Revista HSVP nº 23

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REVISTA DO

HSVP

ANO 8 • Nº 23 • JAN/MAR 2020

HOSPITAL SÃO VICENTE DE PAULO

ESPECIAL CÂNCER

SUPERAÇÃO Ana Furtado conta como venceu o câncer de mama

Novo Centro Avançado de Oncologia Tratamento completo do câncer

Estilo de vida 13 tipos de câncer têm relação com obesidade


EDITORIAL

SUMÁRIO

Bem-vindos a uma nova década

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Caros amigos, Estamos iniciando, com as bênçãos de Deus, mais um ano e um novo ciclo em nossas vidas. Desejamos que todos vocês tenham dias maravilhosos pela frente, com muita saúde, paz e alegria. Nós, do HSVP, estaremos em 2020 novamente focados em oferecer uma assistência de qualidade e humanizada, com o que de melhor a Medicina pode oferecer. Nesta edição, vamos aproveitar a recém-inauguração do nosso Centro Avançado de Oncologia para focar em diferentes assuntos que compreendem esta especialidade médica. Sabemos que o tema Oncologia envolve muitos vieses e engloba assuntos complexos que merecem ser esclarecidos. Esta será a nossa missão nas próximas páginas. Em destaque, na capa, uma história de força e superação. A atriz Ana Furtado conta sua experiência na luta contra o câncer de mama, com muita fé e otimismo. Para que você possa saber mais sobre as doenças oncológicas, nossos especialistas explicam as formas de prevenção e tratamento não só do câncer de mama, tipo que mais acomete mulheres no mundo, como também do de fígado e de próstata.

Manter hábitos saudáveis e alimentação adequada são fundamentais para a prevenção do câncer. Por meio do conhecimento e da experiência dos nossos oncologistas, você ficará por dentro do assunto. Mostraremos também a estrutura que o HSVP dispõe para o tratamento integral da doença, com exames de diagnóstico e terapias. Além disso, abordaremos outros serviços que estão à disposição da Oncologia no HSVP: plástica reparadora, imunoterapia, cirurgia oncológica, entre outros. Encerraremos esta edição com uma notícia que muito nos orgulha: a classificação do HSVP, mais uma vez, como um dos melhores hospitais da América Latina. O ranking, elaborado pela consultoria América Economía Intelligence, nos colocou como uma das 10 melhores instituições de saúde do Brasil e a melhor do Rio de Janeiro. Um excelente 2020 a todos e boa leitura!

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INAUGURAÇÃO Oncologia ganha Centro Avançado exclusivo CONSCIENTIZAÇÃO Mamografia: principal forma de diagnóstico do câncer de mama SAÚDE: Prevenção de doenças pode estar no prato As cores do câncer ENTREVISTA: Ana Furtado conta sua experiência com a doença Exames de imagens mais modernos NOVIDADE Boas novas para o tratamento de câncer de fígado Medicina de precisão: personalização de diagnósticos e tratamento

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Câncer de próstata tem relação direta com envelhecimento

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Plástica reparadora: mais qualidade de vida e autoestima DESTAQUE Imunoterapia: cura pode estar dentro do organismo

EVOLUÇÃO Cirurgias oncológicas menos invasivas

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Ir. Jacira Pereira dos Santos

Diretora Administrativa e Financeira do HSVP

RECONHECIMENTO Ranking internacional elege HSVP o melhor do Rio

HOSPITAL SÃO VICENTE DE PAULO

REVISTA DO HSVP

PRODUÇÃO: SB Comunicação

Rua Dr. Satamini 333, Tijuca, Rio de Janeiro/RJ Tel.: 21 2563-2121 • www.hsvp.org.br

CONSELHO EDITORIAL: Ir. Maria Cristina D’Abruzzo – Presidente Ir. Ercília de Jesus Bendine – Vice-Presidente Ir. Josefa Coissi – Diretora de Enfermagem e Suprimentos Ir. Maria Aparecida Ramos – Diretora de Serviços e Estrutura Ir. Jacira Pereira dos Santos – Diretora Administrativa e Financeira Dra. Eliane Castelo Branco – Diretora Médica e Técnica Vanderlei Timbó – Coordenador da Qualidade

EDIÇÃO: Veronica Lopes

Fundado em 1930 pelas Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo. DIRETORIA MÉDICA: Dra. Eliane Castelo Branco (CRM: 52-28752-5). CONSELHO ADMINISTRATIVO: Ir. Maria Cristina D’Abruzzo, Ir. Ercília de Jesus Bendine, Ir. Josefa Coissi, Ir. Maria Aparecida Ramos, Ir. Jacira Pereira dos Santos .

TEXTOS: Alessandra Eckstein, Mônica Lima, Thiago Ribeiro e Veronica Lopes APOIO EDITORIAL: Thiago Ribeiro PROJETO GRÁFICO: Maurício Santos DIAGRAMAÇÃO: Carolina Cardinali e Juliana Braga FOTOS: Mauricio Bazilio, Thiago Ribeiro; freepik.com; shutterstock.com IMPRESSÃO: Artecriação


