Diálogos sobre acessibilidade, inclusão e distanciamento social

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ACESSIBILIDADE, INCLUSÃO E DISTANCIAMENTO SOCIAL - TERRITÓRIOS EXISTENCIAIS NA PANDEMIA Luciane Ferrareto* Este texto tem por objetivo apresentar brevemente o projeto “Empregabilidade Social da Pessoa Surda” e as ações que sua equipe vem desenvolvendo no contexto da pandemia de Covid-19. Entendendo como imprescindível que se desmistifique o conceito de incapacidade e dependência plena que se construiu ao longo de décadas por ações paternalistas e assistencialistas voltadas para as pessoas com deficiência é que surge o projeto Empregabilidade Social da Pessoa Surda a 25 anos atrás e que hoje é coordenado pela Cooperação Social da Fiocruz em parceria com o Centro de Vida Independente – CVI/Rio. O projeto tem como objetivo a inserção da pessoa surda no mercado de trabalho via empregabilidade social e atividades de formação nas instalações e serviços da Fiocruz. Nesse fazer, o projeto reconhece essas pessoas para além de sua deficiência, enxergando, portanto, suas capacidades, interesses, talentos e habilidades. Na Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência de 2015, (Art2º), - considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. O projeto busca transpor algumas dessas barreiras e, também, a histórica invisibilidade da deficiência, por meio de formação e acesso ao trabalho. Assim, suas ações levam em conta todo e qualquer ajuste possível, que permita à pessoa surda alcançar satisfatório nível de autonomia e de independência na condução de suas atividades laborais. Acreditamos que a pessoa com deficiência, se receber suporte adequado as suas

necessidades, poderá desenvolver, em contrapartida, a necessária autonomia e independência que lhe permitirão participar de forma produtiva no mundo do trabalho. Para o acompanhamento e monitoramento das ações, o projeto conta com uma equipe de suporte formada por coordenadora de ensino, assistente social, psicóloga e intérprete de LIBRAS. Ao longo de sua existência, o projeto tem apresentado bons resultados, sua equipe, junto aos trabalhadores surdos, demostra que as barreiras são passíveis de serem superadas e que a oportunidade de trabalho, associada a formação, são ferramentas transformadoras para o alcance da cidadania. Nesse período de pandemia, a equipe de suporte está realizando suas atividades em home-office, garantindo a continuidade do seu trabalho junto aos trabalhadores surdos da Fiocruz. Dessa forma, frequentemente, a equipe se comunica para troca de informações e avaliação de melhor estratégia de ação. Consideramos como inovador o suporte feito através de vídeo chamadas, tanto aos trabalhadores que continuam exercendo suas atividades presencialmente, como para aqueles em isolamento social. Nessa relação, o diálogo e principalmente a escuta têm direcionado nossas ações e, por isso, para além das atividades diárias do projeto (apoio na aquisição de benefícios sociais, intermediação entre chefias e trabalhadores, apoio em marcações de consultas, situações familiares e questões administrativas) o projeto voltou suas atividades para questões específicas relacionadas ao contexto da pandemia. Gostaríamos de destacar algumas delas aqui: Tendo como referência a Política de Comunicação da Fiocruz e a Política da Fiocruz para Acessibilidade e Inclusão das Pessoas com Deficiência, assim que a Fiocruz lançou seu primeiro Plano de Contingência, o projeto teve a iniciativa de traduzi-lo para Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) e, a partir disso, vem atuando fortemente na comunicação institucional, compreendendo o direito à comunicação e à informação como fundamentais para o direito à saúde, sobretudo em um contexto tão desafiador como o da pandemia onde a informação pode salvas vidas. 17 | P á g i n a


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