Ano 1 | Nº 1 | mai/jul 2016
Tempo de alegria
Maria Amélia celebra aniversário com excelentes resultados assistenciais Redução da prematuridade
Maternidade apresenta projeto de pesquisa em evento internacional Daniel Soranz
Secretário Municipal de Saúde do Rio fala sobre os 5 anos do Cegonha Carioca
Maiara Alves dos Santos e seu filho Miguel Alander dos Santos Correia, pacientes da Maternidade Maria Amélia
Sumário
Editorial
3 Curtas 4 Entrevista
Secretário Municipal de Saúde do Rio, Daniel Soranz, fala sobre assistência obstétrica na cidade
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Projeto Redinha
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Estudo internacional
Redes de balanço nas incubadoras ajudam na recuperação dos prematuros
Diretor da Maternidade apresenta projeto de pesquisa em Nairóbi, na África
8 Maria Amélia completa 4 anos HMMABH celebra aniversário com muitos motivos para comemorar e novos desafios para o futuro
10 Amor de Mãe
Luana, primeira gestante atendida na Maria Amélia, fala sobre o nascimento do filho João
11 Indicadores
Faltas ao trabalho caem mais de 80%, beneficiando a assistência
12 Parto humanizado
Entenda porquê ele é melhor para a saúde da mãe e do bebê
14 Multidisciplinaridade
Um momento especial para o HMMABH Nesses 4 anos do Hospital Maternidade Maria Amélia Buarque de Hollanda (HMMABH), motivos não nos faltam para comemorar. Ao longo desse período, avançamos significativamente no cuidado materno-infantil humanizado e consolidamos protocolos clínicos obstétricos e neonatais baseados nas melhores evidências científicas reconhecidas mundialmente. Além do atendimento de urgência, das internações obstétricas e neonatais e do pré-natal em gestações de alto risco, desenvolvemos uma rotina de atividades educativas no ambulatório e nas unidades de internação, com a participação de toda a equipe. Dessa forma, as pacientes recebem orientações sobre os cuidados com a própria saúde e a dos seus filhos, além de informações sobre o planejamento reprodutivo. A atuação do HMMABH não se restringe somente aos usuários do SUS. Ela também se estende aos diversos alunos de graduação e pós-graduação que recebem treinamento na unidade. Todas essas ações contribuem para o alcance de excelentes resultados, que nos motivam a intensificar o trabalho, em busca do aprimoramento contínuo. Em meio a tantas razões para celebrar, o lançamento da Revista do Hospital Maternidade Maria Amélia Buarque de Hollanda é mais uma conquista que tenho a felicidade de compartilhar com você. Nas próximas páginas, apresentamos um pouco do nosso dia a dia, dividimos informações sobre saúde e compartilhamos experiências. Nesta primeira edição, trazemos também uma entrevista exclusiva com o Secretário Municipal de Saúde do Rio de Janeiro, Daniel Soranz, sobre a assistência obstétrica na cidade. Mais do que tudo, temos a certeza de que, em cada matéria, você vai perceber o quanto a integração entre profissionais é uma realidade em nossa unidade, favorecendo uma assistência multidisciplinar. Essa, possivelmente, é a nossa maior conquista.
Equipes integradas para melhorar o cuidado às gestantes e aos recém-nascidos
G e stã o
Boa leitura!
Wallace Mendes Diretor Médico
Hospital Maternidade Maria Amélia Buarque de Hollanda
Revista do Hospital Maternidade Maria Amélia Buarque de Hollanda
Rua Moncorvo Filho, 67 – Centro/RJ Tels: (21) 2252-3416 | 2507-2989
Produção e Projeto Gráfico
R e p o r ta g e m
Fotos
SB Comunicação
Diretoria
J o r n a l i sta R e s p o n s áv e l
Joyce Pimentel, Nathalia Vincentis e Thamyres Dias
Arquivo HMMABH dreamstime.com Rafael Gonçalves Renata Missagia
Ana Murai – diretora geral Wallace Mendes – diretor médico Rafael Tostes – diretor administrativo
Nº 1 | Mai/Jul 2016
www.sbcomunicacao.com.br
Simone Beja
Tiragem
2.000 exemplares
curtas
Orgulho de ser SUS As equipes da Maternidade Maria Amélia e da Coordenação de Emergência Regional (CER) do Centro mobilizaram suas equipes para comemorar o Dia do Orgulho SUS, celebrado em 21 de março. A data, criada em 2015 por iniciativa do Conselho Municipal de Saúde do Rio de Janeiro, faz parte de um movimento que busca marcar o compromisso de cada um para tornar a saúde pública melhor. Equidade, fortalecimento de vínculos e cuidado com quem mais precisa foram algumas das práticas lembradas pelas equipes das unidades.
