Protetores de roxie 07 a rdenção de miles (1)

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A Redenção de Miles Marisa Chenery

Livro Sete da Série Protetores de Roxie 2


Tradução: Janneth Mendes Revisão: Maria Rita Marinho, Mônica M. Leitura Final: Josi T. 3


Miles sabia que usar o serviço de namoro online de Dirk não seria a melhor maneira de encontrar sua companheira e isso ficou comprovado quando sua acompanhante o deixa plantado. Mas sua má sorte se transforma em boa, quando sua suposta companheira caminha através das portas do restaurante. Kareena estava na seca, sem nenhum relacionamento, desde que seu noivo por sete anos a deixou, no ano anterior. Gostaria que o homem gostoso sentado na mesa em frente à sua fosse aquele que acabaria com isso, mas não tem coragem suficiente para se aproximar e falar com ele. Mas, depois de conhecer Miles, sua vida acaba indo em uma direção que ela nunca pensou ser possível. E ela logo descobre que é a única que pode garantir a redenção de Miles.

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Capítulo Um

Desligando o motor do seu Audi preto, Miles soltou um sonoro suspiro. Olhou para o prédio em frente. Não tinha ideia do porquê permitiu que Jaden o convencesse a isso. Não daria certo, não importava o quão preciso Dirk achava que seu serviço de namoro online era. Não havia maneira, nem no inferno, que Miles ia encontrar sua companheira desta forma. Saiu do carro e, em seguida, apertou o botão do controle remoto do seu chaveiro para travá-lo. Para fazer Jaden feliz, e para fazê-la parar de encher o seu saco, Miles finalmente cedeu e aceitou um encontro com a mulher mortal que, supostamente, era sua combinação mais próxima. Pela foto no site de serviço de namoro, essa Gail parecia atraente o suficiente, mas realmente tinha suas dúvidas que acabaria sendo sua companheira. Por um lado, ela era mortal. Sua vida era muito mais curta que a dele. Tinha quase mil anos de idade e era garantido que vivesse mais dois mil aniversários. E Miles sabia que, junto com o resto da população lobisomem, não havia nenhuma maneira de transformar um mortal em um de sua espécie. Preferia que sua companheira fosse uma lobisomem, assim não teria que sofrer ao perdê-la tão cedo. Miles se dirigiu para a entrada do bar-restaurante que tinha escolhido para se encontrarem. Ele bufou. Nunca pensou que teria um “encontro” com ninguém, de novo. Desde sua relação com a mãe de Jaden - que não era sua companheira - tinha terminado, só 5


procurava mulheres que ficavam felizes com uma pulada rápida em sua cama e, em seguida, seguiam em frente. Não queria mais nada até Jaden trazer à tona o assunto dele encontrar sua companheira. Lá no fundo, queria o que sua filha tinha com seu companheiro, Leif. Entrou no restaurante e foi até a recepcionista, que sorriu quando se aproximou. "Tenho uma reserva para dois", disse Miles, e, em seguida, lhe deu seu nome. Ela o levou para uma mesa no centro da sala e colocou dois menus sobre ela, antes de sair. Enquanto Miles pegava um e o puxava para frente, esperava que seu encontro não fosse deixá-lo esperando por muito tempo. Um rápido olhar para o relógio lhe dizia que estava alguns minutos adiantado. Um garçom apareceu e perguntou se Miles gostaria de pedir uma bebida. Miles decidiu que podia precisar de uma e pediu uma cerveja. Um minuto depois, o garçom voltou com a bebida, antes de deixar Miles sozinho, mais uma vez. Mais pessoas entraram no restaurante, mas nenhuma delas era sua acompanhante. Tendo uma excelente vista da entrada, de onde estava sentado, Miles olhava naquela direção cada vez que a porta se abria. E, a cada vez, não via a mortal que deveria se encontrar com ele. Quinze minutos se passaram e depois meia hora. Miles já estava em sua segunda cerveja, quando chegou à conclusão de que era mais do que provável que tomara um bolo. Só para ter certeza, pegou seu celular e verificou a conta de e-mail que tinha criado apenas para se comunicar com seus supostos "encontros". Como 6


era de se esperar, havia um e-mail de Gail enviado quarenta e cinco minutos antes, dizendo que teve que cancelar e perguntando se podiam marcar um encontro outra hora. Miles a riscou da sua lista mentalmente, não que houvesse qualquer outra, além de Gail. Isso também lhe deu outra razão pela qual o serviço de namoro online não era para ele. Não gostava de ficar plantado esperando por uma mulher que nem sequer conhecia e só tinha se comunicado através da Internet. Com um suspiro cheio de desgosto, Miles ergueu a garrafa de cerveja aos lábios e tomou um gole. Terminaria esta, depois iria para casa. Não havia mais motivo para ficar. Talvez, até mesmo, pedisse algo do restaurante para levar. Apenas olhou para o menu na frente dele para ver o que gostaria, quando um novo perfume o acertou como um trem em alta velocidade. Sua cabeça se levantou, e seu olhar focou na entrada. Seu domínio sobre a garrafa que segurava aumentou, enquanto seu pênis ficou instantaneamente duro como uma rocha, seu impulso de acasalamento batendo fortemente nele. Miles teve que segurar um rosnado que ameaçou perfurar através dele, quando viu o grupo de quatro mulheres que tinha acabado de entrar no restaurante. Uma delas era sua suposta companheira. Separou o cheiro dela de todas as outras no grande espaço aberto, e inalou-o em profundidade, memorizando-o. Conforme a recepcionista levava o pequeno grupo mais para dentro da sala, Miles manteve seu olhar colado nelas. Chegaram mais perto da sua mesa. Foi então que foi capaz de se concentrar em qual mulher era para ser sua. Concentrou-se unicamente sobre ela. 7


A vontade de ir até ela e arrastá-la para seus braços era difícil de controlar. Em vez disso, se concentrou em observar tudo sobre ela. Um comprido cabelo castanho claro até o ombro brilhava sob a iluminação acima. Miles imaginou que ela tinha cerca de um metro e setenta, alta para uma mulher mortal. Seus olhos castanhos escuros brilhavam enquanto ela ria de algo que uma das outras fêmeas disse. Correu seu olhar por ela, encontrando um belo rosto, um corpo magro cheio de curvas e longas pernas tonificadas, enfiadas em um jeans preto, confortável. O pau de Miles pulsou quando puxou outra lufada do seu perfume, quando ela passou por sua mesa. Continuou a segui-la com o olhar, a satisfação de ver o grupo serpenteando em torno das mesas e acabando por sentar em uma mesa em frente de onde estava sentado. Tinha uma visão excelente da sua suposta companheira quando ela deslizou para o assento da cadeira. Esvaziou o último gole da sua cerveja e, em seguida, colocou a garrafa sobre a mesa. Um pouco mais tarde, seu garçom aproximou-se dele. Desta vez, Miles pediu algo do menu, não para levar, e outra cerveja. Ficaria exatamente onde estava até que a mulher que seria para ele, mostrasse sinais de sair do restaurante. Atraído pela mulher que estava destinada a ser sua companheira, o impulso de acasalamento dificultava que se concentrasse em qualquer coisa, exceto ela, e não iria para casa até que tivesse tomado medidas para colocá-los no caminho de se tornarem companheiros.

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"Um brinde à aniversariante", Kareena disse, quando levantou a taça de vinho para sua amiga, Alice. "E para Lacy, que finalmente acordou, percebendo o quão idiota seu namorado era, e chutou a bunda dele." Kareena, Alice, Lacy, e sua outra amiga, Natalie, tomaram goles das suas bebidas. "Eu acho que isso é algo para comemorar, além do fato de eu estar ficando um ano mais velha", disse Alice. Olhou para Lacy. "Kareena está certa, no entanto. Evan era um idiota, e você pode conseguir alguém muito melhor." Lacy suspirou. "Eu sei, eu sei. Tudo o que posso dizer é que o sexo era muito, muito bom e eu, estupidamente, fechei os olhos para os pontos ruins de Evan por causa disso." "Pelo menos você teve bom senso, antes que desperdiçasse anos com ele", disse Natalie. "Ele era o tipo de cara que iria te manter por perto até que encontrasse algo melhor." Kareena assentiu. "Sim, considere-se sortuda. Por experiência própria, não é divertido ter que passar por isso." Até o ano passado, Kareena tinha estado noiva por sete malditos longos anos. Seu ex tinha pedido para se casar com ele quando ela tinha vinte e quatro. Estavam juntos por um ano, naquele ponto. Ela estava tão feliz que concordou quando Victor sugeriu um longo noivado. Kareena tinha percebido que isso lhe daria tempo de sobra 9


para planejar o casamento dos seus sonhos. Nunca esperou que fosse tão longo. Depois de um tempo, se perguntou se Victor realmente queria casar. Ia colocar alguma pressão sobre ele para decidirem uma data. Isso havia explodido em seu rosto, quando de repente, decidiu que não queria estar com ela. Agora, aos trinta e dois anos, Kareena percebeu que Victor tinha tomado alguns dos melhores anos de sua vida. Os quais ela nunca teria de volta. Lacy, que estava sentada ao lado de Kareena, acariciou a mão de Kareena. "Seu ex era um idiota, também. E não tem ideia do que desistiu, mas a perda é dele." "Obrigado, Lacy", disse Kareena. "Agora, sem mais pensamentos negativos. Vamos aproveitar nossa festa." Com a comida e a segunda rodada de bebidas servidas, Kareena relaxou e começou a se divertir. Ela e suas amigas não ficavam juntas assim tão frequentemente, como costumavam. Com todas ocupadas com seus trabalhos, era difícil encontrar um tempo quando todas podiam se reunir, sem a agenda de uma delas entrar em conflito. Sendo enfermeira de uma sala de emergência, a de Kareena era a mais difícil de contornar. Em sua quarta taça de vinho e se sentindo um pouco bêbada, Kareena percebeu que mais uma bebida seria seu limite. Pegaria um táxi para casa, por isso não se preocupou, pois não ia dirigir. Após uma semana de turnos de doze horas no hospital, precisava deixar seu cabelo solto e se descontrair. Natalie, que estava sentada no banco em frente e do lado de fora, como Kareena, limpou a garganta. "Ah, Kareena, acho que você

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pegou a atenção do gostosão sentado sozinho à algumas mesas daqui." "O quê?" Perguntou, enquanto já estava virando a cabeça para olhar. Natalie a impediu, antes que ela pudesse ter um vislumbre. "Não olhe", disse a amiga. "Pelo menos não seja flagrada fazendo isso. Não o deixe perceber que você está olhando. Faça-o se esforçar por isso." Kareena revirou os olhos. Natalie era o tipo de mulher que gostava de fazer um homem praticamente saltar obstáculos antes que concordasse em sair com ele. Kareena não era assim, mas para fazer sua amiga feliz, fez uma varredura lenta da sala, seu olhar persistindo por alguns segundos a mais na mesa que Natalie tinha indicado, antes de terminar com o resto. Encontrou o olhar da sua amiga. "Puta merda. Você não estava brincando

quando

o

chamou

de

gostosão.

Ele

é,

enlouquecedoramente, lindo." Natalie sorriu. "Eu te falei. E está olhando para você desde que nos sentamos." Suas outras amigas fizeram sons de apreciação também, quando olharam para o homem. Não era difícil de reparar nele, com o cabelo loiro tão claro que parecia quase branco, e seu rosto de capa de revista. E, pelo que Kareena tinha visto da parte superior do corpo, o cara era muito musculoso, ombros e peito largos preenchendo a camisa de abotoar azul escura que usava com perfeição.

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"Quem sabe se ele está olhando para mim?" Perguntou Kareena. "Ele pode estar observando qualquer uma de vocês, também." Alice balançou a cabeça. "Não, seu olhar está direto sobre você." Ela gemeu. "Oh Deus, ele apenas sorriu, o que o torna ainda mais bonito." Kareena teve que olhar novamente, para ver se Alice estava certa ou não sobre ele estar apenas focado nela. Virou a cabeça em sua direção, em seguida, teve que engolir de volta um gemido. Realmente parecia olhar apenas para ela. Seus olhares se encontraram, e seu corpo respondeu com excitação. Sua vagina se apertou, e os mamilos ficaram túrgidos quando pensou ter visto fome brilhando em seus olhos, mesmo com a distância entre eles. Seu sangue aqueceu, e ela sentiu seu rosto ficar quente. Teve dificuldade de afastar o olhar dele. "Acho que você deveria ir falar com ele", afirmou Lacy. Kareena olhou para a amiga como se ela tivesse perdido a cabeça. Kareena estava bêbada, mas não tão bêbada. "Não", ela disse com firmeza. "Teria que ter bebido muito mais, para sequer pensar nisso." Natalie empurrou sua bebida para Kareena. "Aqui, pegue a minha. Tome-a, então vá até sua mesa." "Vá em frente", Alice acrescentou. "Você não pode deixá-lo ir embora", disse Lacy, fazendo assim com que todas as suas amigas a tivessem encurralado. Não podia acreditar que estava pensando em fazer isso. Kareena pegou a bebida que Natalie lhe tinha dado e a bebeu em poucos 12


goles. Então, fez uma careta com o sabor. A bebida da sua amiga era vodca misturada com suco de cranberry. Kareena odiava cranberry, mas a vodca ia fazer mais efeito do que o vinho. "Tudo bem, aqui vou eu", disse ela, enquanto deslizava para fora da cadeira e se levantava. Kareena descobriu que não estava muito firme em seus pés enquanto, lentamente, ia em direção ao galã. Estava grata por não estar usando sapatos de salto alto. Já teria terminado de bunda no chão, se estivesse. E isso não causaria uma grande primeira impressão? Seu coração batia mais rápido enquanto se aproximava da sua mesa. Você pode fazer isso, disse a si mesma como uma conversa estimulante. Mas, quando o seu olhar se agarrou ao dela e não vacilou, Kareena perdeu a coragem. Rapidamente, mudou de direção e caminhou o mais rápido que pôde, em seu estado de embriaguez, para o banheiro das mulheres. Uma vez que estava fechada lá dentro gemeu enquanto, silenciosamente, se chamava por todos os tipos de nomes infames. Enquanto estava lá, usou o banheiro. Kareena tinha certeza de que suas amigas estavam todas balançando a cabeça para ela. Não foi sempre assim. Antes do seu ex, tinha sido mais extrovertida com o sexo oposto. Mas desde o seu rompimento, descobriu que não podia voltar à sua antiga forma. Mesmo que já tivesse passado um ano, Kareena não havia saído em um único encontro. Com o seu horário de trabalho ocupado, e tentando superar o fato de ter sido abandonada por seu noivo, não fez questão de voltar para o mundo

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dos encontros. E, tendo mais de trinta anos, não achava que seria uma tarefa fácil, de qualquer maneira. Lavou as mãos e tomou algumas respirações profundas, calmantes. Marchou de volta para fora e andou em linha reta até a mesa do cara. Ela se apresentaria e, em seguida, pediria para que a levasse de volta para sua casa e estragar seus miolos. Não. Kareena não diria isso. Talvez ele estivesse mais interessado em esgueirá-la no banheiro masculino e levá-la contra a porta do box do banheiro. Balançou a cabeça, o que só fez a sala girar um pouco. De onde diabos essa ideia tinha vindo? Banheiro dos homens? Ah, selvagem. Devia estar mais bêbada do que pensava. Ou excitada o suficiente para trepar com o gostosão em qualquer lugar. Tinha passado um ano, desde que ela tinha feito o mambo na horizontal, além de tudo. Kareena saiu do banheiro e se dirigiu, mais uma vez, na direção da mesa onde, graças a Deus, o gostosão ainda estava. Seu olhar se agarrou ao dela, e sentiu como se ele tocasse fisicamente seus seios quando seus olhos correram por lá. Se esqueceu de respirar enquanto sua boceta ficou molhada, uma dor profunda crescendo dentro dela. Em sua desatenção, tropeçou em uma cadeira, que fez um chiado, com as pernas arrastando pelo chão de madeira. Envergonhada por sua falta de jeito, Kareena perdeu a coragem novamente, e foi direto para a mesa onde suas amigas estavam. Não pôde nem olhar para o gostoso, para ver qual foi a reação dele. Deslizando para o banco, ficou grata ao ver um copo cheio de vinho sobre a mesa, em frente ao seu lugar. Kareena o pegou e deu um 14


grande gole. Olhou para suas amigas e as encontrou dando-lhe olhares decepcionados. Kareena encolheu os ombros. "Tudo bem, sou uma covarde e não consegui fazê-lo." "Você precisa sair da crise em que está", disse Alice. "Eu vou. Só que não vai ser com ele, a menos que venha falar comigo." "E se ele não o fizer?" "Então não era para ser." Ainda havia desaprovação no rosto das suas amigas, mas não disseram mais nada. Kareena terminou seu vinho, sabendo muito bem que tinha chegado ao seu limite e, provavelmente, iria se arrepender amanhã. Agora, só se sentia bem demais para se importar. Uma vez que pagaram a conta, todas as quatro escorregaram dos assentos, em seguida, dirigiram-se para a entrada do restaurante. Kareena definitivamente não estava muito firme em seus pés, mas conseguiu se manter em linha reta. Isso não ficou assim quando chegou à porta. Deu um passo para trás, para Lacy poder abri-la, e Kareena sentiu seu senso de equilíbrio sair de sintonia. Teria caído, mas um par de braços fortes segurou em volta da sua cintura por detrás e puxou-a contra um corpo masculino duro. Virou a cabeça para ver quem a segurava e viu que era o homem gostoso. Sua boca de repente ficou seca, especialmente quando sentiu o cume inconfundível da sua ereção,

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pressionando abaixo das suas costas. Excitação a atravessou, fazendo com que sentisse os joelhos ainda mais fracos. Ele sorriu. "Eu te peguei." "Oi", ela disse, uma única palavra, que saiu um pouco arrastada. "Deixe-me ajudá-la, lá fora." Kareena não disse uma palavra quando ele se moveu para o seu lado e colocou-a debaixo do seu braço. Ele era alto - pelo menos um metro e noventa. Gostava de homens altos, já que não era pequena. O calor do seu corpo parecia envolvê-la enquanto ela colocava o braço em volta da cintura dele para se ancorar. O aroma do seu perfume atingiu seu nariz, e ela puxou uma lufada dele, gostando do cheiro. Lá fora, suas amigas lhe deram sorrisos incentivadores e se despediram, deixando Kareena sozinha com o gato. Tinha certeza que iria receber telefonemas de todas elas, amanhã. Olhou para o gostoso e o encontrou olhando atentamente para ela. Com sua vagina se apertando com a necessidade, Kareena disse a primeira coisa que veio à sua mente. "Eu sou Kareena. Porque você não me leva para sua casa?" É claro que todas as suas palavras pareceram arrastadas juntas, mas o sorriso que ele lhe deu, dizia que não parecia se importar. "Eu sou Miles," disse ele em sua voz profunda. "Tem certeza de que está em condições para isso?" "Admito que estou um pouco bêbada, mas me sinto bem." "Que tal eu te levar para a sua casa, em vez disso?" 16


"Ok. Você pode passar a noite comigo." Ele riu e caminhou com ela até o estacionamento em direção ao sofisticado Audi preto. Com o toque de um botão, destrancou o carro. Uma vez que a porta do passageiro estava aberta, ajudou-a a ir até o banco de couro e esperou até que ela afivelasse o cinto de segurança, antes de fechar a porta. Em questão de segundos, estava atrás do volante e ligando o motor. Kareena sentou mais fundo no assento enquanto Miles dava ré, e depois dirigia para fora do estacionamento. Seus olhos ficaram pesados quando ele se fundiu com o tráfego. Incapaz de mantê-los abertos por mais tempo, caiu em um sono profundo.

