OS CARTAZES POLÍTICOS EM PORTUGAL (1974-1976)
Processo de produção
Mestrado em Design de Comunicação
Re-Design (3 R’s)
Sara Guerra Os Cartazes Políticos em Portugal (1974-1976) Processo de produção
Índice Introdução 3 O Sustentável no Design 3 O Cartaz 4 O Cartaz de Propaganda Política 5 Processo de Design 6 Ciclo de Vida de um Produto 7 O Papel 9 Preocupações Ecológicas 9 Impressões em Papel Reciclado 10 Economizar o Papel 11 As Tintas 12 Redução do Impacto das Técnicas de Impressão 12 Referências Bibliográficas 13 Referências em Sítios 13
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Introdução A relação entre a criação de objectos de design e as condicionantes impostas pela sustentabilidade, através da integração de parâmetros ecológicos e económicos no domínio projectual, é actualmente uma das principais preocupações dos designers de comunicação. A indústria gráfica é uma das mais poluidoras. Esta é uma condição incontornável. No entanto, existe uma margem bastante extensa para a minimização desses impactos aparentemente inevitáveis que deve ser explorada. Este trabalho dá a conhecer como é que os cartazes políticos (1974-1976) eram produzidos e qual o impacto ambientalista que tinham naquela altura. Será analisado o ciclo de vida do produto, desde as matérias-primas provenientes da produção e consequente utilização até ao fim da vida do objecto final.
O Sustentável no Design Cada vez mais existe a consciencialização de que as actividades de design têm enorme impacto na sociedade e no ambiente. Os designers inventam, criam e desenvolvem produtos com o propósito de serem vistos e usados. Assim, são questionados por este novo paradigma, uma vez que o design não é praticado no vazio… O poder do design reside na concepção e no planeamento, criando primeiro uma ideia e depois incorporando-a num produto, quer seja objecto, sistema ou ambiente. A importância do design é determinante, pois cerca de 90% dos custos económicos e ambientais dos produtos são determinados na fase de design. Mas, na fase da concepção dum produto, os aspectos relativos ao social, económico e ecológico podem ser alterados no sentido de prevenir os impactos negativos e introduzir aspectos relacionados com a sustentabilidade. O Estado, a indústria, o comércio e a ciência têm vindo a ser pressionados para a adopção de políticas e práticas mais sustentáveis. Neste sentido, muito esforço e pesquisa têm sido postos na preconcepção dos produtos, no desenvolvimento de conceitos, metodologias, técnicas e princípios filosóficos do design. O design ambiental (ecodesign) e o desenho para a sustentabilidade são partes dum mesmo processo de procura de novas soluções. A Sustentabilidade está ligada a questões de responsabilidade, respeito e conservação. A sua primeira definição foi dada em 1980 na Estratégia de Conservação Mundial das Nações Unidas. Em síntese, a Sustentabilidade é a capacidade de desenvolver actividades económicas e de manter, simultaneamente, o dinamismo dos componentes e processos de funcionamento dos ecossistemas.
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O design sustentável deve ser tido como uma meta a atingir. Deve ser algo que adiciona aos tradicionais critérios de custo, desempenho e estética, uma salvaguarda ambiental ou inteligência ecológica e bem-estar social. Hoje em dia, há quem defenda que é no actual sistema que reside o próprio problema e que as estratégias baseadas na eco-eficiência apenas o perpetuam, pois funcionam apenas como minimização de problemas e não como soluções. É necessário haver uma mudança estratégica, deixando de conceber apenas um produto e passando a imaginar uma solução. O Design Sustentável deve fornecer o melhor desempenho social, ambiental e económico, pelo menor custo social, ambiental e económico. O uso estratégico do design deve ir ao encontro das necessidades humanas actuais e futuras, sem comprometer o ambiente. O desenho dos produtos, processos, serviços e sistemas deve estar a par com as exigências da sociedade, do ambiente e da economia.
Caminha-se para a fusão de estratégias diversificadas que podem ir no sentido dum cenário intermédio, de baixa tecnologia, de produção e consumo local; à movimentação para um cenário de alta tecnologia, de produtos e serviços de informação tecnológica dominados pela desmaterialização. Nesse sentido, é fundamental que as diferentes escolhas emergentes cumpram os critérios da sustentabilidade, sejam estudadas e difundidas e contribuam para o enriquecimento e compreensão de novas tendências nos padrões do design sustentável.