Parceria no combate à zika, dengue e chikungunya As equipes da Maria Amélia, do Hospital Municipal Souza Aguiar e da Coordenação de Emergência Regional (CER) do Centro estão unidas no combate ao Aedes aegypti. O grupo tem realizado semanalmente visitas em todo o complexo hospitalar do Souza Aguiar para a limpeza das áreas internas, a fim de evitar a proliferação do mosquito transmissor da dengue, zika e chikungunya.
Maria Amélia realiza treinamento sobre Vacinação da BCG Em abril, o Hospital Maternidade Maria Amélia Buarque de Hollanda recebeu a 1ª etapa do curso de formação de multiplicadores para a aplicação da vacina BCG.
Residência de Enfermagem Obstétrica A coordenadora de Epidemiologia do HMMABH, Mercedes Neto, e a coordenadora de Enfermagem, Danielle Couto, ministraram aula sobre indicadores em Saúde para turma da Residência de Enfermagem Obstétrica da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). A residência é voltada para a formação dos enfermeiros que atuam na rede municipal de Saúde.
H1N1: informações e prevenção Com a diminuição das temperaturas e o aumento dos casos de infecção pelo vírus H1N1 no Brasil, o Hospital Maternidade Maria Amélia Buarque de Hollanda desenvolveu um programa especial para tirar as dúvidas das gestantes atendidas na unidade sobre a doença. Semanalmente, equipes realizam atividades na sala de espera, abordando formas de prevenção, sintomas mais frequentes e orientações sobre o tratamento. Entre os dias 25 e 30 de abril, as gestantes que passaram pela unidade também puderam tomar a vacina contra a gripe.
O curso é uma parceria entre o HMMABH, o Centro Especial de Vacinação Dr. Álvaro Aguiar (CEVAA) e a Coordenação do Programa de Imunizações (CPI) da Secretaria Municipal de Saúde do Rio, com apoio da Superintendência de Vigilância em Saúde.
Na foto, a coordenadora do CPI, Nadja Grefee, a coordenadora do CEVAA, Adriana Desterro, e a coordenadora de Epidemiologia do HMMABH, Mercedes Neto.
Revista do Hospital Maternidade Maria Amélia Buarque de Hollanda
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entrevista
O poder é delas Daniel Soranz Secretário Municipal de Saúde do Rio de Janeiro
O Rio de Janeiro foi pioneiro na implantação do Cegonha Carioca, em 2011. Que avaliação o senhor faz desses 5 anos de projeto?
Em entrevista exclusiva para a Revista do Hospital Maternidade Maria Amélia Buarque de Hollanda, o Secretário Municipal de Saúde do Rio de Janeiro, Daniel Soranz, comenta os avanços dos últimos anos no cuidado materno-infantil, aponta os principais desafios para qualificar ainda mais a assistência e garante: valorizar a vontade da mulher é fundamental para que se tenha partos cada vez mais seguros.
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Revista do Hospital Maternidade Maria Amélia Buarque de Hollanda
O Cegonha Carioca é uma iniciativa fundamental para a segurança das gestantes na cidade. Ele ajuda muito na distribuição das gestantes entre as maternidades, otimiza os leitos, aumenta a eficiência da abordagem obstétrica. É um projeto estruturante, que oferece uma atenção e um cuidado especial para cada família. O Cegonha Carioca também traz, entre seus princípios e diretrizes, a valorização do parto normal, que aparece, ainda hoje, como uma necessidade em todo o mundo. As taxas de cesarianas ainda são altas tanto nas unidades da rede pública, quanto naquelas da rede privada. Além da redução no número de cesarianas, quais são os desafios para os próximos anos com relação ao atendimento às gestantes na rede municipal de saúde? Nosso principal desafio é qualificar os leitos obstétricos. O aborto provocado também é um problema sério, diante do qual precisamos intensificar as ações de planejamento familiar e reforçar o direito reprodutivo.