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Capítulo Dois

Miles olhou para Kareena e abriu a boca para pedir o endereço dela, mas fechou-a quando viu que ela estava dormindo. Ele a cutucou um par de vezes, sem obter qualquer resposta. Era como se a sua suposta companheira tivesse desmaiado, o que realmente não o surpreendia. Ela estava mais do que um pouco bêbada. Se fosse um lobisomem, a quantidade de álcool que tinha consumido não teria qualquer efeito sobre ela. Sua espécie tinha que beber uma enorme quantidade de bebida para se embebedar. O suficiente para dar a um mortal, provavelmente, um coma alcoólico. Cutucou Kareena novamente, mas ela não acordou. Tudo que fez foi soltar um suave ronco. Bem, o jeito era levá-la para sua casa. Ela não lhe dera o seu endereço antes de cair no sono. E uma vez que não conseguia despertá-la, o deixava com apenas uma opção teria que levá-la para seu apartamento. Esperava que Kareena não acordasse de manhã e ficasse muito chateada com isso. Mas não era como se ele a tivesse jogado na rua, em algum lugar. Ela era sua companheira, e era sua para proteger e cuidar. Estar dentro do espaço pequeno e fechado do carro com Kareena fez seu aroma ficar mais forte e a libido de Miles ficou descontrolada, e seu impulso de acasalamento o montou com mais força. A necessidade de reivindicá-la como sua bateu nele, mas não ia fazer isso. Por um lado, não estava em condições para fazer 18


amor com ele. E por outro lado, ela era mortal e não tinha ideia de que ele era um lobisomem. Teria que dizer a verdade sobre ele antes de deixar as coisas irem longe demais. Esconder isso não lhe ajudaria em nada. Aprendeu isso com a mãe de Jaden. Ela não tinha recebido a notícia muito bem. Mas esse não foi o motivo pelo qual ela o deixou quando tinha engravidado de Jaden, sem contar a ele sobre isso. Tinha sido sua incapacidade de desistir da busca em encontrar o predito, que reinaria sobre todos os grupos de lobisomens. Por muitos anos, procurou por este lobisomem especial, querendo usar a ele ou ela como uma figura, assim Miles poderia governar. Isso estava no passado agora, no entanto. Jaden, sua própria filha, tinha acabado por ser a predita. Não havia nenhuma maneira pela qual faria qualquer coisa para machucá-la. Ela era o amor de sua vida, assim como seu neto. Miles olhou para Kareena quando chegou ao seu apartamento. E agora, tinha a sua companheira para adicionar à lista de pessoas pelas quais faria qualquer coisa para ver feliz. Sua irmã, Saskia, que também era a líder dos Protetores que vigiavam a predita, foi direto para sua lista também. Não tinha estado durante anos, mas com a nova página que tinha virado, estava trabalhando na reconstrução da ligação que, uma vez, teve com ela. Estacionou na garagem subterrânea. Miles pegou Kareena em seus braços no assento do passageiro, antes que se dirigisse para o elevador. Assim que chegou, entrou e apertou o botão para a cobertura. Na viagem, ela se aconchegou mais em seus braços. Sentia-se bem. Ansiava por ter os lábios carnudos em um beijo

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ardente, mas ele a queria acordada e consciente quando fizesse isso. No piso superior, as portas do elevador se abriram silenciosamente. Miles caminhou a curta distância pelo corredor até a porta. Facilmente, segurando Kareena com um braço, ele a abriu e empurrou. Depois de pisar no interior da cobertura, chutou a porta com o pé. Não se preocupou em ligar as luzes, uma vez que podia ver no escuro como se fosse dia. Dentro do quarto, Miles puxou as cobertas sobre a cama e colocou Kareena nela. Tirou seus sapatos e a cobriu, deixando-a completamente vestida. Despi-la não era uma opção. Só iria perturbá-la quando acordasse e se encontrasse só de calcinha e sutiã. Havia, também, o fato de que só iria fazer o seu impulso de acasalamento piorar, vê-la quase nua. Era apenas um homem e podia aguentar somente um tanto, antes de perder a tênue posição que tinha sobre seu controle. Enquanto se endireitava, Miles sentiu o celular vibrar no bolso da calça jeans. O colocara no modo vibrar antes de entrar no restaurante. Decidindo atendê-lo fora do quarto, para que não perturbasse Kareena, rapidamente saiu e fechou a porta atrás dele, enquanto atendia a ligação. Sorriu quando viu que era sua filha chamando. "Olá, Jaden." "Olá, pai. Então, como foi o seu encontro? Ela é a sua companheira? Desencadeou seu impulso de acasalamento?" Miles deu uma risadinha. "Uma pergunta de cada vez. Em resposta à primeira, o encontro não aconteceu." 20


"O que você quer dizer?" "Quero dizer, que ela me deixou plantado. Me mandou um e-mail pouco antes de ir ao meu encontro, dizendo que não poderia ir. Ela queria marcar outro encontro, mas não vou fazer isso." "Tudo bem. Nós vamos ter que tentar as outras combinações que apareceram no serviço de namoro do Dirk." "Não, isso não será necessário." "Pai, você não pode desistir tão cedo só porque o seu primeiro encontro não saiu como planejado. Sua companheira está lá fora esperando por você, para encontrá-la." Miles sorriu, apesar de que Jaden não podia vê-lo. "Eu já a encontrei." Houve um breve momento de silêncio, e então Jaden perguntou "O que você disse?" "Eu disse que já encontrei minha companheira. Ela chegou ao restaurante onde eu estava para conhecer minha acompanhante." Teve que puxar o telefone para longe da orelha quando Jaden soltou um grito, soando animada. Miles ouviu ao fundo Leif reclamando sobre Jaden estourar seus tímpanos, com seu grito. Sua filha ignorou seu companheiro. "Estou tão feliz por você, pai. Eu sabia que a encontraria. Então, como ela é? Quando você vai vê-la novamente? E o mais importante, quando vou conhecê-la?" Perguntou animadamente. "Acalme-se, Jaden. Você está quase uma semana da data prevista. Quer ter o seu bebê agora?" 21


"Eu estou bem. Você é tão ruim quanto Leif. Ele acha que tudo e qualquer coisa vai começar meu trabalho de parto. O bebê virá quando estiver pronto. Agora, me diga quando você vai ver sua companheira novamente." "Na verdade, Kareena está aqui na minha casa." "Então o que você está fazendo falando comigo no telefone?" Miles deu uma risadinha. "Bem, ela bebeu um pouco demais no restaurante. Estava lá com três de suas amigas, comemorando o aniversário de uma delas e de uma outra, a separação do seu namorado. Pelo que ouvi, ele era um idiota. Eu ofereci a Kareena uma carona para casa, e ela desmaiou no meu carro antes que pudesse conseguir seu endereço. Ela está dormindo na minha cama, agora." "Então, suponho que você não a reivindicou, no entanto, o que é bom." "Não, eu não o fiz. E por que é bom? Achei que você queria que eu acasalasse." "Não quis dizer dessa forma. É que, como a predita, tenho uma regra que gosto que os lobisomens machos sigam, quando descobrem que suas companheiras são mortais. Não a reivindicar até que ela saiba exatamente o que você é, para que possa dar-lhe uma escolha." "Tudo bem", disse ele lentamente. "Isso é algo novo para mim, mas tinha planejado contar a Kareena em primeiro lugar, de qualquer maneira."

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"Ótimo. Vou deixar você ir agora. Não posso esperar para conhecer sua companheira." Depois de dizer adeus, Miles terminou a chamada e colocou o celular de volta no bolso. Atraído por Kareena, voltou para o quarto. Ela ainda estava dormindo. Aproximou-se da cama e olhou para ela. Traçou suas feições com o olhar, memorizando cada uma. Ela realmente era bonita, não uma supermodelo linda, como as fêmeas da sua espécie eram, mas não era menos linda para ele. Imaginando que seria uma longa noite, Miles trouxe uma das poltronas da sala de estar para o quarto, colocando-a mais perto da cama, do lado de onde Kareena dormia. Não queria nada além do que ficar sob as cobertas ao lado dela e abraçá-la enquanto ela dormia, mas isso só iria forçar sua sorte. Agora que seu impulso de acasalamento o tinha acertado em alta velocidade, era a garantia de ter sonhos eróticos com Kareena, e continuaria a tê-los todas as noites, até que a reivindicasse como sua. Para completar, estava em um estado semiereto - outra coisa com a qual teria que lidar até que fizesse Kareena sua – fazendo com que andasse muito perto do seu limite. Era melhor ficar desconfortável na cadeira, do que mais próximo da tentação. Miles

se

sentou

na

espessa

almofada

da

cadeira

e,

preguiçosamente, se ajeitou em uma posição um pouco mais confortável. Continuou a vigiar Kareena por algumas horas antes que tentasse adormecer. Pelo menos com ela aqui na sua cama, seria a última coisa que veria quando adormecesse, e a primeira coisa que veria de manhã.

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Algo tinha feito Kareena, lentamente, despertar do sono profundo que tinha estado. Pairando entre o sono e o despertar, rolou de lado e tentou afundar ainda mais no abraço caloroso do sono. Não queria se levantar, ainda. Queria ficar onde estava. Novamente, algo a trouxe de volta à vigília. Desta vez, abriu os olhos e, logo em seguida, se arrependeu, enquanto fechava-os mais uma vez. Havia pouca luz dentro do quarto, mas o suficiente para fazer a dor de cabeça que tinha, pulsar mais dolorosamente em suas têmporas. Era como se alguém houvesse colocado uma britadeira em sua cabeça. Virou de costas e engoliu. Parecia que algo tinha se arrastado no interior da sua boca, e morrido. Também estava seca. Então, se lembrou do encontro com suas amigas. Tinha bebido demais, especialmente depois de trabalhar longos turnos noturnos. Kareena, geralmente, era mais sábia e parava antes que ficasse bêbada. Agora, pagava o preço pelo excesso. Um barulho que parecia inequivocamente como um gemido de macho - não de dor, mas de prazer - fez Kareena abrir as pálpebras mais uma vez. A primeira coisa que a acertou foi que não reconhecia o quarto. Virou a cabeça, e seu olhar caiu sobre o grande homem que estava sentado em uma poltrona, dormindo. A posição em que ele estava ia lhe dar um pescoço dolorido. Também se lembrou dele na noite anterior, no restaurante. Seu nome era Miles. 24


Mesmo que o movimento repentino a fizesse sentir como se sua cabeça estivesse prestes a cair, Kareena se ergueu na posição vertical. Olhou para si mesma e deu um suspiro de alívio quando viu que ainda usava as roupas da noite passada. A última coisa que recordava era Miles colocando-a em seu carro para que pudesse levá-la para casa. Então se encolheu, quando a memória dela dizendo que poderia passar a noite com ela na sua casa, veio à tona. Todo aquele álcool a deixara atrevida. Basicamente, abordou Miles. Graças a Deus, foi cavalheiro o suficiente para não tirar proveito de uma mulher descaradamente bêbada que se jogou para ele. Miles gemeu novamente, e o som pareceu ir direto para a boceta de Kareena, tornando-a ansiosa para ser preenchida. O barulho masculino era definitivamente de prazer. Ele ainda dormia, então devia estar tendo um inferno de um sonho erótico. Mesmo que dissesse a si mesma para não olhar, ela o fez. Ele tinha uma ereção que causava uma grande protuberância na parte da frente da calça jeans. Ela sabia que os homens tinham cinco ereções, em média, durante a noite, enquanto dormiam. Essa, obviamente, era uma delas, para Miles. Lambeu os lábios, enquanto tentava adivinhar o quão grande ele era pelo tamanho da protuberância. Sim, ele parecia ser tão grande lá, como no resto do corpo. Uma dor profunda dentro da sua vagina pulsava, conforme a umidade se agrupava. Deus, a ideia de pular no colo de Miles e tomar o que ela queria era um devaneio sexual que desejou poder realizar. Só de vê-lo dormindo na cadeira a deixava com tesão.

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Ele gemeu, e suas narinas inflaram um pouco quando respirou fundo. Kareena reprimiu um suspiro quando os olhos de Miles se abriram, e por uma fração de segundo, pareceram brilhar, moderamente. Aconteceu tão rápido que não tinha certeza de que viu o que tinha visto. Logo, não teve mais tempo para pensar sobre isso quando Miles se endireitou e se inclinou em sua direção. Ele puxou um outro grande fôlego, como se a cheirasse. "Ah, oi", disse ela. Imaginando que seu hálito tinha que cheirar tão mal quanto o gosto da sua boca, tentou não falar muito. "Oi", Miles disse, com um sorriso lindo de morrer. "Dormiu bem?" Ela assentiu com a cabeça. "Muito. Esta é a sua casa?" "Sim. Você meio que adormeceu no carro, antes que eu pudesse perguntar onde morava. Não tive escolha senão trazê-la para cá. Não se preocupe, nada aconteceu. Você só dormiu." "Obrigada", ela disse timidamente. "Normalmente não bebo assim. Os turnos da noite até tarde, no trabalho, fazem que eu seja apenas um desastre esperando para acontecer." "O que você faz?" "Sou uma enfermeira da Sala de Emergência do Hospital Geral de San Francisco." "Esse deve ser um trabalho gratificante." "Pode ser." Certo, naquele momento, Kareena precisava esvaziar a bexiga antes de estourar. "Eu preciso usar o banheiro..."

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"O banheiro fica naquela porta." Miles apontou para a porta aberta em frente à cama. "E tem algumas escovas extras no armário de remédios." Kareena assentiu quando escorregou para fora da cama e se dirigiu para o banheiro. Realmente, devia estar com um maldito mau hálito se Miles lhe disse onde encontrar uma escova de dente. Sentindo seu rosto quente com a vergonha, fechou a porta atrás dela. Usou o banheiro e, em seguida, lavou as mãos. Um olhar no armário de remédios mostrou duas novíssimas escovas de dente ainda na embalagem e um tubo de pasta de dente. Pegou uma das escovas e a pasta, e o frasco de Ibuprofeno que viu lá dentro também. Engoliu uma das pílulas antes de escovar os dentes. Enquanto fazia isso, Kareena espirrou um pouco de água no rosto. Ela o secou com uma das toalhas de mão e olhou para o seu reflexo no espelho. Não parecia muito ruim para quem estava de ressaca. Era uma pena que não tivesse nenhuma maquiagem com ela. Kareena nunca usava nenhuma, mas com o gostoso do Miles lá fora no outro quarto e ela não estando no seu melhor, teria gostado de se livrar desses círculos escuros sob os olhos. Não havia muito que pudesse fazer sobre eles, apesar de tudo. Descartando quão agitada ela parecia, saiu para o quarto. Miles ainda estava sentado na poltrona perto da cama. A visão dele quase a deixou sem fôlego, especialmente quando passou a olhar o seu corpo como se quisesse comê-la. Teve um pensamento perverso da cabeça loira entre suas pernas, fazendo-a gozar com a boca.

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Kareena puxou seus pensamentos da sarjeta e passou por Miles. Ele se levantou, chegando a ficar quase de igual para igual com ela. Seu olhar se concentrou nos lábios dele. Ela os queria nos dela. Como se tivesse lido sua mente, Miles inclinou a cabeça até que sua boca pairou acima da dela. Respirou fundo, segurando a expiração em seus pulmões. Com um gemido, Miles reivindicou seus lábios. Estendeu a mão e colocou os braços ao redor do seu pescoço, enquanto ele veio ao redor da cintura dela e puxou-a, de modo que estivesse nivelada contra seu corpo. Sua língua varreu a abertura em seus lábios antes que ela os abrisse para ele. Kareena estava mais do que feliz que tinha escovado os dentes quando Miles, exaustivamente, explorou o interior da sua boca, suas línguas duelando. A dor dentro da sua vagina estava de volta, assim como a umidade agrupada. Ela se apertou contra a ereção de Miles, fazendo com que a dor se intensificasse. Queria o seu grande pau enterrado profundamente dentro dela. Um ano era um tempo malditamente longo para permanecer em um período de seca. E Miles era o homem que poderia acabar com ela. Ele a abraçou com mais força, beijando-a mais profundamente. Seus mamilos cresceram, rijos, sob a blusa, os pontos duros escovando-se contra seu peito. Seu corpo, definitivamente, era a favor da ideia de fazer sexo com Miles. Estava preparado e ansioso para ir. Mesmo que mal o conhecesse, Kareena estava mais do que disposta a saltar na cama com ele. Não podia ser um tipo tão ruim, já que tinha cuidado dela na noite passada. Quase nem tinham se

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falado naquele momento, e ele se assegurou que ela estivesse bem. Miles levantou-a do chão para que sua boca estivesse, agora, no seu nível. Ela gemeu enquanto ele se alimentava de seus lábios. Sua excitação atravessou o teto. Kareena levantou as pernas e colocou-as em torno de sua cintura, prendendo os tornozelos logo acima da sua bunda. Sua vagina desceu sobre seu pau duro. Uma onda de desejo a atravessou com o prazer que o contato causou. Ela se apertou contra ele, querendo mais. Ele gemeu, virou-se, e o colchão subiu para encontrar as costas dela. Ela continuou a agarrar-se a ele, enquanto caía com ela e reposicionava-a no meio da cama. Os quadris de Miles se estabeleceram mais firmemente entre suas coxas, enquanto se movia contra ela. Mais umidade vazava em sua calcinha, quanto mais excitada ela ficava. Kareena afastou-se da boca de Miles e estendeu a mão para desfazer os botões superiores em sua camisa. "Eu quero tocar em você", ela disse em uma voz sussurrada. Ele ergueu a parte superior do corpo para lhe dar melhor acesso. "Eu estava morrendo a noite toda para ter suas mãos em mim." Ela fez um rápido trabalho no resto dos botões e puxou as pontas da camisa para fora da calça jeans. Kareena espalhou o material e respirou fundo. O peito e o abdômen de Miles eram deliciosos, com todos os cumes e vales dos seus músculos, bem definidos. Seus ombros largos flexionaram quando tirou a camisa e a jogou longe.