O Cartaz O cartaz é um dos meios de comunicação visual mais usado. É produzido em suporte de papel e colocado em locais públicos visíveis. Apesar da sua funcionalidade ao nível da publicidade e da informação visual, o cartaz tem sido também apreciado como uma peça de valor estético pois quem o produz tem um cuidado especial para que este seja interessante e apelativo, nunca devendo colocar de lado a sua função de transmissão daquilo que quer comunicar.
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O desenvolvimento sustentável é claramente uma das abordagens mais marcantes da nossa época, considerado de um modo consensual como a chave da protecção ambiental, bem-estar social e desenvolvimento económico. Reconheceu-se que era necessário e urgente uma mudança nas visões do mundo existentes, no sentido de reconciliar o crescimento económico com a protecção ambiental e justiça social. Actualmente, as diversas maneiras de desenvolvimento destroem os recursos naturais em que se deviam basear, a degradação ambiental pode arruinar o desenvolvimento económico. Assim, para alcançar um desenvolvimento sustentável e uma melhor qualidade de vida, os Estados devem reduzir e eliminar padrões de consumo insustentáveis.
A função do cartaz justifica-o como objecto de design na área da comunicação. No caso do cartaz político este pode incluir-se em três funções importantes: persuasiva, didáctica e informativa. No entanto, classificar cartazes segundo as suas funções, é uma tarefa difícil e complexa, pois estas classificações são realizadas segundo diferentes áreas de estudo. Na verdade, o cartaz aparece sempre como um dos principais meios de comunicação entre o produto e o consumidor, e é neste sentido que pode assumir múltiplas funções. Estimula, informa, activa, interpreta, explica, mobiliza, provoca, motiva e convence. No entanto, não se deve limitar à sua função, pois para além de ser um meio de comunicação contribui para o desenvolvimento da sensibilidade estética e cultural dos povos. Presente em qualquer lugar, o cartaz é um dos elementos constituintes do meio ambiente.
O Cartaz de Propaganda Política O cartaz político é um cartaz que responde à sociedade de consumo e pretende comunicar ideias de origem política, integrando-se num sistema lato que é apelidado por propaganda. A propaganda é considerada, no sentido mais antigo, como uma acção exercida, emitindo uma opinião, que tem como principal objectivo a divulgação dessa opinião estando inserida no campo das ideias políticas, religiosas e sociais. A propaganda pode influenciar a opinião pública e alterar comportamentos. O cartaz político aparece como um instrumento de propaganda política. Pode-se afirmar que a presença do cartaz político indica o estado de emergência de uma sociedade e é indiciador de transformações. Nas sociedades cujo poder é centralizado, a propaganda é exercida por uma voz oficial. Os grupos minoritários surgem, no outro extremo, como uma voz não oficial, ambos utilizam o cartaz como objectivo de divulgar os seus ideais. Esta dictomia está bem ilustrada, no caso português, com o período pós 25 de Abril. 5 Os Cartazes Políticos em Portugal (1974-1976) Processo de produção
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O cartaz tem um papel preponderante na formação do espaço urbano, este comporta um conteúdo funcional (promove vendas de algo) e estético (é caracterizado pela mancha, espaço e cor) que não se liga directamente ao anterior. Entre o funcional estrito e o estético puro existe uma área difusa de aspirações e desejos, mobilizada a partir das expectativas da sociedade de massas. Como característica de um cartaz na cidade existem dois factores: a possibilidade técnica de ilustrar pela imagem em grande escala e a necessidade de reduzir o texto devido à velocidade de deslocamento das pessoas em relação ao estímulo. Deste modo, estas noções destacam uma das características do cartaz que se baseia no conceito de legibilidade em função do tempo.
