Europa. A sua discografia inclui Andrea Chénier, La fanciulla del West, Idomeneo, Rigoletto, I Lombardi, Fedora, Don Carlos, esta última com Pavarotti, Domingo, S. Milnes, M. Freni e J. Pons. Na última temporada, interpretou o papel de Amonasro no Teatro Herodion, em Atenas; Escamillo (Carmen) no Teatro Nacional de São Carlos, e participou em duas produções da Metropolitan Opera de Nova Iorque, Macbeth e O Caso Makropulos.
Don Pasquale
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Mathias Vidal tenor Após uma licenciatura em música pela Universidade de Nice, diplomou-se pelo Conservatório Superior de Música de Paris. Interpretou inúmeros papéis, de entre os quais, Arnalta (L’incoronazione di Poppea, de Monteverdi); Chevalier de la force (Dialogues des Carmélites, de Poulenc), em Budapeste; Adraste (Sémélé, de Marin Marais), no Festival de Sablé, com o Ricercar Consort de Philippe Pierlot; Il barbiere di Siviglia (Rossini), com a Opéra Eclaté; Il mondo della luna (Haydn), no Teatro do Luxemburgo; La Périchole (Offenbach), na Opéra de Lille; Macbeth (Verdi), na Opéra de Rennes; Pedrillo (Die Entführung aus dem Serail, de Mozart), em Saint-Etienne, e Brighella (Ariadne auf Naxos, de R. Strauss), em Metz. Atuou igualmente com a Orquestra Filarmónica da Radio France e no Théâtre du Châtelet e Théâtre des Champs-Élysées. Nos últimos anos, cantou em Der Schauspieldirektor e Die Entführung aus dem Serail, de Mozart, em Rennes; Naïs (Jean-Philippe Rameau), na Cité de la Musique em Paris; Camille de Coutançon (Die lustige Witwe, de Franz Lehár), no Festival d’O em Montpellier. Futuros compromissos incluem Aristée/Pluton (Orphée aux enfers, de Offenbach), em Lausanne; o papel de contratenor em King Arthur (Purcell), na Opéra Royal de Versalhes; Indian Queen, em Schwetzingen, e Elvino (La sonnambula, de Bellini), no Teatro Bolchoi.
Frederico Santiago barítono Nasceu em Lisboa. Frequentou o Conservatório Nacional de Lisboa na classe de Canto da Prof. Maria Cristina de Castro, com quem prossegue os estudos. Membro efetivo do Coro do Teatro Nacional de São Carlos desde 1997, participou na qualidade de solista nas produções de Il trovatore, La traviata e Jeanne d’Arc au bûcher (Honegger). Ainda com o São Carlos integrou o elenco das produções apresentadas na Figueira da Foz de La Bohème e La traviata. Com a Companhia da Ópera Portuguesa cantou em Il barbiere di Siviglia e Madama Butterfly no Coliseu dos Recreios de Lisboa e, posteriormente, em Estremoz, Figueira da Foz, Aveiro e Óbidos. Foi um dos solistas na obra Os Sete Pecados Mortais (Weill), no CCB, no âmbito da Temporada Sinfónica de 2006/07.