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Ela serviu seus olhos de toda aquela carne masculina à mostra. Kareena correu os dedos sobre seu peito, rodeando cada mamilo plano quando se chegou a ele. Miles gemeu quando ela chegou ao seu tanquinho e continuou mais para baixo. Olhou para cima, para ver que ele tinha os olhos fechados, os lábios entreabertos enquanto respirava em um ritmo rápido. No auge do desejo, ele a fez querer ainda mais. Kareena estendeu a mão para o cós da calça jeans, mas ele afastou sua mão e se apoiou em um braço dobrado. Sua outra mão trabalhou para abrir o primeiro botão da blusa. "Ainda não", disse ele em uma voz rouca. Seus olhos estavam abertos a meras fendas. "Quero tirar sua blusa e explorar você. Então, vou te fazer gozar com a minha boca." "Sim", ela ofegou. Não ia recusar um sexo oral, ou a oportunidade de um orgasmo, especialmente se um homem tão bonito como Miles era quem o daria a ela.

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Capítulo Três

O cheiro da excitação de Kareena e a sensação dela debaixo dele acertou Miles profundamente. Seu pênis doía com a necessidade de tomá-la, mas ele o ignorou o quanto pôde. Ia dar prazer à sua suposta companheira antes de pensar em si mesmo. Queria ouvir seus gritos de paixão enquanto a trazia ao clímax. Terminou de abrir os botões da blusa e a tirou com a ajuda de Kareena. Quando ela se deitou, olhou para seu peito. Seus seios pareciam ser pouco maiores do que sua mão fechada, e estavam cobertos por um simples sutiã de algodão branco. Não era para ser sexy, mas o deixou louco. Miles fez questão de manter seu olhar abaixado quando correu um dedo entre os seios de Kareena até o fecho frontal do sutiã. Seus olhos, seguramente, estavam brilhando. Só ficavam assim quando estava muito excitado ou irritado. E estava, definitivamente, excitado. Kareena não precisava vê-los assim, ainda. Ele abriu o fecho e jogou o material longe. Um grunhido baixo retumbou dele. Seus seios eram perfeitos, com mamilos rosados que estavam túrgidos, apenas implorando para chupá-los. Se abaixou em seu outro braço, aproximando-se dos objetos do seu desejo.

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Miles abaixou a cabeça e lambeu um mamilo antes que soprasse sobre ele. Kareena gemeu e arqueou as costas. Fez isso de novo, em seguida, pegou o botão apertado na boca. Seus dedos se afundaram em seu cabelo enquanto ele chupava, sua respiração vindo em arfadas. Ele amava o quão sensível sua suposta companheira era ao seu toque. Também fez o seu pau empurrar contra a frente do jeans. Soltou seu mamilo e fez uma trilha de beijos de um seio para o outro. Ele o sugou em sua boca. As unhas de Kareena rasparam contra seu couro cabeludo, empurrando sua boceta contra ele. O cheiro da sua excitação aumentou ainda mais. Ela estava molhada. Apostava qualquer coisa que seus sucos estavam inundando sua calcinha. Ele ia lambê-la, ia lamber tudo aquilo, como um gato faz com seu leite. Com a necessidade de prová-la correndo através dele, Miles soltou seu seio e deslocou-se para o seu lado. Desabotoou a calça de Kareena e a puxou para baixo, por suas longas pernas. Enganchou sua calcinha com um dedo e a retirou também. Então, olhou para o que foi revelado. Ela o deixou sem fôlego. Acomodando-se entre suas pernas, avançou mais para baixo em seu corpo, até chegar à sua boceta. Usou as mãos para espalhar suas coxas ainda mais, abrindo-a para o seu olhar. O sexo dela brilhava com seus sucos. Não conseguiu conter outro grunhido suave. Seu pênis se sacudiu em sua calça. A vontade de arrancá-la e afundar em sua umidade era muito difícil de ignorar. Mas conseguiu resistir.

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Usando seus polegares, Miles espalhou os lábios da sua boceta e deu sua primeira lambida. Kareena engasgou, agarrando o cobertor debaixo dela. Ele fechou os olhos e gemeu. Seu gosto foi direto para sua cabeça. Queria se inclinar para trás e uivar. Em vez disso, lambeu sua boceta, engolindo sua umidade. Kareena gemeu, seus quadris se levantando da cama. Ele lambeu e chupou, certificando-se de prestar atenção ao seu clitóris enquanto o fazia. Os sons que Kareena fazia se transformaram em lamentos, em gemidos, enquanto ela empurrava sua boceta contra sua boca. Miles focou em seu clitóris e empurrou um dedo dentro dela. Suas paredes internas apertaram em torno dele enquanto o deslizava para dentro e para fora. Logo, usou dois dedos, enquanto a trabalhava. Ela estava perto. Tão perto. Miles definiu um ritmo mais rápido e chupou o pequeno feixe de nervos que era o centro do seu prazer. Kareena montou seus dedos, o movimento de seus quadris, irregular. Sentiu uma ondulação ao longo das suas paredes internas, e então ela estava lá. Ela gemeu alto, enquanto sua boceta, ritmicamente, apertava os dedos que ele ainda movia em seu interior. Não parou até que tivesse tirado tudo dela. Puxando-os para fora do seu corpo, lambeu os dedos, limpando-os, enquanto se levantava do meio das suas pernas. Miles escondeu o rosto na curva do pescoço de Kareena. Seu corpo estava em chamas por ela, seu pau doendo pela liberação. O pensamento de afundar profundamente dentro da sua vagina fez doer ainda mais. Se ela fosse uma lobisomem, não teria que se segurar. Ele a teria tomado sem um segundo pensamento. Mas não era. Ela não sabia o que aconteceria se ele o fizesse. Uma vez que o vínculo de 33


acasalamento se formasse entre eles, nenhum dos dois seria capaz de ficar separado um do outro. A ansiedade da separação iria montá-los duramente, e qualquer ausência ia fazê-los pensar que algo terrível tinha acontecido com seu companheiro. Tudo o que seriam capazes de pensar era em estarem juntos novamente. Kareena se moveu abaixo dele. "Miles? Você parou. Não precisa." Ah, sim, ele precisava. "Está tudo bem." Ele freou de volta sua excitação e o impulso de acasalamento. Claro que, com seus olhos já não tão brilhantes, levantou a cabeça para olhar para ela. Roçou os lábios com os seus. "Este foi todo para você." "Mas você ainda está duro." "Isso não importa. Vou ficar bem." "Pelo menos me deixe lhe dar algum alívio." Ela estendeu a mão para o botão da sua calça jeans, mas ele pegou seu pulso e levantou a mão. Era muito tentador. O único problema em deixá-la fazê-lo gozar era que, realmente, não ia lhe dar qualquer alívio. Isso só aconteceria quando fizesse amor com ela, completamente. Qualquer outra forma, só faria com que seu impulso de acasalamento montasse seu traseiro com mais força. Além disso, não ia se livrar da sua ereção. Como um lobisomem macho, poderia mantê-la por horas, gozando várias vezes antes de amolecer. "Não", ele disse suavemente. "Isso só vai fazer minhas boas intenções voarem para fora da janela. Não há necessidade de apressar as coisas. Gostaria de conhecê-la melhor, antes de irmos mais longe." 34


"Uau." Piscou para ele. "Você é de verdade?" Ele lhe deu um olhar cauteloso, não tendo certeza se ela estava sendo sarcástica. "O que você quer dizer?" "A maioria dos caras que eu conheço não teria parado. Não teriam dado a mínima e teriam ido até o fim." Ele sorriu. "Então você deve ter conhecido um monte de idiotas." "Bem, isso os resume, especialmente o meu ex. Ele era o maior de todos. Acho que atraio esse tipo de homem." Miles levantou uma sobrancelha. "Você não o fez, desta vez." Ele viu suas bochechas ficarem com um tom cada vez mais rosado. "Merda. Eu não quis dizer que você era um idiota. Eu sei que não é. Droga. Às vezes, não penso antes de abrir a boca e dizer o que está na minha mente. Não coloquei você na mesma categoria do meu ex." "Fico feliz em ouvir isso", disse ele com uma risada. "E está tudo bem. Estava me divertindo um pouco com você, mas já que você realmente não me conhece muito bem, não ia perceber isso." "Você está certo." Ele se afastou e saiu da cama para ficar ao lado dela. "Por que não se veste enquanto eu faço algo para o café da manhã?" "Eu realmente não sei se o meu estômago vai ser capaz de lidar com alimento, ainda. Se você tiver chá, eu adoraria uma caneca ou duas." Miles sorriu. "Eu tenho. Vou colocar a chaleira no fogo." 35


Ele se virou e saiu do quarto sem olhar para trás. Ver Kareena nua e deitada em sua cama o faria esquecer o que disse a ela. Miles foi para a cozinha e colocou a chaleira no fogo para ferver. Fazia um longo tempo, desde que tinha despertado com uma mulher sob seu teto, pelo menos uma com a qual se preocupava. A última, tinha sido a mãe de Jaden. E, embora não soubesse quase nada sobre Kareena, se importava com ela. O impulso de acasalamento lhe deu a certeza disso. Não teria aparecido se não existisse a chance dele se apaixonar por Kareena. A única coisa que ainda corria no fundo da sua mente era o fato de que ela era mortal. Podia ter dificuldades em fazê-la aceitar o que era. Mas o que realmente o estava preocupando era o fato de que ele tinha uma longa vida, e ela tinha o que parecia ser apenas um punhado de anos, em comparação à sua vida útil. Não sabia se podia suportar a ideia de perdê-la tão cedo. Tinha sido bastante difícil quando Sarah, a mãe da sua filha, foi embora. Dar à Kareena seu coração, depois ter a morte a reivindicando, ia doer ainda mais. O vínculo de acasalamento faria isso. Braços o envolveram em torno da sua cintura, enquanto Kareena veio por trás dele. "Você deve estar perdido em pensamentos sobre algo sério. Eu chamei seu nome, mas você não me ouviu." Ele se virou e puxou-a para mais perto, antes de lhe dar um beijo rápido. "Estava perdido em pensamentos, mas nada muito sério. Por que você não se senta à mesa? A água deve estar quase fervendo." Ela baixou os braços e fez o que ele sugeriu. "Você tem um ótimo lugar aqui. É uma cobertura?" 36


Desligou a chaleira quando atingiu a fervura. Pegou um bule de chá e colocou um saquinho de chá nele, antes de enchê-lo com a água quente. "Sim, é." Miles levou o pote e duas canecas para a mesa, em seguida, sentou-se ao lado de Kareena. "Eu te disse o que faço para ganhar a vida, mas você não disse onde trabalha," disse ela. "Eu não tenho o que você chamaria de trabalho, embora eu esteja voltando para o negócio de segurança da minha irmã. Costumava trabalhar com ela, há muitos anos." "O negócio de guarda-costas deve ser bom. Você gosta dele?" "É bom estar fazendo isso de novo, e trabalhar novamente com a minha irmã. Saskia e eu não estivemos próximos por um longo tempo, por causa da forma como eu saí. Estou tentando resolver isso. Você gosta de ser uma enfermeira de emergências?" "Sim, embora isso possa ser estressante, às vezes. E os longos turnos de trabalho podem matar, especialmente os noturnos. Já sou enfermeira por um bom tempo. Fui para a escola de enfermagem na universidade de San Francisco, logo após o colegial." Uma vez acasalados, Kareena teria que desistir da sua carreira. Não havia nenhuma maneira que um deles seria capaz de lidar com a separação, enquanto ela fazia um longo turno no hospital. E ele tinha dinheiro mais do que suficiente para apoiar financeiramente os dois. Com o chá pronto, Miles derramou um pouco em suas canecas. "Você quer leite?" Kareena assentiu. "Por favor." 37


Pegou a garrafa da geladeira e derramou um pouco em uma leiteira antes de voltar para a mesa. Esperou até depois que Kareena a tinha utilizado, em seguida, acrescentou um pouco de leite em seu chá. Miles a observou tomar um gole. Ela suspirou. "Tudo bem?" Ele perguntou com um sorriso. "Sim. Vou dizer outra vez. Normalmente, não bebo tanto como fiz ontem à noite. Não deveria ter, provavelmente, tomado aquelas duas últimas bebidas. Elas me derrubaram." "Você e suas amigas pareciam que estavam comemorando alguma coisa." Kareena sorriu, e Miles resistiu à vontade de arrastá-la para seus braços e beijá-la sem sentido. Não conseguia se lembrar da última vez que ele, na verdade, sentou-se com uma mulher e teve uma conversa. Desde Sarah, fez questão de não formar laços com o sexo oposto. Para sua vergonha, seria o primeiro a admitir que tinha estado muito ocupado fazendo coisas desprezíveis, que não eram motivo de orgulho. Deixou o seu desejo pelo poder, tirar o melhor dele. "Nós estávamos comemorando", disse Kareena. "Era o aniversário de Alice. E Lacy terminou com o seu namorado babaca." Miles sabia ambas as coisas. A audição de lobisomem era tão afiada que não teve problema em ouvir a conversa na mesa de Kareena. "Então, sua amiga romper o namoro era um motivo de comemoração?"

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"Com certeza. Todas nós odiávamos seu namorado. Ele não tratava Lacy muito bem. Demorou um tempo para ver isso, mas no final, ela o fez." "E quanto a você e o seu ex? Vocês estavam junto há muito tempo?" Kareena soltou um suspiro. "Pode-se afirmar isso. Ele é, na verdade, meu ex noivo. Ficamos noivos por sete anos antes dele decidir que não queria se casar, depois de tudo. Isso foi cerca de um ano atrás." Ela lhe deu um olhar tímido. "Não encontrei ninguém, desde então, exceto você, é claro." "Bem, nós realmente não tivemos um encontro de verdade, não é? Isso é algo que quero ter com você, no entanto. Está livre esta noite?" "Sim. E estou de folga no trabalho nos próximos dois dias." "Então, que acha de irmos ver um filme ou algo assim, parece bom para você?" Se virou para Miles e beijou-o, apenas um mero roçar de lábios que o deixou querendo muito mais. "Está marcado. Um filme parece bom. Não vou ao cinema há eras." "Um filme, então." Kareena terminou seu chá e colocou a caneca sobre a mesa. "Realmente, devia ir para casa para poder trocar essas roupas. Além disso, preciso ficar pronta para o nosso encontro quente." Miles deu uma risadinha. "Vou levar você. Sua bolsa ainda está no quarto. Acho que podia ter olhado nela para verificar seu endereço, 39


mas não achei que você gostaria que eu fizesse. Também me deu uma desculpa para trazê-la para minha casa." "Sim, nós, mulheres temos uma coisa com as nossas bolsas", disse ela com uma risada. "E estou feliz que você não procurou por meu endereço. Não teria tido a chance de conhecê-lo melhor." "Oh, você não teria se livrado de mim tão facilmente. Eu teria aparecido em sua porta hoje, não importa o que houvesse." Envolveu a mão ao redor da sua nuca e levou sua boca para a dela. Kareena lhe deu um beijo profundo, que levou sua libido para outro nível. Tinha estado fervendo lentamente. Depois que se afastou, ela disse: "Estou feliz por conhecer você, Miles. Estou ansiosa por esta noite. Talvez possamos continuar de onde paramos mais cedo." Miles gemeu. "Você está tentando me matar, não é? Agora, não vou ser capaz de pensar em mais nada, exceto isso, pelo resto do dia." Kareena se levantou. "A antecipação é uma coisa boa. Vou pegar minha bolsa, então podemos sair quando estiver pronto." Ele a viu sair da cozinha. Deus, ele a queria. Só esperava, infernalmente, que fosse capaz de mantê-la um pouco mais. Caso parecesse que não conseguiria refrear seu instinto em reivindicar Kareena como sua companheira, teria de lhe dizer a verdade sobre ele, esta noite. Considerando o quão bem as coisas estavam indo com ela agora, odiaria que isso desse errado. Mas não era algo que podia deixar de fazer. Teria que contar a ela. Seria um teste para ver o quão forte era o seu controle. 40


Capítulo Quatro

Kareena conduziu Miles para seu prédio. Desta vez, estava acordada na viagem em seu carro. Ainda se sentia um pouco embaraçada por ter praticamente desmaiado dentro dele, na noite anterior. Que maneira de conhecer alguém. Olhou para o perfil de Miles enquanto dirigia. Kareena traçou suas belas feições com o olhar. Podia ficar olhando para ele o dia inteiro. E pensar que esteve nua em seus braços, enquanto ele dava prazer a ela. Esperava que houvesse muito mais do que isso durante o seu encontro naquela noite. Como disse a Miles anteriormente, a antecipação não era uma coisa ruim. Miles parou na frente do seu prédio e colocou o carro no estacionamento. Se virou para ela e inclinou-se sobre os assentos para reivindicar seus lábios. Sua língua deslizou dentro de sua boca enquanto sua grande mão segurava a parte de trás da sua cabeça, segurando-a exatamente onde ele queria. Kareena gemia baixinho enquanto retribuía o beijo, seu corpo desejando mais do seu toque. Muito cedo, Miles parou. "Venho te pegar por volta das seis. Decida sobre o filme que você gostaria de ver. Depois, podemos ir a algum lugar para tomar alguma coisa."