INAUGURAÇÃO

Novo Centro Avançado de Oncologia:

tratamento integral da doença

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m outubro do ano passado, o HSVP inaugurou o Centro Avançado de Oncologia, que veio juntar-se a outros cinco serviços especializados já existentes no hospital – Oftalmologia, Ortopedia, Diagnóstico por Imagem, Hepatobiliar e Urologia. Agora, o paciente oncológico pode realizar todo o tratamento dentro da estrutura da unidade, desde o atendimento ambulatorial e exames até a internação e procedimentos cirúrgicos, quando necessários. O novo serviço está instalado em um prédio histórico de três andares, que ocupa uma área de 2,7 mil m2. A edificação faz parte do complexo hospitalar do HSVP e foi totalmente reformada e modernizada para o atendimento exclusivo em Oncologia. Nela, o paciente com câncer realiza as con-

sultas e também procedimentos como quimioterapia sistêmica por via periférica ou cateter, quimioterapia intraperitoneal, intravesical, por medicação subcutânea, intramuscular e intratecal e quimioembolização. “Receber um diagnóstico de câncer é sempre algo impactante para o paciente e traz vários questionamentos e inseguranças. Em geral, ele quer saber por onde começar o tratamento, qual é o que melhor se aplica ao seu caso, se o cabelo vai cair, se há chance de recidiva da doença. O atendimento integrado completo que oferecemos, feito no mesmo local e pela mesma equipe, pode ajudar a garantir a confiança que é necessária nesse momento tão delicado”, explica o coordenador da Oncohematologia do HSVP, Décio Lerner. A nova estrutura conta com três consultórios, dois leitos para procedimen-

tos, 14 poltronas para o tratamento quimioterápico com TVs privativas, rede wi-fi, acesso facilitado por rampas e elevadores e banheiros acessíveis para portadores de necessidades especiais.

Atendimento completo em um só lugar Especialidades como mastologia oncológica, cirurgias reparadora e oncológica, radioablação, radioterapia/ IMRT e anatomia patológica estão disponíveis dentro do hospital, evitando a necessidade de o paciente ter que procurar esses serviços em outras unidades. Nos exames laboratoriais, por exemplo, o paciente oncológico tem total prioridade nos resultados. “Esse serviço integrado também possibilita que os médicos possam discutir o caso de cada paciente de forma multidisciplinar, resultando mais objetividade e ganho de tempo, fatores fundamentais para muitos casos de câncer. Para o paciente, o grande benefício é não precisar se deslocar para outros centros de saúde para realizar cada etapa do tratamento”, resume Décio. A estrutura do centro cirúrgico, da internação e da Unidade de Terapia Intensiva do HSVP e a oferta de exames de imagem e diagnósticos, como tomografia computadorizada, ressonância magnética, endoscopia, colonoscopia e biópsias, se necessários, também estão à disposição dos pacientes do Centro Avançado de Oncologia.

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CONSCIENTIZAÇÃO

Muito além do

Outubro Rosa N

unca é demais falar sobre câncer de mama. Apesar de ser o tipo que mais acomete mulheres no mundo, segundo o último levantamento realizado pela Agência Internacional de Pesquisa em Câncer, seu diagnóstico na fase inicial eleva as taxas de cura a mais de 90% e permite a adoção de tratamentos menos agressivos. Embora mais raramente, a doença também afeta os homens. O grande desafio ainda é conscientizar as mulheres sobre a importância da realização da mamografia, que permite descobrir a doença no começo. O envelhecimento é um fator importante para o aparecimento desse tipo de câncer – o risco aumenta em 10 vezes a partir dos 60 anos –, mas fumar, se alimentar mal, estar acima do peso, ingerir álcool com frequência, ser sedentário e usar hormônios sintéticos em altas doses colaboram para a doença se desenvolver. O que muita gente ainda não sabe é que o autoexame, embora seja uma estratégia de autoconhecimento do corpo e que deve ser estimulado, não consiste em método de rastreamento para câncer de mama, pois não é capaz de descobrir tumores pequenos. “O exame indicado para a detecção precoce é a mamografia digital, que deve ser realizada anualmente em mulheres a partir dos 40 anos”, esclarece a coordenadora do serviço de Mastologia do HSVP, Joyce Ribeiro.

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A radiologista do HSVP, Ana Claudia Rodrigues, alerta para a diferença entre rastreamento mamário e diagnóstico precoce. “Quando falamos em rastreamento, nos referimos a uma pessoa que não tem sinal nem sintoma que sugiram doença na mama. O diagnóstico precoce é quando a paciente já apresenta alguma queixa, que pode ser um nódulo na mama, eliminação de líquido pelo mamilo e retração ou abaulamento da pele. Esses sinais podem ser indicativos de câncer de mama, que serão verificados através de exames”, explica. Quando é detectada alguma alteração na mamografia, dependendo do aspecto, a paciente é encaminhada para outras etapas: acompanhamento da lesão ou coleta de material para a realização de biópsia. A atuação de uma equipe multidisciplinar é fundamental nesses casos. “Temos no HSVP um grupo de profissionais trabalhando de forma integrada em uma estrutura exclusiva para

a Oncologia. Para o paciente, isso é importante porque dá mais precisão nos diagnósticos e melhor resultado em um tempo mais curto. Especialmente nos casos de câncer de mama, o tempo entre o diagnóstico e o início do tratamento tem que ser o menor possível”, conclui Ana Claudia.

Autoconhecimento Apesar da mudança de protocolos em relação ao autoexame das mamas, é importante que as mulheres conheçam o próprio corpo. “Nem sempre as lesões iniciais podem ser descobertas por meio do exame clínico, mas sempre falo para as minhas pacientes que elas precisam conhecer seus corpos. Então proponho a elas um exercício de autoconhecimento: conheçam sua mama, porque assim será mais fácil identificar alguma alteração. Mas sempre reforço que elas não podem descuidar da mamografia anual a partir dos 40 anos”, comenta Joyce.