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Processo de Design Design Brief – são as primeiras linhas de orientação do projecto e representa a necessidade de negócios para o designer. Definição do problema: qual o objectivo, qual a mensagem e para quem se dirige. Os cartazes de propaganda política dos anos 1974 a 1976 tinham como objectivo principal comunicar uma mensagem através duma imagem visual e um aspecto estético agradável. O cartaz continha uma mensagem de propaganda bem definida de modo a defender o partido político em causa e a persuadir o público a votar naquele partido. A mensagem do cartaz é dirigida a toda a sociedade. Quanto mais pessoas observarem e simpatizarem com o cartaz melhor, pois o objectivo do partido político é que as pessoas o apoiem e votem nele, para que, desse modo, o partido em questão ganhe o mandato. Research (Recolha de dados) – é o processo de sincronia: observação, fabrico, análise de tendências, análise de mercado, criatividade, inspiração, inovação e experimentação. Os cartazes político partidários surgiram após o 25 de Abril de 1974. Estes foram uma inovação para a época, pois jamais houvera anteriormente cartazes de propaganda política em Portugal. Surgiram diversos partidos políticos e com eles os cartazes como meio de divulgação dos mesmos. Eram cartazes ilustrados, onde apareciam soldados juntamente com o povo e ilustrações a anunciar os diferentes partidos políticos. Os cartazes eram produzidos em tipografias, em impressões offset. São cartazes efemores e com pouca durabilidade pois são expostos nas ruas, onde existe poluição e as condições atmosféricas não deixam que estes permaneçam intactos durante muito tempo. Design Development (Desenvolvimento) – é o projecto de alternativas para o problema, recorrendo aos princípios do design: criatividade, brainstorming, análise dos meios técnicos e materiais disponíveis, representação, experimentação e escolha de alternativas. Os meios técnicos disponíveis naquela altura (anos 70) eram as maquinarias existentes nas tipografias: máquinas de offset, xilogravura, serigrafia… na altura não havia preocupações ambientais e nos locais de trabalho havia fumos tóxicos e materiais radioactivos. Havia, também, elementos que libertavam gases que poluíam o ar e provocavam chuvas ácidas. Não haviam preocupações no esvaziamento dos desperdícios líquidos e estes eram escoados para o solo, destruindo a terra agrícola, podendo até mesmo entrar na rede de fornecimento de água. O material utilizado era o papel proveniente da madeira das árvores. Nesta época ainda não havia preocupações com a espessura do papel, com a sua qualidade, com quais as tintas que eram usadas e qual seria o descarte do papel.
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Pré-série – é o ensaio da produção. Produção – é a produção em série, a produção em larga escala de produtos padronizados através de linhas de montagem. Os diferentes partidos políticos produziam centenas de cópias do mesmo cartaz, para posteriormente serem distribuídas. A produção em série permite grandes taxas de produção por trabalhador e, ao mesmo tempo, disponibiliza que os produtos (neste caso, os cartazes) tenham um custo mais baixo.
Ciclo de Vida de um Produto Pré-Produção – Para a produção dos cartazes de propaganda política de 19741976 era necessário haver papel. Este era, e continua a ser para qualquer tipo de cartaz, o principal material. O papel produzido naquela altura era apenas papel derivado de pasta de madeira, sem qualquer tipo de preocupações em gerir as florestas de uma forma sustentável. Naquela altura ainda não havia preocupações ecológicas. Eram deitadas abaixo florestas velhas que desalojavam ecossistemas inteiros e que demoravam décadas a restabelecerem-se. A produção de papel exige, também, muita energia e muita água. São precisos 5kWh de energia para transformar madeira numa revista fina, energia suficiente para acender uma lâmpada por 100 horas. Para fazer uma tonelada de aço é precisa a mesma quantidade de energia que para fazer uma tonelada de papel. Actualmente, algumas produtoras usam circuitos fechados de água, com o fim de gastar o menos possível e reduzir os efluentes. Produção – Os cartazes do pós 25 de Abril eram produzidos em impressão offset. A impressão offset é o processo de impressão mais habitual quando se trata de imprimir papel com mais qualidade e em baixo custo. Em offset a zona de imagem e de não imagem encontram-se ao mesmo nível na chapa de alumínio. Esta foi uma das principais inovações da litografia onde a água e a tinta não se misturam. A distinção é conseguida pela superfície da chapa e pela reacção de repulsa entre água e tinta. A viscosidade das tintas de offset exige um tinteiro com vários rolos, para trabalhar a tinta e transformá-la num fino fio de tinta que depois é aplicado. As tintas devem ser à base de óleo para que a relação de repulsa com a água funcione. Aplicações: A impressão offset é um processo utilizado para imprimir sobre papel. Consegue uma boa qualidade de reprodução de fotografia e de cores, mesmo em papéis de menor
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Prototype – é um protótipo da maqueta final, uma realização da solução final em “três dimensões”.