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"Tudo bem. E prometo não ficar bêbada esta noite", Kareena disse com uma risada. "Mas em vez de irmos a um restaurante ou bar, que tal voltarmos aqui? Farei algum tipo de lanche para nós." Miles sorriu. "Eu gostaria disso. E trago as bebidas." Ela se inclinou para ele e lhe deu outro beijo. "Não se preocupe com as bebidas. Eu arranjo, também. Vejo você mais tarde, então." Kareena abriu a porta do carro e saiu. Depois que ela a fechou, Miles deu-lhe um aceno, então foi embora. Entrou no prédio e pegou o elevador até seu andar. O som do telefone tocando dentro do seu apartamento chegou aos seus ouvidos quando ela colocou a chave na fechadura. Rapidamente, abriu a porta e correu para pegar o telefone sem fio. Sorriu quando viu o número de Lacy no visor de chamada. "Olá, Lacy." "Finalmente, você está em casa. Estava preocupada." "Por quê?" Kareena fechou a porta do apartamento e a trancou. "Por que, ela pergunta. Só estou tentando falar com você desde a noite passada. Eu até tentei seu telefone celular, mas continua indo direto para o seu correio de voz." Kareena pegou o celular na bolsa e viu que a bateria tinha acabado. "Tenho que colocá-lo para carregar. E por que você estava me ligando a noite passada? Pensei que ia esperar pelo menos até hoje." "Todas nós vimos você sair com o gostosão e entrar em seu carro. Você estava meio bêbada ontem à noite. E não achei que foi uma 42


coisa inteligente deixá-la ir com um cara que você acabou de conhecer, mas Alice disse que estaria bem. Ela disse que sentiu que não era uma ameaça e que você estaria bem." Alice tinha essa intuição estranha quando se tratava de pessoas. Ela podia dizer, apenas em observá-los, se podiam ser confiáveis ou não. Ela alegava que essa capacidade corria em sua família do lado de sua mãe, que remontava de um parentesco com um cigano irlandês. "Então você não devia ter se preocupado," disse Kareena. "Alice nunca erra." "Eu sei. Então, onde você esteve a noite toda?" "Com Miles." "O gostosão?" "Sim. Passei a noite em sua cobertura." "Droga. Bonito e rico. Você com certeza caiu sobre teus pés, muito bem. Ele era ótimo na cama? Parece com o tipo de cara que aguenta manter uma mulher a noite toda." "Bem, nós não chegamos tão longe, mas demos uns amassos esta manhã, que foram muito bons." "Então, você realmente não dormiu com ele?" "Não. Você estava certa

sobre eu estar bêbada. Acabei

desmaiando dentro do carro dele. Já que não tinha dito a Miles onde eu morava antes disso, ele me levou para sua casa para dormir."

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"Você não fez isso," Lacy disse com uma risada. "Sim, eu fiz." Sua amiga explodiu em gargalhadas. "Não é engraçado. Na verdade, estou um pouco envergonhada por isso." "Oh, sim, está. Você pousa em um cara que poderia ser modelo de capa de revista, e desmaia em cima dele. Me pergunto se você roncou." "Eu não ronco." "Sim, você o faz quando bebe demais. Durante o nosso tempo de faculdade, quando abusava e passava a noite em uma das nossas casas, você sempre roncava. Não alto o suficiente para sacudir as janelas ou qualquer coisa, mas você fazia isso." Kareena se encolheu. "Ótimo. Agora você me deixou toda preocupada com isso. Devo ter deixado uma verdadeira boa impressão em Miles, estando bêbada e roncando. Estou surpresa que ele queira sair em um encontro hoje à noite." Lacy riu novamente. "Se ele quer ver você de novo, acho que não o incomodou." "Ainda assim, urgh. É melhor estar no meu melhor comportamento hoje à noite, ou ele poderia repensar sobre isso." "Ei, se ainda vai sair com você depois de tudo isso, deve estar realmente interessado em você." "Sei que estou realmente interessada nele. O homem sabe como beijar, entre outras coisas." "Não é algo que eu precise ouvir, especialmente agora, que estou solteira novamente." 44


"Você não vai estar por muito tempo. Ao contrário de mim, você não vai esperar um ano antes de passar para o próximo cara." "Tão verdadeiro. Eu já estou à espreita." Kareena riu. "Então, todos os homens solteiros por aí, melhor tomarem cuidado." "Eu vou te deixar ir, pois tem um encontro esta noite. Estou feliz que esteja bem, e que finalmente seguiu em frente. Volto a falar com você mais tarde, e vou dar às outras a boa notícia, que você conseguiu prender o gostosão." "Falo com você mais tarde, então." Desligou o telefone e balançou a cabeça. Dentre todas as suas amigas, Lacy era a única que gostava de fofocas. Se alguma delas queria saber o que estava acontecendo com as outras, só tinham que chamar Lacy. Isso não incomodava nenhuma delas. Todas sabiam que era apenas uma parte da personalidade da sua amiga. Indo em direção ao seu quarto, Kareena balançou a cabeça enquanto pensava em quão rápido suas outras amigas iriam ouvir sobre Miles. Não ficaria surpresa se elas a chamassem em breve, querendo todos os detalhes suculentos. Jogou a bolsa sobre a cama antes de se livrar das suas roupas, indo para o chuveiro. Kareena tinha alguns ajustes a fazer antes de Miles a pegar para seu encontro.

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Em vez de voltar para sua cobertura, Miles decidiu tomar a direção de Marin County para dar uma olhada em Jaden. Com sua data tão perto, queria ter certeza que ela ainda se sentia bem. Pensou sobre ser avô. Não tendo estado envolvido no nascimento de Jaden, não queria perder nada quando se tratava de seu neto. Entrou pelo portão da mansão dos Protetores e estacionou na frente da garagem antes de se dirigir para a porta da frente. Geralmente chamava antes, para deixar Jaden saber que estava chegando, mas uma vez que este foi um impulso, uma coisa de momento, não se incomodou. Não acreditava que sua filha se importaria. Tinha estado trabalhando lentamente seu caminho de volta para sua antiga vida e tinha até tomado alguns dos deveres de proteção. Embora não achasse que vigiar Jaden era uma tarefa árdua. Isso só lhe dava mais tempo para passar com ela. Miles bateu uma vez na porta, em seguida, a abriu. Entrou no grande vestíbulo aberto. "Olá? Alguém em casa?" Chamou, por cortesia. Sabia que havia, porque podia sentir os aromas de cada indivíduo dentro da mansão. Sua filha era um deles, mas haviam mais três que não tinha encontrado antes. Sem esperar por alguém para cumprimentá-lo, Miles se dirigiu para a sala de estar. Dentro, havia um casal e uma criança pequena, que não conhecia, todos lobisomens. A mulher tinha a mesma coloração e constituição de Jaden. O homem tinha cabelos longos e negros. A criança, fêmea, parecia ter um ano de idade. Tanto o homem e a mulher pareceram ficar tensos quando Miles entrou na sala. O cheiro de ansiedade, de repente saiu da fêmea adulta. 46


Diminuiu seus passos, parando antes que chegasse muito perto. O homem se moveu um pouco, como se estivesse tentando colocarse entre sua família e Miles. Miles deu um sorriso que para mostrar que não era qualquer tipo de ameaça. Alguns machos podem ser super protetores com suas companheiras, especialmente quando tinham crianças com eles. "Oi", disse Miles. "Não queria assustá-los. Eu sou Miles. Saskia é minha irmã, e Jaden é minha filha." O homem respondeu. "Eu sou Beowulf, e esta é minha companheira, Roxie, e nossa filha, Nevaeh." Miles acenou para Roxie. "Prazer em conhecê-los. Só passei para ver Jaden." Antes que pudesse dizer mais alguma coisa, Saskia entrou correndo na sala. Seu olhar desviou para o casal no sofá. Miles podia jurar que sua irmã tinha uma expressão de pânico por um segundo, mas foi embora rápido demais. Desviou seu foco para ele. "Miles, que agradável surpresa. Nós não estávamos esperando você hoje, com você encontrando sua companheira na noite passada e tudo. Pensamos que estaria ocupado com ela." Ele sorriu. "Deixei Kareena em sua casa, em seguida, decidi passar aqui para dar uma olhada em Jaden. Não vou ficar muito tempo. Vou levar Kareena ao cinema esta noite." Saskia encurtou a distância entre eles e lhe deu um abraço. "Estou tão feliz por você. Como se sente sobre Kareena ser mortal?" "Ela é minha companheira. Realmente não importa que ela não seja uma lobisomem. Não parece ser um problema, agora. Estou 47


preocupado com ela ser capaz de aceitar o que eu sou e as diferenças em nossas expectativas de vida. Não quero pensar sobre isso, apesar de tudo." "Gostaria que houvesse alguma maneira de poder ajudá-lo com a última parte." Miles respirou fundo e soltou o ar. "Assim como eu. Embora conheça Kareena há menos de vinte e quatro horas, os meus sentimentos por ela estão cada vez mais fortes. Muito mais rápido do que foram com a mãe de Jaden. A ideia de perder Kareena para a idade avançada dá um nó no meu estômago. Daria qualquer coisa para transformá-la em uma lobisomem, mas todos nós sabemos que não é possível. Ela teria que nascer uma." Roxie pigarreou. "Ela é sua companheira. É por isso que os seus sentimentos por ela já estão tão fortes. Acho que você não a reivindicou ainda." Miles olhou para Roxie. "Não. Jaden me contou sua regra sobre como ela quer que os lobisomens machos com companheiras mortais, contém o que eles são primeiro, para dar-lhes uma escolha. Ela disse que era uma regra exigida pela predita. Então, realmente não tenho nenhuma escolha a não ser obedecer." Roxie sorriu. "Jaden é muito inteligente. E essa é uma regra perfeita. Não poderia ter imaginado algo melhor." Beowulf bufou, e sua companheira lhe deu uma cotovelada no estômago por isso. "Ouvi alguém dizer meu nome", Jaden disse, enquanto entrava na sala com Leif ao seu lado.

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"Apenas dizia ao seu pai o quão inteligente achei que você foi, ao contar-lhe a regra sobre companheiras mortais", Roxie respondeu. "Oh. Nada de ruim, então." Jaden veio a Miles e o beijou. "O que você está fazendo aqui, pai?" "Queria dar uma olhada em você e no pequeno." Colocou a mão na barriga inchada da sua filha e foi recompensado com um chute. Ele sorriu. "Como você pode ver, estamos indo bem. Que tal sairmos e dar uma caminhada? Hoje o dia está ótimo. Acho que não vou ter muitas chances de apenas sentar e apreciar o exterior, quando o bebê nascer. Vou estar muito ocupada." Miles assentiu. Virou-se para Beowulf e Roxie. "Espero vê-los novamente." Seguiu Jaden e Leif pela casa, para o pátio dos fundos. Era um dia lindo com o sol brilhando e sem uma nuvem no céu. Miles sentouse à mesa do pátio, de ferro forjado, enquanto Jaden afundava-se na cadeira ao lado de Leif com um suspiro. "Tem certeza que você está bem?" Miles perguntou à Jaden. "Sim. Estou pronta para ter o bebê. Além disso, estou me sentindo presa dentro de casa." "Quer saber? Comprei, recentemente, uma chalé que fica na fronteira com as terras da Floresta Nacional de Point Reyes. É no lado isolado, e é bem tranquilo. Você e Leif poderiam passar alguns dias lá, comigo e Kareena."

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"Eu não sei", disse Leif. "Jaden está perto de dar à luz. E há toda essa questão de ser seguro para ela, lá em cima." "Entre nós dois, acho que podemos vigiar Jaden bem o suficiente", Miles rapidamente assegurou ao companheiro de sua filha. "Kareena é uma enfermeira de Emergências. Então, se acontecer alguma coisa em relação ao bebê, ela deverá ser capaz de ajudar. Estaremos somente a uma hora de distância, de carro." Jaden olhou para Leif. "Isso parece uma grande ideia. Adoraria ir. Tenho certeza de que tia Saskia não terá nenhum problema com isso. Eu prometo que vou pegar leve e descansar." Claro que Saskia teria de ser consultada sobre a viagem. Como líder dos Protetores, ela tinha a palavra final quando se tratava da segurança da predita. Leif olhou para Jaden, enquanto ela lhe dava um olhar suplicante. "Deus, odeio quando você me olha assim", disse Leif a Jaden. "Eu nunca consigo dizer não." Jaden tomou a mão do seu companheiro. "Isso significa que nós podemos ir?" "Sim. Contanto que Saskia concorde." "Quando você gostaria de ir?" Jaden perguntou a Miles. "Estava pensando em amanhã ou no dia seguinte. Vou falar sobre isso com Kareena esta noite e ver se ela pode ficar um tempo fora do trabalho." "Então, vamos dizer a Saskia o que planejamos", Jaden disse enquanto se levantava da cadeira. 50


Entraram na casa e foram para a sala de estar. Saskia ainda estava lá, juntamente com Beowulf, Roxie, e sua filha. Jaden explicou o que queriam fazer. Como Miles havia previsto, sua irmã concordou com seus planos. Pouco depois, Miles se despediu e saiu. Não conseguia pensar em uma maneira melhor para sua companheira e filha se conhecerem melhor uma a outra. Só esperava que Kareena dissesse sim, também.

****

Depois que o som do carro de Miles na calçada já não podia ser ouvido, Saskia soltou um suspiro. "Essa passou muito perto. Sinto muito, Roxie. Nunca esperei que Miles aparecesse assim. Ele geralmente liga, antes de vir." Roxie despachou suas preocupações, entretanto, com um aceno da mão. "Não se preocupe com isso. Nenhum dano foi feito. Tenho certeza que seu irmão está mais do que um pouco distraído com o impulso de acasalamento montando nele. Duvido que ele teria pensado que Beowulf e eu éramos nada mais do que apenas amigos." "Ainda assim foi um risco." "Ele mudou", disse Roxie, então parou. "Acho que nós temos que lhe dizer a verdade." Saskia, Beowulf, e Leif, todos, disseram "não" ao mesmo tempo. Saskia balançou a cabeça. "Não, Roxie. Nós não podemos. Ele só 51


mudou porque acha que Jaden é a predita. Não sei se isso irá durar, uma vez que descobrir que temos mentido para ele." "Seu irmão encontrou sua companheira. Sua companheira mortal. É realmente justo deixá-lo continuar a pensar que Kareena não pode ter o mesmo tempo de vida que ele, enquanto posso transformá-la em lobisomem?" "Eu não acho que seja", Jaden disse em uma voz calma. "Meu pai fez coisas terríveis em seu passado, mas está tentando compensar isso. Não acho que algum dia ele vai voltar ao que era, não importam as circunstâncias. Se vocês não querem lhe dizer a verdade, então, pelo menos, deixem-no saber que Roxie é especial e pode usar um feitiço para transformar Kareena em uma lobisomem. Ele não precisa saber as outras coisas que Roxie pode fazer." "Eu acho que é uma ótima ideia", disse Roxie. "Miles não deve pensar que é muito estranho que eu possa fazer o feitiço. Afinal de contas, sua própria avó foi quem viu a minha vinda e escreveu a profecia sobre o predito. E você tem a visão também, Saskia." Saskia pensou sobre isso, então balançou a cabeça. "Tudo bem. Podemos dizer-lhe sobre o feitiço, e só isso. Só espero que isso não se volte contra nós, mas posso ver como parece injusto esconder isso de Miles. Ele tem tanto direito de ser feliz com a sua companheira, como o resto de nós." "Eu vou lhe contar quando estivermos na sua casa de campo", disse Jaden. "Acho que seria melhor se ele ouvisse isso de mim. Eu tenho que ser a predita, afinal de contas. Devo ser a pessoa que decide quem pode saber sobre o feitiço." 52


"Espere até que ele reivindique sua companheira. Não ficaria surpresa se Miles decidiu usar esta viagem para dizer a Kareena sobre ele ser um lobisomem. Ele pode até pensar que ela vai ter mais facilidade de aceitar isso com você lá, Jaden." "Então está decidido", disse Roxie. "Nós diremos a Miles sobre o feitiço e nada mais." "E uma vez que você tenha feito o feitiço, Rox, irá evitar ver Miles novamente. Não quero correr riscos desnecessários. Ele é meu irmão, mas isso não significa que ele ganhou de volta toda a minha confiança. Ainda tenho a responsabilidade de proteger você." Saskia viu Roxie acenar em acordo. Só esperava que eles não estivessem cometendo um grande erro contando a Miles sobre o feitiço. Esperando que ele ficasse tão emocionado pelo fato de que sua companheira não seria mais mortal, que acabasse aceitando Roxie como queriam que ela parecesse a ele - uma lobisomem especial com um pouco mais de magia. Ela também iria conseguir que ele jurasse por sua vida, que iria manter o feitiço em segredo.