Joyce Ribeiro Coordenadora do serviço de Mastologia

Ana Claudia Radiologista

“O HSVP foi um divisor de águas para mim” Hoje curada e casada, Nicolli Scatolino, mãe do Eduardo, de um ano, e grávida da Fernanda, quase viu seus planos desmoronarem em 2011. Em março, faltando apenas seis meses para a cerimônia do seu casamento, ela descobriu um nódulo na mama esquerda. Ao investigar, havia uma alteração. “Levei o laudo para a minha ginecologista, que pediu uma biópsia para averiguar”, conta. Quando saiu o resultado, a médica foi direto ao assunto. “Ela nem me deixou sentar e anunciou o câncer de mama. Era junho e eu estava com o casamento marcado para setembro. Ela me disse que cancelasse tudo porque eu tinha que fazer logo a cirurgia e depois a quimioterapia e que, se corresse tudo bem, eu poderia casar no ano seguinte”, lembra Nicoli, que procurou outros médicos, todos com a mesma postura. “Eu estava com 29 anos e não é muito frequente uma paciente tão nova com esse diagnóstico. Todos diziam que eu deveria cancelar ou postergar o casamento. Até que me indicaram a Dra. Joyce”, relembra. No HSVP, Nicoli conta que recebeu uma abordagem diferente e otimista. “Aquela consulta foi um divisor de águas para mim e para a minha família, na forma de encarar a doença e o tratamento. Quando eu falei do casamento, a Dra. Joyce disse que tinha tempo suficiente para a cirurgia antes e que nós poderíamos programar, inclusive, uma viagem curta de lua de mel”, relata. O casamento aconteceu na data programada. “Quando voltei de viagem fiz a quimioterapia, depois radioterapia e hormonioterapia, tudo no HSVP. Em 2017, comentei em uma consulta que queria engravidar. Como já havia feito o uso do bloqueador hormonal por cinco anos, suspendemos o medicamento. No ano seguinte nasceu o Eduardo e agora estamos à espera da Fernanda”, comemora.

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SAÚDE

Alimentação saudável:

elixir para a prevenção e o tratamento do câncer

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adoção de uma alimentação saudável é fundamental para prevenir diversas doenças, inclusive o câncer. Já se sabe que o aparecimento de alguns tipos de câncer está diretamente relacionado à obesidade – entre eles de mama, rins e intestino – e que se alimentar da forma correta ajuda a manter o organismo são e protegido contra fatores que colaboram para a sua degeneração. Alimentos naturais e crus como frutas, verduras e hortaliças merecem lugar de destaque no prato. As proteínas animais também devem fazer parte das refeições, a menos que haja alguma contraindicação nesse consumo. A carne vermelha, que vem sendo evitada por muita gente, também pode ser consumida, mas com moderação. “Oriento que ela entre no cardápio cerca de duas vezes por semana”, comenta a nutricionista do Centro Avançado de Oncologia, Cristiane Feldman. Outros tipos de proteína animal como peixe, frango, ovos, leite e queijo também podem – e devem - constar na alimentação diária. Existem muitas pesquisas em andamento sobre alimentos poderosos no combate ao câncer. Mas, segundo a profissional, ainda há poucas comprovações nesse sentido. “Foram feitos estudos importantes que mostram que sementes, frutas secas e oleaginosas dimi-

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nuem o risco de desenvolvimento de câncer de intestino, inclusive sua recidiva. Mas o que se sabe de fato é que a alimentação saudável e variada, de modo geral, diminui muito o risco da doença”. Além da preocupação em comer bem, manter o peso adequado e praticar atividade física de forma constante são fundamentais. Essa tríade é uma grande aliada na manutenção da saúde e prevenção de doenças.

Veneno no prato Apesar de o consumo de alimentos com agrotóxicos estar cada vez mais sendo relacionado ao surgimento de casos de câncer, ainda não há comprovação científica sobre isso. Mas, para quem pode, é indicado priorizar a compra de alimentos orgânicos. Caso não seja possível, capriche na higienização de produtos que forem consumidos crus com produto específico para este fim em vez de vinagre, cloro ou água sanitária. “Deve-se lavar o alimento em água corrente, deixar de molho em solução de hipoclorito de sódio por 20 minutos, lavar com água filtrada e guardar na geladeira sem deixá-lo exposto”, explica a nutricionista.

Cristiane Feldman Nutricionista do Centro Avançado de Oncologia


“Quanto melhor estiver o estado nutricional do paciente, menor o risco de reações adversas” Cristiane Feldman, nutricionista do Centro Avançado de Oncologia

Pacientes oncológicos demandam mais cuidado com a alimentação Os pacientes oncológicos precisam dedicar atenção especial ao que ingerem. Se alimentar bem e regularmente, evitando ficar em jejum, são regras de ouro para quem está em tratamento. Durante a consulta com o nutricionista, é avaliado o que o paciente consegue comer, seus hábitos nutricionais e se é necessário fazer um suporte de calorias, proteínas, vitaminas e minerais, sem restrições desnecessárias. “Precisamos saber primeiro qual é o diagnóstico da doença, a localidade, o estadiamento e o tratamento que será proposto ou que está em andamento. Também temos que avaliar o estado nutricional do paciente para dar o suporte adequado e individualizado, respeitando as necessidades fisiológicas e metabólicas de cada um. Temos que antecipar, por exemplo, possíveis sintomas que já são esperados por conta do uso de medicamentos e drogas quimioterápicas. Somente a partir disso é que podemos prescrever uma dieta personalizada. Se alimentar corretamente é um grande aliado e diferencial nesse momento, pois diminui o risco de complicações durante o tratamento. Quanto melhor estiver o estado nutricional do paciente, menor o risco de reações adversas, intercorrências e toxicidade do tratamento”, ressalta Cristiane. De forma geral, a orientação é incrementar a hidratação, evitar alimentos processados e gordurosos e não pular refeições. Para estar bem hidratado, a recomendação é ingerir diariamente 30 a 35 ml de líquidos por cada quilo do peso corporal (exemplo: um paciente com 60kg deve tomar cerca de 1,8 litros de líquidos por dia), podendo ser água, sucos naturais, água de coco, refresco ou chá.

Proteína animal: imunidade em alta O consumo de proteína animal não só deve ser mantido pelos pacientes oncológicos, como também incrementado. “Esse tipo de proteína ajuda muito na imunidade e esses pacientes precisam estar com ela em alta para levar bem o tratamento até o final. A carne vermelha, por exemplo, contém ferro, que é melhor aproveitado e absorvido pelo organismo”, orienta Cristiane. Hortaliças, frutas e verduras devem estar no prato todos os dias, mas reforçando os cuidados com a higienização, já que o paciente com câncer conta com menos células de defesa no organismo durante a quimioterapia. “As bactérias resistentes não são vistas a olho nu. Se o paciente consome algo contaminado, corre um risco maior de desenvolver uma infecção, podendo agravar seu estado de saúde e o seu tratamento”.