Características: Os contornos das letras são perfeitamente lisos e bem definidos, sem haver qualquer tipo de deformação, o filme de tinta é bastante fino, produz uma impressão uniforme, mesmo em papel texturado e nos mesmos suportes consegue imprimir com um maior número de linhas do que os outros processos.
Máquina de impressão offset a uma cor. A impressão offset é constituída por três cilindros: o cilindro da chapa, o cilindro da blanqueta e o cilindro de pressão.
Distribuição – Os cartazes políticos eram embalados em paletes de forma adequada para evitar quaisquer tipos de danos possíveis. Eram transportados em carrinhas para as sedes dos partidos e, posteriormente, os grupos partidários faziam a distribuição pertencente ao seu partido. Distribuíam os cartazes pelas ruas, afixando nas paredes ou em outros locais estratégicos, pois o ideal é que estes fossem vistos pelo maior número de pessoas possível.
Utilização – O cartaz tem uma utilidade passiva, pois esta não depende do objecto em si. Contudo, o cartaz tem a função de chamar a atenção e informar a sociedade. O uso deste é feito por parte do povo que o visiona e tira conclusões acerca da estética e funcionalidade do mesmo. A propaganda política pode influenciar a opinião pública e alterar comportamentos. Os cartazes servem como meio de divulgação dos ideais dos partidos políticos e informa o público da maneira mais directa possível.
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qualidade. As suas aplicações variam ao nível da publicidade, para além dos cartazes vão desde brochuras, folhetos, catálogos, revistas, jornais, material de estacionário e embalagens.
Neste sentido, deve-se melhorar a produção dos cartazes que no pós 25 de Abril de 1974 ainda não estava totalmente pensada. Deve-se, cada vez mais, ter em conta em conta os diferentes critérios de sustentabilidade e estes devem ser estudados e difundidos. Deste modo, são caracterizadas técnicas de melhoramento acerca dos materiais e de como são impressos os cartazes através de um pensamento maioritariamente ecológico.
O Papel O papel é o principal suporte da impressão gráfica e foi no século XX que o seu consumo teve um grande aumento nos países industrializados. Em 1998 o consumo de papel per capita em Portugal era de 96 Kg e a tendência que se verificava era de aumento, contrariando os que pensavam que a informatização faria reduzir os gastos com papel. Os computadores e as suas impressoras provocaram um aumento exponencial do consumo de papel, a cultura do homem do século XX não dispensa ainda este suporte de impressão. Conhecer os papéis existentes no mercado, as suas características e sua melhor aplicação é de extrema importância para qualquer produtor gráfico, pois é um elemento que afecta a qualidade do trabalho, o seu impacto ecológico e o orçamento de produção.
Preocupações Ecológicas As preocupações ecológicas em relação ao papel concentram-se, habitualmente, à volta do papel reciclado, numa escolha aparentemente simples e consciente. Contudo, existem também outras áreas de preocupação ambiental, até ao final da vida do objecto impresso: o consumo de energia, a poluição, o desperdício e o uso das terras para criar matéria-prima, assim como a eventual rejeição do produto impresso. O papel mundialmente fornecido é cerca de 90% derivado da pasta de madeira. Apesar de a madeira ser um recurso renovável, as florestas não são simplesmente geridas de uma forma sustentável. Em Portugal, o cultivo intensivo de eucaliptos contribuiu para 9 Os Cartazes Políticos em Portugal (1974-1976) Processo de produção
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Descarte – Os cartazes de 1974-1976 não eram reciclados. Os produtores não se preocupavam com o aterro do produto. Os cartazes ficavam nas paredes das ruas até se autodestruírem conforme as condições climáticas. Outros cartazes eram levados por curiosos ou apoiantes para colocarem como poster nas paredes das suas casas, servindo como objectos de decoração.