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OPART – Organismo de Produção Artística, EPE
TEATRO NACIONAL DE SÃO CARLOS
CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO João Villa-Lobos César Viana
Diretor Artístico Martin André Maestro Titular do Coro do Teatro Nacional de São Carlos Giovanni Andreoli
GABINETE DE ESTUDOS MUSICAIS E DRAMATURGIA João Paulo Santos (diretor de estudos musicais/ diretor musical de cena) Nuno Margarido Lopes (maestro correpetidor) Joana David (maestro correpetidor)
ADJUNTA DO DIRETOR ARTÍSTICO Sara Sauval DIRETOR DE ESPETÁCULOS Nuno Pólvora
DIREÇÃO TÉCNICA Francisco Vicente (diretor técnico) Bernardo Azevedo Gomes (diretor de cena) Álvaro Santos (assistente da direção de cena) Joana Camacho (assistente da direção técnica e da produção) Pedro Penedo Setor de Maquinaria José Silvério (chefe do setor) Graciano Lopes (maquinista chefe) Augusto Baptista Fernando Correia Jacinto Matias João Soares Joaquim Cândido Costa José António Feio José Luís Reis Luís Filipe Alves Manuel Friães da Silva Setor de Eletricidade Pedro Martins (chefe do setor) Serafim Baptista (eletricista principal) Carlos Santos Carlos Vaz José Diogo Paulo Godinho Victor Silva
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Setor de Som e Vídeo Miguel Pessanha Setor de Contra-Regra João Lopes (chefe do setor) Arnaldo Ferreira Herlander Valente Setor de Adereços António Lameiro Setor de Costura Ana Paula Simaria Maria José Santos Andreia Marcelino Cristina Pereira
DEPARTAMENTO DE PRODUÇÃO Alda Giesta (diretora de produção) Filomena Barros (assistente de produção)
COORDENAÇÃO DE PROGRAMAÇÃO Alessandra Toffolutti (coordenadora) Fátima Machado Lucília Varela Margarida Cruz
GABINETE DE GESTÃO DA ORQUESTRA Margarida Clode (coordenadora) Maria Beatriz Loureiro (assistente) Jerónimo Fonseca Nuno Guimarães
GABINETE DE GESTÃO DO CORO Celeste Patarra (coordenadora) Mário Oliveira Rui Ivo Cruz
GABINETE DE PESQUISA E DOCUMENTAÇÃO MUSICAL Paula Coelho da Silva (coordenadora) Agostinho Sorrilha Jan Schabowski José Carlos Costa
ESTÚDIO DE ÓPERA João Paulo Santos (coordenador)
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PROJETO PEDAGÓGICO/VISITAS GUIADAS Filipa Barriga (coordenadora) Maria Gil DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO Paulo Veríssimo Ana Rego (designer) João Duarte Mendonça (canais internet)
GABINETE DE RELAÇÕES PÚBLICAS Ana Fonseca (coordenadora) Bilheteira Luísa Lourenço Rita Martins Ana Rita Ferreira
CENTRO HISTÓRICO Fernando Carvalho Maria Luísa Carles Anabela Pires
DIREÇÃO FINANCEIRA E ADMINISTRATIVA Sónia Teixeira (diretora) António Pinheiro Edna Narciso Fátima Ramos Marco Prezado (técnico oficial de contas) Expediente e Arquivo Susana Santos
Limpeza e Economato Lurdes Mesquita Maria Conceição Pereira Maria de Lurdes Moura Maria do Céu Cardoso Maria Isabel Sousa Maria Teresa Gonçalves
DIREÇÃO DE RECURSOS HUMANOS Sofia Dias (diretora) Sofia Teopisto Vânia Guerreiro Zulmira Mendes
GABINETE DE GESTÃO DO PATRIMÓNIO Nuno Cassiano (coordenador) António Silva Sandra Correia Artur Raposo Carlos pires Miguel Vilhena Mário Marques Rui Rodrigues
GABINETE JURÍDICO Fernanda Rodrigues (coordenadora) Inês Amaral Juliana Mimoso* Anabela Tavares
PROCEDIMENTOS INSTITUCIONAIS Raquel Maló Almeida Egídio Heitor*
ORQUESTRA SINFÓNICA PORTUGUESA