É fundamental que as mulheres possam escolher a melhor hora para ter seus filhos e acredito que esse seja o principal caminho a trilhar se quisermos reduzir a mortalidade materna e melhorar a segurança no parto. Para alcançar esses objetivos, que ações estão em andamento? As medidas passam por uma ampliação expressiva da rede de atenção primária, responsável pela maioria das ações de planejamento familiar e pré-natal, e também por uma reestruturação de toda a rede hospitalar, com duas novas maternidades já inauguradas e a reforma das maternidades mais antigas. Qual o papel da Maternidade Maria Amélia para a assistência obstétrica no Rio de Janeiro? A Maria Amélia é uma das nossas principais maternidades – a segunda em número de partos – e agrega tudo que há de mais moderno na obstetrícia brasileira e mundial. É, sem dúvida, uma unidade com trabalho muito humanizado, uma prática muito avançada no cuidado materno-infantil. Temos certeza de que, nesses 4 anos, a Maria Amélia apenas começou seu caminhar e terá muito sucesso pela frente.
serviço
Projeto Redinha: melhor recuperação para prematuros P
equenas redes de balanço, instaladas dentro das incubadoras, podem ser uma ferramenta importante para otimizar o tratamento de bebês nascidos prematuramente. É o que tem mostrado o Projeto Redinha, desenvolvido na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal do Hospital Maternidade Maria Amélia Buarque de Hollanda. Entre julho de 2014 – quando o número de atendimentos começou a ser contabilizado – e março deste ano, cerca de 500 prematuros já foram beneficiados pela iniciativa. As redes, confeccionadas em flanela, apresentam curvatura que imita o útero materno. Dessa forma, as crianças são estimuladas a desenvolver sua capacidade motora. O Projeto Redinha também contribui para o ganho de peso e o crescimento dos bebês. “Os benefícios são
Equipe de Fisioterapia
inúmeros, como: relaxamento, contenção, auxílio nos movimentos ativos e alta precoce, entre outros”, explica a chefe do Serviço de Fisioterapia do HMMABH, Caroline Pollazzon, responsável pela implantação do método na Maternidade. Logo após o posicionamento do bebê na redinha, a incubadora é coberta por uma manta que escurece o ambiente e, consequentemente, desacelera os batimentos cardíacos, tornando o espaço mais calmo e aconchegante. A terapia dura entre 1 e 3 horas por dia e é recomendada para recém-nascidos com até 2 kg e quadro
estável. O método é contraindicado em caso de doença do refluxo gastroesofágico e em bebês em ventilação mecânica invasiva.
Qualidade do sono Estudos da Universidade de Genebra comprovam que as redes de balanço ajudam a dormir e melhoram a qualidade do sono. Como terapia para recém-nascidos, elas foram utilizadas primeiramente no Nordeste, mas já fazem parte da rotina de outras maternidades em todo o país. “Aqui no Rio, temos algumas maternidades da rede pública que adotam essa terapia e todas têm ótimos resultados”, conta Caroline. Revista do Hospital Maternidade Maria Amélia Buarque de Hollanda
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pesquisa
Diretor da Maria Amélia apresenta projeto no exterior Estudo apoiado pela Fundação Bill & Melinda Gates tem como objetivo reduzir os partos prematuros na pré-eclâmpsia
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diretor médico do Hospital Maternidade Maria Amélia Buarque de Hollanda, Wallace Mendes, viajou recentemente para a capital do Quênia, Nairóbi, com uma missão especial: apresentar o projeto Prepare – Redução da Prematuridade a Partir de Cuidados na Pré-eclâmpsia para os participantes do Grand Challenges Africa Community Meeting 2016. O evento reúne iniciativas que buscam soluções para problemas de saúde globais subsidiadas pela Fundação Bill & Melinda Gates. Além do Brasil, Canadá, Índia, Noruega, África do Sul, Reino Unido e Estados Unidos também participam dos estudos. Coordenado pelo professor Marcos Augusto Bastos Dias, e desenvolvido em parceria com o Instituto Fernandes Figueira/Fundação Oswaldo Cruz (IFF/Fiocruz) e outras instituições, o Prepare vai testar um novo
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Revista do Hospital Maternidade Maria Amélia Buarque de Hollanda