O papel pode ser feito a partir de muitas outras matérias-primas além da madeira. O principal ingrediente é a celulose e esta pode ser encontrada em qualquer planta. Podem usar-se: fibras de folhas: esparto, sisal, e marilla; fibras de sementes: algodão; fibras de ervas: palha, varas de milho, bambu e bagaço da cana do açúcar e outras fibras: dos estames de linho, cannabis e juta. O próprio papel torna-se matéria-prima quando é posteriormente reciclado. As fibras extraídas directamente da madeira são consideradas fibras virgens ou fibras de primeira, enquanto que as fibras provenientes de papel velho são chamadas fibras recicladas ou de segunda. O papel reciclado tem um processo de fabrico muito semelhante. Contudo, o papel precisa de ser lavado (ser-lhe retirada a tinta) de forma a obter um bom resultado. O desperdício de papel é misturado com grandes quantidades de água e são filtrados agrafos. A tinta é então retirada através de uma lavagem ou de detergentes que absorvem a tinta. Nesta fase é adicionada alguma polpa virgem. As fibras de papel não podem ser recicladas indefinidamente, vão perdendo comprimento e força. As fibras recicladas são por isso menos fortes do que as virgens, mas isto não constitui um problema na maioria dos casos. Na verdade as funções em que é exigida mais força ao papel é nas embalagens, e neste formato são maioritariamente usados papéis ou cartões reciclados. O uso de papel reciclado tem infinitas vantagens ambientais. Este significa uma redução do consumo de energia, já que o processo de fabrico consome muito menos do que o processo de fabrico de papel virgem. A quantidade de químicos utilizados na produção de papel reciclado é menor do que para o papel virgem. Usar papel reciclado reduz o abate de árvores e impede que o cultivo de uma monocultura se alastre para locais desapropriados. A maioria dos papéis reciclados é feita a partir de desperdícios de papel virgem, que têm a sua origem nas papeleiras. No entanto, uma quantidade cada vez maior inclui uma percentagem de desperdício pós-consumo: desperdícios de impressão ou os desperdícios habituais das casas ou escritórios.
Impressões em Papel Reciclado O papel e o cartão reciclados têm características e especificidades diferentes dos mesmos materiais virgens, estas têm que ser compreendidas e tidas em conta nos diferentes projectos. É possível chegar a obter um resultado muito próximo das cores saturadas em papel virgem. Mas se o papel reciclado de baixa qualidade oferece outras texturas e propriedades, estas devem ser equacionadas em cada projecto. Normalmente, o papel reciclado é mais absorvente, tem uma superfície mais irregular e absorve mais a tinta, levando a que os pontos de tinta se alarguem ligeiramente 10 Os Cartazes Políticos em Portugal (1974-1976) Processo de produção
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uma grande alteração da ecologia local, os pesticidas usados para cultivar as florestas (principalmente para papel) são muito poluentes e prejudiciais. Noutros casos, são deitadas abaixo florestas velhas, desalojando ecossistemas inteiros que demoram décadas a restabelecer-se. Ao nível mundial, há ainda o problema da desflorestação das áreas tropicais, que contribuem bastante para a manutenção do frágil equilíbrio terrestre.
Os designers têm uma função importante ao poderem alterar a percepção pública do que é uma impressão ou objecto impresso de qualidade. Hoje em dia, algumas empresas ainda se recusam a usar papel reciclado porque este não tem o resultado desejado do papel branco e brilhante. Estas preocupações podem ser resolvidas, pois um papel demasiado refinado para a função que ele exerce pode vir a ser mal visto. Contudo, considerando a hipótese de não ser possível usar papel reciclado, a alternativa é usar um papel virgem livre de cloro ou um papel feito de fibras que não provenham da madeira, como o de algodão.