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Capítulo Cinco

Kareena estava pronta para seu encontro com Miles exatamente às seis horas. Depois de ter tomado um banho e mudado de roupa, tinha ido ao supermercado para pegar os lanche e as bebidas. Não tendo certeza do que Miles gostava, comprou um pacote de seis garrafas de cerveja, juntamente com uma garrafa de vinho branco. Então, passou o resto da tarde fazendo os lanches para que ela não tivesse de mexer muito na cozinha, enquanto Miles estivesse lá. Quando Miles tocou o interfone, Kareena lhe disse que iria encontrá-lo na porta do saguão. Saiu e pegou o elevador até a entrada da frente. Seu olhar caiu sobre Miles, que esperava no vestíbulo por ela. Mesmo que tivesse demorado apenas metade do dia desde que o tinha visto pela última vez, ele ainda a deixava sem fôlego. Sentia falta dele. Ele não ficou muito longe dos seus pensamentos. Se pegou sonhando com ele, enquanto estava ocupada na cozinha. Kareena teve sorte de não ter cortado um dedo. Caminhou até a porta do vestíbulo e saiu por ela. Miles a pegou em seus braços e lhe deu um beijo que fez Kareena praticamente gemer. Era bom demais ser pressionada contra seu corpo duro. "Nós temos que ir", Miles disse, sua voz um pouco rouca. "Você já decidiu o que quer ver?" 54


Kareena entrelaçou os dedos com os dele, enquanto Miles pegava sua mão. Saíram do prédio e se dirigiram para o estacionamento de visitantes. "Bem, há um que eu queria ver, mas duvido que você esteja interessado nele. É um filme de vampiros que está mais na faixa de romance para adolescentes. Não vou forçá-lo a assistir a isso." "Se é o que você realmente quer ver, não me importo." Ele a ajudou a entrar no carro. Uma vez que estava atrás do volante, disse: "Então, você gosta de vampiros, ou apenas de romances?" "Tenho que dizer que gosto de ambos. Na verdade, sou viciada em leitura de romances paranormais nos últimos anos, especialmente aqueles sobre lobisomens e vampiros." O rosto de Kareena aqueceu enquanto falava. Seu ex gostava de tirar sarro do gênero que ela adorava ler. Miles ligou o carro e virou a cabeça para olhar para ela antes de se afastar do estacionamento. "Lobisomens, hein?" "Eu sei que é estúpido. Meu ex achava que eu era uma idiota por lê-los. Um dia fiquei com raiva e disse que ele precisava ler, uma vez que não tinha ideia do que era um verdadeiro romance." "Aposto que ele não recebeu isso muito bem", Miles disse com uma risada. Kareena riu e balançou a cabeça. "Não, não muito. Então disse que as minhas expectativas eram muito altas por causa de toda aquela porcaria nos livros. Também disse que eu tinha um problema, se eu achava que lobisomens eram sexys. Sua ideia de um lobisomem era a dos filmes de terror." 55


"Esses filmes de lobisomens dão uma má reputação." "Você acha isso, mesmo?" "Sim. Por que não podem ser sexys? Se um vampiro pode ser visto dessa maneira - um ser que tem que beber sangue humano para sobreviver - por que não pode um lobisomem?" Ela sorriu quando Miles olhou em sua direção. "Humm, talvez eu tenha que mantê-lo ao redor se você continuar dizendo coisas desse tipo." Miles estendeu a mão, colocou-a na coxa dela, e deu-lhe um apertão. "Bom, porque eu pretendo ficar com você durante todo o tempo que puder." A sensação de calor jorrou através de Kareena com as palavras de Miles. Se tivesse alguma coisa a dizer sobre isso, seria muito, muito tempo. Agora que ela o conhecia, tinha que pensar que seu ex tinha feito um favor a ela, terminando. Se não o tivesse feito, talvez já estivessem casados, e Kareena nunca teria conhecido Miles. Então, pela primeira vez desde sua separação, enviou ao seu ex um silencioso agradecimento, em vez de chamá-lo de todos os nomes desprezíveis que conhecia. No cinema, Miles pegou a mão dela mais uma vez e guiou-a para dentro do prédio. Havia mais do que algumas pessoas já esperando na fila, mas não demorou muito tempo, antes que fosse sua vez. Miles pagou por dois ingressos para o filme de vampiros que ela queria ver, em seguida, caminhou com ela até o balcão onde a pipoca e outras guloseimas eram vendidas. Desde que já tinha

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lanches em seu apartamento, Kareena só pediu um refrigerante. Miles fez o mesmo. Dentro do cinema, onde o filme seria exibido, Miles guiou Kareena até as escadas perto do fundo. Se sentaram em lugares no meio da fileira. Ainda tinham tempo antes que o filme começasse. Miles tomou um gole da sua bebida antes de colocá-la no portacopos no apoio de braço. "Eu não venho em um cinema há anos." "Desde que comecei a trabalhar como enfermeira, não tive muito tempo para isso, também. Quando meus amigos e eu estávamos indo à escola, costumávamos ir com frequência. E isso foi antes de começar a namorar o meu ex." "Então vamos ter que fazer isso mais vezes." Com a maioria dos assentos tomados, as luzes se apagaram e os trailers começaram a passar na grande tela. Havia alguns filmes que Kareena não se importaria de ver. O filme começou, e Miles colocou seu braço ao longo no encosto da cadeira, em seguida, ao redor dos seus ombros. Kareena aconchegou-se tão perto quanto o braço da cadeira permitia. Fazia um longo tempo desde que tinha sentado no escuro, na parte de trás de uma sala de cinema, com um cara que gostava. Podia não ser mais uma adolescente, mas só o fato de estar com Miles parecia ser uma ótima ideia. Kareena ficou presa no filme, mas não conseguiu ignorar que Miles sentava-se ao lado dela. Com o braço ainda ao redor de seus ombros, ele brincava com seus cabelos, as pontas dos seus dedos roçando seu rosto, de vez em quando. E observando as cenas 57


românticas desenrolarem na tela, ela desejou que pudesse se aconchegar mais perto de Miles. No final do filme, e enquanto os créditos corriam, Kareena virou a cabeça para perguntar a Miles se ele tinha gostado. Não conseguiu dizer as palavras. Seus lábios cobriram os dela, sua língua empurrando dentro da sua boca. Ele a provou completamente, aprofundando o beijo. Seu corpo derreteu com a excitação. Ele se afastou e descansou sua testa contra a dela. "Vamos sair daqui antes que eu faça algo que vá nos levar presos." Ela assentiu com a cabeça. "Isso não seria muito bom, e com certeza, ia colocar um freio sobre o nosso encontro." Miles beijou a ponta do seu nariz, em seguida, levantou-se e estendeu a mão para ela. Deslizou a sua na dele, e ele a puxou de pé. Kareena olhou em torno do teatro. As luzes tinham se acendido enquanto eles se beijavam. Havia apenas algumas pessoas que tinham ficado para assistir até o final dos créditos. Ninguém estava muito próximo de onde Miles e Kareena tinham sentado. Então, duvidava que tinham sido vistos. Não que realmente se importasse, se tivessem. Se dirigiram para fora do cinema e logo estavam no carro de Miles. Ele dirigiu direto para o seu apartamento. Quanto mais se aproximavam, mais Kareena não podia esperar para pegá-lo por trás das portas fechadas. Seu corpo estava carente de sexo, e depois que ela teve um gostinho de Miles, ansiava por mais do seu toque. Também queria explorar partes dele que não tinha chegado a ver naquela manhã.

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Uma vez que estavam dentro do seu apartamento, Kareena fechou e trancou a porta atrás deles. "Tenho alguns lanches que posso preparar bem rápido. Gostaria de algo para comer e beber? Eu tenho cerveja e vinho branco na geladeira." "Depois. Há outra coisa pelo qual tenho fome." Kareena se viu envolvida nos braços de Miles com os lábios dele sugando os dela em um beijo quente. Ela largou a bolsa no chão e colocou as mãos em seu peito. Agarrou sua camisa enquanto tentava se aproximar, sua boca dobrando sobre a dela com um beijo mais profundo. Seu corpo ficou em chamas, sua boceta doendo para ser preenchida. Esta manhã foi um aperitivo. Agora, seu corpo exigia a refeição completa. Beijou Miles avidamente, chupando sua língua enquanto passava seus dedos pelo cabelo loiro claro. Ele gemeu e puxou-a mais contra ele, seu pau duro pressionando sua barriga. Umidade juntou entre suas pernas com a ideia de tê-lo dentro dela. Queria que ele a tomasse uma e outra vez até que não conseguisse se mexer. Kareena fez um som de aprovação lá no fundo da sua garganta quando Miles a pegou e levou-a na direção do seu quarto. Apenas mais uma coisa que ela realmente gostava nele, conseguia levá-la ao redor, como se ela não pesasse nada. Havia algo bom a ser dito sobre ter um homem musculoso como amante. Miles entrou em seu quarto e foi direto para a cama. Ele a levou até o colchão, não quebrando o contato com sua boca, e se esticou em cima dela. Seus quadris firmes entre suas pernas. Kareena gemeu ao sentir sua ereção descansando ao longo da sua boceta. Ele

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balançou os quadris, o que enviou uma onda de prazer direto por ela. Suas mãos fizeram o trabalho de tirar sua blusa e o sutiã. Os mamilos de Kareena ficaram rijos quando Miles olhou para seus seios. Ele pegou um e arrastou a língua sobre o pico apertado antes de sugá-lo em sua boca. Sentiu a ponta dos dentes quando ele puxou duro, causando um puxão correspondente e profundo dentro da sua vagina. Muito excitada, Kareena não conseguia mais ficar parada sob Miles. Se esfregou contra seu pênis. Ele trocou sua atenção para o outro seio e segurou sua parte inferior com as duas mãos. Miles se ergueu um pouco e aterrou sua ereção apenas no ponto certo. Se ele se mantivesse assim, ela gozaria. Mas não queria isso. Não queria nada entre eles, quando alcançasse o orgasmo. Kareena empurrou o peito de Miles até que ele soltasse seu mamilo e levantasse um pouco acima dela. Olhou para ela com os olhos abertos somente em fendas. "É a minha vez de estar por cima", disse ela em uma voz rouca. "Você não vai ser o único a conseguir explorar um pouco." Ele passou um braço em volta da sua cintura e rolou de costas, levando-a com ele. "Esteja à vontade." Sua voz era um som áspero. "Eu sou todo seu." Sim, ele era. E Kareena planejava mantê-lo dessa forma, se pudesse. Agora que estava onde queria estar, a primeira coisa que fez, foi levantar a camisa de Miles para cima e para fora, sobre sua cabeça. Jogando-a do lado da cama, mais uma vez admirou seu peito musculoso e o seu abdômen de tanquinho. O que ela traçou 60


com seu olhar, fez o mesmo com os lábios e a língua. Sua pele era suave e quente sob seu toque. O aroma do seu perfume encheu seu nariz. Se moveu para se escarranchar sobre suas coxas, em vez dos seus quadris. Enquanto mordiscava seu bem definido abdômen, Kareena trabalhou em abriu o jeans de Miles. Estava morrendo de vontade de chegar dentro deles para ver o quão grande ele era. Depois que conseguiu o que se propôs a fazer, afastou o material, e viu surgir seu pênis. Não havia roupa interior entre ele e a sua mão. Seu eixo empurrou quando ela arrastou seus dedos até seu comprimento total e circulou a cabeça. Encontrando uma pérola de pré-sêmen na fenda, esfregando-a em sua pele. Miles fez um som que pareceu, suspeitosamente, um grunhido animalesco. Kareena olhou para seu corpo e viu que ele se mantinha rígido, como se em antecipação do seu próximo passo. Provocou Miles um pouco mais, dobrando a cabeça e rodando sua língua em torno da ponta do seu pênis. Ele estremeceu, e mais pré-sêmen vazou dele. Ela o lambeu, gemendo com o gosto dele. "Kareena", Miles disse com os dentes cerrados. "Eu pensei que você queria explorar, não me excitar a ponto da insanidade." "Isso é explorar. Estou descobrindo o que você gosta." "Eu gostaria ainda mais se você..." Suas palavras se cortaram em um forte gemido quando Kareena abriu a boca e engoliu seu dentro. Ela o chupou tanto quanto pôde antes de deslizá-lo para fora, quase todo o caminho. A palma da 61


sua língua acariciou o ponto sensível logo abaixo da cabeça alargada. Segurando-o em sua base, o manteve em um controle apertado e chupou dentro e fora. Sua ereção endureceu ainda mais. O rosnado meio animal que tinha feito antes, continuou a ressoar fora dele, mais alto e parecendo mais animalesco, quanto mais ela lhe dava prazer. Continuou a levá-lo para dentro e para fora da sua boca enquanto alcançava entre suas pernas e acariciava suas bolas. Kareena lhes deu um pequeno puxão antes de segurá-las delicadamente na mão. Miles empurrou seus quadris no ritmo dos seus movimentos. Seus sucos vazaram em sua calcinha. Ele respirou rápidos rosnados, o que a excitou ainda mais. Estava quase gozando. Não demorou muito antes de Miles grunhir: "Chega." Quando ela se afastou de seu pênis, ele mudou para a posição sentada e a agarrou. Ele a deixou de costas, seus lábios deixando um rastro ardente onde quer que tocasse, enquanto trabalhava em despi-la da calça jeans. Sua calcinha foi puxada para baixo e para fora, em questão de segundos. Miles estava entre suas pernas, espalhando-a, aberta à sua visão, em um piscar de olhos. Ele beijou o interior de sua coxa. Quando chegou à sua boceta, deu uma lambida antes de continuar descendo a outra perna. Kareena gemeu. "Miles, o que você disse sobre provocação?" "Apenas uma pequena vingança." Continuou a torturá-la com lambidas até que ela gemeu com a necessidade, e seus quadris se levantavam da cama cada vez que sua boca entrava em contato com sua boceta molhada. Miles 62


finalmente cedeu e a acariciou do jeito que ela queria. Endureceu sua língua e a mergulhou em sua abertura, da mesma maneira que ela precisava do seu pênis se movendo dentro dela. Estava tão perto, que tudo o que fez para mandá-la sobre a borda, foi esfregar o clitóris com a ponta de um dedo. Kareena soltou um gemido agudo, e seu clímax rasgou através dela. Miles lambeu sua boceta até que o último tremor a sacudiu. Ainda respirando com dificuldade, viu Miles passar para seu lado e tirar a calça jeans. Tinha certeza de que ele voltaria para cima dela e afundaria seu pênis dentro dela. Não o fez. Em vez disso, se deitou de costas. Correu o olhar sobre o seu corpo. Sua ereção era grossa e longa. "Quero seus lábios em volta do meu pau quando eu gozar", disse ele em uma voz tensa. Se era isso que queria, daria a ele. Ainda tinham muitas horas da noite à sua frente. Kareena montou suas coxas mais uma vez e agarrou a base da sua ereção. Não perdeu tempo para levá-lo em sua boca. Ela o chupou com força e sentiu as bochechas afundando. "Não pare", ele arquejou. "Estou quase lá." Inacreditavelmente, seu pau cresceu ainda mais e ficou maior. Sua cabeça balançava enquanto ela o levava para dentro e para fora. Ele cresceu dentro da sua boca uma última vez, arqueando os quadris para fora da cama, seu pênis pulsando com o clímax. Ela tomou tudo o que ele tinha para dar. Depois que tudo acabou, ela o soltou. E ainda estava duro, como se não tivesse gozado. Ele a puxou para seus braços, estendendo-a sobre ele. Sua vagina estava a poucos centímetros de distância do seu pênis, mas não fez 63


nenhum movimento para juntar seus corpos. Kareena decidiu que o deixaria recuperar o fôlego, e então se asseguraria que iriam para o próximo nível.

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Miles estava tão perto de ter seu controle esmagado, que não era nem mesmo engraçado. Sentiu o calor úmido de Kareena contra sua pele, seu pau tão perto da sua boceta. Seu impulso de acasalamento estava pior do que antes de ter começado. Já tinha sido ruim o suficiente com todos os sonhos eróticos que teve com ela durante a noite, enquanto dormia em sua cama. Gozar tinha feito piorar, como já sabia, mas não esperava que fosse tão ruim. Todo o seu corpo tremia com o esforço de se segurar. Com o aroma da excitação da sua suposta companheira no ar e o gosto de seus sucos em sua língua, se tornou mais difícil lembrar por que não podia tomá-la como sua. Mas, então, Kareena se moveu. Apenas a cabeça do seu pênis entrou nela, fazendo com que seu controle deslizasse ainda mais. Estava pendurado por um fio. Parecia tortura ficar deitado ali, sem se mover, quando tudo que queria fazer era empurrar sobre ela e enterrar todo seu comprimento dentro da sua vagina. Miles colocou as mãos em seus quadris para mantê-la imóvel, para se certificar de que ela não tomaria mais dele. Neste ponto, poderia tirar antes que fosse tarde demais. Pelo menos, achava que tinha esse tipo de força de vontade. Kareena, entretanto, tinha ideias 64


próprias. Não tentou empurrar para baixo dele, mas rolou a pélvis, de modo que seus olhos praticamente reviraram em sua cabeça. Esse movimento também foi como uma bomba nuclear explodindo em cima de seu controle. Em vez de impedi-la com o aperto em seus quadris, Miles a colocou exatamente onde queria e montou por cima, penetrando, ao máximo, sua vagina com um golpe. A sensação das suas paredes internas envolvendo o seu pênis era pura felicidade. Já tarde demais para evitar o que estava prestes a acontecer, ele a levantou e então empurrou-a para baixo sobre seu eixo. Kareena colocou as mãos sobre o peito dele e montou-o, sua boceta apertando-o. Deu aquele giro com a pélvis novamente, e o topo da sua cabeça quase explodiu. Estabeleceu um ritmo mais rápido, levantando seus quadris para encontrar os dela. Ela o levou em golpes mais longos, moendo seu clitóris contra o seu osso pélvico em cada descida. Quando suas bolas se aproximaram do seu corpo e o ponto sem volta, chegando cada vez mais perto, Miles sentiu um pedaço da sua alma atravessando para Kareena. Ela suspirou, em seguida gemeu de prazer, quando as duas partes se tornaram uma. O vínculo de acasalamento se formou e encaixou entre eles. Miles soltou um grunhido. Ela era sua agora. Nada poderia mudar isso, e não havia como voltar atrás. Kareena soltou um gemido agudo, quando jogou a cabeça para trás. Sua vagina convulsionou em torno do seu pênis, ordenhando-o até seu próprio orgasmo. Ele a encheu com seu esperma, o prazer indo adiante. Ela caiu em cima dele, respirando como se tivesse 65


acabado de correr uma grande distância, e ele fez o mesmo. Seu pênis, ainda duro, permaneceu enterrado profundamente dentro dela. Miles a abraçou até que seus corações não corriam mais. Tinha quebrado a regra de Jaden, mas não sabia como ela esperava que qualquer macho, no meio do impulso de acasalamento, fosse capaz de se conter o suficiente para segui-la. O instinto para reivindicar uma companheira era muito forte. Desde que Jaden era uma lobisomem, seu companheiro não teve que passar por isso. Leif teria obtido uma lufada do seu cheiro, soube que ela era dele, e a fez sua logo em seguida. Cristo, Miles mal durou vinte e quatro horas. Não podia se ver sendo capaz de aguentar por mais dias. Kareena agitou-se em cima dele e levantou a cabeça para olhar para ele. "Oh, Miles, você ainda está duro." Ele sorriu. "Eu sei." "Não quero colocar um infortúnio sobre as coisas, mas estou um pouco preocupada." Suas sobrancelhas se juntaram. "Sobre o quê?" "Sobre você ficar ereto por tanto tempo. Não é normal. E a enfermeira em mim acha que você deveria ser examinado por um médico, caso haja algo errado." Ele a beijou e sorriu. "Deixe-me assegurá-la que não há nada de errado comigo." "Tudo bem. Então você tomou uma dessas pílulas que dão ao homem uma ereção?"

