Histórias da Minha Terra | Um boi na sala de aula

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Um boi na sala de aula

Aparecida dava aulas em uma classe multisseriada: na mesma sala ficavam alunos de anos escolares diferentes e de idades variadas. Isso foi no tempo em que não havia muitos professores na cidade e não se podia organizar as turmas como se deve. A mesa feita a facão era alta e não atendia às crianças menores. Nos dois únicos bancos de tábuas sentavamse até dez alunos. A lousa era só um pedaço, porque tinha chovido e estragado o restante. A professora não era de ficar usando só a garganta, buscava recursos para que o aprendizado fosse mais interessante.

Nesse dia, Aparecida tinha trazido bolinhas de papel crepom para duas meninas menores colarem nos números durante a aula de divisão. Nilciele, do cabelinho preto, e Leidiane, do vestido rosa, ainda tinham dificuldade na coordenação motora e, por não alcançarem direito a mesa, estavam sentadas no piso de cimento. A aula terminaria em poucos minutos, quando, do nada, apareceu na porta da sala uma cabeçona. Um boi. A posição agressiva do corpo mostrava a fúria do animal. “Misericórdia, não quero ver morte nem sangue aqui dentro”, foi o

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menino a abrir a porta?

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