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ELIO RIZZO
DOMINGO, 21 de setembro de 2014 ››› www.jornaldebrasilia.com.br ››› Assinaturas: 0800-612221 ››› Ano 42, nº 14.085
BIBLIOTECAS PÚBLICAS
A leitura pede socorro Fechamento da Demonstrativa (506 Sul) abre debate sobre estado das unidades: espaços mal-conservados contrastam com projetos bem-sucedidos. ›› 4 e 5 .
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JORNAL DE BRASÍLIA
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Brasília, domingo, 21 de setembro de 2014
BIBLIOTECAS PÚBLICAS
Moderno e precário dividem espaço no DF FOTOS: ELIO RIZZO
Fechamento da Demonstrativa, na 506 Sul, acendeu alerta sobre a falta de infraestrutura nas unidades
Eric Zambon eric.zambon@jornaldebrasilia.com.br
Duas realidades existem nas bibliotecas públicas do Distrito Federal. De um lado, investimentos em ambientes digitais modernos e espaços adequados para leitura e estudo. Do outro, salas apertadas e sem sistema de refrigeração, com móveis velhos e poucas opções de conforto aos frequentadores. O fechamento da Biblioteca Demonstrativa do DF, em maio, foi um dos indícios de que muito precisa ser feito. O espaço na 506 Sul, por sinal, foi alvo de protesto da comunidade local. À época, abraço simbólico no prédio e manifestações foram agendados. A Demonstrativa é de responsabilidade do Ministério da Cultura, e precisou ser fechada devido a problemas de infraestrutura, ainda não solucionados. Como opção,
Programa alia leitura a outras atividades
anos. “Confesso que não conhecia essa biblioteca. Deveria ter mais divulgação a respeito e poderiam investir em equipamentos para cá”, sugere o instrutor. Professor e estudante concordaram que as mesas bambas e as cadeiras descascadas eram a parte negativa do arejado lugar. De acordo com a Secretaria de Cultura, cerca de 500 mil pessoas frequentam as bibliotecas públicas do DF por ano e o acervo tem mais de 400 mil exemplares.
Segundo Wander Filho, diretor do Sistema de Bibliotecas Públicas, um projeto de modernização é o Bibliotecas do Cerrado, responsável pela melhoria das bibliotecas Nacional, do Núcleo Bandeirante e do Cruzeiro. De acordo com ele, a iniciativa foi inspirada em um modelo colombiano de reorganização e destinação de espaços com objetivo de integrar mais áreas de interação ao local onde, antes, havia “apenas” livros. Wander destaca que “também foi feita uma espécie de política pública. As bibliotecas foram usadas estrategicamente para fazer ações, como da Secretaria da Criança, que fez encontros para explicar a alunos da rede pública seus direitos e deveres”, conta Wander. Ele acredita na possibilidade, também, de transformação do público mais comum nesses lugares. “Ao estabelecer o projeto, trouxemos também a terceira idade, a criança e o adolescente para esses lugares”, comenta. No ano passado, indica o diretor, o Cerrado aconteceu de agosto a dezembro, com atrações variadas e incentivos para o uso do espaço bibliotecário para atividades diversificadas. O resultado foi presença de quase 60 mil pessoas nas três bibliotecas contempladas (Nacional, Núcleo Bandeirante e Cruzeiro).
MODERNIZAÇÃO Atualmente, quatro bibliotecas do DF passam por modernização, sendo que outras três tiveram o processo concluímuitos migraram do recentemente. Para o local de estudo Wander Filho, diretor para a Biblioteca do Sistema de Bibibliotecas do DF Pública de Brasíbliotecas Públicas, passam por lia, na 312/313 parte do problema reforma Sul, de responsareside na gestão divibilidade da Secredida das mesmas. “Tetaria de Cultura. mos 11 órgãos e entidades A alternativa, no entanto, do DF, nove secretarias de gonão tem agradado todos os fre- verno mais o arquivo público e as quentadores. “A parte externa é administrações regionais por trás”, boa, mas achei mal conservada”, diz. diz o estudante Pedro Henrique Existem 27 bibliotecas públicas Lantine, de 16 anos. Ele admite no DF. A maioria delas é de responsentir falta da Biblioteca Demons- sabilidade regional, mas existe falta trativa, mas afirma que a varanda de conscientização dos gestores do novo local de estudo ao menos é quanto à questão. “Não estamos faagradável. O rapaz faz uso do espa- zendo diferente do resto do Brasil, ço para ter aulas de reforço de ma- mas geralmente eles não entendem temática com o professor particular, que a leitura é tão importante o aluno da UnB Pedro Melo, de 19 quanto uma festa”, acredita Filho.
