Histórias da Minha Terra | Poço de desejos, lagoa dos milagres

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Poço de desejos, lagoa dos milagres

Acabavam de mudar para uma casa enorme. Era uma velha usina de pilar arroz que não se encontrava mais em funcionamento e a emprestaram para a família ocupar. Ali estavam Zé Baliza, a esposa Luzia, cinco filhas e um rapaz. Era muito espaço, mas infelizmente nenhuma água.

A família era religiosa. Toda noite a mãe punha as crianças ao pé da cama para rezar o rosário ou o terço em novenas. Sem água, o pai já tinha gastado promessa fazendo o primeiro poço sem resultado. Não tinha como cozinhar, banhar e beber sem água.

Zé Baliza tinha fé, não desanimava. Rezava para São José de Ribamar. Viver de comprar água na vizinhança não era possível.

Um dia Zé Baliza partiu mais a filha caçula para procurar água nas imediações. A pequena, xodó do velho, não tinha nem cinco anos completos. O pai levava uma vareta, parecendo um Y. Caminharam por umas touceirinhas e matos secos. Ele ia com aquela vareta segurando nas duas mãos, nas duas pontas, e apontando o final dela para a frente. A vareta abaixava, levantava e a filha achava que era graça, pensava que o pai estava fazendo para ela, mas não: ele punha fé que aquela vareta ia apontar o lugar onde a água se escondia.

largura. Era só aquele buraco, mas o pai chegando lá, disse que era certeza que tinha água. A vareta baixou e ele desceu naquele buraco raso e começou a cavar. Sozinho cavou com as mãos mesmo o poço. São José de Ribamar deve ter ouvido as preces. Logo de imediato, numa fundura bem próxima, para assombro e contentamento, deu água! Era lindo demais ver aquela água jorrando. Voltaram os dois para casa. Zé Baliza ia pegar ferramentas e contar as boas novas para a esposa. Ao chegarem a mãe tinha tirado leite e tinha cheiro de café recém passado. A mesa estava posta e as irmãs comiam beiju. A notícia trouxe só felicidade

O pai cavou e quando foi à tarde, a mãe foi buscar água com as filhas mais velhas. Aquele buraco estava era cheio de água. No futuro a água traria fartura. O pai compraria uma tropa de burros e encheria o paiol de arroz. Isso seria depois. Naquela tarde, ali no barranco, formou-se uma pequena lagoa de três metros só, mas era a coisa mais linda. Podia-se olhar as nuvens brancas lá dentro dele. Parecia um outro céu.

Então, chegaram num barranco. Era assim, um buraco de erosão. Redondo, bem largo, deveria ter uns três metros de

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