I Violinos Alexander Stewart (concertino adjunto) Pavel Arefiev (concertino adjunto) Leonid Bykov (concertino assistente) Veliana Hristova (concertino assistente) Alexander Mladenov Anabela Guerreiro António Figueiredo Asmik Duarte Ewa Michalska Iskrena Yordonova Jorge Gonçalves Laurentiu Ivan Coca Luís Santos Margareta Sandros Marjolein de Sterke Natalia Roubtsova Nicholas Cooke Pedro Teixeira da Silva Regina Stewart
Secretária do Conselho de Administração Regina Sutre II Violinos Paula Carneiro (coordenador de naipe) Klara Erdei (coordenador de naipe adjunto) Rui Guerreiro (coordenador de naipe adjunto) Mário Anguelov (coordenador de naipe assistente) Nariné Dellalian (coordenador de naipe assistente) Aurora Voronova Carmélia Silva Inna Rechetnikova Kamélia Dimitrova Katarina Majewska Maria Filomena Sousa Maria Lurdes Miranda Slawomir Sadlowski Sónia Carvalho Tatiana Gaivoronskaia Witold Dziuba
* Prestadores de serviço
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Violas Pedro Saglimbeni Muñoz (coordenador de naipe) Ceciliu Isfan (coordenador de naipe adjunto) Galina Savova (coordenador de naipe assistente) Cécile Pays (coordenador de naipe assistente) Etelka Dudas Maria Cecília Neves Sandra Moura Ventzislav Grigorov Vladimir Demirev Teresa Fleming* Bistra Anastasova*
Violoncelos Irene Lima (coordenador de naipe) Hilary Alper (coordenador de naipe adjunto) Ajda Zupancic (coordenador de naipe assistente) Diana Savova Emídio Coutinho Gueorgui Dimitrov Luís Clode
Contrabaixos Pedro Wallenstein (coordenador de naipe) Petio Kalomenski (coordenador de naipe) Adriano Aguiar (coordenador de naipe adjunto) Duncan Fox (coordenador de naipe adjunto) Anita Hinkova (coordenador de naipe assistente) João Diogo Duarte José Mira Svetlin Chichkov
Flautas Katharine Rawdon (coordenador de naipe) Nuno Ivo Cruz (solista A) Anthony Pringsheim (solista B) Anabela Malarranha (solista B)
Oboés Ricardo Lopes (coordenador de naipe) Hristo Kasmetski (solista A) Elizabeth Kicks (solista B) Luís Marques (solista B)
Clarinetes Francisco Ribeiro (coordenador de naipe) Joaquim Ribeiro (solista A) Jorge Trindade (solista B)
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Fagotes David Harrison (coordenador de naipe) Carolino Carreira (solista A) João Rolo Brito (solista B) Piotr Pajak (solista B) Trompas Paulo Guerreiro (coordenador de naipe interino) Laurent Rossi (solista A) António Rodrigues (solista B) Carlos Rosado (solista B) Tracy Nabais (solista B) Trompetes Jorge Almeida (coordenador de naipe) António Quítalo (solista A) Latchezar Goulev (solista B) Pedro Monteiro (solista B) Trombones Hugo Assunção (coordenador de naipe) Jarrett Butler (solista A) Kevin Hakes (solista A) Vítor Faria (solista B)
Tuba Ilídio Massacote (solista A)
Tímpanos e Percussão Elizabeth Davis (coordenador de naipe) Richard Buckley (solista A)** Lídio Correia (solista B) Pedro Araújo e Silva (solista B)
Harpa Carmen Cardeal (solista A)
Guitarra Eduardo Miranda* **
* Músicos convidados ** Banda de palco A negro: músicos que tocam nesta produção
CORO DO TEATRO NACIONAL DE SÃO CARLOS Maestro Titular Giovanni Andreoli Maestro Assistente Kodo Yamagishi
Sopranos Ana Cosme Ana Luísa Assunção Ana Maria Serro Ana Rita Cunha Angélica Neto Filipa Lopes Glória Saraiva Isabel Biu Isabel Silva Pereira Luísa Brandão Maria do Anjo Albuquerque Patrícia Ribeiro Rita Paiva Raposo Sandra Lourenço Sónia Alcobaça
Meio-sopranos Ana Cristina Carqueijeiro Ana Margarida Serôdio Ana Maria Neto Ângela Roque Antónia Ferraz de Andrade Cândida Simplício Isabel Assis Pacheco Laryssa Savchenko Luísa Tavares Manuela Teves Maria da Conceição Martinho Natália Brito Susana Moody