Melhores escolhas Frituras, alimentos processados e enlatados, embutidos, temperos artificiais, bebidas prontas e refrigerantes devem ser evitados. A nutricionista explica que comer a cada três horas, mesmo que pouco, é fundamental para evitar sintomas como náuseas e enjoos. “Alguns pacientes alegam que não comem porque ficam enjoados, mas fazer isso piora esse sintoma. É melhor ingerir pouca comida várias vezes ao dia do que ficar sem comer por muito tempo”. O consumo de álcool é controverso. “Apesar de alguns oncologistas acreditarem que um copo de cerveja ou uma taça de vinho não oferecem risco ao paciente, peço para evitarem. O tratamento já é bastante tóxico para todos os órgãos, inclusive para o fígado. Então, quanto menos sobrecarga para o organismo nesse momento, melhor”, pondera a especialista.

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Prevenção o ano todo

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Adolfo Pentagna Oncologista do Centro Avançado de Oncologia

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estilo de vida pode ser determinante “Não conseguimos quando o assunto é câncer. Já se sabe que 13 tipos da doença são mais comuns impedir o avanço da em pessoas obesas, por exemplo – mama, tireoide, fígado, pâncreas, estômago, vesícula biliar, inidade, mas podemos testino grosso, ovários, útero, rins, mieloma múltiplo, a prevenir ao longo da maioria dos tumores do esôfago e meningioma. Hábitos saudáveis como alimentação equilibrada, com pouco sal e vida diversos fatores gordura, boa ingestão de líquidos e prática regular de exercíque contribuem para cios são medidas essenciais para quem quer cuidar da saúde. “A obesidade, por si só, já é um estado inflamatório do o desenvolvimento corpo e isso ajuda a explicar porque diversos tipos de câncer estão relacionados com o excesso de peso”, explica da maioria dos Adolfo Pentagna, oncologista do Centro Avançado tipos de câncer” de Oncologia. O envelhecimento também ocupa papel Adolfo Pentagna, importante no surgimento da doença. “Não oncologista conseguimos impedir o avanço da idade, mas podemos prevenir ao longo da vida diversos fatores que contribuem para o desenvolvimento da maioria dos tipos de câncer. Não fumar, manter-se ativo, fazer os exames preventivos, se proteger do sol, evitar o estresse e o consumo excessivo de álcool são cuidados que ajudam muito na prevenção não só do câncer, mas de diversas outras doenças”, ressalta o especialista.


As cores do câncer Fevereiro Laranja - Leucemia Suas causas ainda não são totalmente definidas, mas tabagismo, exposição prolongada a produtos como benzeno, formaldeído, agrotóxicos, solventes e diesel, além de histórico familiar e síndromes como a mielodisplasia e de Down são fatores que podem aumentar o risco.

Março Azul-marinho - Câncer Colorretal É o segundo mais comum entre as mulheres e o terceiro entre os homens. Quando descoberto na fase inicial, tem cerca de 95% de chance de cura. Adotar uma dieta saudável, evitar carnes vermelhas e embutidos, praticar exercícios físicos, controlar o peso, não fumar e não ingerir bebidas alcoólicas em excesso são cuidados fundamentais na prevenção.

Março Lilás - Câncer do Colo do Útero Descoberto através do exame preventivo, esse tipo de câncer é quase sempre curável. A prevenção é feita com o uso de preservativos, masculino ou feminino, durante a relação sexual a fim de evitar a contaminação pelo Papilomavírus Humano (HPV).

Outubro Rosa - Câncer de Mama Cerca de 30% dos casos podem ser evitados com hábitos saudáveis como manter o peso adequado, alimentar-se bem, evitar o consumo de álcool e o uso de hormônios sintéticos, como anticoncepcionais e terapias de reposição hormonal, praticar atividade física e amamentar (saiba mais nas págs. 4 e 5).

Novembro Azul - Câncer de Próstata Tem grande relação com o envelhecimento, mas obesidade, histórico familiar, má alimentação e exposição a químicos como aminas aromáticas, arsênio, produtos do petróleo, motor de escape de veículo, hidrocarbonetos policíclicos aromáticos, fuligem e dioxinas aumentam o risco da doença (leia mais na pág. 15).

Dezembro Laranja - Câncer de Pele Tipo mais comum no país, tem ligação direta com a exposição incorreta ao sol. A prevenção dos tipos melanoma e não melanoma pode ser feita com cuidados simples como tomar sol antes das 10h e após às 16h, usar roupas, bonés ou chapéus, óculos escuros e barracas de praia com filtro UV, ficar em lugares com sombra, usar filtro solar com fator de proteção 30, no mínimo,e aplicar filtro solar próprio para os lábios.

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E N T R E V I S TA

“Sempre soube que

eu era maior e mais forte do que a doença”

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m maio de 2018, a atriz e apresentadora Ana Furtado veio à público revelar que estava com câncer de mama. Na época, ela já tinha passado pela cirurgia de retirada do tumor e iniciava as sessões de quimioterapia e radioterapia. Apesar da necessidade de fazer algumas adaptações no seu dia a dia, especialmente na alimentação, sua rotina mudou pouco durante o tratamento. Ana continuou à frente do programa “É de casa” e ganhou um papel na novela “A dona do pedaço”, ambos da TV Globo. Em dezembro do mesmo ano, ela anunciou o fim do tratamento. Nessa entrevista à Revista do HSVP, Ana detalha como encarou todo o processo e os ensinamentos que a doença deixou. Confira!