sistema integrado de cuidados à gestante, promovendo a implementação de uma estratégia baseada na avaliação de risco para eventos adversos. Além da Maria Amélia e do Fernandes Figueira, outros 6 centros e 23 unidades básicas de saúde do Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul, Ceará e Pernambuco estão envolvidos no projeto. Em todo o mundo, parte das gestantes com pré-eclâmpsia é submetida à antecipação do parto desnecessariamente. Esse problema parece ser maior no Brasil, onde a estimativa é de que 18% dos casos de prematuridade estejam relacionados à pré-eclâmpsia. Nos países desenvolvidos, essa taxa é de cerca de 8%, segundo estudos. “Na estratégia de avaliação de riscos, os obstetras terão maior segurança para evitar a antecipação do parto de maneira
“Os obstetras terão maior segurança para evitar a antecipação do parto de maneira desnecessária ao identificar pacientes de baixo risco para resultados adversos.” Wallace Mendes – diretor médico do HMMABH
desnecessária ao identificar pacientes de baixo risco para resultados adversos”, explica Wallace Mendes. A abordagem contará com duas estratégias principais: a dosagem do fator de crescimento placentário (PLGF) e o modelo Full Piers, que calcula a probabilidade de risco de eventos adversos maternos nas 48 horas seguintes à realização do teste. “Quando a grávida der entrada na maternidade, vamos verificar a dosagem do PLGF. A diminuição desse fator no sangue está relacionada à pré-eclâmpsia, indicando a necessidade de maior vigilância. Se a probabilidade de complicações calculada pelo Full Piers for baixa, pode-se esperar, evitando interrupção de gravidez precocemente. A ideia é postergar ao máximo a realização do parto, desde que monitorado pelo protocolo, o que é melhor para a gestante e também para a criança”, destaca. A pré-eclâmpsia é uma causa importante de morbidade infantil, a curto e longo prazos. Entre os principais efeitos provocados pela doença estão: asfixia, prematuridade iatrogênica (quando o nascimento acontece antes de 37 semanas), elevação do risco de doenças cardiovasculares, obesidade e diabetes tipo 2.
Prevenção O projeto Prepare – Redução da Prematuridade a Partir de Cuidados na Pré-eclâmpsia também engloba uma série de procedimentos para estimular a prevenção contra a doença. As ações serão educativas e voltadas para os médicos e enfermeiros envolvidos no pré-natal. “A prescrição do ácido acetilsalicílico (AAS) em baixas doses e o aumento da ingestão diária de cálcio para gestantes com fatores de risco pode evitar casos de pré-eclâmpsia. No entanto, percebe-se que essa realidade nem sempre está presente no atendimento às pacientes”, lamenta o diretor médico do HMMABH. O estudo, que tem duração de 48 meses, prevê, ainda, a coleta de amostras de sangue e urina das gestantes, que serão encaminhadas para um biobanco. Esse material poderá, futuramente, ajudar outros pesquisadores interessados em desenvolver trabalhos sobre o tema.
Apresentações no Canadá, México e Espanha Essa não é a primeira vez que um representante do Hospital Maternidade Maria Amélia Buarque de Hollanda apresenta uma pesquisa internacionalmente. No ano passado, um trabalho sobre estratégias de redução da taxa de episiotomia (incisão efetuada na região do períneo, entre a vagina e o ânus, para ampliar o canal de parto), foi apresentado no XXI Congresso Mundial da Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia, no Canadá. Coube ao médico Marcos Nakamura exibir o trabalho Audit and feedback strategy: an experience of a brazilian hospital for reducing episiotomy rate, feito a partir de auditoria nos prontuários das pacientes do HMMABH, entre maio de 2012 e abril de 2014. Segundo o levantamento, apenas 9% das gestantes que tiveram seus filhos na Maria Amélia durante o período avaliado foram submetidas à episiotomia. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que a taxa fique abaixo de 10%. Em 2013 e 2014, a Epidemiologia do HMMABH também levou trabalhos para eventos científicos no México e na Espanha, respectivamente. “No primeiro, expusemos representações do aleitamento materno por meio de imagens. Já no segundo, apresentamos os indicadores da assistência na Maria Amélia, principalmente os relacionados à humanização do parto”, conta a coordenadora de Epidemiologia, Mercedes Neto.