Economizar o Papel Existem várias maneiras de tentar diminuir os custos do papel, tendo em conta algumas restrições, que podem ser mais ou menos relevantes para o produto final. Deve-se redimensionar o trabalho criando peças onde o formato dê o máximo de aproveitamento possível de papel. Por vezes tirar 1 cm ao trabalho pode significar o dobro do aproveitamento do papel e conseguir fazer mais exemplares em cada plano. Diminuir a gramagem sem pôr em causa a qualidade do trabalho final, quanto mais baixa for a gramagem mais barato é o papel. Deve-se escolher os papéis que a gráfica mais compra, pois a gráfica consegue melhores preços nos papéis que adquire em maior quantidade. É essencial concentrar o máximo de trabalhos para produzir no mesmo papel e na mesma gráfica, permitindo comprar mais papel duma só vez. Deve-se poupar nos excessos e não imprimir mais exemplares do que aqueles que são realmente necessários. Caso a produção seja muito reduzida deve-se optar pela impressão digital, pois tem menos desperdício de papel. Os papéis ecológicos disponíveis em Portugal, através da Firmo-Antalis, são considerados ecológicos por serem fabricados com pastas ECF (Elemental Chlorine-Free) ou TCF (Total Chlorine-Free), por terem um baixo conteúdo de madeira, por serem reciclados ou provenientes de florestas sustentáveis. Destacam-se alguns dos papéis que reúnem o maior número de benefícios ambientais: IMPRESSÃO DIGITAL
OFFSET E EDIÇÃO
CORES
Alterego - pastas ECF ColorCopy - pastas ECF
RenovaPrinte - 100% reciclado Edixion - pastas ECF Printspeed - pastas ECF e pastas TCF Mellotex - pastas ECF
Cromatic - 100% reciclado pós-consumo, certificado Blue Angel Rotoform - pastas ECF Coloraction - pastas ECF
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e em geral as cores percam brilho. O processo de impressão deve ser extremamente cuidadoso, de forma a minimizar os riscos deste tipo de impressão. O designer e o impressor devem trabalhar em conjunto e resolver todos estes detalhes.
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As Tintas Para qualquer processo de impressão são necessárias tintas diferentes. Todas as tintas são compostas por pigmentos, resina, solventes ou outros aditivos, de modo a accionar a secagem ou garantir as propriedades necessárias da tinta.
Nas tipografias, as tintas têm normalmente uma viscosidade comedida mas superior à das tintas de offset, para que se possam manter na superfície do relevo da chapa, de modo a não escorrerem para a zona onde não existem imagens. Apesar de ser pastosa, a tinta é trabalhada por uma série de rolos que a transformam num fino e uniforme fio de tinta, antes de passar para o papel. A concentração de pigmentos é menor do que na tinta offset. A maior parte das tintas para impressão plana, tal como na tipografia, consistem em pigmentos que secam à base de óleo, secando por oxidação. Podem também conter resinas especiais e outros componentes que fornecem características como o brilho e a resistência. Os cartazes políticos após o 25 de Abril de 1974 eram impressos em máquinas offset. As tintas de offset são desenvolvidas para imprimir superfícies planas onde a água e a tinta não se misturam. São muito fortes nos valores da cor para compensar a pouca quantidade aplicada. A média de tinta transmitida para o papel é de cerca de metade que aquela que é usada em tipografia.
Redução do Impacto das Técnicas de Impressão Existem várias abordagens possíveis de modo a reduzir o impacto das técnicas de impressão, tais como o uso: de tintas à base vegetal (óleo de soja ou de linhaça); tintas à base de água; tintas sem água que anulam a necessidade de ter que se utilizar algumas soluções alcoólicas; tintas e vernizes que solidificam em vez de secar, eliminando a libertação de VOCs (compostos orgânicos voláteis) na atmosfera; tintas de cura por radiação, entre outras. As tintas que usam metais pesados como o chumbo ou o cádmio são as mais prejudiciais e devem ser retiradas do mercado. A alternativa eco-consciente é pelas tintas de água ou vegetais. O produtor gráfico deve exigi-las sempre que possível. Deve, também, pedir informações acerca dos procedimentos das gráficas em relação a questões ambientais e estas devem ser tidas como mais um factor que decide qual a gráfica a preferir.
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Referências Bibliográficas Camilo, Eduardo J.M. – O Cartaz Partidário em Portugal (1974-1975), Covilhã: Universidade da Beira Interior, Col. Ubianas, 2004 Moles, Abraham - O Cartaz, São Paulo: Editora Perspectiva, 2005 Timmers, Margaret – The Power of the poster, V&A Publications, London 2003
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