FOTOGRAFIA: PINO GOMES

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“A fé me ajudou a superar todos os desafios. Com a minha cura não foi diferente.” - Como você descobriu que estava com câncer? Ana Furtado: Meus exames de rotina estavam em dia, mas senti um nódulo no seio e corri para refazer os exames clínicos. Fiz, em seguida, a mamografia, que confirmou a doença. Percebi a alteração a partir do autoexame, mas esse não deve ser considerado o método principal de detecção do câncer. É importante frisar que esse procedimento não substitui o exame clínico realizado por um mastologista. - E qual foi a sua reação ao receber a notícia? AF: Foi um baque, mas não desmoronei. Sempre soube desde o primeiro segundo que venceria esse grande desafio. - Como foi o processo do tratamento? AF: Na minha opinião, o mais importante é ter o apoio da família, ter muita fé e confiar no seu médico. É preciso ter muita força e coragem para enfrentar um dia após o outro. Para muitos, o câncer pode ser uma grande ameaça, o fim, o castigo, a dor e a morte. Decidi que não teria essa postura diante da doença. Transformei tudo isso em aprendizado, autoconhecimento e em uma oportunidade de ressignificação da minha vida. Eu sempre fui a protagonista da minha vida e não daria ao câncer esse poder. Sempre soube que era maior e mais forte do que ele. - Qual a importância do apoio da família, dos amigos e, no seu caso, dos fãs durante o tratamento? AF: Apoio é cura. Significa muito para o paciente e ninguém precisa ser especialista para oferecer isso. Eu sempre digo que cada mensagem de carinho que recebi dos meus familiares, amigos e fãs fez uma enorme diferença no meu tratamento. Cada um de nós tem uma história, mas todos somos iguais nesta luta. E,

durante a jornada, um gesto simples, uma palavra, um sorriso, um abraço, tudo isso tem o poder de fortalecer, revigorar, renovar a esperança, trazer vida e cura. - Que tipo de lição ou ensinamento a doença trouxe para você? AF: Todos nós desejamos ter uma vida longa, saudável e feliz, mas não temos garantia de nada. Não sabemos se amanhã estaremos aqui. Viver o hoje, o agora, é a chave. A perspectiva sobre a vida muda completamente a partir dessa ótica. O amanhã só existirá se houver o hoje. Então viva-o plenamente. Um dia de cada vez, aproveitando cada instante para se conectar consigo, com quem você ama e valorizar as coisas simples. Respirar, acordar todos os dias, não sentir dor, dentre tantas outras coisas simples da vida, lhe tornam uma pessoa abençoada. - Muitas pessoas que passam por doenças graves citam a fé como uma grande aliada durante o tratamento. Isso aconteceu com você? AF: A fé sempre me ajudou a caminhar e a superar todos os desafios que encontrei na vida. Para conquistar a minha cura não foi diferente. - Você mudou alguma coisa na sua vida ou na sua rotina após a cura? AF: Viver um dia de cada vez. Cada manhã é um recomeço e um presente. - Você deve ter recebido muitos relatos de mulheres que passaram pelo mesmo problema. AF: Dentre tantas coisas importantes que eu aprendi com a doença, ajudar foi o que mais me fortaleceu e fortalece todos os dias. Dar espaço e voz a tantas mulheres e ser inspiração tem sido muito gratificante. Esse é um dos meus propósitos de vida. - A sua imagem é um dos seus instrumentos de trabalho. Houve esse tipo de preocupação ao receber o diagnóstico? AF: Não pensei nisso. Pensava apenas em viver e que seria vitoriosa!

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Imagens que

salvam vidas

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Emeliano Folly Gerente do Serviço de Apoio Diagnóstico e Terapêutico

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revenir é melhor do que remediar, ensina a sabedoria popular. E quando se trata de prevenção ao câncer, uma estrutura robusta de serviços de diagnóstico e terapia é fundamental. O recém-inaugurado Centro Avançado de Oncologia do HSVP conta com o suporte do que há de mais moderno em tecnologia e recursos em exames de imagem e de laboratório e no tratamento de fisioterapia no Serviço de Apoio Diagnóstico e Terapêutico (SADT). O núcleo abrange diversos setores do hospital. “Temos todos os serviços de diagnóstico e terapia que o paciente oncológico pode precisar. Também prestamos apoio a outras áreas como o centro cirúrgico, a emergência, unidades de internação e o CTI, além dos exames solicitados nos atendimentos ambulatoriais”, explica Emeliano Folly, gerente do SADT. Para pacientes em tratamento de câncer ou para aqueles que estão realizando acompanhamento médico com objetivo de prevenir a doença, contar com todos os exames no mesmo lugar é garantia de conforto e segurança. “O HSVP oferece aos pacientes uma estrutura completa, que é constantemente aprimorada em relação à inovação tecnológica. Estamos antenados com o que há de mais atual e isso, para o rastreamento e acompanhamento de doenças como o câncer, é de fundamental importância”, afirma ele.

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Novidades a caminho A grande novidade é que ao longo deste ano o parque tecnológico de exames de imagem do HSVP será totalmente renovado e atualizado. “Já estamos implementando várias atualizações. Iniciaremos o ano com a inauguração da nova ressonância magnética, em fevereiro, e, logo depois, atualizaremos o aparelho de hemodinâmica e as duas tomografias computadorizadas. Paralelamente, estamos atualizando os equipamentos de Raio-X e ultrassom”, adianta ele. Tantas novidades tecnológicas vão deixar o SADT do HSVP alinhado com o que há de mais avançado no mercado. “A nova ressonância magnética representa uma grande melhora no atendimento. Com ela, será possível, por exemplo, fazer exames complementares à mamografia com muito mais detalhes, além de guiar com maior precisão a marcação das biópsias, garantindo mais segurança e resultados mais acurados”, acrescenta Folly. Além desses ganhos, haverá uma redução no tempo de espera para a realização de alguns exames. “Na ressonância que temos hoje, um procedimento pode durar em torno de 45 a 60 minutos. Com a novidade, o mesmo exame será realizado em cerca de 20 a 30 minutos, permitindo atender mais pacientes e aumentar a nossa produtividade”, conclui.