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Unidade da 312/313 Sul está mal conservada, apontam frequentadores
saibamais » O GDF tem cerca de R$ 640 mil a investir em bibliotecas até o fim deste ano. O mais novo uso desse dinheiro deve ser com Taguatinga, cujo administrador já teria se comprometido a assinar um termo para
modernizar o espaço local. » A Biblioteca Nacional, aberta em dezembro de 2008, teve, segundo a Secretaria de Cultura, 643 eventos realizados. O público total foi de 830 mil
pessoas, aproximadamente.
unidade está em andamento.
» O Ministério da Cultura já teria resolvido as questões administrativas referentes à Biblioteca Demonstrativa e o processo de revitalização da
» O ministério, por meio de convênio com o GDF, teria investido quase R$ 2 milhões em 13 bibliotecas públicas e no circuito de feiras do livro.
Lilian usa a biblioteca do Núcleo Bandeirante
Cidades.
Brasília, domingo, 21 de setembro de 2014
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Mudança agrada frequentadores 500 mil N Ú M E ROS
pessoas frequentam as bibliotecas públicas por ano
400 mil
é o acervo de livros disponíveis para a população
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é a quantidade de bibliotecas existentes no DF
A Biblioteca Vó Philomena, no Núcleo Bandeirante, foi uma das mais beneficiadas pelo projeto de modernização Bibliotecas do Cerrado. Lá, há um telecentro, com 12 computadores à disposição, e um acervo específico, turbinado por contribuições do Arquivo Público do DF, sobre a história da cidade. A eletrotécnica Lilian de Almeida, de 35 anos, aprovou as mudanças em relação ao que presenciou antes de agosto de 2013. “O laboratório de informática ajuda muito e ultimamente tenho vindo muito
FOTOS: ELIO RIZZO
para cá para estudar”, conta. “Antigamente nem ar-condicionado tinha, então quando ficava quente era difícil fazer qualquer coisa, quem dirá ler”, recorda-se. Ela defende ser fundamental haver espaço de qualidade, pois, além
Melhorias No ano passado, a biblioteca pública Vó Philomena (foto) passou por reformas estruturais que duraram cerca de seis meses. O nome do espaço é fruto de homenagem a uma pioneira. Atualmente, a unidade conta com acervo de 35 mil livros. Por dia, aproximadamente 500 pessoas passam pelo local.
Criatividade como estímulo Na QE 32 do Guará II, uma ideia criativa para incentivar o hábito da leitura entre os moradores chamou a atenção. Uma geladeira inutilizada foi pintada e caracterizada para conter livros. É uma opção para os cidadãos não precisarem ir até a Biblioteca do Guará, ao lado do Cave, e ainda deixa a pracinha mais agradável. A estudante Darciane Diogo Gonçalves, 17 anos, aprovou. “Abri de curiosidade uma vez. Primeiro achei estranho, porque é uma geladeira, mas depois pensei ser uma forma criativa de transmitir educação”, diz a moça, que mora na QE 40, mas frequenta a 32 semanalmente. ALTO INVESTIMENTO O investimento para transformar o Núcleo Bandeirante e Cruzeiro, além da Biblioteca Nacional, em referências não foi pequeno. Cerca
de R$ 500 mil foram investi-
dos somente nas três. Com a expectativa de ampliar o Cerrado para todos os espaços públicos do DF, mais dinheiro ainda deve ser demandado. Assim, é fundamental que não seja repetido o descaso, como visto na Demonstrativa. Na era da digitalização das informações e da agilidade dos dados, talvez os livros pareçam obsoletos.
Daí a necessidade de transformar os espaços em zonas multiculturais, capazes de agregar a comunidade e promover atividades produtivas. “As bibliotecas deveriam servir para procurar emprego, entrar em contato com seu deputado ou ler um livro. Uma biblioteca pode fazer diferença no desenvolvimento da comunidade”, diz o diretor do Sistema de Bibliotecas Públicas, Wander Filho.
Confesso que não conhecia a Biblioteca Pública de Brasília. Deveria ter mais divulgação a respeito e poderiam investir em equipamentos.
Pedro Melo, 19 anos, estudante
da possibilidade de estudo, é um importante local de conservação da memória escrita e literária regional e nacional. “Mesmo com a internet, nada substitui um livro”, disse. Sua única crítica é referente a minúcias. “Só
acho que deveria haver mais cadeiras, pois há sempre muita gente querendo sentar”, opina. AO AR LIVRE Fora do espaço das bibliotecas, existem iniciativas que permitem acesso à literatura ao ar livre, em ações curiosas. Na Asa Norte, incentivadas pelo açougue cultural T-Bone, as paradas de ônibus ganharam estandes com livros, liberados ao público em geral para pegar à vontade, contando com o bom senso para a devolução.