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Agora, se sentiu um pouco ofendido. "Claro que não. Não preciso de nada disso. Isso tudo é meu." Empurrou para dentro de Kareena para um efeito adicional. Isso não fez nada para limpar a preocupação do seu rosto. "Ok, você não tomou nada. Mas tem que saber que se uma ereção dura muito tempo, os vasos capilares podem estourar em seu pênis, o que pode causar danos permanentes." Esta era a primeira vez que Miles tinha uma mulher tão preocupada por quanto tempo podia manter uma ereção. As poucas mulheres mortais com quem dormira no passado não podiam ter se importado menos, do porquê isso acontecia. Elas apenas gostavam que ele pudesse continuar, mesmo depois de gozar várias vezes. Isso o fez sentir-se bem. Sua companheira se importava o suficiente para se sentir preocupada. Mas, neste exato momento, não queria dizer a Kareena a verdade sobre ser um lobisomem e que ficar duro era normal para os machos da sua espécie. Agora que estavam acasalados, não via nenhuma razão para se segurar. Ele ainda a queria. Miles levantou Kareena para cima dele e a colocou na cama, ao seu lado. Se moveu atrás dela e afundou seu pênis de volta dentro da sua vagina. Apalpou um seio, puxando o mamilo, e acariciou dentro e fora dela. "Vou te mostrar que vou amolecer. Isso só vai levar algum tempo." Então começou a mostrar a Kareena quanto tempo um lobisomem macho podia dar prazer a sua companheira, sem a necessidade de um tempo de recuperação. 67


Capítulo Seis

Kareena acordou no quarto escuro. Tinha adormecido, o que não era surpreendente, considerando o tempo que Miles e ela fizeram sexo. Ele tinha acabado por desgastá-la. Acabou perdendo sua ereção, como disse que aconteceria, mas tinha demorado mais outros quatro orgasmos. E ele a fez gozar cada vez que ele tinha gozado. Nunca tinha pensado que seria capaz de gozar tantas vezes durante uma sessão de amor. Miles tinha mostrado que podia. Após uma olhada rápida para ver que Miles ainda estava dormindo, Kareena saiu da cama e cegamente apalpou em todo o chão por algo para vestir. Acabou pegando a camisa de Miles e a vestiu. A parte inferior da mesma atingia o meio da sua coxa, e as mangas atingiam os cotovelos. Foi, na ponta dos pés, para fora do quarto e se dirigiu para a cozinha. Depois de todo esse exercício na cama, estava com fome de novo. Imaginou que Miles estaria também. Não havia nenhuma vantagem

em

desperdiçar

o

lanche

que

tinha

preparado

anteriormente. Era por volta da meia-noite, mas Kareena não se importava. Ligou o forno para pré aquecê-lo, em seguida, foi até a geladeira e pegou a assadeira onde tinha montado os nachos mais cedo, naquele dia. Não levaria muito tempo para derreter o queijo ralado 68


sobre os chips. Seu estômago roncou com o pensamento de quão bom estariam. Ela os recheou com queijo, pimentas jalapeño, tomate picado e azeitonas pretas. Em seguida, separou o creme de leite e o molho para mergulhá-los dentro. O forno apitou para deixá-la saber que estava concluído o préaquecimento. Kareena abriu a porta e se curvou para colocar os nachos dentro. Uma mão correu até o lado de fora da sua perna nua enquanto uma pelve masculina se aconchegava contra o seu traseiro. "Está com fome?" Miles perguntou. Ela fechou a porta e virou-se para encará-lo. Parecia sexy como o inferno vestindo apenas a calça jeans, com o botão aberto. Olhou para ele, desejando que pudesse se enterrar debaixo da sua pele, para que pudesse ficar ainda mais perto dele. Já que tinham feito amor em tantas posições, que não achava que houvesse mais alguma para experimentar - seus sentimentos por Miles haviam se tornado ainda mais fortes. A coisa assustadora sobre isso era que o que ela sentia beirava a linha do amor. Entretanto, era muito cedo para isso. E não era o tipo de mulher que ficava imediatamente apaixonada por um cara com o qual, por acaso, tinha relações sexuais. Mas algo se passara entre Miles e ela, pouco antes de ambos gozarem, na primeira vez que tinha estado dentro dela. Não tinha ideia do que era, mas era como se ela estivesse mais ligada a ele do que antes. Se isso fizesse sentido. Kareena colocou os braços ao redor da cintura de Miles. "Sim, estou com fome. Acho que queimei uma tonelada de calorias na

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cama com você. Preciso me reabastecer. Estou fazendo nachos. Você quer uma cerveja?" "Eu quero os nachos. E adoraria uma cerveja. Trabalhei tanto, que abri bastante o meu apetite." Ela o soltou, então foi até a geladeira para pegar as cervejas. Entregou uma para Miles. Kareena teve que admitir que a cerveja gelada desceu muito bem. Uma rápida olhada no forno mostrou que a comida estava quase pronta. "Mais um minuto e eles devem ser retirados." Foi colocar o molho e o creme de leite em pequenas tigelas. "Enquanto estamos comendo", Miles disse olhando para ela, "Quero te perguntar uma coisa." "Ok. Aqui, tome estes e coloque-os na mesa de café na sala de estar", disse ela, enquanto entregava a Miles as tigelas, uma vez que ele colocou a cerveja no balcão. "Vou levar os nachos." Ele as pegou e saiu da cozinha. Kareena pegou um suporte e colocou os nachos nele, uma vez que os tirou do forno. Então, levou o suporte para a sala onde Miles esperava por ela no sofá. Fez mais uma viagem de volta para a cozinha para pegar suas cervejas. Sentou-se no sofá ao lado de Miles. "Então, o que você quer me perguntar?" Miles virou-se para encará-la. "Você acha que pode conseguir alguns dias de folga do trabalho?" "Provavelmente. Os recursos humanos estiveram me incomodando para usar um pouco das minhas férias. Por quê?" 70


"Tenho um chalé que faz fronteira com as terras da Floresta Nacional de Point Reyes. Quero te levar para lá amanhã, por alguns dias, com outro casal que conheço. Realmente, quero que você os conheça, e pensei que você podia apreciar uma mudança de cenário." Na verdade, o pensamento de ir embora com Miles, mesmo que não fosse tão longe, era algo que Kareena queria muito. E a oportunidade de conhecer alguns dos seus amigos significava que devia ter alguns sentimentos fortes por ela, também. "Deveria

trabalhar

segunda-feira,

mas

posso

ligar

para

a

enfermeira-chefe amanhã e falar com ela. Ela pode resolver isso, contatando os recursos humanos para eu ter uns dias de folga. Tenho certeza de que não será um problema. Cobri alguns turnos para duas colegas de trabalho recentemente, assim não se importarão de fazer o mesmo por mim." "Ótimo. Vamos partir logo depois do almoço. Isso deve lhe dar tempo suficiente para organizar as coisas." Miles se inclinou para trás e tirou o celular do bolso da frente da calça jeans. "Vou mandar uma mensagem para Jaden e Leif agora, para que eles saibam quando queremos ir. Já tinham dito que iriam quando falei com eles sobre isso, mais cedo." "Então, você tinha tudo isso planejado antes de me pedir." Miles enviou seu texto, em seguida, colocou o telefone na mesa de café. Ele sorriu. "Claro. Tinha a sensação de que você diria sim. Só para saber, pretendo passar a noite aqui com você. Amanhã, depois de ter feito o telefonema e estiver com a mala pronta, vamos para minha casa para que eu possa jogar algumas coisas em uma bolsa. 71


Vou sugerir a Jaden e Leif que eu dirija, de modo que não teremos que ir em dois carros." "Você realmente tem tudo planejado." "Isso deve ser divertido. Tenho a sensação de que você e Jaden se darão bem. Ela está grávida do seu primeiro filho." "Mal posso esperar para conhecê-la e a Leif." Kareena se inclinou e deu um beijo em Miles. "Agora, vamos comer antes que os nachos esfriem." Se concentraram em sua comida. Kareena ligou a TV para assistir, enquanto comiam. Não achava que esta noite podia ficar melhor. Estava sentada ao lado de um homem que estava gostando, usando nada além da sua camiseta. Sentia-se confortável. Podia vê-los fazendo isso muito vezes, em uma união regular durante anos, apenas aproveitando a companhia um do outro. Já se sentia mais próxima de Miles do que já havia estado com seu ex, e esteve com ele por oito anos. Ela e Miles estarem juntos estava destinado a ser.

****

Na manhã seguinte, Miles ligou para Jaden enquanto Kareena estava ao telefone com o hospital. Mesmo que Leif tivesse mandado uma mensagem para ele de volta, na noite anterior, para dizer que Jaden e ele estavam bem com os planos, Miles queria ter certeza de que tudo ainda estava certo. Jaden assegurou-lhe que 72


não tinha entrado em trabalho de parto inesperado. Também lhe disse que ela e Leif estariam prontos quando Miles e Kareena viessem buscá-los. Desligou o telefone exatamente quando Kareena entrou na sala de estar. Ela tinha ido para a cozinha para fazer sua chamada. "Então?" Perguntou. "Tenho o tempo livre. Na verdade, tenho a semana toda. A enfermeira-chefe disse que não queria ouvir quaisquer argumentos sobre o assunto, uma vez que não usei qualquer parte do meu tempo de férias. Então, peguei uma semana." "Isso é ótimo. Acabei de falar com Jaden. Ela e Leif estão prontos para ir. Você precisa fazer a mala." "Estou nisso." Miles seguiu Kareena até o quarto e se sentou na cama para assisti-la empacotar o que queria levar com ela para a casa de campo. Ficou satisfeito que ela teria uma semana de folga, em vez de apenas alguns dias. Planejava contar a ela sobre o que ele era hoje, mais tarde. E depois que ele explicasse o que significava ser sua companheira, teria que dizer a ela que seus dias como enfermeira em uma Emergência acabariam. Nenhum deles seria capaz de lidar com a ansiedade de separação, agora que o vínculo do acasalamento estava no lugar, e não havia nenhuma maneira que ele pudesse ficar no departamento de Emergências, cada vez que Kareena tivesse um turno. Ia ficar um pouco perceptível, depois de um tempo.

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Esperava como o inferno que Kareena fosse capaz de aceitar o fato dele ser um lobisomem. Miles pensou que, talvez, sua companheira tivesse mais facilidade em aceitar tudo com Jaden lá, quando dissesse a ela. Kareena terminou de arrumar suas coisas, e se dirigiram até o estacionamento para visitantes. A parada em seu apartamento para Miles trocar de roupa e empacotar o que precisava, não demorou muito tempo. Em seguida, estavam de volta na estrada para Marin County. Chegando à mansão dos Protetores, Kareena disse: "Seus amigos têm um lugar agradável. É enorme." "Jaden e Leif não são os únicos que vivem aqui. Eles têm o que chamam de 'extensa família' vivendo com eles também. Há sete casais, incluindo Jaden e Leif." "Uau. Você é amigo dos outros também?" "Sim, e tenho minha família aqui também. Minha irmã mora aqui com o marido." "Acha que vamos chegar a conhecê-la, antes de irmos embora?" Miles estacionou tão perto da porta da frente quanto pôde, para que Jaden não tivesse que andar muito longe. Olhou para fora da janela e sorriu. "Isso é um fato, já que Saskia está ao lado da porta, esperando por nós." Kareena olhou na direção que ele indicou. "Ela é linda. E não há dúvidas de que são irmãos. Vocês dois são muito semelhantes na aparência, até mesmo a cor do cabelo." "Saskia é quatro anos mais velha que eu."

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"Nunca saberia. Vocês dois parecem ter em torno da mesma idade." "Isso é uma coisa de família. Nós tendemos a ter uma faixa etária melhor do que os outros." A maioria dos mortais ficaria chocada ao saber que Saskia tinha mais de mil anos de idade e que Miles tinha acabado de chegar a esse marco também. Miles e Kareena saíram do carro e foram ao encontro de Saskia. Sua irmã deu a Kareena um grande sorriso enquanto se aproximavam. "É um prazer conhecê-la, Kareena", disse Saskia. "Miles veio aqui ontem e nos contou tudo sobre você." "É bom conhecer você também. Eu estava dizendo a Miles que vocês têm uma bela casa." "Obrigada. Vamos entrar. Jaden e Leif estão lá dentro, esperando." Saskia olhou para Miles. "Acho que convidá-los para saírem foi uma ótima ideia. Jaden realmente precisava disso, especialmente com o bebê chegando em breve." "Quando ela dará à luz?" Perguntou Kareena. "Em uma semana." "Ainda bem que não vamos estar muito longe, se ela entrar em trabalho de parto prematuro." Miles colocou o braço em volta dos ombros de Kareena. "Nós também temos a nossa própria enfermeira, se isso acontecer." "E isso é uma coisa boa, já que comecei a trabalhar como parteira antes de ir para o pronto-socorro."

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"Então Jaden deve estar em boas mãos", disse Saskia antes de abrir a porta e entrar. Kareena e Miles a seguiram. Miles notou a mala perto da entrada, obviamente, a que sua filha e seu companheiro planejavam levar. Apenas Leif estava na sala de estar. "Onde está Jaden?" Perguntou Miles. "Usando o banheiro", Leif disse com uma risada. "O que mais seria? E já que você não me apresentou, sou Leif", disse enquanto sorria para Kareena. "Kareena", disse Kareena em troca. "Desculpem", Jaden disse enquanto entrava na sala. "Eu me sinto como se gastasse metade do dia no banheiro. Oi, Kareena. Eu sou Jaden." Kareena se apresentou antes que Miles tivesse a chance. Vendo sua filha e sua companheira juntas, teve grandes esperanças de que elas se tornariam próximas. Também se perguntava como Kareena aceitaria a notícia quando soubesse que ia ser avó madrasta. Miles sugeriu que pegassem a estrada. Leif se levantou para ir levar a mala para fora, enquanto Miles se despedia de Saskia. Depois que a mala de Jaden e Leif estava no porta-malas e estavam todos dentro do carro, Miles saiu para a estrada. Durante a viagem, Jaden e Kareena mantinham um fluxo contínuo de conversação, trazendo Leif e Miles para dentro dela, de vez em quando. E antes que Miles esperasse, estavam na casa de campo que ele decidiu comprar com o pensamento de ter um lugar para 76


seu neto vir e explorar. Era isolada o suficiente para que não fosse um problema, caso algum mortal visse um lobo. Saíram do carro, e Miles abriu a porta para Jaden e Kareena irem para dentro, enquanto ele e Leif pegavam a bagagem do portamalas. Miles levou a sua mala e a de Kareena até o quarto de casal e disse a Leif que podia escolher qualquer quarto que quisesse usar. Mesmo que Miles ainda não tivesse passado muito tempo na casa de campo, pagava para alguém vir e limpar uma vez por semana. Além disso, a última vez que veio para cá, trouxe alguns alimentos não perecíveis e carne, que tinha colocado no freezer. Feito isso, tanto Leif quanto Miles voltaram para o andar principal e para suas companheiras. As duas mulheres estavam sentadas no sofá com garrafas de água em suas mãos. "Nós invadimos a geladeira para bebermos alguma coisa. Espero que você não se importe", disse Jaden. Miles assentiu. "Isso é bom. Pode pegar qualquer coisa que quiser. Não estou muito abastecido, por isso vamos ter de dar uma passada no supermercado local amanhã." Jaden ficou de pé. "Bem, quero dar uma caminhada ao longo da costa, já que a sua casa está bem atrás da Baía Tomales. Venha comigo, Leif." Quando sua filha e o seu companheiro saíram pela porta traseira deslizante, Miles sabia que Jaden estava lhe dando algum tempo a sós com Kareena. Este momento seria a oportunidade perfeita para dizer a Kareena o que era, mas não estava pronto para isso, ainda. E não tinha certeza de que quisesse fazê-lo sem, pelo menos, 77


Jaden estar lá, também. Além disso, tinham acabado de chegar. Não havia nenhum benefício em estragar o que eles tinham agora. Kareena encurtou a distância entre eles e pegou a mão de Miles. "A caminhada parece uma ótima ideia. Vamos seguir o caminho oposto que eles fizeram." Ficou na ponta dos pés e o beijou. "Dizem que o ar marítimo, supostamente, abre o apetite." Ela piscou. Miles sabia exatamente a que tipo de apetite ela se referia. Ele a guiou para fora, agradecido por ter um pequeno alívio, antes que testasse as águas do quão fortemente Kareena se sentia atraída por ele.

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Capítulo Sete

Kareena não podia ter escolhido um lugar melhor para relaxar do que a casa de Miles. Além disso, achou Leif e Jaden ótimos. Era óbvio que eram muito apaixonados, pelo modo como se entreolhavam. E estavam constantemente se tocando, de alguma forma. "É muito bonito aqui", Kareena disse, enquanto caminhava pelas areias da praia, segurando a mão de Miles. "Estou feliz que tenha gostado. Terei que trazê-la aqui, novamente, algum dia." "Então você quer que eu fique por algum tempo, então." Miles puxou Kareena até parar e puxou-a em torno, assim que ela ficou de frente para ele. Segurou o seu rosto entre as mãos e acariciou suavemente as maçãs do rosto com os polegares. Seu rosto ficou sério. "Quero que seja mais do que apenas 'um pouco' " disse ele. "Não acho que vou deixar você ir tão cedo.” Kareena engoliu em seco. Sabia que seus sentimentos por Miles estavam indo nesta direção, mas nunca esteve muito certa de como ele se sentia sobre ela. Ao ouvi-lo dizer que queria que ficasse com ele, fez seu coração bater um pouco mais rápido. "Você quer que eu fique com você?" Perguntou em voz baixa. 79


"Sim. Caso ainda não tenha notado, me apaixonei por você. Nem sempre fiz a coisa certa na minha vida, mas estar com você é uma das melhores coisas que me aconteceram. Você me faz sentir coisas que uma vez pensei que tinha perdido para sempre. Que o caminho errado que eu tinha tomado faria com que eu nunca mais tivesse a oportunidade de ter o que eu tenho com você. Eu te amo, Kareena." Kareena não era uma chorona, mas as lágrimas não derramadas queimaram na parte de trás dos seus olhos. Engoliu em seco, lutando para não perdê-las. Estendeu a mão e a colocou sobre Miles. "Não achei que seria capaz de confiar em outro homem o suficiente para me apaixonar novamente, depois do que o meu ex fez para mim, mas você me mostrou que eu posso." Tomou uma respiração profunda. "Eu também te amo." Ela fez uma pausa. "Só não me faça me arrepender." "Eu nunca te machucaria. Você já possui meu coração, e sempre o terá." Miles reivindicou seus lábios em um beijo que era tão doce e terno que teve Kareena lutou contra as lágrimas novamente. Finalmente, se afastou. "Vamos voltar para a casa. Talvez a gente possa esgueirar-se para o andar de cima antes de Jaden e Leif voltarem." Kareena sorriu. "Quero apostar uma corrida." Saiu correndo, sem esperar pela resposta de Miles. Ela o ouviu chegar atrás dela, mas a deixou manter a liderança. Somente quando chegaram às portas deslizantes traseiras da casa, que encurtou a distância entre eles e pegou-a pela cintura. Se enfiaram dentro da casa. 80


Kareena diminuiu quando viu Jaden e Leif na sala de estar, se beijando. O casal se separou. Ela sentiu a boca cair aberta com a visão de seus olhos obscuramente brilhantes. Não havia dúvida do que viu. Isso lentamente desapareceu, quando olhou para eles. "Seus olhos. Eles brilhavam", Kareena disse enquanto tentava retroceder. Tudo o que conseguiu fazer foi se pressionar ainda mais perto de Miles, que estava atrás dela. "Está tudo bem, Kareena", disse ele. "Isso é normal." Se liberou do abraço de Miles e olhou dele para o casal, e de volta para ele novamente. "Normal para quem? Nem uma única vez, em todo o tempo que trabalhei no hospital, jamais vi os olhos de alguém fazer isso." Miles suspirou. "É normal para lobisomens, o que nós três somos." "Lobisomens? Você, honestamente, não pode esperar que eu acredite nisso." "É verdade. Eu pretendia lhe contar mais tarde." "Você não pode estar falando sério." "Muito." Kareena encontrou-se congelada no lugar, enquanto o corpo de Miles turvava e brilhava enquanto tomava outra forma. Em um minuto o homem que amava estava na frente dela, e no próximo, um lobo branco tinha tomado o seu lugar. Seu olhar disparou para Jaden e Leif apenas a tempo de ver Leif se transformar em um lobo também.