NOVIDADE

Boas notícias para o paciente

com câncer de fígado

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câncer de fígado é o quinto tumor mais frequente no mundo entre os homens e o nono entre as mulheres, segundo o Instituto Americano de Pesquisa do Câncer. Apesar de não ser um dos tipos mais prevalentes, a doença tem, muitas vezes, diagnóstico difícil e sua evolução costuma ser rápida após o aparecimento dos primeiros sintomas, que costumam surgir somente nos estágios mais avançados do tumor. Embora seja importante acender o alerta para o reforço das ações de prevenção da doença – não fumar, controlar o peso e evitar a ingestão de álcool –, novos medicamentos e tratamentos trazem a perspectiva de aumento na qualidade de vida e na sobrevida de pacientes que não são candidatos a transplantes de órgãos e nem à remoção cirúrgica do tumor. “A boa notícia é que novas medicações para Hepatite C chegam a obter índices de cura de até 98% deste vírus, reduzindo casos de cirrose e, consequentemente, diminuindo a incidência do carcinoma hepatocelular provocado pela doença”, conta Douglas Bastos, cirurgião do aparelho digestivo e de transplante hepático do HSVP.

“A ablação é destinada aos pacientes no estágio I deste tipo de câncer, inicialmente candidatos ao transplante hepático, mas que não podem ser transplantados por terem outras doenças importantes associadas. Esta terapia é tida como potencial curativo para essas pessoas”, afirma Bastos. Já a radioembolização é uma opção para pacientes inoperáveis e tem como principal benefício o tratamento conjunto com a quimioterapia. “O maior benefício é retardar o avanço da doença, melhorando a sobrevida e a qualidade de vida do paciente”, ressalta Douglas. Com diagnóstico de cirrose em fase inicial e tumor no fígado, a pedagoga Lúcia Helena Santos é um exemplo do trabalho integrado realizado no HSVP. A paciente foi tratada por médicos dos Centros Avançados Hepatobiliar e de Oncologia. “Fiz a cirurgia por vídeo e tive uma recuperação excelente. Recebi alta no quarto dia após a operação e já fui liberada pela Oncologia”, comemora Lúcia, que está curada.

Douglas Bastos Cirurgião do aparelho digestivo e de transplante hepático

Alternativas menos invasivas De acordo com o especialista, a esperança de cura também reside nas novas técnicas minimamente invasivas para o tratamento de tumores, como a ablação por micro-ondas – também chamada de radiofrequência – e a radioembolização. Os procedimentos são utilizados em diferentes estágios no tratamento do tumor de fígado, em pessoas que não podem fazer o transplante ou a cirurgia.

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Medicina de precisão:

o futuro no combate ao câncer

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ocê já ouviu falar em Medicina de precisão? Países como Estados Unidos e Inglaterra vêm investindo dezenas de milhões de dólares nos últimos anos em pesquisas neste campo da ciência, também chamado de Medicina personalizada. É a alta tecnologia sendo aplicada de maneira individualizada, com potencial para revolucionar diagnósticos e tratamentos de diversas doenças. A nova área busca examinar com mais detalhes cada tumor de cada paciente com a intenção de descobrir qual é a alteração molecular que permite seu crescimento ou o bloqueio da sua destruição. Dessa forma, torna-se possivel definir um tratamento direcionado para aquela alteração molecular, específico para aquele tumor, único para aquele paciente. De acordo com o oncologista do Centro Avançado de Oncologia do HSVP, Cristiano Duque, este avanço da Medicina vem sendo possível por alguns motivos: décadas de estudos de pesquisadores tentando entender melhor o câncer, a evolução da biologia molecular e o desenvolvimento de novas drogas, que viabilizaram a identificação de alvos moleculares e a escolha de medicamentos apropriados para cada caso. “Quando eu comecei a estudar Oncologia, a única opção disponível para tratar o câncer de pulmão avançado, por exemplo, era a quimioterapia, com eficácia limitada e muita toxicidade. Tentávamos oferecer um

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tratamento personalizado, com base nas preferências de cada pessoa, na sua história de vida e outras doenças coexistentes, mas essa possibilidade ainda era incipiente. Atualmente, além de levar tudo isso em conta, fazemos a análise do tumor em busca de mutações ou outras alterações moleculares. Quando isso ocorre, é possível oferecer, por exemplo, um tratamento via oral, com mais comodidade, maior controle do crescimento tumoral e menos efeitos adversos”, explica o oncologista. Na opinião de Duque, a Medicina de precisão representa um enorme avanço, mas é preciso manter as expectativas sob controle e não superestimar a novidade, como aconteceu com o projeto de sequenciamento do genoma humano. “Ainda são poucos os grupos de tumores em que é possível identificar um alvo molecular e ter à disposição um remédio eficaz para esse alvo. Além disso, devido ao custo dos exames e dos tratamentos, a Medicina de precisão dificilmente estará disponível para toda a população. Em se tratando de câncer, por maiores que sejam as novidades, o foco sempre deve estar na prevenção e no diagnóstico precoce”, esclarece o especialista.