Revista do Hospital Maternidade Maria Amélia Buarque de Hollanda
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ESPECIAL
Tempo de
alegria C
ada pequeno espaço do Hospital Maternidade Maria Amélia Buarque de Hollanda parece contar um pouco de uma história que, há 4 anos, é escrita diariamente por centenas de mãos cuidadosas e dedicadas. Pelos setores, fotos de bebês e gestantes – memórias dos afetos criados em uma prática que envolve mais do que o saber científico, uma espécie de sensibilidade para reconhecer a força que tem a chegada de uma nova vida. E foram muitas delas, desde a inauguração do Hospital em 13 de maio de 2012. Nas instalações da unidade, mais de 18 mil partos já foram realizados. “Somos um Hospital de alegria, cada parto é um acontecimento muito esperado. Buscamos oferecer o apoio necessário para a mulher nesse momento, de forma individualizada. O objetivo do nosso trabalho é sempre aprimorar o cuidado materno-infantil, fazer com que a paciente saia daqui cada vez mais satisfeita”, afirma a médica e diretora geral da Maria Amélia, Ana Murai. A cada ano, o número de nascimentos cresce no HMMABH. Só em 2015, 5.400 crianças chegaram ao mundo na Maternidade – 704 a mais
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Revista do Hospital Maternidade Maria Amélia Buarque de Hollanda
do que em 2013. Para atender a demanda e manter o padrão de qualidade do cuidado, a unidade vem intensificando ações de educação continuada. Mensalmente, cada chefe de Serviço realiza ao menos um treinamento com sua equipe. Os temas são livres e variam de acordo com as demandas de cada área. Outras atividades contemplam todos os colaboradores do Hospital. É o caso do curso sobre aleitamento materno, do treinamento para utilização da plataforma de TI e da I Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho (SIPAT), realizada entre os dias 2 e 5 de maio.
Nova administração No dia a dia, os processos de trabalho são constantemente revistos para aprimoramento dos fluxos internos. Desde julho de 2015,
Escutar para melhorar a Maternidade passou a ser administrada pelo Instituto Gnosis. “Registramos e analisamos periodicamente os indicadores de qualidade do HMMABH. A partir daí, conseguimos planejar melhor a gestão e adequar os serviços prestados sempre que necessário”, explica o diretor médico, Wallace Mendes. A Maternidade Maria Amélia também tem intensificado as ações de manutenção predial para garantir a excelência do atendimento. “Fizemos um levantamento e organizamos um cronograma de manutenções programadas. Algumas enfermarias já estão em obras e o próximo local a ser reformado é o Centro Cirúrgico – mas sempre aos poucos, para não trazer impactos ao cuidado. Até julho, essas ações devem estar concluídas”, adianta o diretor administrativo, Rafael Tostes.
Menos intervenções, mais saúde Criada para ser uma unidade de referência em partos humanizados – aqueles em que o nascimento acontece de forma mais natural, sem intervenções desnecessárias – a Maria Amélia disponibiliza diversos métodos não farmacológicos para alívio da dor durante o trabalho de parto. Em 2015, cerca de 80% das mulheres que tiveram seus filhos na unidade utilizaram esses recursos terapêuticos, que envolvem desde massagens, banhos quentes, aromaterapia, diminuição da luminosidade do quarto e exercícios respiratórios, até a liberdade de andar durante o trabalho de parto e de escolher a posição mais confortável para a chegada do bebê. “A mulher deve ser respeitada e participar de todas as etapas do parto. É fundamental que as decisões das equipes sejam compartilhadas com ela e sua família”, defende o diretor médico da Maternidade, Wallace Mendes. Na Maria Amélia, todas as gestantes têm, ainda, direito a um acompanhante, desde o momento da
A Ouvidoria é uma ferramenta fundamental para o aperfeiçoamento constante dos serviços da Maternidade Maria Amélia Buarque de Hollanda. Cada gestante é convidada a deixar, por meio de formulários de preenchimento simples, elogios, sugestões e até mesmo reclamações. Todas as observações são avaliadas e ajudam a valorizar o bom trabalho das equipes e a identificar possibilidades de melhoria.
admissão até a alta. Através do programa Cegonha Carioca, da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro, as grávidas que fazem o pré-natal na rede pública e estão referenciadas para a unidade também fazem visitas ao Hospital antes do momento do parto. “Tanto a visita do Cegonha Carioca quanto a presença de um acompanhante escolhido pela mulher fazem com que ela sinta mais segurança, mais tranquilidade. Isso faz toda diferença quando se fala em assistência humanizada no parto”, pontua a diretora geral do HMMABH, Ana Murai. Revista do Hospital Maternidade Maria Amélia Buarque de Hollanda
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amor de mãe
O primeiro
parto Conheça a história da dona de casa Luana e de seu filho, João Artur: o bebê número 1 do HMMABH
“U
m hospital de primeiro mundo.” É assim que a dona de casa Luana Gomes da Costa, de 34 anos, define a Maternidade Maria Amélia. Há 4 anos, Luana deu à luz João Artur: o primeiro bebê a nascer na unidade. “O João era grande, gordo e saudável. Todos dizem que parecia o Popeye por ser fortinho”, lembra a mãe. A vontade de ter o filho na Maria Amélia surgiu a partir de uma reportagem na TV. O pai do bebê, entretanto, tinha receio de que o hospital
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Revista do Hospital Maternidade Maria Amélia Buarque de Hollanda
ainda não estivesse com plena capacidade de funcionamento, por ter sido inaugurado há tão pouco tempo. A dúvida do ex-marido acabou fazendo com que Luana passasse primeiro por outra unidade, antes de chegar ao HMMABH. “Acordei de madrugada com muita dor. Meu ex-marido me levou para outra maternidade, mas eu fiz ele me levar de volta para a Maria Amélia. Eu queria ir para a maternidade nova. Nada me tirava isso da cabeça. Dei entrada lá às 9h e não tinha nenhuma paciente, só os funcionários. Meu ex-marido me olhou e disse: não acredito que somos os primeiros a entrar aqui”, recorda. Com muitas dores, Luana foi recebida pela equipe médica, que logo iniciou os procedimentos para realizar o parto. “Eu me senti uma popstar, principalmente por ser a primeira a dar à luz ali. De início, queria cesárea.