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Jaden lhe deu um pequeno sorriso. "Eu mudaria também, mas não posso por causa do bebê." Kareena manteve freneticamente o olhar se desviado entre os dois lobos. Sentiu-se em pânico enquanto respirava muito rápido, e seu coração disparou. Isso não estava acontecendo. Lobisomens não deviam existir. E ela não devia estar em uma sala com três deles. O lobo branco deu alguns passos mais para perto de Kareena, e isso foi o suficiente para descongelá-la. Ela se virou para se preparar para correr para fora, mas acabou indo a lugar nenhum quando Jaden, de repente, só apareceu na frente dela. Para uma grávida, ela podia se mover muito rápido. A outra mulher pegou os braços de Kareena. Kareena tentou se afastar, mas Jaden era muito mais forte do que parecia, e Kareena não conseguiu se libertar. "Acalme-se", disse Jaden. "Sei que isto é muito para aceitar. Pode ser assustador, mas meu pai nunca faria nada para prejudicá-la. Você é a sua companheira." "Seu pai? Isso é impossível. Miles não é muito mais velho do que você. Ele não pode ser o seu pai." "Lobisomens vivem um tempo muito longo. Eu estou nos meus vinte anos, mas meu pai tem vivido muitos, muitos mais anos do que isso." Kareena estava acostumada a trabalhar sob situações estressantes na sala de emergência. Tinha sido treinada para nunca entrar em pânico, manter a calma e fazer o que precisava ser feito. Mas nada podia tê-la preparado para isso. Como conseguiria superar o fato de 82


que o homem que ela acabara de proclamar amar tinha acabado por ser uma criatura que devia ser encontrada apenas na ficção, e não na vida real? Seu olhar foi atraído para o lobo no qual Leif havia se transformado enquanto seu corpo turvava e ele se transformava em humano, mais uma vez. Deu alguns passos em direção a ela, segurando suas mãos, em um gesto para acalmá-la. "Vai ficar tudo bem, Kareena. Miles ainda está lá. Mantemos nossa inteligência

humana,

uma

vez

que

nos

transformamos

e

compreendemos cada palavra falada para nós. Como um lobo, Miles ainda te ama tanto quanto o faz em sua forma humana. Como Jaden disse, ele nunca faria nada para te prejudicar. Você é sua companheira. Suas almas se uniram quando o vínculo de acasalamento se formou entre vocês." Kareena queria afastar-se, mas não havia para onde ir. Jaden ainda estava de pé na frente dela, Miles, o lobo estava perto dela de um lado, e Leif tinha convergido para o outro. Em sua volta estavam as portas de vidro deslizantes, mas tendo visto o quão rápido Jaden podia se mover, Kareena duvidava que faria isso sem que um dos outros se aproximasse dela, primeiro. "Você percebe como isso soa estranho? Almas não se juntam", disse ela. Sua voz tremia levemente. "Eu sei que é difícil para você aceitar", disse Leif quando se aproximou. "Mas é preciso. Você já está em nosso mundo. Não há como mudar isso. Uma vez que um vínculo de acasalamento é formado, não tem como quebrar. É para sempre."

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Sentiu um nariz frio tocar sua mão, e Kareena soltou um grito de surpresa. Tentou correr para fora quando viu que era o lobo branco que a tocara, mas novamente, foi interrompida. Leif usou sua distração para segurá-la suavemente em seus braços. Ela lutou, mesmo não tendo a menor chance de ficar livre. Leif facilmente a dominou e envolveu uma de suas mãos em torno do seu pulso. Ele a virou e a forçou a afundar os dedos nos pelos sobre as costas do lobo branco. "Toque-o, Kareena. Conheça Miles desta forma." Passou sua mão até a cabeça do lobo, fazendo-a coçar atrás das orelhas de Miles, o qual pareceu gostar, desde que se inclinou para ela, pressionando seu lado peludo contra sua perna. Quanto mais Leif forçava Kareena a afagar Miles, menos medo ela sentia. Miles não tentou mordê-la. Apenas olhava para ela com os mesmos olhos violetas que tinha como humano. Seu olhar parecia implorar para ela superar seu medo. Eventualmente, Leif a soltou, e ela acariciou o lobo por conta própria. Pelo canto do olho, Kareena viu Leif e Jaden saírem da sala. Depois que foram embora, o corpo do lobo branco turvou e brilhou, e Miles voltou à sua forma humana. Mesmo que seu coração tentasse bater fora do seu peito, se manteve firme. Decidiu que o pânico não iria levá-la a lugar nenhum. Em vez disso, concentrou-se sobre todas as questões não respondidas sobre tudo o que tinha visto. Miles estendeu a mão e passou o dorso dos seus dedos ao longo da sua bochecha. Kareena saltou, mas não o empurrou para longe.

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Deve ter tomado isso como um bom sinal, porque se aproximou e segurou seu rosto. "Você está bem?" Ele perguntou. "Realmente, não sei. Uma parte de mim ainda quer correr daqui gritando." "Eu sei, mas estou feliz que não o fez." Gentilmente, beijou sua testa. "Vamos sentar no sofá e vou tentar responder todas as perguntas que tenho certeza que você tem." Ele a soltou e foi se sentar bem no meio do sofá, o que deu a Kareena apenas uma escolha, a de se sentar ao lado dele. Ela o fez e esperou que Miles começasse a falar. Seus pensamentos eram uma bagunça confusa. "Acho que devo começar com algumas das coisas que Jaden e Leif já lhe disseram. Sim, Jaden é minha filha, e eu sou velho o suficiente para ser seu pai. Tenho novecentos e noventa e oito anos de idade. Lobisomens vivem até a idade de três mil anos. Você é minha companheira. Soube no instante em que senti o cheiro do seu perfume no restaurante e ele detonou meu impulso de acasalamento. A primeira vez que fizemos amor, o vínculo de acasalamento foi formado entre nós, nossas almas se tornaram uma. Agora, não vamos ser capazes de ficar separados por longos períodos de tempo ou vamos sofrer com a ansiedade da separação. Nunca passei por isso, mas ninguém quer experimentar." Ele encontrou e manteve seu olhar. "Eu te amo, Kareena. Você ainda é uma das melhores coisas que já me aconteceram. Isso compete até com o fato de eu descobrir sobre Jaden, há quase dois anos atrás."

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"Você não a conhecia antes disso?" Ele balançou a cabeça. "Não. A mãe de Jaden me deixou sem me dizer que estava grávida. Ela era uma mortal como você." "Ela foi embora porque você era um lobisomem?" "Não." Miles suspirou. "Ela veio a aceitar isso. Foi o caminho que eu tinha escolhido para a minha vida que ela não pôde tolerar. Como disse antes, fiz algumas coisas ruins. Quando conheci a mãe de Jaden, por um tempo, me puxei de volta para o que tinha sido uma vez. Não durou muito tempo. Deixei minhas ambições ficarem no caminho. Ela morreu quando minha filha era jovem." "Ela era sua companheira?" "Não, mas eu a amava. Simplesmente não a amava do jeito que ela merecia." Fez uma pausa e disse: "No meu passado, fiz algumas coisas bastante desprezíveis. Ter Jaden na minha vida, me mostrou que eu estava em um caminho de destruição. E agora, tenho você para amar, para proteger." Sentada ao lado de Miles, ouvindo-o falar, Kareena ficou dormente. Estava tendo dificuldade em aceitar o fato de que ele era um lobisomem, e com quase mil anos de idade. Em seguida, isso a acertou. Ele disse que sua espécie vivia até três mil anos. Ele mesmo a chamou de mortal. Ela ia morrer primeiro. Ele ficaria com aparência jovem e viveria por mais dois mil anos sem ela. Kareena colocou os braços em torno de si mesma, o impacto total de todo esse conhecimento dando voltas em sua cabeça. "Isso não pode funcionar." Miles virou-se para encará-la. "Por que não?" 86


"Nós. A menos que você possa me transformar em uma lobisomem, o que não tenho certeza se quero, de qualquer maneira. Não é como se pudéssemos ter um 'felizes para sempre juntos'. Minha vida não é nada comparada à sua." "Não há nenhuma maneira para eu transformá-la. Você tem que nascer um lobisomem. Ainda teremos muitos anos para estar um com o outro. Eu prefiro ter isso, a nada. Você é minha companheira. Não haverá mais ninguém para mim. Nunca." "Você vai se sentir assim quando eu estiver velha?" Ele segurou seu rosto e olhou fixamente em seus olhos. "É claro que eu vou. Meus sentimentos por você nunca vão mudar." Jaden voltou para a sala. "Pai, eu preciso..." Olhou para os seus pés, em seguida, seu olhar voou para seus rostos. "Acho que minha bolsa estourou." Gemeu e colocou uma mão em seu estômago. Vendo a poça aos pés de Jaden, Kareena entrou em modo enfermeira automático. Se afastou de Miles e foi até a outra mulher. "Você está tendo uma contração?" "Acho que sim. Parece como uma cãibra, realmente ruim." "Sim, isso é uma contração. Apenas respire através disso. Já que este é o seu primeiro bebê, não acho que temos que nos preocupar que você dê à luz, antes de chegarmos ao hospital." Jaden balançou a cabeça. "Nada de hospital. Tenho uma parteira." Ela virou a cabeça em direção às escadas e chamou seu companheiro. "Leif, preciso de você."

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Leif correu pelos degraus, em uma velocidade que nenhum mortal seria capaz de fazer. "Qual é o problema?" Então pareceu notar a água nos pés de Jaden. "Está na hora? O bebê está vindo?" "Sim. Ligue para a parteira e diga a ela para nos encontrar em casa." Miles veio ficar ao lado de Kareena e olhou para Jaden enquanto Leif pegava o telefone celular para fazer a chamada. "Há alguma coisa que você precisa que eu faça?" Perguntou Miles. "Pode pegar minha mão, porque aí vem outra”, Jaden disse em um gemido e estendeu a mão direita para Miles segurar. Ele se moveu para o outro lado de sua filha e a segurou. "Retarde a respiração um pouco, Jaden. Você não quer hiperventilar", disse Kareena. "Vou verificar seu pulso." Kareena tomou o pulso esquerdo de Jaden e tentou empurrar acima da grande pulseira de couro com botões que ela usava, para que pudesse chegar no ponto do seu pulso, mas ela não se mexeu bastante. Desabotoou o fecho que a mantinha unida e a removeu. Um alto grunhido como o de um lobo retumbou de Miles. O olhar de Kareena virou para o rosto dele. Seus olhos estavam brilhando obscuramente, enquanto olhava para o pulso de Jaden. Não havia dúvida da sua raiva, pela carranca que se formou em seu rosto. "Você mentiu", disse ele com os dentes cerrados. "Minha própria filha mentiu para mim." Kareena não tinha ideia do que tinha deixado Miles irritado. Em um minuto estava muito solícito com Jaden, e no próximo, estava zangado com ela. Abriu a boca para dizer algo que pudesse 88


apaziguar a situação, sabendo que sua raiva não seria boa para Jaden agora, mas Leif o levou ao próximo nível. Com um rosnado baixo, afastou Miles para longe de Jaden e atirouo contra a parede mais próxima. Miles pulou para trás em seus pés, seus olhos brilhavam e seu lábio superior abriu em um grunhido quando bateu os dentes na direção de Leif. "Não ouse fazer isso agora", disse Leif com um rosnado. "Jaden não precisa de você deslizando para o lado escuro, enquanto está em trabalho de parto. Vamos levá-la para casa. Depois que o bebê nascer, vamos resolver isto tudo em campo aberto. Até então, vamos nos manter juntos. Pela primeira vez, não seja um bastardo egoísta. Se você já esqueceu, sua nova companheira está vendo isso." Jaden gemeu e estendeu a mão. "Leif." Seu companheiro voltou para o lado dela e pegou-a em seus braços. "Peguei você. Vou te ajudar a colocar uma calça limpa, depois vamos sair." Leif andou em um ritmo rápido, enquanto carregava Jaden para longe. Sozinha com Miles, Kareena virou-se para ele. Seus olhos ainda brilhavam obscuramente, e olhava na direção que o outro casal tinha ido. Limpou a garganta para chamar a sua atenção. Quando ela a teve, disse, "Não sei o que é isso tudo, mas realmente não me importo, agora. Jaden é aquela que eu tenho que cuidar até que possamos levá-la para casa e para as mãos da sua parteira. O que quer que tenha te irritado, mantenha preso. Agora. Se você realmente ama sua filha, não vai deixá-la passar por isso 89


enquanto está em um estado tão vulnerável. Então, mantenha-se controlado e prepare-se para sair. Vou pegar as malas." Saiu da sala e não deu a Miles um segundo olhar. Que ele ficasse comportado, ou ia ver a enfermeira difícil que ela podia ser, quando se justificava.

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Capítulo Oito

Miles ficou de pé contra a parede da sala, agora vazia, enquanto uma série de emoções girava dentro dele. Sentia-se irritado e chocado, como se alguém tivesse arrancado o tapete debaixo dele. Mas, praticamente, se sentiu traído. Como podia Jaden ter mentido para ele todo esse tempo? Ela não era a predita. Não tinha a marca em seu pulso esquerdo, que pensava que ela escondia debaixo da sua pulseira de couro. Sua ausência significava que ela não era o que disse que era. O velho Miles não teria se importado quem Jaden era para ele, ou que ela estava em trabalho de parto. Teria forçado ela a dizer-lhe quem era a verdadeira predita, que era quem ela protegia com sua mentira. Miles odiava admitir isso, mas bem lá no fundo, seu velho eu não estava totalmente desaparecido. Kareena voltou para a sala carregando as malas. Ao vê-lo, ela disse: "Leif e Jaden vão descer em um minuto. Levante a cabeça do seu traseiro e busque o carro. Ainda temos tempo, mas se atrasarmos mais um pouco, ainda há uma pequena chance de que eu vá fazer o parto do seu neto ao lado da estrada. Então, movase." As palavras da sua companheira o arrastaram para fora do espiral descendente no qual Miles havia estado preso. Kareena estava 91


certa. Tinham que manter-se unidos. Jaden havia mentido para ele, mas isso não queria dizer que queria colocar a ela ou ao bebê em qualquer risco. Reprimiu sua ira e dirigiu-se para fora, para o carro. Kareena seguiu atrás dele. Tinha acabado de colocar as malas no porta-malas, quando Leif apareceu, trazendo Jaden em seus braços. Parecia estar tendo outra contração. Miles pegou a mala que Leif carregava, também, e colocou-a com a sua e a de Kareena. Ninguém disse uma palavra enquanto entravam no carro. Miles deu a partida e se dirigiu para a estrada. A viagem de volta para Marin County pareceu demorar mais tempo do que devia. À cada gemido de dor que Jaden dava, os nervos de Miles ficavam no limite. Odiava ver sua filha sofrendo, mas não havia nada que pudesse fazer por ela. Kareena continuou dizendo a Jaden quão bem ela estava indo e a lembrando de respirar pelo nariz e expirar pela boca. Avistando Leif pelo retrovisor, Miles viu o outro homem sofrendo junto com Jaden, enquanto cada contração a acertava. Chegaram na mansão dos Protetores onde Saskia, Jager, e Roan esperavam do lado de fora, na porta da frente. Obviamente, Leif devia ter chamado eles antes de deixarem a casa. Leif confirmou quando ele simplesmente disse: "Eles sabem." Miles trouxe o carro até a entrada e desligou o motor. Leif carregou Jaden para fora e para dentro de casa. Saskia, Jager, e Roan não os seguiram. Miles sabia que estavam esperando por ele. Kareena saiu, e ele fez o mesmo. Caminhou em frente, para enfrentar sua irmã. "Saskia", disse ele. 92


"Traga sua companheira para dentro, Miles. A parteira já está aqui." Ela lhe deu um olhar afiado. Acenou para os outros dois protetores que estavam de cada lado dela. "Jager e Roan estão aqui para ter certeza que eu vá me comportar?" "Pegue da forma que desejar, mas você está indo lá para dentro." Miles viu Kareena olhar para ele e, em seguida, para Saskia e viceversa. Não havia como negar a tensão entre ele e sua irmã. E Kareena, sendo sua companheira, havia sido jogada bem no meio das coisas. Deu um aceno de cabeça, passou por Saskia, e para dentro da casa. Kareena, silenciosamente, o seguiu. Ele devia estar tranquilizando-a, mas não conseguia encontrar as palavras para fazer isso. Suas emoções ainda estavam em tumulto. Por muitos anos, tinha estado no lado escuro, como Leif havia dito, em relação ao novo caminho que escolheu, depois de encontrar Jaden. A atração ainda estava lá. A única coisa que o impedia de ir mais além, era Kareena. Nunca quis que ela visse o que tinha sido. Queria que ela o visse como um homem bom. Ela merecia que ele fosse um. Eles lotaram a sala. Com sua audição de lobisomem aguçada, Miles podia ouvir tudo o que acontecia lá em cima. Kareena sentou-se no sofá, mas não podia sentar. Andou pela sala, esperando que o parto de Jaden fosse rápido. Os companheiros de Saskia, Jager e Roan se juntaram a eles. Todos se apresentaram para Kareena, mas basicamente o 93


ignoraram. Miles sabia que isso não significava que os protetores não estavam mantendo um olhar atento sobre ele. Enquanto andava, de vez em quando, sentia o olhar de Kareena sobre ele. Não fez nenhum movimento para se aproximar dele, o que de certa forma era bom. Não sabia se ia acabar brigando com ela. Uma vez que, realmente, não tiveram tempo para ela aceitar tudo, isso provavelmente iria acabar fazendo mais mal, do que bem. Duas horas mais tarde, Miles ouviu os gemidos de um recémnascido vindo do nível superior. Parou de andar enquanto os outros na sala ficaram em silêncio. Todos voltaram seus olhares para a entrada da sala de estar. Vinte minutos se passaram, e então Leif apareceu, segurando um bebê envolto em um cobertor. Leif foi direto para Miles. Colocou o bebê em seus braços. "Diga olá para o seu neto. Vamos chamá-lo de Cole." Miles olhou para o rosto do recém-nascido. Cole tinha os olhos abertos e olhava para ele. O coração de Miles derreteu. Puxou o cobertor para o lado e tocou a pequena mão com a ponta do seu dedo. O bebê o agarrou. Miles, imediatamente, se apaixonou. Agora tinha uma terceira pessoa pela qual faria qualquer coisa para proteger. "Ela quer falar com você", disse Leif. "Como você se sente sobre isso?" "Não estou feliz com isso, mas nunca ia tentar manter vocês dois separados. Mesmo que não confie em você, você ainda é o pai da minha companheira."