Diagnóstico precoce é a melhor forma de prevenir o câncer de próstata

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ais do que os outros tipos da doença, o câncer de próstata é diretamente relacionado ao envelhecimento. As estatísticas mostram que cerca de 75% dos casos no mundo acontecem em homens a partir dos 65 anos. Além disso, a hereditariedade (parentes até 2º grau) também é um fator importante para o aparecimento do problema, que é o segundo mais comum entre os homens e também o segundo mais letal. “Sabemos que uma dieta rica em gordura animal, por exemplo, aumenta as chances da doença, assim como a obesidade, que costuma ter relação com tumores mais agressivos. Mas, ao contrário do câncer de pulmão, por exemplo, que está ligado diretamente ao tabagismo, não podemos afirmar que há formas de prevenir o câncer de próstata mudando hábitos”, ressalta Renato Faria, urologista do HSVP. A melhor forma de se proteger é incorporar no planejamento anual a ida ao urologista. Homens negros e com histórico familiar devem fazer a

primeira consulta a partir dos 40 anos; todos os outros devem começar a se prevenir aos 45 anos. Os exames de dosagem de PSA, toque retal e urina (EAS) são a trinca de ouro para manter a saúde em dia e prevenir a doença. Quando descoberto precocemente, além dos altos índices de cura, torna-se possível o uso de uma maior gama de tratamentos e de medicações que aumentam as chances não só de cura como de controle. “Temos observado no país o aumento da busca ativa dos homens pelo urologista e o consequente crescimento no número de diagnósticos. Apesar da mortalidade ainda ser alta, há uma tendência de diminuição. Temos muitos casos que são descobertos tardiamente, com o avanço rápido da doença, que costuma ser silenciosa. Sabemos que 20% dos diagnósti-

cos são em pacientes com o câncer já em estágio avançado e com metástase”, observa o especialista.

Hábitos que protegem Alimentação saudável – com destaque para alimentos ricos em vitaminas A, C, D e E, especialmente os de cor verde e amarela, além de brotos e soja –, atividade física (30 minutos, quatro a cinco vezes por semana), sono e atividade sexual em dia e pouco consumo de gordura de origem animal são alguns cuidados que, se inseridos na rotina, podem ajudar a evitar a doença. “É importante manter o peso adequado e não fumar. O vinho também é um fator protetor: recomendamos uma dose de cerca de 150 ml por dia durante a refeição. Mas não pode ser cumulativa e beber uma garrafa inteira no final de semana”, alerta o médico.

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Cirurgia plástica reparadora devolve saúde e autoestima

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assada a primeira fase de tratamento do câncer, chega o momento de a equipe médica avaliar se é hora da alta definitiva ou se são necessários outros procedimentos para melhorar ou mesmo devolver a qualidade de vida que o paciente tinha antes de a doença aparecer. É aí que entra a cirurgia plástica reparadora. A intervenção se aplica, principalmente, na reparação de defeitos causados por mutilação de membros, reconstrução das mamas e microcirurgia para evitar amputações em alguns casos. A cirurgia plástica reparadora também é amplamente utilizada no tratamento do câncer de pele. “A microcirurgia é a técnica mais inovadora que existe atualmente e que permite a reconstrução sofisticada de grandes defeitos causados pela retirada dos tumores. Nesse procedimento é feito o transplante de tecidos de uma parte do corpo para outra com o auxílio do microscópio, ligando vasos e nervos”, detalha o chefe do serviço de Cirurgia Plástica e Microcirurgia do HSVP, Mário Galvão, referência em microcirurgia no país.

Reparação das sequelas do câncer de mama Uma das cirurgias reparadoras mais comuns em casos de câncer é a de reconstrução das mamas. De acordo com o especialista, a indicação correta de qual método será usado nessa reconstrução pode variar em cada caso. A cirurgia pode ser feita, inclusive, imediatamente após a

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mastectomia (retirada completa da mama), desde que haja indicação do mastologista. “Há várias possibilidades e vamos definir qual será utilizada de acordo com a idade da paciente, tipo e localização do tumor e os defeitos causados pela doença. Quando existe área doadora (excesso de pele e gordura) abaixo do umbigo, por exemplo, o melhor método é usar tecido do próprio corpo na reconstrução da mama”, pondera. Nesses casos também é comum a indicação do uso de próteses de silicone ou poliuretano e expansores de pele, que são próteses de silicone vazias colocadas abaixo da pele e dos músculos da região a ser reconstruída. “Esses expansores possuem uma válvula que é preenchida com soro para provocar um estiramento da pele. Após um período, quando a mama reconstruída já adquiriu tamanho semelhante ao da mama preservada, retiramos o expansor e trocamos por uma prótese mamária definitiva”, explica Galvão.

Em busca de melhores resultados No caso do tratamento do câncer de pele, é comum a doença atingir a face do paciente. “Nessas situações a reconstrução estética costuma ser feita no nariz, lábios, pálpebras e orelhas. É importante que esses procedimentos sejam realizados por cirurgiões plásticos com profundo conhecimento de cirurgia estética para que haja refinamento na estrutura que ele vai reconstruir”, conclui o cirurgião.

Mário Galvão Chefe do serviço de Cirurgia Plástica e Microcirurgia


D E S TA Q U E

Imunoterapia:

defesa natural do corpo em prol da cura

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sistema imunológico trabalha de forma incansável para combater os invasores que tentam a todo momento atacar o organismo. Mas, por motivos ainda pouco conhecidos, essa complexa rede de proteção ignora as células cancerígenas. Um dos principais avanços nos últimos anos no tratamento do câncer, a imunoterapia, atua exatamente estimulando essa defesa natural do corpo utilizando medicações ou substâncias feitas de organismos vivos como glóbulos brancos, órgãos e tecidos do sistema linfático. A imunoterapia “ensina” o sistema imunológico a reconhecer o tumor como um invasor a ser combatido. Dessa forma, essa proteção natural é ativada, permitindo não apenas o reconhecimento da célula doente, mas também despertando a autodefesa do organismo e estimulando que ele iniba o crescimento e a disseminação do tumor ou mesmo o destrua. “Como essa terapia apenas estimula o sistema imunológico, o médico pode indicar um tratamento complementar que forneça ao organismo proteínas para tornar esse sistema mais eficaz, associando outros medicamentos para acelerar o combate à doença. Essa associação é feita para tratar tumores de alta prevalência como câncer de pulmão e câncer de mama, por exemplo”, esclarece a hematologista e oncologista do HSVP, Christiane Secco.