Mas os médicos e as enfermeiras foram me tranquilizando. Tive um parto humanizado, sem intercorrências e com uma equipe 100% profissional”, conta a primeira paciente da maternidade. A experiência foi tão importante para Luana, que a dona de casa ainda faz questão de levar o filho à Maria Amélia regularmente, para que todos acompanhem seu crescimento. “Os funcionários da maternidade são minha segunda família, são padrinhos e madrinhas de coração do meu filho. Nós dois, eu e meu bebê, fomos tratados com dignidade, respeito e amor”, agradece.
indicadores
Faltas ao trabalho caem mais de 80% Com taxa de absenteísmo mais baixa, atendimento às gestantes ganha eficiência
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rofissionais mais motivados, equipes completas e, consequentemente, um atendimento mais ágil e personalizado para as pacientes. Esses são alguns dos reflexos da queda na taxa de absenteísmo no Hospital Maternidade Maria Amélia Buarque de Hollanda (HMMABH). No último ano, o número de horas perdidas no trabalho caiu de 3,5% ao mês para menos de 0,5% na unidade. O absenteísmo engloba não apenas as faltas ao serviço. Atrasos e saídas, com ou sem justificativa, também são contabilizados na estatística.
Atualmente, o índice registrado na Maria Amélia está bem abaixo da meta proposta pela Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro. Segundo o órgão, o número deve ser de, no máximo, 3%.
Valorização das equipes A receita para a mudança, segundo a médica e diretora geral da Maternidade, Ana Murai, passa pela valorização dos bons funcionários, aqueles que têm baixo índice de ausências e que contribuem para o bom funcionamento do Hospital. “Todo mundo tem que ser valorizado pelo trabalho que faz. Quando um paciente faz elogio na Ouvidoria, pedimos para colocar o nome e levamos a mensagem
até as pessoas envolvidas. Quando alguém dá uma ideia que nos ajuda a aprimorar um fluxo de trabalho, essa pessoa recebe o crédito pela iniciativa. Somos uma diretoria aberta e todos podem trazer sugestões, participar”, convida. A valorização aparece também no dia a dia das equipes, especialmente com relação aos pacientes mais graves, como os prematuros extremos, que costumam permanecer muito tempo internados. Quando um deles tem alta, a comemoração é em conjunto. “Se esse bebê melhorou mais rápido, foi graças ao trabalho de um grupo e todos celebramos juntos. Eu acredito que valorizar as boas práticas e comemorar junto são atitudes transformadoras. Nós fazemos um exercício de olhar para trás, para como eram os processos antes, e comparamos com a forma como fazemos agora. Eu mostro para as equipes: ‘Olha como já melhoramos. E foi com a sua ajuda’”, conta Ana Murai. Revista do Hospital Maternidade Maria Amélia Buarque de Hollanda
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saúde
Parto humanizado: mais saúde para mães e bebês
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esde 2014, o Ministério da Saúde assegura, pelo Sistema Único de Saúde, o direito da mulher ao parto humanizado. Para muitas pacientes, contudo, esse ainda é um assunto que gera dúvidas. “A assistência humanizada vai além da sala de parto. É muito importante que as gestantes recebam informações sobre parto humanizado desde o pré-natal”, afirma a coordenadora de Enfermagem Obstétrica do Hospital Maternidade Maria Amélia Buarque de Hollanda, Danielle Couto. A informação adequada ajuda a vencer a insegurança das futuras mães – especialmente quando se trata da primeira gestação – e combate uma série de mitos sociais relacionados ao momento do parto. “Muita gente pensa, por exemplo, que quando o bebê está com o cordão umbilical enrolado no pescoço, o parto terá que ser feito por cesa-