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Miles beijou a testa do bebê antes de passar Cole para Leif. "Diga a Jaden que não posso agora. Preciso de algum tempo para aceitar o que ela fez." "Você realmente é um bastardo de coração frio", Leif rosnou em um tom calmo. "Então, ela mentiu para você sobre ser a predita. Ela não o teria feito, se você não tivesse me mantido cativo, me espancado, e ameaçado me matar se não entregássemos a predita a você. Foi ideia de Jaden assumir esse papel. Uma vez que Saskia percebeu o que Jaden era para você, Jaden se ofereceu. Nem uma vez ela pensou que estaria jogando essa parte nos próximos meses. Nenhum de nós esperava que você tentasse se redimir. E se não fosse por Jaden, você seria mantido do lado de fora até hoje. Ela queria você na vida dela." Miles se afastou de Leif e se dirigiu para a entrada da sala de estar. Estava lutando uma batalha interna em que o bem e o mal dentro de si disputavam o domínio. Seria muito mais fácil deixar o mal vencer e ir embora, escorregar de volta para seus velhos hábitos. Ser bom dava muito mais trabalho. "Onde você está indo?" Saskia chamou. Ele diminuiu os passos. "Para o jardim. Preciso ficar sozinho por um tempo." "Não vá muito longe. Lembre-se que está acasalado, agora." Miles saiu da sala. Não tinha esquecido Kareena. Era melhor que colocasse tanto espaço quanto o vínculo de acasalamento permitisse entre eles, por enquanto.

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Depois que Miles saiu da sala, Jager perguntou: "Devo ir vê-lo?" Saskia balançou a cabeça. "Deixe-o por enquanto. Miles não vai a lugar nenhum enquanto Kareena estiver aqui." "Estou voltando para Jaden", disse Leif. "Não vou apreciar dizer que o seu pai não quer vê-la." Saiu, abraçando o filho recém-nascido bem perto. Kareena ainda estava um pouco perdida quanto ao que estava acontecendo. Tudo que sabia era que Jaden tinha fingido ser esta predita para evitar que Miles matasse Leif. Miles tinha dito a ela que fez algumas coisas muito ruins em seu passado, mas não tinha percebido que teria sido capaz de matar alguém para conseguir algo que queria. A ideia enviou um calafrio por ela e lhe trouxe o fato de que realmente não o conhecia. Se ele voltasse a ser aquele tipo de pessoa, não poderia ficar acasalada a ele. De alguma forma, teria que encontrar uma maneira de sair. Levantou a cabeça e encontrou todos na sala olhando para ela. Olhou para cada casal, Saskia e Eli, Jager e Daylen, Roan e Ansley. Kareena podia ver a piedade em seus olhos. Depois de engolir, Kareena disse: "Tudo bem. Me digam tudo francamente. Não escondam nada. Digam-me o que está acontecendo entre todos vocês e Miles. Posso também ter isso tudo colocado em cima da mesa, hoje. Algumas horas atrás, descobri que existem lobisomens e que eu sou a companheira de um deles. Agora isso." 96


Saskia suspirou. “Você não tem ideia de como eu gostaria de não ter que dizer isso, mas precisa entender desde já, que você é a companheira de Miles. Minha avó teve uma visão e previu que um lobisomem nasceria e que teria mais magia do que o resto de nós. Este lobisomem reinaria sobre todos os grupos, e uma marca especial em seu pulso esquerdo proclamaria a ele ou a ela como um anunciado. Minha avó viu que este lobisomem especial ia precisar de proteção, de modo que ela formou os Protetores. Originalmente era eu, Roan, Jager, Skylar, Leif, Kye, Dirk, e Miles. Centenas de anos atrás, Miles decidiu que preferia encontrar o predito por si mesmo, manteria este lobisomem sob seu controle, e governaria os grupos através dele ou dela. Não vou adoçar a pílula, ele virou uma pessoa ruim. E não vou listar todas as coisas que fez, mas matar era aceitável para ele." "Então, descobriu sobre Jaden", Kareena acrescentou. "Sim, descobriu que tinha uma filha. Não tínhamos ideia de quem ela era, e nem ela, desde que nunca conheceu seu pai. Quando ela foi transformada em uma lobisomem, o cheiro dela mudou, e isso foi o suficiente para eu perceber quem ela era." Kareena interrompeu. "Espere um minuto. Miles me disse que um mortal não pode ser transformado, que para ser um lobisomem você tem que nascer um." "Bem, antes de encontrarmos o verdadeiro predito, isso era verdade. Roxie, a anunciada, aprendeu um feitiço que a transformou. Agora, ele só funciona se for ela a pessoa a usá-lo. Ela transformou Eli, Daylen e Ansley." "E eu?" 97


"Nós planejávamos dizer a Miles que Roxie tinha a magia e nada mais. Esperávamos que ele aceitasse que ela tinha um pouco a mais de magia. Nossa avó era assim, já que ela tinha a visão, assim como eu." "Então não tenho que me preocupar sobre envelhecer e morrer, e deixá-lo para trás?" Saskia sorriu. "Não. Roxie já disse que iria transformá-la, se é isso que você quer." Olhou Kareena bem nos olhos. "Não posso dizerlhe para fazê-lo, mas recomendo fortemente que você o faça. Miles te ama. Ter um companheiro pode ser uma mudança de vida. Eu acho que você é a única pessoa que será capaz de impedi-lo de ir para o lado escuro de novo. Você ama meu irmão?" Kareena nem sequer pensou nisso. "Sim, mas se ele voltar a ser ruim, não posso ficar com ele." Uma súbita sensação de que algo havia acontecido com Miles, a varreu. Ela ignorou, quando Saskia falou mais uma vez. "Espero que o vínculo de acasalamento vá impedir que isso sequer aconteça. É o instinto de um lobisomem macho proteger sua companheira. Se ele for para o lado negro, vai colocar você em perigo." "Então vou tornar-me uma lobisomem." As sobrancelhas de Kareena se juntaram. Falar sobre Miles a fez sentir como se não o tivesse visto há muito tempo. Sentia como se devesse se levantar e ir procurá-lo. Precisava estar com ele. A sensação era tão forte que se remexeu no sofá. Saskia olhou para ela. "Tem alguma coisa errada, Kareena?" 98


"Não sei. De repente, tenho essa necessidade de estar com Miles. Sinto como se algo de ruim tivesse acontecido com ele. Sinto a falta dele." "Merda, ele não teria", disse Jager. "Deve ter", Saskia respondeu. "Roan, vá ver se Miles ainda está lá fora." Roan saiu da sala em uma corrida. Todas as pessoas na sala voltaram seus olhares para Kareena. Os olhares de pena que lhe deram anteriormente, foram agora substituídos por preocupação. "Qual é o problema?" Perguntou Kareena. "Miles lhe disse o que acontece quando os companheiros ficam separados por longos períodos de tempo? Sobre a ansiedade da separação e o que acontece com isso?" "Sim. Ele me disse que não são capazes de ficarem separados." "Bem, o que você está sentindo é a ansiedade da separação. Parece que o idiota do meu irmão já não está no quintal. Roan acaba de confirmar isso, mas pelo que você está sentindo, sei que ele não está lá." O pensamento de Miles deixando-a para trás fez com que Kareena se sentisse um pouco desesperada. Ele não teria brincado com ela, não é? Estavam acasalados. Ele disse que a amava. Será que passaria por tudo isso de novo, como seu ex noivo? Só que desta vez seria muito, muito pior.

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Roan voltou para a sala. "Ele não está lá atrás, mas o carro ainda está estacionado na frente da casa. Assim, ele não deixou a propriedade." "Provavelmente foi bem lá para o fundo," disse Eli. "É o suficiente para ter ambos sentindo isso." Kareena se moveu na almofada do sofá, novamente. "Talvez eu devesse ir até ele." "Não", disse Saskia. "Deixe-o vir até você. Eu sei que isso não vai ser divertido para você, mas deixar Miles passar pela ansiedade da separação, irá lembrá-lo do que ele tem agora. Que ele tem um motivo para ficar longe do lado negro." "Quão ruim isso vai ficar?" Ansley lhe deu um olhar triste. "Pode ficar muito ruim, quanto mais tempo ele ficar longe." "Você e Miles estão juntos desde que ele lhe disse o que ele é?" perguntou Saskia. Kareena balançou a cabeça. "Se você quer dizer se tivemos relações sexuais, não. Quando Jaden entrou em trabalho de parto, eu ainda estava me sentindo assustada e tendo dificuldade em aceitar o que ele me disse. A única razão pela qual não estou me sentindo assim agora é porque muita coisa aconteceu, desde então." "Se Miles ficar longe por muito tempo, quando vocês dois estiverem juntos novamente... vamos apenas dizer que vocês vão querer se reconectar na mais elementar das maneiras. Vocês não serão capazes de se controlar." 100


Ótimo. Então, ia acabar fazendo sexo com Miles em uma casa cheia de pessoas que saberiam exatamente o que estariam fazendo. Mas, como a necessidade de estar com ele crescia, Kareena descobriu que não se importava tanto assim. Queria Miles de volta. Eventualmente, teve que se levantar e andar. Estava além dela, ficar parada. Ele tinha saído nem há meia hora, mas para ela, era como se não o tivesse visto há meses. Literalmente, sentia como se estivesse ficando louca. Outra meia hora se passou, e Kareena estava prestes a escalar as paredes. Em seguida, ouviu um prolongado uivo de lobo vindo da parte de trás da casa. Kareena correu para fora da sala, sabendo que tinha de ser Miles. Não parou até que chegou a um par de portas francesas. Do outro lado estava um lobo branco - Miles. A visão dele em sua forma de lobo não a afetou como na primeira vez que ela o tinha visto. Tudo o que importava era que ele estava lá. Excitação a acertou, tornando difícil pensar em qualquer outra coisa. Kareena abriu a porta e deixou o lobo entrar. Atrás dela, Saskia disse: "Vocês podem usar o meu quarto e de Eli. Miles sabe qual é. Siga-o." Devia estar se sentido envergonhada por Saskia basicamente dizer onde poderia ir com Miles para fazer sexo, mas Kareena não estava. Sua vagina doía para ser preenchida. A necessidade de têlo dentro dela era um animal que a arranhava. A umidade já vazava em sua calcinha.

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Ainda em forma de lobo, Miles tomou gentilmente seu pulso entre suas mandíbulas e puxou-a em movimento. Kareena foi com ele, deixando os outros para trás. Se apressou em subir as escadas e entrou no quarto para o qual a guiou. Quando a soltou, fechou e trancou a porta atrás deles. O corpo do lobo turvou e brilhou e, em seguida, lá estava Miles. Estava completamente nu e muito excitado. Seu pênis se projetava do seu corpo e uma gota de pré-sêmen já vazava a partir da ponta. Sua excitação aumentava, a dor profunda em sua boceta se intensificando. Miles estava junto a ela em um piscar de olhos mais tarde. Seus lábios reivindicaram os dela com fome e desespero, e quase rasgou sua roupa. Não parou até que a tivesse tão nua quanto ele. Suas mãos percorriam seu corpo, enquanto caminhava com ela até o meio do quarto. "Não posso esperar, Kareena. Preciso estar dentro de você." "Deus, sim", ela gemeu em sua boca. Miles a levou até o chão, usando uma coxa para abrir suas pernas, em seguida, penetrou nela ao máximo, com apenas um golpe. Kareena alcançou ao redor e agarrou seu traseiro estocando, incentivando-o a levá-la mais rápido e mais duro, enquanto ele bombeava entre suas coxas. Altos rosnados de lobo retumbavam dele, a cada impulso dos seus quadris. Ela apertou as paredes internas em torno do seu pênis duro. Era tão bom tê-lo dentro de sua vagina. Seus gemidos de prazer eram quase tão altos quanto seus grunhidos.

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Kareena levantou os quadris para receber cada um dos golpes de Miles. Seu clímax cresceu como um trem de carga descontrolado, seu corpo enrolando apertado com cada impulso. Seu pau cresceu ainda mais dentro dela, estirando-a, enchendo-a até seu limite. Seu orgasmo se chocou contra ela, tomando-lhe o fôlego. Intenso prazer rasgou através de seu corpo, parecendo durar para sempre. Miles bombeou uma vez, duas vezes, e depois uivou. Seu pênis pulsava quando ele gozou, jatos quentes do seu esperma enchendo-a. Mas não tinha acabado com ela, ainda. Seu pau permaneceu duro. Miles se retirou dela e a colocou sobre suas mãos e joelhos. Se moveu atrás dela e empurrou para dentro, acertando-a em golpes duros. Tudo o que Kareena podia fazer era gemer e combinar seus golpes. Mesmo que tivesse acabado de gozar, outro orgasmo chegou a todo vapor. Ofegava seu nome quando ele cresceu, e cresceu. Miles alcançou ao seu redor e encontrou seu clitóris. Puxou o feixe de nervos e mandou-a para o alto, mas não gozou com ela. Mudou suas posições novamente. Desta vez, sentou-se no chão com ela montando seus quadris. Empurrou para dentro dela e a teve, montando-o. Seu pênis atingiu seu ponto G, e ela o aceitou mais profundamente. Inacreditavelmente, seu corpo se contraiu, preparando-se para mais um orgasmo. Miles envolveu a mão ao redor da sua nuca e trouxe sua boca até a dele. Empurrou sua língua para dentro, imitando o que seu pênis fazia em sua boceta. Logo, se afastou, mas manteve a mão onde estava. 103


"Quero que você me morda, Kareena." "Eu não posso te morder." Ele empurrou nela com força. "Sim, você pode. Morda-me onde o meu ombro e o pescoço se encontram. Marque-me como seu. É o maior tesão para um lobisomem macho ter sua fêmea mordendo-o lá, deixando as marcas dos seus dentes para mostrar que seu macho está reivindicado." Exercendo uma leve pressão na parte de trás do pescoço dela, Miles posicionou sua boca ao lado do seu pescoço, onde se encontrava com o ombro. Endureceu quando ela o beijou e o lambeu lá. Seu pau ficou ainda mais duro. Colocou as mãos em seus quadris e a fez montá-lo mais rápido. Ela arrastou os dentes por todo o lugar, e ele gemeu com um grunhido misturado ao dela. "Kareena", implorou. "Faça isso." E ela fez. Mordeu tão duro quanto ele queria. O efeito que teve sobre Miles foi instantâneo. Golpeou-a com seu pênis e gritou quando gozou. O movimento lançou Kareena em um clímax também. Depois que tudo acabou, ela caiu contra ele. Ele a abraçou e deitou-se no chão. Ainda estava duro, mas apenas continuou a segurá-la em seus braços. Quando ela pôde respirar sem arfar, apoiou o queixo sobre as mãos cruzadas e olhou para ele. "Saskia me contou tudo. O que você costumava ser, algumas das coisas que você fez." "Imaginei que ela faria isso. Essa foi parte da razão pela qual eu me transformei em lobo e coloquei mais distância do que deveria, entre nós." 104


"Se você fizer isso de novo, vou chutar o seu traseiro." Ele riu. "Prometo que não vou." "Ótimo. E enquanto eu estiver estabelecendo a lei, você vai ficar bem. Os seus dias de tentar controlar a predita acabaram. Você vai conhecê-la e fazer o que tem que fazer, para mostrar que vai permanecer fiel a ela." "Mandona, não é?" Ele ficou sério. "Ainda há uma pequena parte de mim que quer que eu a use para meus próprios fins." "Bem, você diz a essa sua parte idiota que ela não tem mais o controle. Você vai sempre jogar limpo com Roxie daqui em diante, uma vez que ela é a única que pode me transformar em uma lobisomem para que eu tenha esses milhares de anos com você." Miles virou-se para a posição sentada, levando Kareena com ele. "Ela pode fazer isso?" Ela assentiu com a cabeça. "Jaden nasceu mortal, Miles. Roxie a transformou. Aparentemente, ela tem uma magia que só ela pode usar, que torna nós, os mortais, em sua espécie. Então você não vai fazer nada para irritá-la. Eu quero ficar com o meu companheiro por muito, muito tempo." Ele a beijou, e o clima logo se tornou quente e pesado, mas se afastou antes que fosse longe demais, apesar do seu pênis ainda estar duro e seus corpos estarem unidos. "Prometo não fazer nada para negar o presente que ela vai nos dar." "Então, vai provar a ela que nunca mais vai se virar para o lado escuro de novo?"

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"Sim. Vou jurar lealdade, o que ela quiser." "Exatamente o que eu queria ouvir." Kareena usou seu peso para empurrar Miles para chão. "Vamos marcar um encontro com Roxie, mais tarde. Agora eu quero fazer amor com o meu companheiro, novamente."

****

Mais tarde, naquela noite, Kareena permaneceu com os Protetores e seus companheiros, com exceção de Jaden e Leif, quando Miles jurou lealdade à Roxie como a predita. Os Protetores oservaram Miles com um olhar atento, mas Kareena sabia que eles não tinham mais que se preocupar em seu companheiro ser uma ameaça. Os dias negros de Miles tinham acabado. Ela era a redenção de Miles, e tinha certeza de que ele nunca mais se afastaria para o lado escuro. Depois que Roxie aceitou o juramento que Miles lhe deu, Roxie acenou para Kareena se juntar a eles. Kareena sabia o que viria a seguir. A predita usaria o feitiço que faria de Miles e Kareena verdadeiros companheiros. Sem nenhuma hesitação, Kareena avançou. Encontrou o olhar de Miles com o seu próprio e viu o amor que ele tinha por ela brilhando em seus olhos. Ele era o futuro que pensou que nunca teria. Colocou a mão na sua, quando ele a estendeu para ela e virou-se

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para Roxie, pronta para dar o pr贸ximo passo em sua vida com Miles.

Fim

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