Nova terapia veio para ficar Disponibilizada pelo HSVP desde a sua aprovação pela Anvisa, em 2018, a imunoterapia também pode ser usada de forma isolada. “Nos casos de câncer no rim, melanoma e algumas leucemias e linfomas, a imunoterapia é a terapia de primeira linha, sem outras combinações”, ressalta a médica. Segundo ela, a imunoterapia veio para ficar e agregar valor ao tratamento oncológico. “Estamos aprendendo a lidar com seus efeitos colaterais, que não são poucos e estão relacionados também com a ativação do sistema imunológico do organismo humano. Certamente teremos protocolos mais precisos para controle desses efeitos no futuro”, reforça Secco.

Christiane Secco Hematologista e oncologista do Centro Avançado de Oncologia

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EVOLUÇÃO

Técnicas minimamente invasivas já são realidade na cirurgia oncológica

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início do tratamento de um câncer chega acompanhado de muitas dúvidas e medos. Como será esse processo? Haverá necessidade de cirurgia, quimio ou radioterapia? Na busca pela cura e pela qualidade de vida do paciente, uma equipe experiente capaz de orientá-lo da melhor maneira, transmitindo tranquilidade e otimismo, e de definir quais os métodos mais adequados para cada caso é fundamental. “Todo paciente precisa ter esperança e os profissionais devem ajudá-lo nisso, explicando sobre o tratamento, mas também levando paz e apoio a ele”, defende o chefe do serviço de Cirurgia Oncológica do hospital, Alemar Salomão, do alto de sua experiência de 50 anos atuando na área, 49 deles no HSVP e 45 no Instituto Nacional de Câncer (INCA). Ao longo dessas cinco décadas, Salomão acompanhou muitas inovações no setor. Entre elas, a evolução dos exames, como a endoscopia e o pet scan, que detecta tumores no organismo, a melhoria das Unidades de Tratamento Intensivo e da especialização dos cirurgiões oncológicos. Além disso, a conscientização cada vez maior da população sobre a importância da prevenção e da realização dos exames de rotina como formas de antecipar um possível diagnóstico vem ocupando um importante papel, segundo o especialista. As cirurgias minimamente invasivas, feitas por vídeo, também figuram entre as principais

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evoluções, de acordo com o cirurgião. Embora sejam mais seguras e proporcionem melhor recuperação para o paciente, nem todos os casos têm essa indicação. “Quanto menos invasiva for a cirurgia, melhor. Mas o mais importante é a eficiência do procedimento. Quando o tumor é muito grande e já atingiu vários órgãos, por exemplo, podemos até fazer por laparoscopia, mas o resultado não vai ser tão completo”, explica Salomão. Para o futuro, o especialista aposta na cirurgia robótica. “É uma área que vem crescendo muito e que representa um avanço importante no tratamento do câncer e de outras doenças. Acredito que, aos poucos, isso estará mais acessível à população”, comenta Salomão.

Contrariando os prognósticos O que não faltam são histórias de sucesso no currículo do cirurgião. “Lembro de um paciente que tinha câncer no cólon, com metástase no fígado e gânglio no pescoço, um caso muito difícil. Fizemos a cirurgia e acreditávamos que ele viveria uns seis meses, no máximo. Isso tem 16 anos e ele está cheio de saúde. A filha desse paciente, que era bem jovem quando vinha ao hospital visitá-lo, se formou em Medicina e fez residência em Oncologia pediátrica. Essa é uma história daquelas que eu não sei explicar como aconteceu, mas que me dá uma satisfação muito grande e aquela sensação de dever cumprido”, comemora Salomão.

Alemar Salomão Chefe do serviço de Cirurgia Oncológica


RECONHECIMENTO

Único hospital carioca entre os 50 melhores da América Latina

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HSVP figurou, mais uma vez, na seleta lista de hospitais e clínicas elaborada pela consultoria América Economía Intelligence, que avalia anualmente mais de 200 instituições de saúde de alta complexidade de toda a América Latina. O ranking 2019 trouxe 58 instituições classificadas, dentre elas 16 brasileiras. O HSVP é o único do Rio de Janeiro que ficou entre as 50 melhores instituições, ocupando a 22ª posição. O ranking da América Economía Intelligence avalia itens como segurança e dignidade do paciente, capital humano, eficiência, promoção do conhecimento e experiência do paciente. O HSVP teve destaque nos quesitos “Eficiência”, que verifica a sustentabilidade dos resultados da gestão da qualidade e financeira e a taxa de ocupação de leitos de internação e do centro cirúrgico; “Capital Humano”, que considera a gestão e a qualidade das equipes médicas e de enfermagem; e “Segurança do Paciente”, quesito no qual são avaliados indicadores de processos e resultados que permite minimizar riscos hospitalares e favorecer a transparência. “Esse resultado atesta o alto comprometimento da instituição em relação à segurança e à qualidade empregados no hospital. Além disso, mostra o empenho da direção em oferecer todos os recursos necessários à prestação de serviços de alto nível, com investimento em tecnologia e profissionais capaci-

tados, sem deixar de lado o cuidado humanizado”, destaca o coordenador de Qualidade do HSVP, Vanderlei Timbó. O levantamento aponta que nos últimos três anos houve uma tendência de crescimento no cuidado centrado no paciente, representada no ranking pelo quesito “Dignidade e Experiência do paciente”. Foi observado também o investimento em tecnologia e canais de aproximação com o paciente, como a digitalização de processos com a utilização de novos softwares para avaliar a satisfação dos pacientes, o uso de redes sociais e site e a criação de novos aplicativos para consulta de exames realizados e para contato com a equipe assistencial. Fazem parte do ranking hospitais e clínicas indicados como referência pelo Ministério da Saúde ou outra autoridade da área da Argentina, Brasil, Colômbia, Costa Rica, Chile, Equador, México, Panamá, Peru e Uruguai. Desde 2010, o HSVP participa do ranking da América Economía Intelligence, ocupando posições de destaque entre as melhores instituições da América Latina.

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