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Revista do Hospital Maternidade Maria Amélia Buarque de Hollanda
riana. Mas isso não é verdade”, explica Danielle. No parto humanizado, todas as decisões são tomadas em conjunto com a gestante, de acordo com a evolução do trabalho de parto. A ideia é que mãe e bebê sejam, de fato, os personagens principais desse momento único. “Quando falamos de parto normal, estamos apenas nos referindo à via de nascimento, ou seja a via vaginal. A humanização é algo mais amplo, é uma questão de atitude. É respeitar a fisiologia da gestação e do parto, devolver o protagonismo do parto à mulher e garantir a ela o direito de conhecimento e escolha”, explica a coordenadora de Obstetrícia da Maria Amélia, Patrícia Frankel. A medicalização e a instrumentalização do nascimento devem ocorrer apenas em casos especiais, quando houver recomendação na literatura científica. “Vários procedimentos tidos
como rotineiros, como: restrição de ingestão de líquidos e alimentação, lavagem intestinal, raspagem dos pelos genitais, cateterização venosa e infusão de soro, episiotomia e contenção da gestante no leito se mostraram prejudiciais ou ineficazes na atenção ao parto, e não são mais recomendados”, afirma. Em lugar das tecnologias convencionais, outras alternativas são oferecidas para que a grávida tenha maior conforto durante o trabalho de parto. É o caso dos métodos não farmacológicos para o alívio da dor, como massagens, aromaterapia e banhos quentes. “A mulher também tem autonomia para deambular (caminhar), adotar a posição que achar mais agradável no momento do parto, dar à luz com música ambiente e com menos luz, além de receber suporte emocional durante todo esse processo”, destaca.
Você sabia?
Pele a pele Os momentos após o nascimento são fundamentais para estabelecer a interação entre mãe e bebê. Por isso, no parto humanizado, a criança é colocada diretamente sobre a pele da mulher, antes de passar por qualquer procedimento. O HMMABH incentiva, ainda, a amamentação na primeira hora de vida, atitude que tem impacto no sucesso do aleitamento materno. “O trabalho de parto e o parto normal também favorecem essa vinculação mais precoce entre a mulher e o filho, e estimulam a amamentação. Além disso, o clampea-
mento tardio ou oportuno do cordão umbilical reduz as chances de anemia no bebê”, ressalta a coordenadora de Obstetrícia.
Cesarianas: quando elas são indicadas? A cesariana é uma ferramenta importante para redução da morbidade e mortalidade materna e neonatal e pode ser indicada diante de diagnósticos específicos, como: placenta prévia total, mãe HIV positivo com carga viral elevada, herpes genital com lesão ativa, sofrimento
Cuidado compartilhado No Hospital Maternidade Maria Amélia Buarque de Hollanda, a assistência às gestantes no trabalho de parto é compartilhada, ou seja, obstetras e enfermeiros obstétricos partilham o cuidado e decidem juntos sobre os procedimentos adotados. “O sucesso para a humanização passa pelo entrosamento entre as equipes. E nós temos essa peculiaridade aqui na Maria Amélia”, comemora a coordenadora de Enfermagem Obstétrica do HMMABH, Danielle Couto. A enfermagem obstétrica assiste todos os partos de risco habitual e presta suporte aos médicos nos casos de alto risco. “Trabalhamos com as mulheres para estimular a não medicalização, respeitando as questões da humanização, como crença, religiosidade e fisiologia”, conta.
A evolução do trabalho de parto pode durar mais de 20 horas, em mulheres na primeira gestação (primíparas), e mais de 14 horas em mulheres com partos anteriores (multíparas).