Tenores Alberto Lobo da Silva Álvaro de Campos Arménio Afonso Granjo Carlos Pocinho Carlos Silva Diocleciano Pereira Francisco Lobão João Miguel Queirós João Miguel Rodrigues Luís Castanheira Mário Silva Miguel Calado Nuno Cardoso Vítor Carvalho
Barítonos e Baixos Aleksandr Jerebtsov António Louzeiro Carlos Homem Carlos Pedro Santos Ciro Telmo Costa Campos Daniel Paixão Eduardo Viana Frederico Santiago João Miranda João Rosa Jorge Rodrigues Mário Pegado Osvaldo Sousa Simeon Dimitrov
A negro: elementos do coro que cantam nesta produção
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Teatro Nacional de São Carlos Bilheteira Horário de bilheteira
Dias úteis – das 13h00 às 19h00 Dias de espetáculo (incluindo sábados, domingos e feriados) – das 13h00 até trinta minutos após o início do espetáculo. Duas horas antes do início do mesmo apenas poderão ser adquiridos bilhetes para o próprio dia. Bilheteira on line
Pode adquirir os seus bilhetes on-line em www.ticketline.pt bem como através de contacto telefónico com a Ticketline: tel. 707 234 234
Outras informações Bilhetes
FNAC, WORTEN, ABREU, El Corte Inglés, C. C. Dolce Vita
O Teatro reserva-se o direito de alterar a sua programação em casos de força maior.
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Legendas
Rede Ticketline
As reservas podem ser efetuadas por e-mail ou telefone da bilheteira, as quais serão garantidas por 48 horas após a reserva. Só serão aceites reservas até 48 horas antes do dia do espetáculo. Tel. +351 213 253 045/6 email: reserva.bilhetes@saocarlos.pt Formas de pagamento
Numerário, cheque, multibanco, cartão de crédito. A bilheteira do Teatro Nacional de São Carlos dispõe de uma caixa de multibanco durante o seu horário de funcionamento. Descontos É necessário apresentar comprovativo de idade no ato de compra dos bilhetes para aplicação deste desconto. Jovens até 25 anos e Maiores de 65
Desconto de 35% Jovens até 18 anos
Desconto de 50% Grupos 25% na aquisição de, no mínimo, 15 bilhetes por espetáculo. Bilhetes «Última Hora» Ópera duas horas antes de cada espetáculo, os bilhetes
disponíveis serão colocados à venda ao preço de 20 euros para a plateia, frisas grandes e camarotes de 1.ª e 2.ª Ordem Grandes. Os restantes lugares da sala poderão ser adquiridos a 15 euros. Concertos duas horas antes de cada concerto, os bilhetes
disponíveis serão colocados à venda ao preço de 10 euros.
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No caso de apresentação de óperas em língua estrangeira o São Carlos garante um sistema de legendagem em português. Pontualidade
Depois do início do espetáculo não é permitido o acesso à plateia até que tenha lugar o primeiro intervalo. Gravações e fotografias
Não é permitida a utilização de qualquer tipo de gravadores ou máquinas fotográficas no interior do Teatro. Bengaleiro
O Teatro conta com um serviço de bengaleiro situado dos dois lados exteriores da plateia. Aparelhos sonoros
Agradecemos que sejam desligados telemóveis e outros aparelhos sonoros no interior da sala de espetáculos. Restaurante e cafetaria
Para além do restaurante/cafetaria, o Teatro conta com um serviço de esplanada no Largo de São Carlos. Transportes
Autocarros: 58, 100, 204* (*só serviço nocturno) Elétrico: 28; Metro: Baixa-Chiado
Teatro Nacional de São Carlos
Rua Serpa Pinto, n.º 9 – 1200-442 Lisboa Tel. +351 213 253 000 – Fax +351 213 253 083 Consulte a programação em www.saocarlos.pt
Teatro Nacional de Sรฃo Carlos Rua Serpa Pinto n.ยบ 9 1200-442 Lisboa