fetal e alguns tipos de malformações congênitas fetais. Nesses casos, a cirurgia pode trazer benefícios para mãe e filho. Entretanto, quando realizadas de forma eletiva (fora do trabalho de parto) ou sem indicação, as cesarianas trazem maiores riscos do que vantagens para a gestante. “Como todo procedimento cirúrgico, a cesariana oferece maior risco de complicações. A perda sanguínea é maior, há maior risco de eventos tromboembólicos, de lesão de órgãos da cavidade abdominal e maiores taxas de infecção e hematoma em comparação ao parto normal”, alerta Patrícia Frankel. Outras complicações possíveis, a longo prazo, são as aderências pélvicas e a dor pélvica crônica, entre outros problemas que podem até mesmo afetar gestações futuras. No caso das cesarianas eletivas, os riscos de distúrbios respiratórios e morte neonatal também são mais elevados quando comparados ao parto normal. Revista do Hospital Maternidade Maria Amélia Buarque de Hollanda
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POR DENTRO DA MATERNIDADE
Multidisciplinaridade Na Maternidade Maria Amélia, trabalho em conjunto é mais do que um objetivo, é um lema que norteia todas as etapas da assistência
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Revista do Hospital Maternidade Maria Amélia Buarque de Hollanda
S
egunda-feira é dia de reuniões multidisciplinares no Hospital Maternidade Maria Amélia Buarque de Hollanda. Na parte da manhã, a direção se encontra com os coordenadores das áreas para discutir processos, tomar decisões sobre a assistência e avaliar o resultado de estratégias definidas em conversas anteriores. “Nós temos uma linha de trabalho, mas se alguma estratégia demonstra que não está dando o retorno esperado, nós mudamos. Não é algo engessado. E o olhar de todos os coordenadores é fundamental para fazermos essa avaliação e aprimorarmos os fluxos”, aponta a diretora geral da Maternidade, Ana Murai. À tarde, é a vez de assistentes sociais, psicólogos, fonoaudiólogos, enfermeiros, fisioterapeutas e médicos se reunirem com os pais dos bebês internados no Complexo Neonatal (UTI, UI e Unidade Canguru), para um proveitoso bate-papo. “Cada profissional leva para esse encontro, além do conhecimento técnico,
suas experiências com cada paciente ao longo da internação. Todos podem participar. A gente ouve cada mãe e pai e eles também trocam apoio e informações entre eles. Isso ajuda muito”, explica a chefe do Serviço de Psicologia do HMMABH, Fernanda Rangel. A proximidade entre os profissionais do Hospital, contudo, não se resume a encontros semanais. “O trabalho aqui flui de forma conjunta o tempo todo. Na direção, por exemplo, temos um grupo de Whatsapp que ajuda muito na comunicação. Todas as decisões são discutidas com os membros da equipe, mesmo nos horários em que estamos fora da Maternidade”, garante Ana Murai. Em cada Serviço ligado diretamente à assistência também são realizados periodicamente rounds para discussão de casos, definição de planos de cuidado e atualização de protocolos de atendimento. O espaço é aberto para que outras especialidades tragam contribuições, sempre que
“O trabalho aqui flui de forma conjunta o tempo todo. Todas as decisões são discutidas com os membros da equipe, mesmo nos horários em que estamos fora da Maternidade” Ana Murai, diretora geral
necessário. É uma equação simples: quanto maior a parceria entre as equipes, mais completo e integral é o serviço que chega às pacientes. Um exemplo é o atendimento integrado oferecido na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal: “Um prematuro extremo deve ser manuseado pelo médico, pelo enfermeiro e pelo fisioterapeuta, um seguido do outro. O atendimento precisa ser feito em conjunto para diminuir o estresse que o bebê pode sofrer e permitir que ele descanse, recupere-se, tenha um sono profundo. Assim, ele tende a crescer e ganhar peso mais rápido e, consequentemente, ter alta mais cedo”, explica a chefe do Serviço de Fisioterapia, Caroline Pollazzon.
Todos caminham juntos E não é só entre as áreas assistenciais que a multidisciplinaridade é uma regra de ouro na Maria Amélia. Profissionais de outros setores, como Recursos Humanos (RH), Tecnologia
Família Grávida da Informação (TI), Recepção, Limpeza, Controle de fluxo etc. também atuam de maneira integrada. “Quando a paciente chega no HMMABH, ela não vai direto para o médico. Ela passa pela recepção, pede orientação para o controlador de fluxo, pode precisar de um maqueiro para levá-la até um enfermeiro que vai fazer a classificação de risco ou a um técnico que vai medir a temperatura. Não adianta orientar apenas o médico. Todos precisam caminhar juntos”, destaca a diretora geral do HMMABH.
O Projeto Família Grávida é mais um espaço de discussão multiprofissional voltado para as pacientes do Hospital Maternidade Maria Amélia Buarque de Hollada. Semanalmente, enfermeiros, anestesistas, obstetras, epidemiologistas, nutricionistas e assistentes sociais se reúnem com gestantes e seus familiares para falar sobre os principais assuntos relacionados à gravidez, ao parto e ao puerpério. Os encontros acontecem sempre às quartas-feiras, às 10h.
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